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ECV 137 – Estruturas de madeiras

CAPÍTULO 03
BASES DE CÁLCULO

Prof. Maila A. Pereira da Silva


3. Bases de Cálculo
3.1 Introdução
Propriedades Elásticas
As propriedades mecânicas são as responsáveis pela resposta da
madeira quando solicitada por forças externas.
Propriedades de Resistência Mecânica

A norma brasileira NBR 7190/1997, Projeto de Estruturas de Madeira, apresenta os métodos de ensaio
para a determinação destas propriedades no anexo B.

De acordo com esta norma (anexo B), para a caracterização completa da madeira para o uso em estruturas,
as seguintes propriedades devem ser determinadas por meio de ensaios:

a) Resistência à compressão paralelas às fibras fc,0, e normal ás fibras fc,90


b) Resistência à tração paralelas às fibras ft,0 , e normal ás fibras ft,90
c) Resistência ao cisalhamento paralelas às fibras fv,0
d) Resistência ao embutimento (pressão de apoio em ligações com conectores) paralelo e normal às
fibras (fe,0 e fe,90)
e) Módulo de elasticidade na compressão paralela às fibras Ec0, e módulo de elasticidade na
compressão normal ás fibras Ec90
3. Bases de Cálculo
f) Densidade básica, rbas, que é a massa específica definida pela razão entre a massa seca e o volume
saturado, e densidade aparente rap, calculada com a massa do corpo de prova a 12 % de umidade.

g) Fendilhamento, este ensaio é realizado em corpo de prova especial e seu resultado não é usado em
cálculos, ele representa a resistência da madeira ao fendilhamento por perda de umidade, sendo
portanto, um parâmetro de qualidade.

h) Dureza, é medida pelo esforço necessário para penetração de uma esfera na direção das fibras.

Como os resultados obtidos dos ensaios variam de acordo com a umidade da amostra, os resultados
devem ser ajustados para a umidade padrão de 12%.

A partir dos resultados do ensaios padronizados, obtém-se as resistências média da madeira e a partir
da resistência média obtém-se as resistências características.
3. Bases de Cálculo
3.2 Propriedades Elásticas
Elasticidade é a capacidade do material de retornar à sua forma inicial, após retirada a ação externa que o
solicitava, sem apresentar deformação residual.

A madeira não é um material elástico ideal, mas pode ser considerada como tal para a maioria das
aplicações estruturais.

Como a madeira é um material ortotrópico, as propriedades de elasticidade variam de acordo com a


direção das fibras em relação à direção de aplicação da força.

 Módulo de elasticidade longitudinal (E)

 Módulo de elasticidade transversal (G)

 Coeficiente de Poisson (n)


3. Bases de Cálculo
3.2 Propriedades Elásticas
1) Módulo de Elasticidade Longitudinal (Ec)

O Módulo de Elasticidade longitudinal (Ec0) é determinado através do ensaio de compressão paralela às


fibras da madeira. É obtido pela inclinação da reta secante à curva tensão × deformação, definida pelos
pontos (s10% ; e10%) e (s50% ; e50% )

s 50%  s 10%
Ec 0 
e 50%  e10%

σ10% e σ50% são as tensões de compressão


correspondentes a 10% e 50% da resistência fc0
3. Bases de Cálculo
3.2 Propriedades Elásticas
2) Módulo de Elasticidade Normal (Ec90)
O módulo de elasticidade normal (Ec90), pode ser determinado por ensaio de laboratório ou
representado como uma fração do módulo de elasticidade longitudinal:
Ec 0
Ec 90 
20

3) Módulo de Elasticidade na Flexão (EM)

O módulo de elasticidade na flexão (EM), que também pode ser determinado de acordo com o método de
ensaio apresentado pela norma brasileira, pode ser relacionado com o módulo de elasticidade longitudinal
pelas expressões abaixo:

Para coníferas EM  0,85 Ec 0

Para dicotiledôneas EM  0,90 Ec 0


3. Bases de Cálculo
3.2 Propriedades Elásticas
4) Módulo de Elasticidade Transversal (G)
Pode ser estimado a partir do módulo de elasticidade longitudinal (Gef), pela seguinte relação:

Gef 
Ec 0, ef
sendo, Ec 0, ef  Kmod,1 Kmod,2 Kmod,3 Ec 0,m
20

5) Coeficiente de Poisson
A norma brasileira, NBR 7190:1997, não traz em seu texto nenhuma especificação a respeito
de valores do coeficiente de Poisson para a madeira
3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
Estas propriedades descrevem as resistências últimas de um material quando solicitado por uma força

As propriedades de resistência da madeira também diferem segundo os três eixos principais, embora com
valores muito próximos nas direções tangencial e radial.
Paralela às fibras
Por isso, as propriedades de resistência são analisadas segundo duas direções:
Normal às fibras
1) Compressão paralela às fibras

Neste caso as forças agem


paralelamente à direção do
comprimento das células. Desta
forma as células, em conjunto,
conferem uma grande resistência à
madeira na compressão.

Seção transversal típica - conífera


3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência  A partir de fcel o comportamento é não linear e está
associado à flambagem das fibras

(Corpo de prova)

 Comportamento elástico: até a tensão limite (fcel)

 A ruptura ocorre para a carga Nu e a tensão de


ruptura é dada por:
Nu
fc 
A
3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
2) Compressão normal às fibras
Para o caso de solicitação normal às fibras, a
madeira apresenta valores de resistência
menores que os de compressão paralela, cerca
de 25%. As fibras são constituídas de células
ocas que são achatadas precocemente por esta
solicitação, apresentando baixa resistência e
grandes deformações.

A resistência à compressão normal às fibras é definida por


critério de deformação excessiva, sendo igual a tensão
Comportamento da madeira na compressão correspondente a uma deformação residual de 2%
3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
3) Tração paralela às fibras
A ruptura por tração paralela às fibras pode
ocorrer de duas maneiras, por deslizamento entre
as células ou por ruptura das paredes das células.

Corpo de prova para ensaio a tração

Em ambos os modos de ruptura a madeira apresenta


baixos valores de deformação e elevados valores de
resistência

O comportamento é caracterizado pelo regime


linear até tensões próximas à ruptura
3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
4) Tração normal às fibras
A madeira raramente é solicitada à tração perpendicular às fibras

Essa solicitação aparece em algumas ligações e em vigas curtas de madeira


laminada colada.
Tração na madeira
A resistência à tração perpendicular às fibras (ft90) é pequena e depende da
resistência do material ligante das fibras (lignina), por isso devem ser evitadas.

5) Cisalhamento paralelo às fibras


É o caso mais crítico de cisalhamento, também chamado de cisalhamento
horizontal, que leva à ruptura pelo escorregamento entre as fibras de madeira.

Fu
A resistência ao cisalhamento é dada por: fv 
A

onde Fu é a força de ruptura medida no ensaio de cisalhamento e A é a área cisalhada.


3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
6) Cisalhamento normal às fibras

Também chamado de cisalhamento vertical, ocorre quando a ação age no


sentido perpendicular às fibras.

Este tipo de solicitação não é crítico na madeira, pois a madeira Cisalhamento vertical
apresenta considerável resistência ao cisalhamento na direção normal,
assim antes de romper por cisalhamento a peça já apresentará
problemas de resistência na compressão normal

Além do mais a resistência da madeira na direção normal às fibras e


muito maior que na direção das fibras, desta forma, em projeto
Cisalhamento horizontal
considera-se apenas a resistência ao cisalhamento na direção das
fibras.
3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
7) Flexão
Quando a madeira é solicitada à flexão simples ocorrem
quatro tipos de esforços:
 compressão paralela às fibras,
 tração paralela às fibras,
 cisalhamento horizontal
 compressão normal às fibras nas regiões dos apoios

A partir do ensaio se obtém o diagrama momento × flecha cujo


o trecho inicial é linear. A partir da inclinação desse trecho é
possível calcular o módulo de elasticidade na flexão (EM)

Com o valor de Mu (momento de ruptura) calcula-se a


resistência à flexão:
Mu 6 Mu
fM  
W bh
3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
A partir dos diagramas tensão × deformação obtidos dos ensaios de tração
e compressão pode-se observar a evolução das tensões na seção.
Para tensões menores que os valores de tensão limite de
proporcionalidade, o diagrama de tensões na seção é linear.

Evolução das tensões de


compressão e tração.

Após a tensão atingir a tensão limite de proporcionalidade


ocorrerá plastificação da região comprimida.

A ruptura se inicia por flambagem local das fibras mais


comprimidas, o que provoca rebaixamento da linha neutra,
aumentando as tensões nas fibras tracionadas. A área
comprimida fica maior enquanto a área tracionada diminui

A peça se rompe por tração na fibra inferior.


3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
 Variações Estatísticas das propriedades mecânicas em peças sem defeitos
As propriedade mecânicas da madeira sofrem variações de acordo com
alguns fatores ambientais.

Os resultados experimentais de n amostras distribuem-se aproximadamente


segundo a curva de Gauss:

Resistência média: f m 
 f i
i  1... n
n
  f m  fi 
2

Desvio padrão: s i  1... n


n
s
Coeficiente de Variação: 
fm

Resistência característica: f k  f m 1  1, 645  


3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
 Variações Estatísticas das propriedades mecânicas em peças sem defeitos

f k  f m 1  1, 645  

sendo  o coeficiente de variação dado no anexo E


 = 18% para solicitações axiais
 = 28% para solicitações tangenciais

Substituindo  na expressão acima tem-se:


f k  f m .0, 70 para solicitações axiais

f k  f m .0,54 para solicitações tangenciais


3. Bases de Cálculo
3.3 Propriedades de Resistência
A NBR 7190 fornece em seu anexo E os valores médios das propriedades de rigidez e resistência de algumas madeiras
nativas e de florestamento para umidade padrão de 12%
3. Bases de Cálculo
3.4 Correlação entre Propriedades de Resistência
Para as espécies usuais, na falta da determinação experimental, permite-se adotar as seguintes relações
para os valores característicos das resistências (NBR 7190 item 6.3.3):
sendo:
f c 0,k f t 0, k  0, 77
 Resistência à compressão paralela às fibras (fc,0).
f tM ,k ft 0,k  1, 0
 Resistência à tração paralela às fibras (ft,0).
f c 90,k f c 0,k  0, 25
 Resistência à compressão normal às fibras (fc,90).
f e 0,k f c 0, k  1, 0
 Resistência à tração normal às fibras (ft,90).
f e90,k f c 0,k  0, 25
 Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (fv,0).

 Resistência à tração na flexão (ftM).


Para coníferas: fv 0,k fc 0,k  0,15
 Resistência de embutimento paralelo (fe,0) e
Para dicotiledôneas: fv 0,k fc 0,k  0,12
normal (fe,90) às fibras.
3. Bases de Cálculo
3.4 Correlação entre Propriedades de Resistência
Caso as propriedades de resistência e rigidez estejam em um grau de umidade entre 10% e 20%, estas
podem ser convertidas para a umidade padrão de 12% (item 6.2.1 – NBR 7190) :


U  12 
U  12 
3 2
f12  fU 1  E12  fU 1 
 100   100 

A resistência a tensões de compressão ou tração inclinadas em relação as fibras pode ser relacionada
empiricamente às resistências à compressão ou tração paralela e normal às fibras pela fórmula de
Hankinson:
f c 0  f c 90
f c 
f c 0 sen 2   f c 90 cos 2 

ft 0  ft 90
ft  
ft 0 sen 2   f t 90 cos 2 
3. Bases de Cálculo
3.5 Fatores que Influenciam nas Propriedades da Madeira
As propriedade mecânicas de cada espécie são influenciadas
por diversos fatores, dentre os quais os mais importantes são:

 Posição na árvore: madeira retiradas do cerne são mais resistentes;


quanto maior porcentagem de madeira de verão na seção
transversal (anéis escuros) maior a sua resistência.

 Defeitos na textura da madeira: a


presença de nós, fendas e manchas
reduzem a resistência da madeira

Nó de pinho (vista frontal)


3. Bases de Cálculo
3.5 Fatores que Influenciam nas Propriedades da Madeira
 Decomposição: defeitos decorrentes
da decomposição reduzem a
resistência

Podridão branca Cupim

 Umidade: o aumento da umidade até o ponto de saturação


diminui a resistência da madeira. Acima desse ponto a
resistência mantém-se constante.
3. Bases de Cálculo
3.5 Fatores que Influenciam nas Propriedades da Madeira
 Tempo de duração da carga: a resistência da madeira é
obtida de ensaios de curta duração (5 min).

Aplicando-se carga inferior a esta por um período longo,


observa-se que a ruptura pode acontecer após alguns dia ou
meses.
Por outro lado uma peça rompida por impacto tem sua
resistência muito maior do que a obtida em ensaio de curta
duração

A perda de resistência com o tempo de duração da carga


pode ser encarada como um fenômeno de acumulação de
danos, tal como na fadiga dos materiais sobre cargas cíclicas,
só que para a ação de cargas permanentes (Foschi, 2000)
3. Bases de Cálculo
3.5 Fatores que Influenciam nas Propriedades da Madeira
 Fluência: a madeira é um material viscoelástico, portanto sofre deformação
lenta (fluência) sob a ação de cargas de longa duração.

Para uma carga constante aplicada em um intervalo de tempo Dt

Material elástico: deformações constantes

Material viscoelástico: acréscimos de deformação sobre carga constante

Curva 1: Para valores de cargas que produzem altas tensões a


deformação cresce uniformemente até próximo a ruptura.

Curva 2: Para valores de cargas usuais, além da deformação elástica


(el) observa-se a deformação de fluência (c).

 total   el   c  el 1   

 = Coeficiente de fluência
3. Bases de Cálculo
3.5 Fatores que Influenciam nas Propriedades da Madeira
Coeficiente de fluência 

As deflexões das peças de madeira, a longo prazo podem ser estimadas com o módulo de
elasticidade efetivo (Ec ef) inferior ao valor médio de Em obtido em ensaios

1
Ec ef  E
 
1  
3. Bases de Cálculo
3.6 Classificação de Peças Estruturais de Madeiras em Categorias
Tendo em vista que a presença de defeitos na madeira interferem em sua resistência, para viabilizar
a sua utilização em sistemas estruturais é necessário fazer uma classificação quanto a presença
desse defeitos.
Classificação por inspeção visual
Métodos de
classificação
Classificação mecânica

A. Classificação por inspeção visual


Neste método os técnicos fazem a inspeção visual para detectar a incidência de defeitos. É analisado
as quatro faces da peça sendo observados os seguintes pontos:
 Presença de nós
(tamanho, número
e localização em
relação às bordas)
3. Bases de Cálculo
3.6 Classificação de Peças Estruturais de Madeiras em Categorias
 Presença de fibras reversas  Presença fendas  Presença manchas
(inclinação da fibras)

 Abaulamento e arqueadura  Porcentagem de madeira de verão Maior quantidade


(peso específico) de anéis escuros
3. Bases de Cálculo
3.6 Classificação de Peças Estruturais de Madeiras em Categorias
O processo de inspeção visual também pode ser realizado de forma automatizada
com auxílio de um equipamento de escâner de raio X.
Esse processo é atualmente o mais eficaz devido à sua alta confiabilidade e alto
coeficiente de correlação com a resistência.
O equipamento avalia todo o nó internamente.

B. Classificação mecânica
A classificação mecânica pode ser feita por diferentes equipamentos não destrutivos e é baseado em
relações empíricas entre o módulo de elasticidade e a resistência a flexão.
A classificação mecânica não dispensa a classificação visual sendo necessário as duas para a definição da
classe de resistência.
 Classificação por flexão estática (MOE)  Classificação por ondas de tensão longitudinal (stress wave)
 Classificação por vibração transversal  Classificação mecânica por tensões (MSR)
 Ultrassom
3. Bases de Cálculo
3.6 Classificação de Peças Estruturais de Madeiras em Categorias
3. Bases de Cálculo
3.6 Classificação de Peças Estruturais de Madeiras em Categorias
A classificação das madeiras em categorias visa garantir
um mínimo de qualidade para cada categoria.

 Primeira Categoria: são aquelas classificadas como


isentas de defeito por método visual normatizado e
também submetidas a uma classificação mecânica para
enquadramento nas classes de resistência especificadas
pela norma.

 Segunda Categoria: são aquelas em que não houve uma


classificação simultânea da classificação visual e
mecânica, em geral são as madeiras de uso corrente com
pequena incidência de defeitos
3. Bases de Cálculo
Exemplo 01
Análises experimentais realizadas em corpos de prova de madeira da espécie Jatobá, a 20% de umidade,
resultaram em uma resistência média à compressão paralela às fibras de 70 MPa. Obtenha a resistência
paralela as fibras na condição padrão exigida pela NBR 7190:97.
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Segurança estrutural Evitar o colapso da estrutura
Projeto estrutural Desempenho Evitar danos localizados à estrutura e
Economia componentes ligados a ela, grandes
deslocamento, vibrações ...
Etapas do projeto estrutural
1) Anteprojeto ou Projeto Define-se o projeto estrutural e o materiais a serem
básico: utilizados
2) Determinação da ações Levantamento das forças (permanentes, variáveis...)
3) Análise estrutural Cálculo das solicitações e deformações
4) Dimensionamento de peças Verificação das dimensões adotadas
estruturais e ligações
5) Detalhamento Elaboração dos desenhos executivos da estrutura
contendo as especificações de todos os seus
componentes (anexo A – NBR 7190)
6) Planos de execução Quando necessário
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Ações
NBR 8681 (Ações e segurança nas estruturas) causas que provocam esforços ou deformações
nas estruturas.
a) Ações permanentes: são aquelas que apresentam pequena variação durante praticamente
toda a vida da construção (ex.: peso próprio)

b) Ações variáveis: ao contrário das ações permanentes as ações variáveis apresentam


variação significativa durante a vida da construção (ex.: vento)

c) Ações excepcionais: são aquelas que apresentam duração extremamente curta e com
baixa probabilidade de ocorrência, durante a vida da construção
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Ações
NBR 8681 (Ações e segurança nas estruturas) causas que provocam esforços ou deformações nas
estruturas.
a) Ações permanentes: são aquelas que apresentam pequena variação durante praticamente
toda a vida da construção (ex.: peso próprio)

b) Ações variáveis: ao contrário das ações permanentes as ações variáveis apresentam


variação significativa durante a vida da construção (ex.: vento)
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
c) Ações excepcionais: são aquelas que apresentam duração extremamente curta e com
baixa probabilidade de ocorrência, durante a vida da construção
(exemplo.: sismo)

Combinação de Ações
Como as estruturas podem ser submetidas a diferentes tipos de ações, para se obter a solicitação
máxima que atuam nas estruturas devem ser feitas combinações de ações. A combinação mais
desfavorável será aquela que resultar no pior efeito sobre a estrutura.
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
A regra de Turkstra estabelece que o máximo efeito de uma
combinação de ações se dará no instante que uma das ações variáveis
atinge seu valor máximo .

SCP  S SC máx  SV cor


SCP  SV máx  S SC cor

Assim, numa combinação de ação que envolva ações variáveis de


diferentes natureza, uma delas e tomada como principal enquanto
que as outras são reduzidas por coeficientes adequados.
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Classes de Carregamento
Um carregamento é especificado pelo
conjunto das ações que têm probabilidade
não desprezível de atuação simultânea.

Para definir um carregamento devem ser


feitas combinadas de ações a fim de definir a
mais desfavorável para a estrutura

As classes de carregamento de qualquer


combinação de ações é definida pela duração
acumulada prevista para a ação variável
tomada como principal na combinação.
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Carregamentos
1) Carregamento normal

Um carregamento é normal quando inclui apenas as ações decorrentes do uso previsto para a
construção, é considerado de longa duração e deve ser verificado nos estados limites último e de
utilização.

Como exemplo podemos citar para coberturas a consideração do peso próprio e do vento e para pontes
o peso próprio junto com o trem-tipo.

Em um carregamento normal, as eventuais ações de curta ou média duração terão seus valores atuantes
reduzidos, a fim de que a resistência da madeira possa ser considerada como correspondente apenas às
ações de longa duração.

Assim, de acordo com o item 5.5.8 da norma, na combinação de ações de longa duração em que o vento
representa a ação variável principal, as solicitações nas peças de madeira devidas à ação do vento serão
multiplicadas por 0,75
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
2) Carregamento especial
Neste carregamento estão incluídas as ações variáveis de natureza ou intensidade especiais, superando
os efeitos considerados para um carregamento normal. (ex.:o transporte de um equipamento especial
sobre uma ponte, que supere o carregamento do trem-tipo considerado)
A classe de carregamento é definida pela duração acumulada prevista para a ação variável especial
3) Carregamento excepcional
Na existência de ações com efeitos catastróficos o carregamento é definido como excepcional, e
corresponde à classe de carregamento de duração instantânea (ex.:terremoto)
Neste caso a duração é instantânea
4) Carregamento de construção
Determina-se a classe de carregamento pela duração acumulada da situação de risco.
Neste caso os procedimentos de construção podem levar a estados limites últimos (ex.: içamento de uma
treliça)
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Situação de Projeto
São três as situações de projeto que podem ser consideradas: duradouras, transitórias e excepcionais.
É a situação de projeto que define que combinação usar

1) Situação Duradoura
São verificados os estados limites últimos e de utilização, devem ser consideradas em todos os projetos e
têm a duração igual ao período de referência da estrutura.
 Para os estados limites últimos consideram-se as combinações normais de carregamento.
 Para os estados limites de utilização devem ser verificadas as combinações de longa ou média
duração.
2) Situação Transitória
Ocorre quando a duração for muito menor que o período de vida da construção. Deve ser verificada
quando existir um carregamento especial para a construção e na maioria dos casos pode-se verificar
apenas estados limites últimos. Caso seja necessária a verificação dos estados limites de utilização, ela
deve ser feita com combinações de média ou curta duração
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
3) Situação Excepcionais
São as situações com duração extremamente curta e somente são verificadas para os estados limites
últimos
Estados-Limites
Estado-Limite é o estágio para o qual a estrutura apresenta inadequado desempenho (ELS – Estado Limite
de Serviço) ou entra em colapso total ou parcial (ELU – Estado Limite de Último) diante da solicitação de
cálculo.

Estados-limites último: Os estados-limites últimos estão relacionados com a segurança da estrutura, logo
a ocorrência deste estado-limite implica em colapso total ou parcial da estrutura.
Os estados-limites últimos típicos são:

− Perda de equilíbrio como corpo rígido


− Ruptura de uma ligação ou seção
− Instabilidade em regime elástico ou não
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Estados-limites de serviço: São os estados-limites relacionados ao desempenho das estruturas. Os
estados-limites de serviço mais comuns são:

− Deslocamentos vertical em vigas (flechas).


− Vibração dos pisos
ESTADOS-LIMITES ÚLTIMO:
Para verificação deste estado-limite últimos, tem-se: Sd  Rd

Sd = esforço solicitante de cálculo que causa o estado-limite


Rd = esforço resistente de cálculo para o mesmo estado-limite

O esforço solicitante de cálculo (Sd) é obtido a partir da devida combinação última.

Uma combinação última de ações pode ser classificada em normal, de construção e excepcional. No entanto,
qualquer que seja a combinação última usada, esta deve ser feita de forma que possam ser determinados os
efeitos mais desfavoráveis para a estrutura.
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
− Combinações Últimas Normais: decorrem do uso previsto para a edificação
São incluídas as ações permanentes e a ação variável
   
n n
 g gi Fgi,k  g q1 FQ1,k   g qj y 0 j FQj,k principal, com seus valores característicos e as demais
i 1 j 2 ações variáveis, consideradas secundárias, com seus
valores reduzidos de combinação.

Fgi,k = valores característicos das ações permanentes


FQ1,k = valores característicos da ação variável considerada como principal na combinação
FQj,k = valores característicos das demais ações variáveis
ggi = coeficiente de ponderação das ações permanentes
gq1 e gqj = coeficiente de ponderação das ações variáveis
yoj = fatores de combinação que levam em conta a baixa probabilidade das ações variáveis de naturezas
diferentes atuarem simultaneamente com suas intensidades máximas
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
− Combinações Últimas Especiais ou de Construção: decorrem da atuação de ações variáveis de
natureza
   
n n ou intensidade especial, cujos efeitos superam em
 g gi Fgi,k  g q1 FQ1,k   g qj y 0 j,ef FQj,k
i 1 j 2 intensidade os efeitos produzidos pelas ações
consideradas nas combinações normais. Os
carregamentos especiais são transitórios, com
duração muito pequena em relação ao período de
vida útil da estrutura.

FQ1,k = o valor característico da ação variável admitida como principal para a situação transitória
considerada.
yoj, ef = representa os fatores de combinação efetivos de cada uma das ações variáveis que podem atuar
concomitantemente com a ação variável especial FQ1,k
Os fatores yoj, ef são iguais aos fatores ψ0j adotados nas combinações normais, a menos que a ação variável
principal FQ1 tenha um tempo de atuação muito pequeno, neste caso yoj, ef é igual a y2j
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
− Combinações Últimas Excepcionais: decorrem da atuação de ações excepcionais
(explosões, choques de veículos e efeitos sísmicos)
   
n n
 g gi Fgi,k  FQ,exc   g qj y 0 j,ef FQj,k que podem provocar efeitos catastróficos. As ações
i 1 j 2 excepcionais somente devem ser consideradas no
projeto de estrutura de determinados tipos de
construção.

FQ,exc = é o valor da ação transitória excepcional

Os valores dos coeficientes de ponderação das ações e os valores de combinação são obtidos a partir da
NBR 7190 no item 5.6.4 e 5.6.5 . Esses coeficientes estão apresentados na tabela a seguir.
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
− Coeficientes de Ponderação gg:
gg – Ações de pequena variabilidade
a) Pequena variabilidade: Considera-se como de pequena variabilidade o
peso da madeira classificada estruturalmente cujo peso específico
tenha coeficiente de variação não superior a 10%

b) Grande variabilidade: Considera-se como de grande variabilidade as


ações constituídas pelo peso próprio das estruturas (quando o peso
próprio da estrutura não supera 75% da totalidade dos pesos
permanentes ) e dos elementos construtivos permanentes não
gg – Ações de grande variabilidade
estruturais e dos equipamentos fixos
gg – Ações indiretas
c) Indiretas: Considera-se
como ações
permanentes indiretas,
os efeitos de recalques
de apoio e de retração
dos materiais
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
− Coeficientes de Ponderação gq:
As parcelas de ações variáveis que provocam efeitos favoráveis não são consideradas nas
combinações de ações.
gq – Ações variáveis
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
− Fatores de combinação e de utilização:
3. Bases de Cálculo
Exemplo 02
Calcular as ações de projeto para uma treliça de cobertura submetida aos seguintes carregamentos:

 G = 0,8 kN/m → Peso próprio + peso da cobertura (grande variabilidade)


 Q = 1,5 kN/m → Carga acidental
 V1 = 1,3 kN/m → Vento hipótese 1
 V2 = -1,8 kN/m → Vento hipótese 2
3. Bases de Cálculo
Exemplo 03
Na treliça de cobertura a seguir, pertencente a uma edificação de uso comercial, atuam as ações indicadas,
com seus valores característicos, originadas dos seguintes carregamentos: carga permanente, sobrecarga,
equipamento móvel e vento de sentido de A para C.

a) Obter as forças axiais solicitantes de cálculo de tração e compressão máximas em todas as barras,
para uso normal da estrutura.

b) Verificar o deslocamento vertical do nó F (suposto como o nó que tem o maior deslocamento).


3. Bases de Cálculo
Exemplo 03
3. Bases de Cálculo
Exemplo 04
Determinar os momentos de cálculo para o pilar de madeira, indicado nas figuras, sujeito ao esforço de
compressão concentrado excêntrico Gk e à carga transversal distribuída do vento Wk. Considere:

 Gk = 80 kN → Permanente de grande variabilidade.


 Wk = 5 kN/m → Vento
 e = 5 cm
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
O esforço resistente de cálculo (Rd) é dado por:

Rwk
Rd  Kmod
gw

onde:

Rwk = resistência característica da madeira.

gw = coeficiente de ponderação da resistência da madeira

kmod = coeficiente que leva em conta a classe de carregamento da estrutura, a classe de umidade admitida,
e o eventual emprego de madeira de segunda qualidade.

kmod  kmod,1 kmod,2 kmod,3


3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
 O coeficiente parcial de modificação kmod,1, No caso particular de madeira serrada submersa,
leva em conta a classe de carregamento e admite-se o valor kmod,2 = 0,65.
o tipo de material empregado
Coeficiente Kmod,2
Coeficiente Kmod,1

 O coeficiente parcial de modificação kmod,2 leva em


conta a classe de umidade e o tipo de material
empregado
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
 O coeficiente parcial de modificação kmod,3 leva em conta
se a madeira é de primeira ou segunda categoria.

onde t é a espessura das lâminas e r o menor raio de


curvatura das lâminas que compõem a seção transversal
resistente

A norma brasileira especifica os valores dos coeficientes de ponderação (gw), de acordo com a solicitação:

 Para estados limites últimos  Para estados limites utilização

 Compressão paralela e normal às fibras: gwc = 1,4  Adota-se o valor básico de gw = 1,0

 Tração paralela às fibras: gwt = 1,8

 Cisalhamento paralelo às fibras: gwv = 1,8


3. Bases de Cálculo
Exemplo 05
Para uma obra em estrutura de madeira será utilizada uma espécie da qual não se conhecem as
propriedades mecânicas. Para isto foram realizados ensaios de amostras sem defeitos de um lote de
madeira cujo grau de umidade médio é igual a 18%.

Foram realizados seis ensaios de flexão e determinados os valores abaixo relacionados para a tensão
resistente fM.

Determinar os valores característicos das tensões resistentes fck e ftk referidos à condição padrão de
umidade.
3. Bases de Cálculo
Exemplo 06
A segurança no estado limite último de uma viga de madeira serrada de 2.ª categoria de maçaranduba
será verificada de acordo com a norma NBR 7190 para uma combinação normal de ações.

Calcular as tensões resistentes de projeto de compressão paralela às fibras e cisalhamento paralelo às


fibras. O local de construção tem umidade relativa do ar média igual a 70%.
3. Bases de Cálculo
Exemplo 07
Calcular a resistência a compressão paralela as fibras de cálculo para uma barra de uma treliça
considerando:

• Combinação normal
• Madeira serrada de 2ª categoria, classe C60
• Classe de umidade 1
3. Bases de Cálculo
Exemplo 08
Uma treliça de madeira está sujeita a combinações normais de ações. Após a determinação dos
esforços solicitantes verifica-se se os elementos atendem nos critérios de segurança no estado limite
último. Determinar a resistência a tração paralela as fibras e o módulo de elasticidade efetivo, sabendo
que será utilizada madeira serrada de pinho-do-paraná e o local da construção tem unidade relativa do
ar média igual a 80%
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
ESTADOS-LIMITES ÚLTIMO DE SERVIÇO:

− Combinações de Utilização de Longa duração: Esta combinação é utilizada no controle usual de


deformações das estruturas. As ações variáveis atuam com seus valores correspondentes à classe de
longa duração.

 
m n
 FGi,k   y 2 j FQj ,k
i 1 j 1

− Combinações de Utilização de Média duração: Utiliza-se esta combinação no caso de existirem


materiais frágeis não estruturais ligados à estrutura. Nestas condições a ação variável principal atua com
valores de média duração e as demais com os valores de longa duração.

 
m n
 FGi,k  y 1FQj,k   y 2 j FQj,k
i 1 j 2
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
− Combinações de curta duração: São utilizadas quando for importante impedir defeitos decorrentes das
deformações da estrutura. Neste caso a ação variável principal atua com seus valores referentes a média
duração.

 
m n
 FGi,k  FQj,k   y 1 j FQj,k
i 1 j 2

− Combinações instantânea: Neste caso tem-se a ação variável especial e as demais ações variáveis agindo
com valores referentes a combinações de longa duração.

 
m n
 FGi,k  FQ,esp   y 2 j FQj,k
i 1 j 1

 Obs.: as combinações de média duração (frequente), curta duração (rara) e de duração instantânea são
adotadas em ordem crescente de rigor no controle de deslocamentos.
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Estados limites de deformações – valores limites de deformações verticais

É muito comum a aplicação de contra-flechas nas estruturas com o objetivo de diminuir os problemas na
verificação de estados limites de utilização. Caso esta contra-flecha aplicada à estrutura seja no mínimo
igual à flecha devida às ações permanentes, pode-se considerar a flecha devida às ações permanentes
reduzida a 2/3 do seu valor.
Para a verificação de casos de flexão-oblíqua, os limites anteriores de flechas podem ser verificados
isoladamente para cada um dos planos principais de flexão.
3. Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
Estados limites de vibrações

O texto da norma brasileira especifica apenas que devem ser evitadas vibrações excessivas da
estrutura que possam prejudicar o desempenho dos elementos ou que tragam desconforto aos
usuários.
Admite ainda uma frequência natural de vibração mínima de 8 Hertz.
Nas construções correntes admite-se uma flecha máxima de 15mm causada pela vibração.
3. Bases de Cálculo
Exemplo 09
A viga mostrada na figura pertence ao sistema de cobertura. Verificar a viga com relação às
deformações. Utilize as combinações de longa, média e curta duração e compare os resultados.

• gk = 0,9 kN/m
• Qk = 1,0 kN

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