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Construções em Madeira

Prof. MSc. Eng. Civil Felix Silva Barreto

1 – Propriedades Mecânicas da Madeira


2 – Base de Cálculo (ações e segurança)
Pfeil, Capítulo 3, páginas 27 a 50
Propriedades Mecânicas

- Rigidez ou Elasticidade;

- As Propriedades de Resistência.

Ensaio paralelo às fibras


➢ Rigidez ou Módulo de Elasticidade
• A rigidez corresponde ao valor médio do módulo de elasticidade
determinado na fase de comportamento elástico-linear, NBR 7190/97;
• A madeira pode ser considerada como material elástico-linear para a
maioria das aplicações estruturais;
•A madeira é um material anisotrópico, suas
propriedades de elasticidade são diferentes, variando de
acordo com a direção das fibras em relação à direção de
aplicação da força;
• Módulos de Elasticidade - NBR 7190/97 :
 O módulo de elasticidade longitudinal (Ec0), determinado através do
ensaio de compressão paralela;
• Módulos de Elasticidade - NBR 7190/97 :
 O módulo de elasticidade longitudinal (Ec0), determinado através do
ensaio de compressão paralela;
• Módulos de Elasticidade - NBR 7190/97 :
 O módulo de elasticidade longitudinal (Ec0), determinado através do
ensaio de compressão paralela;
Flambagem das
fibras de madeira

Tensão limite de
proporcionalidade
 O módulo de elasticidade normal (Ec90 = G), que pode ser determinado
através de ensaio ou representado como uma fração do módulo longitudinal:
Ec90 = Eco/20;

Resistência
normal as fibras
 O módulo de elasticidade normal (Ec90 = G), que pode ser determinado
através de ensaio ou representado como uma fração do módulo longitudinal:
Ec90 = Eco/20;
 O módulo de elasticidade à flexão (EM) pode ser determinado através de
ensaios (NBR 7190/97), podendo também pode ser relacionado com o
módulo de elasticidade longitudinal:

- Coníferas EM = 0,85 Ec0

- Dicotiledôneas EM = 0,90 Ec0


 O módulo de elasticidade à flexão (EM) pode ser determinado através de
ensaios (NBR 7190/97), podendo também pode ser relacionado com o
módulo de elasticidade longitudinal:
➢ Resistência
• A norma NBR 7190/97 define resistência como sendo “a
aptidão da matéria de suportar tensões”;
• Esta corresponde a máxima tensão aplicada a corpos de
prova isentos de defeito até a ruptura ou deformação
especifica excessiva, e são diferentes em relação aos três
eixos principais:
a) Compressão
• Existem três tipos solicitações que podem submeter a madeira
à compressão, são elas:
 a paralela;
 a normal;
 a inclinada em relação às fibras.
• Devido à ação conjunta das fibras, a madeira apresenta maior resistência à
compressão quando a solicitação é paralela às fibras;
• No caso da solicitação normal, o que ocorre é o esmagamento das células,
e conseqüentemente uma menor resistência (fc90 = 0,25 fc0);
• A compressão inclinada às fibras é um misto de compressão normal e
compressão paralela, sendo determinados a partir da equação de
Hankinson.
f c 0  f c 90
f c =
f c 0  sen  + f c 90  cos 
2 2

fc 0 é o resistência à compressão paralela às fibras;

fc 90 é a resistência à compressão normal às fibras;

 é o ângulo entre o esforço e direção das fibras.


• As Figuras a seguir, ilustram de forma simplificada o comportamento da
madeira quando solicitada à compressão:

Compressão
paralela
Compressão
Normal
Compressão paralela

Paralela

Normal

Compressão Normal
Inclinada
b) Tração
• Na tração existem dois tipos solicitações que podem ocorrer nas
peças de madeira:
 a paralela
 a normal
• As propriedades da madeira p/
estas solicitações variam signifi-
cativamente; Paralela

• A ruptura p/ tração paralela


pode ocorrer devido ao
deslizamento entre células ou p/ Normal
alongamento e poste-rior ruptura
da parede celular;
• A ruptura p/ tração normal
ocorre por separação ou arranca-
mento das células.

• Em todos os casos a madeira apresenta baixos valores de deformação.


c) Cisalhamento
• Três são os tipos de cisalhamento que podem ocorrer nas peças de
madeira:
 cisalhamento vertical;
 cisalhamento horizontal (longitunal ou paralelo);
 cisalhamento perpendicular Horizontal

Perpendicular

Vertical
 cisalhamento vertical caracterizado pela deformação das células de madeira
perpendicularmente ao eixo longitudinal;
 cisalhamento horizontal refere-se a força aplicada no sentido paralelo às
fibras, conduzindo à ruptura através do escorregamento entre as células
madeira (o mais crítico);
 cisalhamento perpendicular refere-se a força perpendicularmente às linhas
dos anéis de crescimento (tendência das células de madeira rolarem
transversalmente uma sobre as outras).
Horizontal Vertical

Cisalhamentos mais comuns em peças Estruturais


d) Flexão
• Flexão simples, ação conjunta
de esforços de compressão
paralela às fibras, tração
paralela às fibras, cisalhamento
hori-zontal e nas regiões de
apoio compressão normal.

Tipos de Esforços gerados


pela Flexão
Bases de Cálculo
Critérios de Dimensionamento - Ações e Segurança nas
Estruturas de Madeira, NBR 7190

NBR 6120 – Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edificações


NBR 6123 – Força Devidas ao Vento nas Edificações
NBR 8681 – Ações e Segurança nas Estruturas

Pfiel, Página 42 a 47.


Ações - definições
• Define-se como ação em uma estrutura a tudo que nela
provoque tensões e deformações;

• Ações quanto a origem

• Ações dos materiais utilizados na construção:


• Peso Próprio da Estrutura;
• Peso Próprio de paredes, divisórias e tapamentos;
• Peso Próprio dos Pisos;
• Peso Próprio de coberturas

• Ações de Utilização

• Sobrecarga de utilização em pisos de edifícios;


• Cargas de equipamentos;
• Variação de temperatura causada por equipamento;
• Cargas de silos, reservatórios e tubulações;
Ações - definições
• Ações do meio ambiente

• Vento;
• Variação de Temperatura
• Chuva;
• Neve;
• Terremoto

• Ações excepcionais

• O colapso de estruturas podem ter consequências


catastróficas
Ações - definição
• Ações quanto ao modo de atuação
• Ações Externas
• Peso próprio
• Sobrecarga
• Vento
• Equipamentos

• Ações Internas
• Variação de temperatura
• Retração
Ações - definições
• Ações quanto a variação com o tempo
(mais usada!)
• Ações Permanentes
• Peso Próprio da Estrutura
• Peso das materiais permanentemente ligados a estrutura
• Peso de instalações, acessórios e equipamentos
permanentes;
• Ações Variáveis
• Sobrecargas
• Cargas de Equipamentos
• Variação de temperatura
• Vento
Combinação de Ações
Regra de regra Turkstra
• Segundo esta regra empírica, o valor máximo da ação
combinada (soma) é obtido combinando (somando) o
máximo de uma das ações, considerada principal na
combinação, com o valor reduzido da ação considerada
secundária (considerando a reduzida probabilidade de
ocorrerem mais de uma).
Segurança das Estruturas
• Segurança é a capacidade que uma estrutura
apresenta de suportar diversas ações, mantendo-se
as condições funcionais para as quais a estrutura foi
construída.

A finalidade do cálculo é garantir uma segurança contra ruína


estrutural (e outros elementos da construção), assegurando sua
utilização normal durante a vida da estrutura.
Segurança das Estruturas
Métodos de cálculo (contextualização histórica)
• Método intuitivo: aplicado até o século XVIII, consistia na “cópia” das
construções executadas anteriormente, evitando-se insucessos
estruturais anteriores.
Segurança das Estruturas
Métodos de cálculo (contextualização histórica)
• Método das tensões admissíveis:
Seu emprego não foi contestado até a metade do século XX. A
segurança é feita pelo coeficiente de segurança interno (ᵞi) na qual as
maiores tensões que aparecem na utilização da estrutura não devem
ultrapassar as tensões admissíveis dos materiais.
Segurança das Estruturas
Métodos de cálculo (contextualização histórica)
• Método de cálculo na ruptura:
• A segurança é definida por um coeficiente de segurança externo
impondo-se que a ruptura ou o colapso da estrutura seja
alcançado sob ações de ruptura as quais são as condições de
utilização multiplicadas pelo coeficiente externo.
Segurança das Estruturas
Métodos de cálculo
• Método de cálculo na ruptura:

Comparação com a tensão admissível


Segurança das Estruturas
Métodos de cálculo
• Método dos estado limites:
• A resistência de um material estrutural é uma variável contínua;

• Os coeficientes são substituídos por probabilidades de ruína –


assume-se um risco. A probabilidade de ruína de uma estrutura fica
entre 1:10000 e 1:1000000.
Segurança das Estruturas
Métodos de cálculo
• Método dos estado limites:
Segurança das Estruturas

• ESTADOS LIMITES
• Coeficientes de ponderação para cada
situação;

• ELS – Estado Limite de Serviço


• ELU – Estado Limite Ultimo
Segurança das Estruturas
• Estados Limites Últimos são os relacionados ao
colapso total ou parcial da estrutura, podendo ser:

• Perda de equilíbrio;
• Ruptura por qualquer tipo de solicitação;
• Instabilidade total ou parcial;
• Flambagem de elemenos comprimidos;
Segurança das Estruturas
• Estados Limites de Serviço

São os relacionados com o comportamento da


estrutura, impedindo sua utilização para o fim ao
qual se destina. Podem ser:

• Deformações excessivas
• Vibrações excessivas
Combinações de Ações
para o Estado Limite Ultimo

• A NBR 7190 considera três tipos de


combinações de ações para os estados limites
últimos (ELU):
• Combinações Normais:
• Com os carregamentos possíveis durante a vida útil da
estrutura;
• Combinações Construtivas:
• Com os carregamentos possíveis durante a construção
ou montagem da estrutura;
• Combinações Excepcionais:
• Com os carregamentos devidos a acidentes
As ações variáveis a favor da segurança não entram na combinação
FORÇA SOLICITANTE DE DIMENSINAMENTO NO ELU

• A força de dimensionamento para o ELU (combinação


ultima normal) é obtida pela força característica, segundo a
fórmula:

Fd = Força Solicitante de projeto

Gi representa os valores característicos das ações permanentes;

Q1 é o valor característico da ação variável considerada principal para a combinação;

Qj representa os valores característicos das ações variáveis que podem atuar


concomitantemente com a ação variável principal.
FORÇA SOLICITANTE DE DIMENSINAMENTO NO ELU

• A força de dimensionamento para o ELU (combinação


ultima normal) é obtida pela força característica, segundo a
fórmula:

Ações variáveis de curta duração (ex.: vento e força de frenagem de veículos em


pontes) quando consideradas principais, deverão ser multiplicadas por 0,75.

As ações variáveis a favor da segurança não entram na combinação


Exercício exemplo (página 42 e 43 do livro W. Pfeil)

Uma treliça de cobertura em madeira está sujeita aos seguintes carregamentos


verticais distribuídos por unidade de comprimento (valor positivo indica carga
no sentido da carga gravitacional).

Peso próprio + peso cobertura G = 0,8 kN/m


Carga Acidental Q = 1,5 kN/m
Vento V1 (sobrepressão) V1 = 1,3 kN/m
Vento V2 (sucção) V2 = -1,8 kN/m

Calcular as ações combinadas para o projeto no Estado Limite Último

Resposta: C1: 4,1 KN/m, C2: 3,3 KN/m e C3: -1,2 KN/m
Exercícios propostos

Uma peça estrutural de madeira é submetida a uma carga axial de tração de


650KN, sendo 150kN de ações permanentes e 500kN de ações variáveis.
Calcular as ações combinadas para o projeto no Estado Limite Último
Exercícios propostos

Uma diagonal de treliça de telhado em madeira está sujeita aos


seguintes esforços normais oriundos de diferentes cargas, conforme
abaixo:

Peso próprio da treliça e cobertura = 1 KN


Vento de sobrepressão (v1) = 1,1 KN
Vento de sucção (v2) = - 3 KN
Sobrecarga variável = 0,5 KN
Calcular o esforço normal solicitante de projeto
ESTUDO INDEPENDENTE

Estudar os assuntos do livro de Pfeil, Capítulo 3,


páginas 27 a 50 e realizar os exercícios da página 51.

Estudar também da página 42 a 47.

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