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LIPÍDEOS

● Para não ruminantes


Lipídeos são compostos orgânicos formados por ácidos graxos e álcool, sendo sua
principal caracterísitca a insolubilidade em água, mas solubilidade em solventes orgânicos
como éter, clorofórmio e benzeno.

Análise de Weend = lavagem por extrato etéreo para ver teor lipídico
NIRS = tecnologia de infravermelho próximo que estima o valor nutricional do
nutriente

Classificação dos lipídeos


* simples → formado apenas de ácidos graxos e álcool (normalmente glicerol).
representados por óleos e gorduras
* compostos → ácidos graxos + álcool + outra substância. representados por fosfolipídeos,
lipoproteínas
* derivados → substâncias que derivam dos lipídeos simples e compostos por hidrólise.
representados por ácidos graxos livres e glicerol
****ponto de fusão = quanto maior a cadeia C, maior o ponto de fusão, quanto maior o
número de insaturações (dupla ligação), menor o ponto de fusão.

Ácidos graxos
* essenciais → o organismo não sintetiza em quantidade suficiente para atender a demanda
nutricional, devem ser adquiridos na ração. (ex: ác. linoleico e alfa-ácido linolênico)

***O organismo consegue aumentar o ácido graxo a partir das enzimas elongase
(acrescenta C na cadeia) e desaturase (acrescenta dupla ligação)

Funções
* reserva de energia
quando consumido em excesso, convertido em gordura para armazenagem
* fonte de ácidos graxos essenciais
que são usados como precursores de hormônios, prostaglandina, tromboxanos,
leucotrienos
* proteção e isolamento térmico
auxilia na manutenção da homeostasia em aves e mamíferos
* composto da membrana celular
na forma de fosfolipídeo
* permite absorção de vitaminas lipossolúveis
A, D, E, K
* precursores de hormônios
* produtores de água metabólica
numa quantidade maior que carboidratos e proteínas, importante na hibernação

A oxidação de lipídeos libera mais energia, seguida de proteínas e carboidratos.


Utilização de lipídeos na ração
* aumento no teor de energia disponível ao animal
* melhor palatabilidade
* redução das partículas finas (pó)
* lubrifica o misturador, aumentando a vida útil do aparelho
* facilita o processo de peletização

Efeito extra calórico / extra metabólico


* refere-se à tudo que vai além do fornecimento de energia e ácidos graxos
* em não ruminantes, garante-se o efeito com suplementação de 1,5 a 3,5% de óleo ou
gordura na alimentação
- estimula a produção do hormônio CCK
o hormônio sinaliza a produção de suco pancreático, promove contração da vesícula biliar
para liberar a bile (melhoramento na emulsificação de gorduras) e reduz o esvaziamento
gástrico (aumenta tempo de digestão de gordura e outros nutrientes)
- fornece energia de baixo incremento calórico
(lipídeos < carboidratos < proteínas)
há uma perda menor de calor em resultado aos processos de digestão, absorção e
metabolismo
vantajoso para animais que já estão em situação de estresse térmico

Enriquecimento de produtos
acrescentar ingredientes ricos em ômega 3 na ração de animais faz com que esses
incorporem os ácidos graxos em seus produtos (ovos, carne)
a falta de ômega 3/6 na dieta de humanos pode causar aterosclerose, trombose, artrite
rematóide, arritmia cardíaca e hipertensão arterial.

● Para ruminantes
~ parte do pdf enorme do querido do arlindo~
Os ​lipídeos de armazenamento são comumente os triacilgliceróis, formados pela
ligação de 3 moléculas de ácidos graxos com uma de glicerol, através de ligações éster. Ao
serem hidrolisados, liberam os AG e glicerol, e, se essa reação ocorrer em meio alcalino,
forma-se sabão (saponificação)
Os ácidos graxos liberados dos lipídeos são anfipáticos, pois apresentam um grupo
carboxila (hidrofílico) e uma cauda de hidrocarboneto (hidrofóbica). São diferenciados pelo
seu radical.
São divididos em saturados (apenas ligações simples entre os carbonos, sendo
sólidos em temperatura ambiente), e insaturados (possum uma ou mais duplas ligações,
sendo líquidos na temperatura ambiente)
Já os insaturados são divididos em monoinsaturados e poli-insaturados (dividos em
famílias ômega 3 e ômega 6)
Ômega 3 → primeira ligação dupla (insaturação) encontra-se no carbono 3 contado
a partir da carboxila
Ômega 6 → primeira ligação dupla (insaturação) encontra-se no carbono 6 contado
a partir da carboxila
AG da cadeia ômega ajudam a diminuir os níveis de triglicerídeos e colesterol total,
enquanto seu excesso pode retardar a coagulação sanguínea.
AG cis ou trans:
Forma trans presente em margarinas que são preparadas na forma de hidrogenação, essa
forma inibe enzimas importantes como a delta 6 dessaturase, que transforma ácido linoleico
em ácido gama-linolênico

Os glicerofosfolipídeos ou fosfoglicerídeos são importantes fosfolipídeos de


membrana e ocorrem em praticamente todos os seres vivos. São anfipáticos, ordenam-se
em bicamadas e são importantes para conter substâncias hidrossolúveis em um sistema
aquoso.
Os esteróis são lipídeos caracterizados por conter núcleo esteróide (quatro anéis
fundidos). Eles ​não apresentam ácidos graxos em sua estrutura, sendo o colesterol o maior
representante de esteróis nos tecidos animais.
O colesterol é anfipático e um importante componente das membranas biológicas,
além de ser precursor na síntese de esteróides biologicamente ativos, como hormônios
esteróides e sais biliares. Seu excesso no sangue aumenta risco de desenvolvimento de
doenças das artérias coronárias.
Os sais biliares (produzidos através do colesterol), são agentes emulsificantes que
facilitam a ação das lipases digestivas através do aumento da superfície de contato.
Os hormônios sexuais e do córtex da adrenal são derivados do colesterol
(testosterona, estradiol, cortisol, aldosterona)

As lipoproteínas são associações entre proteínas e lipídeos encontradas na corrente


sanguínea que tem como função transportar e regular o metabolismo de lipídeos no plasma
→ quilomícron
→ VLDL
→ IDL
→ LDL
→ HDL

Um grama de lipídeos fornece 9,45 kcal/g de energia, enquanto para os carboidratos


e proteínas isto representa 4,15 e 5,65 kcal/g, respectivamente. A energia bruta dos ácidos
graxos saturados aumenta com o comprimento da cadeia porque as unidades – CH2

A utilização de lipídeos na alimentação animal é interessante em dietas que


necessitam de elevados valores energéticos.
Neonatos de todas as espécies de mamíferos possuem alta capacidade de digestão
e absorção de lipídeos, pois o leite possui alto teor de gordura. Os lipídeos compõem uma
grande porção das dietas dos carnívoros, ao passo que em geral formam uma porção
menor das dietas naturais dos herbívoros adultos como ruminantes.

Os ácidos graxos existentes na natureza são majoritariamente de número par de


átomos de carbono e são lineares, isto é, sem ramificações. A exceção está em alguns
ácidos graxos bacterianos, que são ímpares e ramificados, como ocorre no rúmen. Estes
ácidos graxos bacterianos são chamados ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), são
constituídos por 1 a 5 carbonos e, devido a seu tamanho, ​são hidrossolúveis​. Têm grande
importância em animais ruminantes, pois se encontram em altas quantidades no rúmen,
como produto da digestão dos carboidratos no processo fermentativo.

Digestão de lipídeos
* A lipase lingual não hidrolisa fosfolipídeos e ésteres de colesterol, apenas triacilgliceróis
* Como a gordura do leite é rica em lipídeos contendo ácidos graxos de cadeias médias e
curtas, é eficientemente hidrolisada pela lípase lingual
* No duodeno, a presença do quimo ácido e de gorduras estimula, respectivamente, a
secreção de secretina e de colecistocinina (CCK) pelas células endócrinas do duodeno e
jejuno superior. Estes estímulos induzem também a secreção do peptídeo inibidor gástrico
(GIP) e o peptídeo vasoativo intestinal (VIP). A secretina estimula o pâncreas a produzir
uma secreção rica em bicarbonato, enquanto a CCK, estimula as enzimas lipolíticas
pancreáticas. Estes dois hormônios atuam sinergicamente no pâncreas, um potencializando
a ação do outro. A secretina tem também ação colerética, estimulando a secreção de bile
hepática.
* A bile desdobra os glóbulos de lipídeos em pequenas partículas (emulsificação), seu fluxo
sendo controlado pelo esfíncter de Oddi
* A absorção de colesterol e de vitaminas lipossolúveis é totalmente dependente do suco
biliar. Assim, na insuficiência pancreática, pode haver deficiência na absorção de
triglicerídios
* Nos mamíferos os quilomicrons recém-formados são transportados para corrente
sanguínea através do sistema linfático
* O local de transformação dos lipídeos é o fígado e o local de reserva é o tecido adiposo.
Existe sempre um duplo movimento de transporte
* No fígado ocorrem modificações sobre os quilomícrons, que são transformados em
β-lipoproteínas de baixa densidade, que a seguir são devolvidas ao plasma.

Lipídeos na nutrição de ruminantes


1. Imediatamente após a ingestão dos lipídios, estes são submetidos à ação da
microbiota ruminal. Primeiro, ocorre uma hidrólise das ligações éster, via enzimas
bacterianas de natureza extracelular as quais possuem atividade lipolítica,
galactolipolítica e fosfolipolítica. Essa hidrólise promove a liberação de um “pool” de
ácidos graxos saturados (AGS) ou insaturados (AGI), glicerol (oriundo dos
triglicerídeos dietéticos) ou galactose (proveniente dos galactolipídios ingeridos)
2. os AGI’s sofrem um processo bioquímico de saturação, denominado
biohidrogenação (remoção das ligações insaturadas/duplas ligações)
Quando lipídios são ingeridos em níveis acima dos recomendados, há tempos se
conhecem os efeitos negativos sobre o ecossistema ruminal.
Os efeitos adversos estão relacionados com o grau de insaturação que tornam os
ácidos graxos mais reativos. Estes ácidos, ao se incorporarem nas membranas biológicas
microbianas que são de natureza hidrofóbica e anfifílica, podem ser citotóxicos por
interferirem no processo de geração de ATP pela membrana.
Na tentativa de minimizar o impacto negativo da suplementação de lipídeos sobre a
fermentação ruminal, a indústria têm desenvolvido desde a década de 70 as gorduras
protegidas, que são AG complexados com íons de cálcio tornando-as inertes no ambiente
ruminal elevando suas quantidades no intestino sem sofrerem alterações de
biohidrogenação.
O rúmen fornece o ambiente propício para o crescimento e reprodução de
microrganismos que fermentam a glicose e produzem AGCC. Os AGCC são as principais
fontes de energia para os ruminantes. Os principais ácidos graxos voláteis produzidos por
microrganismos do rúmen são acetato, propionato, e butirato, e servem como os
precursores principais para glicose e gordura em ruminantes.

A deposição de gordura em animais ruminantes ocorre principalmente por dois


processos: incorporação dos ácidos graxos pré-formados, transportados pelas lipoproteínas
do plasma e por meio da síntese de ácidos graxos. Cerca de 90% da síntese de ácidos
graxos ocorre no tecido adiposo, onde o principal precursor é o acetato A composição de
ácidos graxos de produtos de origem animal (ovos, leite e carne) leva a refletir tanto na
síntese de ácidos graxos do tecido quanto na composição de ácidos graxos dos lipídeos
ingeridos pelos animais. Mas essa relação é mais forte em monogástricos (suínos, aves
domésticas e coelhos) do que em ruminantes, que sofrem biohidrogenação no rúmen.
~ agora a aula excelente que o querido do arlindo deu, com menos coisas pois pdf bem
completo ~

Estrutura básica do ácido graxo


- grupamento metil numa extremidade
- grupamento carboxila em outra

Classificação

Suplementação de gordura na dieta de vacas leiteiras


* utilizada durante lactação para aumentar a densidade energética da dieta e reduzir o
conteúdo de fibras consumido. Assim, haverá aumento da ingestão de energia e da
produção do leite.
* deve-se tomar cuidado com a capacidade de enchimento do rúmen
* é necessário estabelecer um período de adaptação para que a microbiota ruminal se
adapte à dieta rica em energia
* só vale a pena mexer com lipídeos na dieta se não prejudicar outros aspectos, nem
aumentar o consumo do animal (apenas melhorar o aporte energético)
* A utilização de gordura dietética suplementar para vacas em lactação pode resultar em
acréscimos de produção de leite de até 2 a 2,5 kg/vaca/dia. Fazer apenas em animais de
alta produção

Fontes de gordura
a) Óleos (vegetais)
soja, milho, girassol, coco, etc
usar o mais barato
b) Gorduras (animais)
sebo bovino, banha suína…

Gordura insaturada
baixo custo, grande aceitação pelos animais, maior digestibilidade dos em grãos do que dos
em óleos. Provavelmente porque a liberação dos lipídeos dos grãos é mais lenta no rúmen,
de form a que não excede a capacidade de hidrogenação dos microrganismos ruminais

Fonte de AGs atrelados a carbonos


são feitas para liberação devagar dos AGs, dessa forma, passam pelo rúmen sem ser
digeridos. Isso é interessante para que haja liberação de energia para absorção no intestino
delgado, sendo capaz de mudar o perfil ácidos graxos na composição do leite

A vaca leiteira moderna é altamente selecionada para produção de leite, o que


impõe agressiva utilização de glicose pela glândula mamária para que ocorra a lactogênese
e a manutenção da galactopoiese. Diante deste fenômeno, o animal entra em um estado de
balanço energético negativo (BEN) fazendo com que ocorra diversas adaptações
fisiológicas no intuito de poupar a utilização de glicose por tecidos periféricos levando à alta
mobilização de tecido adiposo para suprir as exigências energéticas não supridas pelo
consumo de nutrientes neste período desafiante da vida do animal.
Porém, essa mobilização de reserva corporal prejudica a realização de um novo
ciclo reprodutivo, e a vaca deve estar prenhe novamente após 90 dias de parto.
Além disso, a alta mobilização de gordura aumenta o processo de produção de
corpos cetônicos (oriúndos da quebra de lipídeos no fígado - acetil-CoA oxidada na
mitocôndria), podendo levar à cetonemia (sangue) e cetonúria (urina).
Deve ser feita a suplementação de gordura para evitar a perda do score corporal do
animal e todos esses efeitos indesejáveis.
O animal, ainda, deixará de consumir alimento, pois a demanda de gordura será
suprida pela reserva corporal, levando-o à um quadro de acidose. A reversão é feita por
glicose intravenosa - em que a fonte principal de energia passa a ser esse componente,
cessando a quebra de gordura, OU uso de propionato de Na via oral (não sei o motivo,
infelizmente).

Excesso de gordura
- efeito tóxico sobre bactérias fibrolíticas
- redução da digestibilidade das fibras (queda na produção de AGCC - fonte de
energia)
- impedimento físico para ação microbiana
- redução da produção de acetato

Biohidrogenação - processo de fermentação ruminal, há redução de pH. Hidrogênio livre se


liga em cadeia carbônica que deixa de ter ligação insaturada e passa a ter ligação saturada.
Esse processo ocorre naturalmente no rúmen em função da fermentação ruminal

De forma geral, a inclusão de gordura na dieta de forma inadequada irá reduzir o


consumo de matéria seca (CMS) do animal.

Benefícios do uso de gordura na dieta de ruminantes


- promover acabamento em dietas de alto concentrado
- reduzir custo da dieta
- aumentar densidade energética da ração
- diminuir o estresse por calor

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