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Como se nomeia uma planta?

Regras para a nomenclatura botânica:


Os nomes das famílias têm terminação em aceae.
Os nomes científicos são sempre expressos por um binômio de substantivos latinos ou latinizados.
Os nomes científicos devem ser destacado no texto em negrito, itálico ou sublinhado separadamente,
seguido pela abreviatura do nome do autor que descreveu a espécie.
A primeira palavra corresponde ao gênero e deve ter sua letra inicial maiúscula.
A segunda palavra corresponde ao epíteto específico (espécie) e deve ser escrito em letra minúscula.

Outro problema características individuais!

A espécie com propriedades medicinais é a Cynara scolymus L.


Como pertencem ao mesmo gênero, a sua aparência é muito próxima, entretanto, há diferenças
morfológicas e fitoquímicas!

Metabolismo da célula vegetal


Conjunto de reações químicas que continuamente ocorrem em cada célula.
As reações enzimáticas podem: anabólicas, catabólicas e de biotransformação.
As rotas metabólicas visam primariamente a obtenção de nutrientes para a necessidade da célula,
como energia (ATP), poder redutor (NADPH) e biossíntese de compostos essenciais à sua sobrevivência
(carboidratos, lipídios e proteínas).
Os processos essenciais à vida e comuns nos vegetais são denominados reações do metabolismo
primário, que se caracteriza por grande produção, distribuição universal e com funções essenciais.
O metabolismo da célula vegetal é subdividido em metabolismo primário e metabolismo
secundário.
O metabolismo primário origina proteínas e aminoácidos, vitaminas, carboidratos e clorofila.
As plantas sintetizam compostos a partir de nutrientes, água e luz.
É o metabolismo secundário, que caracteriza-se pela biossíntese de micromoléculas com diversidade
e complexidade estrutural, produção em pequena escala, distribuição restrita e especificidade.
Os metabólitos secundários por serem fatores de interação entre organismos, frequentemente apresentam
atividades biológicas interessantes, sendo de grande interesse para o estudo de substâncias oriundas de
espécies vegetais.
São os produtos do metabolismo secundário da célula vegetal que possuem função específica na
Nutrição Defensiva (Nutrição Funcional) e na Fitoterapia.
O metabolismo primário refere as reações metabólicas relacionadas diretamente aos processos vitais do
vegetal.
Resulta nas seguintes substâncias: carboidratos, proteínas, lipídios, celulose e lignina.
É comum a todos os vegetais. Corresponde às reações de fotossíntese e respiração celular.

O termo fotossíntese significa "síntese utilizando a luz".

Os organismos utilizam a energia solar para sintetizar carboidratos a partir de dióxido de carbono
(CO2) e água, e liberam oxigênio.

A fotossíntese é um processo biológico onde ocorre a entrada de energia na biosfera, no qual ocorre:
(1)oxidação (da água, com eliminação de elétrons e liberação de O2) e
(2)redução (de CO2 -atmosférico, para formar compostos orgânicos, tais como carboidratos).
As reações de fotossíntese nos vegetais ocorrem nos cloroplastos , uma organela com dupla membrana,
com uma matriz fluida e um complexo sistema de membranas.
Este sistema é interconectado formando um lúmen contínuo, o qual tem papel importante no
transporte de elétrons.
Os pigmentos presentes nas membranas dos tilacóides são de dois tipos: as clorofilas, A e B, e os
carotenóides.
As clorofilas são responsáveis pela coloração verde dos vegetais e estão presentes em todos os
eucariontes fotossintetizantes.
A clorofila e os demais pigmentos podem permanecer excitados por milionésimo de segundos ou
menos.
A energia então pode ser perdida na forma de calor ou ser transferida para um pigmento coletor de
energia, um centro de reação.
O primeiro evento da fotossíntese poderia ser descrito como um processo no qual ocorre a transferência
de elétrons, impulsionados pela luz.
A energia acumulada irá promover a fotoxidação da água e a liberação de O2. Esses elétrons irão se
propagar e reduzir NADP+ (nicotinamida) a NADPH.
Os prótons liberados pela molécula de água geram um gradiente de prótons (H+) que impulsionará a
síntese de ATP. Esta reação é denominada fotofosforilação.
A energia luminosa é capturada para produzir NADPH e ATP, os quais irão reduzir o CO2 em ácidos
orgânicos na etapa seguinte (fixação do carbono).
A etapa seguinte tem como produtos iniciais o ATP e NADPH, formados na fase anterior e serão
utilizados na captação do CO2.
O CO2 atmosférico penetra na folha através dos poros estomáticos, onde por difusão irá chegar aos
tecidos fotossintéticos da folha (parênquima clorofiliano –paliçádico e lacunoso).
No mesófilo é difundo até chegar aos cloroplastos das células do parênquima clorofiliano.
O ciclo Calvin ou ciclo de fixação de carbono ocorre no estroma, onde se encontram todas as enzimas
envolvidas no processo. Didaticamente a fixação de carbono é dividida em três etapas:
No final do processo, a glicose e outros compostos orgânicos são formados, percebendo-se a
importância dos cloroplastos e da clorofila, em todas as etapas.
A partir do metabolismo primário, observamos a integração destes compostos com as vias de
metabolismo secundário
A origem de todos os metabólitos secundários pode ser resumida a partir do metabolismo da glicose, via
dois intermediários principais:
(1) Ácido chiquímico
(2) Acetil-CoA

PRINCÍPIO ATIVO DE MEDICAMENTO FITOTERÁPICO


Substância, ou classes químicas
(ex: alcalóides, flavonóides, ácidos graxos, etc.)
Quimicamente caracterizada, cuja ação farmacológica é conhecida e responsável, total ou parcialmente,
pelos efeitos terapêuticos do medicamento fitoterápico.

São encontrados em todo o reino vegetal, desempenhando funções importantes no metabolismo primário
da célula vegetal, como a fotossíntese. Ácidos mais comuns: ácido málico, ácido cítrico, ácido oxálico.
As principais ações terapêuticas são: Ácido tartárico: possui atividade laxativa leve. Usado na
indústira alimentícia como aditivo. Estimula salivação e possui efeito protetor contra cáries. Presente na
videira e no tamarindo.
Ácido cítrico: aumenta o fluxo salivar. Presente em frutas cítircas.
Ácido oxálico: Possui poder litiásico renal e diminui a absorção intestinal de minerais (como o cálcio,
por exemplo). Pode afetar o funcionamento cardíaco. Está presente em folhosos esverdeados (por
exemplo, no espinafre, no ruibarbo, na azedinha).
Ácido málico: Possui ação laxativa e é utilizado no apoio às desordens respiratórias. Está presente nas
maçãs, uvas, marmelo e cereja verde.
Ácido salicílico: Composto fenólico encontrado na calêndula, salgueiro, marmelo e morango. Possui
ação analgésica e anestésica, antipirética e anti-inflamatória. É menos potente que a forma sintética (o
ácido acetilsalicílico), entretanto tem o mesmo poder alergênico.
Ácidos graxos (linoléico, linolênico e oléico): presentes em frutos que concentram óleo (oleaginosos).

ALCALOIDES
São compostos de origem vegetal, com propriedades alcalinas conferidas pela presença de nitrogênio
amínico. Podem ser sólidos ou líquidos, incolores ou de cor amarelada ou roxa. Na célula vegetal estão
presentes nos vacúolos.
Quando na forma de sais, apresentam-se nas paredes da célula vegetal. Localizam-se nas folhas,
sementes, raízes e caules.
O nome dos alcalóides muitas vezes é derivado das espécies nas quais foram primariamente isolados,
como a nicotina na Nicotiana tabacum.
São distribuídos em quinze grupos, conforme a origem bioquímica ou semelhança estrutural.
No corpo humano atuam no sistema nervoso centra (SNC) como calmantes, sedativos, estimulantes,
anestésicos e analgésicos.
Atuam também no sistema nervoso autônomo (SNA).
Os alcalóides podem ser potencialmente tóxicos, como os alcalóides pirrolizidínicos do Symphytum
officinalli (confrei) que é cancerígeno.
Por isso, por via de regra, as plantas medicinais ricas em alcalóides são utilizadas com cautela e, muitas
vezes, sob orientação médica

Compostos fenólicos
O fenol é um dos mais importantes constituintes vegetais e origina diversos outros, como, por exemplo,
os taninos.
Podem ser simples ou complexos, e tem as características de possuir pelo menos um anel aromático
(benzeno).
Pode ser derivado do ácido benzóico (ácido gálico, ácido gentísico, ácido salicílico, ácido vanílico,
ácido sinérgico) ou do ácido cinâmico (ácido caféico, ácido ferílico, ácido sináptico), ou heterosídios de
ácidos fenólicos (ácido clorogênico, cinarina, ácido chicórico, ácido rosmarínico).
COMPOSTOS INORGÂNICOS
Os compostos inorgânicos são constituintes normais dos vegetais que formam as cinzas e os resíduos
após a retirada do material orgânico. Os mais importantes são os minerais cálcio e potássio.
Os sais de potássio apresentam propriedades diuréticas, principalmente se associados aos flavonóides
e às saponinas, como capacidade de eliminar sódio e água, por exemplo, a Costus cuspidatus amas (cana
do brejo).
Os sais de silício têm importância fundamental na constituição de tecido conjuntivo e estabilização de
colágeno, com ação no fortalecimento de unhas, cabelos e pele.
São extraídos nas decocções por fervuras prolongadas, como no decoto de Equisetum arvensis L.
(cavalinha), uma das principais fontes de silício na forma solúvel.

CUMARINAS
Compostos encontrados em vegetais, bactérias e fungos. São lactonas do ácido hidroxicinâmico. Cerca
de 1.300 cumarinas já foram isoladas e identificadas, sendo derivadas do metabolismo da fenilalanina.
Um dos metabólitos das cumarinas é o dicumarol, encontrado, por exemplo, no Mellilotus officinalis
L. (trevo de cheiro), um poderoso anticoagulante usado no tatmento de tromboses, sendo antagonista de
vitamina K.

FLAVONÓIDES
Os flavonóides são heterosídeos com 15 carbonos, derivados dos fenilpropanóides. O termo flavonóides
deriva do latim flavus, que significa amarelo, em virtude da cor que conferem às flores.
Configura-se como um dos grupos fenólicos mais importantes e diversificados entre os produtos de
origem vegetal, principalmente entre as angiospermas e quase ausente nas algas.
Os flavonóides concentram-se principalmente nas partes aéreas das plantas medicinais, ocorrendo em
menor número nas raízes e rizomas.
GLICOSÍDEOS CARDIOTÔNICOS
Os glicosídeos cardiotônicos são compostos caracterizados pela ação altamente específica, homogênea e
potente que exercem sobre o músculo cardíaco. São instáveis ao processo de secagem e de baixo
conteúdo nas plantas, atingindo no máximo 1%.
Seu uso é restrito e com risco de toxicidade, sendo indispensável o acompanhamento médico, pela
possibilidade de desencadear arritmias graves.
Ações farmacológicas mais comuns:
• aumento da força de contração miocárdica (efeito inotrópico positivo);
• aumento do débito cardíaco (esvaziamento mais completo do coração);
• diminuição do tamanho do coração;
• diminuição da pressão venosa;
• diminuição do volume sangüíneo;
• diminuição da freqüência cardíaca;
• aumento da diurese (efeito indireto) e consequente alívio do edema.
Interações medicamentosas:
• medicamentos antiarrítmicos (ex. quinidina), β-bloqueadores, β-estimulantes;
• medicamentos depletores de potássio: diuréticos tiazídicos, mineralocorticóides etc.;
• sais de cálcio ou alimentos com cálcio absorvível;
• Antibióticos e antifúngicos;
• medicamentos da classe dos ansiolíticos;
• medicamentos para o estômago ou úlceras; antiácidos;
• medicamentos para diarréia (que contenham difenoxilato);
• medicamentos redutores do colesterol, especialmente a colestiramina.

Exemplos de plantas ricas em glicosídeos cardiotônicos:


-Asclepias curassavica L.
• Nomes comuns: oficial-de-sala, paina-de-sapo.
• Princípio ativo: glicosídeo cardioativo (asclepiadina).
-Digitalis purpurea L. e Digitalis lanata Ehrhart
• Nomes comuns: dedaleira, digital, luva-de-nossa-senhora.
• Princípio ativo: glicosídeos cardioativos (digitoxina, digitaleína).

ANTRAQUINONAS
Derivadas do antraceno, as antraquinonas (antranóides, derivados antracênicos ou derivados
hidroxiantracênicos) são abundantes na natureza, sendo encontradas em fungos, líquens e nas
Angiospermas, principalmente nas Rubiáceas, Fabáceas, Poligonáceas, Rhamnáceas, Liliáceas e
Escrofulariáceas.
Interconvertem-se facilmente em hidroquinonas, sendo produzidas a partir de reações de oxidação de
antranóis e antronas.
Nas drogas secas, geralmente encontram-se mais oxidados que na planta fresca.
Ação farmacológica principal:
Potentes laxativos
(a intensidade é dependente da dose)
Estimulam movimentos peristálticos intestinais cerca de 8 a 12 horas após sua ingestão.
Atualmente se conhecem 3 mecanismos de ação:
1 -estimulação direta da contração da musculatura lisa do intestino, aumentando a motilidade intestinal
(possivelmente relacionado com a liberação ou com o aumento da síntese de histamina ou outros
mediadores);
2 -Inibição da reabsorção de água, sódio e cloro através da inativação da bomba de Na+/K+ -ATPase,
(aumentando a secreção de potássio);
3 -Inibição dos canais de Cl-, comprovada para inúmeros 1,8-hidróxi-antranóides (antraquinonas e
antronas),

Cuidados na prescrição:
-Não utilizar por períodos prolongados (mais de 10 dias): poderá ocorrer dependência, diarréias, cólicas,
náuseas, vômitos, melanose reto-cólica (escurecimento da mucosa), alterações da mucosa e morfologia
do reto e cólon (fissuras anais, prolapsos hemorroidais), atonia, carcinoma coloretal, transtornos
hidroeletrolíticos com hipocalemia;
-Evitar o uso concomitante com cardiotônicos digitálicos e diuréticos hipocalemiantes;
-Não utilizar mais de 2 substâncias antraquinônicas na mesma formulação;
-Não utilizar em crianças e durante a gravidez (ocitotóxico) e lactação (passa para o leite materno);
-Há um potencial mutagênico (necessitam mais estudos).

Exemplos de plantas ricas em glicosídeos antraquinônicos:


-Aloe barbadensis Miller
• Nome comum: babosa.
• Princípio ativo: aloína A e B.
-Rhamus purshiana D. C.
• Nome comum: cáscara sagrada.
• Princípio ativo: emodina.
-Senna alexandrina Mill e C. angustifolia Vahl.
• Nome comum: sene.
• Princípio ativo: reína.

MUCILAGENS
As mucilagens são complexos polímeros de polissacarídeos ácidos ou neutros, com elevado peso
molecular.
Possuem função de reter água nas plantas suculentas, lubrificação para crescimento dos ápices
radiculares, adesão para dispersar sementes através de insetos, dentre outras funções.
Podem ser encontradas em todas as partes das plantas, exceto nas flores.
Propriedades medicinais das mucilagens:
-Possui efeito laxativo, em que a água é retida nas fezes, impedindo o seu ressecamento;
-Agem como lubrificantes;
-Aumentam o volume do bolo fecal, estimulando os movimentos peristálticos;
-Minimiza a ação irritante dos ácidos e bactérias ao formar filme viscoso, que recobre a superfície
mucosa de trato digestório;
-Aumenta a secreção de muco em mucosa de aparelho respiratório, agindo como fluidificante de
secreções;
-São também vulneráveis e homostáticas, daí a utilização em ferimentos e úlceras gástricas.
Indicações clínicas clássicas das mucilagens:
-Dispepsia e hiperacidez;
-Moderação de apetite e apoio em tratamento do excesso de peso e da hiperfagia;
-Auxílio no tratamento de doenças inflamatórias de trato digestório;
-Uso tópico em lesões inflamadas e pruridos (prescrição exclusiva médica).

ÓLEOS ESSENCIAIS
Óleos essenciais ou óleos voláteis, são substâncias orgânicas aromáticas encontradas nas flores, ervas,
frutas e especiarias, com aplicação na culinária e uso pelas indústrias na produção de alimentos e
bebidas, cosméticos e medicamentos fitoterápicos.
São extraídos de plantas aromáticas por processos de destilação, compressão de frutos ou extração
com o uso de solventes. Geralmente são altamente complexos, compostos às vezes de mais de uma
centena de componentes químicos.
SAPONINAS
Saponinas são heterosídeos esteroidais ou terpenos policíclicos.
Esse tipo de estrutura, que possui uma parte com característica lipofílica (triterpeno ou esteróide) e
outra parte hidrofílica (açúcares), que determina a propriedade de redução da tensão superficial da água
e suas ações detergentes e emulsificantes.
As saponinas, em solução aquosa, formam espuma persistente e abundante. Essa atividade é conferida
pela presença de uma parte lipofílica, denominada aglicona ou sapogenina e uma parte hidrofílica
constituída por um ou mais açúcares.
A espuma formada é estável à ação de ácidos minerais diluídos, diferenciando-a daquela dos sabões
comuns.
Essa propriedade é a mais característica desse grupo de compostos, da qual deriva o seu nome (do
latim sapone = sabão).
As saponinas podem ser classificadas quanto à porção aglicona, denominam-se saponinas esteroidais
(básicas ou neutras) e saponinas triterpênicas.
As saponinas esteroidais e triterpênicas apresentam uma distribuição diferenciada no reino vegetal.
As saponinas esteróides são usadas na podução comercial de hormônios sexuais de uso clínico. Os
dois tipos principais de saponinas esteróides são a diosgenina e hecogenina.
O comportamento anfifílico das saponinas e a capacidade de formar complexos com esteróides,
proteínas e fosfolipídeos de membranas determinam um número variado de propriedades biológicas para
essas substâncias, destacando-se a ação sobre membranas celulares, alterando a sua permeabilidade, ou
causando sua destruição.
Relacionadas com essa ação sobre membranas, estão as atividades hemolítica, ictiotóxica e
molusquicida, freqüentemente observadas.

TANINOS
Taninos são compostos fenólicos de grande interesse econômico e ecológico.
Apresentam solubilidade em água e peso molecular compreendido entre 500 e 3000 Dalton,
possuindo a habilidade de formar complexos insolúveis em água com proteínas, gelatinas e alcaloides.
As aplicações de drogas com taninos estão relacionadas, principalmente, com suas propriedades
adstringentes.
Por via interna exercem efeito antidiarréico e antisséptico;
Por via externa impermeabilizam as camadas mais expostas da pele e mucosas, protegendo assim as
camadas subjacentes.
Ao precipitar proteínas, os taninos propiciam um efeito antimicrobiano e antifúngico. Os taninos são
hemostáticos e, como precipitam alcalóides, podem servir de antídoto em casos de intoxicações.
Em processos de cura de feridas, queimaduras e inflamações, os taninos auxiliam formando uma
camada protetora (complexo tanino-proteína e/ou polissacarídeo) sobre tecidos epiteliais lesionados,
podendo, logo abaixo dessa camada, o processo curativo ocorrer naturalmente.
Os taninos são considerados nutricionalmente indesejáveis porque precipitam proteínas, inibem enzimas
digestivas e afetam a utilização de vitaminas e minerais podendo, ainda, em alta concentração,
desenvolver câncer de bochecha e esôfago.
Pesquisas sobre atividade biológica dos taninos evidenciaram importante ação contra determinados
microrganismos, contra agentes carcinogênicos e causadores de toxicidade hepática.
Estes últimos efeitos dependem da dose e do tipo de tanino ingerido.
Parecem ainda possuir ação anti-inflamatórias e cicatrizantes.
Várias doenças degenerativas como câncer, esclerose múltipla, aterosclerose e o próprio processo de
envelhecimento estão associados a altas concentrações intercelulares de radicais livres.
Resumo da ação farmacológica dos taninos:
-andiarréico, diminuindo os movimentos peristálticos por ação anti-inflamatória da mucosa;
-hipotensor;
-anti-hemorrágico;
-cicatrizante;
-anti-inflamatório;
-antisséptico (bactericida e fungicida);
-atividade antioxidante.

Contra-indicações das plantas ricas em taninos nos casos de:


-constipação;
-deficiência de ferro;
-má absorção;
-desnutrição.
Obs.: evitar uso terapêutico por mais de 60 dias com plantas ricas em taninos, dado seu potencial
tóxico.
SUBSTÂNCIAS AMARGAS

Constituem um grupo de compostos sem semelhança química entre si, tendo em comum apenas o sabor
amargo e a atividade terapêutica. Pertencem a diversos grupos químicos, como óleos essenciais,
glicosídeos, saponinas e alcalóides.
De modo geral, os compostos amargos estimulam o funcionamento das glândulas, produzindo vários
efeitos, como o aumento da secreção de sucos digestivos, aguçando o apetite (aperiente).
A atividade hepática pode ser especialmente estimulada, aumentando a produção e o fluxo da bile (ação
colangoga e colerética).
No caso do Plectrantus barbatus (boldo nacional), sua ação é hiposecretora gástrica.
Indicações clínicas mais comuns no uso das substâncias amargas:
-anorexia;
-dispepsias;
-distúrbios biliares e hepáticos;
-diabetes;
-úlceras gastrointestinais e gastrites;
-intolerâncias alimentares;
-icterícias idiopáticas;
-cefaléias.

COMPOSTOS SULFURADOS
São metabólitos vegetais derivados de aminoácidos sulfurados.
Os principais representantes são os trioglicosídeos: sinigrina (Sinapis nigra L -mostarda negra),
sinalbina (Sinapis alba L. -mostarda branca), gliconapina (Brassica napus -colza) e aliina e seus
correlatos (Allium sativum L -alho -e Allium cepa L. -cebola).
As principais ações dos compostos organossulfurados estão relacionadas à atividade antioxidante e
anti-inflamatória.

GOMAS
São exsudatos de células vegetais espontâneos, após corte, em especial do caule. Constituem
polissacarídeos solúveis e insolúveis. Tipos de gomas:
-Karaya: reguladora de diarréia e colites funcionais, obtida da Sterculia tragacantha;
-Garrofin: obtida da Ceratonia siliqua (alfarrobeira);
-Alcatira: espessante, obtida Astragalus gummifer;
-Arábica: laxante e mucoprotetora, obtida da Acacia senegal.

GLUCOQUININAS
São substâncias que possuem influência na modulação de glicemia, por isso são ditas fitoinsulinas,
presentes na vagem do feijão branco (Phaseolus vulgaris) e nas folhas de mirtilo (Vaccinium myrtillus).

LIGNANAS E NEO-LIGNANAS
São polímeros fenilpropânicos que conferem rigidez às paredes celulares, amplamente distribuídas no
reino vegetal, em especial nas lenhosas.
Suas principais ações são:
• Antifúngica (Dyalanterya otoba)
• Anti-inflamatória (Magnolia salicifolia);
• Anti-hepatotóxica (Schizandra chinensis C. Koch;
Silybum marianum Gaerth);
• Antileucêmica (Steganotaenia araliacea); e
• Antialérgica (Ocotea duckei Sleum).
Resolução CFN nº 402, de 30 de julho de 2007
Regulamenta a prescrição fitoterápica pelo nutricionista de plantas in natura frescas, ou como droga
vegetal nas suas diferentes formas farmacêuticas, e dá outras providências.

Resolução CFN nº 525/2013


Regulamentaapráticadafitoterapiapelonutricionista,atribuindo-
lhecompetênciapara,nasmodalidadesqueespecifica,prescreverplantasmedicinais,drogasvegetaisefitoteráp
icoscomocomplementodaprescriçãodietética.
Art. 5º.
Aprescriçãodeplantasmedicinaisoudrogasvegetaisdeveráserlegível,conteronomedopaciente,datadaprescri
çãoeidentificaçãocompletadoprofissionalprescritor(nomeenúmerodoCRN,assinatura,carimbo,endereçoef
ormadecontato)econtertodasasseguintesespecificaçõesquantoaoprodutoprescrito:
I -nomenclatura botânica, sendo opcional incluir a indicação do nome popular;
II -parte utilizada;
III -forma de utilização e modo de preparo;
IV -posologia e modo de usar;
V -tempo de uso.
(...)
Art.7º.(...)
ParágrafoÚnico.Aprescriçãodepreparaçõesmagistraisedefitoterápicosfar-se-
áexclusivamenteapartirdematérias-
primasderivadasdedrogasvegetais,nãosendopermitidoousodesubstânciasativasisoladas,mesmoasdeori
gemvegetal,oudasmesmasassociadasavitaminas,minerais,aminoácidosouquaisqueroutroscomponentes.

Resolução CFN Nº 556 DE 11/05/2015


Altera as Resoluções nº 416, de 2008, e nº 525, de 2013, e acrescenta disposições à regulamentação da
prática da Fitoterapia para o nutricionista como complemento da prescrição dietética.

Art.3ºOexercíciodascompetênciasdonutricionistaparaapráticadaFitoterapiacomocomplementodaprescriçã
odietéticadeveráobservarque:
I-
aprescriçãodeplantasmedicinaisechásmedicinaisépermitidaatodososnutricionistas,aindaquesemtítulodees
pecialista;
II-
aprescriçãodemedicamentosfitoterápicos,deprodutostradicionaisfitoterápicosedepreparaçõesmagistraisde
fitoterápicos,comocomplementodeprescriçãodietética,épermitidaaonutricionistadesdequesejaportadordot
ítulodeespecialistaemFitoterapia.

4ºParaaoutorgadotítulodeespecialistaemFitoterapia,aAssociaçãoBrasileiradeNutrição(ASBRAN),atendid
oodispostono§1ºdesteartigo,adotaráregulamentaçãoprópria,aseramplamentedivulgadaaosinteressados,pre
vendooscritériosqueserãoutilizadosparaessatitulação.
§5ºNaregulamentaçãodequetratao§1ºdesteartigo,serãoconsiderados,comoparâmetros,oscomponentescurr
icularesmínimosdabaseteórica,dateoriaaplicadaedaprática,alémdaexperiênciaprofissionalnaárea,quecapa
citemonutricionistaparaoexercício(...)
(...)
5)cumprirdemaneiraplenaeéticaoquedeterminamosartigos5ºa7ºdaResoluçãodoCFNnº525,de2013;

Art.3ºOConselhoFederaldeNutricionistas(CFN)celebrará,comaAssociaçãoBrasileiradeNutrição(ASBRA
N),instrumentojurídicodecooperaçãodestinadoaatenderodispostono§1ºdoart.3ºdaResoluçãonº525,de2013
,eagarantirosrecursosinstitucionais,humanos,inclusivejurídicos,efinanceirosnecessáriosaodesempenho,pe
laASBRAN,dasatividadesinerentesaoreconhecimentodaespecialidadeFitoterapia.
Art.4ºNãoseaplicaráodispostonocaput,incisoIIe§4ºdoart.3ºdaResoluçãonº525,de2013,comasalteraçõesd
adasporestaResolução,aosnutricionistasque,atéadatadepublicaçãodestaResolução,estejammatricula
dosoutenhamobtidocertificadodeconclusãodecursosdepós-
graduaçãoLatoSensu,comênfasenaáreadefitoterapiarelacionadaànutrição.

FORMAS FARMACÊUTICAS PERMITIDAS A TODOS OS NUTRICIONISTAS


DeacordocomaResCFNnº556/2015–“Art.3º:IncisoI-
Aprescriçãodechásmedicinaisépermitidaatodososnutricionistas.”

A droga vegetal rasurada é largamente utilizada no preparo de chás (infusos ou decoctos) pelo
próprio paciente.
RASURA
Processo de fragmentação da droga vegetal através de moinhos.

Medicago sativa (alfafa) rasurada.


Indicação:infusosedecoctos.Podemserutilizadasparausoexterno,comobanhosecataplasmas.
Vantagens: acondiciona bem grandes doses e plantas volumosas.
Desvantagem em fórmulas, não há boa homogeneidade.


Consistenadrogavegetal,seca,moídafinamente.
É a forma farmacêutica em que o princípio ativo encontra-se pulverizado, podendo ser destinado ao uso
interno ou externo.
Droga vegetal Moagem Pó

Ilex paraguaiensis A. St. Hillarie (erva mate) em pó.

Limitação de uso: dificuldade de padronização farmacológica e do controle de qualidade.

Indicação:éusadocomoinfuso(chá)oumisturadodiretamenteembebidasoufrutasamassadas.Éespecialment
eindicadoparapacientescomdificuldadeemingerircápsulasoucomintolerânciagástricaaelas.
Vantagens:garantehomogeneidadedamistura,bomacondicionamento,facilitaaextraçãodosprincípiosativo
sepossuifacilidadedeadministraçãoaopaciente.
Desvantagens:podecausarirritabilidadeemesôfagoepromovernáuseasempessoassensíveis,emespecialpara
princípiosamargos.

EXTRATOS AQUOSOS -INFUSOS E DECOCTOS


INFUSÃOTrata-sedeumatécnicaextrativaqueconsisteemlançarsobreaplantafervente,mantendo-
seolíquidoeaplantaencerradosnumvasofechado,emcontatodurantecertotempo.
Estatécnicaéutilizadaparaplantastenras,folhas,floresreduzidasnormalmenteapóourasuradas.
É conhecido popularmente como chá por infusão.
Preparo: separe as partes que lhe interessam e lave-as cuidadosamente.
Pode-seutilizarplantasmedicinaisvariadas,desdequedeórgãosvegetaisidênticos(sófolhasousóflores).
Ferva a água, desligue e mergulhe as partes da planta.
Observe a proporção:
5 parte de planta para 95 partes de água!
Cubraedeixeabafadopor5a10minutos.
Obs.:Éimportanteabafar,principalmentequandoseutiIizafolhaseflores,paraevitaraperdadaspropriedadesm
edicinais.

DECOCÇÃOConsisteemmanterumsólido(nocaso,aplanta)emcontato,durantecertotempo,comumsolve
nte,normalmenteaáguaemebulição,obtendo-
sedestemodo,umasoluçãoextrativadenominadadecoctooucozimento.
Éumatécnicaempregadaparaplantasquepossuemsuperfícieeparteslenhosas(cascas,raízesefolhasmuitodura
s). É chamado de chá por fervura.

Preparo:separeaspartesdaplantaquelheinteressemelave-ascuidadosamente.
Em um recipiente com água, adicione as partes da planta e submeta à cocção.
O tempo de preparo depende da parte da planta utilizada:
2 minutos para folhas e flores
7 minutos para raízes e caules
10 minutos para a planta toda
Observe a proporção:
10 partes de planta para 150 partes de água.
Apósestetempo,retiredofogoedeixeorecipientetampadoporalgunsminutosantesdeusar.Procedaafiltragema
ntesdeingerir.
FORMAS FARMACÊUTICAS PERMITIDAS APENAS A NUTRICIONISTAS
ESPECIALISTAS EM FITOTERAPIA
DeacordocomaResCFNnº556/2015–“Art.3º:IncisoII–
Aprescriçãodemedicamentosfitoterápicosedepreparaçõesmagistraisdefitoterápicos,comocomplementoàp
rescriçãodietética,épermitidaaonutricionistadesdequeportadordotítulodeEspecialista.”

TINTURA
As tinturas são soluções hidroalcoólicas(30º a 96ºGL) obtidas de vegetais secos por maceração ou por
percolação.
Podem ser:
-simples (extração de uma única espécie) ou
-composta (extração de duas ou mais espécies).
As tinturas devem ser administradas diluídas em água, em função do alto teor alcoólico e sabor
forte das plantas.

Indicação: pacientes com dificuldade para ingestão de cápsulas.


Vantagens:reduçãodaquantidadedematerialingeridoparaatingiramesmaaçãomedicinal,alémdaaltabiodisp
onibilidade.
Desvantagens:Altoteoralcoólicoeeventuaisincompatibilidadesfísico-químicasentrealgumasplantas.
EXTRATOS SECOS
São preparações sólidas obtidas pela evaporação do solvente utilizado na extração.
Os extratos secos são obtidos pela evaporação do extrato aquoso ou alcóolico a uma temperatura que
não exceda 50ºC e apresentam, no mínimo, 95% de resíduo seco, calculados como porcentagem de
massa, ou seja, não podem exceder 5% de seu peso em água.
A Farmacopéia Brasileira não estabelece a concentração do extrato seco em relação à droga
vegetal, ficando a critério do produtor.

Extrato seco padronizado


O teor de um ou mais constituintes é ajustado a valores previamente definidos.
Oobjetivoégarantirocontroledequalidadeeodesenvolvimentodeprodutosfitoterápicosquepreenchessemosr
equisitosdequalidade,eficáciaesegurança,exigidosparaqualquermedicamento.
Exemplo de extratos padronizados:
-Ginkgo biloba: 24% de gingkosídeos;
-Glycine max: 40% de isoflavonas.

Normalmente os extratos secos são prescritos em cápsulas.


Indicação:pacientescomintolerânciaaocheiroe/ouaogostodeumaoumaisplantasdafórmula.
Vantagens: fácil administração e facilidade de transporte.
Desvantagens:dificuldadedeusopediátrico,inviávelparaalgumasplantasvolumosas,fracionamentodadosee
mgrandequantidadedecápsulas,intolerânciagástricaàscápsulasoudesconfortoemvirtudedeagentesdevolum
e(excipientes).

Prescrição:
Paciente: João Carlos de Souza
Uso interno Silybummarianum (frutos, extrato seco padronizado) .. 100mg de silimarina expressa em
silibininaq.s.p................................................................. 1 dose
Total: 90 doses.
Posologia: Ingerir 01 dose, três vezes ao dia (8/8h).
Tempo de utilização: 30 dias.

FORMAS FARMACÊUTICAS NÃO PERMITIDAS AO NUTRICIONISTA


Asformasfarmacêuticasparadispensaçãodefitoterápicosdeusoexternonãopodemserprescritaspornutricioni
stas,conformeaRes.CFNnº402/2007.
Exemplos de formas de uso externo incluem:
-Pomadasecremes;
-Géisecataclasmas;
-Loçõescremosas;
-Supositórios;
-Óvulosvaginais;
-Óleosmedicinais.

EXEMPLOS DE PRESCRIÇÃO
Como promover o Uso Racional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos , sob a ótica do
PROFISISONAL PRESCRITOR?
• Nome botânico;
• Padronização do marcador;
• Boas Práticas de Manipulação;
• Autorização de Funcionamento da Empresa;
• Aspecto físico;
• Validade;
• Indicação de uso/Evidências científicas;
• Posologia (dosagem/frequência/duração/via);
• Contra-indicações/Advertências;
• Interações;
• Reações adversas;
• Toxicidade.
CUIDADOS NA PRESCRIÇÃO

Paraadultos,adosehabitualepadrãodopósecodeplantamedicinal,considerandoumaplantabemtoleradaedeba
ixatoxicidade,deaproximadamente1a3gaodia,sendoadosemínimada500mge,umadosemáxima,deaté6gaod
ia,correspondendoa20mg/kg/dia(dopesodaplantaempó).
Quandosetratadeumapreparaçãonaformadechá,adosemédiapadronizadaseriade25a50gdeplantassecasporli
trodeágua,ouseja,de2,5%a5,0%.
Plantasfrescasnormalmenterecomenda-
seodobrodadose,ouseja,de5,0%a10,0%.Issocorresponderiaa10mL/kg/dia.

Criançasabaixode6meses
Não é recomendado uso de plantas medicinais.
Criançasaté20kg(cercade6anos)
Prescrição exclusiva médica

Criançasde20a30kg(de6a10anos)
Recomenda-se meia dose de adulto por dia, em termo de dose média.
Dosemédiadochá:200a400mLpordia,emconcentraçãomáximade5%ou5gdaplantaparacada100mLdeágua,
emtrêsaquatrotomadasaodia.

Adolescentes
Recomenda-seatédoisterçosdadoseadultapordia,comodoserecomendável.
Dosemédiadochá:400a800mLaodia,comconcentraçãomáximade10%paraplantasfrescas,ou10gdaplantapa
racada100mLdeágua,emtrêsaquatrotomadasdiárias.

HORÁRIO DE ADMINISTRAÇÃO
Diuréticos,vermífugos,depurativoseestimulantes:antesdocafé-da-manhã;
Antiácidos,remineralizantes,tônicosestimuladoresdeapetite,inibidoresdeapetiteoudisabsortivos:meiahora
antesdasprincipaisrefeições;
Digestivoseantiflatulentosouasquepossuemirritantesgastrointestinais:depoisdasprincipaisrefeições(ouem
conjunto);
-Termogênicosoumoduladoresmetabólicos:meiahoraantesdaatividadefísica;

-Calmantes, hipnótico se laxativos: antes de deitar-se;

-Doençasagudasfebrisoudolorosas:de2/2h;e

-Doençascrônicas:recomenda-sede6/6hou8/8h.

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