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Digestão e transporte de Prof. Izabela D.S.

Caldeira

lipídeos Prof. Allysson Coelho Sampaio


TIPOS DE LIPÍDEOS
1-Glicerídeos – formados por ácidos graxos + glicerol
• Triglicerídeos – 3 ácidos graxos + glicerol
• Fosfolipídeos – 2 ácidos graxos + glicerol + álcool

2-Cerídeos – formados por ácido graxo de cadeia longa mais álcools de cadeia longa. Ceras

3-Esteroides – formados por 4 anéis de carbono e outras coisas – colesterol e derivados

4- Outros: (pigmentos, eicosanoides: prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos)


Lipídeos Neutros
Quando os ácidos graxos são esterificados com glicerol, colesterol ou
álcool de cadeia longa formando TG (triglicérides), FL (fosfolipídeos), EC
(ésteres de colesterol)
Níveis excessivos de ácidos graxos
livres

Lipotoxicidade
A capacidade de armazenar essas moléculas como TAG ou outros lipídeos
neutros, no tecido adiposo, provavelmente representa uma importante
etapa de sobrevivência.
Lipotoxicity: when tissues overeat.
Schaffer JE.
Curr Opin Lipidol. 2003 Jun;14(3):281-7

O acúmulo excessivo de ácido graxo livre em tecidos não adiposos


leva à disfunção celular (por exemplo, resistência à insulina ou
diminuição da secreção de insulina). Também pode levar à morte
celular apoptótica (lipoapoptose).

A lipotoxicidade pode ser melhorada ou evitada se o lipídio puder ser


redirecionado para o tecido adiposo ou secretado na forma de
lipoproteínas.
Lipídeos na dieta
LIPÍDEOS DA
DIETA

Triglicerídeos (TG)
GLICEROL - Éster de ácidos graxos e glicerol

- Pertence à família dos glicerídeos


ÁCIDO GRAXO

ÁCIDO GRAXO

ÁCIDO GRAXO
- São as gorduras neutras (gordura
animal e óleos)

- Corresponde à 90% dos lipídeos da


dieta
Lipídeos da dieta
Fosfolipídeos (FL)

ÁLCOOL
FOSFATO
GLICEROL
ÁCIDO GRAXO

- Éster de ácidos graxos, glicerol, fosfato e


ÁCIDO GRAXO

um álcool

- Pertence à família dos glicerídeos

- São os lipídeos estruturais de membrana


Lipídeos da dieta

Ésteres de Colesterol (EC)

COLESTEROL
ÁCIDO GRAXO COLESTEROL
LIVRE
Lipídeos da dieta
Gorduras
da dieta

A digestão e a absorção dos lipídeos da dieta ocorre no


INTESTINO DELGADO
Digestão dos lipídeos
NA BOCA E NO ESTÔMAGO, uma quantidade desprezível de
triacilglicerol pode ser hidrolisada pela ação da lipase lingual e lipase
gástrica. São úteis principalmente na amamentação.
A ação mecânica do estômago converte lipídios da dieta em uma
emulsão contendo gotículas microscópicas, porém grosseiras.
Papilas circunvaladas - Distribuídas na região do V da língua

-GLÂNDULAS DE VON EBNER – secretam no interior da depressão das papilas


gustativas – fluxo para limpeza, possui lipase lingual (previne camada hidrofóbica
sobre os botões)
Se as enzimas do trato digestório só atuam em
meio aquaso, como farão a digestão de lipídeos
que são hidrofóbicos (não se misturam com
água)?

Os lipídeos – triacilgliceróis, assim como ácidos graxos


livres e colesterol livre e esterificado, são muito
hidrofóbicos - eles não são solúveis em água, a menos
que sejam, emulsionados. Daí a importância dos sais
biliares presentes na bile.

A emulsificação consiste no processo de


mistura de dois líquidos difíceis de misturar.
Emulsificação pela Bile

Gotícula de lipídeo
Sais biliares proveniente do
(derivados do estômago
colesterol)

Os sais biliares emulsificam os


lipídeos, transformando-os em
gotículas muito menores e
facilitando a ação das enzimas
pancreáticas
NO INTESTINO DELGADO

(lipase pancreática, colesterol-esterase,


fosfolipases, etc) ácidos graxos livres monoacilgliceróis, diacilgliceróis
colesterol.

Lipase pancreática
Triglicérides (TG) Ácidos Graxos + Glicerol
Fosfolipases
Fosfolipídeos (FL) Ácidos Graxos + Glicerol
Colesterol-Esterase
Ésteres de Colesterol (EC) Ácidos Graxos + Colesterol
Vitaminas A, D, E, K Não sofrem digestão
Digestão pelas enzimas
pancreáticas
Uma das coleções
enzimáticas mais
poderosas do
organismo

Enzimas lipolíticas
1. Lipase
pancreática
2. Colesterol éster
hidrolase
3. Fosfolipase A
4. Fosfolipase B
5. Colipase
6. Lipase ativada por
sal biliar
Digestão de Triacilgliceróis (TG) mais que 90% Fosfolipídeos (PL)

Não ocorre
NA BOCA

60 - 150
Colesterol (C)

g/dia
lipídeos Ésteres de colesterol (CE)
Vitaminas lipossolúveis (ADEK)

Adulto: vestígio da lipase gástrica (resistente ao pH


Estômago ácido) hidrolisa triacilgliceróis em quantidades mínimas
RN: ocorre digestão devido ao pH neutro
Armazenamento e Vesícula
biliar
secreção da bile produzida
pelo fígado
Pâncreas

Secreção de “suco pancreático”


Solubilização pelos sais biliares
Hidrólise acontece pelas enzimas Após entrarem nas células intestinais os Intestino
pancreáticas (lipases, fosfolipases, lipídeos são ressíntetizados em delgado
colesterol esterases e outras) triacilgliceróis, fosfolipídeos e ésteres de
colesterol para formação do quilomícron

Quilomícrons são absorvidos pelos vasos


linfáticos (linfa)
APÓS ENTRAREM NOS ENTERÓCITOS
(Células Intestinais)
Os lipídeos emulsificados são No citosol, ácidos graxos livres,
atacados por lipases e outras glicerol, colesterol atravessam
enzimas pancreáticas e a membrana do retículo
convertidos em monoacilglicerol, endoplásmático, onde são
colesterol livre e ácidos graxos REESTERIFICADOS em TG,
livres. Estes são transportados FL e EC e são posteriormente
através das membranas das empacotados em quilomícrons
células intestinais (enterócitos)
Após entrarem nos enterócitos as
macromoléculas se unem com proteínas
(Apoproteínas – Apo), formando uma
estrutura denominada de LIPOPROTEÍNA, que
transportará os lipídeos da dieta no sangue
“destacado”ou
“separado”

LIPÍDEOS

LIPOPROTEÍNAS
Quando a lipoproteína se encontra com uma grande quantidade
de lipídeos, esta passa a ser chamada de QUILOMÍCRONS

Formam agregados lipoproteicos

QUILOMÍCRONS
Proteínas de ligação aos lipídeos

São agregados esféricos


“destacado”ou com lipídeos hidrofóbicos
“separado” no centro e cadeias
laterais hidrofílicas e
grupos polares de lipídeos
na superfície

LIPÍDEOS

LIPOPROTEÍNAS
Regulation of intestinal lipid metabolism: current concepts and relevance to
disease.
Ko CW, Qu J, Black DD, Tso P.
Nat Rev Gastroenterol Hepatol. 2020 Mar;17(3):169-183.

Inibir a atividade da lipase (com o medicamento orlistate, usado para tratar a


obesidade) ou reduzir o suprimento de ácido biliar disponível (por exemplo, usar
sequestrantes de ácidos biliares colestiramina, colestipol ou colesevelam, usado
para tratar hipercolesterolemia e diarreia por ácidos biliares) reduz a absorção lipídica
Lipase pancreática Sequestrante de ácidos
biliares
Niemann-Pick C1 Like 1 protein is critical for intestinal inibição
cholesterol absorption. seletiva da
Altmann SW et al. absorção
Science. 2004 Feb 20;303(5661):1201-4.
intestinal de
colesterol

NPC1-L1

A inibição da proteína NPC1-L1 pela ezetimiba, com consequente inibição seletiva da


absorção intestinal do colesterol, tem sido reconhecida como importante alvo
terapêutico no tratamento da hipercolesterolemia
Os quilomícrons são muito grandes para atravessarem a
membrana dos capilares sanguíneos. Eles são absorvidos pelos
capilares linfáticos
QUILOMÍCRONS

O empacotamento em quilomícrons, uma


lipoproteína, é necessário para o transporte pelo
sangue e pela linfa
Estrutura molecular de um quilomícron

A superfície é uma camada de fosfolipídios, com grupos de cabeça


voltados para a fase aquosa. Os triacilgliceróis sequestrados no interior
representam mais de 80% da massa. Várias apolipoproteínas (=
apoproteínas) que se projetam da superfície (B-48, C-III, C-II) atuam
como sinais na captação e metabolismo do conteúdo de quilomícrons.
Após absorção de lipídeos, re-esterificação e montagem de
quilomícrons, as lipoproteínas são, em seguida, secretados pelas
células intestinais para o interior do sistema linfático, de onde
alcançam a circulação através do ducto torácico.
LIPOPROTEÍNAS
Lipoproteínas
Quilomícrons (apoB48) VLDL – Very Low Density LDL – Low Density HDL – High Density
Lipoprotein (apoB100) Lipoprotein (apoB100) Lipoprotein (apoA)
Lipoproteínas
1) As ricas em TG, maiores e menos densas, representadas pelos quilomícrons, de origem intestinal, e pelas
Lipoproteínas de Densidade Muito Baixa (VLDL, sigla do inglês very low density lipoprotein), de origem
hepática;

2) As ricas em colesterol, incluindo as LDL e as de Alta Densidade (HDL, do inglês high density lipoprotein).

3) Existe ainda uma classe de Lipoproteínas de Densidade Intermediária (IDL, do inglês intermediary density
lipoprotein) e a Lipoproteína (a) −Lp(a), que resulta da ligação covalente de uma partícula de LDL à Apo (a). A
função fisiológica da Lp(a) não é conhecida, mas, em estudos mecanísticos e observacionais, ela tem sido
associada à formação e à progressão da placa aterosclerótica.
Lipoproteínas

Quilomícrons
(apoB48)
Lipoproteínas ricas em
triglicérides VLDL
(apoB100)
maiores e menos densas

LDL
(apoB100)
Lipoproteínas ricas em
colesterol HDL
(apoA)
Destino dos quilomícrons na circulação
• Enquanto circulam, os quilomícrons sofrem hidrólise pela Lipase
Lipoproteica (LPL), uma enzima localizada na superfície
endotelial de capilares do tecido adiposo e músculos, com
consequente liberação de ácidos graxos e glicerol.

• Após este processo de lipólise, os ácidos graxos são capturados


por células musculares esqueléticas e cardíacas (para produção
de energia- ATP) e também adipócitos (depósito na forma de
TAG). Remanescentes de quilomícrons e ácidos graxos também
são capturados pelo fígado, onde são utilizados na formação de
VLDL.
4. Ácidos graxos são oxidados p/ Ação da lipase lipoprotéica
obtenção de energia (músculo)
ou reesterificado para Uma vez na corrente sanguínea os quilomícrons se
armazenamento (adipócitos) Miócito ou ligam a receptores, que reconhecem a apo B-48 e
adipócito
são “enxugados” por lipases lipoproteicas

3. Ácidos graxos VLDL ou


livres entram Quilomícron

nas células

2. Na parede dos vasos a


lipase lipoproteica quebra
triacilglicerol dos
quilomicrons liberando
ácidos graxos e glicerol

1. Quilomicrons se movem
através do sistema linfático
até o ducto torácico onde
Lipase
são despejados na corrente
Lipoproteica
sanguínea
GPIHBP1 and Lipoprotein Lipase, Partners in Plasma Triglyceride Metabolism.
Young SG et al.
Cell Metab. 2019 Jul 2;30(1):51-65

Lipase Lipoproteica (LPL)


É uma enzima extracelular na superfície dos vasos
sanguíneos que degrada os triglicerídeos (TG) dos
quilomícrons e VLDL.
Destino dos lipídeos

Músculos
Ácidos graxos livres

Remanescentes de quilomícrons

Glicerol
Fígado
Jejum ou exercício
1. Mobilização dos ácidos graxos ocorre pela
ação da enzima lipase-hormônio-sensível
que é ativada pelo glucagon

2. Lipase degrada os triacilgliceróis estocados


no tecido adiposo liberando ácidos graxos
livres e glicerol;
Albumina

3. Ácidos graxos livres caem na circulação


sanguínea e são carregados pela albumina
plasmática até os tecidos como músculos e
fígado, onde serão oxidados;
Transportador de ácido graxo
4. O glicerol é convertido em gliceraldeído-3-
fosfato no fígado (intermediário da
glicólise/gliconeogênese), e pode entrar na
gliconeogênese para síntese de glicose.
Vias das Lipoproteínas
VLDL
Transporta triglicérides endógenos, produzidos pelo fígado (origem hepática) devido
à dieta rica em carboidratos ou da reesterificação de ácidos graxos circulantes.

• O transporte de lipídeos de origem hepática ocorre por meio das VLDL, IDL e LDL. As
VLDL são lipoproteínas ricas em TG e contêm a ApoB100 como sua Apo principal. São
montadas e secretadas pelo fígado, sendo liberadas na circulação periférica.

• A montagem hepática da VLDL também tem sido reconhecida como foco terapêutico no
tratamento da hipercolesterolemia pela inibição da síntese de Apolipoproteína B 100
(ApoB)
ESTADO ABSORTIVO (PÓS-PRANDIAL)

GLICEMIA
ALTA

Glicólise
Com O2: ciclo de Krebs e Glicogênese ou
Cadeira Respiratória glicogenogênese Lipogênese
Sem O2: Fermentação

PRODUÇÃO SÍNTESE SÍNTESE


DE DE GLICOGÊNIO DE
ATP TRIGLICÉRIDES
(GORDURA)

O Excesso de glicose é captado pelo fígado e convertido em ácidos


graxos e depois triglicérides. O fígado empacota em lipoproteínas
chamadas VLDL e envia para circulação
Por ação da lipase lipoproteica, as VLDL,
progressivamente depletadas de TG,
transformam-se em remanescentes,
também removidos pelo fígado por
receptores específicos. Uma parte das
VLDL dá origem às IDL, que são removidas
rapidamente do plasma. O processo de
catabolismo continua e inclui a ação da
lipase hepática, resultando na formação
das LDL.

Já na circulação, os TG das VLDL, assim como no caso dos quilomícrons, são então
hidrolisados pela Lipase Lipoproteica. Os ácidos graxos assim liberados são redistribuídos
para os tecidos, nos quais podem ser armazenados (como no tecido adiposo), ou
prontamente utilizados, como nos músculos esqueléticos.
LDL
A LDL tem um conteúdo apenas residual
de TG e é composta principalmente de
colesterol e uma única apo, a ApoB100.

FUNÇÃO: Transportar colesterol para os


tecidos (para membrana e produção de
esteroides)

As LDL são capturadas por células


hepáticas ou periféricas pelos Receptores
de LDL (LDLR).
Endocitose mediada por
receptor (LDLR)
Inibição da HMG-CoA
• A expressão dos LDLR nos hepatócitos é a principal responsável pelo nível de
colesterol no sangue e depende da atividade da enzima Hidroximetilglutaril
Coenzima A (HMG-CoA) redutase, enzima-chave para a síntese intracelular
do colesterol hepático.

• A inibição da HMG-CoA redutase e, portanto, da síntese intracelular do


colesterol é um importante alvo terapêutico no tratamento da
hipercolesterolemia – artrovastatina, rosuvastatina, sinvastatina

• Com a queda do conteúdo intracelular do colesterol, ocorrem o aumento da


expressão de LDLR nos hepatócitos e a maior captura de LDL, IDL e VLDL
circulantes por estas células.
Mechanisms and regulation of cholesterol homeostasis.
Luo J, Yang H, Song BL.
Nat Rev Mol Cell Biol. 2020 Apr;21(4):225-245.

O colesterol é sintetizado a partir de acetil-


CoA através de uma série de ~ 30 reações
usando a 3-hidroxi-3-metilglutaril-
coenzima A redutase (HMGCR) e
esqualeno monooxigenase (SM) como
enzimas limitantes.

Além da biossíntese de novo, o colesterol


transportado pelas partículas de
lipoproteína de baixa densidade (LDL) no
sangue pode ser absorvido pelo receptor
de LDL (LDLR) na superfície basal das
células polarizadas (como enterócitos ou
hepatócitos).
Familial hypercholesterolemia: Detect, treat, and ask about family.
Shah NP, Ahmed HM, Wilson Tang WH.
Cleve Clin J Med. 2020 Feb;87(2):109-120

Em mais de 75% dos casos de hipercolesterolemia familiar, o receptor de LDL está


com defeito devido a mutações no gene LDLR.

Com menos frequência, o problema é uma mutação em um gene para outra


molécula que interage com o receptor de LDL, como apolipoproteína B (APOB),
proproteína convertase subtilisina-cexina tipo 9 (PCSK9) ou um gene
desconhecido
Vias das Lipoproteínas
HDL
• As partículas de HDL são formadas no fígado, no
intestino e na circulação. Seu principal conteúdo
proteico é representado pelas apos A.

• A HDL transporta o colesterol até o fígado, para


produção de ácidos biliares.

• É uma via de excreção de colesterol já que a bile é


secretada no intestino e uma parte é perdida com as
fezes, assim eliminando colesterol do organismo.
HDL
O circuito de transporte do colesterol dos tecidos
periféricos para o fígado é denominado transporte
reverso do colesterol.

A HDL também tem outras ações que contribuem para


a proteção do leito vascular contra a aterogênese,
como a remoção de lipídeos oxidados da LDL, a
estimulação da liberação de óxido nítrico e outros.
Aterosclerose
Placas Ruptura,
Hiperlipidemia,
Disfunção ateroscleróticas, oclusão por Infarto agudo do
hiperglicemia,
endotelial acúmulo de trombos, miocárdio
hipertensão, etc
colesterol estenose crítica
HDL
lipoproteína de densidade alta

Níveis aumentados

Diminuição do risco de infarto agudo do miocárdio


LDL
Lipoproteína de densidade baixa

NÍveis aumentados

Aumenta o risco de infarto agudo


do miocárdio
Efeito dos Exercícios
Efeito da Dieta
Referências

https://www.marilia.unesp.br/Home/Instituicao/Docentes/FlaviaGoulart/lipidios.pdf

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