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Marcio Fronza
UVV
10.37885/210605119
RESUMO
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Sistemas Integrados de Produção: pesquisa e desenvolvimento de tecnologias
INTRODUÇÃO
Os vegetais possuem duas vias metabólicas, sendo uma das vias, chamada de me-
tabolismo primário, onde os compostos comumente encontrados em todos os organismos
vivos são sintetizados, degradados e interconvertidos. Estes compostos comuns sãos os
carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos (DEWICK, 2002; HASLAM, 2001). O meta-
bolismo primário é comum e semelhante em todas as plantas, este corresponde ao conjunto
de processos metabólicos que desempenham funções essenciais que são responsáveis pelo
crescimento, desenvolvimento, sobrevivência e reprodução das plantas, tais processos são:
a fotossíntese, a síntese de aminoácidos e proteínas, absorção de nutrientes, entre outros
(BÖTTGER et al., 2018; DEWICK, 2002; HASLAM, 2001).
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A segunda via, que está voltada para a produção de metabólitos com distribuição
limitada na natureza, é chamada de metabolismo secundário (DEWICK, 2002; HASLAM,
2001). Os metabólitos secundários têm distribuição restrita e são uma expressão da indivi-
dualidade das espécies (DEWICK, 2002). Esses metabólitos , embora não desempenhem
funções diretamente relacionados ao ciclo de vida da espécie, exercem um papel essencial
na interação das plantas com o meio ambiente, desempenham algum papel vital para o bem-
-estar da vegetal produtor (BÖTTGER et al., 2018; DEWICK, 2002). Isto é, o metabolismo
secundário está associado a adaptação da planta a fatores bióticos e abióticos aos quais
ela está inserida (TAIZ; ZEIGER, 2013).
Nesse contexto os metabólitos secundários apresentam três principais funções: defesa
química contra os herbívoros e contra a infecção por microrganismos patogênicos, agem
como atrativos (odor, cor ou sabor) para animais polinizadores e dispersores de sementes e
atuam como agentes na competição planta-planta e nas simbioses plantas-microrganismos
(DEWICK, 2002; HASLAM, 2001; TAIZ; ZEIGER, 2013). Além disso, apresentam ação prote-
tora associados com mudanças de temperatura, conteúdo de água, níveis de luz, exposição
a UV e deficiência de nutrientes minerais (BÖTTGER et al., 2018). Portanto, o conteúdo de
metabólitos secundários varia entre as espécies de plantas e dentro da própria espécie caso
as plantas sejam expostas a fatores bióticos e abióticos distintos (DEWICK, 2002).
É importante destacar que os metabólitos secundários das plantas, incluindo os óleos
essenciais, desempenham importantes funções ecológicas e fisiológicas para as plantas.
Essas propriedades biológicas dos óleos essenciais têm sido exploradas pelo homem e
podem ser também aplicadas a diversas áreas como farmacêutica, cosmética e alimentícia,
evidenciando a importância de conhecer melhor os óleos essenciais (BAKKALI et al., 2008).
Os metabólitos oriundos dos processos fundamentais de fotossíntese, glicólise e ciclo
de Krebs são aproveitados fora dos processos de geração de energia para fornecer interme-
diários biossintéticos e são a base para os blocos de construção dos metabólitos secundários,
originando as rotas biossintéticas que permitem a formação dos grandes grupos metabólitos
secundários: os fenólicos, os nitrogenados, os terpenos e os sulfurados e chamados de
miscelâneas (DEWICK, 2002; HASLAM, 2001; TAIZ; ZEIGER, 2013).
Os óleos essenciais são constituídos de mono e sesquiterpenos e fenilpropanói-
des. Os terpenóides, no entanto, representam o maior grupo químico encontrado nos óleos
essenciais e são responsáveis por atribuir a volatilidade, os odores típicos e as propriedades
biológicas dos óleos essenciais. Os terpenos regulares são originários da rota do mevalonato
e os irregulares da rota do metileritritol fosfato (MEP) (DEWICK, 2002)(BAKKALI et al., 2008).
Na rota do mevalonato, para a formação ácido mevalônico três moléculas de acetil-CoA
são ligadas, resultando em um intermediário de seis carbonos que será, então, pirofosforilado,
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descarboxilado e desidratado, produzindo isopentenil difosfato (IPP) que representa a uni-
dade básica formadora de terpenos (DEWICK, 2002; TAIZ; ZEIGER, 2013). Na rota MEP,
a formação de IPP ocorre a partir do gliceraldeído 3-fosfato e dois átomos de carbono de-
rivados do piruvato que se condensam, formando um intermediário de cinco carbonos, o
1-deoxi-D-xilulose 5-fosfato. Em seguida, há o rearranjo e a redução desse intermediário a
2-C-metil-D-eritritol 4-fosfato (MEP), o qual é convertido em IPP. Por consequência, todos
os terpenos são formados a partir de combinações de unidade C5, também chamadas de
isopreno (DEWICK, 2002; TAIZ; ZEIGER, 2013).
Os monoterpenos e sesquiterpenos são originados a partir de duas unidades de iso-
preno, são formados os monoterpenos que apresentam uma grande variedade de estrutura
e estão presentes em 90% dos óleos essenciais. Com a combinação de três unidades de
isopreno, originam-se os sesquiterpenos, também com estrutura variada e importante con-
tribuição na composição química dos óleos essenciais (BAKKALI et al., 2008).
Os fenilpropanoides são originários da via do shiquimato, que gera compostos com um
anel aromático ligados a três carbonos (C6-C3). São voláteis e coloridos e com distribuição
altamente restrita (DEWICK, 2002; HASLAM, 2001). Um espécie que produz óleo essecial
pode conter de forma mista os terpenóis e os fenilpropanóides, como o óleo essencial de
cravo da índia que possui o eugenol, fenilpropanóide, como majoritário, e tem o sesquiterno,
β-cariofileno (DEWICK, 2002; HASLAM, 2001).
Os óleos essenciais podem ser sintetizados por todos os órgãos das plantas, ou seja,
desde as raízes até os frutos, e são armazenados e secretados por estruturas especializadas
como células secretoras, cavidades, canais, células epidérmicas ou tricomas glandulares.
Entretanto o conteúdo e a composição dos óleos essenciais não são constantes no meta-
bolismo secundário das plantas. Dessa forma, é importante salientar que os terpenos são
afetados pelas condições ambientais, época de colheita, estágio de desenvolvimento da
planta e condições armazenamento pós-colheita. Portanto, para que a composição química e
o rendimento dos óleos essenciais sejam constantes, é necessário que processo de extração
obedeça às mesmas condições, desde a escolha do órgão da planta até as condições de
cultivo, envolvendo fatores bióticos e abióticos (BAKKALI et al., 2008; TAIZ; ZEIGER, 2013).
Os óleos essenciais têm sido usados em todo o mundo por séculos para diferentes
finalidades de acordo com cada cultura. Nos primórdios da humanidade, não sabemos exata-
mente se os óleos essenciais foram usados como agentes para tratar ou curar enfermidades
ou apenas como aromatizantes em preparações. Existem relatos na literatura sobre o uso
de óleos aromáticos pelos antigos egípcios desde 4500 AC em cosméticos e pomadas. Eles
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costumavam fazer preparações à base de plantas e adicionar plantas aromáticas como anis,
cedro, mirra e uvas (ELSHAFIE; CAMELE, 2017).
Na medicina tradicional chinesa e indiana, o uso de óleos aromáticos foi registrado
pela primeira vez entre 3000 e 2000 AC. Em particular, registros históricos na China e a
Índia relatam a existências de mais de 700 substâncias, incluindo canela, gengibre, mirra e
sândalo como sendo eficaz para a cura. A história grega documentou o uso de diferentes
óleos essenciais pela primeira vez entre 500 e 400 AC. Documentos gregos descrevem o
uso medicinal de diferentes óleos essenciais, incluindo tomilho, açafrão, manjerona, cominho
e hortelã-pimenta (BAKKALI et al., 2008b; ELSHAFIE; CAMELE, 2017).
Nos séculos 18 e 19, avanços significativos na área da química propiciaram grande
incremento na descoberta e identificação de uma grande variedade e diversidade de com-
postos aromáticos com promissoras propriedades biológicas. Alguns desses óleos essenciais
são usados a centenas e até mesmo milhares de anos, como lavanda, hortelã-pimenta e
mirra (ELSHAFIE; CAMELE, 2017).
Apesar de seu uso generalizado, pouco se sabe sobre a capacidade dos óleos essen-
ciais para tratar certas condições de saúde. As propriedades biológicas dos óleos essenciais
são atribuídas a seus principais constituintes ativos estáveis ou voláteis ou a soma de seus
constituintes que atuam de forma sinérgica ou antagônica. Neste contexto, o termo “bioa-
tividade”, ou seja, óleo essencial com propriedades biológicas, pode ser usado para todos
os óleos essenciais que demonstram alguma atividade biológica sobre humanos, animais e
plantas (ADORJAN; BUCHBAUER, 2010).
Em relação às suas propriedades biológicas, deve-se ter em mente que os óleos es-
senciais são formados por misturas complexas contendo inúmeras moléculas, e geralmente
nos deparamos com a clássica pergunta se os efeitos biológicos são atribuídos ao resultado
do sinergismo de todas as moléculas ou poderiam estar relacionadas apenas as principais
moléculas presentes na composição dos óleos essenciais. Na literatura, na maioria dos ca-
sos, apenas os principais constituintes de certos óleos essenciais como terpineol, eugenol,
timol, carvacrol, geraniol, linalol, citronelol, eucaliptol, limoneno, cinamaldeído são descritos.
Geralmente, os componentes majoritários encontrados refletem muito bem as características
físico-químicas dos óleos essenciais, entretanto, as propriedades biológicas e a amplitude
de seus efeitos, geralmente são atribuídas aos efeitos sinérgicos dos seus constituintes,
em comparação a ação de um ou dois componentes principais (ADORJAN; BUCHBAUER,
2010; BAKKALI et al., 2008b; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
Os óleos essenciais têm sido amplamente utilizados em diferentes áreas e aplicações
destacando-se a indústria farmacêutica, cosmética, na aromaterapia, agrícola e alimentícia
(ADORJAN; BUCHBAUER, 2010; BAKKALI et al., 2008b; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
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Entre as principais propriedades medicinais atribuídas aos óleos essenciais, destaca-
-se a ação antimicrobiana, tendo sidos os primeiros artigos publicados no final século XIX
(CHAMBERLAIN, 1887) e início do século XX (MARUZZELLA; SICURELLA; F, 1960). O tra-
tamento de infeções continua sendo um grande desafio, principalmente devido a resistências
que os microrganismos têm desenvolvido ao longo dos anos aos antibióticos disponíveis,
bem como, em virtude dos efeitos adversos e indesejados de alguns fármacos disponí-
veis. Neste contexto, existe uma alarmante necessidade de encontrar novas alternativas,
com diferentes modos de ação, mais eficazes e seguras. Vários estudos já revelaram as
propriedades antimicrobianas dos óleos essenciais e seus constituintes de diversas plan-
tas aromáticas, nomeadamente antibacteriana, antifúngica e antiviral. Essas propriedades
exercem primariamente a função de proteção da própria planta contra o ataque de diversos
microrganismos. No entanto, além disso, essas mesmas propriedades revelaram-se efica-
zes em atuar contra os microrganismos que afetam também o ser humano (CHOUHAN;
SHARMA; GULERIA, 2017).
Inúmeros óleos essenciais têm demonstrado a capacidade de inibir o crescimento de
bactérias Gram positivas (Gram+) e Gram negativas (Gram-) e de fungos. Embora o me-
canismo de ação de alguns componentes dos óleos essenciais tenha sido elucidado em
muitos trabalhos pioneiros no passado, ainda falta conhecimento detalhado da maioria dos
compostos. A atividade antimicrobiana dos óleos essenciais está associada principalmente a
presença de determinados compostos que têm a capacidade de alterar a permeabilidade da
membrana externa dos microrganismos e/ou inibir enzimas importantes para o crescimento
e sobrevivência (CHOUHAN; SHARMA; GULERIA, 2017; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
Exemplificando, inúmeras plantas aromáticas que produzem óleos essenciais são co-
nhecidas por apresentarem atividade antimicrobiana, entre elas destacam-se o Syzygium
aromaticum (cravo-da-india), Cinnamomum cassia (Canela), Eucalyptus camaldulensis e
Eucalyptus robusta (eucalipto), Thymus vulgaris (tomilho), Rosmarinus officinalis (alecrim),
Laurus nobilis L. (louro) Melaleuca alternifolia Maiden & Betch (Melaleuca) entre tantos outras
espécies (ADORJAN; BUCHBAUER, 2010; BAKKALI et al., 2008b; CHOUHAN; SHARMA;
GULERIA, 2017; MARUZZELLA; SICURELLA, 1960; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
Outra importante propriedade medicinal que tem sido observada nos óleos essenciais,
são as propriedades ansiolíticas. A ansiedade é considerada um estado psicofisiológico no
qual as pessoas experienciam sentimentos de apreensão, insegurança e medo, interferindo
muitas vezes com o sono e capacidade de repouso. Nas últimas décadas, muitos estudos
científicos, têm suportado a ideia dos efeitos psicoativos dos óleos essenciais e dos seus
constituintes, apesar de não permitirem uma correlação clara dos efeitos biológicos obser-
vados, serem atribuídos aos óleos essenciais. No entanto, na sabedoria popular o uso de
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óleos essenciais com esses efeitos é amplamente difundido. Destacam-se os óleos essen-
ciais de lavanda, bergamota, camomila-romana, capim-limão, jasmim e sândalo, que são
bastante utilizadas desde os tempos antigos pelos seus efeitos calmantes e relaxantes em
aromaterapia, diminuindo estados de ansiedade (DE SOUSA et al., 2015).
Os distúrbios inflamatórios estão associados a dor, vermelhidão e inchaço, levando
à perda de funções vitais e, os óleos essenciais têm demonstrado possuírem importantes
propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, inclusive mais eficazes do que muitos pro-
dutos farmacêuticos. Além dos benefícios no controle da inflamação e diminuição da dor,
os óleos essenciais geralmente apresentam menos efeitos colaterais do que muitos medi-
camentos sintéticos e tradicionais. A atividade anti-inflamatória dos óleos essenciais e seus
constituintes têm sido atribuída a redução do estresse oxidativo e pela inibição da libertação
de mediadores químicos de inflamação, como por exemplo, prostaglandinas, leucotrienos,
citocinas e quimiocinas. Destacam-se como óleos essenciais com propriedades antioxidantes
e anti-inflamatórios, a Matricaria chamomilla (camomila), Calendula officinalis (calêndula),
Arnica montana L. (arnica), Rosmarinus officinalis (alecrim), Origanum vulgare (orégano),
Citrus aurantium (laranja-azeda) entre outros (ADORJAN; BUCHBAUER, 2010; BAKKALI
et al., 2008b; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
Na área agrícola, os métodos mais comuns de controle dos insetos e pragas agrícolas
são realizados por meio do uso de inseticidas sintéticos (piretroides, carbamatos e organo-
fosforados). Porém, o uso abusivo e destes inseticidas trazem diversos riscos e implicações
toxicológicas importantes para a saúde humana, além de contaminar o meio ambiente. Por
estas razões, cada vez existem restrições em relação ao uso destes inseticidas e da quanti-
dade de compostos químicos oficialmente registrados para o controle de pragas. Neste con-
texto, podemos destacar as promissoras propriedades que alguns óleos essenciais extraídos
de certas espécies vegetais têm de repelir, impedir o crescimento, reduzir a oviposição e/ou
matar diversos insetos. Os óleos essenciais possuem a capacidade de adentrar nos insetos
através das vias respiratórias, por contato ou por ingestão. Quando agem por contato, seus
compostos são absorvidos pela quitina e exoesqueleto e podem apresentar sua ação tóxica
atuando no sistema nervoso central provocando a morte. De forma geral, podemos atribuir o
potencial de toxicidade dos óleos essenciais a microrganismos e insetos (pragas), ao conjunto
de compostos existentes em sua constituição, não atribuindo desta forma a responsabilidade
somente aos compostos majoritários. Entre as espécies mais estudadas com propriedades
inseticidas destacam-se o Genus Azadirachta com destaque para a espécie Azadirachta
indica Juss. conhecida popularmente como “nin”, o Genus Artemisia (Artemisia absinthium,
Artemisia annua, Artemisia californica), o Genus Mentha (Mentha piperita, Mentha sylvestris,
Mentha spicata), entre outros (PANDEY; SINGH, 2017; SINGH; PANDEY, 2018).
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Além das atividades descritas acima, inúmeras outras propriedades biológicos têm sido
atribuídas aos óleos essenciais, como por exemplo, propriedades antitumorais, quimiopre-
ventiva, antidiabéticas, antifúngicas, cicatrizante, antisséptica e antiparasitária (ADORJAN;
BUCHBAUER, 2010; BAKKALI et al., 2008b; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
RESULTADOS OBTIDOS
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Campomanesia phaea
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Spondias mombin
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Psidium myrthoides
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os óleos essenciais podem ser considerados como um presente que as plantas aro-
máticas oferecem ao Homem, não só pelos seus aromas agradáveis, mas também pelas
suas propriedades terapêuticas. Os óleos essenciais escondem no seu interior uma grande
riqueza em compostos que ainda carecem de investigações e que poderão proporcionar
grandes mudanças na área da saúde no futuro.
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O emprego dos óleos vegetais passou pela sabedoria popular, que vem desde os
primórdios da humanidade, para o seu uso nas terapias complementares que marcaram
o ressurgimento destes produtos. Nos dias atuais, os óleos essenciais representam uma
importante ferramenta terapêutica para a prevenção e tratamento de diversas situações em
que a saúde e o bem-estar das pessoas se encontram comprometidas. Os efeitos adversos
associados aos medicamentos produzidos síntese química, e a recorrente resistência dos
microrganismos aos tratamentos já existentes, além da falta de recursos para a compra de
medicamentos convencionais para o tratamento destas doenças, têm impulsionado cada
vez mais a busca por novas alternativas.
Destacamos também que a extração sustentável de óleos essenciais de espécies
nativas da Mata Atlântica integradas ao sistema silvipastoril, surge como uma importante
alternativa para a geração e diversificação de renda aos produtores rurais e para o fortale-
cimento e manutenção dos jovens no campo.
Neste contexto, concluímos que é de grande importância que se continue a busca por
novas espécies, ainda pouco exploradas, e os estudos científicos que busquem a devida
comprovação das propriedades terapêuticas dos óleos essenciais no sentido de avançar e
ampliar seu uso na indústria farmacêutica, cosmética, agrícola e alimentícia, para que assim
se consiga tirar proveito de tudo o que os óleos essenciais têm para nos oferecer.
AGRADECIMENTOS
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