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DAIANE ANDRÉIA TRENTO

Análise ambiental, produtiva e compostos funcionais de tomate


cultivado sob diferentes ambientes

TANGARÁ DA SERRA/MT - BRASIL


2019
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DAIANE ANDRÉIA TRENTO

Análise ambiental, produtiva e compostos funcionais de tomate


cultivado sob diferentes ambientes

Dissertação apresentada à
Universidade do Estado de Mato
Grosso, como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Ambiente e
Sistemas de Produção Agrícola para
obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Santino Seabra Júnior

Coorientadora: Prof. Dra Ana Karina Rodrigues Abadio de Paula

TANGARÁ DA SERRA/MT - BRASIL


2019
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(Ficha catalográfica)
4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu marido Celso, que sempre me apoiou e me deu
forças para continuar, e a minha filha Lisiê, por seu carinho, doçura e compreensão
pelas minhas ausências.
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AGRADECIMENTOS

À Universidade do Estado de Mato Grosso e ao programa de pós graduação Stricto


sensu Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola (PPGASP) pela oportunidade de
realizar o mestrado.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil - CAPES,


pela concessão da bolsa de estudos – Código de financiamento 001.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Mato Grosso (FAPEMAT) pelo financiamento


do projeto, do EDITAL Nº 038/2016 INDUZIDO – FAPEMAT – AGRICULTURA
FAMILIAR - PROCESSO Nº. 588013/2016

Ao meu querido orientador Prof. Dr. Santino Seabra Júnior, pela orientação,
dedicação a pesquisa, humildade e principalmente por sua paciência, toda minha
gratidão e admiração.

À minha coorientadora Prof. Dra Ana Karina, agradeço pela companhia, tardes de
conversa e conselhos.

Aos amigos e colegas do Laboratório de Horticultura de Nova Mutum, por toda


ajuda, apoio, amizade e aprendizado, todos, sem exceção! Não deixarei escrito aqui
nomes, para não cometer o erro de esquecer de alguém. Obrigada pelas risadas,
apoio e companhia!

À Prof.ª Dr.ª Giuseppina Pace Pereira Lima, aos funcionários e amigos do


Departamento de Química e Bioquímica do IBB (UNESP), por todo auxílio dedicado.

À Prof.ª Dr.ª Alessandra Regina Butnariu e o Biólogo João do Laboratório de


entomologia da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Tangará da
Serra, por todo auxílio dedicado.
6

“ É melhor lançar-se em busca de conquistas grandiosas, mesmo expondo-se ao fracasso, do


que alinhar-se com os pobres de espírito, que nem gozam muito nem sofrem muito, porque
vivem numa penumbra cinzenta, onde não conhecem nem vitória, nem derrota. ”

Theodore Roosevelt
7

SUMÁRIO

RESUMO GERAL................................................................................................................8
GENERAL ABSTRACT.....................................................................................................10
INTRODUÇÃO GERAL.....................................................................................................11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................13
MAIOR PRODUTIVIDADE E ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE FRUTOS DE
TOMATEIRO ITALIANO PROPORCIONADA POR MUDANÇAS
MICROCLIMÁTICAS SOB MALHAS EM TÚNEL BAIXO..............................................16
ENTOMOFAUNA ASSOCIADA AO CULTIVO DE TOMATEIRO RASTEIRO SOB
DIFERENTES MALHAS DE SOMBREAMENTO.......................................................51

CULTIVO PROTEGIDO DE TOMATEIRO E SUA INFLUÊNCIA NO PERFIL


BIOQUÍMICO E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DOS FRUTOS..............................67
8

RESUMO GERAL

A utilização de malhas fotosseletivas podem promover muitos benefícios às plantas,


pois além de agir na dispersão da luz, também modificam o espectro da luz
transmitida, causando respostas fisiológicas desejadas nas plantas, amenizando o
estresse térmico e a fotoinibição, além do aumento na produtividade e incremento
nos compostos bioativos dos frutos e proteção das plantas contra o ataque de
insetos praga. Deste modo, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de
diferentes coberturas sobre o microclima de túneis baixos e seus efeitos na
produtividade e qualidade do tomate italiano, sua efetividade como barreira física
visando a redução do uso de agrotóxicos e a efetividade das malhas no incremento
dos teores dos compostos bioativos dos frutos. O experimento foi conduzido em
túneis, tipo baixo, cobertos com organza, agrotêxtil e malhas de sombreamento nas
cores prata, vermelho e preta, além do cultivo em ambiente aberto, em Nova Mutum-
MT. Para isso, avaliaram-se os parâmetros microclimáticos em cada um dos
ambientes de cultivo, desempenho produtivo por meio da produtividade real e
comercial, e perda de massa durante o período de armazenamento. Também foram
avaliadas as características físicas e físico-químicas e compostos bioativos dos
frutos. Verificou-se ainda a influência dos ambientes de cultivo sobre a o número de
aplicações de agrotóxicos e a população de insetos a nível de ordens no interior de
cada ambiente. Como resultados, o uso de organza e agrotêxtil promoveram maior
produtividade, além de frutos com maior calibre, sobretudo a organza. Estes
ambientes de cultivo também permitiram a redução do número de aplicações de
agrotóxicos e dos danos aos frutos, bem como a produção de frutos de maior
qualidade, com altos teores de licopeno e perda de massa equilibrada. A malha de
sombreamento preta foi mais eficiente no controle das condições climáticas e
proporcionou frutos com menor perda de massa, porém com baixa qualidade e
produtividade. Os resultados do presente estudo apontam que malhas de
sombreamento podem aumentar ou reduzir a produtividade e atributos de qualidade
dos frutos de tomate, sendo essas informações úteis para a detecção e
compreensão de diferenças entre variações entre ambiente e formas de cultivo. A
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presença de 16 ordens de insetos e uma classe (Aracnideo) foi constatada em


associação com cultivo de tomate rasteiro, com total de 6.895 insetos coletados,
revelando uma ampla diversidade da entomofauna nesse agroecossistema. O
campo aberto apresentou o maior número de indivíduos coletados, com 72,5%
representados pela ordem Hymenoptera, demonstrando baixa diversidade.
Enquanto que os ambientes cobertos com organza e agrotêxtil obtiveram a menor
quantidade de insetos coletados (665 e 646, respectivamente).Outro ponto
constatado foi que dentre os estádios de desenvolvimento do tomateiro, o estádio de
maturação dos frutos apresentou maior número de insetos coletados, entretanto
quando se utilizou os ambientes cobertos com agrotêxtil e organza houve redução
de 83,9 % da população, comparado ao campo aberto.

Palavras-chave: Solanum lycopersicum. Túnel baixo. Horticultura tropical. Tela de


sombreamento. Cultivo protegido.
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GENERAL ABSTRACT

The use of photoselective meshes can bring many benefits to the plants, because
besides acting in the light scattering, they also modify the transmitted light spectrum,
causing desired physiological responses in the plants, softening the thermal stress
and photoinhibition, besides promoting increased productivity. increase in bioactive
compounds of fruits. Microclimatic parameters were evaluated in low tunnel
cultivation environments covered with different meshes and open field, according to
the productive responses of the plants, aiming to develop strategies that allow the
reduction of pesticide use, productivity increase and tomato quality attributes. . It was
found that the environment covered by the black shading mesh was more efficient in
controlling the climatic conditions, but the environment covered with organza
provided higher productivity (134.9 tha-1). Organza and pesticide coatings were
more efficient as a physical barrier, reducing pesticide applications. The agrotextile
cover provided fruits with higher lycopene content (198.1 µg / 100g), and together
with the organza higher soluble solids contents (4 ° Brix). The organza presented
fruits with better ratio (18,7). The fruits produced in the environment covered with
black shading mesh had lower postharvest mass loss (11.7 and 6.9%, in
environments without and with cooling, respectively). The results of the present study
indicate that shading meshes can increase or reduce the productivity and quality
attributes of tomato fruits, being this information useful for detecting and
understanding differences between variations between environment and cultivation
forms.

Keywords: Solanum lycopersicum. Low tunnel. Tropical horticulture. Shading


screen. Protected cultivation.
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INTRODUÇÃO GERAL

O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é hortaliça fruto mais importante no


mundo. O Brasil é o décimo maior produtor desta espécie, sendo que as maiores
regiões produtoras são o Sudeste e o Centro-Oeste (FAOSTAT, 2019). O segmento
de tomate de mesa representa 62,6% da produção nacional (IBGE, 2019).
O tomate possui grande importância nutricional, apresentando altos teores em
vitaminas A (β caroteno), B1(tiamina), B2 (riboflavina), B5 (niacina) e C, além de
conter fibras, proteínas, carboidratos, minerais e possui baixo valor calórico
(ALVARENGA; COELHO, 2013).
O consumidor exige frutos com melhor aspecto visual, coloração vermelho
homogêneo, alto teor de sólidos solúveis totais, sem danos externos e livres de
contaminação por agrotóxicos. Visando suprir essa demanda, o produtor preocupa-
se em produzir com menor custo, aumentando a produtividade e qualidade,
agregando, consequentemente, valor ao produto final.
Cultivares de tomateiro de hábito de crescimento determinado são produzidos
principalmente para atender as indústrias de processamento, destacando-se pela
condução rasteira e rusticidade, diminuindo assim custos com tutoramento e
possibilitando colheitas mecanizadas (ALVARENGA, 2004). Porém, nesses últimos
anos, o mercado de sementes tem lançado cultivares de tomate de hábito
determinado visando o mercado de mesa (in natura), que apresentem rusticidade no
campo, frutos com padrão exigido por esse mercado e alta durabilidade pós-colheita.
Para otimizar a rentabilidade da cultura é necessário utilizar fatores
adequados para o seu crescimento, como a época de implantação, o sistema de
cultivo e cultivares adaptadas que permitam maior produtividade e menor incidência
de pragas e doenças (FILGUEIRA, 2013).
O ambiente protegido proporciona mudanças na dispersão da luz e na
temperatura, o que promove, consequentemente, mudanças nas características
bioquímicas, responsáveis pelo sabor dos frutos e de seus subprodutos (SANTIAGO
et al., 2018), além de agir como barreira física contra a infestação de insetos-praga,
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tornando-se assim uma alternativa para a redução do uso de inseticidas na


produção de tomate para mesa.
No sentido de minimizar o uso de inseticidas na produção de tomate para
consumo de mesa, tem se buscado alternativas tais como o controle biológico de
pragas, uso de espécies resistentes e por fim o uso de materiais como barreira
física, impedindo o acesso de insetos.
A produção sob malhas de sombreamento pode favorecer a produtividade das
plantas em regiões tropicais onde ocorrem alta temperatura e luminosidade, pois
estas atenuam a densidade de fluxo de radiação solar, alterando a energia
disponível para processos como evaporação, fotossíntese e o aquecimento do ar e
do solo (RAMPAZZO et al., 2014), podendo reduzir o estresse das plantas e
consequentemente proporcionar aumento de produtividade e qualidade de frutos de
tomateiro.
Vale ressaltar que a intensidade das modificações climáticas em cada tipo de
ambiente protegido é decorrente não apenas da estrutura utilizada mais também do
material de cobertura empregado. Dependendo do tipo de cultura, o uso de malhas
de cores distintas pode promover resultados qualitativos e econômicos satisfatórios,
pois provocam reações morfológicas e fisiológicas específicas, potencializando a
produção (SHAHAK et al. 2004).
O uso emprego de barreira física que visa proteção contra insetos tem sido
estudado, como por exemplo o emprego do agrotêxtil reduz o número de aplicações
de agrotóxicos em melancia (DANTAS, 2010). Outro material que vem sendo
adaptado para a produção agrícola é a organza, que é um tecido simples, cuja
tecelagem é feita em ponto de tafetá, este possui textura fina e leve, transparente,
com um acabamento ligeiramente brilhoso (Seabra et al, 2019).
Outros tem avaliados telas de sombreamento de diversas cores nos quais
verifica-se aumento da produtividade e produção de frutos de melhor qualidade,
além de alterar os teores dos compostos bioativos presente nas hortaliças (Shahak
et al., 2004; Rajapakse; Shahak, 2007; Shahak et al., 2008) e em tomate (Ilíc et al.
2012).
Entre os compostos bioativos presentes no tomate, destacam-se vitamina C,
carotenoides e compostos fenólicos (BOITEUX et al., 2008), que, quando ingeridos,
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por possuírem ação antioxidante, agem contra os efeitos dos radicais livres,
prevenindo ou reduzindo a ocorrência de alguns tipos de câncer e doenças
cardiovasculares (AFRIN et al., 2016).
Outra classe de compostos bioativos encontrados no tomate são as aminas
biogênicas. Estas substâncias possuem ação direta no organismo, devido a sua
função antioxidante. Estão relacionadas ainda com a regulação do ciclo celular e
desempenham papel fundamental na rota de síntese de importantes
neurotransmissores (GOMEZ-GOMEZ et al., 2018). Contudo, dependendo da
concentração presente nos alimentos, podem ser prejudiciais à saúde.
No sentido de agregar novas tecnologias ao cultivo do tomateiro, as quais
possibilitem a redução do emprego de agrotóxicos, além de maior produtividade e
qualidade de frutos, faz-se necessário estudo mais aprofundado quanto à viabilidade
produtiva da utilização de malhas na proteção da cultura do tomate italiano e na
melhoria do ambiente de cultivo. Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi
avaliar o efeito de diferentes coberturas sobre o microclima de túneis baixos e seus
efeitos na produtividade e qualidade do tomate italiano, sua efetividade como
barreira física visando a redução do uso de agrotóxicos e a efetividade das malhas
no incremento dos teores dos compostos bioativos dos frutos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFRIN, Sadia et al. Promising health benefits of the strawberry: a focus on clinical
studies. Journal of agricultural and food chemistry, v. 64, n. 22, p. 4435-4449,
2016.

ALVARENGA, M. A. R. Origem, botânica e descrição da planta. Tomate: produção


em campo e casa-de-vegetação e em hidroponia. Lavras: UFLA, p.13-23. 2004.

ALVARENGA, M. A. R.; COELHO, F. S. Valor Nutricional. ALVARENGA, M. A. R.


(Ed.). Tomate: produção em campo, casa de vegetação e hidroponia. 2. ed. rev.
e ampl. Lavras: Editora Universitária de Lavras. cap. 2, p. 23-29. 2013
14

BOITEUX, L. S.; MELO, P. C. T.; VILELA, N. J. Tomate para Consumo in


natura. Agricultura Tropical: Quatro Décadas de Inovações Tecnológicas,
Institucionais e Políticas. Brasília/DF: Embrapa Informação Tecnológica, v. 1, p.
557-567, 2008.

DANTAS, S. M. et al. Produção e qualidade de frutos de melancia cultivados sob


proteção de agrotêxtil combinado com mulching plástico. Horticultura brasileira, v.
28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010.

FAOSTAT. Área colhida, rendimento e produção nos principais países


produtores de tomate. Disponível em: <http://faostat.fao.org/>. Acesso em: 09 dez.
2019.

FILGUEIRA, F. A. R. Parte II-Olericultura especial. Novo manual de olericultura:


agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças
(Filgueira FAR, ed.). 3rd edn. UFV, Viçosa, 2013.

GOMEZ-GOMEZ, H. A. et al. Health Benefits of Dietary Phenolic Compounds and


Biogenic Amines. Bioactive Molecules in Food. Reference Series in
Phytochemistry, [s. l.], p. 1–25, 2018.

IBGE. Censo agropecuário. Produção de tomates em 2017. Disponível em: <


https://ibge.gov.br/>. Acesso em: 29 ago. 2019.

RAJAPAKSE, N. C.; SHAHAK, Y. Light quality manipulation by horticulture industry.


In: WHITELAM, G.; HALLIDAY, K. (Ed.), Light and Plant Development, Blackwell
Publishing, UK, p. 290-312. 2007.

RAMPAZZO, R. et al. Eficiência de telas termorefletoras e de sombreamento em


ambiente protegido tipo telado sob temperaturas elevadas. Engenharia na
agricultura, Viçosa - MG, V.22 N.1, 2014.

SANTIAGO, E. J. P.; OLIVEIRA G. M.; LEITÃO M. M. V. B. R.; ROCHA R. C.;


PEREIRA A. V. A. Qualidade do tomate cereja cultivado sob lâminas de irrigação em
ambiente protegido e campo aberto. Revista da Sociedade Brasileira de
Agrometeorologia, Santiago, v.26, n.1. 2018.
15

SEABRA JÚNIOR, S. et al., Does Knitted Shade Provide Temperature Reduction


and Increase Yield Kale?. Journal of Agricultural Science; Vol. 11, No. 9; 2019.

SHAHAK, Y. et al. Colornets: crop protection and light-quality manipulation in one


technology. Acta Horticulturae, n.659, p.143-151, 2004.

SHAHAK, Y.; GAL, E.; OFFIR, Y.; BEN-YAKIR, D. Photoselective Shade Netting
Integrated with Greenhouse Technologies for Improved Performance of Vegetable
and Ornamental Crops. Acta Horticulturae, Wageningen, v. 797, n. 1, p.75-80,
2008.

SHAHAK, Y.; GUSSAKOVSKY, E. E.; GAL, E.; GANELEVIN, R. ColorNets: crop


protection and light-quality manipulation in one technology. Acta Horticulturae,
Wageningen, v. 659, n. 1, p. 143-151, 2004.
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MAIOR PRODUTIVIDADE E ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE FRUTOS DE


TOMATE ITALIANO PROPORCIONADA POR MUDANÇAS MICROCLIMÁTICAS
SOB MALHAS EM TÚNEL BAIXO
(Journal of Agricultural Science)

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito microclimático oriundo do uso de


diferentes coberturas para túnel baixo e seus efeitos sobre a produtividade e a
qualidade do tomate italiano, assim como na redução do uso de agrotóxicos. O
experimento foi desenvolvido em Nova Mutum, MT, Brasil. Os ambientes avaliados
foram compostos por campo aberto e cinco túneis baixo cobertos com agrotêxtil
branco, organza branca sem brilho, malhas de sombreamento de cores vermelha,
prata e preta. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro
repetições. Foi utilizado o híbrido de tomate italiano de hábito determinado ‘Lampião’
(Agristar). Avaliaram-se os dados climáticos nos diferentes ambientes de cultivo, as
variáveis produtivas, as características físico-química dos frutos, perdas, número de
aplicações de agrotóxicos e perda de massa após o armazenamento. Verificou-se
que o uso de organza e agrotêxtil promoveram maior produtividade, além de frutos
com maior calibre, sobretudo a organza. Estes ambientes de cultivo também
permitiram a redução do número de aplicações de agrotóxicos e dos danos aos
frutos, bem como a produção de frutos de maior qualidade, com altos teores de
licopeno e perda de massa equilibrada. A malha de sombreamento preta foi mais
eficiente no controle das condições climáticas e proporcionou frutos com menor
perda de massa, porém com baixa qualidade e produtividade.

Palavras-chave: Solanum lycopersicum. Túnel baixo. Horticultura tropical. Licopeno,


cultivo protegido

ABSTRACT
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The objective of this work was to evaluate the microclimate effect arising from the
use of different coverings for low tunnel and its effects on the productivity and quality
of Italian tomatoes, as well as on the reduction of the use of pesticides. The
experiment was developed in Nova Mutum, MT, Brazil. The evaluated environments
were composed by open field and five low tunnels covered with white agrotextile, dull
white organza, red, silver and black shading meshes. The experimental design was
in randomized blocks with four replications. The Italian tomato hybrid 'Lampião'
(Agristar) was used. The climatic data in the different cultivation environments, the
productive variables, the physicochemical characteristics of the fruits, losses, number
of pesticide applications and loss of mass after storage were evaluated. It was found
that the use of organza and agrotextile promoted greater productivity, in addition to
fruits with a higher caliber, especially organza. These cultivation environments also
allowed the reduction in the number of pesticide applications and damage to fruits, as
well as the production of higher quality fruits, with high levels of lycopene and
balanced weight loss. The black shading mesh was more efficient in controlling
climatic conditions and provided fruits with less loss of mass, but with low quality and
productivity.

Keywords: Solanum lycopersicum. Low tunnel. Tropical horticulture. Shading.

INTRODUÇÃO

O tomate (Solanum lycopersicum L.) possui grande importância para a


alimentação humana, pois apresenta altos teores de compostos bioativos (RENJU;
KURUP; SARITHA KUMARI, 2013). O Brasil é o décimo maior produtor mundial de
tomates, com área cultivada de 61.640 ha e produção de 4.230.150 toneladas em
2017 (FAOSTAT, 2019).
O tomateiro possui ampla adaptação, todavia obtêm melhor desenvolvimento
quando cultivado em regiões com temperaturas entre 21 a 24° C e incidência direta
de luz solar (CARVALHO, 2014).
O cultivo de tomateiro em regiões com incidência de temperaturas acima do
recomendado e com alta pluviosidade promove redução da produtividade das
plantas,
além de impor limitações técnicas para os produtores, e alta pressão de pragas e
patógenos. Tais fatores evidenciam a necessidade e a importância do emprego de
tecnologias alternativas que permitam a superação destes problemas, de modo a
maximizar a produção, sem que haja aumento do uso de agrotóxicos.
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O ambiente protegido tem sido utilizado amplamente no intuito de facilitar o


cultivo de olerícolas em regiões tropicais, pois propicia a modificação de elementos
micrometeorológicos que chegam ao dossel das plantas, sobretudo ao que tange à
radiação solar, temperatura, umidade relativa e velocidade do vento (ROMANINI et
al., 2010).
As alterações dentro de cada tipo de ambiente protegido irão depender do
tipo de ambiente e cobertura empregada. Estufa, túnel, telados, malhas de
sombreamento e agrotêxtil, têm sido muito empregados no cultivo de hortícolas, as
quais alteram o balanço de radiação do sistema composto pela planta, solo e
atmosfera (RAMPAZZO et al., 2014). As telas de diferentes cores objetivam
combinar a filtragem espectral da luz solar aos benefícios do cultivo protegido,
promovendo respostas desejáveis (SHAHAK et al., 2004). Como já constatado por
diversos autores (ILÍC et al., 2015; SELAHLE et al., 2014; TINYANE et al., 2013) o
cultivo em ambientes controlados surge como um atenuante de condições
desfavoráveis, possibilitando a obtenção de produtividade e qualidade superiores às
observadas em campo aberto.
Outra vantagem da utilização de ambientes tipo túnel, com diferentes
coberturas, é que estes podem funcionar como barreira física contra o ataque de
insetos pragas (YADAV et al., 2014), o que pode resultar em redução das aplicações
de agrotóxicos. O modelo tradicional ou convencional de produção de tomates está
associado à utilização exagerada de agrotóxicos, pela caracterização da planta e do
fruto (RIDOLFI, 2015).
Os agrotóxicos são uma problemática socioambiental e econômica, com
reflexos diretos e graves sobre a atividade da tomaticultura (REIS FILHO; MARIN;
FERNANDES, 2009). Deste modo, a utilização de ambientes protegidos resulta no
decréscimo da aplicação de agrotóxicos e por consequência maior segurança
alimentar do produto final, além de melhorar a qualidade de frutos de tomateiro para
consumo in natura e proporcionar altas produtividades (BAZGAOU et al., 2018).
Com o aumento da demanda de frutos de tomate italiano para consumo in
natura, realizou-se esse trabalho com objetivo de avaliar o efeito de diferentes
coberturas sobre o microclima de túneis baixos e seus efeitos na produtividade e
qualidade do tomate italiano, assim como na redução do uso de agrotóxicos.
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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado de junho a outubro de 2018 em Nova Mutum -


MT, localizada nas coordenadas: latitude sul 13º 05’ 04” e longitude oeste 56º 05’
16”. O solo é classificado como Latossolo vermelho amarelo distrófico, o clima é do
tipo Aw, tropical, segundo classificação climática de Köppen. A precipitação média
anual varia de 1.850 mm a 2.400 mm, com estações seca (maio a setembro) e
chuvosa (outubro a abril) bem definidas e temperatura média de 26°C (NOGUEIRA
et al., 2010).
Foi utilizado o híbrido de tomate italiano de hábito determinado Lampião
(Agristar). O cultivo foi realizado de junho a outubro de 2018, as mudas foram
produzidas em viveiro de mudas, em bandejas tipo 128/6, preenchidas com
substrato comercial Vivato®.
Para montagem dos túneis baixos, foram utilizados canos de PVC - poli
(cloreto de vinila) de meia polegada de diâmetro e 3 metros de comprimento para
confecção dos arcos, os quais foram fixados no solo por meio de vergalhões de ferro
cortados com o tamanho de 0,5 metros, os quais foram enterrados 0,3 metros no
solo nas laterais dos canteiros. Em cada canteiro foram utilizados 5 arcos.
Os ambientes avaliados foram compostos por campo aberto e cinco túneis
baixos cobertos com agrotêxtil branco em polietileno com gramatura de 15 g/m²,
organza branca sem brilho (47 g/m²) e malhas com 35% de sombreamento nas
cores vermelha (Chromatinet®), prata (tela termorrefletora Aluminet®) e preta
(Sombrite®) (Figura 1). O delineamento experimental foi em blocos casualizados
com quatro repetições.
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Figura 1. Vista parcial dos ambientes de produção: Campo Aberto, organza,


agrotêxtil e malhas prata, vermelha e preta.

A adubação de plantio ocorreu com base na análise química do solo, que


apresentou: pH (água) = 6,7; P = 81 mg/dm3; K = 80 cmg/dm3; Al = 0,0 cmol/dm3;
Ca = 1,9 cmol/dm3; Mg = 0,6 cmol/ dm3; H + Al = 1,5 cmol/dm3; B = 0,4 mg.dm³; Zn
= 3,4 mg.dm³; SB (Soma de Bases) = 2,7 cmol/dm3; t (CTC efetiva/CTC a pH 7,0) =
2,7 cmol/dm3; T = 4,2 cmol/dm3; V = 64%; m (Sat. de Al) = 0% e matéria orgânica -
M.O. (Walkley-Black) = 10,12 g/dm³. A adubação de plantio foi incorporada no sulco,
utilizando uréia (200 kg ha-¹ de N), cloreto de potássio (400 kg ha-¹ de K 2O) e
superfosfato simples (300 kg ha-¹ de P 2O5) e a adubação de cobertura foi realizada
via fertirrigação, com aplicações a cada 5 dias, utilizando sulfato de amônio e nitrato
de potássio (RIBEIRO, GUIMARÃES e ALVAREZ,1999). O sistema de irrigação foi
via gotejamento, com o uso de mangueiras de gotejamento autocompensantes.
Os canteiros tinham 8 metros de comprimento por 1,2 metros de largura, e
foram cobertos com mulch plástico branco. Os tomateiros foram inseridos com
espaçamento de 0,35 metro entre plantas na linha.
21

Monitoramento das variáveis ambientais

A luminosidade nos ambientes foi aferida com auxílio do luxímetro modelo


Testo 540, sendo o mesmo colocado sobre os canteiros para que captasse a luz
interna nos ambientes. Os valores de luminosidade são representados em Lux,
sendo que um Lux é igual a um lúmen por metro quadrado (GRANDJEAN, 1998). A
temperatura das folhas foi monitorada com o auxílio de termômetro de infravermelho
modelo ST620 Incoterm. A temperatura do ar e umidade foram avaliadas com a
utilização do termohigrômetro digital HM-02, instalado no dossel da planta. Quanto à
temperatura do solo, usou-se o termômetro digital HM-600 tipo espeto, inserido no
solo a uma profundidade de 10 centímetros, com coletas as 13:00h.

Avaliação das variáveis produtivas

Foram avaliadas as seguintes variáveis produtivas: produtividade total e


comercial (t ha-1); número de frutos totais e comerciais, determinados pela aparência
e danos ausentes ou presentes relação comprimento/largura; calibre (mm); e
espessura da parede e do pedúnculo (mm), determinados com paquímetro digital.
Os frutos foram colhidos quando completaram a maturação.

Avaliação das variáveis químicas e bioquímicas

Para as características físico-químicas e bioquímicas dos frutos, foram


amostrados dez frutos comerciais totalmente maduros de cada parcela. Os frutos
frescos foram processados com auxílio de processador Philips Walita Juicer RI1858.
A partir dos extratos obtidos, determinou-se: teor de sólidos solúveis (SS), com
auxílio de refratômetro (ITREFD 45/65/92 Instrutemp) (IAL, 2008); acidez titulável
(AT), por meio de titulometria com NaOH (referencia); índice de maturação (SS/AT),
por meio da relação entre os teores de SS e AT; teores de licopeno e β-caroteno,
conforme metodologia descrita por NAGATA e YAMASHITA (1992) e teor de ácido
ascórbico (Vitamina C) (BRASIL, 1986). Todas as etapas das análises foram
realizadas no escuro, com auxílio de luz especial vermelha.
22

Avaliação fitossanitária dos ambientes

Foi avaliado a eficiência das coberturas como barreira física contra o ataque
de insetos praga, e quando a infestação no ambiente chegava ao nível de controle,
conforme MIP para a cultura, foram realizadas aplicações (Tabela 01). As aplicações
de fungicidas foram efetuadas assim que apareceram os primeiros sintomas nas
plantas.

Tabela 01. Aplicações de agrotóxicos por ambiente durante todo o ciclo do


tomateiro.
Número de aplicações por ambiente
Ingrediente Ativo C. A. Org. Agrot. Prata Verm. Preto Dose ha-1
Inseticidas
Imidacloprido 5 1 1 1 3 3 200ml p.c. ha-1
Alfa cipermetrina 6 1 1 1 1 1 10 ml p.c.
/100l água
Tiametoxam 4 2 2 2 20g p.c.
/100ml água
Lufenuron 3 2 2 1 3 3 80ml p.c. /100l
água
Acetamiprido 3 1 3 3 250g p.c. ha-1
Fungicidas
Azoxistrobina 3 1 1 1 2 1 160g p.c. ha-1
Mancozebe 3 2 2 2 1 2 3 kg p.c. ha-1
Iprodiona 2 1 1 1 2 1 150ml p.c.
/100l água

Análise da perda de massa dos frutos

Para determinar a perda de massa, foram selecionados 24 frutos maduros de


cada tratamento, divididos em 4 repetições, sem defeitos e danos aparentes, que
foram higienizados com hipoclorito de sódio 1% e dispostos em bandejas de
poliestireno expandido sobre temperatura ambiente (27 ± 2ºC e umidade de 50 ± 2
%) e refrigerada (5 ± 1°C e umidade de 87 ± 2%). A mensuração da porcentagem de
perda de massa foi realizada a cada sete dias e finalizada aos 21 dias, determinada
por meio da diferença entre a massa inicial e massa obtida em cada avaliação,
apresentada em porcentagem.
23

Delineamento experimental e análise dos dados

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições,


contendo 12 plantas por parcela e foram avaliadas as seis plantas centrais. Para a
análise da vida útil dos frutos, o delineamento foi em esquema fatorial 6x2, sendo
seis ambientes de produção e duas condições de armazenamento.
As médias obtidas foram submetidos à análise de variância, homogeneidade
e normalidade dos dados, quando significativo foram submetidos ao teste de Scott
Knott (p<0,05), utilizando o programa (software) SISVAR 5.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve diferença nas fases do desenvolvimento fenológico do tomateiro


cultivados sob túneis cobertos com malhas e campo aberto. O ciclo total, desde a
semeadura até o final da colheita abrangeu um período de 112 dias, dos quais a
fase vegetativa, da semeadura até a emissão da primeira inflorescência durou 36
dias, desses, 27 dias foi a duração da fase de produção de mudas da semeadura
até o transplante, e o estádio vegetativo após o transplante correspondeu a apenas
9 dias (Figura 2). Considerando o período entre o transplantio e a colheita final, o
ciclo de cultivo foi de 85 dias. Essa reduzida fase vegetativa é consequência das
altas temperaturas registradas no período. A velocidade da emissão de
inflorescências é altamente afetada pelas condições de temperatura durante a fase
vegetativa (KONNING, 1994).
24

Figura 2. Duração dos estágios fenológicos em dias após a semeadura (DAS) do


tomateiro cultivado em diferentes ambientes de produção: Campo Aberto, organza,
agrotêxtil e malhas prata, vermelha e preta.

O período entre a floração e o término do enchimento de frutos durou 28


dias, depois disso os frutos demoraram 20 dias para atingir a maturação completa.
Os frutos eram colhidos assim que atingiam a maturação completa, o período da
primeira até a última colheita foi de 28 dias. A maioria das cultivares de tomate de
hábito determinado possuem ciclo de até 125 dias, mas isso depende das condições
climáticas, onde altas temperaturas causam aceleração do ciclo (EMBRAPA, 2003).
O estresse térmico é o principal fator que limita a produtividade e adaptação das
culturas, principalmente se as temperaturas extremas coincidem com os estádios
críticos do desenvolvimento da planta (XU et al., 2017; ZHOU et al., 2017).
As maiores médias de temperatura foram registradas durante o estádio de
maturação e colheita dos frutos, onde o campo aberto registrou média máxima de
47,3°C, seguido dos ambientes cobertos com agrotêxtil e organza (Figura 3). Tilahun
et al. (2017) destacam que a temperatura afeta a qualidade do fruto, onde, altas
temperaturas inibem a formação do licopeno, que é uma substância responsável
pela coloração vermelha do fruto, sendo que continua a formação do caroteno, que
confere coloração amarela, tendo como resultado final frutos manchados e de baixo
valor comercial.
As malhas preta, prata e vermelha proporcionaram redução das temperaturas
máximas em 12,6, 8,96 e 4,52%, respectivamente, em relação ao campo aberto,
considerando o ciclo total do tomateiro. As malhas de sombreamento são eficientes
25

para a redução da temperatura nos ambientes de cultivo pois apresentam


diminuição na radiação incidente (RAMPAZZO et al., 2014).

A) B)

C) D)

Figura 3. Temperaturas máxima, média e mínima dividido em quatro períodos após


a semeadura (A- 27 a 36 DAS (período vegetativo), B- 37 a 64 DAS (período de
floração e enchimento de frutos), C- 65 a 84 DAS (período de maturação) e D- 85 a
112 DAS (período de colheita), em seis ambientes de produção: Campo Aberto,
organza, agrotêxtil e malhas prata, vermelha e preta.

A organza e o agrotêxtil proporcionaram temperaturas semelhantes, isso


também foi observado por Seabra Júnior et al. (2019). Pires et al. (2013) obtiveram
maiores valores médios diários de temperatura do ar em ambientes cobertos com
agrotêxtil, enfatizando que o material proporciona temperaturas mais elevadas nas
horas mais quentes do dia. Por ser confeccionada de material sintético (100%
26

poliéster) e baixa porosidade, a organza dificulta a troca gasosa entre o ambiente e


o meio externo, ocasionando maiores temperaturas, apesar de proporcionar
sombreamento.
Durante o período vegetativo, os ambientes cobertos com agrotêxtil e
organza, além do campo aberto registraram temperatura máxima acima dos 43° C, e
as médias ficaram entre 26,3 e 30,8°C. Estas temperaturas estão acima da indicada
para o pleno desenvolvimento do tomateiro, pois as temperaturas ideais para o
desenvolvimento vegetativo é entre 20 °C e 24 °C (DUARTE et al., 2011).
No período que ocorreu a antese e o enchimento de fruto, foram registradas
temperaturas médias entre 28,2°C e 33,3°C nos diferentes ambientes. A exposição
à temperaturas acima de 34ºC causam redução na porcentagem de germinação do
grão de pólen e na taxa de crescimento do tubo polínico, com consequente redução
de frutos por planta (WAHID, et al., 2007).
O ambiente coberto com malha vermelha obteve médias de temperatura
maiores que as malhas preta e prata, sendo esse resultado equivalente ao
encontrado por Cantu et al. (2013) em São Manuel – SP. A malha vermelha altera a
qualidade da radiação que é transmitida ao interior do ambiente, reduzindo a
quantidade de ondas das faixas azul, verde e amarela do espectro enquanto
incrementa as ondas das faixas do vermelho e vermelho-distante, que são ondas
térmicas, elevando a temperatura do ar (LI, 2006).
As altas temperaturas registradas no período interferem no desenvolvimento e
produção do tomateiro, pois a temperatura ótima para a cultura varia entre 18,3 e
32,2°C (HOCHMUTH; HOCHMUTH, 2012).
A malha preta proporcionou o maior percentual de umidade no interior do
ambiente, seguido dos ambientes cobertos com malha prata e a vermelha (Figura 4).
Os menores valores de umidade relativa do ar foram registrados no campo aberto. A
umidade relativa do ar considerada ótima para a cultura do tomate é 60% (PEET et
al.,2003), abaixo disso o crescimento do tomateiro é restringido, a planta fica mais
rígida e pode causar abortamento de flores e queda de folhas (GERARD; HIPP,
1968).
27

A) B)

Figura 4. Amplitude térmica diária (A) e percentual de umidade (B) em seis


ambientes de produção: Campo Aberto, organza, agrotêxtil e malhas prata,
vermelha e preta.

Foi observado que a umidade relativa dentro de um ambiente diminui


conforme aumenta a temperatura. O percentual de umidade está vinculado ao
equilíbrio hídrico das plantas, onde um déficit pode alterar a evapotranspiração,
alterando a capacidade do sistema radicular de absorver a água e os nutrientes
(RAMPAZZO et al., 2014).
A amplitude térmica diária foi maior no campo aberto, com média de 4,0°C
maior que os ambientes cobertos com agrotêxtil e organza, os quais obtiveram
mesma média, e o ambiente coberto com malha preta registrou a menor média,
7,2°C abaixo do campo aberto. Ambientes protegidos propiciam uma diminuição da
movimentação da massa de ar dentro dos ambientes, isso faz com que a amplitude
térmica diária seja menor se comparada com o campo aberto (SANTIAGO et al.,
2018).
Durante o presente estudo, as temperaturas noturnas mantiveram-se amenas,
enquanto as diurnas permaneceram constantemente altas. É importante observar a
diferença de temperatura do dia e da noite, pois quando a temperatura do dia está
em torno de 26°C e a da noite entre 17 e 20°C, ou seja, uma amplitude térmica
variando de 6 a 10° C, favorece o crescimento da planta (FILGUEIRA, 2013).
Quando a temperatura noturna cai para valores abaixo de 18ºC (Figura 2ª) a
velocidade da absorção mineral e o transporte de assimilados diminuem, reduzindo
também o transporte de fotoassimilados sintetizados durante o dia, esse transporte
28

somente é retomado no dia seguinte quando a temperatura se eleva novamente


(ANDRIOLO, 2000). Isso vai refletir no peso médio dos frutos, os quais diminuem
quando ocorre grande diferença entre as temperaturas diurnas e noturnas, além de
causar amadurecimento mais rápido (GENT, 1988). Temperaturas diurnas maiores
que as noturnas promovem maior desenvolvimento da planta, isso significa que a
temperatura diurna está diretamente ligada com a luminosidade (MORGAN et al.,
1971).
A maior redução da luminosidade foi obtida nas malhas de sombreamento, e
os ambientes cobertos intermediários (Figura 5). A luz é um dos fatores abióticos
que mais influenciam no desenvolvimento das plantas, sendo a principal fonte
energética. Seu manejo e controle influenciam diretamente no processo
fotossintético, exercendo efeitos positivos ou negativos (POLYSACK, 2016).

80000 72285.3
70000
60000 55032.5 56706.6
Luminosidade (Lux)

50000
41031.2 42272.1
38855.7
40000
30000
20000
10000
0
C. A. Organza Agrotêxtil Prata Vermelho Preto
Ambientes

Figura 5. Luminosidade em Lux em seis ambientes de produção: Campo Aberto,


organza, agrotêxtil e malhas prata, vermelha e preta.

Observou-se uma redução de 41,5, 43,2 e 46,2% na incidência luminosa nos


ambientes cobertos com malhas vermelha, prata e preta, respectivamente, em
relação aos valores obtidos no ambiente campo aberto. A densidade de fluxo da
radiação solar incidente no interior dos ambientes protegidos é inferior aos valores
obtidos externamente, devido à reflexão e absorção pelo material de cobertura
(SEABRA JÚNIOR et al., 2019).
29

O aumento da irradiância pode elevar a produção de fotoassimilados e sua


disponibilidade para o crescimento da planta e produção de frutos. Mas quando a
radiação solar é excessivamente elevada pode haver aumento na taxa transpiratória
da planta, resultando em fechamento estomático e na diminuição da fotossíntese
(ANDRIOLO, 2000), além de sobrecarregar o processo fotoquímico resultando não
somente em baixa utilização, mas também em baixo rendimento fotoassimilatório
(fotoinibição), sendo necessário o monitoramento constante da luminosidade dentro
dos ambientes de produção, pois tanto o excesso quanto a quantidade insuficiente
de luz influenciam no desenvolvimento e consequente produtividade. Em ambientes
com luminosidade intensa e altas temperaturas, as plantas evitam o excesso de
aquecimento das folhas reduzindo a absorção dessa radiação. Dessa forma,
compromete a fotossíntese e, consequentemente, o desenvolvimento da planta
(TAIZ; ZEIGER 2017).
O ambiente que apresentou menor média de temperatura foliar foi o coberto
com malha preta (Figura 6). Essa malha pode reduzir o fluxo de luz a níveis
inadequados, dependendo da cultura implantada, o que pode resultar em redução
da produtividade (SANTOS et al., 2010). O ambiente coberto com malha vermelha
obteve redução de temperatura foliar de 4°C em relação ao campo aberto no horário
mais quente do dia, e para o ambiente coberto com tela prata essa redução ficou
próxima dos 7°C.

A) B)

Figura 6. Temperaturas das folhas (A) e do solo (B) em seis ambientes de produção:
Campo Aberto, organza, agrotêxtil e malhas prata, vermelha e preta.
30

A temperatura foliar pode ser utilizada como indicador de fechamento de


estômatos em resposta à estresse por excesso de irradiância ou estresse hídrico,
nesse trabalho, o campo aberto proporcionou maiores médias de temperatura nas
folhas, resultado esse já esperado por não contar com nenhuma cobertura. Quando
a temperatura do ar está muito alta, como defesa ao estresse a planta fecha os
estômatos, a transpiração é reduzida, elevando a temperatura foliar em comparação
com folhas com os estômatos abertos (ARAUS et al., 2008).
A temperatura do solo foi maior no campo aberto, seguido dos ambientes
cobertos com organza e agrotêxtil, os quais registraram médias bastante próximas.
A utilização das malhas de sombreamento prata, preta e vermelha proporcionaram
considerável redução na temperatura de solo quando comparado ao campo aberto
(18,3, 20,6 e 16 %, respectivamente). A eficiência na redução da temperatura está
associada ao sombreamento proporcionado pelas mesmas, em que os valores mais
baixos foram observados nos ambientes de menor luminosidade. Essa tendência foi
descrita por Rampazzo et al. (2014) avaliando a temperatura do ar e do solo nos
diferentes tipos de telas, o mesmo relatou que o campo aberto apresentou maiores
temperaturas quando comparado com os ambientes telados, em vista que a
temperatura média do solo tem relação direta com a luminosidade e temperatura do
ar, apresentando assim, valores mais baixos em ambientes com menor
luminosidade.
No presente trabalho ocorreu a influência da luminosidade na temperatura do
ar, onde os ambientes com maior temperatura e incidência luminosa também
registraram maiores médias de temperatura do solo. O ideal para o pleno
desenvolvimento do tomateiro são temperaturas de solo em torno de 27°C (JONES,
2013), enquanto Li et al., (2015) considerando o estresse da planta em altas
temperaturas, observou que temperaturas de solo de 23°C são melhores para a
planta.
Considerando os parâmetros produtivos, o ambiente coberto com organza
obteve as maiores médias de produtividade, sendo 213% superior às plantas
cultivadas em campo aberto, seguida das plantas cultivadas sob agrotêxtil, que por
sua vez resultou em aumento de 197%. Os demais ambientes de cultivo também
31

permitiram a obtenção de maior produtividade, contudo em proporções bem


inferiores (Tabela 2).
Considerando que, em condições tropicais, ocorre o excesso de radiação e
temperaturas elevadas, fatores que limitam o crescimento e produtividade das
culturas (WAHID et al., 2007), e com base nos resultados climáticos e de produção,
verifica-se que as plantas em campo aberto sofreram estresse por fotoinibição e
térmico, limitando a produção. Podemos observar que as condições microclimáticas
no interior dos ambientes cobertos com organza e agrotêxtil ficaram próximas do
campo aberto, mesmo assim o desempenho produtivo foi muito superior nesses
ambientes, ficando evidente que o excesso de radiação é mais prejudicial ao
desenvolvimento da cultura do que as altas temperaturas. Em condições tropicais,
com alta incidência luminosa e temperatura, as plantas produzem melhor quando
cultivadas sob algum tipo de sombreamento (AYALA-TAFOYA et al., 2011; ILÍC et
al., 2012).

Tabela 2. Produtividade total – PT (t ha -1) e comercial – PC (t ha-1), número de frutos


totais (NFT) e comerciais (NFC) por planta cultivada em seis ambientes: Organza,
agrotêxtil, tela termorefletora prata, tela de sombreamento preta, campo aberto e tela
vermelha.

Ambientes PT PC NFT NFC


C. A 43,0±1,0 f 26,6±0,0 f 32,3±0,8 d 20,6±0,8 e
Organza 134,9±2,4 a 131,7±1,5 a 72,9±1,3 a 70,4±1,3 a
Agrotêxtil 127,8±2,9 b 124,5±3,6 b 69,1±1,6 b 67,4±0,3 b
Prata 97,6±0,9 c 94,9±0,5 c 51,3±0,4 c 47,1±0,4 c
Vermelho 54,4±0,6 d 47,1±0,8 d 32,0±0,3 d 27,5±0,4 d
Preto 46,0±1,8 e 38,5±2,8 e 27,1±8,7 e 21,2±1,1 e
CV (%) 2,22 2,65 2,21 2,00
Médias seguidas de mesma letra não se diferem pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade.

Entre as malhas, a termorefletora prata apresentou melhores resultados


quando comparada com as malhas vermelha e preta, mas obteve produtividade
39,1% menor em comparação com a organza. A malha termorefletora prata diminui
a entrada de radiação infravermelha no ambiente, além de transmitirem luz difusa,
aumentando a captação de luz pelas plantas ocasionando ganho fotossintético
(POLYSACK, 2016). Os ambientes cobertos com malha vermelha e malha preta
32

obtiveram médias de produtividade total 147,9 e 193,2% respectivamente abaixo do


ambiente coberto com organza.
Embora temperaturas superiores a 27,5 °C possam reduzir em 40% a
frutificação (HAREL et al., 2014), ocasionar abortamento, queda de flores e provocar
o amarelecimento dos frutos (ALVARENGA, 2013), os resultados obtidos no
presente estudo foram positivos para alguns ambientes apesar das médias máximas
ultrapassarem os 40°C.
O número de frutos por planta foi maior no ambiente coberto com organza,
seguido do agrotêxtil. O ambiente coberto com malha preta proporcionou o menor
número de frutos por planta, devido à redução da luminosidade. Sombreamento
excessivo pode ser prejudicial para o tomateiro, ocasionando redução do número de
frutos por planta e da produtividade em geral, visto que plantas sombreadas
investem mais em expansão foliar, em detrimento da produção de frutos
(COCKSHULl et al., 1992).
A diferença entre produção total e produção comercial e número de frutos
totais e comerciais por planta foram mais expressivos no campo aberto, isso ocorreu
devido ao ataque de insetos praga além da escaldadura pelo sol (Figura 7).
Quanto ao calibre dos frutos, o campo aberto proporcionou a maior média de
frutos PP, fator esse que justifica a baixa produtividade nesse ambiente (Tabela 3).
O ambiente coberto com organza obteve a maior quantidade de frutos por planta dos
calibres P, M e extra.

Tabela 3. Número de frutos distribuídos por calibre menor que 40 mm (FP (PP)),
pequeno (P), médio (M), grande (G) e extra (EX), em unidades por planta por planta
cultivada em seis ambientes: Organza, agrotêxtil, tela termorefletora prata, tela de
sombreamento preta, campo aberto e tela vermelha.

Ambientes FP (PP) FP (P) FP (M) FP (G) FP (EX)


C. A 8,3±1,1a 5,9±0,1c 6,1±0,1 f 0,2±0,07 e 0,1±0,0 d
Organza 3,4±0,4c 19,3±0,3 a 37,2±1,7 a 7,9±0,4 b 2,4±0,2 a
Agrotêxtil 4,8±1,5b 16,6±0,1 b 35,4±1,0 b 7,8±0,3 b 2,6±0,1 a
Prata 0,5±0,2e 5,0±0,1 d 25,1±0,5 c 14,3±0,4a 2,0±0,3 b
Vermelho 3,6±0,2c 5,2±0,1 d 16,7±0,3 d 1,7±0,2 d 0,1±0,1 d
Preto 2,0±0,1d 2,7±0,7 e 13,0±0,3 e 2,6±0,2 c 0,7±0,3 c
CV (%) 21,66 3,94 3,95 6,01 17,27
Médias seguidas de mesma letra não se diferem pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade.
33

O tamanho de frutos está relacionado com fatores ambientais, pois a


temperatura e umidade estão diretamente relacionados ao pegamento de frutos,
além de intensidade luminosa, pois os frutos são drenos de fotoassimilados
(ALVARENGA, 2013). Já o ambiente coberto com malha termorefletora prata
proporcionou o maior número de frutos grandes. Frutos grandes, com calibre maior
que 60 mm, apresentam melhor valor de mercado, i. e., quanto maior o fruto, maior
será o valor comercial (ANDREUCCETTI et al., 2004).
As maiores médias da cicatriz peduncular foram registradas nos ambientes
cobertos com organza, agrotêxtil e tela termorefletora prata (Tabela 4). Frutos de
maior massa e volume geralmente possuem cicatriz peduncular maior, (resultado
também observado no presente trabalho) mas essa é uma característica
desfavorável para a conservação pós-colheita, pois até 97% das trocas gasosas
ocorrem por essa estrutura (KHALEGHI et al., 2013), sendo preferível tomates com
maior massa e menor tamanho de cicatriz peduncular.

Tabela 4. Médias de cicatriz peduncular (CP), espessura de polpa (EP) e relação


comprimento/diâmetro de fruto (C/D), de tomates de hábito determinado cultivados
em diferentes ambientes protegidos tipo túnel.
Ambientes CP (mm) EP (mm) C/D
C. A 7,61±0,22 c 4,41±0,11 c 1,29±0,04 c
Organza 16,35±1,73 a 6,59±0,97 b 1,42±0,08 b
Agrotêxtil 15,92±1,41 a 6,47±1,15 b 1,56±0,06 a
Prata 16,32±0,79 a 9,74±1,27 a 1,50±0,05 a
Vermelho 12,78±0,49 b 6,67±0,27 b 1,36±0,07 b
Preto 11,63±0,66 b 6,58±0,22 b 1,41±0,04 b
CV(%) 7,68 12,16 4,48
Médias seguidas de mesma letra não se diferem pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade.

Com relação ao parâmetro espessura de polpa, os frutos de tomateiro


produzidos no ambiente coberto com malha prata obtiveram os melhores resultados
(tabela 4). Nos frutos produzidos em campo aberto, verificou-se a menor espessura
de polpa. A espessura da polpa do tomate é um indicativo de produtividade, visto
que frutos com parede mais grossa são mais pesados, e também é um indicativo de
qualidade pós-colheita, pois essa característica estar associada a maior firmeza e
resulta em frutos menos propensos ao murchamento (SHIRAHIGE, 2009), além de
34

ser uma característica de interesse para a indústria, visto que frutos com a polpa
mais espessa apresentam maior rendimento industrial, bem como maior resistência
à injúrias durante a colheita e transporte (MELO; VILELA, 2005).
Os ambientes cobertos com as malhas agrotêxtil e prata proporcionaram
frutos de tomateiro com maior relação comprimento/diâmetro, o que caracteriza
frutos mais compridos, de formato oblongo. Essa relação caracteriza o formato do
fruto, o qual, de acordo com classificação do CEAGESP (2006), verificou-se que as
todas as cultivares se enquadram no grupo IV, correspondente ao formato Italiano,
os quais, de acordo com Monteiro et al., (2008) possuem geralmente frutos mais
saborosos, mais alongados, diâmetro reduzido e polpa espessa.
A maior porcentagem de perdas de frutos de tomate na colheita foi obtida nas
plantas cultivadas à campo aberto, proporcionando perdas 14 vezes maior que nos
tomateiros cultivados sob malhas prata, agrotêxtil e organza (Figura 7). Esse valor
elevado foi devido ao intenso ataque de insetos praga e ocorrência de escaldadura,
sendo que o ataque de pragas no campo aberto correspondeu à 23,1% de perdas
por danos, e a escaldadura correspondeu à 15%. Nos demais ambientes, toda a
perda foi devido ao ataque de pragas, principalmente brocas nos frutos, pois todas
as malhas utilizadas foram eficientes na proteção contra a escaldadura. A
escaldadura é causada por temperaturas acima de 40°C e exposição direta ao sol
(KEDAR et al., 1975).

A) B)
35

Figura 7. Percentual de perda de frutos na colheita (A) e número de aplicações de


agrotóxicos (B) durante o ciclo do tomateiro cultivado em diferentes ambientes tipo
túnel: Campo Aberto, organza, agrotêxtil, e malhas prata, vermelha e preta.

Com relação ao número de aplicações durante o ciclo da cultura, pode-se


observar que a utilização de coberturas com organza e agrotêxtil foram eficientes
para a redução de aplicações de inseticidas, pois as mesmas agiram como barreira
física contra a entrada de insetos praga. A utilização de mantas agrotêxtil têm sido
importante ferramenta para proteção de plantas em diferentes culturas, agindo com
sucesso na proteção das plantas ou frutos contra o ataque de insetos praga e
vetores de viroses (SALAS et al, 2018). O ambiente coberto com malha
termorefletora prata também foi importante para a redução das aplicações de
inseticidas. A malha termorefletora prata possui efeito reflexivo que causa
desorientação nos insetos, diminuindo a incidência dos mesmos dentro do ambiente
(POLYSACK, 2016). O cultivo em campo aberto necessitou de maior número de
aplicações, por não possuir coberturas que atuam como barreira física, o mesmo
sofreu com intensa infestação de tripes (Thysanoptera), mosca-branca (Bemisia
tabaci) e broca pequena dos frutos (Neoleucinodes elegantalis).
Na ocasião do transplantio das mudas foi efetuada uma aplicação de
fungicida em todos os ambientes de forma preventiva, sendo que as demais
aplicações aconteceram apenas no final do ciclo da cultura quando da ocorrência de
sintomas de doenças fúngicas.
No campo aberto, embora não tenha gastos com a estrutura de cobertura,
houve maior gasto de recursos com aplicações e os respectivos produtos
(agrotóxicos). Além disso, a produtividade do campo aberto foi muito inferior. Isso
reforça ainda mais a importância do uso de coberturas como organza e agrotêxtil,
pois a junção entre maior produtividade, menores perdas e menor número de
aplicações resulta em maior rentabilidade do cultivo.
A utilização de diferentes coberturas influenciou as características de
qualidade dos frutos, como sólidos solúveis, acidez e índice de maturação. Os
teores de sólidos solúveis totais foram maiores nos frutos de tomateiro cultivados
nos ambientes cobertos com organza e agrotêxtil (Tabela 5). Observa-se que nestes
ambientes, organza e o agrotêxtil, houve maiores médias de temperatura. Gautier et
36

al. (2005), trabalhando com tomate cereja, identificou que altas temperaturas
promovem a evapotranspiração dos frutos, aumentando a concentração de sólidos
solúveis totais. A relação entre altas temperaturas e maiores teores de sólidos
solúveis totais também foi descrito descrita por Pandolfo et al. (2018) ao avaliar uvas
Cabernet Souvignon.
Apesar da irradiância ser necessária para elevar a produção de
fotoassimilados (Reis et al., 2013), seu excesso pode acarretar estresse na planta,
induzindo a fotoinibição, resultando em limitação do processo fotossintético (LEAL,
2006). Isso justifica o porquê dos frutos colhidos em campo aberto obtiveram
resultados inferiores aos ambientes cobertos por organza e agrotêxtil, apesar das
altas temperaturas. Tinyane et al. (2013), ao compararem diferentes cultivares de
tomate conduzidas sob telas com diferentes cores (preta, vermelha, amarela e
pérola) e diferentes porcentagens de sombreamento (25% e 40%), observaram que
os frutos de tomate cultivados em ambientes com menor sombreamento
apresentaram frutos com maior teor de sólido solúveis totais.
Os ambientes cobertos com malha de sombreamento preta e malha vermelha
proporcionaram os menores teores, com 1,2° brix abaixo do ambiente coberto com
organza e agrotêxtil. A redução da luminosidade contribui para a redução do teor de
açúcares no fruto (DAVIES; HOBSON, 1981; ALVARENGA; COELHO, 2013).
37

Tabela 5. Licopeno (µg/100 g), β-Caroteno (µg/100 g), sólidos solúveis Totais - SST (°Brix), Acidez Total Titulável - ATT
(porcentagem de ácido cítrico), relação sólidos solúveis totais e acidez total titulável - Ratio, Ácido ascórbico- Vit. C (mg/100
g), de tomates de hábito determinado cultivado em seis ambientes de produção.

Ambientes SS (°Brix) AT (%) Índice de Licopeno β – caroteno Vit. C (mg/100g)


maturação (µg/100 g) (µg/100 g)
(SS/AT)
C. A. 3,1±0,06 c 0,24±0,01 e 12,7±0,28 c 125,6±0,57 e 55,7±0,57 b 29,2±0,56 a
Organza 4,0±0,03 a 0,21±0,02 f 18,7±1,63 a 184,2±0,15 b 58,9±0,72 a 20,9±0,56 c
Agrotêxtil 4,0±0,03 a 0,28±0,01 d 14,2±1,19 b 198,4±0,84 a 46,6±0,86 c 20,8±1,19 c
Prata 3,5±0,04 b 0,31±0,00 c 11,2±1,31 d 126,6±0,29 d 27,8±0,84 f 23,8±1,31 b
Vermelho 2,8±0,06 d 0,38±0,01 b 7,20±0,06 e 164,1±0,40 c 36,8±0,40 e 20,4±0,00 c
Preto 2,8±0,10 d 0,49±0,01 a 5,70±1,08 f 121,2±0,47 f 38,3±0,47 d 19,0±1,08 d
CV (%) 1,74 3,82 5,98 0,33 2,26 4,07
Médias seguidas de mesma letra na coluna não se diferem pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
38

O ambiente que proporcionou o maior percentual de acidez foi o campo


aberto. Altos teores de ácido cítrico podem favorecer o sabor ácido do tomate
(FERREIRA et al., 2004), mas é um importante componente de qualidade, visto que
sua combinação com os sólidos solúveis é um importante indicativo de qualidade.
O maior índice de maturação foi encontrado nos frutos colhidos de plantas
cultivadas sob organza, seguido daqueles colhidos em ambientes cobertos com
agrotêxtil e campo aberto (tabela 5). Os ambientes cobertos com malha de
sombreamento preta e malha vermelha obtiveram valores de índice de maturação
abaixo de 10, i. e., fruto com baixo flavor. A relação entre sólidos solúveis e acidez
total (índice de maturação) determina o paladar do fruto, indicando sabor mais suave
ou ácido, onde frutos de alta qualidade contêm relação SS/AT maior que 10 (KADER
et al.,1978). Alto valor na relação indica uma excelente combinação de açúcares e
ácidos, a qual se correlaciona com sabor suave, enquanto valores baixos estão
diretamente relacionados com sabor ácido (GONZALEZ-CEBRINO, et al., 2011;
FERREIRA et al., 2004). Apesar dos frutos colhidos no campo aberto apresentarem
índice de maturação acima de 10, tanto teores de sólidos solúveis como a acidez
titulável foram baixos, resultando em frutos insípidos.
Os frutos de tomateiro cultivados sob agrotêxtil apresentaram maior teor de
licopeno, seguido pelo ambiente coberto com organza (Tabela 5). As altas
temperaturas registradas durante o período de maturação dos frutos no ambiente
coberto com agrotêxtil não prejudicaram a produção de licopeno, visto que
temperaturas acima de 30°C são descritos como fator negativo para a síntese de
licopeno em tomate (Eskin, 1989). Os frutos colhidos no ambiente coberto com
malha preta obtiveram o menor teor de licopeno, 34,2% abaixo que o ambiente
coberto com agrotêxtil.
Os frutos cultivados no campo aberto também tiveram baixos teores de
licopeno. Tomates expostos à luz solar direta no campo aberto frequentemente
desenvolvem cor vermelho pálido, quando a temperatura do fruto excede 30°C a
formação do licopeno é inibida (BRANDT et al., 2006), no entanto, a luminosidade
excessiva também exerce inibição da síntese de licopeno (ROSELLO et al, 2011;
BRANDT et al., 2006). Na literatura, verifica-se que maiores teores de licopeno são
reportados para frutos de tomateiros cultivados sob malha de sombreamento de cor
vermelha (ILÍC et al., 2012; LÓPEZ et al., 2006; MARTÍNEZ-VALVERDE et al.,2002).
39

O teor de licopeno depende de fatores como temperatura e luminosidade,


além de estar relacionado ao manejo cultural e ponto de colheita. Além disso, o
licopeno pode atuar na defesa das plantas contra estresse biótico (pragas e
patógenos) e abiótico (danos oxidativos) (SARKAR; SHETTY, 2014). A alta
concentração de licopeno é maior em frutos maduros e avermelhados, podendo
corresponder até 90% dos carotenoides do fruto (MARTÍ; ROSELÓ; CEBOLLA-
CORNEJO, 2016).
Com base nesses resultados dos teores de licopeno dos tomates colhidos no
campo aberto e no ambiente coberto com malha preta, podemos afirmar que
condições extremas como o excesso de luminosidade (campo aberto) assim como o
déficit (malha preta) resultam em menores teores desse componente.
Os teores de β-caroteno variaram de 27,8 µg/100 g (malha prata) até 58,9
µg/100 g (organza). Esses resultados ficaram abaixo das médias encontradas por
Silva et al. (2011) (369,2 e 244,75 µg/100 g). Precursor da vitamina A, a
concentração de β-caroteno aumenta conforme a maturação do fruto avança e essa
substância atua contra doenças cardíacas e câncer (GLORIA et al., 2014). Altas
temperaturas inibem a formação do licopeno, responsável pela coloração vermelha
do fruto, sendo que continua a formação do β-caroteno, que confere coloração
amarela (DUMAS et al., 2003), tendo como resultado final frutos manchados e de
baixo valor comercial.
O campo aberto proporcionou frutos com maiores teores de vitamina C, com
médias de 18,4% a 34,9% superiores aos frutos colhidos nos demais ambientes
(tabela 5). O teor de vitamina C do tomate também varia de acordo com a
luminosidade do ambiente (DUMAS, et al., 2003), onde vários autores obtiveram os
maiores teores desse composto em ambientes com maior luminosidade, quando
comparados à frutos produzidos em ambientes sombreados (EL-GIZAWY et al.,
1992; LOPEZ-ANDREU et al., 1985; VENTER, 1976).
A vitamina C é um importante antioxidante do organismo vegetal, ou seja, sua
síntese também está relacionada ao combate do estresse provocado pela presença
de radicais livres. Em condições de estresse no meio celular, há maior atividade do
ciclo ascorbato-glutationa, consequentemente, maior síntese de ácido ascórbico
(Hung et al., 2007). Este processo funciona como um mecanismo de proteção da
planta contra o estresse oxidativo, pois o ácido ascórbico é um forte antioxidante e
regula as quantidades de espécies reativas de oxigénio (ROS) que contribuem para
40

as injúrias decorrentes do estresse, as quais causam danos celulares (Huang et al.,


2005). Neste sentido, este também pode ser um indicativo de maior estresse nas
plantas conduzidas em ambiente aberto. Por outro lado, plantas cultivadas sob
malha preta, tiveram alto sombreamento, e provavelmente menos estresse,
consequentemente, menores teores de Vitamina C.
Apesar disso, todos os ambientes proporcionaram teores de ácido ascórbico
dentro da faixa considerada comum para o tomate, que varia de 18 a 40 mg/100 g
(ALVARENGA, COELHO 2013). Temperaturas elevadas também promovem
incremento no teor de vitamina C (BÉNARD et al., 2009; ROSALES et al., 2011). Os
teores desta vitamina normalmente diminuem com a maturação, devido à ação da
enzima ácido ascórbico oxidase (ascorbinase) ou por meio da ação de enzimas
oxidantes como a peroxidase (ABUSHITA et al., 1997).
As condições de armazenamento afetaram significantemente a perda de
massa por transpiração, no qual os frutos condicionados em temperatura ambiente
tiveram a maior perda de massa para todos os ambientes de cultivo do tomateiro
(Tabela 6). Os frutos colhidos no campo aberto tiveram maior perda de massa nos
ambientes com e sem refrigeração. Em temperatura ambiente a perda foi 44,8%
maior que em frutos mantidos em ambiente refrigerado. De acordo com Castro
(2003), a temperatura ótima de armazenamento depende do estádio de
amadurecimento, onde tomates no estádio de maturação verde-maduro devem ser
armazenados sob temperatura em torno de 14°C, e frutos completamente maduros
devem ser armazenados em temperaturas aproximada de 10°C.

Tabela 6. Médias de perda de massa (%) aos 21 dias de armazenamento de


tomates produzidos em seis ambientes e condicionados em ambientes com e sem
refrigeração.

Condições de armazenamento
Ambientes T° Ambiente Refrigerado
C. A 27,0 aA 14,9 aB
Organza 15,9 bA 11,4 bB
Agrotêxtil 15,8 bA 11,1 cB
Prata 15,8 bA 11,0 cB
Vermelho 14,7 cA 10,8 cB
Preto 11,7 dA 6,9 dB
CV(%) 1,66
Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não se diferem
pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
41

Os frutos colhidos no ambiente coberto com malha de sombreamento preta


perderam menos massa nas duas condições de armazenamento avaliadas. As
condições ambientais nas quais as plantas são cultivadas alteram funções
fisiológicas, as quais, conduzem o crescimento e desenvolvimento e isso pode
interferir nas características de qualidade pós-colheita, pois o nível de radiação ao
qual a planta é submetida pode alterar algumas vias biossintéticas envolvidas na
acumulação de açúcares, vitaminas e compostos antioxidantes (GAZOLLA NETO et
al., 2013). Após os 21 dias de armazenamento, apenas os frutos produzidos no
campo aberto apresentaram sinais de perda de massa por desidratação.

No teste de prateleira, em todos os ambientes avaliados, a perda de massa


foi maior na 1° semana após a colheita, e foi diminuindo gradativamente nas
semanas seguintes (Figura 14). Esse resultado foi observado em ambas as
condições de armazenamento. No momento da colheita há uma brusca interrupção
do suprimento de água da planta para o fruto, e ocorre um aumento na atividade de
respiração e transpiração, principalmente no período inicial de armazenamento,
sendo que essa é uma das principais causas de perdas no pós-colheita (FINGER;
FRANÇA, 2011; TIEMAN et al., 2000).

Figura 8. Percentual da progressão semanal de perda de massa de frutos de


tomateiro cultivado em diferentes ambientes: Campo Aberto, organza, agrotêxtil, e
malhas prata, vermelha e preta.

O tempo de armazenamento do fruto é essencial para a comercialização,


principalmente em localidades que disponibilizam produtos importados de outras
42

regiões, pois o transporte, embalagens inadequadas, grandes oscilações de


temperatura e umidade reduzem a qualidade e tempo de armazenamento dos frutos,
podendo acarretar prejuízos ao produtor devido as perdas pós-colheita.

CONCLUSÃO

O cultivo de tomateiro sob organza e agrotêxtil promove melhor desempenho


produtivo das plantas, com destaque para os frutos colhidos no ambiente coberto
com organza, os quais possuem maior calibre. Estes ambientes ainda promovem
maior redução das aplicações de agrotóxicos e danos aos frutos, além de permitir a
produção de frutos com adequado balanço de sólidos solúveis e acidez, alto índice
de maturação, altos teores de licopeno e perda de massa equilibrada.
A utilização de malha de sombreamento preta é mais eficiente no controle das
condições climáticas e proporciona frutos com reduzida perda de massa. Contudo,
resulta em baixa produtividade e frutos com baixo índice de maturação. Dentre as
malhas de sombreamento avaliadas (prata, vermelha e preta), destaca-se a malha
prata, a qual pode ser uma alternativa à organza e ao agrotêxtil por permitir a
obtenção de plantas com qualidade de frutos e produtividade intermediárias e
superiores às do campo aberto.

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51

ENTOMOFAUNA ASSOCIADA AO CULTIVO DE TOMATEIRO RASTEIRO SOB


DIFERENTES MALHAS DE SOMBREAMENTO

RESUMO
O cultivo protegido utilizando malhas para o tomateiro pode ser uma opção para a
proteção das plantas contra insetos praga, porém há poucos estudos utilizando
esses materiais e sua influência na infestação de insetos e no uso de inseticidas.
Com isso, esse estudo teve como objetivo determinar os efeitos do cultivo protegido
e não protegido de tomateiro na população de insetos à nível de ordens. O tomateiro
cv. Lampião foi cultivado rasteiro sobre mulching plástico branco no período de seca
e altas temperaturas em Nova Mutum – MT. Foram avaliados o cultivo não protegido
do tomateiro e o cultivo protegido sob diferentes malhas, i.e., tuneis cobertos com
malha agrotêxtil, organza e de sombreamento vermelha, prata e preta. Para o
monitoramento dos insetos dentro dos ambientes foram utilizadas armadilhas do tipo
Pitfall, enterrados ao nível do solo. Foram constatadas a presença de 16 ordens e
uma classe (Aracnídeo) no cultivo de tomateiro rasteiro, revelando uma ampla
diversidade da entomofauna nesse agroecossistema, totalizando 6.895 indivíduos
coletados em 36 armadilhas numa área de 385,2 m 2. As ordens Hymenoptera,
Coleoptera e Diptera foram as mais representativas, apresentando frequências
relativas de 59,4%, 10,4% e 8%, respectivamente. O campo aberto apresentou o
52

maior número de insetos coletados, totalizando 2.639 indivíduos, sendo que a ordem
Hymenoptera representou 72,5% dos insetos coletados nesse ambiente. Os
ambientes cobertos com organza e agrotêxtil proporcionaram menor quantidade de
insetos, 665 e 646 indivíduos, respectivamente. Isso ocorreu devido a maior barreira
física proporcionada por estas malhas, i.e., estas apresentam trama mais fechada.
Dentre os estádios de desenvolvimento do tomateiro, o estádio de maturação dos
frutos apresentou maior número de insetos coletados.

PALAVRAS-CHAVE: Solanum lycopersicum; Malhas coloridas; Insetos; Ambiente


protegido.

ABSTRACT
Protected cultivation using tomato meshes may be an option for the protection of
plants against insect pests, however there are few studies using these materials and
their influence on insect infestation and the use of insecticides. Thus, this study
aimed to determine the effects of protected and unprotected tomato cultivation on the
insect population at the order level. The tomato cv. Lampião was grown low on white
plastic mulching during the dry season and high temperatures in Nova Mutum - MT.
The unprotected tomato cultivation and the protected cultivation under different
meshes, i.e., tunnels covered with agrotextile, organza and red, silver and black
shading, were evaluated. Pitfall traps, buried at ground level, were used to monitor
insects inside the environments. The presence of 16 orders and one class (Arachnid)
were found in the cultivation of low-lying tomato, revealing a wide diversity of
entomofauna in this agroecosystem, totaling 6,895 individuals collected in 36 traps in
an area of 385.2 m2. The orders Hymenoptera, Coleoptera and Diptera were the
most representative, with relative frequencies of 59.4%, 10.4% and 8%, respectively.
The open field had the highest number of insects collected, totaling 2,639 individuals,
with the order Hymenoptera representing 72.5% of the insects collected in this
environment. The environments covered with organza and agrotextile provided less
insects, 665 and 646 individuals, respectively. This was due to the greater physical
barrier provided by these meshes, i.e., they present a more closed web. Among the
53

tomato development stages, the fruit maturation stage showed a higher number of
insects collected.

KEYWORDS: Solanum lycopersicum; Colored meshes; Insects; Protected


environment.

INTRODUÇÃO
O tomateiro é a hortaliça de maior importância econômica no mundo e no
Brasil, a produção brasileira passou de 3,73 milhões de toneladas em 2016, para de
4,23 milhões de toneladas em 2017, em uma área de 58,548 mil para 61.6 mil
hectares (FAOSTAT, 2019).
O cultivo do tomateiro é afetado pela alta infestação de insetos praga que
causa dano direto e indireto na planta e nos frutos, porém esses insetos sofrem ação
de inúmeras interações tróficas e ecológicas que influenciam no equilíbrio do
agroecossistema, podendo interferir no nível de dano econômico sobre as culturas
(PICANÇO et al., 2010).
Os danos causados por pragas podem causar prejuízos de até 100% na
produção, inviabilizando o cultivo (MOURA et al., 2014). Dentre os principais insetos
pragas da cultura do tomateiro podem ser citados a traça-do-tomateiro (Tuta
absoluta), as brocas (Neoleucinodes elegantalis e Helicoverpa zea), a mosca branca
(Bemisia tabaci) e os pulgões (Myzus pérsica), todos pertencentes aos artrópodes.
Esses infestam em todos os estádios de desenvolvimento da planta (MOURA et al.,
2014). Porém, nesse filo também estão presentes muitos inimigos naturais que
atuam como predadores e parasitoides, como por exemplo a Macrolophus basicornis
(Stal) (Hemiptera: Miridae) e a Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera
Trichogrammatidae) (FERRACINI et al., 2019; LENTEREN et al., 2016).
Estudos sobre a entomofauna em diferentes ambientes são comumente
realizados em cultivos de interesse agrícola, visam obter informações sobre
biodiversidade e relações ecológicas que subsidiem o manejo integrado de pragas,
por meio de reconhecimento de pragas e inimigos naturais, polinizadores e insetos
indicadores da qualidade ambiental (TEIXEIRA; COMERIO, 2017; COSTA et al.,
2016; WALKER et al., 2011).
O alto índice de pragas e doenças pode limitar o cultivo de tomateiro em
algumas épocas e regiões do país, devido à falta de controle eficaz e elevada
54

aplicação de agrotóxico, aumentando expressivamente o custo de produção


(LOPES; ÁVILA, 2005). As barreiras físicas podem ser utilizadas no manejo de
pragas da cultura do tomateiro, dentre essas podemos citar o cultivo protegido com
o uso de malhas que podem reduzir a infestação de insetos praga, além de reduzir
os riscos ambientais, como radiação e pluviosidade excessivas (FUFA et al., 2008).
Poucos estudos são realizados avaliando o efeito de ambientes protegido
cobertos com malhas na presença de insetos no tomateiro e a utilização de organza
para cobertura de tuneis baixo para o cultivo agrícola, este somente foi relatado na
cultura da couve folha, que apresentou resultado promissor (SEABRA et al., 2018).
Porém não há relatos para o cultivo do tomateiro, com isso, nesse estudo avaliamos
a proteção da malha de cobertura no cultivo do tomateiro rasteiro sobre mulching
plástico branco, podendo ser uma opção para o manejo de insetos pragas.
Contudo, há estudos relatando o efeito de malhas de sombreamento preta e
coloridas sobre insetos, i.e., estas provocam mudanças no espectro da radiação
transmitida e refletida, o que influenciam na desorientação e atração ou repelência
de insetos (SHAHAK et al., 2008).
Uma compreensão mais específica sobre o efeito de diferentes malhas de
cobertura na presença de insetos na cultura do tomateiro rasteiro é importante
entender a dinâmica populacional e vislumbrar a viabilidade técnica da aplicação
dessa tecnologia. Com isso, esse estudo teve como objetivo determinar os efeitos
do cultivo protegido e não protegido de tomateiro na população de insetos à nível de
ordens.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na estação de seca e com prevalência de altas


temperaturas, de junho a outubro de 2018, em Nova Mutum - MT, localizada nas
coordenadas: latitude sul 13º 05’ 04” e longitude oeste 56º 05’ 16”. O solo é
classificado como Latossolo vermelho amarelo distrófico, o clima é do tipo Aw,
tropical, segundo classificação climática de Köppen.
Para o plantio foi utilizado o híbrido de tomate italiano, de hábito determinado,
Lampião (Agristar) em sistema rasteiro, sobre mulching dupla face, branco/preto,
com a face branca exposta. As plantas foram espaçadas com 0,40 x 1,7m, com
densidade de 14.705 plantas por hectare.
55

Os tratamentos foram cultivo de tomateiro não protegido e protegido. Para os


ambientes protegidos foram utilizados túnel baixo, com dimensão de 1,3m de altura
e 8m de comprimento totalmente vedados com malha. Foram avaliados cinco
diferentes malhas, a agrotêxtil branco em polietileno com gramatura de 15 g/m², a
organza branca sem brilho (47 g/m²) e três malhas de sombreamento com cerca de
35% de bloqueio de luz, das cores vermelha (Chromatinet®), prata (tela
termorrefletora Aluminet®) e preta (Sombrite®) (Figura 1a e 1b).

Figura 1a e 1b. Vista parcial dos ambientes não protegido e protegidos com
diferentes malhas para o cultivo do tomateiro rasteiro.

A irrigação foi realizada via gotejamento e a adubação via fertirrigação


conforme a necessidade da cultura do tomateiro de mesa. Durante o período do
experimento foram realizados tratos culturais de manutenção por meio da aplicação
de produtos fitossanitários quando a infestação de pragas e a incidência de doenças
chegavam ao nível de controle em cada ambiente, conforme MIPD (manejo
integrado de pragas e doenças) para a cultura do tomateiro.
O monitoramento da presença de insetos foi utilizando armadilhas do tipo
Pitfall, constituídas por copos de acrílico rígido transparente, com capacidade de 350
mL e com diâmetro de 10 centímetros, os quais foram enterrados ao nível do solo
(Figura 2). Os copos continham uma solução de água com sal (5 %) e algumas
gotas de detergente neutro para quebrar a tensão superficial da água. Foram
instaladas duas armadilhas por ambiente, com quatro repetições, totalizando 48
armadilhas distribuídas na área do experimento.
56

A coleta dos insetos foi realizada nos diferentes estádios fenológicos do


tomateiro, sendo, fase vegetativa 27 a 41 dias após a semeadura (DAS), reprodutivo
46 a 60 DAS, enchimento de fruto 61 a 75 DAS e maturação 95 a 104 DAS. Em
cada estádio as armadilhas permaneceram 21 dias e eram trocadas no intervalo de
7 dias em cada ambiente de cultivo.
As coletas dos insetos foram realizados com auxílio de peneiras constituídas
com tecido voile, em seguida foram acondicionados em tubos plásticos,
devidamente etiquetados (data, ambiente de produção e repetição) e preenchidos
por álcool 70%. As amostras foram encaminhadas para o laboratório de entomologia
da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Tangará da Serra, para
triagem e a identificação a nível de ordens.

Figuras 2a e 2b. Armadilhas do tipo Pitfall instaladas em ambientes do tipo túnel


baixo com diferentes coberturas.

O número de indivíduos foi contabilizado dentro de cada ordem e calculadas


as frequências relativas (FR) para as ordens detectadas no levantamento dentro de
cada ambiente. Desta maneira utilizou-se a seguinte formula:

FR (%) = n/N x 100

Onde:
FR = Porcentagem de frequência;
n = Número de indivíduos da ordem;
N = Número total de indivíduos capturados.
57

Os insetos capturados foram organizados esquema fatorial 6 x 4, sendo seis


ambientes de produção e divididos por períodos condizentes com quatro estádios
fenológicos do tomateiro (vegetativo, reprodutivo, enchimento de fruto e maturação).
As médias obtidas foram submetidas à análise de variância, homogeneidade e
normalidade dos dados, quando significativo foram submetidos ao teste de Scott
Knott (p<0,05), utilizando o programa (software) SISVAR 5.3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na área total do cultivo do tomateiro (385,2 m 2) foram coletados 6.895 insetos


em 48 armadilhas, compondo 16 ordens: Hymenoptera, Coleoptera, Diptera,
Hemiptera (dividida em duas subordens (Heteroptera e Homoptera), Dermaptera,
Orthoptera, Thysanoptera, Lepidoptera, Diplopoda, Isopoda, Quilopoda, Isoptera,
Neoróptera, Odonata e Blattodea, além da classe Aracnídeo (Tabela 1).
As ordens Hymenoptera, Coleoptera e Diptera foram as mais representativas,
apresentando frequências relativas de 59,4%, 10,4% e 8%, respectivamente. O
predomínio dessas ordens supracitadas pode ser explicado pela grande quantidade
de espécies que as compõem, assim como por sua ampla distribuição geográfica
(GALLO et al., 2002).
Na área de cultivo não protegido, i.e., no campo aberto foi a que teve maior
número de indivíduos coletados (2.639), visto que esse ambiente não contava com
nenhum tipo barreira de proteção (Tabela 1). Já nas áreas de cultivo protegido
coberto com agrotêxtil e organza foi capturado o menor número de insetos, 646 e
665 indivíduos, respectivamente. A malha tipo agrotêxtil tem sido empregado no
cultivo de meloeiro e melancieira, visando proteção das plantas contra ataques de
insetos praga, visto que seu uso tem apresentado efetivos resultados na melhora da
qualidade e redução do uso de agroquímicos (MEDEIROS et al., 2008).
O ambiente protegido coberto com malha vermelha apresentou maior número
de ordens de insetos coletados (16), o que significa uma maior diversidade (Tabela
1). Os insetos podem ser atraídos por cores, que atuam como uma forma de
58

reconhecimento dos recursos, pois apresentam fibras fotorreceptoras longas que


são capazes de percebê-las (SKORUPSKI; CHITTKA, 2010; WANGA et al., 2013).
59

Tabela 1. Número de indivíduos (N° ind.) e frequência relativa (FR (%)) das ordens dos insetos coletados na cultura do tomate
rasteiro, em diferentes ambientes de cultivo.
Campo aberto Agrotêxtil Organza Preto Prata Vermelho Total
N° N° N° N° N° N° N°
ind. FR (%) ind. FR (%) ind. FR (%) ind. FR (%) ind. FR (%) ind. FR (%) ind. FR (%)
Hymenoptera 1912 72,5 274 42,4 340 51,1 570 55,4 544 61,1 455 44,4 4095 59,4
Coleoptera 214 8,1 93 14,4 86 12,9 120 11,7 91 10,2 110 10,7 714 10,4
Diptera 114 4,3 76 11,8 73 11,0 122 11,9 52 5,8 139 13,6 576 8,4
Hemiptera Heter. 111 4,2 32 5,0 33 5,0 54 5,2 47 5,3 78 7,6 355 5,1
Hemiptera Hom. 39 1,5 31 4,8 18 2,7 34 3,3 40 4,5 26 2,5 188 2,7
Aracnideo 99 3,8 69 10,7 41 6,2 49 4,8 43 4,8 54 5,3 355 5,1
Dermaptera 60 2,3 30 4,6 24 3,6 32 3,1 30 3,4 24 2,3 200 2,9
Orthoptera 25 0,9 21 3,3 18 2,7 16 1,6 12 1,3 57 5,6 149 2,2
Thysanoptera 22 0,8 3 0,5 7 1,1 6 0,6 7 0,8 34 3,3 79 1,1
Lepidoptera 22 0,8 7 1,1 13 2,0 9 0,9 6 0,7 19 1,9 76 1,1
Diplopoda 9 0,3 4 0,6 3 0,5 6 0,6 9 1,0 16 1,6 47 0,7
Isopoda 6 0,2 3 0,5 0 0,0 7 0,7 7 0,8 3 0,3 26 0,4
Quilopoda 3 0,1 3 0,5 3 0,5 3 0,3 3 0,3 3 0,3 18 0,3
Isoptera 0 0,0 0 0,0 6 0,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0 6 0,1
Neoróptera 3 0,1 0 0,0 0 0,0 1 0,1 0 0,0 1 0,1 5 0,1
Odonata 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 0,3 3 0,0
Blattodea 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 0,3 3 0,0
Total 2639 100 646 100 665 100 1029 100 891 100 1025 100 6895 100,0
60

O agrotêxtil é confeccionado a partir de longos filamentos de polipropileno que


são colocados em camadas e soldados, constituindo-se num material leve e de
resistência suficiente para sua utilização na agricultura (BARROS JUNIOR et al.,
2004). A organza é uma novidade no uso agrícola, é confeccionado em 100%
poliéster, possui textura fina, leve e transparente, e que recentemente começou a
ser experimentado como cobertura de plantas (SEABRA JÚNIOR, 2019). Ambos os
materiais acima citados contribuíram para a menor quantidade de insetos coletados
nesses ambientes, pois atuam como barreira física, devido à malha fechada. Além
disso, superfícies claras refletem luz, inibindo a infestação de insetos (SIMMONS et
al., 2010).
A ordem Hymenoptera que constitui uma das maiores ordens de Insecta, e
inclui as vespas, abelhas e formigas, foi a que apresentou maior número de insetos
para todos os ambientes cultivados com tomateiro (Tabela 1). No campo aberto
houve uma prevalência desses insetos, com 1912 indivíduos, representando 72,5%
da totalidade. Quando os solos são perturbados, ou não há um equilíbrio ecológico,
esse grupo é capaz de manifestar alterações em sua população que expressem tais
perturbações. Para Rovedder (2009) a sua presença pode estar relacionada à baixa
fertilidade natural do solo em estudo.
Os Hymenópteros são extremamente abundantes na natureza e ocupam
diversos tipos de ambientes (HANSON; GAULD, 2006), desempenham grande
variedade de funções ecológicas, podendo atuar como herbívoros, polinizadores,
predadores e parasitoides (LASALLE; GAULD, 1993; HANSON; GAULD, 2006). A
ordem Hymenoptera destaca-se pelos aspectos funcionais, com influência na
regulação do equilíbrio ecológico (ASSAD, 1997).
A ordem Coleóptera foi a segunda maior em quantidade de indivíduos
coletados no decorrer do presente trabalho (714 indivíduos), e com maior frequência
relativa no ambiente coberto com agrotêxtil representando 14,4% (Tabela 1). Os
insetos desta ordem apresentam diferentes funções ecológicas tanto em áreas de
floresta como agrícolas, pois se alimentam desde folhas, restos vegetais a até outros
artrópodes, assim seu hábito alimentar diversificado atribui condições de
sobrevivência em diferentes habitats (GULLAN; CRASTON, 2008). Os coleópteros
podem auxiliar no controle de pragas e plantas daninhas, entretanto algumas
61

espécies podem causar prejuízos em diversas culturas de importância agronômica


como o tomate, soja e milho (ADJEI et al., 2006; SILVA et al., 2010).
Os ambientes cobertos com malha vermelha e preta obtiveram maior número
de indivíduos coletados da ordem Díptera (139 e 122 indivíduos respectivamente) e
maior frequência relativa totalizando 139 e 122 indivíduos, respectivamente (Tabela
1). Essa ordem é de grande importância na restauração das áreas, desempenhando
papel importante na colonização de ambientes e na ciclagem de nutrientes através
suas larvas fitosaprófagas, micrófagas e micetófagas (CORREIA, 2002).
No tomateiro, os Dípteros podem comprometer a produção e a qualidade do
fruto, pois em sua maioria, os insetos integrantes dessa ordem são sugadores ou
minadores, afetando a capacidade fotossintética da planta pela sucção de seiva
(VILLAS BÔAS et al., 1997).
Os indivíduos coletados pertencentes à ordem Hemiptera também foi
bastante significativo, visto que a maior parte dos integrantes dessa ordem são
considerados pragas do tomateiro e, por isso, são atraídos em função da
disponibilidade de alimentos e local para a reprodução (GALLO et al., 2002). O
ambiente coberto com malha vermelha obteve maior frequência relativa de
indivíduos pertencentes às ordens Hemiptera Heteroptera e Hemiptera homoptera
(10,1%) (Tabela 1).
Nos tomateiros em campo aberto foram coletados maior número de indivíduos
pertencentes à classe dos Aracnídeos (99 indidíduos), mas no ambiente coberto
com agrotêxtil a frequência relativa desses artrópodes foi maior, representando 10,7
% de todos os artrópodes coletados nesse ambiente. As aranhas são agentes
eficazes no controle e atuam diretamente sobre os artrópodes-praga, alimentando-
se de parte ou de todo o corpo da presa (GAZZONI; YORINIORI, 1995).
A presença das demais ordens, mesmo em menores proporções também é
fundamental para o equilíbrio dos ambientes de produção, principalmente no fluxo
de energia das cadeias alimentares. Os Dermapteros são mundialmente conhecidos
por possuírem espécies predadoras de outros artrópodes, tendo grande importância
em programas de controle biológico de pragas em sistemas agrícolas (PASINI et al.,
2010; PASINI; PARRA; LOPES, 2007), configurando-se, portanto, em potenciais
agentes de controle biológico para a cultura de tomate. Insetos da ordem
62

Thysanoptera foram coletados em maior abundância no ambiente coberto com


malha vermelha (34 indivíduos) (Tabela 1), e requer a realização de estudos sobre
vários aspectos relacionados a esse grupo, visto que o mesmo compreende tanto
espécies considerados insetos-praga, quanto por inimigos naturais (predadores) (DE
BORTOLI et al., 2008; AZEVEDO; NASCIMENTO, 2009; GIUSTOLIN et al., 2009).
Os Lepidópteros, com maior número de indivíduos coletados no campo aberto
(22 indivíduos), são em sua maioria, considerados os principais insetos-praga para a
cultura do tomateiro. Nesse grupo podemos citar a traça-do-tomateiro (Tuta
absoluta) que pode causar prejuízos de até 100% de perda, se não forem tomadas
medidas adequadas de controle (GUEDES; PICANÇO, 2012). As larvas destes
insetos atacam plantas em qualquer estádio de desenvolvimento, fazendo galerias
(minas) nas folhas, ramos e principalmente nas gemas apicais, onde destroem
brotações, além dos frutos que são depreciados para comercialização (GALLO et al.,
2002). Este inseto tornou-se uma grande ameaça à produção mundial de tomate
desde que invadiu a Europa, África e a Ásia na última década (DESNEUX et al.,
2010; CAMPOS et al., 2017).
Integrantes dessa ordem também atacam diretamente os frutos do tomateiro,
e pelo fato das brocas (nome científico das duas) que se desenvolvem dentro dos
frutos, a detecção e controle torna-se muito difícil (MORAES; FOERSTER, 2015). A
baixa frequência relativa de Lepdópteros coletados neste estudo é devido ao tipo de
armadilha empregado. O ideal para captura de indivíduos dessa ordem são as
armadilhas luminosas e armadilhas com feromônios (GARLET, 2016; SPECHT et
al., 2005).
O campo aberto registrou as maiores médias de coleta de insetos em todos
os estádios de desenvolvimento do tomateiro (Tabela 2). Este resultado já era
esperado, visto que esse ambiente não conta com nenhuma proteção contra insetos.
Vários autores já relataram a maior incidência de insetos em campo aberto quando
comparado à ambientes cobertos com malhas coloridas (GOGO et al.,2014;
CAROLINE et al., 2017).
Os ambientes cobertos com agrotêxtil e organza não apresentaram diferença
estatística entre si durante o desenvolvimento do tomateiro (Tabela 2). Esses dois
ambientes obtiveram as menores médias de indivíduos coletados (98 e 79
63

indivíduos, respectivamente), principalmente durante o estádio de maturação dos


frutos, período com maior número de indivíduos coletados nos demais ambientes.
Essas coberturas possuem a malha fechada, fator esse que impede a entrada de
insetos. Na busca por alimentos, os insetos voadores fazem pousos de sondagem, e
quando a malha de cobertura dos ambientes protegidos é mais fechada, os mesmos
ficam algum tempo pousados e após se afastam, além disso, as superfícies lisas
induzem o voo de rejeição (KRING, 1972; DOËRING et al., 2004). Caroline et al.
(2016) sugerem que malhas de cobertura de cor clara (como as malhas organza e
agrotêxtil usadas no presente estudo) causam desorientação nos insetos, reduzindo
a incidência no interior dos ambientes.

Tabela 2. Número de indivíduos coletados em quatro estádios de desenvolvimento


do tomate rasteiro cultivado em seis ambientes (campo aberto (C. A.), agrotêxtil,
organza, preto, prata e vermelho).
Estádios da coleta
Ambientes Vegetativo Reprodutivo Frutificação Maturação
C. A. 80,3±15,3 aC 103,0±12,0 aC 143,3±21,2 aB 553,0±65,7 aA
Agrotêxtil 27,3±2,5 bB 35,0±2,9 bB 55,0±4,5 bB 98,0±13,4 eA
Organza 40,3±6,5 bB 55,3±10,2 bB 47,0±3,3 bB 79,0±4,1 eA
Preto 57,6±8,7 aB 56,0±7,1 bB 70,0±2,2 bB 159,3±11,9 cA
Prata 55,6±4,8 aB 54,3±5,9 bB 55,3±9,9 bB 131,6±13,3 dA
Vermelho 40,3±1,7 bB 53,3±8,7 bB 53,0±5,0 bB 195,0±29,1 bA
CV (%) 17,93
Médias seguidas de letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de
Scott Knott a 5% de probabilidade.

Durante o estádio vegetativo, os ambientes cobertos com malha agrotêxtil,


organza e vermelha foram mais eficientes na redução de insetos em seu interior
(Tabela 2). O ambiente coberto com malha prata também proporcionou proteção
contra a entrada de insetos. A difusão de luz proporcionada pela malha prata é um
fator de repelência de insetos, devido seu efeito reflexivo (POLYSACK, 2016).
Malhas coloridas filtram a radiação UV entre 280-400nm, interferindo na visão
dos insetos e consequentemente em seu comportamento relacionado ao movimento,
interfere ainda na capacidade de localização e em seus parâmetros populacionais
(DIAS; FERERES, 2007).
Durante o estádio de maturação dos frutos foi coletado o maior número de
indivíduos em todos os ambientes (Tabela 2). Este fato se deve à maior oferta de
alimento, pois neste período os tomateiros estão plenamente desenvolvidos e com
64

frutos maduros, que os tornam atrativos aos insetos. A área foliar e o microclima
favorável criado pela planta de tomateiro propiciam um ambiente ideal para a
infestação de insetos (NAIKA et al., 2006).
É interessante o emprego de malhas coloridas (azul, vermelha, preta e prata)
para cobertura de ambiente protegido, pois as mesmas possuem a capacidade de
filtrar a radiação UV entre 280-400nm, interferindo na visão dos insetos e
consequentemente em seu comportamento relacionado ao movimento, interfere
ainda na capacidade de localização e em seus parâmetros populacionais (DIAS;
FERERES, 2007).

CONCLUSÃO
A presença de 16 ordens de insetos e uma classe (Aracnideo) foi constatada
em associação com cultivo de tomate rasteiro, com total de 6.895 insetos coletados,
revelando uma ampla diversidade da entomofauna nesse agroecossistema.
O campo aberto apresentou o maior número de indivíduos coletados, com
72,5% representados pela ordem Hymenoptera.
Os ambientes protegidos foram mais eficientes para a redução do número de
insetos no cultivo do tomateiro quando comparados ao campo aberto, sendo que os
ambientes cobertos com organza e agrotêxtil apresentaram menor quantidade de
insetos com 665 e 646 indivíduos, respectivamente.
Dentre os estádios fenológicos do tomateiro, o período de maturação dos
frutos apresentou maior incidência de insetos.

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CULTIVO PROTEGIDO DE TOMATEIRO E SUA INFLUÊNCIA NO PERFIL


BIOQUÍMICO E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DOS FRUTOS

RESUMO

A alta temperatura e luminosidade são fatores que podem aumentar o estresse em


plantas de tomateiro, influenciando os atributos bioquímicos dos frutos, a utilização
de malhas de sombreamento são utilizadas para atenuar a radiação incidente e
consequentemente reduzir a temperatura ambiental. Assim, o objetivo desse
trabalho foi avaliar o efeito do cultivo protegido de tomateiro, sob tuneis cobertos
com malhas, no perfil bioquímico e capacidade antioxidante dos frutos. O
experimento foi realizado no período de altas temperaturas, na estação de seca em
Nova Mutum – MT. Foi cultivado o híbrido de tomate italiano de hábito determinado
Lampião (Agristar) em campo aberto e sob túneis baixos cobertos com agrotêxtil
branco em polietileno com gramatura de 15 g/m², organza branca sem brilho (47
g/m²) e malhas com 35% de sombreamento nas cores vermelha (Chromatinet®),
prata (tela termorrefletora Aluminet®) e preta (Sombrite®), no delineamento
experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições. O monitoramento
das temperaturas e luminosidade foi realizado durante todo o ciclo da cultura. Os
frutos foram colhidos quando completaram a maturação, e foram analisados os
teores das enzimas catalase, superóxido dismutase, peroxidase e polifenoloxidase,
além da atividade antioxidante e compostos fenólicos. Por cromatografia líquida
foram identificadas e quantificadas as aminas biogênicas, aminoácidos - triptofano e
5-hidroxytriptofano, e o conteúdo de ácido ascórbico. Os frutos produzidos sob
malha vermelha apresentaram os maiores níveis das enzimas catalase e superóxido
dismutase. Já os produzidos sob organza obtiveram maiores teores de peroxidase e
os em campo aberto apresentaram maiores níveis de polifenoloxidase, esses
ambientes proporcionaram maior estresse as plantas refletindo nos frutos. Os
tomates colhidos no campo aberto e no ambiente coberto com malha preta
apresentaram os maiores teores de antioxidantes, i.e., FRAP, DPPH e ABTS, e
também maiores níveis de fenóis e flavonoides totais. O teor de ácido ascórbico foi
maior somente em frutos cultivados sob campo aberto. O estresse causado pelo
excesso e déficit de luz no cultivo do tomateiro induziu o aumento dos teores de
70

antioxidantes. Os maiores teores do aminoácido triptofano foram encontrados em


tomates cultivados nos ambientes cobertos com malha prata e vermelha, e o maior
conteúdo do aminoácido 5-hidroxytriptofano foi obtido em tomates cultivados sob
organza. Os frutos que apresentaram maior teor de tiramina foram os cultivados sob
organza e malha preta. Já o campo aberto apresentou tomates com maiores teores
de serotonina, triptamina, cadaverina e espermina, os frutos produzidos sob o
ambiente coberto com agrotêxtil apresentaram maiores teores de putrescina e a
espermidina foi mais abundante nos frutos do ambiente coberto com malha
vermelha.

Palavras-chave: Solanum lycopersicum, aminas biogenicas, enzimas, ambiente


protegido, UHPLC.

ABSTRACT

The high temperature and brightness are factors that can increase the stress in
tomato plants, influencing the biochemical attributes of the fruits, the use of shading
meshes are used to attenuate the incident radiation and consequently reduce the
ambient temperature. Thus, the objective of this work was to evaluate the effect of
protected tomato cultivation, under tunnels covered with mesh, on the biochemical
profile and antioxidant capacity of the fruits. The experiment was carried out in the
period of high temperatures, in the dry season in Nova Mutum - MT. The Italian
tomato hybrid of determined habit Lampião (Agristar) was grown in an open field and
under low tunnels covered with white polyethylene agrotextile with a weight of 15 g /
m², dull white organza (47 g / m²) and meshes with 35% shading in the colors red
(Chromatinet®), silver (thermoreflective screen Aluminet®) and black (Sombrite®), in
the experimental design it was in randomized blocks with four repetitions. Monitoring
of temperatures and light was carried out throughout the crop cycle. The fruits were
harvested when they matured, and the levels of catalase, superoxide dismutase,
peroxidase and polyphenoloxidase were analyzed, in addition to antioxidant activity
and phenolic compounds. By liquid chromatography, biogenic amines, amino acids -
tryptophan and 5-hydroxytryptophan, and ascorbic acid content were identified and
quantified. The fruits produced under red mesh showed the highest levels of catalase
71

and superoxide dismutase enzymes. Those produced under organza had higher
levels of peroxidase and those in the open field had higher levels of
polyphenoloxidase, these environments provided greater stress to plants reflecting
on the fruits. Tomatoes harvested in the open field and in the environment covered
with black mesh showed the highest levels of antioxidants, i.e., FRAP, DPPH and
ABTS, and also the highest levels of total phenols and flavonoids. The ascorbic acid
content was higher only in fruits grown under open fields. The stress caused by the
excess and deficit of light in the tomato cultivation induced an increase in the levels
of antioxidants. The highest levels of the amino acid tryptophan were found in
tomatoes grown in environments covered with silver and red mesh, and the highest
content of the amino acid 5-hydroxytryptophan was obtained in tomatoes grown
under organza. The fruits with the highest tyramine content were those grown under
organza and black mesh. The open field, on the other hand, presented tomatoes with
higher levels of serotonin, tryptamine, cadaverine and spermine, fruits produced
under the environment covered with agrotextile showed higher levels of putrescine
and spermidine was more abundant in fruits from the environment covered with red
mesh.
Keywords: Solanum lycopersicum, biogenic amines, enzymes, protected
environment, UHPLC.

INTRODUÇÃO

O cultivo protegido é utilizado para proporcionar mudanças microclimáticas e


também como barreira física contra insetos e chuvas de granizo. Esses ambientes
podem ser cobertos por diferentes tipos de malhas de diversas cores, gramaturas e
porcentagem de bloqueio de luz, provocando redução ou aumento de temperaturas
dentro do ambiente de cultivo (SEABRA et al., 2019). As telas coloridas promovem
mudanças no espectro de luz solar, redução da intensidade luminosa, promovendo
as respostas fisiológicas nas plantas (SHAHAK et al., 2004).

As malhas provocam mudanças na dispersão da luz e na temperatura, o que


promove, consequentemente, alterações nas características bioquímicas
responsáveis pelo sabor dos frutos e de seus subprodutos (SANTIAGO et al., 2018).
Nas plantas sob estresse, seja por injúrias causadas por patógenos, hídrico, salino,
72

osmótico, temperatura, luminosidade e herbicidas, ocorre a formação de espécies


reativas de oxigênio (ERO).

Os processos metabólicos dependentes do oxigênio, como a respiração


aeróbica, fotossíntese e fotorrespiração, levam à produção de ERO em
mitocôndrias, cloroplastos e peroxissomos, respectivamente. Nessas organelas, as
cadeias transportadoras de elétrons (CTE) não são apenas a força motriz do
metabolismo celular, mas geradoras de sinais redox, que participam e regulam
processos biológicos das plantas (FOYER & NOCTOR, 2003).

Dentre os mecanismos antioxidantes enzimáticos podemos citar a catalase


(CAT) e a peroxidase (POD), os quais atuam mas células vegetais que sofreram
algum estresse causado por ferimentos ou ataque de patógeno (SILVA et al., 2007;
FERNÁNDEZ-GARCIÁ et al., 2004; NICHOLSON & HAMMERSCHMIDT, 1992). A
enzima polifenoloxidase (PPO) também está relacionada com o ataque de
patógenos (CAVALCANTI et al., 2005). O teor de CAT e SOD em plantas é
influenciado por condições de estresse ambiental, onde a manutenção dessas
enzimas em níveis elevados é essencial para a manutenção do equilíbrio entre a
formação e a remoção do H2O2 do ambiente intracelular (CAKMAK & HORST, 1991).

Como mecanismos de defesa dos vegetais também podemos citar os


antioxidantes não enzimáticos como por exemplo os compostos fenólicos e
flavonoides, que evitam a formação de radicais livres, prevenindo a ocorrência de
danos às células das plantas (SERKEDJIEVA, 2011, BARBOSA et al., 2014).

As poliaminas são moléculas essenciais para o crescimento e funções das


células normais, interagindo, no meio biológico, com muitas macromoléculas, tanto
eletrostaticamente quanto covalentemente. Como consequência dessas variadas
formas de interação, as poliaminas desencadeiam uma variedade de efeitos
celulares (LEITE, et al., 2012). Ainda de acordo com os autores, essas moléculas
apresentam importante papel no crescimento e proliferação celular e na síntese de
proteínas e ácidos nucléicos, além de atuar na reparação da matriz extracelular, na
adesão celular e em certos processos de sinalização.
73

Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do cultivo


protegido de tomateiro, sob tuneis cobertos com malhas, no perfil bioquímico e
capacidade antioxidante dos frutos.

MATERIAL E MÉTODOS

Área experimental
O experimento foi conduzido no município de Nova Mutum, Mato Grosso,
Brasil (latitude sul 13º 05’ 04” e longitude oeste 56º 05’ 16”), no período de junho a
outubro de 2018, na estação de seca, com prevalência de altas temperaturas. O solo
da área é classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico e, o clima é do
tipo Aw, tropical (Köppen).

Material vegetal, manejo e tratamentos


O cultivo do tomate italiano c.v. Lampião (Agristar) de hábito determinado foi
realizado em sistema rasteiro, sobre mulching e sob túnel baixo. Os ambientes
testados foram um cultivo não protegido (campo aberto) e quatro ambientes
protegidos tipo túnel baixo, cobertos com agrotêxtil branco em polietileno com
gramatura de 15 g/m², organza branca sem brilho (47 g/m²), malhas com 35% de
sombreamento nas cores vermelha (Chromatinet®), prata (tela termorrefletora
Aluminet®) e preta (Sombrite®).
Cada parcela possuía dez plantas das quais foram avaliadas as seis das
plantas centrais. Os tomates foram colhidos maturo (vermelho intenso) aos 104 dias
após a semeadura.

Monitoramento das variáveis ambientais


A luminosidade dos ambientes foi aferida com auxílio do luxímetro modelo
Testo 540, sendo o mesmo colocado sobre os canteiros para que captasse a luz
interna nos ambientes. Os valores de luminosidade são representados em Lux,
sendo que um Lux é igual a um lúmen por metro quadrado (GRANDJEAN, 1998). A
temperatura do ar foi avaliada com a utilização do termohigrômetro digital HM-02,
instalado na altura do dossel da planta.
74

As médias de luminosidade e temperaturas máximas, médias e mínimas entre


os ambientes variaram de 43,6 a 53,6°C, 30,2 a 36,0°C e 18,3 a 21,6°C,
respectivamente (Figura 1).
60.0 80000
53.6 52.6 51.9
47.5 70000
50.0
43.9 43.6

Luminosidade (LUX)
60000
Temperaturas (°C)

40.0 36.0
34.9 35.8 50000
30.6 32.7
30.2
30.0 40000
21.4 21.6 19.9
18.3 19.3 18.8 30000
20.0
20000
10.0
10000
0.0 0
C. A. Organza Agrotêxtil Prata Vermelho Preto
Ambientes

T° Máx. T° Média T° Mín. Luminosidade

Figura 1. Temperaturas máxima, média e mínima (°C) e luminosidade (LUX) em


seis ambientes de produção: Campo aberto, organza, agrotêxtil e malhas prata,
vermelha e preta.

Preparo das amostras


Os tomates foram higienizados com água de abastecimento, homogeneizados
por tratamento e submetidos a imersão em água clorada (100 mg L -1 de hipoclorito
de sódio durante 10 minutos), lavados novamente em água. Frutos comerciais que
apresentavam o ponto de colheita vermelho intenso foram selecionados por
tratamento (n= 10) e triturados em processador doméstico (Walita Philips 500 W, 50-
60 Hz). Em um primeiro momento, três subamostras frescas dos frutos foram
separadas, maceradas até formarem um pó fino e armazenadas a -20 °C para
análise da atividade enzimática. Em um segundo momento, outras três subamostras
foram liofilizadas (Lyophilizer Terroni Scientific, São Carlos, Brasil, modelo LD1500),
maceradas e armazenadas a -80 °C para as análises bioquímicas.

Avaliação da atividade enzimática


Catalase (CAT) - A atividade da CAT (EC 1.11.1.6) foi determinada por adaptação
do método de Kar & Mishra (1976), o ensaio foi composto de 150 μL de amostra
75

fresca de tomate, que foi extraída em tampão fosfato de potássio + EDTA + DTT +
PVPP 100 mmol L-1 (pH 7,5). Na reação, foi utilizado 1950 μL de tampão fosfato de
potássio 100 mmol L-1 (pH 7,5) como tampão de determinação e 750 μL solução de
peróxido de hidrogênio 50 mM como substrato enzimático. As leituras foram feitas a
240 nm. A atividade enzimática foi expressa em μmol H 2O2 min-1 mg -1 de proteína.

Superóxido dismutase (SOD) - A atividade da SOD (EC 1.15.1.1) (Beauchamp &


Fridovich, 1973) foi avaliada pela capacidade da enzima em inibir a fotorredução do
azul de nitrotetrazólio (NBT) em um meio de reação composto por metionina 5 mmol
L-1, EDTA 0,66 mmol L -1, NBT 33 µmol L-1 e riboflavina 0,00165 mmol L -1, em 3,0 mL
de fosfato de potássio 50 mM (pH 7,8). A produção de formazana azul, resultante da
fotorredução do NBT foi determinada pela absorção a 560 nm. Uma unidade de
SOD foi definida como a quantidade de enzima necessária para a inibição de 50%
da fotorredução do NBT. A atividade enzimática foi expressa em U g -1 de proteína.

Peroxidase (POD) - A atividade da POD (EC 1.11.1.7) foi estimada pelo método de
Lima et al. (1999). O ensaio foi realizado em 5,0 mL de tampão acetato de sódio 0,1
M (pH 5,0). O substrato utilizado foi composto por 0,5 mL de peróxido de hidrogênio
30% em tampão fosfato de potássio 0,2 M (pH 6,7) e 0,5 mL de solução de fenol e
aminoantipirina. A reação iniciou-se pela adição do extrato bruto e após cinco
minutos, foi adicionado 2 mL de álcool etílico absoluto. A atividade enzimática foi
realizada em 505 nm e expressa em µmol H2O2 decomposto min-1 mg-1 de proteína.

Polifenoloxidase (PPO) - A atividade da PPO (EC 1.14.18.1) também foi


determinada pelo método adaptado de Kar & Mishra (1976), mensurando a
conversão do catecol em quinona. O substrato utilizado foi composto por catecol 0,1
M em tampão acetato de sódio (pH 5,0). Para a reação, que ocorreu a 30 ºC por 30
minutos, foi utilizado 0,3 mL de extrato + 1,85 mL de catecol 0,1 M. As leituras foram
feitas após a adição de 0,8 mL de ácido perclórico, a 395 nm. A atividade enzimática
foi obtida em µmol de catecol oxidado min-1 µg-1 de proteína.

Análises bioquímicas
76

Extração e análise do conteúdo de Flavonoides Totais


O teor de flavonoides totais foi determinado através do método colorimétrico
de cloreto de alumínio, adaptado de Popova et al. (2004). Os extratos foram
preparados a partir de amostras liofilizadas dos tomates usando solução de
metanol:água (70:30 v/v), acidificado com ácido acético a 10%. Após 30 min em
banho ultrassônico, acrescentou-se 1 mL de AlCl 3 (5%). As amostras foram
centrifugadas em 6000 rpm por 10 min (5 °C) e a absorbância foi lida a 410 nm
utilizando um espectrofotômetro UV/VIS. O processo foi realizado na ausência de luz
e os resultados foram expressos em mg equivalentes de quercetina (EQ) por 100 g
de amostra seca.

Extração e análise do conteúdo de Fenóis totais


Os compostos fenólicos foram determinados usando o reativo de Folin-
Ciocalteu, como descrito em Singleton; Rossi, (1965), com algumas modificações.
Em resumo, para o preparo dos extratos das amostras foram adicionados 4 mL de
metanol:água (70:30 v/v) acidificado com ácido acético a 10% em amostras
liofilizadas dos tomates. Após 20 min em banho ultrassônico (Eco-sonics, Ultronique)
e centrifugação por 10 min a 6000 rpm na temperatura de 5 °C (HeitichZentrifugen,
MIKRO 220R), o sobrenadante foi removido e o procedimento foi repetido. A reação
foi realizada usando o reagente de Folin-Ciocalteu (1:4 v/v diluído com água
destilada) e carbonato de sódio a 4% e após 30 min no escuro, as absorbâncias
foram medidas a 760 nm (Pharmacia Biotech Ultrospec 2000). Os resultados foram
expressos em mg equivalente de ácido gálico (EAG) por 100 g de amostra seca.

Avaliação da capacidade antioxidante por FRAP, DPPH e ABTS

Preparo dos extratos - Em 0,1 g de tomates liofilizados foram adicionados 4 mL de


metanol:água (70:30 v/v) acidificado com ácido acético a 10%. A mistura foi
vortexada e em seguida permaneceram por 20 min em banho ultrassônico (Eco-
sonics, Ultronique). Após centrifugado, por 10 min a 6000 rpm na temperatura de 5
°C (HeitichZentrifugen, MIKRO 220R), o sobrenadante foi removido, o procedimento
foi repetido mais uma vez e os sobrenadantes agrupados.
77

FRAP (Ferric-reducing antioxidant power) - O ensaio do FRAP foi conduzido de


acordo com o método descrito por Benzie; Strain, (1999). O reagente de FRAP foi
preparado misturando 300 mM de tampão acetato (pH 3,6), 20 mM de cloreto férrico
e 10 mM de 2,4,6-tripiridil-s-triazina em 40 mM de HCl numa proporção de 10:1:1
(v/v/v). Os extratos metanólicos (30 µL) foram adicionados à 90 µL de água destilada
e, em seguida, 900 µL da solução do FRAP. As amostras permaneceram no escuro
por 90 min. A absorbância foi registrada a 595 nm em espectrofotômetro. Os
resultados foram calculados a partir de uma curva padrão de FeSO 4 7H2O e
expressos em millimoles de FeSO4 por kg de amostra seca (mM FeSO4 kg−1).

DPPH (2,2,-diphenyl-2-picryl-hydrazyl)
A solução do radical DPPH (2 x 10-4 g mL-1) foi misturada com 0,5 mL de
sobrenadante, 3,0 mL de metanol 70% acidificado com ácido acético a 10% e 0,3
mL da solução de DPPH. O branco foi preparado com 3,5 mL de metanol 70%
acidificado com ácido acético a 10% e 0,3 mL da solução de DPPH. Todas as
análises foram realizadas em triplicata. As leituras foram realizadas após 30 min no
escuro, a 517 nm e a absorbância foi convertida para a porcentagem de atividade
antioxidante. A equação utilizada foi: % DPPH reduzido = [(absorbância do branco -
absorbância da amostra) ÷ absorbância do branco] × 100. Os resultados foram
expressos em mg equivalente de Trolox (ET) por 100 g massa seca.

ABTS (2,2'-azino-bis(3-ethylbenzothiazoline-6-sulphonic acid)


A atividade sequestradora do radical ABTS foi determinada segundo
metodologia de Re et al. (1999). O radical ABTS foi preparado a 7 mM em água e
persulfato de potássio a 140 mM, armazenado no escuro à temperatura ambiente
por 16h antes do uso. A solução ABTS foi preparada adicionando 1 mL do radical
em 100 mL álcool etílico (1:100 v/v). A solução resultante foi ajustada para
absorbância de 0,700 ± 0,050 nm. No extrato (0,03 mL) foram adicionados a 3 mL
da solução ABTS (n=3). As amostras foram homogeneizadas e permaneceram no
escuro por 6 minutos, em seguida lidas a 734 nm. Uma curva padrão de Trolox foi
78

utilizada e os resultados foram expressos em mmol de equivalente de Trolox por 100


g de amostra seca.

Avaliação de ácido ascórbico por HPLC


Para determinação do ácido ascórbico por HPLC foi pesado 100 mg de
tomate fresco macerado, acrescentando 2 mL da solução extratora ácido acético
0,2%. A mistura foi vortexada por 2 minutos, em seguida os tubos foram colocados
em centrífuga refrigerada à 4°C por 15 minutos a 3200 rpm, e o sobrenadante foi
retirado. Esse processo foi repetido duas vezes, os extratos foram agrupados,
totalizando 5 mL. A separação cromatográfica por CLAE do ácido ascórbico (AA) foi
realizada através de um sistema DionexUltimate 3000 Thermo Scientic (Thermo
Fisher Scientific Inf.; MA, EUA), acoplado a uma bomba quaternária, um amostrador
automático (3000RS) e um detector de arranjo de diodos (DAD-3000RS), coluna
C18 (4,6 mm × 250 mm, tamanho de partícula 5 µm), com temperatura de 25°C. O
ácido acético 2% foi utilizado como fase móvel, em fluxo isocrático de 0,5 mL min -1.
Vinte microlitros de amostra foram injetados e a detecção foi ajustada a 248 nm para
o AA. Os resultados foram expressos em mg 100 g-1 de amostra fresca.

Avaliação das aminas biogênicas por HPLC


As aminas biogênicas em tomates foram extraídas de acordo com o método
proposto por Dadáková; Pelikánová; Kalač (2009), previamente otimizado. As
amostras liofilizadas foram homogeneizadas em 3 mL de ácido perclórico 5%
(HCLO4), permaneceram em banho ultrassônico (gelado) por 30 min e foram
centrifugadas a 6000 rpm por 10 min (5 °C). Do sobrenadante, uma alíquota de 200
µL foi retirada, nela foi adicionado 400 µL da solução de cloreto de dansila (2,5
mg/mL em acetona) e 200 µL da solução de carbonato de sódio saturado. Em
seguida as amostras foram vortexadas, permaneceram uma hora no escuro a 60 °C
e 200 µL de prolina (0,1 mg/mL em água ultrapura) foram adicionados. A mistura foi
mantida por mais uma hora no escuro, à temperatura ambiente e, logo após, o
tolueno (1000 µL) foi adicionado. As amostras foram agitadas por um minuto e os
sobrenadantes retirados foram secos em fluxo de nitrogênio gasoso. O conteúdo
seco remanescente foi dissolvido em 1000 µL de acetonitrila (grau HPLC), após
79

homogeneização, as amostras foram colocadas em banho ultrassônico por um


minuto, centrifugadas por 5 min a 4000 rpm (4 °C). Vinte microlitros de amostra
foram injetados via CLAE, para separação cromatográfica das aminas biogênicas e
dos aminoácidos (triptofano e 5-hidroxitriptofano). Os dados cromatográficos foram
coletados e processados usando o software Chromeleon Dionex. O método analítico
de separação envolveu uma coluna C18 (4,6 mm × 250 mm, tamanho de partícula 5
µm), com temperatura de 25 °C, a detecção foi ajustada a 225 nm e o pico de
integração e calibração foi realizado entre 225 e 300 nm. A identificação das aminas
biogênicas foi baseada em seus tempos de retenção, comparadas aos padrões de
cada composto.

Análise dos dados


Todas as variáveis foram dispostas em delineamento experimental
inteiramente casualizado, com quatro repetições. As médias obtidas foram
submetidas à análise de variância, homogeneidade e normalidade dos dados,
quando significativo foram submetidos ao teste de Scott Knott (p<0,05), utilizando o
software SISVAR 5.3. A análise de componentes principais (PCA) dos dados foi
realizada utilizando o software XLSTAT- versão 2019.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para relacionar os teores de enzimas dos tomates com os diferentes


ambientes de produção optou-se pela utilização da análise de componentes
principais (ACP) para melhor visualização dos resultados. Em seu conjunto CP1 e
CP2 explicam 87,14% dos dados (Figura 2). O eixo CP1 representa 60,79% da
variância total, sendo mais representativos o campo aberto (C.A.) e o ambiente
coberto com organza (Org.) para os teores de peroxidase (POD) e polifenoloxidase
(PPO), e o ambiente coberto com malha vermelha (Verm.) foi o mais representativo
para os teores de catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD). Todas as enzimas
analisadas foram agrupadas no eixo CP1, sendo assim os ambientes cobertos com
agrotêxtil (Agro.) e malhas prata (Prat.) e preta (Pret.) foram pouco representativos
para os teores de enzimas nos tomates.
80

CP1 e CP2: 87,14 %


4

2
CP2 (26,35 %)

C. A. Org.
1

Pret.
Agro.

-1

Verm.
Prat.
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4

CP1 (60,79 %)

Figura 1. Projeção bi-dimencional e escores das enzimas catalase (CAT),


superóxido dismutase (SOD), peroxidase (POD) e polifenoloxidase (PPO) em
tomates produzidos em diferentes ambientes de cultivo. Os tratamentos são
representados pelos pontos, onde Verm. = Ambiente coberto com malha vermelha;
Pret. = ambiente coberto com malha preta; Prat. = ambiente coberto com malha
prata; Org. = ambiente coberto com organza; Agro. = ambiente coberto com
agrotêxtil e C.A. = campo aberto.

As condições impostas às plantas como alta luminosidade e extremos de


temperatura (acima de 34° C) induzem a síntese de espécies reativas de oxigênio
(ERO), formadas durante funções metabólicas normais e causam danos oxidativos
em proteínas, lipídios e ácidos nucleicos (FOYER; NOCTOR, 2003; D´AUTRÉAUX;
TOLEDANO, 2007; BARBOSA et al., 2014).
81

Os tomates colhidos no ambiente coberto com malha vermelha apresentaram


maiores teores das enzimas catalase (2,4E-08 µmol H2O2 min-1 g ptn-1) e superóxido
dismutase (0,034 U SOD mg-1 g MS-1) (Tabela 1).
Em condições de estresse ambiental, a capacidade de manutenção em níveis
elevados da atividade da CAT e SOD é essencial para a o equilíbrio entre a
formação e a remoção do H 2O2 do ambiente intracelular (CAKMAK & HORST, 1991).
A combinação de altas temperaturas (47,5°C) e tipo de luz incidente no interior do
ambiente coberto pela malha vermelha (luminosidade = 42272 Lux) pode ter
desencadeado um fator de estresse no tomateiro, o qual respondeu com maiores
teores de CAT e SOD nos frutos.

Tabela 1. Teores de enzimas catalase (CAT) em µmol H 2O2 min-1 g ptn-1, superóxido
dismutase (SOD) em U SOD mg -1 g MS-1, peroxidase (POD) em µmol H 2O2
decomposto.min-1. g MS-1 e polifenoloxidase (PPO) em µmol catecol
transformado.min-1 g MS-1 de tomates cultivados em diferentes ambientes
protegidos.
Ambientes CAT SOD POD PPO
C. A 8,9 ±3,9E-10 b
E-09
0,014±0,002 b 0,042±0,002 c 373,6±29,9 a
Organza 7,5E-09±3,5E-10 c 0,015±0,002 c 0,072±0,004 a 268,1±26,2 b
Agrotêxtil 5,2E-09±2,6E-10 d 0,008±0,001 b 0,035±0,002 d 255,5±15,8 b
Prata 4,5E-09±2,3E-10 d 0,010±0,001 c 0,023±0,003 e 94,8±15,2 c
Vermelho 2,4E-08±1,6E-09 a 0,034±0,002 a 0,056±0,001 b 249,4±12,7 b
Preto 4,1E-09±2,1E-10 d 0,008±0,002 c 0,046±0,002 c 224,8±17,5 b
CV (%) 7,73 12,14 5,79 8,42
Médias seguidas de mesma letra não se diferem pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade.

O ambiente coberto com organza apresentou temperatura máxima de 52,6°C


(Figura 1), uma das maiores obtidas durante o cultivo do tomateiro e
consequentemente os frutos apresentaram maior teor de peroxidase (0,072 µmol
H2O2 decomposto.min-1) (POD) (Tabela 1). Algumas PODs são constitutivamente
expressas, enquanto outras são induzidas por estresses ambientais, como
constatado em estudos em que baixas atividades mostram sintomas de estresse
menos severos e as altas, sintomas mais graves (LOCATO et al., 2010).
Os teores de polifenoloxidase (PPO) obtidos nos tomates produzidos no
cultivo não protegido (campo aberto) foram 41,5% maiores que a média dos demais
ambientes (Tabela 1). A maior concentração de PPO nos frutos colhidos neste
82

ambiente, pode ser justificada pela maior susceptibilidade ao ataque de insetos e


patógenos, pois a enzima PPO é encontrada em maior concentração nos tecidos
lesionados por agentes biológicos, sendo importante nos mecanismos de defesa
(CAMPOS et al., 2003; THIPYAPONG et al., 2004).
O ambiente coberto com malha prata apresentou tomates com menor
atividade enzimática (Tabela 1), i.e., resultou no menor estresse durante o cultivo do
tomateiro. A malha prata é eficiente para reduzir as temperaturas no interior do
ambiente, pois reduzem a entrada de radiação infravermelha no ambiente e
transmitem luz difusa, o que aumenta a captação de luz pelas plantas ocasionando
ganho fotossintético (RAMPAZO et al., 2014). Além disso, esse tipo de cobertura
diminui o ataque de insetos praga, pois possui propriedades reflexivas, causando
repelência e desorientação (SIMMONS et al., 2010).
Com relação a atividade antioxidante (FRAP, ABTS e DPPH) e teores de
fenóis e flavonoides totais em tomate, foi realizada a análise de componentes
principais (ACP) como modelo descritivo de agrupamento de dados. Os eixos CP1 e
CP2 explicam 95,75% da variância do conjunto de dados (Figura 3). O eixo CP1
representa 82,85% da variância dos resultados, e nele foram agrupados todos os
antioxidantes avaliados (CP1+). O campo aberto (C.A.) e o ambiente coberto com
malha preta (Pret.) presentes na CP1+, foram os que apresentaram frutos com maior
acúmulo dos compostos avaliados, com destaque para os fenóis totais e
flavonoides. Os demais ambientes de cultivo, foram agrupados nos eixos CP1 e CP2
- (Org. e Verm.) e CP2+ (Agro. e Prat.), sendo estes ambientes os menos
representativos para os teores de antioxidantes em tomates.
83

CP1 e CP2: 95,75%


5

2
CP2 (12,90%)

Agro.
1
Pret.

Prat.
0
C. A.

-1 Org.
Verm.

-2

-3
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

CP1 (82,85%)

Figura 3. Projeção bi-dimencional e escores da atividade antioxidante por FRAP,


DPPH e ABTS, e dos teores de fenóis totais e flavonoides em tomates produzidos
em diferentes ambientes. Os tratamentos são representados pelos pontos, onde
Verm. = Ambiente coberto com malha vermelha; Pret. = ambiente coberto com
malha preta; Prat. = ambiente coberto com malha prata; Org. = ambiente coberto
com organza; Agro. = ambiente coberto com agrotêxtil e C.A. = campo aberto.

De maneira geral, a capacidade antioxidante por FRAP foi maior nos frutos
colhidos no campo aberto e no ambiente coberto com malha preta (60,6 e 59,8 mmol
Fe2+ kg-1, respectivamente) (Tabela 2). Pelo método de determinação DPPH, frutos
obtidos no campo aberto, também obtiveram maior capacidade antioxidante (39,0
%), seguido do ambiente coberto com malha preta (36,5 %).
84

Os frutos produzidos em ambiente coberto por malha preta apresentaram


maior atividade antioxidante por ABTS (256521 mmol.100 g TEAC).
Estudos relatam que o excesso de luminosidade e temperaturas elevadas
favorecem o acúmulo de radicais livres (GILL & TUTEJA, 2010; WITUSZVNSKA &
KARPINSKI, 2013), dessa forma o maior conteúdo de antioxidantes tem função de
defesa nos tecidos vegetais quando a planta é submetida a fatores de estresse (DEL
RIO et al., 2006; NAVROT et al., 2007). Entretanto, ambientes com luminosidade
menor que a requerida pela planta induzem situações de estresse, os quais
provocam estiolamento dos entrenós, menor frutificação e baixa concentração de
fotoassimilados (RAJAPAKSE; SHAHAK, 2007).
As plantas do campo aberto ficaram expostas a maior luminosidade e
temperaturas mais altas quando comparadas aos demais ambientes, em
contrapartida, no ambiente coberto com malha preta a baixa intensidade luminosa
(Figura 1), pode ter contribuído para uma situação de estresse nas plantas e
consequente acúmulo de antioxidantes.
A temperatura máxima registrada nos ambientes cobertos com organza
(52,6°C) e agrotêxtil (51,9°C) foram próximas a do campo aberto (53,6°C), mas o
bloqueio parcial da luminosidade ocasionado por essas coberturas foram eficientes
para diminuir o nível de estresse nas plantas, reduzindo a fotoinibição, conforme
afirmam Wituszvnska e Karpinski (2013) a luminosidade é um dos principais fonte de
estresse nos vegetais.
85

Tabela 2. Teores de poder antioxidante em redução férrica hidrossolúvel (FRAP)


(mmol Fe2+ kg-1), antioxidantes (DPPH) (%), atividade antioxidante total (ABTS)
(mmol.100 g TEAC), fenóis totais (F.T.) (mg/100 g GAE em peso seco), flavonóides
(FLAV.) (mg EQ 100g-1 em peso seco) de tomates cultivados em seis ambientes:
Campo aberto (C.A.), organza, agrotêxtil, prata, vermelho e preto.
Ambientes FRAP DPPH ABTS F.T. FLAV.
C. A 60,6±1,86 a 39,0±1,18 a 201332,8±16506,5 b 1050,9±18,72 b 53,8±0,24 a
Organza 50,5±0,37 c 31,9±1,37 c 141735,1±6831,5 d 776,5±5,10 c 28,5±0,07 d
Agrotêxtil 25,5±0,06 e 22,7±0,81 e 160000,3±7711,4 c 695,9±9,09 d 18,0±0,13 e
Prata 46,4±1,02 d 25,2±0,56 d 165394,0±16832,7 c 782,7±10,53 c 38,4±0,22 c
Vermelho 52,0±0,67 b 31,5±0,70 c 136293,3±9456,9 d 762,9±14,65 c 41,0±0,07 b
Preto 59,8±0,88 a 36,5±0,82 b 256521,5±7226,0 a 1068,1±0,25 a 55,4±2,52 a
CV (%) 2,02 3,07 6,54 1,34 2,66
Médias seguidas de mesma letra não se diferem pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.

Roubelakis-Angelakis e Kliewer (1986) observaram aumento do conteúdo de


compostos fenólicos em uvas quando as plantas foram cultivadas a pleno sol. Esse
aumento também ocorreu quando foi analisado o conteúdo de compostos fenólicos
em frutos de kiwi e maçã, expostos ao sol durante o seu crescimento, em relação
àqueles expostos à alguma sombra (FENG et al., 2013; MONTANARO et al., 2007).
Estas observações corroboram com as expectativas geradas e confirmadas neste
trabalho.
Os tomates colhidos no campo aberto apresentaram concentrações de ácido
ascórbico 47,18% maior que os teores encontrados em tomates do ambiente coberto
com malha prata, que registrou o menor teor desse antioxidante (Figura 2). O ácido
ascórbico é um importante antioxidante encontrado em tomates, e os fatores
ambientais como luminosidade e temperatura podem afetar os teores desse
antioxidante (RAFFO et al., 2006).
86

90
80.13 a
80
Ácido ascórbico (mg/100g)

70
62.02 c 63.62 b
60.67 d
60

50
44.38 e
42.32 f
40

30
C. A Organza Agrotêxtil Prata Vermelho Preto
Ambientes

Figura 2. Teores de ácido ascórbico em mg 100g -1 de massa seca de frutos de


tomateiro colhidos em seis ambientes de produção: Campo aberto, organza,
agrotêxtil e malhas prata, vermelha e preta.

Esses resultados vão de encontro à vários autores que afirmam que tomates
cultivados em ambientes com maior luminosidade apresentam maior acúmulo de
ácido ascórbico quando comparado a plantas que ficaram sob algum tipo de
sombreamento (RAFFO et al., 2006; DUMAS et al., 2003; LEE e KADER, 2000).
O teor de ácido ascórbico dos tomates é muito importante do ponto de vista
agronômico, pois essa molécula, que é um antioxidante predominante, pode
contribuir para a tolerância ao estresse biótico e abiótico nas culturas (DAVEY et
al. 2000 ; MUCKENSCHNABEL et al. 2002 ; KUZNIAK; SKLODOWSKA 2005). Em
condições de estresse no meio celular, há maior atividade do ciclo ascorbato-
glutationa, consequentemente, maior síntese de ácido ascórbico (HUNG et al.,
2007).
Outros compostos importantes encontrados em hortaliças são as aminas
biogênicas. Estas moléculas podem se ligar ao DNA e RNA, conferindo a eles a
capacidade de proliferação celular e estabilizar membranas (GOMEZ-GOMEZ,
2018), além de desempenhar função antioxidante (VRIEND, et al., 2015).
A análise de componentes principais foi usada para avaliar a distribuição das
aminas biogênicas nos tomates produzidos em diferentes ambientes, onde CP1 e
CP2 explicam 63,23% da variância dos dados (Figura 4).
87

CP1 e CP2: (63,23 %)

tryptophan
3

Verm. cadaverine
2 Prat.
CP2 (28,95 %)

1
spermine tryptamine
C. A.
Pret.
0
spermidine
serotonin
-1

Org.
-2
putrescine
tyramine
Agro.
5-hidroxy
-3
-2 -1 0 1 2 3 4 5

CP1 (34,28 %)

Figura 4. Projeção bi-dimencional e escores dos aminoácidos triptofano e 5-


hidroxitriptofano, e das aminas biogênicas (seratonina, triptamina, tiramina,
putrescina, cadaverina, espermina e espermidina) em tomates produzidos em seis
ambientes: Campo aberto, organza, agrotêxtil e malhas prata, vermelha e preta. Os
tratamentos são representados pelos pontos, onde Verm. = Ambiente coberto com
malha vermelha; Pret. = ambiente coberto com malha preta; Prat. = ambiente
coberto com malha prata; Org. = ambiente coberto com organza; Agro. = ambiente
coberto com agrotêxtil e C.A. = campo aberto.

A cadaverina, triptamina, espermidina, serotonina e o aminoácido 5-


hidroxitriptofano foram separados dos demais compostos analisados, encontrados
na CP1+, neste mesmo eixo, os tomates produzidos nos ambientes de cultivo a
campo aberto (C.A) e no ambiente coberto com malha preta (Pret.) foram
agrupados. Os frutos produzidos nas malhas vermelha, prata, organza e agrotextil,
88

foram agrupados na CP1-. A CP2 (28,95%) agrupou os tomates produzidos sob


Organza (Org.) e Agrotextil (Agro.) em função do conteúdo de putrescina, tiramina,
5-hidroxitriptofano e serotonina (CP2-). O triptofano e a espermina podem ser
observados no quadrante CP2+ e CP1-, e neste mesmo quadrante os frutos
produzidos sob malhas de sombreamento prata (Prat.) e vermelha (Verm.) foram
agrupados.
A concentração de triptofano nos frutos variou entre 357,1 a 977,7 ug/g m.s.
nos ambientes de cultivo. Quando utilizamos malha prata e vermelha, os frutos
obtiveram maior concentração deste aminoácido (977,7 e 957,6 ug/g,
respectivamente), comparados aos demais ambientes de cultivo. A organza se
destacou com frutos com maior concentração de 5-hidroxitriptofano (127,7 ug/g)
(Tabela 3).
Nos vegetais, o triptofano está relacionado ao crescimento, devido à formação
de auxina, e também devido à formação de substâncias de defesa, como
glicosinolatos e alcaloides (PALEGO et al, 2016; NORMANLY, 2010). O triptofano é
um aminoácido essencial para o ser humano, onde é convertido em moléculas
sinalizadoras de processos neuroimunológicos (STRASSER et al, 2016).
A síntese e turnover da serotonina no cérebro depende da ingestão de
triptofano e 5-hidroxitriptofano, pois esse neurotransmissor não atravessa a barreira
hematoencefálica (PALEGO et al., 2016). Assim, alimentos que contêm níveis mais
altos desses aminoácidos podem ajudar a equilibrar os níveis de serotonina
(DIAMANTE et. al., 2019).

Tabela 3. Triptofano e 5-hidroxitriptofano (µg/g m.s.) em tomates cultivados em seis


ambientes: Campo aberto (C. A.), organza, agrotêxtil, prata, vermelho e preto.
Aminoácidos
Ambientes Triptofano 5-hidroxitriptofano
C. A. 637,6±11,06 c 110,3±4,93 b
Organza 671,8±0,90 c 127,7±4,63 a
Agrotêxtil 357,1±17,07 d 104,4±1,86 c
Prata 977,7±1,29 a 84,7±0,93 e
Vermelho 957,6±63,49 a 78,7±2,70 f
Preto 793,1±0,41 b 99,4±0,19 d
CV (%) 3,72 3,07
Médias seguidas de mesma letra não se diferem pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade.
89

Nas plantas, preferencialmente, a serotonina ocorre através da biossíntese da


triptamina, onde o triptofano é inicialmente convertido em triptamina pela ação do
triptofano descarboxilase (EC 4.1.1.28) e é então convertida em serotonina pela
ação da triptamina 5-hidroxilase (PARK et al., 2012; KANG et al, 2007).
Os tomates oriundos do campo aberto apresentaram maior concentração de
serotonina e triptamina, 0,59 e 0,20 µg/g m.s., respectivamente (Tabela 4). Os
valores obtidos de serotonina nestes tomates foram 98,3% maior do que nos frutos
produzidos sob malha prata.
A serotonina é uma monoamina amplamente distribuída no reino vegetal, e é
considerada um poderoso antioxidante (PELAGIO-FLORES et al. 2011), além de ser
um marcador bioquímico em algumas etapas de desenvolvimento da planta
(ERLAND et al., 2016). Esta monoamina também desempenha importante defesa
vegetal contra o ataque de patógenos (DOROKHOV et al., 2012), na qual envolve
vários processos, incluindo morte celular programada, eliminação de radicais livres,
dissuasão de esporulação e atividade antifúngica (MUR et al., 2008; FUJIWARA et
al., 2010; YANG et al., 2015;).
90

Tabela 4. Conteúdo de aminas biogênicas e poliaminas (µg/g m.s.) de tomates cultivados em seis ambientes: Campo aberto
(C.A.), organza, agrotêxtil, prata, vermelho e preto.

Monoaminas Diaminas Poliaminas


Ambientes Tiramina Serotonina Triptamina Cadaverina Putrescina Espermidina Espermina
C. A 2,96±0,35 c 0,59±0,011 a 0,20±0,002 a 2,82±0,006 a 4,74±0,21 d 2,41±0,38 a 1,15±0,001 d
Organza 3,96±0,02 a 0,08±0,005 c 0,15±0,001 d 1,74±0,01 c 4,86±0,04 d 0,64±0,004 b 3,14±0,02 b
Agrotêxtil 3,18±0,14 b 0,15±0,019 b 0,12±0,002 e 1,84±0,11 c 7,45±0,35 a 0,56±0,02 b 1,18±0,03 d
Prata 2,74±0,009 c 0,01±0,0007 e 0,11±0,001 f 2,38±0,01 b 4,57±0,006 d 0,46±0,004 b 1,32±0,006 d
Vermelho 2,87±0,23 c 0,03±0,005 d 0,18±0,007 c 2,34±0,16 b 5,46±0,30 c 0,40±0,02 b 3,85±0,25 a
Preto 3,74±0,01 a 0,04±0,0006 d 0,19±0,003 b 2,80±0,02 a 6,12±0,001 b 0,60±0,005 b 1,49±0,006 c
CV (%) 5,71 5,74 2,83 3,80 3,85 18,45 5,19
Médias seguidas de mesma letra não se diferem pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.
91

Os ambientes cobertos com organza e malha preta apresentaram frutos com


maiores teores de tiramina (3,96 e 3,74 µg/g m.s., respectivamente). Essa amaina
está envolvida em processos de intoxicação alimentar em humanos, podendo causar
dores de cabeça e enxaqueca (EFSA, 2011; GLÓRIA, 2005). No entanto, os valores
encontrados nesse estudo são inferiores aos limites máximos de ingestão citados
como tóxicos para humanos (10 a 80 mg de tiramina 100 g -1 de alimento ingerido)
(CHANG et al., 1985; HALÁSZ et al., 1994).
Os tomates colhidos no campo aberto e no ambiente coberto com malha preta
apresentaram maior teor de cadaverina, 2,82 e 2,80 µg/g m.s., respectivamente. O
ambiente coberto com agrotêxtil obteve frutos com maior teor de putrescina (7,45
µg/g m.s.) (Tabela 4). A cadaverina está envolvida com diversos processos celulares
críticos para os organismos vivos, participando do crescimento e desenvolvimento
de plantas, atuando na sinalização celular, na resposta ao estresse e na defesa
contra insetos (JANCEWICZ et al., 2016). Tem sido relatado que fatores ambientais
proporcionam alterações na concentração de cadaverina em plantas, que pode
induzir alterações morfológicas em várias espécies (STROHM, et al, 2015; LIU et al.,
2014; CAMPESTRE et al., 2011).
A putrescina está presente em baixas concentrações em frutas e hortaliças
por ser precursora obrigatória das poliaminas. Por outro lado, os teores de
putrescina podem aumentar, sendo o acúmulo desta amina uma resposta a vários
estresses que a planta pode sofrer (GLÓRIA, 2005). Slocum e Flores (1990) citam a
acumulação de poliaminas, em especial a putrescina, como resultado de estresse
ambiental (O3, temperatura elevada, excesso de luminosidade).
Os tomates colhidos do campo aberto apresentaram maiores teores de
esperdimina (2,41 µg/g m.s.), enquanto que o ambiente coberto com malha
vermelha apresentou tomates com maiores teores de espermina (1,49 µg/g m.s.)
(Tabela 4). As poliaminas espermidina e espermina são amplamente distribuídas na
natureza, estão presentes em elevadas concentrações nas células, onde
desempenham importantes funções nos processos de crescimento, renovação e
metabolismo celular (GLÓRIA, 2005; BARDÓCZ, 1995). Nos vegetais além das
funções acima citadas, as poliaminas participam da floração e desenvolvimento do
fruto, da resposta ao estresse e inibem a produção de etileno e a senescência
(SIMON-SARKADI et al., 1994; FLORES et al., 1989).
92

CONCLUSÃO

Os frutos produzidos no ambiente não protegido, i.e., campo aberto foram


submetidos a maiores condições de estresse devido as altas temperaturas e
luminosidade (fotoinibição), obtiveram maior teor de ácido ascórbico, antioxidantes
por FRAP e DPPH, e flavonoides totais. Além de apresentar maior atividade
enzimática pela PPO e maiores teores de serotonina, triptamina, cadaverina e
espermidina.
Nos frutos produzidos sob cultivo protegido os teores da atividade
antioxidante e enzimática, compostos fenólicos e flavonoides totais, e ácido
ascorbico e teor de aminas biogênicas e aminoácidos variaram conforme o tipo de
malha utilizado.
Os frutos de tomate produzidos sob malha preta, cujo sombreamento das
plantas é maior, podendo causar estresse apresentou maiores teores de
antioxidantes por FRAP e ABTS, e também maiores níveis de fenóis e flavonoides
totais, tiramina e cadaverina.
Os frutos produzidos sob malha vermelha apresentaram os maiores níveis
das enzimas catalase e superóxido dismutase, além do aminoácido triptofano e o
ambiente organza apresentou frutos com maior atividade da enzima peroxidase e
maior teor de tiramina e aminoácido 5-hidroxitriptofano.
Dentre os ambientes estudados os tuneis cobertos com malha prata foram os
que apresentaram frutos com menores atividades enzimáticas, antioxidantes,
aminas biogênicas e ácido ascórbico, entretanto o conteúdo de aminoácido
triptofano foi o maior.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tomateiro (Solanum lycopersicum L.) é a hortaliça mais importante no


mundo, e possui grande importância nutricional. O consumidor exige frutos com
melhor aspecto visual, coloração vermelho homogêneo, alta qualidade
organoléptica, sem danos externos e livres de contaminação por agrotóxicos.
Visando suprir essa demanda, busca-se a aplicação de tecnologias que
potencializem a produtividade, reduzindo a aplicação de agrotóxicos e que
maximizem os componentes nutricionais do tomateiro.

O ambiente protegido proporciona mudanças na dispersão da luz e na


temperatura, o que promove, consequentemente, mudanças nas características
bioquímicas, responsáveis pelo sabor dos frutos e de seus subprodutos, além de
agir como barreira física contra a infestação de insetos-praga, tornando-se assim
uma alternativa para a redução do uso de inseticidas na produção de tomate para
mesa.

Dentre os principais resultados, podemos destacar a utilização ambientes


protegidos cobertos com malhas organza e agrotêxtil, os quais proporcionaram
maior produtividade do tomateiro, melhor qualidade de fruto e proporcionaram
melhor proteção contra o ataque de insetos-praga.

Os diferentes ambientes proporcionaram variação de atividade antioxidante


enzimática e não enzimática dos tomates, e dos teores de aminas biogênicas e
aminoácidos. O ambiente coberto com malha prata apresentou frutos com menores
atividades enzimáticas, antioxidantes, aminas biogênicas e ácido ascórbico,
resultado do menor estresse ambiental sofrido pelos tomateiros
99

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