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EES170 - Noções de Estruturas de Madeira

Aula 04: Critérios de dimensionamento

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)


Departamento de Engenharia de Estruturas (DEEs)

2o. semestre 2023


Introdução

Estas notas de aula resumem os itens 4 a 6 na norma NBR 7190:1997 cujos


títulos e tópicos abordados são:

• Hipóteses básicas de segurança: definição de estados limites a serem


considerados num projeto estrutural de madeira e a condição analítica de
segurança em sua forma genérica;

• Propriedades da madeira: valores de resistências (médios, característi-


cos e de cálculo), valores de rigidez, coeficientes de ponderação e modifi-
cação.

• Ações: definição e classificação das ações, coeficientes de ponderação e


montagem de carregamentos (combinação de ações);
Hipóteses básicas de segurança

• Hipóteses básicas de segurança

• Propriedades da madeira

• Ações
Hipóteses básicas de segurança
Estados limites

• Estados limites últimos:


Estados que, por sua simples ocorrência, determinam a paralisação, no
todo ou em parte, do uso da construção. Situações que representam
risco de colapso. No projeto, usualmente devem ser considerados:
* Perda de equilíbrio, global ou parcial;
* Ruptura ou deformação plástica excessiva dos materiais;
* instabilidade por deformação ou dinâmica.

• Estados limites de utilização:


Estados que, por sua ocorrência, repetição ou duração, causam efeitos es-
truturais que não respeitam as condições especificadas para o uso normal
da construção ou que são indícios de comprometimento da sua durabili-
dade. No projeto, devem ser considerados:
* Deformações excessivas que afetem a utilização normal da construção,
comprometam seu aspecto estético ou prejudiquem equipamentos nela
instalados;
* Vibrações de amplitude excessiva que causem desconforto aos usuários
ou danos aos equipamentos instalados na construção.
Hipóteses básicas de segurança
Condições de segurança

• Condição analítica de segurança:

σd 6 fd (1)

σd : solicitação de cálculo, expressa em tensão (Força/Área), determinada


pelos carregamentos;
fd : resistência de cálculo, determinada em função dos valores nominais
das resistências de cada espécie e dos coeficientes de segurança.

fk
fd = kmod (2)
γw
fk : resistência característica;
γw : coeficientes de ponderação (ou segurança). Depende do tipo de carrega-
mento e do estado limite considerado. O sub-índice w significa wood;
kmod : coeficiente de modificação. Depende do tipo e da qualidade da madeira,
da umidade relativa do ar onde a estrutura será instalada e da duração dos
carregamentos.
Propriedades das madeiras

• Hipóteses básicas de segurança

• Propriedades da madeira

• Ações
Propriedades das madeiras

Nesta seção, é tratada a determinação das resistências de cálculo, generi-


camente designadas por fd .

Além destas resistências, regras para a determinação da rigidez (módulo de


elasticidade), para as diferentes espécies de madeira e para as diferentes
direções numa dada peça, são apresentadas ao final da seção.

Para designar os valores característicos de resistência, ou seja, valores reais,


sem aplicação de coeficientes de segurança ou modificação, um sub-índice k
é acrescentado: fk .

Considera-se que a variação de um dado valor de resistência apresente dis-


tribuição normal e assume-se como valor característico aquele no qual 95%
da amostra apresente valor igual ou superior ao fk .
Propriedades das madeiras
Resistência característica x Resistência média

Distribuição normal para um dado valor de resistência:

fk → resistência característica;

fm → resistência média.
Propriedades das madeiras
Resistência característica: definições de nomenclatura

• fc0,k → resistência à compressão na direção paralela às fibras;

• fc90,k → resistência à compressão na direção normal às fibras;

• ft0,k → resistência à tração na direção paralela às fibras;

• ft90,k → resistência à tração na direção normal às fibras;


• fv0,k → resistência ao cisalhamento na direção paralela às fibras;

• fe0,k → resistência ao embutimento paralelo às fibras;

• fe90,k → resistência ao embutimento normal às fibras.

Estas duas últimas, referem-se às resistências da madeira quando há o


embutimento de pregos ou parafusos, sendo utilizadas, portanto, no dimen-
sionamento de ligações.
Propriedades das madeiras
Resistência característica: estimativa a partir de valores médios

Nos projetos de estruturas de madeiras, quando especificada a espécie, os


valores característicos das resistências, fk , são estimados a partir dos seus
respectivos valores médios, fm , fornecidos por laboratórios idôneos. Para tal,
adotam-se as relações:

• Resistências à compressão e tração:

fk = (0, 70)fm (3)


• Resistências ao cisalhamento:

fv,k = (0, 54)fv,m (4)

No Anexo E, da norma NBR 7190, são apresentados valores de resistências


médios para diversas espécies: Tabelas E.1 a E.3 (deve-se notar que os sub-
índices m foram suprimidos nessas tabelas).
Propriedades das madeiras
Resistência característica: classes de resistência

Para dar flexibilidade aos projetos estruturais, deixando em aberto a possibili-


dade de escolha de diferentes madeiras, é comum a adoção de classes de
resistências, definidas por valores típicos de resistência, rigidez e densidade.
No caso da NBR 7190, estas classes encontram-se definidas nas Tabelas 8
e 9, reproduzidas a seguir.

Tabela 8: NBR 7190:1997 - Classes de resistência das coníferas

Coníferas
(valores na condição padrão de referência U = 12%)
fc0,k fv,k Ec0,m ρbas,m ρap,12%
Classes
(MPa) (MPa) (MPa) (Kg/m3 ) (Kg/m3 )
C20 20 4 3500 400 500
C25 25 5 8500 450 550
C30 30 6 14500 500 600
Propriedades das madeiras
Resistência característica: classes de resistência

Tabela 9: NBR 7190:1997 - Classes de resistência das dicotiledôneas

Dicotiledôneas
(valores na condição padrão de referência U = 12%)
fc0,k fv,k Ec0,m ρbas,m ρap,12%
Classes
(MPa) (MPa) (MPa) (Kg/m3 ) (Kg/m3 )
C20 20 4 9500 500 650
C30 30 5 14500 650 800
C40 40 6 19500 750 950
C60 60 8 24500 800 1000

Ec0,m → módulo de elasticidade médio, obtido através de ensaios de com-


pressão paralela às fibras.
Com estas definições, o projetista não precisa especificar a espécie de madeira.
Basta indicar a classe.
Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo

As resistências de cálculo, fd , são então determinadas pela seguinte ex-


pressão:

fk
fd = (kmod ) (5)
γw
sendo,
kmod : coeficiente de modificação;
γw : coeficientes de ponderação (ou segurança).

As formas de obtenção destes dois termos são abordadas a seguir.


Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: coeficiente de modificação
O coeficiente de modificação total, kmod , é dado pelo produto de outros três
coeficientes:

kmod = (kmod,1 )(kmod,2 )(kmod,3 ) (6)

Cada um deles leva em conta fatores específicos.

• kmod,1 :
Leva em conta a duração dos carregamentos, conforme definido na Tab. 1
(da norma).
Seus valores são dados na Tabela 10: NBR 7190:1997 - kmod,1 :
Classes de Tipos de madeira
carregamento Serrada, laminada colada
Recomposta
ou compensada
Permanente 0,60 0,30
Longa duração 0,70 0,45
Média duração 0,80 0,65
Curta duração 0,90 0,90
Duração instantânea 1,10 1,10
Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: coeficiente de modificação

• kmod,2 :
Leva em conta a classe de umidade - Tabela 7: NBR 7190:1997.
Classes de Umidade relativa Umidade de equilíbrio
umidade do ar Uamb da madeira Ueq
1 6 65% 12%
2 65% < Uamb 6 75% 15%
3 75% < Uamb 6 85% 18%
4 Uamb > 85% (Longos períodos) > 25%

Seus valores são dados na Tabela 11: NBR 7190:1997 - kmod,2 :

Classes de Tipos de madeira


umidade Serrada, laminada colada
Recomposta
ou compensada
(1) e (2) 1,0 1,0
(3) e (4) 0,8 0,9

Nota: para madeira serrada submersa, adotar kmod,2 = 0,65.


Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: coeficiente de modificação

• kmod,3 :

Leva em conta a qualidade da madeira (possibilidade de haver defeitos


internos).
Madeira de primeira categoria: classificada, por inspeção visual e en-
saios mecânicos, como isenta de defeitos. Não basta apenas a inspeção
visual.

Condição kmod,3
Madeira de 2a. categoria 0,8
Madeira de 1a. categoria 1,0
Coníferas - madeira serrada (sempre) 0,8
Madeira laminada colada reta 1,0
Madeira laminada colada curva t 2

1 − 2000 r
(t: esp. lâminas, r: menor raio de curvatura)
Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: coeficiente de modificação

Nota Prática: Nas situações convencionais de projeto, adota-se

• kmod,1 = 0, 7 (carregamentos de longa duração);


• kmod,2 = 1, 0 (classes de umidade 1 ou 2);
• kmod,3 = 0, 8 (madeira sem classificação mecânica).

De forma, que

kmod = (0, 7)(1, 0)(0, 8) = 0, 56

Este valor deve ser adotado como referência num processo de pré-
dimensionamento.
Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: coeficientes de segurança

Os coeficientes de segurança (ou ponderação) são definidos de acordo com


o estado limite que está sendo analisado e com o tipo de carregamento.

• Estados limites de utilização:

Sempre: γw = 1,0;

• Estados limites últimos:

* Resistência de compressão paralela, perpendicular ou inclinada em


relação às fibras: γwc = 1,4;
* Resistência de tração paralela às fibras: γwt = 1,8;
* Resistência de cisalhamento paralela às fibras: γwv = 1,8.
Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: Exemplo

A tesoura tipo Howe apresentada na figura abaixo é uma das treliças de


cobertura mais comuns em estruturas de madeira. Nas condições usuais de
carregamento, as peças dos montantes e do banzo inferior ficam tracionadas,
enquanto que as diagonais e o banzo superior ficam comprimidos.

Dependendo das cargas de vento atuantes, o esforço externo resultante pode


ser contrário ao sentido gravitacional usual, situação na qual os sinais se
invertem.
Além disso, outros esforços podem ser identificados numa estrutura de cober-
tura, tais como compressão normal às fibras nos travesseiros (ou na viga de
frechal), cisalhamento nas ligações por entalhes, flexão oblíqua nas terças,
etc.
Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: Exemplo

Para cada tipo de esforço, uma resistência correspondente deve ser deter-
minada. Como exemplo, vamos calcular as resistências de cálculo à tração,
compressão e cisalhamento paralelas às fibras, admitindo que as peças se-
jam de madeira serrada da espécie Parajú (ou Maçaranduba), sem classi-
ficação mecânica, carregamentos de longa duração e que o galpão esteja
projetado para um local com umidade relativa do ar predominante de 65%.
Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: Exemplo - solução

Na Tabela E.2 da NBR 7190, verificam-se os seguintes valores médios para


as resistências em questão:

fc0,m = 82, 9 MPa, ft0,m = 138, 5 MPa, fv,m = 14, 9 MPa

Os valores característicos correspondentes são obtidos a partir das Eqs. (3)


e (4), i.e.,

fc0,k = (0, 70)fc0,m = (0, 70)(82, 9 MPa) = 58, 0 MPa

ft0,k = (0, 70)ft0,m = (0, 70)(138, 5 MPa) = 96, 9 MPa

fv,k = (0, 54)fv,m = (0, 54)(14, 9 MPa) = 8, 0 MPa

Carregamento normal ⇒ classe de longa duração ⇒ da Tabela 10:


kmod,1 = 0, 7

Umidade relativa do ar de 65% ⇒ das Tabelas 7 e 11:


kmod,2 = 1, 0
Propriedades das madeiras
Resistência de cálculo: Exemplo - solução

Dicotiledônea sem classificação mecânica:

kmod,3 = 0, 8

⇒ kmod = (kmod,1 )(kmod,2 )(kmod,3 ) = (0, 7)(1, 0)(0, 8) = 0, 56

Assim:

fc0,k 58, 0 MPa


fc0,d = (kmod ) = (0, 56) = 23, 20 MPa
γwc 1, 4
ft0,k 96, 9 MPa
ft0,d = (kmod ) = (0, 56) = 30, 15 MPa
γwt 1, 8
fv,k 8, 0 MPa
fv,d = (kmod ) = (0, 56) = 2, 49 MPa
γwv 1, 8

***
Propriedades das madeiras
Rigidez: módulo de elasticidade
Assim como nas resistências, os valores médios dos módulos de elasticidade
das espécies ou classes de madeira são referenciados para um teor de umi-
dade de 12%.
Além disso, esta propriedade sofre as mesmas influências quanto a umidade
local, duração dos carregamentos e à presença de defeitos naturais, já des-
critos para as resistências.
Desta forma, os valores médios do módulo de elasticidade devem ser corrigi-
dos pelo parâmetro kmod , ou seja,

Ec0,ef = (kmod )Ec0,m = (kmod,1 )(kmod,2 )(kmod,3 )Ec0,m (7)

Nesta equação, o sub-índice c0 indica que o módulo de elasticidade foi obtido


por um ensaio à compressão paralela às fibras. Entretanto, se o esforço fosse
de tração, a rigidez seria a mesma, ou seja, pode-se escrever Ec0 = Et0 .
Por outro lado, na direção perpendicular às fibras a rigidez é significativa-
mente inferior (algo entre 5% a 10% do valor de Ec0 ). A norma, recomenda,
desta forma, que seja adotado:

Ec0,ef
Ec90,ef = (8)
20
Ações

• Hipóteses básicas de segurança

• Propriedades da madeira

• Ações
Ações
Definições

Nesta seção são abordados os métodos para se obter a solicitação de cálculo,


σd (ver Eq. 1).

• Definição de ação:
É tudo aquilo que provoca o aparecimento de esforços internos ou defor-
mações nas estruturas. Exemplos: forças, momentos, etc.

• Tipos principais de ação:

* Permanentes: que ocorrem com valores constantes ou de pequena vari-


ação, durante praticamente toda a vida da construção (e.g., peso próprio,
telhas numa cobertura, paredes de alvenaria);
* Variáveis: valores com variação significativa ao longo da vida da cons-
trução (e.g., máquinas de manuseio ou transporte, vento, fluxo de pes-
soas, móveis, chuva);
Ações
Valores de Cálculo das ações permanentes

• Valores característicos (ou nominais) das ações permanentes:

* Símbolo: Fg,k ;
* Particularmente no caso de peso próprio, deve-se utilizar a densidade
aparente correspondente ao teor de umidade da madeira de 12%;

• Valores de cálculo das ações permanentes:

* Símbolo: Fg,d ;
* São obtidos pela multiplicação de fatores de segurança, γg , ao valor
nominal, ou seja,
Fg,d = γg Fg,k

* Nas análises de estado limite de utilização, deve-se adotar γg = 1, 0;


* Nas análises de estado limite de último, deve-se adotar:

γg = 1, 3 (para ações permanentes de pequena variabilidade)

γg = 1, 4 (para ações permanentes de grande variabilidade)


Ações
Valores de Cálculo das ações permanentes

• Ações permanentes de pequena variabilidade:


As ações permanentes são consideradas de pequena variabilidade
quando mais de 75% do seu valor refere-se a peças de madeira do
mesmo tipo.
• Ações permanentes de grande variabilidade:
As ações permanentes são consideradas de grande variabilidade quando
menos de 75% do seu valor refere-se a peças de madeira do mesmo tipo.
• Ações permanentes com efeitos favoráveis:
Eventualmente, nas combinações de ações, as cargas permanentes
podem atuar de maneira favorável. Por exemplo, em algumas situações
de cargas de vento extremas, a resultante das forças externas pode
ocorrer no sentido oposto ao gravitacional (em tempestades é comum
verificarmos telhas que "saem voando"). Nestas situações, ao invés de
majorar as ações permanetes, elas devem ser minoradas para efeitos de
cálculo. Deve-se portanto, adotar:
γg = 1, 0 (para ações permanentes de pequena variabilidade)
γg = 0, 9 (para ações permanentes de grande variabilidade)
Ações
Valores de Cálculo das ações variáveis

• Valores característicos (ou nominais) das ações variáveis:

* Símbolo: Fq,k ;
* Adota-se o maior valor (ou que gera a pior condição de segurança) como
valor representativo.

50
Ação variável
40 Fq,k

30
Força

20

10

0
0 20 40 60 80 100
Tempo
Ações
Valores de Cálculo das ações variáveis

• Valores de cálculo das ações variáveis:

* Símbolo: Fq,d ;
* São obtidos pela multiplicação de fatores de segurança, γq , ao valor nom-
inal, ou seja,
Fq,d = γq Fq,k

* Nas análises de estado limite de utilização, deve-se adotar γq = 1, 0;


* Nas análises de estado limite de último, deve-se adotar γq = 1, 4.
Ações
Combinações de ações de cálculo: Carregamentos de Cálculo

Para se obter a solicitação externa de cálculo resultante, Fd , que em última


instância gera as tensões internas de cálculo, σd , deve-se combinar as ações
permanentes com todas as ações variáveis relevantes.
Como a probabilidade de todas as ações variáveis atuarem com seus valores
máximos de forma simultânea é muito baixa, apenas uma delas entra na com-
binação com seu valor de cálculo total. As demais têm seus valores reduzidos
pelos coeficientes apresentados a seguir.

• Fatores de redução em combinações de ações:

* Levam em conta que ações variáveis de naturezas distintas têm baixa


probabilidade de ocorrer simultaneamente;
* Ψ0 : fator de redução para condições de segurança relativas aos estados
limites últimos;
* Ψ1 : fator de redução para condições de segurança relativas aos estados
limites de utilização e carregamentos de média duração;
* Ψ2 : fator de redução para condições de segurança relativas aos estados
limites de utilização e carregamentos de longa duração.
Ações
Combinações de ações de cálculo: Carregamentos de Cálculo

Tabela 2: NBR 7190:1997 - Fatores de combinação e de utilização

Ações em estruturas correntes Ψ0 Ψ1 Ψ2


- Variações unif. de temperatura em relação à média anual local 0,6 0,5 0,3
- Pressão dinâmica do vento 0,5 0,2 0,0
Cargas acidentais dos edifícios Ψ0 Ψ1 Ψ2
- Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos
0,4 0,3 0,2
fixos, nem de elevadas concentrações de pessoas
- Locais onde há predominância de pesos de equipamentos
0,7 0,6 0,4
fixos, ou de elevadas concentrações de pessoas
- Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6
Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos Ψ0 Ψ1 Ψ2
- Pontes de pedestres 0,4 0,3 0,21)
- Pontes rodoviárias 0,6 0,4 0,21)
- Pontes ferroviárias (ferrovias não especializadas) 0,8 0,6 0,41)
1)
Admite-se Ψ2 = 0 quando a ação variável principal corresponde a um efeito sísmico.
Ações
Combinações de ações de cálculo: Carregamentos de Cálculo

Por enquanto, vamos nos ater apenas às análises de estado limite último que
são as mais relevantes.
Neste caso a combinação das ações pode ser expressa da seguinte forma:
 n
X 
Fd = γg Fg,k + γq Fq1,k + (Ψ0j Fqj,k ) (9)
j=2

onde,
Fq1,k é a ação variável principal e Fqj,k são as ações variáveis secundárias.

Nota 1: A ação variável principal é aquela que resulte no maior valor de Fd .


Nota 2: quando a ação variável principal for o vento, ela deverá ser reduzida
pela multiplicação de um fator de 0, 75 para levar em conta a maior resistência
da madeira para cargas de curta duração.
Nota 3: na possibilidade de inversão de esforços pelas cargas de vento, as
demais cargas variáveis devem ser desconsideradas nesta verificação, en-
quanto a ação permanente deve ser tratada como favorável.
Ações
Combinações de ações de cálculo: Carregamentos de Cálculo - Exemplo

Uma tesoura de cobertura em madeira de um galpão com baixa concentração


de pessoas está sujeita às seguintes ações verticais (valor positivo indica
carga no sentido gravitacional):
Fg = 0, 8 kN/m (peso próprio + peso cobertura);
Fq = 1, 5 kN/m (carga acidental);
Fw,1 = 1, 3 kN/m (vento que carrega);
Fw,2 = −1, 8 kN/m (vento que alivia).

Calcular os carregamentos relevantes para o projeto no estado limite último


de acordo com a NBR 7190.
Ações
Combinações de ações (carregamentos) de cálculo: exemplo 01 - solução

Como atuam três ações variáveis (Fq , Fw,1 e Fw,2 ), sendo duas mutuamente
excludentes e de sinais contrários (Fw,1 e Fw,2 ), devem ser verificadas três
possibilidades:

1. Carga acidental como carga variável principal:


 
Fd,1 = γg Fg + γq Fq + Ψ0,w Fw,1

γg = 1, 4 (grande variabilidade em função das telhas), γq = 1, 4, Ψ0,w = 0, 5.

 
Fd,1 = (1, 4)(0, 8 kN/m) + (1, 4) (1, 5 kN/m) + (0, 5)(1, 3 kN/m) = 4, 1 kN/m

2. Vento que carrega como carga variável principal:


 
Fd,2 = γg Fg + γq (0, 75)Fw,1 + Ψ0,q Fq

γg = 1, 4, γq = 1, 4, Ψ0,q = 0, 4.

 
Fd,2 = (1, 4)(0, 8 kN/m)+(1, 4) (0, 75)(1, 3 kN/m)+(0, 4)(1, 5 kN/m) = 3, 3 kN/m
Ações
Combinações de ações (carregamentos) de cálculo: exemplo 01 - solução

3. Vento que alivia:



Fd,3 = γg Fg + γq (0, 75)Fw,2 ]

γg = 0, 9, γq = 1, 4.
 
Fd,3 = (0, 9)(0, 8 kN/m) + (1, 4) (0, 75)(−1, 8 kN/m) = −1, 2 kN/m

Nota-se que há reversão de esforços devido ao vento.

As peças de madeira deverão ser dimensionadas para os esforços internos


decorrentes dos carregamentos Fd,1 e Fd,3 .

***

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