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Óleos essenciais como alternativa


de renda em áreas de Sistemas
silvipastoril

Marcio Fronza
UVV

Flávia Vitorino De Araújo Porto


UVV

Iana Soares Pessoa


UVV

Denise Coutinho Endringer


UVV

10.37885/210605119
RESUMO

O trabalho teve como objetivo avaliar a viabilidade técnica da extração sustentável de


óleos essenciais de diferentes espécies vegetais para introdução no sistema integrado
silvipastoril, bem como suas potencialidades para o emprego na indústria farmacêutica,
cosmética ou de alimentos. Diversas espécies localizadas em fragmentos florestais lo-
calizados no município de Alegre e Cachoeiro de Itapemirim foram selecionadas para
coleta e extração dos óleos essenciais por hidrodestilação. A viabilidade técnica foi
avaliada pela determinação do rendimento. As potencialidades dos óleos foram deter-
minadas pela sua composição química bem como pelas suas propriedades terapêuticas
e medicinais investigadas em diferentes ensaios biológicos in vitro para avaliar as pro-
priedades antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana. Entre as 17 espécies estudas,
destacamos a Campomanesia phaea (cambuci), a Spondias mombin (cajá-mirim) e a
Psidium eugeniaefolia (araça-una) como espécies promissores com rendimento extrativo
satisfatório e potencial medicinal para indústria farmacêutica e de cosméticos. As três
espécies apresentaram como classe predominante os sesquiterpenos, com destaque
para o (E)-Cariofileno presente no cambuci (14,0%), araça-una (28,0%) e no cajá mirim
(37,8%). Entre as propriedades biológicas dos óleos essenciais estudados, destacou-se
a atividade anti-inflamatória. Com base nos resultados obtidos, nosso estudo comprovou
a viabilidade técnica da extração sustentável de óleos essenciais de espécies nativas da
Mata Atlântica que podem ser encontradas e/ou introduzidas no sistema integrado silvi-
pastoril. O médio e longo prazo, este estudo poderá contribuir no sentido de incentivar a
extração e obtenção de óleos essenciais que poderão proporcionar uma nova alternativa
para a geração e diversificação de renda dos produtores rurais Capixabas.

Palavras-chave: Plantas Aromáticas, Óleos Essenciais, uso Medicinal, Sistema Silvipas-


toril, Sustentabilidade.

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INTRODUÇÃO

Origem e histórico dos óleos essenciais

A origem do uso de óleos essenciais não é precisamente datada na literatura, mas


as evidências apontam que sua história começou na cultura egípcia, onde ocorreram os
primeiros processos de destilação dos óleos essenciais, especialmente realizados pelos
sacerdotes (GUENTHER, 1948). Durante esse período, os óleos essenciais eram utilizados
para embalsamar cadáveres em cerimônias religiosas ou de sacrifícios para evitar a decom-
posição dos corpos. Além disso, cada faraó tinha sua própria mistura e os óleos essenciais
eram usados como cosmético, assim como o uso medicinal, especialmente para proteger
a pele do clima árido (BRITO et al., 2014). A utilização dos óleos essenciais é mencionada
188 vezes na Bíblia, tanto para embalsamar, quanto ungir e curar enfermos (“Bíblia Católica
Online”, [s.d.]).
O uso popular e as descobertas empíricas a respeito das plantas aromáticas e dos
óleos essenciais se perpetuaram ao longo dos séculos. Ao final do século XVIII e durante
o século XIX, a ciência química evoluiu e países como França, Inglaterra e Alemanha se
aprofundaram na investigação da natureza dos óleos essenciais, que eram assim deno-
minados por estar associado à essência do indivíduo (GUENTHER, 1948). O discípulo de
Louis Pasteur, M Chamberlain, fez a primeira publicação científica sobre as propriedades
antissépticas dos óleos essenciais (CHAMBERLAIN, 1887). Posteriormente, outro amplo
artigo foi publicado com a avaliação da atividade antibacteriana in vitro 133 óleos essenciais
contra seis organismos de teste (MARUZZELLA; SICURELLA; F, 1960)
No Brasil, a pesquisa de óleos essenciais iniciou, aproximadamente, em 1940 com
ênfase para o óleo de sassafrás e o óleo de pau-rosa no Instituto de Óleos e no Instituto de
Química Agrícola (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009). Por volta de 1950, esses institutos
expandiram e diversificaram suas pesquisas na composição fitoquímica, porém, em 1962 o
Ministério da Agricultura promoveu uma reestruturação que extinguiu o Instituto de Química
Agrícola e, posteriormente, em 1971, o Instituto de Óleos (BIZZO; HOVELL; REZENDE,
2009). Entretanto, nessa mesma época foi fundada a Empresa Brasileira de Pesquisa e
Agropecuária (EMBRAPA) ou Embrapa Agroindústria de Alimentos que incorporou em suas
pesquisas a área da fitoquímica (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009).
O Brasil detém a maior diversidade genética vegetal do mundo (MYERS et al., 2000),
contudo, estima-se que muitas substâncias bioativas ainda não foram descobertas, portanto
inúmeras substâncias de relevância medicinal e econômica podem estar ocultas em nossas
florestas tropicais (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2021). Estes fatores ressaltam a
importância do estudo das plantas aromáticas e, consequentemente, dos óleos essenciais.
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Desde 2006, o uso de plantas medicinais é apoiado e incentivado no Brasil pela fitoterapia,
uma alternativa terapêutica contemplada na Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015).

O que são óleos essenciais

Existem no mundo, em torno de 17.500 espécies aromáticas capazes de produzirem


óleos essenciais. Os gêneros capazes de elaborar os compostos que constituem os óleos es-
senciais estão distribuídos em um número limitado de famílias, como Myrtaceae, Lauraceae,
Rutaceae, Lamiaceae, Asteraceae, Apiaceae, Cupressaceae, Poaceae, Zingiberaceae e
Piperaceae. Os óleos essenciais podem ser sintetizados e armazenados em todos os tipos
de órgãos vegetativos, como flores (árvore de bergamota e tuberosa), folhas (citronela,
eucalipto), cascas (canela), madeiras (pau-rosa, madeira de sândalo), raízes (vetiver), ri-
zomas (cúrcuma, gengibre), frutas (pimenta da Jamaica, anis, anis estrelado) e sementes
(noz-moscada) (BAKKALI et al., 2008).
Os óleos essenciais são considerados produtos do metabolismo secundário dos vege-
tais. Eles apresentam características lipofílicos, voláteis, são límpidos, geralmente incolores
ou levemente amarelados, solúvel em solventes orgânicos e com uma densidade geralmente
mais baixa do que a da água. Além disso, o óleo essencial é uma mistura complexa de mono
e sequiterpenos e fenilpropanóides e caracterizam-se por possuírem odor (BAKKALI et al.,
2008). De acordo com a Organização Internacional de Padronização (ISO), o óleo essencial
é um produto obtido a partir de matéria-prima vegetal, por processos de hidrodestilação,
arraste a vapor, processos mecânicos ou por destilação a seco, desde que seja apenas por
meios físicos mantendo a integridade química dos compostos inalterada (INTERNATIONAL
ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, 2013).

O metabolismo primário e secundário das plantas

Os vegetais possuem duas vias metabólicas, sendo uma das vias, chamada de me-
tabolismo primário, onde os compostos comumente encontrados em todos os organismos
vivos são sintetizados, degradados e interconvertidos. Estes compostos comuns sãos os
carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucléicos (DEWICK, 2002; HASLAM, 2001). O meta-
bolismo primário é comum e semelhante em todas as plantas, este corresponde ao conjunto
de processos metabólicos que desempenham funções essenciais que são responsáveis pelo
crescimento, desenvolvimento, sobrevivência e reprodução das plantas, tais processos são:
a fotossíntese, a síntese de aminoácidos e proteínas, absorção de nutrientes, entre outros
(BÖTTGER et al., 2018; DEWICK, 2002; HASLAM, 2001).

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A segunda via, que está voltada para a produção de metabólitos com distribuição
limitada na natureza, é chamada de metabolismo secundário (DEWICK, 2002; HASLAM,
2001). Os metabólitos secundários têm distribuição restrita e são uma expressão da indivi-
dualidade das espécies (DEWICK, 2002). Esses metabólitos , embora não desempenhem
funções diretamente relacionados ao ciclo de vida da espécie, exercem um papel essencial
na interação das plantas com o meio ambiente, desempenham algum papel vital para o bem-
-estar da vegetal produtor (BÖTTGER et al., 2018; DEWICK, 2002). Isto é, o metabolismo
secundário está associado a adaptação da planta a fatores bióticos e abióticos aos quais
ela está inserida (TAIZ; ZEIGER, 2013).
Nesse contexto os metabólitos secundários apresentam três principais funções: defesa
química contra os herbívoros e contra a infecção por microrganismos patogênicos, agem
como atrativos (odor, cor ou sabor) para animais polinizadores e dispersores de sementes e
atuam como agentes na competição planta-planta e nas simbioses plantas-microrganismos
(DEWICK, 2002; HASLAM, 2001; TAIZ; ZEIGER, 2013). Além disso, apresentam ação prote-
tora associados com mudanças de temperatura, conteúdo de água, níveis de luz, exposição
a UV e deficiência de nutrientes minerais (BÖTTGER et al., 2018). Portanto, o conteúdo de
metabólitos secundários varia entre as espécies de plantas e dentro da própria espécie caso
as plantas sejam expostas a fatores bióticos e abióticos distintos (DEWICK, 2002).
É importante destacar que os metabólitos secundários das plantas, incluindo os óleos
essenciais, desempenham importantes funções ecológicas e fisiológicas para as plantas.
Essas propriedades biológicas dos óleos essenciais têm sido exploradas pelo homem e
podem ser também aplicadas a diversas áreas como farmacêutica, cosmética e alimentícia,
evidenciando a importância de conhecer melhor os óleos essenciais (BAKKALI et al., 2008).
Os metabólitos oriundos dos processos fundamentais de fotossíntese, glicólise e ciclo
de Krebs são aproveitados fora dos processos de geração de energia para fornecer interme-
diários biossintéticos e são a base para os blocos de construção dos metabólitos secundários,
originando as rotas biossintéticas que permitem a formação dos grandes grupos metabólitos
secundários: os fenólicos, os nitrogenados, os terpenos e os sulfurados e chamados de
miscelâneas (DEWICK, 2002; HASLAM, 2001; TAIZ; ZEIGER, 2013).
Os óleos essenciais são constituídos de mono e sesquiterpenos e fenilpropanói-
des. Os terpenóides, no entanto, representam o maior grupo químico encontrado nos óleos
essenciais e são responsáveis por atribuir a volatilidade, os odores típicos e as propriedades
biológicas dos óleos essenciais. Os terpenos regulares são originários da rota do mevalonato
e os irregulares da rota do metileritritol fosfato (MEP) (DEWICK, 2002)(BAKKALI et al., 2008).
Na rota do mevalonato, para a formação ácido mevalônico três moléculas de acetil-CoA
são ligadas, resultando em um intermediário de seis carbonos que será, então, pirofosforilado,
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descarboxilado e desidratado, produzindo isopentenil difosfato (IPP) que representa a uni-
dade básica formadora de terpenos (DEWICK, 2002; TAIZ; ZEIGER, 2013). Na rota MEP,
a formação de IPP ocorre a partir do gliceraldeído 3-fosfato e dois átomos de carbono de-
rivados do piruvato que se condensam, formando um intermediário de cinco carbonos, o
1-deoxi-D-xilulose 5-fosfato. Em seguida, há o rearranjo e a redução desse intermediário a
2-C-metil-D-eritritol 4-fosfato (MEP), o qual é convertido em IPP. Por consequência, todos
os terpenos são formados a partir de combinações de unidade C5, também chamadas de
isopreno (DEWICK, 2002; TAIZ; ZEIGER, 2013).
Os monoterpenos e sesquiterpenos são originados a partir de duas unidades de iso-
preno, são formados os monoterpenos que apresentam uma grande variedade de estrutura
e estão presentes em 90% dos óleos essenciais. Com a combinação de três unidades de
isopreno, originam-se os sesquiterpenos, também com estrutura variada e importante con-
tribuição na composição química dos óleos essenciais (BAKKALI et al., 2008).
Os fenilpropanoides são originários da via do shiquimato, que gera compostos com um
anel aromático ligados a três carbonos (C6-C3). São voláteis e coloridos e com distribuição
altamente restrita (DEWICK, 2002; HASLAM, 2001). Um espécie que produz óleo essecial
pode conter de forma mista os terpenóis e os fenilpropanóides, como o óleo essencial de
cravo da índia que possui o eugenol, fenilpropanóide, como majoritário, e tem o sesquiterno,
β-cariofileno (DEWICK, 2002; HASLAM, 2001).
Os óleos essenciais podem ser sintetizados por todos os órgãos das plantas, ou seja,
desde as raízes até os frutos, e são armazenados e secretados por estruturas especializadas
como células secretoras, cavidades, canais, células epidérmicas ou tricomas glandulares.
Entretanto o conteúdo e a composição dos óleos essenciais não são constantes no meta-
bolismo secundário das plantas. Dessa forma, é importante salientar que os terpenos são
afetados pelas condições ambientais, época de colheita, estágio de desenvolvimento da
planta e condições armazenamento pós-colheita. Portanto, para que a composição química e
o rendimento dos óleos essenciais sejam constantes, é necessário que processo de extração
obedeça às mesmas condições, desde a escolha do órgão da planta até as condições de
cultivo, envolvendo fatores bióticos e abióticos (BAKKALI et al., 2008; TAIZ; ZEIGER, 2013).

Propriedades biológicas dos óleos essenciais

Os óleos essenciais têm sido usados em todo o mundo por séculos para diferentes
finalidades de acordo com cada cultura. Nos primórdios da humanidade, não sabemos exata-
mente se os óleos essenciais foram usados como agentes para tratar ou curar enfermidades
ou apenas como aromatizantes em preparações. Existem relatos na literatura sobre o uso
de óleos aromáticos pelos antigos egípcios desde 4500 AC em cosméticos e pomadas. Eles
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costumavam fazer preparações à base de plantas e adicionar plantas aromáticas como anis,
cedro, mirra e uvas (ELSHAFIE; CAMELE, 2017).
Na medicina tradicional chinesa e indiana, o uso de óleos aromáticos foi registrado
pela primeira vez entre 3000 e 2000 AC. Em particular, registros históricos na China e a
Índia relatam a existências de mais de 700 substâncias, incluindo canela, gengibre, mirra e
sândalo como sendo eficaz para a cura. A história grega documentou o uso de diferentes
óleos essenciais pela primeira vez entre 500 e 400 AC. Documentos gregos descrevem o
uso medicinal de diferentes óleos essenciais, incluindo tomilho, açafrão, manjerona, cominho
e hortelã-pimenta (BAKKALI et al., 2008b; ELSHAFIE; CAMELE, 2017).
Nos séculos 18 e 19, avanços significativos na área da química propiciaram grande
incremento na descoberta e identificação de uma grande variedade e diversidade de com-
postos aromáticos com promissoras propriedades biológicas. Alguns desses óleos essenciais
são usados a centenas e até mesmo milhares de anos, como lavanda, hortelã-pimenta e
mirra (ELSHAFIE; CAMELE, 2017).
Apesar de seu uso generalizado, pouco se sabe sobre a capacidade dos óleos essen-
ciais para tratar certas condições de saúde. As propriedades biológicas dos óleos essenciais
são atribuídas a seus principais constituintes ativos estáveis ou voláteis ou a soma de seus
constituintes que atuam de forma sinérgica ou antagônica. Neste contexto, o termo “bioa-
tividade”, ou seja, óleo essencial com propriedades biológicas, pode ser usado para todos
os óleos essenciais que demonstram alguma atividade biológica sobre humanos, animais e
plantas (ADORJAN; BUCHBAUER, 2010).
Em relação às suas propriedades biológicas, deve-se ter em mente que os óleos es-
senciais são formados por misturas complexas contendo inúmeras moléculas, e geralmente
nos deparamos com a clássica pergunta se os efeitos biológicos são atribuídos ao resultado
do sinergismo de todas as moléculas ou poderiam estar relacionadas apenas as principais
moléculas presentes na composição dos óleos essenciais. Na literatura, na maioria dos ca-
sos, apenas os principais constituintes de certos óleos essenciais como terpineol, eugenol,
timol, carvacrol, geraniol, linalol, citronelol, eucaliptol, limoneno, cinamaldeído são descritos.
Geralmente, os componentes majoritários encontrados refletem muito bem as características
físico-químicas dos óleos essenciais, entretanto, as propriedades biológicas e a amplitude
de seus efeitos, geralmente são atribuídas aos efeitos sinérgicos dos seus constituintes,
em comparação a ação de um ou dois componentes principais (ADORJAN; BUCHBAUER,
2010; BAKKALI et al., 2008b; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
Os óleos essenciais têm sido amplamente utilizados em diferentes áreas e aplicações
destacando-se a indústria farmacêutica, cosmética, na aromaterapia, agrícola e alimentícia
(ADORJAN; BUCHBAUER, 2010; BAKKALI et al., 2008b; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
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Entre as principais propriedades medicinais atribuídas aos óleos essenciais, destaca-
-se a ação antimicrobiana, tendo sidos os primeiros artigos publicados no final século XIX
(CHAMBERLAIN, 1887) e início do século XX (MARUZZELLA; SICURELLA; F, 1960). O tra-
tamento de infeções continua sendo um grande desafio, principalmente devido a resistências
que os microrganismos têm desenvolvido ao longo dos anos aos antibióticos disponíveis,
bem como, em virtude dos efeitos adversos e indesejados de alguns fármacos disponí-
veis. Neste contexto, existe uma alarmante necessidade de encontrar novas alternativas,
com diferentes modos de ação, mais eficazes e seguras. Vários estudos já revelaram as
propriedades antimicrobianas dos óleos essenciais e seus constituintes de diversas plan-
tas aromáticas, nomeadamente antibacteriana, antifúngica e antiviral. Essas propriedades
exercem primariamente a função de proteção da própria planta contra o ataque de diversos
microrganismos. No entanto, além disso, essas mesmas propriedades revelaram-se efica-
zes em atuar contra os microrganismos que afetam também o ser humano (CHOUHAN;
SHARMA; GULERIA, 2017).
Inúmeros óleos essenciais têm demonstrado a capacidade de inibir o crescimento de
bactérias Gram positivas (Gram+) e Gram negativas (Gram-) e de fungos. Embora o me-
canismo de ação de alguns componentes dos óleos essenciais tenha sido elucidado em
muitos trabalhos pioneiros no passado, ainda falta conhecimento detalhado da maioria dos
compostos. A atividade antimicrobiana dos óleos essenciais está associada principalmente a
presença de determinados compostos que têm a capacidade de alterar a permeabilidade da
membrana externa dos microrganismos e/ou inibir enzimas importantes para o crescimento
e sobrevivência (CHOUHAN; SHARMA; GULERIA, 2017; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
Exemplificando, inúmeras plantas aromáticas que produzem óleos essenciais são co-
nhecidas por apresentarem atividade antimicrobiana, entre elas destacam-se o Syzygium
aromaticum (cravo-da-india), Cinnamomum cassia (Canela), Eucalyptus camaldulensis e
Eucalyptus robusta (eucalipto), Thymus vulgaris (tomilho), Rosmarinus officinalis (alecrim),
Laurus nobilis L. (louro) Melaleuca alternifolia Maiden & Betch (Melaleuca) entre tantos outras
espécies (ADORJAN; BUCHBAUER, 2010; BAKKALI et al., 2008b; CHOUHAN; SHARMA;
GULERIA, 2017; MARUZZELLA; SICURELLA, 1960; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
Outra importante propriedade medicinal que tem sido observada nos óleos essenciais,
são as propriedades ansiolíticas. A ansiedade é considerada um estado psicofisiológico no
qual as pessoas experienciam sentimentos de apreensão, insegurança e medo, interferindo
muitas vezes com o sono e capacidade de repouso. Nas últimas décadas, muitos estudos
científicos, têm suportado a ideia dos efeitos psicoativos dos óleos essenciais e dos seus
constituintes, apesar de não permitirem uma correlação clara dos efeitos biológicos obser-
vados, serem atribuídos aos óleos essenciais. No entanto, na sabedoria popular o uso de
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óleos essenciais com esses efeitos é amplamente difundido. Destacam-se os óleos essen-
ciais de lavanda, bergamota, camomila-romana, capim-limão, jasmim e sândalo, que são
bastante utilizadas desde os tempos antigos pelos seus efeitos calmantes e relaxantes em
aromaterapia, diminuindo estados de ansiedade (DE SOUSA et al., 2015).
Os distúrbios inflamatórios estão associados a dor, vermelhidão e inchaço, levando
à perda de funções vitais e, os óleos essenciais têm demonstrado possuírem importantes
propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, inclusive mais eficazes do que muitos pro-
dutos farmacêuticos. Além dos benefícios no controle da inflamação e diminuição da dor,
os óleos essenciais geralmente apresentam menos efeitos colaterais do que muitos medi-
camentos sintéticos e tradicionais. A atividade anti-inflamatória dos óleos essenciais e seus
constituintes têm sido atribuída a redução do estresse oxidativo e pela inibição da libertação
de mediadores químicos de inflamação, como por exemplo, prostaglandinas, leucotrienos,
citocinas e quimiocinas. Destacam-se como óleos essenciais com propriedades antioxidantes
e anti-inflamatórios, a Matricaria chamomilla (camomila), Calendula officinalis (calêndula),
Arnica montana L. (arnica), Rosmarinus officinalis (alecrim), Origanum vulgare (orégano),
Citrus aurantium (laranja-azeda) entre outros (ADORJAN; BUCHBAUER, 2010; BAKKALI
et al., 2008b; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).
Na área agrícola, os métodos mais comuns de controle dos insetos e pragas agrícolas
são realizados por meio do uso de inseticidas sintéticos (piretroides, carbamatos e organo-
fosforados). Porém, o uso abusivo e destes inseticidas trazem diversos riscos e implicações
toxicológicas importantes para a saúde humana, além de contaminar o meio ambiente. Por
estas razões, cada vez existem restrições em relação ao uso destes inseticidas e da quanti-
dade de compostos químicos oficialmente registrados para o controle de pragas. Neste con-
texto, podemos destacar as promissoras propriedades que alguns óleos essenciais extraídos
de certas espécies vegetais têm de repelir, impedir o crescimento, reduzir a oviposição e/ou
matar diversos insetos. Os óleos essenciais possuem a capacidade de adentrar nos insetos
através das vias respiratórias, por contato ou por ingestão. Quando agem por contato, seus
compostos são absorvidos pela quitina e exoesqueleto e podem apresentar sua ação tóxica
atuando no sistema nervoso central provocando a morte. De forma geral, podemos atribuir o
potencial de toxicidade dos óleos essenciais a microrganismos e insetos (pragas), ao conjunto
de compostos existentes em sua constituição, não atribuindo desta forma a responsabilidade
somente aos compostos majoritários. Entre as espécies mais estudadas com propriedades
inseticidas destacam-se o Genus Azadirachta com destaque para a espécie Azadirachta
indica Juss. conhecida popularmente como “nin”, o Genus Artemisia (Artemisia absinthium,
Artemisia annua, Artemisia californica), o Genus Mentha (Mentha piperita, Mentha sylvestris,
Mentha spicata), entre outros (PANDEY; SINGH, 2017; SINGH; PANDEY, 2018).
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Além das atividades descritas acima, inúmeras outras propriedades biológicos têm sido
atribuídas aos óleos essenciais, como por exemplo, propriedades antitumorais, quimiopre-
ventiva, antidiabéticas, antifúngicas, cicatrizante, antisséptica e antiparasitária (ADORJAN;
BUCHBAUER, 2010; BAKKALI et al., 2008b; RAUT; KARUPPAYIL, 2014).

Sistema silvipastoril e suas potencialidades para produção de óleos essenciais

A degradação das pastagens é um dos maiores problemas da pecuária do Brasil na


atualidade, causando enormes prejuízos ambientais e econômicos. Considerando a ne-
cessidade de adaptações à sistemas de produção menos extrativistas e preservadores do
bioma, a pecuária necessita uma reforma nesse modelo para que haja uma preservação
gerando um desenvolvimento sustentável. Além disso, há uma necessidade de ampliação
e modernização do setor com emprego de novas tecnologias e sistemas onde a informação
se torne clara e acessível ao produtor para viabilizar competitividade e a recuperação das
áreas degradadas. Estima-se que metade das áreas de importância ecológicas no Brasil
estão degradadas (DIAS-FILHO, 2014; OLIVEIRA et al., 2003).
Neste sentido, o sistema silvipastoril (Integração Floresta-Pastagem e gado) tem sido
proposto como alternativa para recuperação das áreas degradadas ou em alto risco de de-
gradação com concomitante contribuição da diminuição do risco de degradação. O uso de
espécies arbóreas tem recebido relevante atenção nos últimos anos como forma de recuperar
pastagens degradadas ou de criar um sistema mais sustentável de exploração. A presença
de árvores ou bosques no interior das pastagens proporciona maior conforto aos animais
em decorrência da amenização do clima. Nos dias de calor intenso, principalmente durante
as horas mais quentes do dia, os animais procuram reduzir os efeitos da radiação solar e
altas temperaturas do ar abrigando-se na sombra das árvores. O sistema silvipastoril cons-
tituem-se em um eficiente método para criação de animais especializados na produção de
leite, ou carne fornecendo um ambiente de conforto térmico (COSTA; ARRUDA; OLIVEIRA,
2016; OLIVEIRA et al., 2003).
O sistema silvipastoril pode trazer diversos benefícios para o meio ambiente quando
comparados à pastagem tradicional, demonstrando assim, a viabilidade que podem ter, ob-
viamente adaptados aos ambientes sócio-econômicos e ecológicos de cada região. Como
consequência direta temos aumento da produção, menor impacto ambiental, intensificação
do uso do solo, diminuição da dependência de insumos e melhoramento na qualidade de
vida proporcionando um desenvolvimento socioeconômico local. Além disso, é cada vez
mais visível a necessidade de reduzir riscos decorrentes da dependência de sistemas de
produção que privilegiam poucos produtos e influem negativamente nas relações de mercado
e no uso de recursos (GARCIA & ANDRADE, 2001).
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No entanto, apesar do sistema silvipastoril ser apontado como solução para a reforma
do modelo agropecuário, sua implantação vem encontrando resistência uma vez que os pro-
dutores consideram trabalhosa e pouco lucrativa. Neste contexto, a introdução de práticas
integrativas que, além dos benefícios já mencionados do sistema silvipastoril, proporcionam
uma alternativa para a geração e diversificação de renda do produtor rural tem se tornado um
importante fator para a tomada de decisão final e adoção do sistema silvipastoril (GONTIJO
NETO et al., 2019).
O sistema silvipastoril pode ser adotado em propriedades rurais de qualquer tamanho.
Eles integram num mesmo local os componentes pecuária e floresta em consórcio, e são uma
das estratégias de produção sustentável (tecnicamente eficiente, ambientalmente adequa-
do, economicamente viável e socialmente aceitável). Eles visam a intensificação do uso de
áreas já antropizadas, uma alternativa à ocupação de novas áreas pelo setor agropecuário
(GONTIJO NETO et al., 2019).
A flora brasileira é a mais rica do mundo em quantidade de espécies (FORZZA et al.,
2012). Por sua vez, a Mata Atlântica é o domínio fitogeográfico brasileiro com maior quanti-
dade de espécies de plantas vasculares catalogadas: 16.451 espécies, dentre as quais 62%
são espécies endêmicas do Brasil. O potencial de identificação de espécies com importantes
propriedades a serem exploradas em uma diversidade desta proporção é enorme (JARDIM
BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO, 2020). Apesar de sua importância, a Mata Atlântica não
é um bioma livre de riscos. Além do desmatamento já sofrido, encontra-se na parte mais
desenvolvida do país, sofrendo constante pressão antrópica por todos os lados. Em um
período de 20 anos, por exemplo, áreas protegidas de Mata Atlântica no estado do Rio de
Janeiro apresentaram densidade de focos de incêndio muito maiores que em áreas não
protegidas (BARROS et al., 2021).
Entretanto, apesar da ampla diversidade de espécies, a escolha das plantas a serem
introduzidas no sistema silvipastoril depende de vários fatores, como por exemplo o clima
da região, o tipo de solo, o volume de chuvas e principalmente qual produto silvícola que o
produtor rural pretende obter com essa planta (madeira, frutas, óleo essencial). Espécies
com qualidades promissoras ao interesse humano podem ser mais valorizados (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1993, 2003).

RESULTADOS OBTIDOS

Neste contexto a introdução de espécies aromáticas produtoras de óleos essenciais


pode ser considerada como uma estratégica promissora como fonte de renda complementar
muito atrativa ao produtor rural. O valor do óleo essencial dependerá de sua composição,
que varia entre espécies, e, consequentemente, de seus benefícios ao ser humano.
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Dada a vasta diversidade da Mata Atlântica, muitas espécies já são conhecidas por
apresentarem a capacidade de produzir óleos essenciais, entre elas destacam-se a Piper
aduncum (pimenta-de-macaco), Piper marginatum (pimenta-do-mato), Schinus terebinthifo-
lius (pimenta-vermelha), Xylopia laevigata (meiú), Hymenaea courbaril (jatobá), Myroxylon
peruiferum (cabreúva) e Vismia guianensis (pau-de-lacre).
À medida que as pesquisas sobre as propriedades dos óleos essenciais de espécies
nativas avançam e a identificação de espécies promissoras for sendo realizada, mais atra-
tiva aos produtores se tornará a implantação de sistemas silvipastoris utilizando espécies
da Mata Atlântica nas pastagens na região, aumentando assim tanto a proteção da espécie
como de seu bioma.
Em nosso estudo foi realizado uma pesquisa com 17 espécies vegetais encontradas
na Fazenda Experimental de Bananal do Norte (FEBN), localizada no distrito de Pacotuba,
Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, Brasil. Todas as espécies formam coletadas, de-
vidamente identificadas e submetidas ao processo de extração para obtenção do óleo es-
sencial. As espécies estudadas foram a Melanoxylon braúna (braúna), Paratecoma pero-
ba (Peroba amarela), Dalbergia nigra (Jacarandá caviúna, jacarandá da bahia), Genipa
americana (Genipapo), Gallesia integrifólia (Pau-d’alho), Ramisia brasiliensis, Hymenaea
courbaril (Jatobá), Campomanesia phaea (Cambuci), Spondias mombin (Cajá-mirim, Cajá-
pequeno), Carpotroche brasiliensis (Sapucainha), Mangifera indica (Mangueira), Spondias
cytherea (Cajá Manga ), Syzygium cumini (Jamelão), Guarea guidonia (Marinheiro-do-mato,
canjerana-miúda, marinheiro), Casearia sylvestris (guaçatonga, cafezinho do mato), Eugenia
stipitata (Araça boi) e Psidium eugeniaefolia (Araça-una).
Entre as 17 espécies estudas, destaca-se a Campomanesia phaea (cambuci), a
Spondias mombin (Cajá-mirim, Cajá-pequeno) e a Psidium eugeniaefolia (Araça-una) como
espécies promissores com rendimento extrativo satisfatório e potencial medicinal para in-
dústria farmacêutica e de cosméticos, descritas na sequência.

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Sistemas Integrados de Produção: pesquisa e desenvolvimento de tecnologias
Campomanesia phaea

Foto da Campomanesia phaea, flores e seus frutos (Adaptada de Cordeiro, 2015)


Nome científico: Campomanesia phaea (O. Berg.) Landrum
Família: Myrtaceae
Género: Campomanesia
Nomes populares: Cambuci, cambucizeiro, Camuci, Camoti ou Camocim.
Parte da planta utilizada: Frutos e Folhas
Composição do óleo essencial: A classe predominante dos compostos presentes nos óleo
essencial das folhas são os sesquiterpenos hidrocarbonados (70,48%) com destaque para
o (E)-Cariofileno (14%); Óxido de Cariofileno (6,9%); α-Selineno (6,2%); γ-Muuroleno (6%);
δ-Cadineno (6%); α-Copaeno (5,9%); β-Selineno (5,5%); Linalool (5,2%) e allo-Aromaden-
dreno (5,1%) (LORENÇONI et al., 2020).
Usos e propriedades biológicas: Os frutos são a parte da planta mais consumida. Podem
ser consumidos in natura ou na forma de sucos, apesar de serem ácidos, ou na fabricação
de geleias e sorvetes. O óleo essencial das folhas possui propriedades antioxidantes e an-
ti-inflamatórias (LORENÇONI et al., 2020). Extratos das folhas apresentam propriedades
anti-diabéticas e anti-obesidade (DONADO-PESTANA et al., 2015).

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Sistemas Integrados de Produção: pesquisa e desenvolvimento de tecnologias
Spondias mombin

Foto representativa dos frutos típicos da planta Spondias mombin.


Nome científico: Spondias mombin Linn.
Família: Anacardiácea
Género: Spondias
Nomes populares: cajazeiro, cajá, cajá-mirim, cajazinha, cajá-pequeno, cajazeiro-
-miúdo, cajá manga
Parte da planta utilizada: Frutos e folhas
Composição do óleo essencial: Os compostos majoritários presentes nos óleos es-
senciais das folhas são o (β)-cariofileno (37,76%), α-Pineno (35,29%) e β-Pineno
(10,18%) (PRATES, 2020).
Usos e propriedades biológicas: Os frutos são consumidos in natura, na produção de
licores, sucos, geleias e sorvetes. Extratos e o óleo essencial das folhas são descritos na
literatura por apresentarem atividade anti-inflamatória, antioxidante, gastroprotetora e cica-
trizante de úlceras, atividade antimicrobiana, antifúngica e antiviral (PRATES, 2020).

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Sistemas Integrados de Produção: pesquisa e desenvolvimento de tecnologias
Psidium myrthoides

Fotos representativa da espécie Psidium myrtoides, seus frutos e flores no detalhe.


Nome científico: Psidium myrtoides O. Berg.
Família: Myrtaceae
Género: Psidium
Nomes populares: araçá roxo, araça-una, araçá preto, araçá-camu-camu
Parte da planta utilizada: Frutos e folhas
Composição do óleo essencial: A principal classe de metabólitos secundários encontrada
no óleo essencial das folhas são os sesquiterpenos (57%), apresentando como compos-
tos majoritários o (E)- Cariofileno (28,01%), α-Humuleno (14,25%) e Óxido de Cariofileno
(4,42%). O segundo grupo de compostos com maior representatividade forma os sesqui-
terpenos oxigenados (29,86%), tendo o Humuleno epoxido II como o composto majoritá-
rio dessa classe (1,77%). O α-Pineno foi o único monoterpeno identificado (2,75%) (DE
SOUZA JUNIOR, 2021).
Usos e propriedades biológicas: Os frutos são muito apreciados e consumidos in natura,
ou empregado na produção de sorvetes, geleias, sucos e licores. Extratos foliares e o óleo
essencial das folhas são descritos na literatura por apresentarem atividade inflamatória,
antioxidante, antidiabética, antidiarreica e anti-hipertensiva (DE SOUZA JUNIOR, 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os óleos essenciais podem ser considerados como um presente que as plantas aro-
máticas oferecem ao Homem, não só pelos seus aromas agradáveis, mas também pelas
suas propriedades terapêuticas. Os óleos essenciais escondem no seu interior uma grande
riqueza em compostos que ainda carecem de investigações e que poderão proporcionar
grandes mudanças na área da saúde no futuro.
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Sistemas Integrados de Produção: pesquisa e desenvolvimento de tecnologias
O emprego dos óleos vegetais passou pela sabedoria popular, que vem desde os
primórdios da humanidade, para o seu uso nas terapias complementares que marcaram
o ressurgimento destes produtos. Nos dias atuais, os óleos essenciais representam uma
importante ferramenta terapêutica para a prevenção e tratamento de diversas situações em
que a saúde e o bem-estar das pessoas se encontram comprometidas. Os efeitos adversos
associados aos medicamentos produzidos síntese química, e a recorrente resistência dos
microrganismos aos tratamentos já existentes, além da falta de recursos para a compra de
medicamentos convencionais para o tratamento destas doenças, têm impulsionado cada
vez mais a busca por novas alternativas.
Destacamos também que a extração sustentável de óleos essenciais de espécies
nativas da Mata Atlântica integradas ao sistema silvipastoril, surge como uma importante
alternativa para a geração e diversificação de renda aos produtores rurais e para o fortale-
cimento e manutenção dos jovens no campo.
Neste contexto, concluímos que é de grande importância que se continue a busca por
novas espécies, ainda pouco exploradas, e os estudos científicos que busquem a devida
comprovação das propriedades terapêuticas dos óleos essenciais no sentido de avançar e
ampliar seu uso na indústria farmacêutica, cosmética, agrícola e alimentícia, para que assim
se consiga tirar proveito de tudo o que os óleos essenciais têm para nos oferecer.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a cooperação técnica-científica para realização deste projeto


do Instituto Capixaba de Pesquisa, Departamento de Recursos Naturais (INCAPER), em
especial ao Dr Maurício Lima Dan e todos os funcionários da Fazenda Experimental de
Bananal do Norte (FEBN). A Pesquisadora Dra Suzan Kelly Vilela Bertolucci da Universidade
Federal de Lavras Vila Velha, Departamento de Agricultura, Laboratório de Fitoquímica e
Plantas Medicinais Farmacêuticas pelas análises químicas. Agradecimento especial ao apoio
financeiro concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo
(FAPES) e Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (SEAG)
por intermédio do EDITAL FAPES/SEAG Nº 06/2015 Pesquisa Aplicada a Políticas Públicas
Estaduais Agropecuária no Estado do Espírito Santo (Processo 70598380).

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Sistemas Integrados de Produção: pesquisa e desenvolvimento de tecnologias
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