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Prof.

Cristina Diestel
BIOQUÍMICA DE LIPÍDIOS cristinadiestel@nutmed.com.br

Lipídios – definição
Grupo heterogêneo de moléculas orgânicas insolúveis em uma cadeia de hidrocarbonetos com um grupo carboxila
água (hidrofóbicas) que podem ser extraídas de tecidos por terminal. Os ácidos graxos são classificados como
solventes apolares. Os lipídeos são representados saturados, mono e poliinsaturados, dependendo do
principalmente pelos triacilgliceróis, fosfolipídeos e colesterol. número de duplas ligações na sua cadeia de carbonos. Os
Quando sólidos em temperatura ambiente são chamados de saturados não contêm dupla ligação entre os átomos de
GORDURA, e quando estão sob a forma líquida são carbono. Os monoinsaturados contêm uma única dupla
chamados ÓLEOS. ligação e os poliinsaturados (linolênico, linoléico e
araquidônico) com duas ou mais duplas ligações. Os AG
Este material de bioquímica de lipídios abordará: saturados são relativamente resistentes a oxidação fora
 Funções do corpo, enquanto os AG insaturados são lenta, mas
 Tipos e estrutura espontaneamente oxidados em presença de ar, levando a
 Digestão e Absorção rancificação.
 Oxidação
 Síntese Os AG existem no corpo na forma livre (isto é,
não esterificada) ou na forma de TG. Baixos níveis de AG
Funções dos Lipídios: livres ocorrem em todos os tecidos, mas quantidades
substanciais podem ser encontradas no plasma
especialmente durante o jejum.
 Reserva de energia - protegendo contra o jejum
prolongado
Exemplos de ácidos graxos:
 Isolante térmico, ou seja, contribuindo para a
manutenção da temperatura corporal
 Proteção de órgãos contra choques e dando
sustentação
 Constituintes de membranas celulares
 Componente da bainha de mielina
 Palatabilidade e saciedade - melhora a palatabilidade
dos alimentos, aumentando o prazer no alimento, além
disso, a gordura garante a diminuição do volume da
alimentação e a saciedade
 Absorção e transporte de vitaminas lipossolúveis
 Síntese de hormônios
 Sais biliares
 Mediadores intra e extra-celulares de resposta imune
 Participação no processo inflamatório e no estresse
oxidativo

Classificação dos Lipídios:

 Ácidos graxos e seus derivados


 Triglicerídeos
 Ceras Em relação com comprimento da cadeia de AG eles
 Fosfolipídios podem ser classificados em:
 Glicolipídios
 Isoprenóides – terpenos e esteroides
 AG Cadeia Curta → até 6 carbonos
 AG Cadeia Média → entre 7 e 12 carbonos
Ácidos graxos - Cadeia de hidrocarbonetos com um  AG Cadeia Longa → mais do que 13 carbonos
grupo carboxila terminal.
As estruturas e nomes de alguns ácidos graxos estão
Os ácidos graxos são unidades fundamentais da ilustrados nessa tabela abaixo.
maioria dos lipídeos e são ácidos orgânicos compostos de
Obs.: Na coluna da esquerda (p.ex 12:0), o primeiro possui, os da lista de cima não possuem dupla ligação,
número significa o número de carbonos do AG que enquanto os da lista de baixo são os insaturados.
sempre começam a ser contado do carbono terminal da
carboxila. A designação após o sinal de dois pontos
significa o número de duplas ligações que o ácido graxo Localização das duplas ligações:

Esse pequeno triangulo demonstra onde estão as O homem pode sintetizar a maioria dos ácidos
duplas ligações, em quais carbonos. Acho que todo mundo graxos, com exceção dos AG linoleico e alfa-linolênico que
lembra que classificação os ácidos graxos em w-3, w-6 e w-9 são considerados essenciais. Para que consigamos atingir o
que são os mononsarurados. Essa classificação vem da mínimo de AGE ao dia é necessário de 2-4% deste na
primeira dupla ligação a partir na extremidade oposta a da dieta/dia. Os AGE são precursores para a biossíntese de
carboxila. vários metabólitos.

Os ácidos graxos essenciais estão destacados no


quadro abaixo:
Biossíntese endógena de ácidos graxos a partir dos ácidos graxos essenciais:

Ácidos graxos cis e trans:


A dupla ligação trans entra naturalmente na cadeia
Os ácidos graxos (AG) insaturados recebem a alimentar resultado da fermentação bacteriana anaeróbica
denominação de trans quando a configuração estrutural dos que ocorre em animais ruminantes (5% da gordura total). Os
dois átomos de hidrogênio ligados aos átomos de carbono, AG trans são, também, originados pelo processo
onde está localizada a dupla ligação, está em lados opostos de hidrogenação, onde ocorre a eliminação de duplas
da cadeia carbônica. Normalmente, não é essa a ligações da cadeia de carbono dos AG e inversão da
configuração que se encontra nos sistemas biológicos de disposição dos átomos de hidrogênio, modificando a estrutura
mamíferos, e sim a configuração estrutural cis, em que os dois do ácido graxo e dando assim origem aos ácidos graxos
átomos de hidrogênio ligados aos átomos de carbono, trans. Como as duplas ligações são estruturas rígidas, as
formando a dupla ligação, encontram-se do mesmo lado. Veja moléculas que as contém podem ocorrer de duas formas cis
na figura abaixo a diferença da estrutura química entre ácidos e trans. Os isômeros cis encontram-se na maioria dos AG
graxos trans e cis. naturais.
Gordura Interesterificada:

Gorduras interestificadas são obtidas a partir de


mistura de óleo vegetal totalmente hidrogenado (gorduras
saturadas) e óleos vegetais líquidos.

Em 2007 diversos fabricantes começaram a estabelecer uma interface entre o meio intracelular e o meio
substituir a gordura hidrogenada pela gordura extracelular.
interesterificada. No entanto, estudos recentes sugerem que,
em alguns aspectos, esta pode ser mais danosa à saúde do
que a gordura hidrogenada. A gordura interesterificada
resulta da interesterificação dos óleos e tem como objetivo
aumentar o ponto de fusão e por conseguinte endurecer os
óleos. A interesterificação consiste em alterar a posição dos
ácidos gordos nos triglicerideos e tem grande vantagem sobre
a hidrogenação pois não leva à formação indesejável dos
ácidos gordos trans. Por isso, hoje, as margarinas são
produzidas a partir de óleos vegetais e de uma pequena
quantidade de óleo/gordura interesterificada.

Triglicerídeos (TG):

São ésteres de 3 ácidos graxos com uma molécula


de glicerol. A maioria dos AG presentes nos TG são mono ou
poli-insaturados na posição cis. Nos humanos os TG estão
armazenados no tecido adiposo, possuem função de reserva Assim, possui uma extremidade hidrofóbica e uma hidrofílica
de energia e independente do tipo de AG fornecem 9 kcal/g. tendo capacidade emulsificante
Os foslipídeos são os principais componentes lipídicos
estruturais de membranas → ex. fosfatidilcolina.

Fosfolipídeos:

Tem semelhança estrutural com os TG substituindo um AG


por um fosfato. (AG + ácido fosfórico + base N)

O grupo fosfato é que garante que a molécula tenha afinidade


por água – hidrofílica. Essa característica é fundamental para
O Tipo de AG do fosfolipídio interfere na fluidez da membrana
que deve ter a consistência de gel: Os fitosteróis mais comuns são: sitosterol, campesterol e
estigmasterol. Eles reduzem o colesterol LDL por reduzir a
absorção intestinal do colesterol exógeno (dietético) e do
colesterol endógeno (produzido pelo fígado e liberado no
intestino junto com a bile).

Para que o colesterol seja absorvido na luz intestinal, ele


precisa se tornar solúvel através da sua interação com a bile
e formação de micelas, caso contrário permanecerá insolúvel
e será eliminado nas fezes.

Quando os fitosteróis estão presentes na dieta eles são


introduzidos nas micelas, impedindo a entrada ou deslocando
o colesterol destas micelas.

A redução na absorção do colesterol estimula o fígado a


aumentar a síntese de colesterol, porém esse aumento não é
suficiente, havendo também um aumento no número de
receptores de LDL. Consequentemente caem o CT e LDL,
AGw3 > AGw6 > AGM > AGS sem alterar o HDL.

Lipídios da Dieta → truglicerídeos, fosfolipídeos e


colesterol
Outras funções dos fosfolipídeos, componentes:
Um adulto ingere por dia → 60 a 150g de lipídios e mais de
 Lipoproteínas
90% disso são TG, o restante é colesterol, ésteres de
 Bile
coresterila, fosfolipídios e AG livres. Na dieta temos também:
 Surfactante pulmonar
- Óleos → são líquidos a temperatura ambiente e são
formados por grande quantidade de ácidos graxos mono e
Colesterol: polisanturados
- Gorduras → são sólidas a temperatura ambiente e
- Tem estrutura diferente dos demais lipídios, mas é compostas por ácidos graxos saturados ou insaturados trans.
considerado como tal por não se dissolver em água
- É composto de um núcleo esteroide em forma de anel com Digestão dos Lipídios:
um radical hidroxila, o que faz se comportar como um álcool.
 Boca - Lipase lingual – pouca ação
 Estômago - lipase gástrica – inibida pelo pH ácido
 Duodeno – sais biliares + ação das lipases pancreática e
intestinal – onde efetivamente inicia-se a digestão de lipídios

Embora a digestão dos TCL seja iniciada de forma


insignificante no estômago com a ação da lípase gástrica, a
parte principal da digestão de gorduras acontece no intestino
delgado. A ação peristáltica do intestino delgado quebra os
glóbulos maiores de gordura em partículas menores e a ação
emulsificante da bile as mantém separadas, deixando mais
acessível para a digestão pela lípase pancreática. Os AG
livres e monossacarídeos produzidos na digestão formam
Funções: complexos com os sais biliares – micelas – que vão facilitar a
passagem dos lipídeos através do meio aquoso do lúmen
 Fluidez das membranas celulares intestinal para a borda em escova. Na célula mucosa, a
 Componentes da mielina maioria dos AG e monoglicerídeos se unem em novos
 Precursor de hormônios sexuais, cortisol e aldosterona triglicerídeos (TG) (reesterificação), enquanto uma pequena
 Importante para biossíntese de hormônios esteroides, parte será posteriormente digerida em AG e glicerol para,
vitamina D e sais biliares. então, formarem TG. Estes, juntamente com o colesterol e os
 Controla a síntese de fosfolipídios fosfolipídios, são envolvidos pela membrana de beta-
Fonte: carnes, aves, peixes, frutos do mar lipoproteína, formando quilomícrons. Estes glóbulos são
imediatamente recolhidos pelos vasos linfáticos lacteais
Fitosterois vegetais → Estigmasterol, campesterol, centrais das vilosidades.
sitosterol

Os esteróis vegetais também são conhecidos como fitosteróis


e são em extrato vegetal de sementes de girassol e soja.

Sais biliares
Lipases
Fosfolipase A2
DUODENO – CCK E
Os triglicerídeos de cadeia média são absorvidos de intestinal, os TCM são rapidamente metabolizados e
maneira direta pela veia porta para o fígado. Em relação à hidrolisados a monoglicerídeos e AG pela lípase pancreática.
digestão e absorção dos TCM, a lipase gástrica, que atua Em contraste com os monoglicerídeos de cadeia longa, parte
muito pouco sobre os TCL, pode iniciar a quebra dos TCM, dos monoglicerídeos de cadeia média sofre posterior hidrólise
principalmente quando uma grande proporção da ingestão a glicerol e ácidos graxos antes da absorção
total de lipídeos está sob a forma de TCM. No lúmen

No quadro abaixo podemos observar as diferenças entre a


digestão e absorção do TCL e do TCM.
Lipoproteínas:
A porção protéica das lipoproteínas, denominada
Devido à natureza hidrofóbica das gorduras apolipoproteína (apo), exerce várias funções fisiológicas no
neutras, triglicerídeos e éteres de colesterol, o mecanismo metabolismo das lipoproteínas: age como co-fatores de
de transporte e distribuição dos lípides no plasma não seria enzimas, ligantes de receptores de superfície celular, além
possível sem alguma forma de adaptação hidrofílica. Os de permitir a solubilização da macromolécula em meio
lípides são, então, transportados por estruturas micelares aquoso.
complexas, denominadas lipoproteínas, que consistem de
uma camada externa que contém proteína (apolipoproteína Metabolismo Lipídico:
ou simplesmente apo), lípides polares (fosfolípides e
colesterol não-esterificado) e um núcleo mais terno de Transporte endógeno de lipídios:
lípides neutros (triglicerídeos, ésteres de colesterol e
vitaminas lipossolúveis). Os lipídios de cadeia longa absorvidos são
transportados pelos quilomícrons, (que possuem apo B-48
como sua principal lipoproteína) através do sistema linfático
para a corrente sangüínea. Na circulação, interagem com a
lipoproteína HDL e recebem coletsterol, apo CII, apo CIII e
apo E. Ao adquirir apo CII, sofrem a ação da lípase
lipoprotéica (LPL) que está presente no endotélio capilar da
maioria dos tecidos, que hidrolisa os TG que são enviados
como ácidos graxos para os tecidos extra-hepáticos para
utilização.

Os quilomícrons remanescentes são, então,


captados no fígado (a apo E que fará a interação dos
quilomícrons com os hepatócitos, promovendo seu
reconhecimento para captação hepática.
As lipoproteínas plasmáticas diferem quanto à
origem, à proporção das frações lipídica e protéica e quanto
às propriedades físicas.
Ingestão de gordura Absorção de colesterol,
fosfolipídios e TG

AG para tecidos periféricos

Ação de hidrólise pela


LPL (presente Transporte pelos
endotélio células QUILOMÍCRONS na corrente
musculares e sangüínea
adiposas)
Captação de quilomícrons
remanescentes
Metabolismo exógeno de lipídios.

Transporte endógeno de lipídios colesterol e em apo E) e, em seguida, LDL (cerca de 50%),


que farão o transporte de colesterol para os tecidos
A VLDL é sintetizada no fígado para transporte de periféricos. A LDL é rica em apo B-100. Após a sua
TG e colesterol endógenos (60% da partícula de VLDL é formação, 60% da LDL é capturada pelos receptores de LDL
TG). A principal apolipoproteína da VLDL é a apo B100. No no fígado, adrenais e outros tecidos. O restante é
sangue, as VLDL incorpora, também as Apo CI, CII, CIII e catabolizado através de receptores não renais (tanto o n.°
Apo E provenientes das HDL. De modo semelhante aos quanto atividade destes receptores são os maiores
quilomícrions, os TG/fosfolipídios da VLDL sofrem ação da determinantes do nível de colesterol sérico). Um pouco da
LPL que hidrolisa os TG que são enviados como ácidos LDL pode ser oxidada e captada pelas células endoteliais e
graxos para utilização em tecidos periféricos. Os VLDL macrófagos na parede arterial, levando aos primeiros
(ricas em apo C e apo E) remanescentes podem ser estágios da aterosclerose.
captados no fígado ou transformarem-se em IDL (ricas em

VLDL sintetizadas no fígado para


transporte de TG e colesterol endógeno

Ação de hidrólise pela LPL


(presente endotélio células AG para tecidos periféricos VLDL remanescentes
musculares e adiposas)

Transporte de colestrol para


tecidos extra hepáticos LDL IDL

Metabolismo endógeno de lipídios.

Transporte reverso de colesterol plasma, a HDL tranfere ester de colesterol para


quilomícrons e VLDL em troca de TG. O remanescente
O colesterol livre nos tecidos extra-hepáticos é destas lipoproteínas será também captado no fígado. A HDL
esterificado na circulação e transferido para a HDL. Após, o é a lipoproteína de maior conteúdo protéico, por isso seu
transporte reverso de colesterol ocorre por duas vias: 1) papel em dirigir o metabolismo lipídico. A apo A-I é a
após ação da lípase hepática que hidrolisa fosfolipídeos e principal lipoproteína da HDL, e tem papel antiinflamatório e
triglicerídeos, as HDL são captadas pelo fígado por meio de antioxidante. A apo C e a apo E da HDL são transferidas
receptores específicos denominados SR-BI, que captam para os quilomícrons e VLDL e a apo E ajuda o fígado a
seletivamente colesterol esterificado e 2) quando por ação fazer o reconhecimento dos quilomícrons/VLDL
da enzima proteína de transferência de éster de colesterol remanescentes.
(CETP), no
Colesterol livre dos tecidos extra- Esterificação sérica pela Lecitina Transporte do colesterol esterificado
hepáticos colesterol Acil transferase para HDL

1
2
Ação de hidrólise pela LPL
(presente endotélio células Ação da Proteína de transferência do
musculares e adiposas) colesterol esterificado para a VLDL

Captação do VLDL remanescentes pelo AG para tecidos periféricos


fígado

Metabolismo do transporte reverso de colesterol.

Efeitos da hipertrigliceridemia (TG > 170mg/dl) transporte excessivo de TG para a HDL e LDL e, com isso, o
LDL e o HDL fica anormalmente ricos em TG. Assim, o HDL
Quando o nível de triglicerídeos está acima do normal e existe rico em triglicerídeo tem aumento do clearance renal e os
a ação da CTEP (Enzima de transferência de colesterol níveis de HDL baixam. No caso do LDL, esta se torna
esterificado) que faz a transferência de colesterol esterificado pequena e densa, mais aterogênica e com maior risco de
da VLDL para a HDL e LDL e recebe em troca TG, existe o oxidação.

CE CE

HDL CETP VLDL CETP LDL

TG TG

LDL – rico em TG
HDL – rico em TG

Ação de lipases
Ação de lipases

LDL – baixa
HDL – baixa densidade
densidade

LDL pequena
 Clearance e densa
renal  HDL

Reações de Síntese de Lipídios: durante a lactação. Esta produção ocorre quando a


disponibilidade de glicose é alta, existe um estímulo para a
Síntese de ácidos graxos: Uma grande proporção de ácidos síntese de secreção de insulina e a disponibilidade de acetil-
graxos é suprida pela dieta. Além disso, o corpo pode CoA está alta, normalmente oriunda de um excesso
sintetizar ácidos graxos, não os essenciais, porém, pode principalmente de carboidratos, mas também de proteína,
sintetizar muitos ácidos graxos. Essa síntese ocorre lipídio e álcool dietético.
primordialmente no fígado e tecido adiposo, mas pode ocorrer
em outros tecidos como, por exemplo, as glândulas mamárias
HC PTN LIP ÁLCOOL

Glicose AA AG Acetaldeído

INSULINA
 ACETIL - COA

Ciclo de Síntese de
Krebs AG

resultante da reação entre oxaloacetato e Acetil-CoA. Ao


No caso de existir um excesso de ATP tanto o ciclo chegar no citoplasma da célula o citrato é clivado novamente
de Krebs quanto a fosforialação oxidativa são bloqueados, em Acetil-CoA e oxaloacetato pela enzima ATP-citrato-liase
gerando um acúmulo de acetil-CoA dentro da mitocôndria. Ao para então, seguir-se a síntese de lipídios. (ver figura abaixo)
ocorrer o acúmulo de acetil-CoA este é difundido no
citoplasma da célula na forma de citrato que a molécula
Após a formação do acetil-CoA no citosol oriundo do citrato, pessoa a ingestão de colesterol pode variar substancialmente
ocorre a formação da malonil-CoA e então, do ácido graxo. A de um dia para outro. Assim, devem existir mecanismos
malonil-CoA é um mediador para a formação do ácido graxo. reguladores para equilibrar a velocidade da síntese de
É importante lembramos que, toda vez que as vias de síntese colesterol dentro do corpo contra a excreção de colesterol.
de ácidos graxos estão ativadas, a oxidação de ácidos graxos Um desequilíbrio nessa regulação pode levar a um aumento
está inibida (senão teríamos um gasto de energia fútil). nos valores de colesterol circulante, o que pode levar a
aterosclerose e doença arterial coronariana.
O colesterol é sintetizado a partir de acetil CoA (que pode ser
derivado de hidratos de carbono, de aminoácidos ou de
ácidos gordos). O fígado é o principal local de síntese do
colesterol, mas também pode ser sintetizado no intestino ou
em glândulas que produzem hormonas esteróides (córtex
adrenal, os testículos e os ovários, por exemplo). Todas as
reações biossintéticas ocorrem no compartimento
citoplasmático das células, mas algumas das enzimas
necessárias estão ligadas às membranas do retículo
endoplasmático. O balanço de colesterol no organismo,
resulta de uma estreita relação entre a síntese e absorção de
colesterol, a sua utilização como substrato biológico e a
excreção biliar e fecal, é, em última análise, mantido e
regulado pelo próprio colesterol. Assim, quando aumenta a
sua excreção ou diminui a sua absorção (por exemplo, por
menor quantidade na dieta) aumenta a síntese endógena de
colesterol; pelo contrário, a maior chegada ou a acumulação
de colesterol nos tecidos, leva à inibição da sua síntese.
O ponto principal de limitação e controle no
metabolismo intracelular de colesterol, dá-se na fase de
formação do mevalonato a partir de HMG-CoA e é,
largamente influenciado pelo grau de atividade enzimática
da HMG-CoA redutase, glicoproteína do retículo
endoplasmático celular e local de atuação farmacológica
das Estatinas.
A excreção do colesterol se dá por conversão em
sais bialiares que podem ser excretados nas fezes ou
secreção de colesterol na bile a qual vai para o intestino para
Síntese de colesterol: A disponibilidade de colesterol nas eliminação.
diferentes dietas varia amplamente e mesmo na mesma
Lipolise: Quando há pouca quantidade de glicose (p. ex.
jejum, exercício), mobilizam-se nossas reservas compostas
principalmente de triglicerídeos no tecido adiposo e, isso
ocorre, com o aumento do hormônio glucagon no plasma. A
enzima-chave que é estimulada nesse momento é a Lipase
Hormônio Sensível.
Para serem metabolizados, os lipídios devem ser
primeiramente degradados aos seus constituintes básicos:
ácidos graxos livres (AGLs) e glicerol. Há a necessidade da
ativação da enzima lípase hormônio sensível. O AGL liberado
será transportado pela circulação sanguínea associado à
albumina.
O glicerol é oxidado à diidroxiacetona fosfato. A
diidroxiacetona fosfato faz parte na seqüência da glicólise.
Esse composto pode ser convertido em glicogênio no fígado
e tecidos musculares ou em ácido pirúvico, o qual entra no
Ciclo de Krebs. Já os ácidos graxos têm como “destino” a β-
oxidação, que ocorre principalmente no fígado e no músculo.

Reações de Oxidação de Lipídios:


Glicerol → é transportado
para o fígado para ser
utilizado na
- gliconeogênese Fígado
- glicólise Músculo
- síntese de TG pelo
fígado

Os ácidos graxos livres podem passar para dentro da célula "especial", a carnitina, liberando a coenzima A. A carnitina
por difusão simples pela membrana plasmática, porém não esterificada é transportada para dentro da mitocôndria por um
podem entrar livremente para o interior das mitocôndrias. A transportador específico; a carnitina livre volta então para o
entrada dos ácidos graxos no interior das mitocôndrias requer citoplasma através do transportador. Neste processo não
primeiro a transformação dos ácidos graxos em acil-CoA. A existe transporte de CoA para dentro da mitocôndria: as
membrana da mitocôndria é impermeável á acil-CoA. Para reservas citoplasmática e mitocondrial de CoA não se
entrarem na mitocôndria estes reagem com um aminoácido misturam. (ver figura abaixo)

Após a absorção -100% dos AGCM são captados pelo modificações nas enzimas e produtos finais também é
fígado e os restante para os tecidos periféricos. Ácidos graxos possível realizarmos β-oxidação em AG insaturados, de
de cadeia média (AGCM), com menos de 12 carbonos podem cadeia impar ou ramificados. Nesse ponto o metabolismo de
atravessar a mitocôndria livremente (sem a dependência de lipídios fica essencialmente igual ao metabolismo da glicose.
carnitina). A oxidação de AGCM ocorre em todos os tecidos e O acetil-CoA, independente da sua origem, reage com o
sua taxa de oxidação é maior que o AGCL mesmo na oxalacetato, e entra no ciclo de Krebs na forma de citrato, que
obesidade. é metabolizado. Em cada conjunto completo de reações do
ciclo de Krebs são liberados quatro co-substratosreduzidos:
Na matriz mitocôndrial, o acil-CoA (majoritariamente três NADH e uma FADH2. Além disso, há a síntese de uma
palmitoil-CoA, AG saturado de cadeia par com 16 carbonos molécula de trifosfato de guanosina (GTP) ou ATP. O NADH
na estrutura) é oxidado pelo processo denominado β- e o FADH2 liberam os seus elétrons na cadeia de transporte
oxidação, que remove sequencialmente duas unidades de 2- de elétrons onde, em última análise, ocorrerá a síntese de
carbonos do acil-CoA na forma de acetil-CoA. Com pequenas ATP e água. (ver figura abaixo)

Ácido Palmítico C16H32O2


Cetogênese:  Acetoacetato e 0 3-hidroxibutirato → transportados
pelo sangue aos tecidos periféricos. Ali, eles podem
No jejum mais prolongado (~48h) os AG e, em especial, ser convertidos novamente em acelil CoA e
os corpos cetônicos (CC), sintetizados no fígado a partir do oxidadas no cicio de Krebs.
metabolismo de AG, passam a ser os principais substratos
Os corpos cetônicos são boas fontes energéticas para
energéticos para a grande maioria dos tecidos em detrimento
os tecidos periféricos porque:
da glicose. Inclusive o SNC passa a obter parte do seu  São solúveis em meio aquoso e não precisam ser
requerimento energético através da metabolização dos CC. transportados por albumina ou lipoproteínas como
Na ausência de glicose intra-celular, por redução de ingestão os demais lipídios
(jejum) ou por conta de uma diabetes com redução do  São produzidos no fígado quando a quantidade de e
transporte de glicose do meio plasmático para o intra-celular, acetil-CoA excede a capacidade oxidativa do fígado
ocorre uma indisponibilidade de ocorrência do cliclo de Krebs  São usado pelos tecidos extra-hepáticos (músculo
esquelético, cardíaco, córtex renal) em quantidade
e da fosforilação oxidativa.
proporcional a sua concentração no sangue

A mitocôndria do fígado tem a capacidade de converter Cetoacidose:


acetil-CoA proveniente da beta oxidação de ácidos graxos em
corpos cetonicos: acetoacetato, hidroxibutirato e acetona.  Quando a velocidade de formação dos corpos
(ver figura abaixo) cetônicos é maior do que a velocidade de seu
consumo, seus níveis começam a aumentar no
sangue e, por fim, na urina.
 Um aumento na concentração de corpos cetônicos
no sangue resulta em acidemia.
 A excreção da glicose e de corpos cetônicos na urina
resulta em desidratação do organismo.
 O aumento de H+ na circulação e a diminuição do
volume plasmático podem causar acidose grave
(cetoacidose).

Com relação aos corpos cetônicos: (CC)

 Acetona → volátil, eliminada pelos púlmões

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