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Tema No.

2: CAROTENÓIDES

• Características gerais
• Classificação
• Fontes naturais
• Principais aplicações
• Principais funções biológicas
• Aspectos ecológico-químicos
• Propriedades químicas e físicas
• Biossíntese
• Conceitos básicos sobre métodos
clássicos e
modernos de isolamento, purificação e
caracterização.
Os carotenóides são pigmentos naturais que foram
descobertos no século 19 e até ao momento foram descritos
750, dos quais caracterizados satisfatoriamente cerca 500.

Wachen propôs em 1 831 o termo ¨caroteno¨ para os


pigmentos hidrocarbonetos cristalizados a partir das raízes
da cenoura (Daucus carota).

Berzelius designou os pigmentos amarelos mais polares


extraídos das folhas de hortelã como ¨xantofilas¨.

Tswett separou um grande número de pigmentos por


cromatografía de coluna e designou o grupo completo
CAROTENÓIDES.
Uma característica importante da estrutura dos
carotenóides é um sistema de ligações duplas e simples,
que forma a parte central da molécula.
Este constitui um sistema conjugado em que os electrões
estão efectivamente deslocalizados ao longo de toda a
cadeia poliénica.
Esta propriedade confere aos carotenóides a sua forma
molecular característica e a sua reactividade química.

Licopeno

β-Caroteno
Com poucas exceções os carotenóides são lipofílicos,
têm pouca (ou nenhuma) solubilidade em água e têm boa
solubilidade em solventes orgânicos apolares. A sua cor
varia desde o amarelo (p.e. o β-caroteno) até o vermelho
(p.e. o licopeno).
Os carotenóides contêm, na sua grande maioria, 40 átomos
de carbonos (tetraterpenóides) com ligações duplas conjugadas
Estes têm oito unidades isoprénicas ligadas de forma tal que
a disposição destas encontra-se invertida em relação ao centro
da molécula.
Os dois grupos metilos centrais encontram-se em uma posição
1,6- e os restantes grupos metilos não terminais estão situados
numa posição 1,5-.
Modificações químicas e a introdução de funções
oxigenadas dão lugar a uma grande diversidade de estruturas
carotenóides na natureza.

Alguns carotenóides têm menos de 40 átomos de carbono!

Os exemplos encontrados em plantas são os apocarotenóides,


formados por uma quebra enzimática de um fragmento de
uma parte terminal ou dos dois do esqueleto C40.
OH

8´-apoaloxantinal
Os carotenóides existem preferencialmente na forma isomérica
mais estável (todo-trans), embora haja pequenas quantidades
de isómeros cis ou que se transformam das formas todo-trans
durante o procesamento.
Os carotenóides podem conter além de hidrocarbonetos,
oxigénio (xantofilas), mas em nenhum caso dos
naturais encontra-se a presença directa de
nitrogénio, enxofre ou halogénios!!!!!!!
Tradicionalmente os carotenóides são conhecidos pelos
seus nomes triviais derivados da fonte biológica de onde
foram descobertos. Entretanto tem-se desenvolvido um
esquema semi-sistemático que permite nomear os
carotenóides de forma exacta e que define suas estruturas.
Os nomes específicos têm como sustento o nome base ¨caroteno
precedidos pelos prefixos da do alfabeto Grego para designar os
dois grupos terminais.
Por exemplo: o β-caroteno é referido correctamente como
β,β–caroteno e o α-caroteno como β,ε-caroteno.

Foram reconhecido até o presente 7 grupos terminais e


estabeleceu-se uma ordem de prioridade (ordem de prioridade
de acordo com o alfabeto Grego). Os prefixos convencionais
e os sufixos são utilizados para indicar mudanças nos níveis de
hidrogenação e a presença de substituintes.
Figura:
Esquema de
numeração
para os
carotenóides
e os 7 tipos de
grupos
terminais com
as designações
de acordo com
às alfabeto
Grego.
Nome trivial Nome semi-sistemático

Prancha →

de nomes
triviais e
semisistemá
-ticos de
carotenóides
que estão
nos
alimentos:
Figura: Alguns exemplos de carotenos
Estruturas de algumas xantofilas comuns presentes nos
alimentos
Classificação:
Os carotenóides em geral classificam-se em dois grandes
grupos:
• Carotenos (Carotenóides hidrocarbonetos)
• Xantofilas (Carotenóides oxigenados)

Podem também classificar-se em:


• Acíclicos (licopeno)
• Monocíclicos ou dicíclicos tendo anéis de 5 ou 6 membros
em
uma ou as duas partes da cadeia.
Ciclizações maiores como ocorre no caso dos di- e
triterpenóides não se encontram- nesta série.

Pela sua importância é feita uma classificação dos


carotenóides existentes nas frutas, que é a seguinte:
quadro: Classificação dos carotenóides nas frutas segundo
Goodwin e Britton (1988)
Fontes naturais:
Os carotenóides, dentro das substâncias que
conferem cor no mundo, são aqueles que
estão
mais amplamente distribuídos e se encontram
bem representados no reino vegetal, nas
bactérias, insectos e muito pouco reportados
em animais (p.e. a cataxantina, que o da a cor
vermelho às penas dos flamingos e
particularmente em invertebrados marinhos
como as esponjas, estrelas de mar e ouriços.
Os carotenos mais comumente encontrado são o β-caroteno
(normalmente constitui entre o 25-30% de conteúdo de
carotenóides nas plantas) e o licopeno. Destes obtêm-se
aproximadamente um milhão de toneladas anuais.
Carotenos

Xantofila

A luteína é a xantofila são as mais abundante


(40-45%).
O conteúdo
da algumos
carotenóides
nas frutas
é apreciável

e tendo em
conta a

importância
dos mesmos
na
alimentação

humana
anexamos → →
a seguinte
qudro: →

Faremos algumas considerações e daremos
alguns exemplos sobre a distribuição dos carotenóides em
Funçao de onde se encontram na natureza:

Em plantas superiores, em tecidos fotossintéticos, os


carotenóides são conhecidos em primeiro lugar como
pigmentos de plantas e portanto apresentam especial interesse
naquelas plantas (frutas e vegetais) que são consumidas
em grandes quantidades pelo homem.
Nas plantas os carotenóides são encontrados
universalmente nos cloroplastos das folhas e outros
tecidos verdes ( p.e. em todos os vegetais verdes), mas
o cor se vê mascarado pela clorofila. Os mesmos
carotenóides mais importantes são encontrados em
proporções similares nas folhas de virtualmente todas
as especies, β-caroteno (usualmente entre 25 e 30%)
do total de carotenóides, luteina (aproximadamente
45%), violaxantina (15%) e neoxantina (15%).
Pequenas quantidades de α-caroteno, β-criptoxantina,
anteraxantina e luteína-5,6-epóxidos podem estar presentes.
Em um número muito reducido de especies, notavelmente no
alface ( Lactuca sativa ) , aparece lactucaxantina
(aproximadamente o 10% de total).

A maior parte das folhas têm quantidades similares de


carotenóides, mas podem ocorrer mudanças quando a
planta se ve submetida a um stress (p.e. forte irradiação ou
seca), incrementando-se os conteúdos de β-caroteno-5,6-
epóxidos e de zeaxantina e algumas xantofilas podem ser
esterificadas.
Em plantas superiores, os
carotenóides estão também
distribuídos nos tecidos não
fotossintéticos das plantas e são
responsáveis pelas cores amarelas,
laranja e vermelhas e outros de
muitas flores, frutas e algumas
raízes.
Estes estão localizados normalmente
nos cromoplastos e membranas em
forma de gotas de óleos ou, em
alguns casos como na cenoura (β-
caroteno) e o tomate (licopeno), em
forma cristalina. Os carotenóides
são sintetizados na abertura das
flores ou no processo de maduração
Flores:
Vários padrões carotenóides característicos tem sido
reconhecidos nas flores onde os carotenóides podem estar
presentes em todas as partes anatômicas, p.e. sépalas,
estame, pólen e especialmente nas pétalas. Quantidades
sustanciais de carotenóides comuns como β-caroteno em
Narcissus (bolbo nativo de mediterrâneo).
Altas concentrações de Luteínas ( usualmente como ésteres),

frequentemente também com alguma zeaxantina e


luteina-5,6- e 5,8-epocarotinóides, p.e. em pétalas de
girasol (Helianthus annuus ) e caléndula (Tagetes erecta ).

Misturas complexas de 5,6- e 5,8-epoxicarotinóides,


carotenóides específicos ou inusuais de distribução
restringida como p.e. eschscholtzxantina em Eschscholtzia
Frutas:
Nos frutos maduros os carotenóides podem estar presente na
casca, os tecidos brandos internos ou nas sementes ou
recubrimiento das sementes.
Diferentes carotenóides podem estar presentes em diferentes
partes das frutas.
Recentemente foram reconhecido diferentes padrões distintivos:
Usual colecção de carotenóides nos cloroplastos (em frutas verde
Grandes acumulações de licopenos e seus derivados hidroxilados
( p.e. no tomate).
Grandes acumulações de β-carotenos e seus derivados
hidroxilados β-criptoxantina e zeaxantina (p.e. em manga
e caqui (fruta).
• Colecção de 5,6- e 5,8-epoxicarotinóides ( p.e.
Carambola)
• Grandes quantidades da apocarotenóides (p.e. especies
de cítricos e híbridos)
• Carotenóides específicos e inusuais ( p.e. capsantina no
pimento vermelho ( Capsicum annuum)

Raízes:
Os carotenóides não aparecem em geral de forma apreciável nas
raízes, mas há alguns exemplos bem conhecidos como p.e. na
Cenoura (Daucus carota) e a batata-doce ( Ipomoea batata), de
onde se concentran grandes quantidades de β-caroteno.
Sementes:
Algumas sementes ou revestimento de sementes são
coloridas devido aos carotenóides p.e. a zeaxantina em
milho doce (Zea mays ). O revestimento das sementes de
Bixa orelana contêm uma concentração muito alta (até um
10%) da apocarotenóide bixin (Orelana).
Nas algas:
Tanto nas microalgas como nas algas marinhas os carotenóides
estão presentes de forma universal como pigmentos dos
cloroplastos com funções essenciais na fotossíntese.
As algas verdes (Clorofitas) têm um carotenóide de similar
composição aos das folhas verdes, ainda de forma frequente
com outras xantofilas como a oroxantina.
A presença de certos carotenóides tem-se utilizado como um
marcador sistemático para a classificação das algas.
A variedade de estruturas carotenóides encontradas nas
algas é grande e inclui compostos que contêm grupos
acetilénicos e alénicos, p.e. aloxantina, fucoxantina, e
C37 nor-carotenóides, notavelmente peridinina, a xantofila
característica dos dinoflagelados.
Algumas algas verdes quando estão sujeitas a stress
ambiental ou nutricional são responsáveis da síntese em
grandes quantidades de carotenóides extraplastídicos.

Alguns exemplos são explotados comercialmente,


especialmente Dunaliela salina para β-carotenos e
Haematococcus pluvials para astaxantina.
Em bactérias, fungos e levaduras:
Muitas bactérias, fungos e leveduras não contêm
carotenóides, mas há exemplos que contêm altos conteúdos de
carotenóides.
O moho Blakeslea trispora e a levadura Xanthophylomyces
rhodorhous são usados como fontes comerciais de β-caroteno
e astaxantina.
Bactérias fototroupicas contêm carotenóides nos seus
complexos fotossintéticos pigmento-proteinas.
Compostos acíclicos como a spiriloxantina e carotenóides
como
as okenonas são característicos.
Os carotenóides das bactérias não fototroupicas são diversos e
incluem compostos C30 e C50, assim como exemplos de
compostos C como a zeaxantina.
Principais aplicações:
Os carotenóides têm um amplo campo de aplicações.

Na industria alimentar apresentam importantes contribuções


como aromatizantes e na qualidade nutricional de diferentes
tipos do alimentos tais como frutas, chá, vinhos e tabaco.

Há dois bem conhecidos apocarotenóides, bixin e crocetin, que


têm importância económica como pigmentos e aroma nos
alimentos.

Outro apocarotenal, o trans-β-apo-8´-carotenal, que


encontra-se na espinafre e os cítricos tem mostrado actividade
provitamina A e é utilizado na industria farmacéutica, dos
cosméticos e como aditivo.
Há outro grupo da apocarotenóides que produzem-se
pelas reacções oxidativas durante o procesamento dos
alimentos e são intermediarios na formação de
moléculas com importância na coloração e aroma dos
alimentos.
Importantes aplicações encontram-se nos tratamentos médicos.
Os mais importantes são:

Prevenção de cancro:
Foram realizado muitos estudos preclínicos e clínicos nos que
avalia-se com resultados satisfatórios a influença dos caroteno
na proteção de diversos tipos de cancro. p.e. altos níveis de
β-caroteno correlaciona-se com bajos índices do cancro de
pulmão (2000).
Presença de níveis de Licopeno no sangue reduz o risco de
cancro de próstata (2008), de vias digestivas ( 2008), de
pâncreas (1989) e neoplasias intra-epiteliais cervicais
(1991).
Prevenção de enfermidades cardiovasculares : Através de
β-Caroteno é possível reduzir a peroxidação lipídica no LDL,
um processo que probablemente este incluído na patogêneses
da arterioscleroses.
Protecção da pele:
Vários estudos em humanos têm demonstrado que os níveis
de carotenóides em plasma e pele decrescem depois da
exposição das radiações UV. É por isso que se tem
proposto um mecanismo de protecção no que estão
envolvidos os carotenóides. Os efeitos de protecção de β-
caroteno podem estar relacionados com suas propriedades
Actividade provitamina A:
A deficiência de vitamina A afecta a mais de 100 milhões de
crianças em todo o mundo (2002) e assim mantém-se como
um dos grandes problemas de saúde pública em muitos
países.

A vitamina A é essencial para a visão, reprodução,


crescimento,
As maiores fontes de vitamina A na dieta são ésteres
função imunologico e saúde geral de humanos.
retinílicos
encontrados em alimentos de origem animal e carotenóides
provitamina A de frutas e vegetais.

Infelizmmente, alimentos que contêm vitamina A (carne, leite)


são muito caros para os países em desenvolvimento e por isso
os
Dos 600 tipos de carotenóides que tem sido identificado em
fontes naturais só aproximadamente 50 têm actividade
provitamina A, sendo o tudos-trans-β-caroteno o principal
precursor desta vitamina.
quadro:
Actividade
relativa
da vitamina A
de vários
carotenóides
(Gross 1991)
A bioconversão dos carotenóides em vitamina A realiza-se
nas células intestinais e pode ocorrer também no fígado.

O retinal pode ser reduzido a retinol ou irreversivelmente


oxidado a ácido retinóico, antes de esterserificado com vários
ácidos gordos, fundamentalmente palmítico e é
transportado pela via de corrente sanguínea a fígado (2005).

Há dusss vias para a bioconverção àpara vitamina A:


•quebra central na ligação dupla 15:15´ do esqueleto do
carotenóide dando lugar a duas moléculas de retinal.
2) quebra assimétrica, em passos, produzindo uma serie da
apocarotenóides que podem dar lugar a uma molécula de
retinal e outras varias moléculas pequenas.
Figura: Representação simplificada da bioconverção de
β-caroteno a Vitamina A
Principais funções biológicas:

Ainda não se conhecem até agota com precisã a função dos


carotenóides nas plantas, embora os autores sugerem que
por conferir cores a tecidos e órgãos importantes para a
reprodução vegetal (flores e frutos), serven como factor
importante na atracção de insectos polinizadores.

Tem-se demonstrado também que joga uma função


importante no mecanismo de defesa da planta.
Por outro lado, dada a actividade antioxidante demonstrada
por exemplo pelo β-caroteno e sua capacidade de absorver
radiações no espectro visível, poderiam ser factores
importantes em processos como a fotossíntese.
Nos humanos estão de forma indirecta envolvidos na química
da visão, tendo em conta que o β-caroteno é o precursor
biossintético da Vitamina A, conhecida por retinol, substância
chave nos processos da visão.
No caso da acção em humanos é importante ter uma ideia
sobre
como é a absorção e metabolismo dos carotenóides no corpo.
O metabolismo dos carotenóides expressa-se em diferentes
formas (Perera e Yen 2007). Por uma parte, sua absorção e o
transporte no corpo determinariam, em certa medida, suas
acções biológicas.
Por outro lado, as mudanças químicas nos alimentos ou no corpo
poderiam determinar o alcance de seus perdas e/ou conversão
a outros compostos.
É geralmente aceite que a oxidação dos carotenóides se inicia
com a epoxidação prévia a transformação em outros
derivados.
Vários epoxicarotenóides e apocarotenóides observaram-se em
modelos da oxidação de experimentação, mas alguns também
foram identificados nos alimentos processados
(Rodríguez e Rodríguez-Amaya 2007).

Uma peroxidasa dos fungos comestíveis tem demonstrado ser


uma enzima chave capaz de que os carotenóides degradem-se
em compostos aromáticos importantes (como a ionona,
ciclocitral, e terpineol) (Zorn et al, 2003).
Aspectos ecológico-químicos:
Dada a actividade antioxidante demonstrada por exemplo pelo
β-caroteno e sua capacidade de absorver radiações
no espectro visível, poderiam ser factores importantes em
processos como a fotossíntese.
Os humanos estão de forma indirecta envolvidos na química
da visão, tendo em conta que o β-caroteno é o precursor
biossintético da vitamina A, conhecida por retinol,
substância chave nos processos da visão.
Propriedades químicas e físicas:
A característica mais significativa da estrutura carotenóide é
o longo sistema de ligações simples e duplas que alternads
que formam a parte central da molécula.

Este constitui um sistema conjugado em que os electrões π


estão efectivamente deslocalizados ao longo de toda a
cadeia.

Estas propriedades conferem aos carotenóides a sua forma


molecular peculiar, a sua reactividade química e suas
propriedades coloridas.
Com muito poucas excepções estes compostos são
lipofílicos, tem pouca ou nenhuma solubilidade em agua e
têm boa solubilidade em solventes orgânicos apolares.

Por tanto se espera que está limitada a sua presença nas áreas
hidrofóbicas da célula, tais como os núcleos internos das
membranas, exceto quando estão associados a proteínas, que
lhes permite ter acesso a meios aquosos.

A presença de Grupos funcionais polares alteram a polaridade


doscarotenóides e afectam suas interacções com outras
moléculas.

O tamanho e forma global das moléculas são importantes em


relação com as propriedades e funções dos carotenóides.
Todos os carotenóides coloridos nas configurações todo-
trans, têm uma conjugação estendida de sistema de
ligações duplas conjugadas e são moléculas lineares
rígidas.

A forma estrutural dos isómeros cis difere


substancialmente dos trans e portanto sua habilidade por
fixar-se nas estruturas subcelulares pode-se muito
afectada.
A tendência dos isómeros cis a cristalizar-se ou agregar-
se, a sua solubilidade, absorção e transporte usualmente é
muito menor que a contraparte tudos-trans.

A forma e tamanho dos grupos terminais são também


importantes.
Carotenóides acíclicos como o licopeno são
essencialmente longos e são moléculas lineares com
grupos terminais flexíveis.

A ciclização reduz a comprimento completo da molécula e


incrementa o papel efectivo dos grupos terminais e o
espaço que estes ocupam.

O sistema de ligações duplas conjugadas constitui um


cromóforo que absorve luz, conefere aos carotenóides suas
atractivos cores e proporciona o espectro de absorção
visível que serve de base para a sua identificação e
quantificação.
A maioria dos carotenóides absorvem como máximo a 3

comprimentos de onda dando lugar a espectros de 3 bandas.

Devempossuir pelo menos 7 ligações duplas conjugadas


para que um carotenóide possa ter uma coloração
perceptível.

Quanto major o número de ligações duplas conjugadas


maiores serão os valores de λmax .
Por exemplo o Licopeno, carotenóide acíclico com 11 ligações
duplas conjugadas é vermelho e absorve a 3 comprimentos
de onda diferentes (λmax = 444, 470 e 502 nms).

Licopeno
Os grupos hidroxílicos exercem uma grande influência sobre a
absorção entretanto que a metilação, acetilação e sililação
reduzem marcadamente este efeito.
Por ser altamente insaturados os carotenóides são propensos
à isomerização e oxidação.
O calor, a luz, os ácidos e a adsorção sobre superfícies
activas como o alumínio promuevan isomerização de tudos
os carotenóides tudos-trans à forma cis. Este resultado faz
que em alguns casos perda cor e a actividade provitamina
A.
A degradação oxidativa, principal causa da perda de
importância dos carotenóides depende da disponibilidade
pelo oxigênio e se vê estimulada pela luz, as enzimas e a
co-oxidação por hidroperóxidos lipídicos.
Os carotenóides mostram diferentes susceptibilidades à
oxidação. A luteína e a violaxantina parecem ser mais
lábeis que os outros.
A formação de epóxidos e apocarotenóides, é dizer,
carotenóides com esqueletos carbonados mais curtos,
parecem ser os passos iniciais.

Fragmentações subsequentes dão lugar a series de


compostos de baixo peso molecular similar aqueles que se
produzem na oxidação dos ácidos gordos.

Dessa forma, uma perda total de cor e das actividades


biológicas é a consequência final. Tudo isto faz que a
preparação, processamento, armazenamento e análise destes
compostos há que tomasse especiais cuidados.
Biossíntese:
Os carotenóides derivam-se biossintéticamente do
ácido mevalónico através de duas unidades C20 de
geranil-geranilpirofosfato (GGPP) com união cauda-
cauda . A Figura 2 esquematiza a biogénesis da unidade
C40 denominada Fitoeno.
?
Conceitos básicos sobre métodos clássicos e modernos de
isolamento, purificação e caracterização:
Isolamento e purificação:

Os carotenóides devido a sua grande conjugação de ligações


duplas presentes em suas moléculas decompõe-se por efeito da
luz, temperatura e o ar.

A luz favorece reacções fotoquímicas que mudam a estrutura


original do carotenóide (por exemplo isomeria cis e trans)
e é um fator a considerar ao momento de realizar sua extracção

O calor também favorece as reacções térmicas de degradação.


O ar devido ao oxigénio favorece a oxigenação das ligações
duplas formando epóxidos, hidroxilos e peróxidos, entre outros
Por estas razões a extracção de carotenóides deve-se
preferivelmente realizar em condições de ausência de luz, a
temperatura ambiente ou menor, e em ausência de oxigénio
(por exemplo em uma atmosfera de nitrogénio).

Além disso, deve-se fazer o mais rápido possível, e a partir


de tecidos frescos, para evitar a degradação pela acção
conjunta destes factores adversos.

Devido a que os carotenóides em sua maioria são solúveis


em solventes apolares como éter etílico, benzeno,
clorofórmio, acetona, acetato de etilo, entre outros, e a que
se devem extrair de tecidos frescos, os quais apresentam um
alto conteúdo da água qual dificulta uma extracção
eficiente, é conveniente eliminar esta água previamente.
Um procedimento recomendável é desidratar os tecidos com
etanol ou metanol a ebulição seguido de filtração.

O tecido desidratado pode-se então extrair com um solvente


apolar.

Uma alternativa a este processo de desidratação é a liofilização


a qual resulta vantajosa porque realiza-se a baixa
temperatura e a vazio, eliminando a possibilidade de
degradação pelas altas temperaturas e presença de ar.

Se nos extractos existem carotenóides esterificados, estes


podem-se hidrolisar dissolvendo o extracto em um
volume pequeno de KOH 60% alcoólico.
Devido a que os extractos de carotenóides geralmente
estão impurificados pelas outras substâncias como os
esteróis, estes podem-se eliminar deixando o extracto
concentrado em solução de éter etílico, tapado e a -10°C
durante a noite.
Desta maneira os esteróis precipitam e podem ser
retirados pela centrifugação ou filtração.
Uma vez que se obteve o extracto ou os extractos de
carotenóides, estes podem-se separar e analisar pelo
cromatografia em camada fina, em papel ou em coluna.

O método mais usado é a cromatografia em camada fina


com várias classes de fases estacionárias que incluem:
óxido de magnésio activado, sílica gel, hidróxido de cálcio
e fosfato de magnésio entre outros.
Quadro de valores Rf em CCF de vários carotenóides
naturais
Para a separação e isolamento cromatográfico com sílica gel
alguns autores recomendam alcalinizar a sílica com KOH a 3%
para prevenir a isomerização durante o desenvolvimento
cromatográfico.

Como os carotenóides começam o processo de decomposição


ao secá-la placa pela evaporação de eluente, recomendam-se
trabalhar com atmosfera de um gás inerte.

Para proteger as cores contra a oxidação, as placas


cromatográficas podem pulverizar com uma solução da óleo
de parafina a 5% em éter de petróleo.
Mais recentemente devido ao avanço dos métodos
cromatográficos instrumentais é possível o isolamento
rápido de carotenóides puros.

Neste sentido, a cromatografia líquida de alta


eficiência (CLAE) é muito utilizada actualmente, devido a
que pode-se trabalhar a baixas temperaturas, em ausência
de luz e ar, e é muito sensível aos grupos dienos
conjugados abundantes nas estruturas dos pigmentos
carotenóides.
Acgtualmente, o procedimento de análise e
identificação dos carotenóides em amostras biológicas
realiza-se em três etapas principais. Na primeira,
obtêm-se o extracto cru.
Posteriormente, o extracto é submetido a extracção em um
cartucho com uma fase sólida (de sílica gel para eliminar
interferências polares, ou de octadecilsilano ou octilsilano,
para eliminar impurezas apolares, ou ambos). O extracto
recupera-se novamente por eluição com um solvente
adequado, e finalmente submete-se a análise e/ou
fracionamento
preparativo por CLAE.
A identificação pode ser feita pelo comparação com os
tempos de retenção do carotenóides padrões, ou no caso
preparativo os carotenóides isolados submetem-se a
análise espectrais de massas, RMN, etc.
Ensaios qualitativos:

Os carotenóides como viu-se anteriormente, são na sua maioria


pigmentos lipossolúveis de cores amarelo, laranja e vermelho.

Isto permite reconhecer facilmente nos extractos vegetais com


ajuda da CCF.

Ao adicionar ácido sulfúrico concentrado ás manchas dos


carotenóides sobre uma placa cromatográfica ou uma solução
anhidra destes num solvente como clorofórmio ou
diclorometano observam-se colorações de tonalidade azul.
Devido à presença de várias ligações duplas C=C
conjugadas, estes reagem também com o reagente de
Liebermann-Burchard, usado para o reconhecimento de
esteróides e/ou triterpenóides.
Portanto deve ter-se em conta que os carotenóides são
falsos positivos para esteróides e/ou triterpenóides, mas
a presença dos carotenóides em uma amostra vegetal se
reconhece pelas suas cores característicos (amarelo-
laranja-vermelho), entretanto que a maioria de esteróides
e triterpenóides conhecidos até hoje são incolores.
Terá que ter em conta sempre ao utilizar as reacções de
coloração que os carotenóides são coloridos, por isso não é
recomendável utilizar este método por trazer
interferências!
Caracterização espectroscópica:

O espectro visível dos carotenóides é muito característico na


região de 400 a 500 nm. Observa-se um máximo ao redor
de 450 nm e geralmente apreciam-se dois máximos ou
ombros a cada lado. A Figura 3 amostra o espectro visível
de β-caroteno em éter de petróleo.

O quadro 2 apresenta dados dos espectros visível de alguns


carotenóides, em n-hexano e em clorofórmio.
O espectro IV geralmente não é muito útil para a
Caracterização da maioria dos carotenóides, entretanto pode
servir para o reconhecimento do carotenóides raros, pois
proporciona informação sobre a presença de grupos funcionais
como p.e. grupos carbonilo e ligações triplas C≡C.

Devido à baixa volatilidade dos carotenóides, seus espectros


de massas de impacto electrónico são de difícil interpretação e
não proporcionam o ião molecular, pelo que praticamente não
se usam.

Entretanto, devido ao desenvolvimento das técnicas de


ionização suave, obtêm-se informação estrutural muito
valiosa.
Como na grande maioria dos metabólitos secundários, a
melhor técnica para a elucidação estrutural dos carotenóides
é a RMN em suas diferentes modalidades mono e
bidimensionais.

Não obstante, apresentam uma grande complexidade e


requerem de um alto grau de especialização na interpretação
de seus espectros.
Resumo:

Pode-se ver que embora esta família é algo específica pode


poder-se considerar um terpenóide com oito unidades
isoprénicas e 40 átomos de carbono tem uma grande
importância tanto em suas acções biológicas como em suas
aplicações gerais e sua estrutura química determina seu
comportamento reactivo e as precauções que terá que tomar
ao trabalhar-se com eles.
A organização do seminário será da seguinte forma:
1 Caracteristicas gerais, classificação e fontes naturais
10 min/ 5 min
4 Principais aplicações, aspectos ecológico-
químicos, 10 min/ 5 min
5 Principais funções biológicas, propriedades
químicas e físicas 10 min/ 5 min
INTERVALO 20 min

3 Biossíntese 15 min/ 10 min

2 Isolamento, purificação e caracterização 25/ 15


Uma pergunta para que pensem em suas
casas:
Por que se o Licopeno e o Caroteno têm o mesmo número
de duplas ligações têm diferentes cores?

Licopeno
β-Caroteno

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