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GOIÂNIA
Maio/2018
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GOIÂNIA
Maio/2018
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter sido meu guia durante toda esta caminhada.
Aos meus pais e irmãos porto do amor e respeito.
Agradeço à Uni-Anhanguera pela capacitação.
A todos оs professores dо curso de agronomia em especial à minha
orientadora Prof.ªDr.ª
Cristiane Regina Bueno Aguirre Ramos.
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Resumo
O SPD é um sistema de manejo que começou a ser difundido em meados de 1970, no Sul do
Brasil, que evoluiu da expressão inicial plantio direto para o conceito de SPD. Efetuado sem as
operações de aração e gradagem, promove a agrobiodiversidade, através da rotação de culturas
e de diferentes usos da terra, além de manter o solo coberto com culturas em crescimento ou
com resíduos vegetais. A esses requisitos são associados, ainda, o manejo integrado de pragas,
doenças e plantas daninhas, minimiza a perda do solo e de água por erosão. Além disso, é uma
alternativa tecnológica que contribui para a mitigação da emissão de Gases do Efeito Estufa,
isso ocorre devido ao menor uso de fertilizantes, pesticidas e de óleo diesel, associado ao uso
mais eficiente de máquinas, com menor manutenção. O SPD resulta em uma série de vantagens
para o agricultor e para o meio ambiente. Este trabalho teve como objetivo reforçar através de
um levantamento bibliográfico a importância do SPD para a conservação dos recursos naturais
relevantes para a sustentabilidade, abordando seus fundamentos, destacando seus benefícios e
vantagens e, ressaltando-o como uma prática de controle de erosão e mitigadora das mudanças
climáticas.
LISTAS DE FIGURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8
3CONCLUSÕES..................................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 21
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1INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
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No decorrer dos anos 80, o plantio direto evoluiu-se com pioneirismo na região do
cerrado brasileiro, ocorrendo maior embasamento técnico e uma expansão de área em todo o
Brasil; tornou-se um sistema diferenciado de produção agropecuária, que mantinha altas
produções, sem danificar o solo e o meio ambiente (SILVA, 2002).
De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB,2016), o
plantio direto está presente em 85% da área plantada de soja e 80% da de milho. Culturas de
segunda safra, como algodão (logo após a colheita da soja), feijão, sorgo e girassol, também se
beneficiam com esse sistema.
O Brasil possui a segunda maior área de plantio direto do mundo com cerca de 32
milhões de hectares com uso do sistema. Os Estados Unidos lideram a lista de países com maior
uso do sistema (FEBRAPDP, 2016).
culturas e à cobertura permanente do solo com plantas que gerem ganhos econômicos e com
resíduos vegetais, palhada (DENARDIN, 2008).
Para a adoção do SPD é indispensável conhecer os princípios que o regem, as
necessidades e as exigências fundamentais, bem como as limitações e dificuldades que o
sistema acarreta (HERNANI, 2008).
Pode-se reconhecer que o SPD é uma ferramenta primordial para se alcançar a
sustentabilidade dos sistemas agropecuários devido aos seus efeitos benéficos sobre os atributos
físicos, químicos e biológicos do solo (CRUZ; ALVARENGA et al., 2015).
A dinâmica do SPD promove, ainda, maior inter-relação entre fluxo de água,
oxigenação, temperatura, fauna e flora do solo e ciclagem de nutrientes, contribuindo para
maior produtividade do solo (CALEGARI et al., 2009).
2.3 Benefícios
1997; SEGANFREDO et al., 1997). A Figura 1 abaixo demonstra o preparo de solo em Sistema
Convencional e em Sistema Plantio Direto.
A erosão é muito menor no SPD, neste sistema há menor ocorrência de perdas de solo,
água e nutrientes por erosão em relação aos sistemas convencionais de preparo do solo (DE
MARIA, 1999).
Silva et al. (2005), avaliando perdas de solo e água em Cambissolo e Latossolo,
encontrou perdas médias anuais de solo de 205,65 e 14,90 t/ha¹ para estes solos,
respectivamente. Estes elevados valores de perdas de solo devem-se à desagregação provocada
pelo preparo inicial (uma aração e duas gradagens). As perdas de água da chuva na forma de
enxurrada normalmente são menos influenciadas pelo efeito da cobertura e manejo do solo do
que as perdas de solo (MELLO et al., 2003).
Os resultados de alguns ensaios demostram que, o SPD reduz as perdas de solo e de
água em 84 e 58,7%, respectivamente, em relação aos preparos convencionais (SCHICK;
BERTOL; BATISTELA, 2000; LEIT; BERTOL; ZAPORALLI, 2004).
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Segundo Ellison (1947), o impacto das gotas de chuva sobre o solo sem cobertura é
responsável por 95% da erosão hídrica. Neste sentido, a chuva altera as condições físicas da
superfície do solo e esta quando combinada com a enxurrada, diminui a rugosidade superficial
e, consequentemente, a retenção e a infiltração superficiais de água no solo.
Albuquerque et al. (2002), ao avaliarem os efeitos do manejo da cobertura do solo e
de práticas conservacionistas sobre as perdas por erosão hídrica, encontraram perdas médias
anuais de solo de 0,3 e 58,5 t/ha¹ para os tratamentos em área com cobertura morta e área
desmatada, respectivamente.
Beutler et al. (2003), estudando as perdas de solo e água num Latossolo Vermelho
Aluminoférrico, concluíram que a semeadura direta, foi mais eficaz no controle das perdas de
solo e água do que os demais tratamentos (preparo convencional, cultivo mínimo, rotação de
preparos).
Lombardi Neto et al., (1988) conduziram um estudo para determinar o efeito da
quantidade de resíduos culturais do milho nas perdas de solo e água e concluíram que as perdas
são reduzidas com o aumento da quantidade de resíduos espalhados uniformemente sobre o
solo e que existe uma relação exponencial entre as perdas de solo e água e a quantidade de
resíduos em cobertura morta, bem como maior controle nas perdas de solo do que nas de água.
Bertoni & Lombardi Neto (1986), citando dados obtidos na Seção de Conservação do
Solo do Instituto Agronômico de Campinas, mostram que o uso de cobertura morta na produção
de culturas exerce um controle de 60% nas perdas de solo e 65% nas perdas de água. Em outro
estudo foram comparados os efeitos de três sistemas de manejo dos restos culturais do milho
nas perdas de solo e água. A palhada queimada elevou 46% as perdas de solo e em 38% as de
água. A manutenção da palhada deixada na superfície reduziu as perdas de solo em 52% e em
56% as perdas de água.
A palha utilizada no sistema plantio direto pode ser vista como um insumo, pois é
utilizada para dar sustentabilidade à atividade agrícola. Minimiza a erosão evitando que a chuva
desprenda as partículas de solo e as transporte para um ponto mais baixo na paisagem. Todos
os processos biológicos, desde os microrganismos até as plantas, são beneficiados
desempenhando melhor o seu papel, pois, além da umidade persistir por mais tempo, o conforto
térmico é maior e numa faixa adequada; impedem ou dificultam o crescimento das plantas
daninhas que, assim, irão competir menos com a lavoura. (ALAVRENGA; CABEZAS; CRUZ,
2001).
A palhada cria um ambiente oportuno às condições físicas, químicas e biológicas do
solo, contribuindo para o controle de plantas daninhas, a estabilização da produção e a
recuperação ou manutenção da qualidade do solo (MENEZES; LEANDRO, 2004).
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No SPD a palhada deixada na superfície do solo reduz o impacto das gotas de chuva;
protege a superfície do solo da ação direta dos raios solares; reduz a amplitude hídrica e térmica;
aumenta a matéria orgânica no perfil do solo. (CRUZ et al., 2002).
A quantidade de palha sobre o solo é regulada por dois fatores principais: relação C:N
do material vegetal da palhada e o manejo que lhe é dado. A relação C:N é inerente à espécie e
reflete a velocidade com que a decomposição do material pode se processar. As plantas podem
ter uma decomposição rápida (leguminosas) edecomposição lenta (gramíneas). Para as
condições da região dos Cerrados, mesmo quando a palha é basicamente de gramíneas, há uma
decomposição acelerada, de tal forma que manter uma camada de cobertura de solo nessas
condições torna-se uma atividade complexa e vai exigir conhecimento e experiência por parte
daquele que pratica o SPD. O manejo das plantas de cobertura pode regular a permanência da
palha na superfície do solo. Sabe-se que a relação C:N torna-se mais larga na medida que a
planta se desenvolve. Em razão dessa característica, o manejo das plantas de cobertura pode ser
retardado ao máximo, visando dotar-lhes de maior resistência à decomposição(ALVARENGA
et al., 2002).A Figura 2 demonstra o plantio de milho sobre a palhada.
Um fator muito importante é a rotação de culturas, que também faz parte do pilar de
sustentação desse sistema. A rotação que tem o intuito de aumentar à produtividade, além de
quebrar o ciclo de plantas daninhas, pragas e doenças. A monocultura contínua tende a
provocar, com o passar dos anos, sensível queda de produtividade, não só por alterar
características do solo, como também por proporcionar condições favoráveis ao
desenvolvimento de doenças e à ocorrência de pragas e de plantas daninhas (MOREIRA et. al.,
2006).
A rotação de culturas é a base de sustentação do plantio direto e, nesse aspecto, a
rotação de verão, principalmente entre as culturas de milho e soja, apresenta papel dedestaque.
Além do aumento de suas produtividades tanto para o milho quanto para a soja, essa rotação
facilita o controle de pragas, doenças e plantas daninhas, além de propiciar melhor
aproveitamento de nutrientes (CRUZ, 2014).
O emprego de técnicas de rotação de culturas possui as seguintes vantagens:
contribuem para a manutenção e melhoria da fertilidade do solo; colabora de forma significativa
para a menor incidência de pragas, doenças e plantas daninhas na lavoura; garante uma maior
diversificação de culturas na propriedade, minimizando os riscos de insucessos na atividade
agrícola; colabora para a manutenção e melhoria da produtividade das culturas consideradas;
colabora para a redução dos custos de produção e para a maximização dos lucros obtidos, e
propicia a ordenação das operações de campo e a utilização racional e eficiente dos fatores de
produção envolvidos no processo (FRANCHINI et al., 2011).
fator determinante das perdas de CO2 do solo. Em estudo realizado sob Latossolo Vermelho no
sul de Brasil, Campos (2006) não encontrou diferenças entre os sistemas de preparo para os
fluxos de CO2.
O aumento do estoque de carbono no solo no SPD é efetuado integrando as melhores
práticas de manejo disponíveis para atingir um eficaz controle da erosão, de uma forma
sustentável e competitiva (FREITAS; MANZATTO, 2002).
3 CONCLUSÕES
O SPD é uma técnica agrícola que tem por fundamento três princípios básicos: o não
revolvimento do solo, o uso de culturas de cobertura para a formação de palhada e a rotação de
culturas.
A principal justificativa para sua adoção se dá pelo fato de ser um dos sistemas mais
eficientes para controle de erosão, minimizando as perdas do solo e da água.
Permite uma melhor interação do meio ambiente com a atividade agrícola e contribui
para a sustentabilidade da agricultura, além de mitigar os efeitos ocasionados pelas mudanças
climáticas, sendo um sistema extremamente importante não só para a agricultura, mas também
ao meio ambiente.
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DECLARAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO