FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO, ULHT

EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO ramos EBE, EFDE, TD.

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 2021 2022

Outubro 2021

Nome:_______________________________________________ Número:__________
Turma / Ramo:_________________________________________________________

1.O que entende por Quociente Respiratório? Que informação considera

pertinente no decorrer da sua determinação?

No método de calorimetria indireta mede-se a quantidade de CO2 libertada (VCO2) e o

O2 consumido (VO2). A razão entre estes dois valores chama-se Quociente
Respiratório.
Por outras palavras: Quociente respiratório = QR (razão de troca respiratória) =
VCO2/VO2
Valor em repouso: QR = [0.78;0.80]

Através do QR podemos ter acesso a:

1 - Substrato energético preferencialmente utilizado (% de utilização);
2 - Tipo de esforço/metabolismo predominantemente realizado/requisitado: predominantemente
aeróbia (QR<=1) anaeróbia (QR>1)
3 - Dispêndio energético provocado pelo exercício
4 - Previsão de entrada em fadiga mais cedo ou mais tardiamente (em função do ponto 2)

2.Explica como é que o QR é utilizado na determinação da oxidação dos hidratos

de carbono e dos lípidos.

Normalmente, a quantidade de O2 necessária para oxidar uma molécula de glicose é

proporcional à quantidade de carbono nesse combustível, i.e., QR≈1.
Os AG possuem uma ligação C-O mais alta, assim a combustão dos lípidos requer
significativamente mais O2. Por este motivo o QR será mais baixo, uma vez que o
consumo de O2 é superior à eliminação de CO2, i.e., numa situação em que se consuma
preferencialmente lípidos será esperado um QR≈0.7.

Em conclusão: A quantidade de O2 utilizado depende do combustível que está a ser

oxidado. Assim, analisando a troca de gases poderemos aceder ao QR e ao substrato
energético preferencialmente utilizado.

3.Explique a relação entre o consumo de oxigénio e a produção energética em

exercício.
Mesmo num exercício predominantemente aeróbio existe uma fase inicial na qual o aporte de
O2 é inferior às necessidades energéticas dos músculos ativos. Durante estes minutos iniciais o
consumo de O2 é inferior à produção energética – Deficit de O2.
Após a adaptação, o VO2 estabiliza se as necessidades de energia se mantiverem.
Teoricamente, o VO2 iguala a produção de energia.
Nos minutos iniciais da recuperação, o VO2 é superior às necessidades energéticas (Débito de
O2 ou EPOC – consumo excessivo de O2 pós-exercício).

Uma vez que o dispêndio energético deriva da hidrólise da molécula de ATP, sendo este
reposto como resultado da utilização de oxigénio a nível mitocondrial, pode concluir-se
que existe uma relação direta entre o consumo de oxigénio e o dispêndio energético.

(Existe, pois, uma proporcionalidade entre o O2 consumido e a energia produzida. À

medida que os substratos energéticos são oxidados no organismo, a respetiva produção
de calor é diretamente proporcional ao oxigénio consumido e ao dióxido de carbono e
água produzidos nestas reações).

A combustão de uma mistura de HC, P e Gorduras num litro de O2, liberta

aproximadamente 5Kcal.

1 litro de O2 = 5 Kcal

1g C6 H12 O6 = 4 Kcal (menor consumo relativo de oxigénio)

1g C16 H18 O2 = 9 Kcal (maior consumo relativo de oxigénio)

4. Defina défice de oxigénio e o metabolismo que ocorre durante o mesmo.

Deficit de O2: Quando consumo de O2 é inferior à produção energética (até igualar a

produção de energia).

Consumo total de oxigénio durante o exercício

MENOS

Quantidade total que teria consumido se o consumo de oxigénio em ritmo estável (como
um indicador da transferência de energia aeróbia) tivesse sido alcançado desde o início.

O aporte de O2 é inferior às necessidades energéticas dos músculos activos. O

metabolismo que ocorre é o anaeróbio aláctico (utilização das reservas de ATP e CP)
e anaeróbio láctico (utilização de reservas de glicogénio, reservas de oxigénio que
estão no musculo junto à mioglobina e produção de ácido láctico)

Treinado em resistência – alcança o ritmo estável mais rapidamente, com um menor

deficit de oxigénio que o não treinado, o treinado em velocidade-potência, o doente
cardiaco e o idoso. Uma resposta cinética aeróbia mais rápida permite ao indivíduo
treinado consumir uma maior quantidade total de oxigénio para o exercício em ritmo
estável e torna proporcionalmente menor a componente anaeróbia.
 5. Defina débito de oxigénio (EPOC) e o metabolismo que ocorre durante o mesmo.

Débito de O2 ou EPOC: consumo excessivo de O2 pós-exercício, i.e., o VO2 é superior

às necessidades energéticas.

Oxigénio total consumido na recuperação

MENOS

Oxigénio total que seria consumido teoricamente em repouso durante o período de

recuperação

Débito de O2 ou EPOC - O VO2 é superior às necessidades energéticas, metabolismo

aeróbio, pois durante este período são repostos os valores de saturação de O2 na Hb e
na Mb, liberto o CO2 em excesso, repostas as reservas de ATP e de CP e tamponamento
do lactato acumulado. Respiração elevada após o exercício para expulsar o C O2 que se
acumulou nos tecidos; Temperatura elevada, que mantém as taxas metabólica e
respiratória elevada.

Mecanismos que influenciam o EPOC:

- Restauração das reservas de fosfatos intramusculares (ATP e CP)
- Restabelecimento das reservas originais de glicogénio
- Oxidação do lactato
- Restauração das reservas de oxigénio da mioglobina
- Efeito térmico da elevação da temperatura corporal
- Efeito térmico associado a hormonas (catecolaminas)
- Efeitos da elevação da Fc, da ventilação e de outras funções fisiológicas

Nota: O treino de força muscular promove um EPOC significativo e isso poderá ter um
efeito positivo na elevação do dispêndio energético associado ao exercício físico, com
consequentes benefícios na perda de peso.
6.Considere três homens, 20 anos de idade, numa prova de esforço progressiva
com duração de 15 minutos. O homem A obteve um QR de 0,95 e um VO2 de 3
l/min, o homem B um QR de 1 e um VO2 de 3,5 l/min, o homem C um QR de 0,90
e um VO2 de 3,1 l/min.

R Energia (kcal/lO2) %HC %L

0,90 4,92 67,5 32,5
0,95 4,99 84,0 16,0
1 5,05 100,0 0

6.1.Qual a percentagem de substrato(s) metabolizados(s) na prova do homem A, B

e C?

A. 84% HC e 16% L
B.100% HC
C. 67,5%HC e 32,5% L

6.2.Qual o metabolismo energético predominantemente utilizado na re-síntese de

ATP na prova do homem A, B e C?

A. Metabolismo aeróbio
B. Metabolismo aeróbio máximo
C. Metabolismo aeróbio

6.3.Calcule o Dispêndio energético que os homens A, B e C tiveram durante a

prova realizada em 15 minutos e em 30 minutos.

DE (kcal) = energia (kcal/l) x VO2 (l/min) x tempo (min)

A = 4,99 x 3 x 15 = 224,55 kcal

B = 5,05 x 3,5 x 15 = 265,125 kcal
C = 4,92 x 3,1 x 15 = 228,78 kcal

A = 4,99 x 3 x 30 = 449,1 kcal

B = 5,05 x 3,5 x 30 = 530,25 kcal
C = 4,92 x 3,1 x 30 = 457,56 kcal

7.Defina limiar anaeróbio, e explique, em termos metabólicos, o seu significado.

LANA: Momento onde o ácido láctico começa a ser acumulado acima dos níveis de repouso.
Reflete a interação dos sistemas energéticos aeróbio e anaeróbio.

Não é mais do que uma intensidade.

Treino aeróbio aumenta o Lana, chegando a atingir valores de 80-90% em fundistas.

Na prática: Um indivíduo com um Lana mais alto pode efetuar uma corrida com uma
velocidade mais elevada, para a mesma acumulação de lactato.
Determinação do Lana: doseamento seriado das lactatemias e análise dos gases
expirados.

8. Quais os fatores que influenciam a taxa metabólica basal. Como a alteram?

• Diretamente relacionada com a massa isenta de gordura (mais MIG mais calorias são
gastas por dia)
• Mulheres têm mais massa gorda  menor BMR que os homens com o mesmo peso
• Maior área corporal, maior perca de calor, maior BMR
• Diminui com a idade
• Aumenta com o aumento da temperatura corporal
• Aumenta com o stress, por aumento da atividade do Snsimpático
• Aumenta com a atividade da tiroxina e da adrenalina

9.Como se pode utilizar as medições do consumo de oxigénio para estimar a

eficiência na realização do exercício?

À medida que nos tornamos melhores a realizar um exercício, as exigências em energia durante
esse exercício vão diminuindo - tornamo-nos mais Eficientes
O VO2 (l/min) determina o custo energético de muitas actividades kcal de energia utilizadas por
minuto.

Ex: Corredor A (encarnado) usa menos O2 que o B (verde). Têm valores de VO2max
semelhantes (64 e 65), mas A usa menos energia o que é uma vantagem

150
(ml/Kg/min)

100
VO2

50
0
7 Velocidade
8 (mph)9 10
10.O que entende por VO2max? Descreva a importância na determinação do valor
desta variável e as unidades em que se expressa.

O VO2max, ou potência aeróbia máxima, dá-nos a capacidade máxima de consumo, transporte

e utilização de oxigénio. Pode indicar-se em litros de oxigénio por minuto (valor absoluto)
ou em mililitros de oxigénio por quilo de peso e por minuto (valor relativo).

É um conceito multidimensional já que depende do trajeto do oxigénio até à

mitocôndria:
1 – Captação
2 – Hematose
(Função respiratória eficaz)
3 – Transporte pela hemoglobina (função circulatória eficaz)
4 – Circulação capilar e travessia do sarcolema
5 – Transporte intracitoplasmático por parte da mioglobina

Importância na determinação: o consumo máximo de oxigénio tem sido utilizado como

forma de caracterizar a aptidão do indivíduo para a realização de esforços
predominantemente aeróbios, traduzindo a potência aeróbia.

Simultaneamente, é considerado o melhor e mais fiel indicador fisiológico para a

caracterização da condição física do indivíduo. Os outros determinantes da capacidade
aeróbia são: o limiar anaeróbio, a economia e a percentagem de fibras musculares
oxidativas.

Na prática, o consumo máximo de oxigénio atinge-se quando o valor de oxigénio

consumido não aumenta paralelamente à intensidade do esforço.

11.Porque é que atletas com elevados valores do VO2max têm melhores prestações
nos eventos de resistência do que outros com valores inferiores?

O VO2max, ou potência aeróbia máxima, dá-nos a capacidade máxima de consumo, transporte

e utilização de oxigénio, logo indivíduos com valores superiores, e que conseguem manter
percentagens elevadas de VO2max durante a prova, conseguem se exercitar em intensidades
superiores em aerobiose.