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27/04/2019

UNIFACISA - FCM
CURSO: MEDICINA
DISCIPLINA: BIOQUÍMICA MÉDICA
PROFª: DRª RAFAELA S. SOARES MACIEL

LIPÍDEOS – PARTE 1

LIPÍDEOS

 Grupo de compostos quimicamente diversos, cuja característica em


comum que os define é a insolubilidade em água;
 Diferentemente do glicogênio, os lipídeos são conhecidos como fonte de
energia de longo prazo;
 Os mamíferos conseguem sintetizar a maioria dos compostos lipídicos
necessários ao seu funcionamento, exceto alguns ácidos graxos
essenciais e vitaminas lipossolúveis(A, D, E e K).

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FUNÇÕES

 Reserva de energia
 Componentes das membranas celulares
 Isolante térmico e físico
 Proteção dos órgãos
 Hormônios e vitaminas
 Sinalização intra e intercelulares

FUNÇÕES

Componentes das membranas celulares


 Os fosfolipídios são importantes componentes das membranas celulares.

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FUNÇÕES
Reserva de energia (armazenamento)
 Fonte imediata de energia para o nosso corpo são os carboidratos,
porém os lipídeos armazenam maior energia em g/mol que os
carboidratos

Glicídios (5 kcal)
Lipídeos (9 kcal)

Isolante térmico sob a epiderme de muitos animais (tecido adiposo)

FUNÇÕES

 Quais as vantagens em se usar triacilgliceróis para o armazenamento de


energia em vez de polissacarídeos, como o glicogênio e o amido?

 1- oxidação de um grama de triacilgliceróis libera mais energia do que a


oxidação de um grama de carboidratos.
 2- como lipídeos são hidrofóbicos e, portanto, não hidratados, o
organismo que carrega gordura como combustível não precisa carregar
o peso extra da água da hidratação que está associada aos
polissacarídeos armazenados (2 g por grama de polissacarídeo).

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FUNÇÕES
Isolamento e proteção de órgãos
 As gorduras armazenadas no tecido adiposo dos animais atuam
protegendo estruturas internas (órgãos), funcionando como um
amortecimento.

FUNÇÕES

Hormônios e vitaminas
 Hormônios sexuais e vitamimas A, D, E e K possuem natureza lipídica;
Vit. E
(Tocoferol)
Testosterona

Vit. A
(Retinol)

Vit. D Vit. K
Progesterona (Calciferol) (Filoquinona)

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CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos
Triacilgliceróis
Ceras
Fosfolipídeos
Glicolipídeos
Esfingolipídios
Esteroides
Eicosanoides
Lipoproteínas

CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos
 Unidades fundamentais dos lipídeos;
 Fórmula geral: R– COOH
 São ácidos carboxílicos alifáticos de cadeia de hidrocarboneto longa, obtidos
geralmente da hidrólise de gorduras e óleos naturais.
 Ocorrem principalmente como ésteres nas gorduras naturais e óleos. Raramente
podem ser encontrados na forma não esterificada como ácidos graxos livres (AGL).
 Geralmente contém número par de átomos de carbono, por que são sintetizados de
unidades de 2 carbonos (mais comum entre C16 e C18, enquanto AG < C14 e AG >
C20 são raros).

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CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos
 Podem ser:
 Saturados (sem duplas ligações)
 Insaturados (presença de dupla ligações)

 A maior parte de ácidos graxos no nosso organismo é provenientes da


alimentação

CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos
 Propriedades físicas: determinadas pelo comprimento e o grau de
insaturação da cadeia de hidrocarbonetos
 Quanto maior a cadeia hidrocarbônica e menor número de ligações
duplas: menor a solubilidade em água
 Ácidos graxos livres circulam no sangue ligados de modo não covalente
à albumina
 A maioria dos ácidos graxos no sangue se encontram como derivados
do ácido carboxílico, como ésteres ou amidas

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CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos Saturados

 Não possuem ligações duplas


 Sólidos à temperatura ambiente
 Encontrado em gorduras de origem animal
 A livre rotação confere grande flexibilidade (estabilidade)

CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos Saturados

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CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos Insaturados


 Apresentam uma ou mais ligações duplas;
 Líquidos à temperatura ambiente;
 Encontrados em óleos de origem vegetal.

CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos Insaturados

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CLASSIFICAÇÃO
Ácidos graxos
 Os ácidos graxos denominam-se de acordo com o número de carbonos
e, no caso de existirem, com o número e localização das duplas ligações.
 São exemplos de AG saturados, o butírico (4C), o palmítico (16C), o
esteárico (18C) e o araquídico (20C).

CLASSIFICAÇÃO
Ácidos graxos
 São exemplos de AG monoinsaturados:
 palmitoleico (16:1;9 / Δ9 / 16:1 ) e o oleico (18:1;9).

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CLASSIFICAÇÃO

Ácidos graxos
 São exemplos de AG poli-insaturados:
 linoleico (18:2;9,12), α-linolênico (18:3;9,12,15), araquidônico
(20:4;5,8,11,14)

CLASSIFICAÇÃO

Triacilgliceróis (Triglicerídeos) TAG


 São lipídeos formados pelo glicerol esterificado com 3 moléculas de
ácido graxo;

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CLASSIFICAÇÃO

Triacilgliceróis (Triglicerídeos) TAG

 Fonte de energia em jejum prolongado e exercícios de longa duração;


 Libera mais energia que glicogênio e amido;
 Cadeia curta; 4C
 Cadeia média: 6 -12C
 Cadeia longa: >14C

CLASSIFICAÇÃO
Ceras
 São ésteres de ácidos graxos de cadeia longa saturada e insaturada (14 a 36 átomos
de carbono);
 Diversidade de funções relacionadas às suas propriedades impermeabilizantes e de
consistência firme;
 Secretadas por glândulas sebáceas em vertebrados;
 Importante na indústria farmacêutica;
 Lanolina: extraída da lã de carneiro;
 Cera de abelhas;
*Cera de carnaúba;

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CLASSIFICAÇÃO

Fosfolipídeos
 Lipídeos que contém além de ácidos graxos e álcool, resíduo de ácido fosfórico
(fósforo - P);
 São componentes dos lipídeos de membrana (estruturais) e não são armazenados
em grandes quantidades;

CLASSIFICAÇÃO

Fosfolipídeos
Colina
Etanolamina
Radical Inositol
Serina
Fosfato

Glicerol
Ácidos graxos

Ácidos graxos

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CLASSIFICAÇÃO

Fosfolipídeos

Fosfatidilcolina Fosfatidiletanolamina Fosfatidilserina

CLASSIFICAÇÃO

Glicerolipídeos
 Contêm fosfato além de resíduos de AG e um álcool (glicerol).
 Todos os glicerolipídeos de membranas também contêm fosfato, logo o termo mais
adequado é glicerofosfolipídeo.

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CLASSIFICAÇÃO
Esfingolipídeos
 Em casos onde o álcool é o esfingol (esfingosina) são chamados de esfingolipídeos.
 As esfingomielinas são esfingolipídeos que contêm um resíduo de fosfato;

CLASSIFICAÇÃO

Glicolipídeos
 Os glicolipídeos contêm esfingol ou glicerol além de resíduos de carboidratos;

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CLASSIFICAÇÃO
Esteroides
 São lipídeos estruturais encontrados nas membranas plasmáticas;
 Não possuem ácido graxo em sua estrutura;
 Esqueleto esteroide, com núcleo conhecido como “ciclopentanoperidrofenantreno”;
 O colesterol é o precursor metabólico dos hormônios sexuais, do glicocorticoides,
mineralocorticoides, ácidos e sais biliares e vitamina D.

CLASSIFICAÇÃO
Esteroides

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CLASSIFICAÇÃO
Eicosanoides
 São derivados (alguns cíclicos) de certos ácidos graxos, sendo o ácido
araquidônico o maior precursor;
 Compreendem as prostaglandinas, os tromboxanos e os leucotrienos;

CLASSIFICAÇÃO

Eicosanoides

PROSTAGLANDINAS
LEUCOTRIENOS
• Regulam o fluxo sanguíneo; TROMBOXANOS
• Estimulação da contração da
• Estimulação da contração da
musculatura lisa; • Estimulação da contração da
musculatura lisa;
• Indução da resposta musculatura lisa;
• Indução da resposta alérgica;
inflamatória, dor e febre; • Indução da agregação
• Indução da resposta
• Inibição da agregação plaquetária;
inflamatória;
plaquetária;

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CLASSIFICAÇÃO
Lipoproteínas
 Resultado da associação de lipídeos com proteínas, sendo fundamentais
para o transporte dos lipídeos no sangue.

CLASSIFICAÇÃO

Lipoproteínas
 Quilomícrons – formados majoritariamente no intestino por triglicerídeos exógenos
(adquirido pela dieta alimentar), transporta-os para linfa.
 VLDL – formado majoritariamente por triglicerídeos endógenos (metabólitos da
digestão do colesterol). Transporte do fígado para os tecido adiposo e muscular.
 LDL – formado por colesterol livre.
 HDL – formado por ésteres de colesterol → níveis aumentados no sangue com
atividade física. Transporta colesterol da periferia do corpo para o fígado.
 LPL – lipoproteína lipase → hidrolisa TAG

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Metabolismo dos Lipídeos da dieta

As células obtêm lipídeos a partir:


 Dieta;
 Estoque do tecido adiposo;
 Da lipogênese hepática, a partir do excesso de carboidratos da dieta.

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DIGESTÃO

 Os triacilglicerois são as principais fontes de gordura da dieta humana;


 Pois são os lipídeos de armazenamento em animais e plantas;

DIGESTÃO

TAG longa

TAG curta
TAG média

pH ácido pH básico

Emulsificação

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DIGESTÃO

Hormônio colecistocinina
( bile e lipase + colipase)

AG
Hormônio secretina
( bicarbonato)

2-MG

DIGESTÃO

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ABSORÇÃO

 Os AG e 2-MG → micelas → sais biliares

ABSORÇÃO E TRANSPORTE

 Os AG de cadeia curta e média


(C4 e C12) não formam
micelas, pois conseguem ser
absorvidos pelas células
epiteliais;
 Porém entra na veia porta e
são transportados para o
fígado ligados à albumina.

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ABSORÇÃO E TRANSPORTE

Quilomicrons – Linfa

AG Cadeia curta e média –


veia porta hepática

ABSORÇÃO E TRANSPORTE

 Os TAG e ésteres de colesterol são


muito hidrofóbicos e agregam-se em
meio aquoso;
 Portanto é necessário que sejam
embalados em quilomícrons, onde
sua camada externa estabiliza a
partícula, evitando que coalesçam.

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TRANSPORTE E MOBILIZAÇÃO
Adrenalina

ATGL- triacilglicerol lipase


CGI - comparative gene identification
MGL - monoacilglicerol lipase

USO DOS LIPÍDEOS DA DIETA PELOS TECIDOS

Células musculares Glicerol


Fígado
AG livres Adipócitos (glicerol-3-fosfato)

Sangue ligados à Glicólise


Albuminas Gliconeogênese

Fígado
Demais componentes do quilomicra
(Após a remoção da maior parte de TAGs)
(endocitose)

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DESTINO DO GLICEROL

DESTINO DO GLICEROL

Glicerol

Glicerol 3-fosfato

Di-hidroxiacetona
Glicose Piruvato
Gliconeogênese fosfato Glicólise

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β-Oxidação

Β-OXIDAÇÃO

 Ocorre na matriz mitocondrial

AG cadeia longa
Carnitina
(C14 – C20)

AG cadeia curta
(C4)
AG cadeia média
(C6-C12)

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ATIVAÇÃO DO ÁCIDO GRAXO DE CADEIA LONGA

 AG de cadeia longa além de hidrofóbicos e insolúveis, são “tóxicos” para as células,


pois podem romper lig. entre cadeias de aminoácidos em proteínas;
 Eles são liberados dos TAG do tec. adiposo pelas lipases;
 São transportados no sangue ligados à albumina;
 Entram nas células por transporte saturável e difusão através da membrana
plasmática;
 A proteína carnitina se liga ao AG ativado intracelular para facilitar seu transporte
para a matriz mitocondrial;

ATIVAÇÃO DO ÁCIDO GRAXO DE CADEIA LONGA

Ácido graxo + CoA + ATP → Acil-CoA graxo + AMP + 2Pi

Acil-CoA
sintetase

Ácido graxo Acil-adelilato-graxo

Acil-CoA
sintetase

Acil-adelilato-graxo CoA Acil-CoA graxo

OBS! Contabiliza o gasto de 2 ATP

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ATIVAÇÃO DO ÁCIDO GRAXO DE CADEIA LONGA

 A acil-CoA sintetase é inativa em cadeias de C22 ou mais, e tem pouca atividade


abaixo de C12;
 Está presente no retículo endoplasmático, nas membranas externas da mitocôndrias
e membranas de peroxissomos;

CICLO DA CARNITINA
Acil-CoA = Acil-CoA graxo

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B-OXIDAÇÃO

 Em cada espiral da β-oxidação é formado:

FADH2 NADH+H+ Acetil-CoA

Cadeia Ciclo Krebs


Respiratória Corpos cetônicos

B-OXIDAÇÃO
1ª REAÇÃO

Acil-CoA
desidrogenase

- Ligação dupla trans entre α e β


- Formado FADH2

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B-OXIDAÇÃO
2ª REAÇÃO

Enoil-CoA
hidratase

B-OXIDAÇÃO
3ª REAÇÃO

β-hidroxiacil-CoA
desidrogenase

- Formado NADH + H+

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B-OXIDAÇÃO
4ª REAÇÃO

Acil-CoA
acetiltransferase
(tiolase)

- Formado Acetil-CoA

BALANÇO ENERGÉTICO
 Ácido Palmítico (16C)

C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C-C
1 2 3 4 5 6 7
FADH2 FADH2 FADH2 FADH2 FADH2 FADH2 FADH2
NAD+H+ NAD+H+ NAD+H+ NAD+H+ NAD+H+ NAD+H+ NAD+H+

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BALANÇO ENERGÉTICO
 Ácido Palmítico (16C)

7 voltas na 8 voltas no Soma Cadeia


β-oxidação Ciclo de Krebs Respiratória
Acetil-CoA 8 -8 0
NADH 7 24 31 x 2,5 = 77,5 ATP
FADH2 7 8 15 x 1,5 = 22,5 ATP
ATP 0 8 8

RENDIMENTO ENERGÉTICO
 Ácido Palmítico (16C)

77,5 do NADH
22,5 do FAD
100
+ 8 do ciclo de Krebs
108
- 2 da ativação do palmitato
106 ATP

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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS INSATURADOS


 Ácido Oleico (ômega 9)

OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS INSATURADOS


 Ácido Oleico

Enoil-CoA
isomerase

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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS INSATURADOS


 Ácido Oleico

OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS


 Ácido Linoleico (ômega-6)

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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS


 Ácido Linoleico

OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS


 Ácido Linoleico

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OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA ÍMPAR

Propionil-CoA
carboxilase
D-

OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA ÍMPAR

Metilmalonil-CoA Metilmalonil-CoA
epimerase mutase

D- L-

Ciclo de
Krebs

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REGULAÇÃO DA B-OXIDAÇÃO

 Quando a dieta disponibiliza uma fonte imediata de carboidratos como combustível,


a β-oxidação dos ácidos graxos é desnecessária, sendo desativada.
 β-oxidação também é regulada pela necessidade celular de energia (ATP, NADH e
FADH2)
 A regulação da via é feita pela enzima reguladora carnitina-acil-transferase I, que regula
a velocidade de entrada do ácido graxo na mitocôndria, desta forma, a velocidade de
sua degradação.
 Esta enzima é inibida por malonil-CoA, um intermediário cuja concentração aumenta
na célula quando esta tem carboidrato disponível, e que funciona como precursor na
biossíntese de ácido graxo.

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