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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ – UVA


ESTRUTURAS DE MADEIRA – AULA 1
ENGENHARIA CIVIL – CCET – CAMPUS CIDAO
Introdução
A madeira é um material orgânico, de origem vegetal encontrada tanto em florestas naturais
quanto em florestas artificiais resultantes de reflorestamentos industrializados. Sua fonte é
abundante e renovável.
Livro de Walter Pfeil
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Propriedades Físicas da Madeira (Material principal de consulta: NBR 7190-1)


O conhecimento das propriedades físicas da madeira influencia no desempenho e na
resistência da madeira de uso estrutural.
É possível destacar os seguintes fatores:
• Classificação botânica.
• O solo e o clima da região de origem.
• Fisiologia da árvore.
• Anatomia do tecido lenhoso.
• Variação da composição química.
Como os valores numéricos das propriedades da madeira (obtidos em laboratório) podem
ser incluídos na distribuição de Gauss (95% das amostras estão com os valores acima do
valor característico).
As características principais a serem conhecidas para madeira de uso na construção são:
umidade, densidade, retratibilidade, resistência ao fogo, durabilidade natural e resistência
química.
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A madeira é um material ortotrópico, que possui comportamentos diferentes em relação á


direção do crescimento das fibras. A seção transversal possui 3 eixos componentes:
• Longitudinal: segue a extensão das fibras da madeira.
• Radial: segue o raio da seção transversal (parte do centro à extremidade).
• Tangencial: tangencia as circunferências da seção transversal.
As diferenças das propriedades nas direções perpendiculares às fibras (radial e tangencial)
são menores se comparadas com a direção paralela, ou longitudinal, de acordo com a
apresentação das propriedades para uso estrutural.

1. Teor de Umidade
𝑚1 − 𝑚2
𝑤 (%) = ⋅ 100
𝑚2
• w = umidade
• m1 = massa úmida
• m2 = massa seca
A NBR 7190-1:2022, tal como a sua versão anterior (de 1997), considera a umidade
característica de 12% como umidade de equilíbrio máxima para classe 1 de umidade
(umidade relativa do ambiente menor ou igual a 65%), e a utiliza como condição padrão de
referência para propriedades de resistência e rigidez da madeira (Consultar item 5.6.1 da
norma).

2. Densidade Básica
O item 5.2 da NBR 7190-1 define duas definições de densidade:
• Básica: Massa específica convencional obtida pela divisão da massa seca pelo volume
saturado.
• Aparente: Razão de massa pelo volume, ambos na mesma umidade.
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3. Retratibilidade (Consulta à Norma 7190-3)


É a redução das dimensões em uma peça pela saída da água de impregnação.

4. Resistência ao Fogo (Citação à NBR 5628)


A madeira possui uma certa resistência ao fogo, e se bem dimensionada se torna superior
a outros materiais estruturais.
Uma peça de madeira exposta ao fogo é um combustível para propagação de chamas, mas
após um certo tempo, as camadas mais externas se carbonizam, tornando-se isolantes
térmicos e protegendo o restante da peça contra um incêndio.

5. Durabilidade Natural
A durabilidade, relacionada à biodeterioração, depende da espécie e das características
anatômicas.
Além disso, a diferença na durabilidade da madeira varia de acordo com a região da tora
(de onde a peça foi extraída), já que o branco da madeira é mais vulnerável à degradação
biológica.

6. Resistência Química
A madeira apresenta boa resistência a ataques químicos.
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Propriedades Mecânicas da Madeira


São as responsáveis pela resposta da madeira quando solicitada por forças externas.

Propriedades Elásticas
Elasticidade é a capacidade de retornar à forma inicial após a retirada de ação externa que
o deforma, sem apresentar os efeitos da deformação. Para a maioria dos fins estruturais, a
madeira pode ser considerada elástica, mesmo que não seja um material elástico ideal.
As propriedades elásticas são descritas pelas constantes:
• Módulo de Elasticidade Longitudinal (E);
• Módulo de Elasticidade Transversal (G);
• Coeficiente de Poisson (𝜈).
Uma vez que a madeira possui diferentes propriedades dependendo da direção das fibras,
as propriedades variam baseadas no eixo da aplicação do esforço.

1. Módulo de Elasticidade (E) - Há uma série de valores de módulo de elasticidade


longitudinal.
Na flexão:
• E0: Módulo de elasticidade da madeira na flexão.
É determinado por ensaios de flexão e tem os valores estabelecidos na tabela abaixo.
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Se for usada a tabela 2, considerar que:


𝐸0,𝑚𝑒𝑑 = 𝐸𝑐0,𝑚𝑒𝑑

• Em,med: Valor médio do módulo de elasticidade da madeira na flexão.


• Eef: Valor efetivo do módulo de elasticidade da madeira na flexão.
• E0,05: Valor característico inferior (quinto percentil) do módulo de elasticidade da
madeira na flexão.
Na compressão:
• Ec0,med: Valor médio do módulo de elasticidade na compressão medido na direção
paralela às fibras da madeira.
• Ec90,med: Valor médio do módulo de elasticidade na compressão medido na direção
perpendicular às fibras da madeira.
𝐸𝑚 𝐸𝑐0,𝑚𝑒𝑑
𝐸𝑐90,𝑚𝑒𝑑 = ou
20 20
Outros:
• EC: Módulo de elasticidade de referência para o cálculo do centro de gravidade do
painel MLCC.
• Eef,fi: Módulo de elasticidade efetivo em situação de incêndio.

2. Módulo de Elasticidade Transversal (G)


É calculado conforme a equação abaixo, que utiliza-se do módulo de elasticidade da
madeira na flexão:
𝐸0,𝑚𝑒𝑑
𝐺𝑚𝑒𝑑 =
16

3. Coeficiente de Poisson
A norma não especifica valores para o coeficiente de Poisson em relação a madeira.
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Propriedades de Resistência
Descrevem as resistências últimas de um material solicitado por uma força. As propriedades
de resistência também diferem de acordo com os 3 eixos principais (mesmo que os valores
nas direções radial e tangencial sejam aproximadamente os mesmos). Então as
propriedades de resistência seguem apenas as direções paralela e normal às fibras.

1. Compressão
São 3 solicitações a que podemos submeter a madeira na compressão: normal, paralela
ou inclinada (em relação às fibras).
Os valores de resistência à compressão normal às fibras são da ordem de ¼ dos valores
apresentados pela madeira na compressão paralela.
𝑓𝑐90,𝑑 ≤ 0,25 ⋅ 𝑓𝑐0,𝑑 ⋅ 𝛼𝑛 (6.3.3)

Comportamento da madeira na compressão (Fonte: RITTER, 1990)


Para solicitações inclinadas em relação às fibras da madeira, usam-se valores
intermediários entre a compressão paralela e normal, os mesmos obtidos pela expressão
de Hankinson:
𝑓0 ⋅ 𝑓90
𝑓𝛼 = 2
𝑓0 ⋅ sen 𝛼 + 𝑓90 ⋅ cos 2 𝛼

Compressão na madeira (Fonte: RITTER, 1990)


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2. Tração
Nas peças de madeira, podem ocorrer duas solicitações de tração diferentes: paralela e
perpendicular às fibras. As propriedades da madeira diferem consideravelmente
baseadas nas solicitações.
A ruptura por tração paralela pode ocorrer de duas formas: deslizamento entre as células
ou ruptura das paredes das células. Para ambos os casos, a madeira apresenta baixa
deformação e alta resistência.
Por tração normal, a madeira tem baixos valore de resistência. É necessário evitar (em
questão de projetos) considerar a resistência quando solicitada à tração na direção
normal às fibras.

Tração na madeira (Fonte: RITTER, 1990)


3. Cisalhamento
Existem três tipos de cisalhamento que podem ocorrer em peças de madeira.

Cisalhamento na madeira (Fonte: RITTER, 1990)


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4. Flexão Simples
Ocorrem 4 tipos de esforços quando a madeira é solicitada a flexão simples:
• Compressão paralela às fibras;
• Tração paralela às fibras;
• Cisalhamento horizontal (e nas regiões dos apoios);
• Compressão normal às fibras.

Flexão na madeira (Fonte: RITTER, 1990)


5. Torção
As propriedades solicitadas por torção são pouco conhecidas. A norma recomenda evitar
a torção de equilíbrio em peças de madeira (risco de ruptura por tração normal às fibras,
devido ao estado múltiplo de tensões atuantes).
6. Resistência ao Choque
A madeira é considerada um material de ótima resistência ao choque.

Fatores que Influenciam nas Propriedades da Madeira


Uma vez que a madeira é um material de origem biológica, está sujeita a variações na
estrutura que podem acarretar em mudanças nas propriedades, mudanças essas
resultantes de 3 fatores principais: anatômicos, ambientais e de utilização.
1. Fatores Anatômicos
Densidade: Quanto maior a densidade, maior a quantidade de madeira por volume, e
maior a resistência. Alguns cuidados devem ser tomados com valores de densidade, uma
vez que nós, resinas e extratos contribuem para a densidade e não para a resistência.
Inclinação das fibras: Tem uma influência significativa sobre as propriedades da
madeira a partir de certos valores. A inclinação descreve o desvio da orientação das
fibras da madeira em relação à linha paralela da borda da peça.

• A NBR 7190-1 permite desconsiderar a influência da inclinação das fibras para


ângulos inferiores a 6º. A partir daí, utiliza-se a verificação das propriedades pela
fórmula de Hankinson.
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Nós: São originários dos galhos existentes nos troncos após o desbaste. Há dois tipos
de nós: soltos e firmes.
• Os nós reduzem a resistência devido a interromperem a continuidade e direção das
fibras, além de causar efeitos localizados de tensão concentrada.
• A influência de um nó depende do tamanho, da localização, da forma, da firmeza e do
tipo de tensão a ser considerada (os nós influenciam mais na tração que na
compressão).

Presença de nós na madeira (MAINIERI, 1983)


Falhas naturais da madeira: As falhas, devido à natureza da madeira, podem ser de
dois tipos.
• A primeira está relacionada com o encurvamento do tronco e dos ganhos durante o
crescimento da árvore (alteração no alinhamento das fibras e potencial influência na
resistência).
• Outro fator é a presença de alburno, que apresenta valores menores de resistência
(por características próprias).

Presença de alburno (Fonte: MAINIERI, 1983)


Presença de medula: A peça serrada, ao conter medula, possui menor resistência
mecânica e facilita o ataque biológico. Podem surgir também rachaduras no cerne em
proximidade à medula (fortes tensões internas devido ao processamento).

Medula (Fonte: MAINIERI, 1983)


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Faixas de parênquima: Possuem baixa densidade e pouca resistência mecânica,


facilitando a ruína por separação dos anéis em casos de compressão.

Faixas de parênquima (Fonte: MAINIERI, 1983)

2. Defeitos por ataques biológicos


Surgem de ataques de fungos (manchas azuladas e podridões claras ou pardas) ou
insetos (perfurações, pequenas ou grandes).

Ataques biológicos (Fonte: MAINIERI, 1983)


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3. Defeitos de secagem
Originam-se da deficiência dos sistemas de secagem e armazenamento das peças.
Rachadura também é um defeito de secagem.

Defeitos de secagem (Fonte: MAINIERI, 1983)


4. Defeitos de processamento
São defeitos originados da manipulação, do transporte, do armazenamento e o desdobro
da madeira.

Defeitos de processamento (Fonte: MAINIERI, 1983)

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