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tem sido observada em metais c.e.e. e h.c., mas não em metais c.f.c., a menos que
existam fatores contribuindo para a fragilização dos contornos de grão.
A fratura dúctil pode assumir várias formas. Monocristais h.c. podem deslizar em
planos basais sucessivos até o cristal finalmente se separar por cisalhamento (Fig.
7.th). Materiais policristalinos de metais muito dúcteis, como o ouro ou chumbo,
podem ter a sua seção reduzida a um ponto, antes que se rompam (Fig. 7.tc). Na
fratura em tração de metais moderadamente dúcteis, a deformação plástica pode pro-
duzir uma região de deformação localizada (pescoço) (Fig. 7.td). A fratura começa no
centro do corpo de prova e depois se propaga por uma separação cisalhante ao longo
das linhas pontilhadas na Fig. 7.ld. Isto resulta na fratura conhecida como "taça e
cone".
As fraturas são classificadas com respeito a várias características, tais como de-
formação necessária para ocorrer fratura, modo cristalográfico de fratura e aparência
da fratura. Gensamer1 resumiu da seguinte maneira os termos comumente usados para
descrever a fratura:
1M. Gensamer, General Survey of lhe Problem of Fatigue and Fraclure, em Fatigue, and Fracture of Metais,
lohn Wiley & Sons, Inc., New York, 1952.
profundo apresentará pouca deformação microscópica ainda que a fratura possa ocor-
rer por cisalhamento.
2nx
(J = (Jmh T (7-2)
Ex
(J = Ee =- (7-3)
ao
À. E
(Jmáx= 2n ~ (7-4)
Mas essa energia é igual à energia necessária para criar as duas novas superfícies de
fratura.
ÀCTmáx 2
-- = Ys
n
(J
, =
max
(EYs) Y2
ao
É interessante notar que a resistência coesiva teórica de um sólido frágil pode ser
expressa de maneira tão simples em termos de tais parâmetros básicos. Admitindo
valores típicos para esses parâmetros e substituindo-se na Eq. (7.7),
dando um valor de U" máx. = 1,8 X 103 kgf/mm2 (l,82 x 1011 dyn/cm2, 2,6 x 106 psi).
Medindo-se em termos de fração do módulo elástico, U"máx. = E/5,5. Usando-se outros
valores dos parâmetros e outras espressões para a curva força-deslocamento, as quais
são mais complicadas do que a aproximação da curva senoidal, isto resulta em estima-
tivas de U"máx. variando de E/4 a E/I5. Uma escolha conveniente poderia ser U"múx. =
E/IO.
Experiências com aços de alta resistência mostram que a resistência de fratura de
210 kg/mm2 é um valor excepcional. Materiais de engenharia típicos têm tensões de
fratura que são de 10 a 1.000 vezes menores do que os valores teóricos. Os únicos
materiais que se aproximam do valor teórico são pequeníssimos whiskers metálicos
livres de defeitos e fibras de sílica de diâmetro muito pequeno. Isso nos leva a concluir
que trincas ou falhas são responsáveis pelo fato da resistência à fratura nos materiais
de engei1hãria ser mais baixa do que a resistência teórica.
--Ignorando por enquanto a questão da origem das trincas, vemos que é uma exten-
são lógica da idéia de concentração de tensões (Sec. 2.16) a explicação de como a
presença de trincas! resultará numa redução da tensão de fratura. A Fig. 7.3 mostra
uma trinca e1ípt~ca fina numa placa infinitamente larga. A trinca tem um comprimento
:,~l;pnQ,I "-,
I, 2c
Essa aproximação admite que a tensão coesiva teórica O" máx. pode ser atingida local-
mente na ponta da trinca, enquanto que a tensão média O" é muito mais baixa. Entre-
tanto. igualando as Eqs. (7.7) e (7.8), podemos achar a equação para O" que é a tensão
nominal de fratura O"f do material contendo trincas.
_ (EYs)
(fI - -
Y,
4c
Substituindo-se uma vez mais por valores práticos na Eq. (7.9),
E = 1012 dyn/cm2, Ys = 103 erg/cm2, ao = 2,5 x 1O~8 cm
Então, vemos que num sólido frágil uma'pequeníssima trinca produz uma grande dimi-
nuição da tensão de fratura.
I C.E. Inglis, Trans. lns/. Nav. Archir., vaI. 55, pt. I, pp. 219-230,1913. A Eq. (7.8) é equivalente à Eq. (2.109)
desde que para uma elipse p = b'la e a = c na Fig. 7.3.
Griffith' propôs a primeira explicação para a discrepância observada entre a resistên-
cia de fratura dos cristais e a resistência coesiva teórica. A teoria de Griffith é apli-
cada, na sua forma original, apenas para um material frágil perfeito tal como o vidro.
Entretanto, as suas idéias tiveram grande influência no estudo da fratura apesar de não
poderem ser empregadas diretamente para os metais.
)l'." "@riffith propôs que um material frágil tem uma população de trincas finas que
produzem uma concentração de tensões em regiões localizadas de uma grandeza sufi-
ciente para atingir o valor teórico da resistência coesiva, mesmo sob a ação de uma
tensão nominal bem inferior ao valor da tensão teóric;] Quando uma das trincas se
expande para uma fratura frágil ela produz um aumento cfa área superficial das faces da
trinca, requerendo para tal uma energia superior à força coesiva dos átomos, ou di-
zendo de outra forma, requer um aumento na energia superficial. A origem do aumento
da energia superficial está na energia elástica de deformação que é liberada quando a
trinca se propaga. Griffith estabeleceu o seguinte critério para a propagação de uma
trinca: uma trinca se propagará quando a diminuição da energia elástica de deforma-
ção for pelo menos igual à energia necessária para criar a nova supeljície da trinca.
Esse critério pode ser usado para determinar o valor mínimo da tensão de tração que
causará a propagação de uma trinca de um certo tamanho, como uma fratura frágil.
Consideremos o modelo de trinca mostrado na Fig. 7.4. A espessura da placa é
desprezível, de maneira que o problema pode ser tratado como sendo relativo a um
estado plano de tensões. Considera-se que as trincas apresentam seção transversal
elíptica. Para uma trinca no interior do material o comprimento é 2c, enquanto que
para uma trinca na borda é c. O efeito de ambos os tipos de trinca na fratura é o
mesmo. Inglis2 determinou a distribuição de tensões de uma trinca elíptica. A forma-
ção de uma trinca provoca uma diminuição da energia de deformação. A energia de
.JLeformação elástica por unidade de espessura da placa é igual a ~ - --
1tC2(J2
UE= ---
E
1A. A. Griffith, Philos. Trans. R. Soco London. vol. 221A, pp. 163-198, 1920; Fim 1m. Congr. Appl. Mech.,
p~t, 1924, p. 55, este documento fOIreedltado com anotações em Trans. Am. Soco Mel., vol. 61, pp. 871-906,
'. C. E. Inglis, op~ cil:; a Eq. (7.11) pode ser entendida se nós consideramos que a energia de deformação
Slt/a.se numa regJaO cIrcular de ralO c em torno da trinca. A energia de deformação por unidade de volume é
rr 2E, de maneira que U ,. por urudade de espessura é rr(7Tc')/2E. O fator Y.zcai para o caso de uma anãlise mais
ngorosa.
onde a é a tensão de tração normal à trinca de comprimento 2c. A expressão tem um
sinal n'e~ativo porgy_~c~escimento da trinca libera energia elástica de deform-ªção. A
energia a superfície devido à presença da trinca é
De acordo com o critério de Griffith, a trinca se propagará sob a ação de uma tensão
aplicada constante a se um aumento in-cremental do comprimento da trinca não produ-
zir mudança na ene~gia total do sistema, isto é, o aumento da energia superficial é
-compensado por uma diminuição da energia elástica de deformação.
,.
dM! =O=~ (4CY _
Z2
7té ( )
dc dc S E
27tcu2
4'1S --- E =0
u = e::}h
A Eq. (7.14) dá a tensão necessária para a propagação de uma trinca num ,material
frágil em função do tamanho da microtrinca. Nota-se que essa equação indica que a
tensão de fratura é inversamente proporoional' à raiz quadrada do comprimento da
*
trinça, portanto um aumento do comprimento da trinca por um fator 4 reduz a tensão
de fratura pela metade.
Para uma placa que é espessa comparada com o comprimento da trinca (deforma-
ção plana), a equação de Griffith é dada por
u = (2EYs P )Yz
7t t
r 7tC 800
Está bem determinado que, mesmo os metais que fraturam de uma maneira completa-
mente frágil, sofrem alguma deformação plástica antes da fratura. Esse fato é substan-
ciado por estudos de difração de raios X da superfície de fratura2 e por estudos meta-
lográficos da fratura (ver Seco 7.7). Portanto, a equação de Griffith para a fratura não
se aplica para metais. Uma maneira de constatar que a tensão de fratura de um mate-
rial que sofre deformação plástica antes da fratura é maior que a de um material total-
mente frágil (elástico) é considerar a Eq. (7.9). Seria de se esperar que a deformação
plástica nas extremidades da trinca diminuísse a agudez da ponta da trinca e aumen-
tasse Pt> aumentando assim a tensão de fratura .•.•
'
Orowan3 sugeriu que a equação de Griffith poderia ficar mais compatível com a
fratura frágil em metais, através da adição de um termo YP' expressando o trabalho
plástico necessário para aumentar as paredes da trinca. ~
O termo da energia superficial pode ser desprezado uma vez que estimativas do termo
do trabalho plástico são de 105 a 106 erg/cm2, comparadas com o valor Ys de cerca de
1.000 a 2.000 erg/cm2•
Uma aproximação similar feita por Irwin4 criou a fundamentação para a impor-
tante área da mecânica da fratura. Irwin propôs que a fratura ocorre a uma tensão de
fratura correspondente a um valor crítico daJorça de expansão da trinca Wc> onde a
Eq. (7.16) é reescrita como --
I A. F. Joffe, The Physics of Crysrals, McGraw-HiU Boak Company, New York, 1928.
2 E. P. Klier. Trans. Am. Soe. Met., vol. 43, pp. 935-957,1951; L. C. Chang,J. Mech. Phys. Solids, vol. 3, pp.
212-217, 1955; D. K. Felbeck e E. Orowan, Welding 1., vol. 34, pp. 570s-757s, 1955.
3 E. Orowan, em Fatigue and Fracture of Mecals, Symposium at Massachusetts Institute af Technology, John
Wiley & Sons, Inc., New York, 1950.
4 G. R. Irwin, Fracture, em Encyclopedia of Physies, vol. VI, Springer, Heidelberg, 1958; G. R. !rwin, J. A.
Kies e H. L. Smith, Am. Soe. Test. Mater. Proe .. vaI. 58, pp. 640-660, 1958.
p
t
o
/
Exten-
sômetro
I p2
Vo =-Po =-
2 2M
oVo I P OP
é§=--=----
oc 2M oc
é§ = ~ p2 o(lfM)
2 oc
Fig. 7.6 Modelo para as equações para as tensões
num ponto perto de uma trinca.
Desta forma, 'fi é uma função da carga e da inclinação da curva! (l/M) versus compri-
mento da trinca. O valor crítico da força de propagação da trinca 'fie é calculado2 pela
carga na qual a curva P-O desvia-se abruptamente da linearidade.
A distribuição de tensões para uma chapa fina de um sólido elástico na ponta da
trinca, em termos das coordenadas indicadas na Fig. 7.6, é dada pelas Eqs. 7.20.
C) 'I:, [ 8 8 38]
sen - cos - cos -
"t
"y
= (J
( 2r
-
2 2 2
onde (j = tensão total nominal = P/IVt. Estas equações são válidas para c > r > p.
Para uma orientação diretamente à frente da trinca (O = O),
'12
(J = (J = (J .!!- )
:c y ( 2r
Irwin mostrou que as Eqs. (7.20) indicam que as tensôes locais perto da trinca
dependem do produto da tensão nominal (j e da raiz quadrada da metade do compri-
mento da trinca. Ele chamou essa relação de fator de intensidade de tensôes K, onde
para uma trinca aguda elástica numa placa infinitamente larga, K é definido como
(J:c= K [COs~(I-sen~sen38)]
J2nr 2 2 2
, A mesma equação seria desenvolvida para 'ti quando a placa fosse submetida a uma carga constante P ,. só que
agora V. aumenta com c. enquanto que para o caso de garra fixa. V. diminui com o comprimento da trinca.
, Ver Capo 14 para detalhes adicionais sobre o teste de tenacidade à fratura.
uy =
K
J2nr
[ 8 ( I +sen2sen"2
cos2
8 38)]
't"xy= J2nr
K (8 8 38)
sen2 cos 2 cos "2
- (111 nc)\tí
K = uJ nc - tan -
nc w