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MADEIRA
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO I – PROF.ª CAMILA VIEIRA - UFS
CONTEÚDO
2

 Generalidades

 Vantagens e desvantagens do uso da madeira

 Classificação das árvores

 Classificação das madeiras

 A estrutura da madeira

 Produção

 Propriedades da madeira
3 GENERALIDADES
GENERALIDADES
4

Na condição de material de construção, as madeiras incorporam todo um conjunto de características


técnicas, econômicas e estéticas que dificilmente se encontram em outro material existente:

 Foi o primeiro material de construção a ser utilizado tanto em pilares como em vigas
 Resistência elevada com peso reduzido
 Absorve impactos
 Isolante térmico e acústico
GENERALIDADES
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Grande variedade de espécies

• Infinitas aplicações
• Diferentes resistências
• Diferentes cores e texturas
GENERALIDADES
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Exemplos de usos da madeira na construção


Formas
Escoramentos
Materiais secundários
Andaimes
Construções provisórias

Estruturas
Vedação
Integrante da construção
Acabamento
Esquadrias
7 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MADEIRA
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MADEIRA
8

Vantagens Pode ser obtida a um preço relativamente baixo

As reservas são renováveis, caso exploradas com responsabilidade

Pode ser trabalhada com ferramentas simples

Tem facilidade de dar forma e simplicidade de ligações e emendas


VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MADEIRA
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Vantagens

• Primeiro material empregado capaz de resistir tanto a esforços de compressão como de


tração
• Resiste excepcionalmente a choques e esforços dinâmicos: sua resistência permite absorver
impactos que romperiam ou estilhaçariam outros materiais
• Boas condições naturais de isolamento térmico e absorção acústica
• No seu estado natural apresenta uma infinidade de padrões estéticos e decorativos
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MADEIRA
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Desvantagens

• É um material heterogêneo que pode possuir falhas em seu interior


• É bastante vulnerável aos agentes externos e sua durabilidade, quando desprotegida, é
limitada
• É combustível
• É muito sensível aos agentes atmosféricos, aumentando ou diminuindo de dimensões com as
variações de umidade
• Possui limitação dimensional Estas características negativas podem ser eliminadas ou
atenuadas através de processos especiais de
beneficiamento.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DA MADEIRA
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 A degradação de suas propriedades e o surgimento de tensões internas, decorrentes de alterações


de umidade, podem ser anulados pelos processos de secagem artificial controlada.

 A deterioração, quando em ambientes que favoreçam o desenvolvimento de seus principais


predadores, pode ser contornada com os tratamentos de preservação.

 A marcante heterogeneidade e anisotropia próprias de sua constituição fibrosa orientada, assim


como a limitação de suas dimensões, pode ser resolvida pelos processos de transformação nos
laminados e aglomerados de madeira.
12 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
13

 A madeira natural é produto direto do lenho dos vegetais superiores:


árvores e arbustos lenhosos.

 Todas as suas características como material de construção,


principalmente sua heterogeneidade e anisotropia, são decorrentes
dessa sua origem de seres vivos e organizados.

 Para o perfeito conhecimento do material interessa, portanto, considerar


os diferentes tipos de árvores existentes e as alterações no tecido
lenhoso que apresentam.
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
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• Pela Botânica as árvores são classificadas como vegetais superiores, denominados de fanerógamas, que
apresentam complexidade anatômica e fisiológica.

Crescimento de
Endógenas
dentro para fora

Gimnospermas
Crescimento de fora
Exógenas
para dentro
Angiospermas
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
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Endógenas

• De germinação interna em que o desenvolvimento transversal do caule se processa de dentro pra fora
• A parte externa do lenho é mais antiga e mais endurecida
• São pouco aproveitadas na produção de madeiras para fins estruturais

Exemplos: palmeiras e bambus


CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
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Exógenas

• De germinação externa, em que o desenvolvimento da árvore se processa pela adição de novas


camadas concêntricas de células, de fora para dentro (anéis de crescimento).

• Compreendem o grande grupo de árvores aproveitáveis para a produção de madeira para a


construção.
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
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As árvores exógenas diferenciam-se, morfológica e anatomicamente, em dois grandes grupos:


gimnospermas e angiospermas.

Madeiras porosas
Gimnospermas
Coníferas

A principal ordem das gimnospermas são as coníferas. Não produzem


frutos, têm suas sementes descobertas (pinhas) e folhas perenes em forma
de agulhas.
• Cor bege, amarelada
• Leves e fáceis de trabalhar
• Cerca de 400 espécies industrialmente úteis Coníferas
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
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Gimnospermas
• Apresentam madeira mole e são designadas internacionalmente
por softwoods
• Aparecem principalmente no hemisfério norte, constituindo
grandes florestas plantadas e fornecem madeiras empregadas
na indústria e na construção civil.

Destaques na América do Sul Destaque no Brasil

Pinus
Pinheiro-do-Paraná
Araucária
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
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Angiospermas

• As angiospermas são divididas em duas grandes classes: as monocotiledôneas e as dicotiledôneas.

Monocotiledôneas

• Nesta classe encontram-se as palmas e gramíneas.

As palmas são madeiras que não são duráveis, mas


podem ser empregadas em estruturas temporárias
como escoramentos.
CLASSIFICAÇÃO DAS ÁRVORES
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Dicotiledôneas

• São designadas como madeira dura e internacionalmente denominada de hardwoods.


• Nesta categoria encontram-se as principais espécies utilizadas na construção civil no Brasil.

Exemplos: Cedro, jatobá e imbuia

• Grande variação de cor


• Trabalhabilidade variável
• 1500 espécies úteis

Jatobá Cedro
21 ESTRUTURA DAS MADEIRAS
ESTRUTURA DAS MADEIRAS
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Casca
• Proteção externa da árvore, formada por uma camada
externa morta (cortiça), de espessura variável com idade
e espécies, e uma fina camada interna (floema), de tecido
vivo e macio, que conduz o alimento preparado nas folhas
para as partes em crescimento
ESTRUTURA DAS MADEIRAS
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• A cortiça protege os tecidos mais novos das agressões do ambiente, dos


excessos de evaporação e dos agentes de destruição.
• De modo geral, não apresenta interesse como material de construção, sendo
quase sempre extraída e rejeitada.
• Em espécies como Sobra e Angico Rajado, a cortiça tem um desenvolvimento
tão grande que permite a retirada de lâminas espessas.
• Essas lâminas apresentam boas propriedades termoacústicas, sendo
adequadas em processos de isolamento.
ESTRUTURA DAS MADEIRAS
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Câmbio

• Camada fina e quase invisível de tecido vivo.


• Tecido que sob ação de hormônios é estimulado a
dividir as camadas de crescimento tanto em direção ao
centro do tronco como em direção a casca da árvore,
constituindo os anéis de crescimento.
• O corte do câmbio e da floema causam a morte do
vegetal.
ESTRUTURA DAS MADEIRAS
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Lenho

• Consiste no núcleo de sustentação e resistência da


árvore.
• Constitui a seção útil do tronco para obtenção, por
desdobro e serragem, das peças estruturais de
madeira.
• Em quase todas as espécies o lenho apresenta duas
zonas bem contrastantes: alburno e cerne.
ESTRUTURA DAS MADEIRAS
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Alburno

• É a parte mais permeável do caule, apresenta maior importância para


a trabalhabilidade e é menos resistente.
• É a parte mais atacada pelos insetos, fungos e outros microorganismos.
• Conduz a seiva bruta, por ascensão capilar, desde as raízes até a
copa.

Cerne

• Constituído de células mortas.


• Apresenta baixa permeabilidade e durabilidade mais elevada, e
coloração mais escura.
27 DEFEITOS NAS MADEIRAS
DEFEITOS NAS MADEIRAS
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• Pouco provável a obtenção da matéria-prima isenta de defeitos.


• Por ser um material biológico, este guarda consigo uma carga genética que determina suas
características físicas e mecânicas e possui particularidades que são acentuadas ou abrandadas
conforme as condições ambientais.
Caso comum em florestas onde há a formação da
madeira de reação quando uma árvore, em busca da
irradiação solar, é suprimida por outras, crescendo de
maneira excêntrica

Este fenômeno ocorre devido à reorientação do tecido


lenhoso para manter a árvore em posição favorável a
sua sobrevivência.
DEFEITOS NAS MADEIRAS
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Defeitos de crescimento

• Devido a alterações no crescimento e estrutura fibrosa do material


• Nós, desvios de veios e fibras torcidas.
Defeitos de secagem

• Consequente de secagem mal conduzida


Defeitos de produção

• Decorrentes do desdobro e aparelhamento das peça


Defeitos de alteração

• Provocados por agentes de deterioração, como fungos, insetos, etc.


DEFEITOS NAS MADEIRAS
30

• Um dos defeitos constantes em muitas espécies de madeira é a presença de nós.

• A existência de nós dificulta o processo de desdobro, aplainamento, colagem e acabamento,


propiciando assim o surgimento de problemas patológicos, como por exemplo, fissuras em elementos
estruturais de madeira.
DEFEITOS NAS MADEIRAS
31

• Produz concentração de tensões e reduz a resistência da


madeira, sobretudo pelos desvios locais de direção das
fibras.
• Nós vivos têm continuidade com o tecido lenhoso
envolvente, enquanto nós mortos são descolados e não
aderentes.
DEFEITOS NAS MADEIRAS
32

• A presença de um nó são, seco e aderente pouco prejudica a resistência à compressão: no


máximo em 20%.

• Na tração, os nós têm influência considerável, mesmo sãos e aderentes, o que é consequência da
baixa resistência que o lenho apresenta quando solicitado à tração em uma direção
acentuadamente oblíqua em relação ao fio das fibras, como acontece na vizinhança desses
defeitos.

• A resistência ao cisalhamento praticamente não é afetada pela presença de nós.


DEFEITOS NAS MADEIRAS
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• Os desvios de veios a as fibras torcidas acentuam e perturbam


consideravelmente a já preocupante anisotropia do material.
• Alteram a resistência das peças e são responsáveis por empenos.
• Frente a variações de umidade, os desvios das fibras provocam tensões
internas.
DEFEITOS NAS MADEIRAS
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 Defeitos devido à secagem

Fendas e rachaduras Colapso Abaulamento

• Geralmente devido a • Se origina nas primeiras • Se deve a tensões


uma secagem rápida nas etapas da secagem e internas as quais
primeiras horas muitas vezes apresenta a árvore
acompanhado de fissuras combinada a uma
internas secagem irregular
DEFEITOS NAS MADEIRAS
35

 Defeitos devido à secagem


36 PRODUÇÃO DA MADEIRA
PRODUÇÃO
37

Corte Toragem Falquejamento Desdobro Aparelhamento

• Na exploração bem conduzida de reservas florestais, a operação de corte é sempre precedida de um


levantamento dendrométrico que esclarece sobre o aproveitamento adequado dos espécimes a serem
abatidos.
PRODUÇÃO
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• Dendrometria tem por objetivo geral a determinação do volume das árvores e suas respectivas partes,
bem como as existências de madeira numa dada área.

• Pretende saber também, a grandeza e volume dos principais produtos florestais.

• Para o conseguir usa métodos e técnicas que permitam a medição das dimensões das florestas, das
árvores e das suas partes.
PRODUÇÃO: CORTE
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O corte deve ser realizado em épocas apropriadas, geralmente no


inverno, por questões de durabilidade, tendo em vista que:

A secagem é lenta, sem rachar ou fendilhar.

Por não conterem seiva elaborada nos tecidos, tornam-se


menos atrativas a fungos e insetos.
PRODUÇÃO
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Toragem

• A árvore abatida e desgalhada é traçada em toras de 5 a 6


metros para facilitar o transporte.

Falquejo

• Antes da operação seguinte, as toras podem ser falquejadas,


ou seja, são retiradas quatro costaneiras, ficando a seção
grosseiramente retangular.
PRODUÇÃO: DESDOBRAMENTO
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• Operação final na obtenção de madeira bruta (pranchas).


• Realiza-se nas serrarias com a utilização de serras.
PRODUÇÃO: DESDOBRAMENTO
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A tora também pode ser aproveitada sem que seja feito o desdobro

Maior área possível:

Maior quadrado inscrito na seção da tora

Retângulo com dimensões: b = 0,57d e h = 0,82d

d – diâmetro
PRODUÇÃO: APARELHAMENTO
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• As peças após o desdobro são serradas novamente em bitolas comerciais.

Nome da peça Espessura (cm) Largura (cm)


Pranchões >7 > 20
 Nomenclatura das Prancha 4–7 >20

peças de madeira Viga 4 11 – 20


Vigota 4–8 8 – 11
serrada:
Caibro 4–8 5–8
Tábua 1–4 > 10
Sarrafo 2–4 2 – 10
Ripa <2 < 10
PRODUÇÃO: APARELHAMENTO
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 Dimensões de madeira beneficiada:

Tipo Dimensões (cm)


Soalho 2 x10
Forro 1 x 10
Batentes 4.5 x 14.5
Rodapé 1.5 x 15
Rodapé 1.5 x 10
Tacos 2 x 2.1
45 PROPRIEDADES DA MADEIRA
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS
46

 Propriedades Físicas: influenciam significativamente no desempenho e resistência da madeira utilizada


estruturalmente.

Fatores que influenciam as propriedades

• Espécie da árvore
• O solo e o clima da região de origem da árvore
• Fisiologia da árvore
• Anatomia do tecido lenhoso
• Variação da composição química
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS
47

Principais Propriedades Físicas

• Durabilidade natural
• Teor de Umidade
• Densidade
• Retratilidade
• Resistência ao fogo
• Resistência química
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS
48

Orientação das fibras Propriedades variam de acordo com


Forma de crescimento três eixos perpendiculares entre si
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: TEOR DE UMIDADE
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• Determinada pela seguinte expressão:

w é umidade em %
m1 é a massa úmida
m2 é a massa seca

• A norma brasileira para estruturas de madeira (NBR 7190/1997), apresenta, em seu anexo B, um
roteiro detalhado para a determinação da umidade de amostras de madeira.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: TEOR DE UMIDADE
50

Na madeira, a água apresenta-se de duas formas: como água livre contida nas cavidades das células
(lúmens), e como água impregnada contida nas paredes das células.

• Quando a árvore é cortada, ela tende a


perder rapidamente a água livre existente
em seu interior para, a seguir, perder a
água de impregnação mais lentamente.

• A umidade na madeira tende a um equilíbrio em função da umidade e temperatura do ambiente em que


se encontra.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: TEOR DE UMIDADE
51

O teor de umidade correspondente ao mínimo de água


livre e ao máximo de água de impregnação é
denominado de ponto de saturação das fibras (PSF).

Para as madeiras brasileiras esta umidade


encontra-se em torno de 25%.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: TEOR DE UMIDADE
52

 A perda de água na madeira até o ponto de saturação das fibras se dá sem a ocorrência de
problemas para a estrutura da madeira.

 A partir deste ponto a perda de umidade é acompanhada pela retração (redução das dimensões) e
aumento da resistência, por isso a secagem deve ser executada com cuidado para se evitarem
problemas na madeira.

 Para fins de aplicação estrutural da madeira e para classificação de espécies, a norma brasileira
específica a umidade de 12% como de referência para a realização de ensaios e valores de
resistência nos cálculos.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: TEOR DE UMIDADE
53

• Alterações na umidade abaixo do PSF (ponto de saturação das fibras) acarretam o aumento das
propriedades resistentes da madeira e contrações volumétricas.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: DENSIDADE
54

Densidade

Básica Aparente

 Densidade Básica:
• Massa específica convencional obtida pelo quociente da massa seca
pelo volume saturado
• Pode ser utilizada para fins de comparação com valores apresentados
na literatura internacional
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: DENSIDADE
55

 Densidade Aparente

• Determinada para uma umidade padrão de referência de 12%


• Pode ser utilizada para classificação da madeira e nos cálculos de estruturas
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: RETRAÇÃO
56

 Retração é a redução das dimensões em uma peça da madeira pela saída de água de
impregnação.
 Ocorre em porcentagens diferentes nas direções tangencial, radial e longitudinal.

 A retração tangencial possui valores de até


10% de variação dimensional, podendo
causar problemas de torção nas peças de  A retração radial com valores da ordem
madeira. de 6% de variação dimensional, pode
causar problemas de rachaduras nas
peças de madeira.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: RETRAÇÃO
57

• Um processo inverso também pode ocorrer, o inchamento, que se dá quando a madeira fica
exposta a condições de alta umidade ao invés de perder água ela absorve, provocando um
aumento nas dimensões das peças.

Espécie Radial (%) Tangencial (%) Volumétrica (%)


Cedro 2.96 5.40 11.81
Eucalipto 6.46 17.10 23.24
Pinho 3.50 6.76 13.10
Peroba Rosa 3.70 6.90 12.20
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: RESISTÊNCIA AO FOGO
58

Erroneamente, a madeira é Sendo bem dimensionada, a madeira


considerada um material de baixa apresenta resistência ao fogo superior à de
resistência ao fogo. outros materiais estruturais.

Uma peça de madeira exposta ao fogo torna-se um combustível para a propagação das chamas,
porém, após alguns minutos, uma camada mais externa da madeira se carboniza tornando-se um
isolante térmico, que retém o calor, auxiliando, assim, na contenção do incêndio, evitando que toda a
peça seja destruída.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: RESISTÊNCIA AO FOGO
59

A proporção da madeira carbonizada com o tempo varia de acordo com a espécie e as condições de
exposição ao fogo.

Entre a porção carbonizada e a madeira sã encontra-


se uma região intermediária afetada pelo fogo, mas,
não carbonizada, porção esta que não deve ser
levada em consideração na resistência.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: RESISTÊNCIA AO FOGO
60

• Perfis metálicos retorcidos devido à perda de resistência sob alta temperatura, apoiados sobre
uma viga de madeira que, apesar de carbonizada, ainda possui resistência.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: DURABILIDADE NATURAL
61

• Depende da espécie e das características anatômicas. Certas espécies apresentam alta resistência
natural ao ataque biológico enquanto outras são menos resistentes.

• Varia de acordo com a região da tora da qual a peça de madeira foi extraída. Por exemplo, o cerne
e o alburno apresentam características diferentes, com o alburno sendo muito mais vulnerável ao
ataque biológico.

• A baixa durabilidade natural de algumas espécies pode ser compensada por um tratamento
preservativo adequado às peças, alcançando-se assim melhores níveis de durabilidade, próximos dos
apresentados pelas espécies naturalmente resistentes.
PROPRIEDADES DAS MADEIRAS: RESISTÊNCIA QUÍMICA
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• Em linhas gerais, apresenta boa resistência a ataques químicos.


• Muitas indústrias preferem a madeira em lugar de outros materiais que sofrem mais facilmente o
ataque de agentes químicos.

Em alguns casos, a • O ataque das bases provoca aparecimento de manchas


madeira pode sofrer esbranquiçadas decorrentes da ação sobre a lignina e a
danos devidos ao hemicelulose da madeira.
ataque de ácidos ou • Os ácidos também atacam a madeira causando uma redução
bases fortes. no seu peso e na sua resistência.
PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS
63

As propriedades mecânicas definem o comportamento da madeira quando submetida a esforços de


natureza mecânica.

• Tem resistências com valores diferentes


conforme variar a direção da solicitação em
A madeira pode sofrer relação às fibras e também em função do
solicitações de compressão, tipo de solicitação.
tração, cisalhamento e flexão. • Mesmo mantida uma direção da solicitação
segundo às fibras, a resistência à tração é
diferente da resistência à compressão.
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
64

Caracterização completa da madeira para uso em estruturas

 Resistência à compressão paralela às fibras fc e normal às fibras fcn

 Resistência à tração paralela às fibras ft, e normal às fibras, ftn

 Resistência ao cisalhamento paralelo às fibras fv

 Resistência ao embutimento fe (pressão de apoio em ligações com conectores) paralelo e normal às


fibras

 Módulo de elasticidade na compressão paralela às fibras, Ec, e módulo de elasticidade na


compressão normal às fibras, Ecn
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
65

Resistência à Compressão Paralela às Fibras

 Carga na direção paralela as fibras

 A compressão paralela tem a tendência de encurtar as células da madeira


ao longo do seu eixo longitudinal

 As células reagindo em conjunto conferem uma grande resistência da


madeira à compressão
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
66

Resistência à Compressão Perpendicular às Fibras

 Carga na direção normal às fibras

 As fibras são esmagadas

 Os valores de resistência à compressão normal às fibras são


da ordem de ¼ dos valores de resistência à compressão
paralela
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
67

Resistência à Compressão Inclinada às Fibras

 Carga na direção inclinada às fibras

 Nas solicitações inclinadas em relação às fibras da madeira, os valores são intermediários


PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
68

Resistência à Tração Paralela às Fibras

 Facilita a seleção de madeiras capazes de serem empregadas em treliças de telhados, cujas seções
tornam-se reduzidas em função de ligações

 A ruptura por tração paralela pode ocorrer por deslizamento entre as fibras ou por ruptura de
suas paredes

 A ruptura ocorre com baixos valores de deformação, o que caracteriza como frágil, e com
elevados valores de resistência
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
69

Resistência à Tração Perpendicular às Fibras

 A resistência de ruptura por tração normal às fibras apresenta baixos valores de resistência

 A solicitação age na direção normal ao comprimento das fibras, tendendo a separá-las, afetando a
integridade estrutural e apresentando baixos valores de deformação

 Pela baixa resistência apresentada pela madeira sob este tipo de solicitação, essa deve ser evitada
nas situações de projeto
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
70

Resistência ao Cisalhamento Perpendicular às Fibras

 Este tipo de solicitação não é crítico, pois, antes de romper por cisalhamento, a peça apresentará
problemas de esmagamento por compressão normal.
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
71

Resistência ao Cisalhamento Longitudinal às Fibras

 É o caso mais crítico, a peça rompe por escorregamento entre as células da madeira.
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
72

Resistência à Flexão Simples

 Ocorrem quatro tipos de esforços:


 compressão paralela às fibras
 tração paralela às fibras
 cisalhamento horizontal
 compressão normal às fibras (nas regiões dos apoios)
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
73

Resistência à Flexão Simples

 A ruptura ocorre com a formação de minúsculas falhas de compressão seguidas pelo


esmagamento macroscópico na região comprimida.

 Este fenômeno gera o aumento da área comprimida na seção e a redução da área


tracionada, causando acréscimo de tensões nesta região, podendo romper por tração.
PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA
74
PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS
75
PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS
76

Resistência de cálculo

 kmod – coeficiente de modificação

 fd – valor de cálculo da propriedade

 fk – valor característico da propriedade

 γw – coeficiente de minoração das


propriedades
PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS
77

Coeficientes de ponderação (γw) e Valores característicos (fk)

 Os ensaios de laboratório fornecem valores médios das propriedades (fm).


 Para a utilização em cálculos de estruturas de madeira, os valores médios devem ser transformados
em valores característicos (fk)
PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS
78

Coeficientes de modificação (kmod)

 Os coeficientes de modificação afetam os valores de cálculo de propriedades da madeira em função


da classe de carregamento da estrutura, da classe de umidade e da qualidade da madeira utilizada.

k mod  k mod,1  k mod,2  k mod,3


PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS
79

Coeficientes de modificação (kmod)


PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS
80

Coeficientes de modificação (kmod)


PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS
81

Coeficientes de modificação (kmod)


PROPRIEDADES MECÂNICAS DAS MADEIRAS: EXEMPLO
82

 Exemplo: determinar os valores de cálculo para a resistência à compressão paralela às fibras e ao


cisalhamento para a espécie Canafistula. Considerar madeira serrada, de segunda categoria, classe
de umidade 2 e carregamento de longa duração.
EXEMPLO: SOLUÇÃO
83

 Resistência à compressão paralela às fibras:

a) Valor médio (tabelado): 52 MPa

b) Valor característico:

𝑓𝑘
= 0,70 → 𝑓𝑘 = 0,7 ∙ 𝑓𝑚
𝑓𝑚

𝑓𝑘 = 0,7 ∙ 52 → 𝑓𝑘 = 36,4𝑀𝑃𝑎
EXEMPLO: SOLUÇÃO
84

 Resistência à compressão paralela às fibras:

c) Coeficientes de modificação (kmod) k mod  k mod,1  k mod,2  k mod,3

k mod,1  0,70

k mod,2  1,0
EXEMPLO: SOLUÇÃO
85

 Resistência à compressão paralela às fibras:

c) Coeficientes de modificação (kmod) k mod  k mod,1  k mod,2  k mod,3

k mod,3  0,8
EXEMPLO: SOLUÇÃO
86

 Resistência à compressão paralela às fibras:

c) Coeficientes de modificação (kmod)

k mod  0,7 1,0  0,8  0,56

d) Valor de cálculo:

𝑓𝑐𝑘 36,4
𝑓𝑐𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑 𝑓𝑐𝑑 = 0,56 ∙ 𝑓𝑐𝑑 = 14,56𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑤 1,4
EXEMPLO: SOLUÇÃO
87

 Resistência ao cisalhamento:

a) Valor médio (tabelado): 11,1 MPa

b) Valor característico:

𝑓𝑘
= 0,54 → 𝑓𝑘 = 0,54 ∙ 𝑓𝑚
𝑓𝑚

𝑓𝑘 = 0,54 ∙ 11,1 → 𝑓𝑘 = 6,0𝑀𝑃𝑎


EXEMPLO: SOLUÇÃO
88

 Resistência ao cisalhamento

c) Coeficientes de modificação (kmod)

k mod  0,56

d) Valor de cálculo:

𝑓𝜈𝑘 6,0
𝑓𝜈𝑑 = 𝑘𝑚𝑜𝑑 𝑓𝑐𝑑 = 0,56 ∙ 𝑓𝜈𝑑 = 1,87 𝑀𝑃𝑎
𝛾𝑤 1,8
FIM DA AULA
89

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