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Temas em Fisiologia Vegetal – Luiz Edson Mota de Oliveira Setor Fisiologia Vegetal do

Departamento de Biologia da
Universidade Federal de Lavras

Objetivos e Administração dos Temas Análises bioquímicas e enzimáticas

Biomoleculas e Bioenergetica – Recuperando Conhecimentos Praticas Laboratoriais em Fisiologia Vegetal

Fotossíntese em Plantas Superiores Respiração em Plantas Transporte e distribuição de assimilados em plantas

Relações Hidricas Nutrição e Metabolismo Mineral Assimilação e Transporte de Nitrogênio Metabolismo Secundário

Crescimento e Desenvolvimento Vegetal Metabolismo da Germinação Fisiologia de Plantas em Ecossistemas Forrageiros

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As plantas produzem uma grande diversidade de compostos
secundários que contêm um grupo fenol: um grupo hidroxila
funcional em um anel aromático: Essas substâncias são
classificadas como compostos fenólicos. Os compostos
fenólicos vegetais constituem um grupo quimicamente
heterogêneo, com aproximadamente 10 mil compostos.
Alguns deles são solúveis apenas em solventes orgânicos,
outros são ácidos carboxílicos e glicosídeos solúveis em água
e há, ainda, aqueles que são grandes polímeros insolúveis.
Devido à sua diversidade química, os compostos fenólicos
exercem diferentes papéis nos vegetais. Muitos atuam como
defesas contra herbívoros e patógenos, enquanto outros têm
função como atrativo de polinizadores ou dispersores de
frutos, na proteção contra a radiação ultravioleta, no suporte
mecânico ou reduzindo o crescimento de plantas
competidoras adjacentes. Após um breve relato sobre a
biossíntese desses compostos, serão discutidos os três
principais grupos de fenólicos e suas funções nas plantas
(TAIZ et al., 2017).

Os compostos fenólicos recebem este nome, por


apresentarem em sua estrutura, pelo menos uma unidade de
fenol (um grupo hidroxila ligado a um anel aromático – um
anel de seis átomos de carbono, contendo três duplas
ligações -, podendo haver mais de uma hidroxila – OH – por
anel). A grande maioria deles é solúvel em água e ocorre na
forma de glicosídeos (que ao contrário dos alcalóides, não
apresentam nitrogênio na sua fórmula estrutural) e ácidos
carboxílicos (DELPHINE et al., 2019).

Figura 1. Fórmula estrutural básica dos compostos


fenólicos (Taiz et al., 2017).

2.2.1 Fenilalanina

A fenilalanina é um intermediário na biossíntese da maioria


dos compostos fenólicos. Estes possuem diferentes rotas de
síntese, por serem um grupo bastante heterogêneo do ponto
de vista metabólico. Com isto, a sua síntese é ocasionada por
duas rotas metabólicas básicas: a rota do ácido chiquímico e
a rota do ácido mevalônico. A rota do ácido chiquímico
participa na biossíntese da maioria dos compostos fenólicos
vegetais. A rota do ácido mevalônico, embora seja uma fonte
importante de produtos secundários fenólicos em fungos e
bactérias, é menos expressiva nas plantas superiores (TAIZ et
al., 2017: Apêndices 4 – online.)

Figura 2. Os compostos fenólicos são sintetizados de várias


maneiras. Taiz et al., 2017: Apêndices 4 – online.

A rota do ácido chiquímico converte precursores de


carboidratos derivados da glicólise e da rota da pentose
fosfato em três aminoácidos aromáticos: fenilalanina, tirosina
e triptofano. O ácido chiquímico é um dos intermediários
dessa rota, que dá o nome a essa sequência de reações. O
glifosato (disponível comercialmente como Roundup) é um
herbicida conhecido de espectro amplo, mata os vegetais
bloqueando uma etapa dessa rota metabólica. A rota do ácido
chiquímico está presente em plantas, fungos e bactérias, mas
não é encontrada em animais. Os animais não podem
sintetizar aminoácidos aromáticos – fenilalanina, tirosina e
triptofano – que são, portanto, nutrientes essenciais nas suas
dietas.

Figura 3. Esquema da biossíntese de compostos fenólicos a


partir da fenilalanina.

As classes mais abundantes de compostos fenólicos em


plantas são derivadas da fenilalanina, pela eliminação de uma
molécula de amônia, formando o ácido cinâmico (Figura 6).
Essa reação é catalisada pela fenilalanina amônia liase (PAL,
phenylalanine ammonia lyase), talvez a enzima mais estudada
no metabolismo secundário vegetal.

A PAL está situada em um ponto de ramificação entre os


metabolismos primário e secundário, de modo que a reação
que ela catalisa é uma etapa reguladora importante na
formação de muitos compostos fenólicos. Sua atividade é
aumentada por fatores ambientais, tais como baixos níveis de
nutrientes, luz (pelo seu efeito nos fitocromos) e infecção por
fungos. O ponto de controle parece estar no início da
transcrição. A invasão de fungos, por exemplo, desencadeia a
transcrição do RNA mensageiro que codifica a PAL,
aumentando a quantidade dessa enzima na planta, o que,
então, estimula a síntese de compostos fenólicos. Em muitas
espécies vegetais, a regulação da atividade da PAL torna-se
mais complexa pela existência de múltiplos genes que
codificam essa enzima, alguns dos quais são expressos
somente em tecidos específicos ou sob certas condições
ambientais (LOGEMANN et al., 1995).

As reações subsequentes àquelas catalisadas pela PAL levam


à adição de mais grupos hidroxila e outros substituintes. Os
metabólitos ácidos trans-cinâmico e p– cumárico e seus
derivados são compostos fenólicos simples chamados
fenilpropanóides, por conter um anel benzênico e uma cadeia
lateral de três carbonos

Figura 4. Estrutura básica dos compostos fenólicos e simples.


Fonte: Google imagens

Os compostos fenólicos simples são amplamente distribuídos


nas plantas vasculares e parecem apresentar funções
variadas. Suas estruturas incluem:

Fenilpropanóides simples, como o ácido trans-cinâmico,


ácido p-cumárico e seus derivados, como o ácido cafeico,
os quais apresentam um esqueleto básico de
fenilpropanóide (Figura 7A);
Lactonas de fenilpropanoides (ésteres cíclicos) chamadas
cumarinas, que também apresentam esqueleto carbônico
de fenilpropanóide (Figura 7B).
Derivados do ácido benzóico, que apresentam um
esqueleto formado a partir de fenilpropanóides pela
eliminação de dois carbonos da cadeia lateral (Figura 7C).

Figura 5. Diferentes compostos fenólicos. Fonte TAIZ et al.,


2017 – apêndices 4 – online.

2.2.2 Taninos

Os taninos são polímeros fenólicos com propriedades de


defesa vegetal, assim como ligninas. O termo tanino foi
inicialmente utilizado para descrever compostos que poderia
ser utilizado no processamento da pele animal, o curtimento.
Há duas categorias de taninos: os condensados e os
hidrolisáveis, considerando que a maioria dos taninos tem
massa molecular entre 600 e 3000 Da.

1. Condensados: formados pela polimerização de unidades


de flavonóides, comuns em plantas lenhosas; são
conhecidos também como pro-antocianidinas, por
frequentemente serem hidrolisados a antocianidinas com
tratamento à base de ácidos fortes (Figura 9A).
2. Hidrolisáveis: são polímeros heterogêneos que contém
ácidos fenólicos (ácido gálico em especial) e açúcares
simples. Os hidrolisáveis são menores que os taninos
condensados e podem ser hidrolisados com mais facilidade
(Figura 8B).

Figura 6. Estrutura geral de um tanino Condensado (A) e um


Hidrolisável (B). Fonte: TAIZ et al., 2017; apêndices 4 – online

Os taninos são polímeros fenólicos com propriedades de


defesa vegetal, assim como ligninas. O termo tanino foi
inicialmente utilizado para descrever compostos que poderia
ser utilizado no processamento da pele animal, o curtimento.
Há duas categorias de taninos: os condensados e os
hidrolisáveis, considerando que a maioria dos taninos tem
massa molecular entre 600 e 3000 Da.

Os taninos atuam na defesa das plantas como: Toxinas


reduzindo o crescimento e a sobrevivência de muitos
herbívoros; repelente alimentar a uma grande variedade de
animais; mamíferos, como bovinos, cervos e macacos, evitam
consumir plantas ou parte de plantas com alto teor de taninos
e frutos imaturos, frequentemente, tem alto teor de taninos,
que inibem sua ingestão por animais, encontrados nas
camadas externas.

Embora quantidades moderadas de taninos específicos


possam trazer benefícios à saúde humana, as propriedades
de defesa da maioria dos taninos estão relacionadas à sua
toxicidade, a qual é em geral atribuída à capacidade de formar
complexos com proteínas de modo não específico. Acredita-
se que os taninos se ligam a proteínas do trato digestório dos
herbívoros, pela formação de pontes de hidrogênio entre os
seus grupos hidroxila e os sítios eletronegativos das proteínas
(Figura 10A). Relatos mais recentes indicam que os taninos e
outros compostos fenólicos podem também se ligar de modo
covalente a proteínas da dieta (Figura 10B). Em plantas, são
compostos de fácil constatação pela adstringência ao
mastigar uma parte que os contém, por exemplo, a romã
(Punica granatum L.).

Figura 7. Mecanismos propostos para a interação de taninos


com proteínas. (A) Pontes de hidrogênio podem se formar
entre os grupos hidroxila fenólicos dos taninos e os sítios
eletronegativos na proteína. (B) Os grupos hidroxila fenólicos
podem se ligar covalentemente a proteínas, após a ativação
catalisada por enzimas oxidativas, como a polifenol oxidase
(TAIZ et al., 2017 – apêndice 4 – online).

2.2.3 Flavonóides

Os flavonóides constituem a maior classe de fenólicos


vegetais e estima-se que haja cerca de 4200 estruturas de
flavonóides já identificadas. A explicação para a existência de
uma grande diversidade estrutural dos flavonóides é explicada
pelas modificações que tais compostos podem sofrer, tais
como: hidroxilação, metilação, acilação, glicosilação, entre
outras.

Os flavonóides têm uma importância potencial na medicina


como inibidor de AMPc-fosfodiesterase, e na agricultura
desde de que os isoflavonóides e rotenóides sejam
considerados como fitoalexinas.

Os flavonoides representam a maior classe de fenólicos


vegetais. O esqueleto básico de carbono dos flavonóides
contém 15 carbonos organizados em dois anéis aromáticos,
conectados por uma ponte de três carbonos:

Figura 8. Essa estrutura é resultante de duas rotas


biossintéticas separadas: a rota do ácido chiquímico e a rota
do ácido malônico

Figura 9. Esqueleto básico de carbono dos flavonoides.

Os flavonoides são sintetizados a partir de produtos das rotas


do ácido chiquímico e do ácido malônico. Os flavonóides
contêm 15 carbonos no esqueleto básico molecular,
organizados em dois anéis aromáticos.

Os flavonóides representam um amplo grupo de derivados


fenólicos solúveis em água e coloridos (vermelho, carmensim,
púrpura ou amarelo). Eles são normalmente encontrados em
vacúolos, cloroplastos e cromoplastos. Os flavonóides são
classificados em diferentes grupos, baseado primeiramente,
no grau de oxidação dos três carbonos em forma de barco. Os
principais grupos são as antocianinas, flavonas, flavonóis e
isoflavonóides.

Figura 10. Exemplos de flavonóides.

Os flavonóides concentram-se mais na parte aérea das


plantas, ocorrendo em menor proporção nas raízes e nos
rizomas. São os metabólitos secundários mais difundidos no
reino vegetal, encontrando-se em maior quantidade nas
famílias Leguminosae e Compositae. A grande vantagem dos
flavonóides é a sua baixíssima toxicidade. Eles são essenciais
para a completa absorção de vitamina C, ocorrendo
normalmente onde quer que haja essa vitamina. Eles podem
proteger as plantas contra os danos causados pela luz
ultravioleta. Os flavonoides são divididos em quatros grandes
grupos: as antocianinas, as flavonas, os isoflavonóides e os
flavonóis.

Apesar de o termo flavonóide derivar do latim flavus, que


significa amarelo, observa-se que os grupos flavonóis e
flavonas são incolores e que a classe das antocianinas possui
substâncias que variam no seu espectro de coloração do
verde ao azul. A cor das antocianinas é influenciada por vários
fatores, incluindo o número de grupos hidroxil e metoxil no
anel das antocianinas, a presença de metais quelantes como
o ferro e o alumínio e pH do vacúolo da célula no quais estes
estão armazenados. As antocianinas são de importância vital
como atrativo para polinizadores e dispersores de sementes.

Os isoflavonóides são encontrados em legumes e possuem


algumas funções diferentes. Alguns como os rotenóides têm
forte ação inseticida, enquanto que outros têm efeito anti-
estrogênico, causando infertilidade em mamíferos. Os
isoflavonóides se tornaram mais conhecidos por seu papel
como fitoalexinas, compostos antimicrobianos que se
acumulam em altas concentrações, em infecções fúngicas e
bacterianas e ajudam a limitar o nível de invasão por
patógenos.

Os isoflavonóides correspondem a um grupo de flavonóides,


no qual a posição do anel aromático é modificada. São
encontrados em legumes e possuem algumas funções
diferentes. Algum como os rotenóides tem forte ação
inseticida, enquanto que outros têm efeito anti-estrogênico,
causando infertilidade em mamíferos.

Há alguns anos atrás, os isoflavonóides tornaram-se mais


conhecidos por seu papel como fitoalexinas, compostos
antimicrobianos que se acumulam em altas concentrações,
em infecções fúngicas e bacterianas e ajudam a limitar o nível
de invasão por patógenos.

Os isoflavonóides são também conhecidos como fitoalexinas,


ou seja, uma classe de compostos com ação antipatógenos
(e.g. medicarpina) ou inseticida (e. g. rotenóides).

2.2.4 Antocianinas

As antocianinas consistem no grupo mais comum dos


flavonoides pigmentados, as quais são responsáveis pela
maioria das cores vermelha, rosa, roxa e azul observadas em
flores e frutos. Esses são glicosídeos que podem apresentar
vários açúcares na posição 3 (Figura 14A) e, algumas vezes,
em outras posições. Sem seus açúcares, as antocianinas são
conhecidas como antocianidinas (Figura 14B). A cor das
antocianinas é influenciada por muitos fatores, incluindo o
número de grupos hidroxila e metoxila no anel B da
antocianidina (Figura 14A), a presença de ácidos aromáticos
esterificados ao esqueleto principal e o pH do vacúolo onde as
antocianinas estão armazenadas.

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