Você está na página 1de 4

CAPÍTULO 3

METABOLISMO SECUNDÁRIO

Produto natural diz respeito aos componentes naturais extraídos de um único


organismo ou grupos comum a ele (MANN, 1987). Esses produtos são estudados na
Química de Produtos Naturais, com métodos de isolamento, purificação de novos
compostos e determinação estrutural (ANDRADE, 1999).

Os compostos químicos dos organismos vivos são sintetizados e degradados por


reações anabólicas e catabólicas, que são mediadas por enzimas, e isso constitui o
metabolismo dos organismos. Todos os organismos vivos possuem rotas metabólicas
primárias e secundárias, mas eles utilizam a segunda rota para produzir os compostos
metabólicos (MANN, 1897, KAYS, 1991 e ANDRADE, 1999).

METABÓLITOS PRIMÁRIOS

Os metabólitos secundários são essenciais para o desenvolvimento da planta e


também na pós colheita. As rotas são codificadas geneticamente e ativadas no estágio
de desenvolvimento ou em estágio de estresse como forma de defesa. O potencial desse
metabolismo depende da base genética da planta em responder a estímulos internos ou
externos (MANN, 1987 e MARTINS, 1994).

PRINCIPAIS CLASSES DE COMPOSTOS NATURAIS ATIVOS

Muitos constituintes naturais das plantas não foram isolados e estudados


quimicamente, enquanto alguns já isolados e com estrutura química determinada não
foram estudados quanto às atividades biológicas e terapêuticas. Isso indica, portanto,
que a composição química das plantas ainda é pouco conhecida, e o número de
compostos vegetais é muito grande.

Origem da síntese dos compostos secundários

- Ácido shiquímico, precursor de muitos compostos aromáticos

-Aminoácidos, fonte de alcaloides (uma das classes químicas com maior


potencialidade de fornecer compostos com atividades farmacológica) e peptídeos.

-Acetato, que origina compostos como poliacetilenos, polifenóis, terpenos,


esteroides, carotenoides dentre outros.
1a ORIGEM- METABÓLITOS DERIVADOS DO ÁCIDO SHIQUÍMICO

O Shiquimato é precursor do metabolismo secundário. Através desse ácido, as


plantas sintetizam muitos compostos aromáticos que sustentam funções primárias de
sobrevivência. Essa rota metabólica é elaborada com fins ecológicos (FLOSS, 1997). A
rota do Shiquimato é frequente nos microorganismos e plantas. Dentro de condições
ótimas, as plantas fixam 20% do carbono utilizando essa rota, que é iniciada com a
reação de condensação das moléculas de fosfoenolpiruvato e eritrose 4-fosfato
catalizado pela enzima 3-deoxi-D-arabino-heptulosanato. Ferimentos em plantas têm
causado a síntese de m-RNA e acúmulo de DAHP. Nessas circunstâncias, o clorismato
se faz necessário para desviar e entrar na síntese das ligninas e reparo de lesões. Esses
estímulos não so causam a síntese de DAHP, mas atuando diretamente nos tecidos.

TRIPTOFANOS E COMPOSTOS RELACIONADOS

Ácido indol (3) Acético: Produzido pelo triptofano

FENÓIS E ÁCIDOS FENÓLICOS

Fenol e Tirosina Fenol-liase: catalisa reações

Ácido salicítico: Função regulatória das plantas a doenças. Origina-se do ácido


cinâmico, podendo haver duas vias intermediárias envolvidas: ácido 2- cumárico ou
ácido benzoico (DEWICK, 1995).

FENILPROPANÓIDES

ÁCIDOS HIDROXICINÂMICOS E ESTERES

QUINONAS

2° ORIGEM

Alcaloides

A) Derivados do metabolismo da ornitina e lisina.


B) B) Alcaloides da fenilalanina e do triptofano
C) Alcaloides derivados do triptofano
D) Alcaloides derivados do Ácido Antranílico

3° ORIGEM – METABOLITOS DERIVADOS DO ACETATO


Ácidos graxos e acetogeninas

IMPORTÂNCIA DO METABOLISMO SECUNDÁRIO


O processo de adaptação das plantas ao ambiente envolve competição
entre as espécies por recursos e busca por equilíbrio predador-presa. A
adaptação de plantas envolve metabolismos primários e secundários
(HARBORNE,1997). Muitos insetos são especializados em famílias de
plantas tóxicas, que não são atacadas por outros fitófagos, pois
desenvolveram receptores específicos dessas substâncias tóxicas. Os insetos
usam o metabólito como localizador das plantas que podem comer,
garantindo assim a vantagem competitiva na utilização de recursos
alimentares primários vindos desses vegetais.
A taxa de produção de metabólitos secundários têm alto custo
energético, pois muitos precursores são desviados de metabólitos primários
junto com enzimas e energia, deixando o dilema de crescer ou se defender
nas plantas atacadas por herbívoros. Os metabólitos secundários associados à
resistência aos microrganismos podem ser classificados em compostos pré e
pós infeccionais. Os pré-infeccionais estão presentes em concentrações que
impedem o desenvolvimento de microrganismos ou em concentrações baixas
que aumentam rapidamente após início da infecção. Os pós infeccionais
surgem por hidrólise ou por precursores inativos presentes nas células.
Podem ainda estar ausentes nos tecidos das plantas saudáveis sendo
sintetizados novamente no local da infecção. O efeito da palatabilidade pode
ocorrer dias após a indução.
Interação planta-planta
Alguns metabólitos secundários produzidos pelas plantas podem ser
repelentes ou tóxicos aos herbívoros, bem como atrativos à polinização. Eles
são liberados no ambiente e aumentam o crescimento de folhas, resinas de
árvores e outros, podendo ainda reduzir o seu crescimento. São liberados via
raiz, podem reduzir a competição entre outras espécies, inibem a germinação
ou crescimento.
Interação planta-microrganismos
As plantas produzem compostos que inibem o crescimento de
patógenos. São as fitoalexinas, usualmente produzidas em pequenas
quantidades e por período limitado. São características de famílias e os tipos
de compostos produzidos estão intimamente relacionados aos constituintes
secundários que ocorrem naturalmente nas famílias botânicas (DIETRICH,
1987).
A utilização de plantas no nosso dia a dia talvez seja tão antiga
quanto os humanos. As experiências foram adotadas no convívio e na
experimentação com a natureza e o interesse de pesquisadores e indústrias é
crescente. Os estudos envolvem várias áreas do conhecimento devido à
complexidade da natureza. As espécies vegetais contém grupos de
substâncias, dependendo da codificação genética e dos estímulos
proporcionados pelo meio. Portanto, os metabólitos secundários tem relação
com a ecologia da planta. A capacidade ecológica de interagir e adaptar com
o meio contribui na sobrevivência das espécies nos nichos ecológicos,
possibilitando adaptações ao longo do tempo.
A comunidade científica caminha na tentativa de compreender a
natureza, mas ainda existe uma visão fragmentada e materialista dos fatos.

Você também pode gostar