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ESTRUTURAS DE MADEIRA

PROFESSORA: MARILENE CARDOSO

2021
Conteúdo da aula 2:

• Anatomia da madeira e classificação das árvores.


• Propriedades físicas e mecânicas da madeira
 Classificação das madeiras
As madeiras utilizadas em construção são obtidas dos troncos das
árvores. Distinguem-se duas categorias principais de madeira:
• Madeiras duras: são provenientes de árvores frondosas
(dicotiledôneas, da classe Angiosperma), de crescimento lento,
como peroba, ipê, aroeira, carvalho etc.;

ipê Carvalho Peroba


 Classificação das madeiras

• Madeiras macias: são provenientes das árvores coníferas (da


classe Gimnosperma, com folhas em forma de agulhas ou
escamas) de crescimento rápido, como pinheiro-do-paraná e
pinheiro-bravo, ou pinheirinho;

Pinheiro-do-Paraná
 Classificação das madeiras
Espécies comerciais do Brasil
 Crescimento e macroestrutura das madeiras

• As árvores produtoras de madeira de construção são do tipo


exogênico, que crescem pela adição de camadas externas sob
a casca.
• Crescimento inicial na direção vertical e aumento do diâmetro
do tronco através da formação de camadas sucessivas.

• Do ponto de vista
macroscópico, as
camadas aparecem
na forma de anéis
de crescimento.
 Crescimento e macroestrutura das madeiras
• Casca: proteção externa da
árvore, composta de tecidos
secos e mortos e tem como
função a proteção do fuste.
 Crescimento e macroestrutura das madeiras
• Lenho: é o conjunto dos anéis de
crescimento e pode ser dividido
em:
-Alburno: camada mais
permeável a líquidos e gases,
geralmente mais clara (células vivas);
com boa resistência mecânica e mais
suscetível à ataques biológicos
(abundante nas árvores mais jovens).
-Cerne ou Durâmen: camada
formada por células inativas,
geralmente mais densa, com maior
resistência mecânica, menor
permeabilidade e maior resistência
ao ataque de fungos e insetos.
 Crescimento e macroestrutura das madeiras
• Medula: tecido macio
resultante do crescimento
vertical da árvore, em torno do
qual se verifica o primeiro
crescimento da madeira;
geralmente é a parte do tronco
mais fraca e defeituosa.
 Microestrutura das madeiras
As células da madeira, denominadas como fibras, são como
tubos de paredes finas alinhados na direção axial do tronco e
colados entre si.
• Coníferas: são constituídas principalmente por
traqueídes e raios medulares que têm como
função transpor a seiva bruta e dar resistência
e rigidez à madeira.

Os traqueídes podem constituir


até 95 % da madeira das coníferas.
 Microestrutura das madeiras
Dicotiledôneas: são constituídas principalmente por fibras, vasos e
raios.

• Os vasos são células alongadas com


seção transversal arredondada e
vazada, os poros. Tem a função de
transporte ascendente da seiva bruta.

• Fibras são células alongadas e seção


arredondadas, principais responsáveis
por sua resistência mecânica e por usa
rigidez.

• Os raios são conjuntos de células


dispostos horizontalmente da casca
até a medula
 Propriedades físicas da madeira
Anisotropia
• Devido a orientação da células, a madeira é um material
anisotrópico, apresentando três direções principais: longitudinal,
radial e tangencial.
• A diferença de propriedades entre as direções radial e tangencial
raramente tem importância prática, bastando diferenciar as
propriedades na direção das fibras principais (direção longitudinal) e
na direção perpendicular às mesmas fibras.
 Propriedades físicas da madeira
Umidade da madeira
• A umidade da madeira tem grande importância sobre as suas
propriedades. O grau de umidade U é o peso de água contido na
madeira expresso como uma porcentagem do peso da madeira seca
em estufa Ps.
Pi  Ps
U %  100
Ps
Onde Pi é o peso inicial da madeira.

• A água está presente na madeira de duas formas:


-no interior da cavidade das células ocas (fibras)
-absorvida nas paredes das fibras
 Propriedades físicas da madeira
Umidade da madeira
• Quando a madeira é posta a secar, evapora-se a água
contida nas células ocas, atingindo-se o ponto de
saturação das fibras. Este ponto corresponde ao grau de
umidade de cerca de 30%.

• Continuando a secagem, a madeira encontra o ponto de


equilíbrio com o ar, sendo denominada seca ao ar,
variando entre 10 e 20% para a umidade relativa do ar
entre 60% e 90% e a 20°C de temperatura.
• No Brasil e nos EUA, adotam-se 12% como umidade
padrão de referencia.
 Propriedades físicas da madeira
Retração e Inchamento
• As madeiras sofrem retração ou inchamento com a variação da
umidade entre 0% e o ponto de saturação das fibras (30%).
• A retratilidade ocorre em percentuais diferentes nas direções radiais
(R), tangenciais (T) e longitudinais (L);
• Para uma redução de umidade de 30% até 0%, a retração tangencial
varia de 5% a 10% da dimensão verde.
• A retração na direção radial é cerca da metade da direção
tangencial.
• Na direção longitudinal, a retração é menos pronunciada, valendo
apenas 0,1% a 0,3 da dimensão verde
• O inverso da retração é o inchamento e se dá quando a madeira fica
exposta a condições elevadas de umidade
 Propriedades físicas da madeira
Retração e Inchamento

Defeitos comuns que ocorrem durante a secagem da


madeira:
 Propriedades físicas da madeira
Retração e Inchamento

Defeitos comuns que ocorrem durante a secagem da


madeira:
 Propriedades físicas da madeira
Dilatação linear
O coeficiente de dilatação linear das madeiras, na direção
longitudinal, varia de 0,3 x 10−5 a 0,45 x 10−5 por °C, sendo pois da
ordem de 1/3 do coeficiente de dilatação linear do aço.

Densidade
Depende de fatores como: espécie da árvore, teor de umidade,
localização dos corpos de prova, etc.
A NBR 7190/97 apresenta as seguintes definições:
• A “densidade básica”, é determinada pela relação entre a massa
seca / volume saturado;
• A “densidade aparente”, é determinada pela umidade padrão de
12%, pode ser utilizada para a classificação e nos cálculos
estruturais;
 Propriedades físicas da madeira

Durabilidade natural

• A durabilidade da madeira, com relação a biodeterioração, também


está diretamente relacionada com a espécie e as características
anatômicas;
• Algumas espécies como a Maçaranduba e Ipê apresentam elevada
resistência ao ataque de agentes biológicos;
• Já outras como é o caso das espécies de Pinus e as madeiras brancas
em geral são menos resistentes;
• Entretanto, a baixa durabilidade de algumas espécies pode ser
compensada por tratamentos preservativos;
• Conferindo a estas peças de madeira durabilidade compatível com a
das espécies mais resistentes.
 Propriedades físicas da madeira

Resistencia ao fogo

• As peças robustas de madeira possuem excelente resistência ao


fogo, pois se oxidam lentamente devido à baixa condutividade de
calor. Já as peças esbeltas de madeira e as peças metálicas das
ligações requerem proteção contra à ação do fogo.
• Por meio de tratamento químico pode-se aumentar a resistência da
madeira aos ataques de agentes biológicos e do fogo.
 Propriedades físicas da madeira

Resistencia química

• A madeira apresenta boa resistência à ataques químicos;


• Em muitas industrias é utilizada como material estrutural
justamente por apresentar esta característica;
• Segundo a literatura, em alguns casos, a madeira pode sofrer danos
devido ao ataque de ácidos ou bases muito fortes, provocando
redução no seu peso e resistência.
• É comum encontrar estruturas de madeira em depósitos de sal ou
outros locais onde agressividades química elevada.
 Propriedades mecânicas da madeira
Propriedades Mecânicas da madeira mais relevantes para o projeto
de estruturas de madeira

• Tração;

• Compressão;

• Cisalhamento;

• Flexão;
 Propriedades mecânicas da madeira
• COMPRESSÃO
Existem três tipos de solicitação que podem submeter a madeira à
compressão, são elas:
a) Compressão paralela às fibras
- Alta resistência e rigidez;
- Ruptura se dá por perda de estabilidade

b) Compressão normal às fibras


- Baixa resistência e rigidez;
- Ruptura se dá por esmagamento;
b) Compressão inclinada às fibras
- É um misto de compressão normal e
compressão paralela, sendo determinada pela
equação de Hankinson;
 Propriedades mecânicas da madeira
• COMPRESSÃO
Equação de Hankinson:
 Propriedades mecânicas da madeira
• TRAÇÃO
Existem dois tipos de solicitação que podem submeter a madeira,
são elas:
a) Tração paralela às fibras
- Alta resistência e rigidez;
- Ruptura se dá por deslizamento ou ruptura das fibras

b) Tração normal às fibras


- Baixa resistência (evitar);
- Ruptura se dá pela separação das fibras;
 Propriedades mecânicas da madeira
• CISALHAMENTO
Existem três tipos de solicitação que podem submeter a madeira ao
cisalhamento, são elas:
a) cisalhamento normal as fibras (vertical)
- caracterizado pela deformação das células
de madeira perpendicularmente ao eixo
longitudinal (não é crítico)
b) cisalhamento paralelo as fibras
- Baixa resistência e rigidez;
- Ruptura se dá por deslizamento (como trac.);
b) Compressão perpendicular
-Baixa resistência e alta rigidez;
-Ruptura se dá por rolamento (evitar)
 Propriedades mecânicas da madeira
• FLEXÃO SIMPLES
Ação conjunta de esforços de compressão paralela às fibras,
tração paralela às fibras, cisalhamento horizontal e nas regiões de
apoio compressão normal.
 Propriedades mecânicas da madeira
Caracterização da resistência segundo item 6.3 da NBR
7190

Na classificação de um lote de madeira p/ a utilização estrutural, a


NBR 7190 especifica três procedimentos que podem ser adotados
para a caracterização das propriedades de resistência da madeira:

a) Caracterização completa;

b) Caracterização mínima;

c) Caracterização simplificada;
 Propriedades mecânicas da madeira
Caracterização da resistência segundo item 6.3 da NBR
7190

a) Caracterização completa

Caracterização completa da resistência da madeira serrada:


-Resistência a compressão paralela às fibras (𝒇𝒘𝒄,𝟎 ou 𝒇𝒄,𝟎 );
-Resistência a tração paralela às fibras (𝒇𝒘𝒕,𝟎 ou 𝒇𝒕,𝟎 );
-Resistência a compressão normal às fibras (𝒇𝒘𝒄,𝟗𝟎 ou 𝒇𝒄,𝟗𝟎 );
-Resistência a tração normal às fibras (𝒇𝒘𝒕,𝟗𝟎 ou 𝒇𝒕,𝟗𝟎 );
-Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (𝒇𝒘𝒗,𝟎 ou 𝒇𝒗,𝟎 );
-Resistência ao embutimento paralela às fibras (𝒇𝒘𝒆,𝟎 ou 𝒇𝒆,𝟎 );
-Resistência ao embutimento normal às fibras (𝒇𝒘𝒆,𝟗𝟎 ou 𝒇𝒆,𝟗𝟎 );
-Densidade básica (𝝆𝒃𝒂𝒔 );
-Densidade aparente (𝝆𝒂𝒑 );
 Propriedades mecânicas da madeira
Caracterização da resistência segundo item 6.3 da NBR
7190

b) Caracterização mínima da resistência de espécies pouco


conhecidas

Esse tipo de caracterização é recomendado para espécies de madeira pouco


conhecidas, e consiste na determinação das seguintes propriedades:
-Resistência a compressão paralela às fibras (𝒇𝒘𝒄,𝟎 ou 𝒇𝒄,𝟎 );
-Resistência a tração paralela às fibras (𝒇𝒘𝒕,𝟎 ou 𝒇𝒕,𝟎 );
-Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (𝒇𝒘𝒗,𝟎 ou 𝒇𝒗,𝟎 );
-Densidade básica (𝝆𝒃𝒂𝒔 );
-Densidade aparente (𝝆𝒂𝒑 );
 Propriedades mecânicas da madeira
Caracterização da resistência segundo item 6.3 da NBR
7190
c) Caracterização simplificada da resistência da madeira serrada
Para as espécies usuais, na falta da determinação experimental, permite-se
adotar as seguintes relações para os valores característicos das resistências:
 Propriedades mecânicas da madeira

Rigidez ou módulo de elasticidade

• A rigidez corresponde ao valor médio do módulo de


elasticidade determinado na fase de comportamento
elástico-linear, NBR 7190;
• A maioria pode ser considerada como material elástico
linear para a maioria das aplicações estruturais;
• A madeira é um material anisotrópico, suas propriedades
de elasticidade são diferentes, variando de acordo com a
direção das fibras.
 Propriedades mecânicas da madeira
Caracterização da rigidez segundo item 6.3.4 da NBR 7190
Pode ser feita de duas maneiras: a caracterização completa e
caracterização simplificada, ou ainda através de ensaios de flexão.

a) Caracterização completa
Deve ser feito através da determinação do seguintes valores (U=12%), com
realização de pelos menos dois ensaios:

-Valor médio do módulo de elasticidade na compressão paralela às fibras


(𝑬𝒄𝟎,𝒎 );
-Valor médio do módulo de elasticidade na compressão normal às fibras
(𝑬𝒄𝟗𝟎,𝒎 );

Admite-se 𝑬𝒄𝟎,𝒎 = 𝑬𝒕𝟎,𝒎


 Propriedades mecânicas da madeira
Caracterização da rigidez segundo item 6.3.4 da NBR 7190

b) Caracterização simplificada
Pode ser feita apenas na compressão paralela às fibras:

-Valor médio do módulo de elasticidade na compressão paralela às fibras


(𝑬𝒄𝟎,𝒎 );
-Na direção normal vale a relação 𝑬𝒄𝟗𝟎 =𝑬𝒄𝟎 /20

c) Caracterização por meio de ensaio de flexão


Na impossibilidade de realização de ensaio de compressão simples, NBR 7190
permite avaliar o módulo de elasticidade 𝑬𝒄𝟎,𝒎 por meio do ensaio de flexão,
admitindo-se as seguintes relações :
-Para coníferas: (𝑬𝑴 =0.85𝑬𝒄𝟎);
-Para dicotiledôneas: (𝑬𝑴 =0.90𝑬𝒄𝟎 );

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