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Universidade Federal de Mato Grosso

Faculdade de Nutrição
Nutrição e Dietética 1

Estudo da Energia

Prof. Ma. Chaiane dos Santos


chaiane_aline2@hotmail.com
Energia - Definição

EN ERGONI
ENERGIA
(capacidade) (trabalho)
Energia - Definição

Energia do
Entrada Saída
corpo

Gasto energético:
• Metabolismo
basal; Trabalho +
Nutrientes
• Efeito térmico dos calor
alimentos;
• Atividade física.
1. Trabalho de
Carboidratos
transporte
Proteínas
2. Trabalho mecânico
Lipídeos
3. Trabalho químico
Energia
 Necessária para manutenção de diversas funções orgânicas:

Respiração

Circulação

Atividade física

Manutenção da temperatura corporal


Energia dos alimentos

 Liberada no organismo por oxidação  produção de energia


química

 O calor que é gerado durante esse processo é usado para a


manutenção da temperatura corporal.
Energia
 A fonte elementar de toda energia nos organismos vivos é o sol.
 Pelo processo de fotossíntese, as plantas verdes captam uma porção da luz solar
que penetra em suas folhas e a retêm dentro das ligações químicas da glicose.
 As proteínas, lipídios e outros carboidratos são sintetizados a partir deste
carboidrato básico para atender às necessidades da planta.
 Os animais e os seres humanos obtêm esses nutrientes e a energia contida neles
consumindo vegetais e a carne de outros animais.
Fontes de energia
Alimentos
Sol (CHO, LIP e
PTN)

Autotróficos Heterotróficos

Digestão
Fotossíntese Absorção
Metabolismo
Energia

 O corpo faz uso da energia a partir dos carboidratos, proteínas, lipídios e


bebidas alcoólicas na dieta.
 A energia é armazenada em ligações químicas do alimento e é liberada
por meio do metabolismo.
 A energia deve ser fornecida com regularidade para suprir as
necessidades do organismo e para sobrevivência.
Energia

Alimento

Metabolismo

Fornecimento de energia para


o organismo
A energia é produzida através de
mudanças nas ligações químicas
provenientes das moléculas
orgânicas dos alimentos.
Definições

Energia • É capacidade de realizar trabalho ou produzir


mudanças na matéria.

• É a soma total de todas as transformações


Metabolismo químicas que ocorrem em uma célula ou em um
organismo vivo.

• Todas as vias utilizadas pelo organismo para obter


Metabolismo
e usar energia química proveniente do rompimento
energético
das ligações químicas presentes nos nutrientes.
Unidades de energia

 Expressam a quantidade de energia (calor)


 Liberada pelos alimentos
 Consumida nos processos funcionais do organismo (necessidades
energéticas).
Unidades de energia

Caloria

É a unidade padrão para medir calor

É definida como a quantidade de


energia térmica necessária para
aumentar a temperatura de 1g de
água, de 14,5ºC para 15,5ºC.
1 Kcal = 1000 cal
Unidades de energia

Joule

É uma unidade de medida de energia


mecânica
1 cal =
4,184J

É definido como a quantidade de energia


gasta quando 1 Kg é deslocado a uma
distância de um metro, com a força de 1
Newton.
Cálculo de energia

 Valor Energético Total – VET


 Necessidades energéticas diárias de indivíduos;
 Energia contida em um alimento, uma preparação ou em uma dieta.

Próxima
aula
Como medir
o gasto
energético
em
humanos?
Medidas de Gasto Energético

Calorimetria

Liberação de calor real do organismo

Mede a produção de energia durante um longo


período de tempo, de pelo menos 24 h.

Mede o metabolismo corporal por meio da


liberação de calor.
Métodos utilizados para medir gasto energético

Calorimetria
indireta

Calorimetria Água
direta duplamente
marcada
Calorimetria direta

Monitoração da quantidade de calor produzido


por um indivíduo dentro de uma sala de
tamanho suficiente para permitir quantidades
moderadas de atividades.
Calorimetria direta

O indivíduo é colocado em uma câmara


isolada e a produção de calor é medida
diretamente através do registro da
quantidade de calor transferida para a
água que circula no calorímetro.

A medida específica é obtida pela


diferença da temperatura em
graus Celsius da água que entra e
sai da câmara, indicando a
produção de calor.
Calorimetria direta

● Fundamentos da Bioenergética:
● A taxa de derretimento do
gelo do compartimento
interno é convertida para a taxa de
produção de calor.

Desenho esquemático de um calorímetro


usado por Lavoisier (1780)
Calorimetria direta
Calorimetria direta

 Desvantagens:

Altera as atividades habituais;

Limita atividades físicas;

Equipamento extremamente caro;

Devido o seu alto custo, esta técnica é menos utilizada


para a determinação do metabolismo.
Calorimetria indireta

O calor liberado por processos químicos


no organismo é indiretamente calculado
a partir da taxa de consumo de oxigênio
e produção de CO2.

Baseado na relação direta entre gasto


energético e O2.
Calorimetria indireta
 Coeficiente respiratório:

Mede a taxa
metabólica pela
determinação do
consumo de O2 com QR = moles de CO2
um espirômetro e a expirado/ moles de
É uma técnica mais
produção de CO2 do O2 consumido.
simples, entretanto
organismo por um
não reflete a
período de tempo.
atividade física usual
do indivíduo.
Calorimetria indireta

 Realizada com o uso do equipamento denominado

carrinho ou monitor de medição metabólica


 Existem vários tipos de carrinhos de medição metabólicas
 Alguns podem medir apenas o consumo de oxigênio e a

produção de dióxido de carbono, outros também têm a


capacidade de fornecer a função pulmonar e outros
parâmetros.
Calorimetria indireta
 Espirômetro básico:
Coletor de gases adaptado ao
paciente (peça bucal ou dispositivo
ligado ao ventilador)

Sistema de medida
Saturn isde
a gasvolume
giant, e
PRO de
concentração oxigênio e gás
composed mostly of
hydrogen and helium
carbônico.

Paciente inspira e expira 


colhem-se amostras de ar expirado
 quantifica-se o VO2 e VCO2
Calorimetria indireta
 Protocolo a ser seguido:
Jejum de no mínimo de 2 horas após
5 horas exercício
moderado

Evitar cafeína por no 14 horas após


mínimo 4 horas exercício vigoroso

Evitar bebida alcoólica e


tabagismo por no mínimo 2 horas
Calorimetria indireta

Medição da taxa metabólica


de repouso usando um
sistema de capuz ventilado.
Água duplamente marcada
O método é fundamentado no
princípio de que a produção de
CO2 pode ser estimada a partir da
diferença nas taxas de eliminação Após a administração de uma dose

de hidrogênio e oxigênio do oral de água duplamente marcada

corpo. (com deutério - 2H2O e oxigênio H2


18O) o 2H2O é eliminado do corpo
como água, e o H2 18O é eliminado
como água e dióxido de carbono.
Água duplamente marcada

 As taxas de eliminação dos dois isótopos são medidas durante um intervalo de


10 a 14 dias por amostragem periódica da água corporal:
 Urina, saliva, ou plasma.
 A produção de dióxido de carbono pode ser igualada ao gasto energético total.
Água duplamente marcada

 Vantagens:

 Maior concordância com os resultados da calorimetria direta;

 Maior tempo de medida  diminui o impacto da variação da


atividade física no dia a dia;

 Melhor amostragem relativa aos sexos, idade, atividade física, etc.

 Desvantagem: alto custo dos isótopos.


Água duplamente marcada

Padrão ouro para Necessidade de


validação de outras avaliar fluídos
técnicas. corporais
(sangue,urina,
Custo elevado saliva,suor).
Métodos de medida do gasto energético
Métodos Vantagens Desvantagens Uso indicado
Calorimetria Boa acurácia (exatidão) Alto custo operacional; Não Medidas de gasto
Direta reflete a atividade física usual energético de 24 horas;
do indivíduo; Não permite aferir Estudos clínicos
medidas de gasto energético
por longos períodos.
Calorimetria Boa acurácia (exatidão); Não reflete a atividade física Medidas de TMB e GER;
Indireta Técnica mais simples usual do indivíduo; Não permite UTI; Estudos clínicos;
aferir medidas de gasto Durante a prática de
energético por longos períodos. atividades físicas.
Água Marcada Boa Acurácia; Reflete a Alto custo Medidas de gasto
atividade física usual do energético de 24 horas;
indivíduo; Permite aferir Estudos clínicos
medidas de gasto
energético por longos
períodos
Como
determinar o
conteúdo
energético
disponível no
alimento?
Métodos que determinam o valor energético
dos alimentos
 Calorimetria Direta: Mede diretamente o calor (energia) produzido pelo
alimento.

 Equipamento: Bomba Calorimétrica (recipiente de metal fechado e


imerso em água)

 Funcionamento: Amostra de alimento é queimada e a elevação da


temperatura da água = energia calorífica ou calorias geradas pelo
alimento.
Bomba calorimétrica

Mede a energia bruta dos alimentos

1g de CHO 4,10 cal

1g de LIP 9,45 cal

1g de PTN 5,65 cal

1g de Álcool 7,10
cal
Bomba calorimétrica
Métodos que determinam o valor
energético dos alimentos
 Calorimetria Indireta: Mede indiretamente o calor (energia) produzido pelo
alimento - através da quantidade de O2 consumido.

 Equipamento: Oxicalorímetro

 Funcionamento: Mede-se a quantidade de O2 necessária para a


combustão completa de uma amostra de peso conhecido.
Calorimetria

Do alimento Do organismo

 Bomba calorimétrica:  Digestão, absorção e


monitoração da quantidade metabolismo;
de calor produzido por  Oxidação orgânica (perdas
combustão completa. fisiológicas e absorção
incompleta)
Fontes de energia (Fator de Atwater)
Energia bruta dos alimentos (calor de combustão) Kcal/g
Carboidratos Lipídios Proteínas Etanol
4,10 9,45 5,65 7,10

Perda
Fecal de
energia
Energia digerível (Kcal/g)
Carboidratos Lipídios Proteínas Etanol
4,0 9,0 5,20 7,10

Perda
urinária de
Energia
Energia metabolizável (calor de combustão fisiológico)
Kcal/g
Carboidratos Lipídios Proteínas Etanol
4,0 9,0 4,0 7,0
Valor energético dos nutrientes
Necessidades energéticas
 Definição:
Ingestão de energia dietética necessária para o crescimento ou a manutenção
em pessoas de idade, sexo, peso e estatura definidos, e o grau de atividade
física desempenhada por elas.

Crianças, gestantes e
lactantes: deve-se considerar
Enfermos ou feridos: O fator
deposição de tecidos ou à
estressor pode aumentar ou
secreção de leite em taxas
diminuir o gasto energético
compatíveis com uma boa
saúde
Necessidades energéticas
 Componentes do gasto energético:

Metabolismo
energético

Efeito térmico dos Efeito térmico da


alimentos atividade física

A energia para estes processos é proveniente da ingestão alimentar.


Cálculo da energia dos alimentos

Energia contida em um alimento, uma


preparação ou em um regime alimentar
diário.

Tabela de composição química dos


alimentos
Tabelas de composição de alimentos
Tabelas de composição de alimentos
ALIMENTO – 100g CHO (g) PTN (g) LIPÍDIOS (g)

Iogurte natural 1,9 4,1 3,0

Leite integral 4,5 3,0 3,0

Pão francês 58,6 8,0 3,1

Manteiga com sal 0,1 0,4 82,4

Arroz cozido tipo 1 28,1 2,5 0,2

Mamão 13,5 0,6 0


Tabelas de composição de alimentos

 Exemplo do cálculo de energia de uma refeição:

Desjejum:

-Leite integral – 200 ml


-Pão frances – 50 g
-Manteiga – 5 g
-Mamão – 100 g
Exemplo

ALIMENTO QUANT CHO (g) PTN (g) LIP. (g)

Leite integral 200 mL 9,0 6,0 6,0


Pão francês 50 g
Manteiga com sal 5g
Mamão 100 g
TOTAL
Exemplo

ALIMENTO QUANT CHO (g) PTN (g) LIP. (g)

Leite integral 200 mL 9,0 6,0 6,0


Pão francês 50 g 29,3 4,0 1,55
Manteiga com sal 5g 0,005 0,02 4,1
Mamão 100 g 13,5 0,6 0
TOTAL 51,8 10,8 11,65

Valor energético da refeição: 207,2 + 43,2 + 104,85 = 355,25 kcal


Tabelas de composição de alimentos
 Devem ser: completas, confiáveis e atualizadas

Vantagens:
• Necessárias para avaliação e adequação da ingestão de
alimentos;
• Utilizadas para controle de qualidade de alimentos, rotulagem,
metas e guias nutricionais.

Desvantagens:
• Grande variedade na composição química dos alimentos (solo,
clima, maturação), armazenamento, manipulação e tipo de análise.
Efeito da fibra dietética na energia disponível
 Diminui a absorção dos nutrientes:
Dieta com pouca fibra

Energia disponível = energia calculada X 1,0

Dieta com quant. moderada de fibra

Energia disponível = energia calculada X 0,975

Dieta com muita fibra

Energia disponível = energia calculada X 0,95


Referências

● Escott-stump S, Mahan KL, Raymond JL. Krause -


Alimentos, Nutrição e Dietoterapia - 13ª Ed. 2013.

● Cuppari L. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar -


Nutrição - Nutrição Clínica No Adulto - 3ª Ed. Manole,
2014.

● Silverthorn DU. Fisiologia Humana: Uma abordagem


integrada. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

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