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Manual de Curso de licenciatura

Gestão Ambiental – 3o ano

GESTÃO DE RISCOS AMBIENTAIS

Noções sobre riscos ambientais

GA101
Universidade Católica de Moçambique
Centro de Ensino a Distância

Centro de Informação Geográfica


Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
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Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e a autora do presente manual, dra.
Ermelinda Xavier Maquenze, gostariam de agradecer a todos que directa ou indirectamente deram a sua
contribuição na elaboração do presente manual.

Elaborado Por: dra. Ermelinda Xavier Maquenze

Licenciada em Ensino de Geografia

Revisto Por:
i

Índice
Visão geral 1
Benvindo a Gestão de Riscos Ambientais ..................................................................... 1
Objectivos do curso ....................................................................................................... 2
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 3
Como está estruturado este módulo................................................................................ 3
Ícones de actividade ...................................................................................................... 4
Acerca dos ícones .......................................................................................................... 4
Habilidades de estudo .................................................................................................... 4
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5
Avaliação ...................................................................................................................... 6

Unidade I 7
Introdução ao estudo dos riscos ambientais.....................................................................7
Introdução ..................................................................................................................... 7
Sumário ....................................................................................................................... 11
Exercícios.................................................................................................................... 11

Unidade II 12
Classificação dos riscos ambientais ............................................................................. 12
Introdução .......................................................................................................... 12
Sumário ....................................................................................................................... 18
Exercícios.................................................................................................................... 18

Unidade III 19
Analise e gestão de riscos ambientais ......................................................................... 19
Introdução .......................................................................................................... 19
Sumário ....................................................................................................................... 27
Exercícios.................................................................................................................... 28

Unidade IV 29
Mitigação de riscos e atenção de emergência ............................................................... 29
Introdução .......................................................................................................... 29
Sumário ..................................................................... Error! Bookmark not defined.29
Exercícios.................................................................................................................... 29

Unidade V 40
Metodologia para a investigação de riscos ambientais.................................................. 40
Introdução .......................................................................................................... 40
ii

Sumário ....................................................................................................................... 47
Exercícios.................................................................................................................... 47

Unidade VI 48
Percepção social e a educação em matéria de riscos naturais ……………………..........48
Introdução .......................................................................................................... 48
Sumário ....................................................................................................................... 59
Exercícios.................................................................................................................... 60

Unidade VII 61
Impactos e Estratégias para Mitigação dos Riscos Ambientais mudanças globais ........ 61
Introdução……………………………………………………………………….61
Sumário ....................................................................................................................... 72
Exercícios.................................................................................................................... 72
1

Visão geral
Bem vindo a Gestão de Riscos
Ambientais
A maior parte da população mundial é rural, cuja
sobrevivência depende fundamentalmente de práticas
costumeiras tradicionais de uso e aproveitamento dos
recursos naturais que garantem a segurança alimentar das
famílias. Estas práticas, nem sempre são benéficas ao meio
ambiente e quando associadas ao fenómeno das mudanças
climáticas (resultantes da acumulação de gases de efeito
estufa na atmosfera, provocada por padrões não sustentáveis
de produção e consumo), têm repercussões directas na vida
das populações, bem como, no desenvolvimento
económico. De acordo com UEM- Faculdade de Ciências
(2012) Os acidentes ou desastre naturais tem sido uma
enorme barreira para o desenvolvimento económico e as
perdas económicas anuais a eles associados tem estado a
aumentar, por exemplo: US$ 75,5 biliões na década 1960,
US$ 138,4 em 1970, US$ 213,9 em 1980 e US$.

Com as mudanças climáticas (MC) em curso prevê-se que


os eventos climáticos extremos se tornem mais frequentes e
severos, com o aumento do risco pela segurança alimentar,
saúde e pela vida. Os impactos das mudanças climáticas
afectam a todos mais principalmente os mais pobres e
vulneráveis. Este cenário exige uma necessidade urgente de
se incorporar a avaliação e análise de riscos ambientais, no
processo de desenvolvimento. (UEM, Faculdade de
Ciências, 2012). Assim, o presente módulo de Gestão de
Riscos Ambientais, pretende contribuir para a promoção do
2

conhecimento sobre a gestão de riscos ambientais,


proporcionando aos estudantes uma visão integrada ao nível
local, nacional, regional e global dos problemas resultantes
da ausência da gestão de riscos, ambientais e das estratégias
para sua mitigação.

Objectivos do curso
Quando terminar de estudar a Gestão de Riscos Ambientais, será
capaz de:

 Compreender os conceitos fundamentais ligados a gestão de


riscos ambientais.
Objectivos  Proceder a identificação, classificação, caracterização e
avaliação dos riscos ambientais.

 Compreender os procedimentos de análise e gestão dos riscos


ambientais para que, na ocorrência de um, possa ter subsídios
para a sua gestão e tomada de decisões visando o
desenvolvimento sustentável.

 Conhecer as metodologias para a investigação dos riscos


ambientais.

 Conhecer os impactos e estratégias para a mitigação dos riscos


ambientais.

 Influenciar na maneira de agir perante o ambiente face os riscos


que advêm das práticas não sustentáveis.

 Contribuir para o desenvolvimento de habilidades para a


pesquisa bibliográfica, expressão oral e escrita e investigação
científica do Ambiente.

 Analisar as possíveis soluções para a resolução, ou mitigação,


dos riscos ambientais que as comunidades enfrentam.
3

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para os estudantes que estão a frequentar o
curso de Licenciatura em Gestão Ambiental, no Centro de Ensino a
Distância na UCM. Estende - se a todos que queiram saber mais e
consolidar os seus conhecimentos sobre a Gestão de Riscos Ambientais.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas Introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.
4

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresenta-se algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente
de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
5

Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado


desconhece.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de
expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem
a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque
apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem - se mutuamente,
reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma
independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor\docentes.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os
mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.
O plagiarismo deve ser evitado e é desencorajado pelo CED, a transcrição
fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado
6

plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos


autoriais devem marcar a realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões
presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e
1 (exame).
Algumas actividades praticam, relatórios e reflexões serão utilizados como
ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.
Consulte - os.
7

Unidade I
Introdução ao Estudo dos riscos
Ambientais
Introdução
O estudo de risco ambiental apareceu como disciplina formal nos
Estados Unidos de 1940 a 1950, paralelamente ao lançamento da
indústria nuclear e também para a segurança de instalações de
refinação de petróleo, indústria química e aeroespacial. No Brasil, o
início ao uso institucional de estudo de risco verifica-se em 1983,
especificamente em Cubatão, com o Plano de Controle da Poluição
de Cubatão, que tinha em vista garantir a boa operação e
manutenção de processos e tubulações e terminais de petróleo e de
produtos químicos das unidades industriais locais. Entretanto, face
os riscos eminentes que estão sendo mostrados o seu interesse ao
nível de toda a população do planeta tem aumentado. Contudo, é
fundamental que a humanidade tome mais atenção e assuma
atitudes responsáveis na sua maneira de interagir com o meio que o
rodeia, contribuindo deste modo para a gestão dos riscos
ambientais e permitindo que as valiosas reservas de recursos
naturais ainda existentes, contribuam para o desenvolvimento
económico das diferentes nações.

Actualmente, são reportados muitos acidentes ou desastres


resultantes da deficiente ou ausência da gestão dos riscos
ambientais, que tem causado enormes perdas económicas. Por
exemplo as cheias de 2000 ocorridas em Moçambique tiveram
varias consequências, de entre elas: o prejuízo em 600 milhões de
USD, a economia teve um recuo equivalente a 5 ano, mais de 800
pessoas perderam a vida, entre outras. (UEM, Faculdade de
Ciências, 2012).

Analisando o que acima foi referenciado, e concentrando-se na sua


área de origem, tenha em atenção algumas práticas que estejam a
8

decorrer no seu local de residência ou mesmo na cidade/distrito/


Província de uma forma geral que na sua óptica constitui um risco
para o meio ambiente e para população. Comece a enumerá-las
tendo em conta a significância (os que menos afectam aos que mais
afectam) ao ambiente e as populações:

A que conclusão chegou?

Quais são as praticas que representam maior risco para o meio


ambiente e a população da sua zona de residência?

Vamos agora em conjunto tentar definir o risco recorrendo a


diferentes definições.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Familiarizar-se com o conceito de risco e outros a ele


interligados.
 Identificar os aspectos comuns e divergentes nas diversas
Objectivos
definições sobre o risco.

 Identificar os factores conjugados ao risco.

1.1 Conceito de Risco

Apesar de ser difícil a sua conceituação, o risco é inerente a nossa


vida diária e em todas as decisões que tomamos. No tempo do
homem da caverna, ele já tinha que levá-lo em conta cada vez que
saía para caçar animais para o seu alimento. Também nos planos
estratégicos de guerra são levados em conta até a humilhação das
perdas das viúvas para os vencedores, há milhares de anos atrás.
(www.pos.ajes.edu.br)

Estudo ou análise de riscos significa coisas diferentes para pessoas


diferentes, por exemplo, o risco financeiro de se aplicar na bolsa de
valores, o risco das empresas de seguro, as fatalidades de um
9

acidente de uma planta de energia nuclear, o risco de câncer


associado com as emissões poluidoras da indústria ou até de se
fumar por 5 anos um determinado tipo de cigarro. Todos estes
exemplos se mostram, apesar de muito diferentes uns dos outros,
como noções mensuráveis do fenómeno chamado risco.
(www.pos.ajes.edu.br)

A palavra Risco está ligada ao termo latino riscu, ligado por sua
vez a resecare, que significa ‘corte’. Como uma ruptura na
continuidade, como um risco que se faz numa tela em branco.
(Monteiro, 1991, p.10)

Risco é a potencialidade de que ocorra um acidente, um desastre,


um evento físico que resulte em perdas e danos sociais ou
económicos. A geógrafa francesa Yvette Veyret (2007) define
Risco, como a percepção do perigo ou da catástrofe possível.
Considera que ele existe apenas em relação a uma sociedade que o
apreende por meio de representações mentais e com ele convive
por meio de práticas específicas. Não há riscos, portanto, sem uma
população que o perceba e que poderia sofrer seus efeitos. Deste
modo, o risco deve ser entendido como a possibilidade de
ocorrência de um perigo, enquanto que Perigo, como sendo uma
situação (incêndio, explosão ou vazamento de substâncias tóxicas)
que ameaça a existência de uma pessoa ou a integridade física de
instalações e edificações.

De acordo com Nogueira (s/d), as populações mais pobres, mais


vulneráveis e com baixa resiliência, geralmente ocupando vazios
urbanos e periferias com pouca infra-estrutura ou de maior
fragilidade ambiental, costumam ser as principais vítimas das
tragédias resultantes da ausência ou deficiente gestão de riscos. A
título de exemplo no Brasil não se conhecem estudos que abordem
a quantificação dos impactos destes acidentes urbanos no Brasil,
mas estudo feito na Colômbia (Hermelin, 2000) aponta que
desastres ambientais causam perdas anuais da ordem de 4,4% do
10

PIB. É possível afirmar que as perdas recorrentes por pequenos


deslizamentos que sequer são noticiados pela média e pelas
inundações frequentes das margens de córregos correspondam a
uma importante causa da miséria dos moradores dos assentamentos
precários, que anualmente se empenham em novas dívidas para
repor os bens danificados.

Para Dagnino e Júnior (2007), os conceitos de riscos têm sido


utilizados em diversas ciências e ramos de conhecimento e
adoptados segundo os casos em questão. Nessas situações
frequentemente o termo risco é substituído ou associa-se a
potencial, susceptibilidade, vulnerabilidade, sensibilidade ou dados
potenciais. Segundo Amaro (2005, p. 7), “o risco é, pois, função da
natureza do perigo, acessibilidade ou via de contacto (potencial de
exposição), características da população exposta (receptores),
probabilidade de ocorrência e magnitude das consequências”.

O risco é a probabilidade de que um evento esperado ou não se


torne realidade. (Pelleter, 2007). Segundo Lima e Silva et al. (199,
p. 243) o risco esta associado a acidentes, isto é, a eventos
inesperados que ocorrem no ambiente. O risco se apresenta em
situações ou áreas em que existe a probabilidade, susceptibilidade,
vulnerabilidade, de ocorrer algum tipo de ameaça, perigo,
problema, impacto ou desastre.

O risco é uma função que conjuga diversos factores:

 Natureza ou tipo de perigo;


 Acessibilidade/via de contacto (potencial de exposição);
 Características da população exposta (receptores);
 Probabilidade de ocorrência,
 Magnitude das consequências.
11

Sumário
Embora as definições e interpretações sejam numerosas e variadas,
não existe um conceito único que se pode dar ao risco, todos
autores reconhecem no risco a incerteza ligada ao futuro, tempo em
que o risco se revelará, com efeitos adversos (económicos sobre a
saúde e segurança humana, ou ainda ecológico). Nesta unidade
debruçou-se sobre conceitos de riscos e factores de riscos.

Exercícios
1. Descreva onde inicia o estudo do risco e razões que motivaram
o seu surgimento?

2. Das definições acima apresentadas, identifica os aspectos


chaves e comuns dos autores.

3. Qual das definições apresentadas lhe parece mais ideal ou


completa? Justifica a sua posição.

4. O risco é uma função que conjuga diversos factores. Comente


a afirmação tomando como base o factor, características da
população exposta.
12

Unidade II
Classificação dos Riscos
Ambientais
Introdução
A primeira unidade forneceu elementos de compreensão do
conceito de risco, tendo-se concluído que o risco tem a haver, com
algo inesperado mais que pode ser controlado. Para melhor
definição de acções que tem em vista a gestão do risco é importante
que se conheça de forma particularizada os diferentes tipos de
riscos e suas características.

Esta unidade permitirá compreender a diferença entre o risco e


risco ambiental, bem como, a sua classificação e características.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Compreender a diferença entre riscos e riscos ambientais, e

Objectivos  Compreender os diferentes tipos de riscos ambientais e suas


características.

2.1 Classificação de riscos

Riscos ambientais são todos aqueles que têm potencial de causar


danos ao Meio Ambiente. Segundo a classificação proposta por
Cerri e Amaral (1998), os riscos ambientais subdividem-se em 4
grupos: (i) Riscos naturais, (ii) Riscos tecnológicos, (iii) Riscos
sociais e (iv) Riscos ambientais.

2.1.1 Riscos Naturais

Rebelo (2003, P 11-12) considera o risco natural como sendo a


dominação preferencial para fazer referencia aqueles riscos que não
podem ser facilmente atribuídos ou relacionados à acção humana,
13

embora nos dias de hoje essa seja uma tarefa cada vez mais difícil.
Por outro lado, Oliveira (2003), defini riscos naturais como todos
aqueles eventos da natureza que afectam directamente o globo,
provenientes de fenómenos da dinâmica externa e/ou interna.

 Os fenómenos da dinâmica externa são essencialmente os


de ordem atmosférica desencadeados por ventos, chuvas e
tornados, além da participação antrópica.

 Os agentes internos são todos aqueles decorrentes da


dinâmica geológica (terramotos, vulcanismo, tectonismo),
onde o homem detém uma participação substancial,
interferindo directamente na dinâmica externa através de
diversas formas de intervenção.

Os riscos naturais podem ser subdivididos em:

 Riscos tectónicos e magmáticos (p.ex., vulcões);


 Riscos climáticos (tempestades, furacões);
 Riscos geomorfológicos (deslizamentos/desabamentos,
ravinamento,);
 Riscos hidrológicos (alagamentos/inundações)

O grau de risco é determinado a partir da combinação de duas


informações:

 O grau de susceptibilidade (envolve as condições


naturais do terreno, quer sejam elas geológicas,
hidrológicas, climáticas e morfológicas, pex: o facto de
Moçambique localizar-se a jusante fica vulnerável a
cheias), e

 Vulnerabilidade (é determinada mediante a expansão


urbana por meio da densidade populacional, tipologia
das edificações, condições de infra-estrutura e
equipamentos públicos, Pex: a existência de casas
14

construídas com base em material precário, torna as


famílias vulneráveis a ciclones)

O termo susceptibilidade, segundo a classificação de Reckziegel e


Robaina (2005) só pode ser empregado em situações onde o evento
não ofereça nenhum risco a populações locais, atribuído-o somente
a eventos naturais.

De acordo com Veyret (2007) o grau de risco pode variar nos


seguintes níveis: muito baixo – baixo – médio – alto – muito alto.
Em diversos levantamentos e mapeamentos geológicos realizados
por Oliveira (2003) foi estabelecida outra proposta de
classificação, propondo os seguintes níveis: alto risco – risco
moderado – baixo risco – risco inexistente.

2.1.2 Risco Tecnológico

De acordo com Sevá Filho (1988, p.81) a abordagem desse tipo


risco deve levar em conta três factores indissociáveis:

 O processo de produção (recursos, técnicas, equipamentos,


maquinaria);
 O processo de trabalho (relações entre direcções
empresariais e estatais e assalariados); e
 Condição humana (existência individual e colectiva)

Equivale dizer que onde pelo menos um desses factores for


encontrado, haverá risco tecnológico ou a probabilidade de um
problema causado por ele.

2.1.3 O risco Social

Segundo Vieillard-Baron (2007), devido à polissemia da expressão


social, pode-se qualificar como Risco Social a maior parte dos
riscos, “quer nos a tenhamos às suas causas sociais, quer atentemos
para suas consequências humanas”. O autor (VIEILLARD-
15

BARON, 2007) distingue dois tipos de riscos principais que podem


afectar ou ser afectados pelos riscos sociais e a sociedade humana:

 Riscos endógenos - relacionados aos elementos naturais e às


ameaças externas (terramotos, epidemias, secas e
inundações);
 Riscos exógenos, relacionados directamente ao produto das
sociedades e às formas de política e administração
adoptadas, como (o crescimento urbano e a industrialização,
a formação de povoamentos e a densidade excessiva de
alguns bairros).

Os riscos sociais carecem sempre de uma abordagem inter-


multidisciplinar pois implicam uma pluralidade de atores e
resultam da combinação de um grande número de variáveis,
particularmente difíceis de serem consideradas ao mesmo tempo.
Para entender esses riscos e contribuir para a formação de políticas
de prevenção, é necessária a integração de diversos campos do
saber. Desde as geociências, a história, as ciências políticas, o
direito, a psicossociologia, a ciências exactas, etc.

O risco é um objecto social, como afirma Veyret (2007, p. 11):


“Não há risco sem uma população ou indivíduo que o perceba e
que poderia sofrer seus efeitos. O risco é a tradução de uma
ameaça, de um perigo para aquele que está sujeito a ele e o percebe
como tal.”

Actualmente nas camadas superficiais do nosso planeta não


existem locais que já não tenham sofrido modificações e ou estejam
imunes de sofrer algum tipo de risco originado pela acção humana,
seja em função das mudanças globais estimuladas pelo homem,
seja através das diversas outras acções e reacções motivadas pela
sua pressinta. O ambiente habitual para a nossa espécie que nada
mais é do que uma estreita camada de alguns quilómetros de
espessura na crosta terrestre, esta cada vez mais abalada pelos
riscos provocados pela própria espécie.
16

Um tipo bastante abrangente de risco que pode ser mencionado é o


Risco Antropogênico (de anthropos - homem; e gênico, génese/
origem) que é aquele originado a partir da condição humana de ser
social (cultural) e ser económico (produção/reprodução da
natureza). Dagnino e Júnior (2007).

Assim, o Risco Antropogênico subdivide/se em:

 Risco Construídos – continuem transformações espaciais


construídas sobre espaços naturais vinculadas à ocupação
socio-económica produtiva especializada pelas edificações
prediais, infra-estruturas viárias, sanitárias, etc, que geram
impactos ao ambiente de maior ou menor monta
especialmente se edificadas em locais ambientalmente
inadequadas. (Pinto e tal, 2007, p.98).

 Riscos Produtivos - são relativos às actividades económicas


e as actividades não económicas, a partir de informações a
respeito das actividades produtivas e formas de produção.

2.1.4 Riscos Ambientais

A noção de risco ambiental engloba outras noções que foram


abordadas antes e trata das situações de risco que estão ligadas ao
que ocorre à nossa volta, seja o ambiente natural (risco natural),
seja o ambiente construído pelo homem (riscos social e
tecnológico).

Riscos ambientais "resultam da associação entre os riscos naturais e


os riscos decorrentes de processos naturais agravados pela
actividade humana e pela ocupação do território.” Veyret e
Meschinet de Richemond (2007, p. 63). Para Lyra (1997, p. 49), o
risco ambiental pode ser entendido como “toda e qualquer forma de
degradação que afecte o equilíbrio do meio ambiente”.
17

Castro, Peixoto e Rio (2005, p. 12) desenvolvem longo


levantamento bibliográfico sobre o conceito de risco ambiental e
concluem que o risco ambiental é objecto de avaliação sistemática
da ciência, podendo ser associado “às noções de incerteza,
exposição ao perigo, perda e prejuízos materiais, económicos e
humanos”, tanto para processos naturais quanto antrópicos.

Risco Ambiental, está relacionado “à incerteza e ao


desconhecimento das verdadeiras dimensões do problema
ambiental” (EGLER, 1996, p. 31).

Os Riscos ambientais fazem-se sentir na:

 Hidrosfera: através de inundações, enchentes,


salinização e contaminação de mananciais, e

 Litosfera: por meio de deslizamentos, erosão hídrica,


assoreamento e subsistência

O meio ambiente é tudo aquilo que está ao nosso redor. Portanto,


Riscos Ambientais (RA) são riscos que nos cercam, dentro de um
contexto de segurança no trabalho, são eles, riscos físicos,
químicos, biológicos e acidente. Os RA nascem de actos ou
factores externos, contudo são identificáveis, controláveis podendo
até serem eliminados. Os mesmos podem trazer ou ocasionar danos
à saúde do trabalhador nos ambientes de trabalho, em função de sua
natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição ao
agente. (ddsonline.com.br)

Agentes Características

Físicos Diversas formas de energia que possam estar expostas as populações, tais como
ruído, vibrações, pressões, temperaturas, radiações ionizantes e não ionizantes,
bem como o infra-som e ultra-som.
Químicos As substâncias que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas
de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que possam ter contacto
ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.
Biológicos Ocorrem por meio de microrganismos que, em contacto com o homem, podem
provocar inúmeras doenças. Muitas actividades profissionais favorecem o contacto
com tais riscos. É o caso das indústrias de alimentação, hospitais, limpeza pública
(colecta de lixo), laboratórios, etc.

Bactérias, fungos, parasita, fungos e vírus


18

Sumário
Da abordagem feita nesta unidade constatou-se que Riscos
ambientais são todos aqueles que têm potencial de causar danos ao
Meio Ambiente, e que de acordo com os mesmos subdividem-se
em: Riscos naturais, Riscos tecnológicos, Riscos sociais e Riscos
ambientais. Este ultimo, resulta da associação entre os riscos
naturais, decorrentes de processos naturais agravados pela
actividade humana e pela ocupação do território.

O risco é sempre um objecto social, seja quando uma comunidade


ou indivíduo específico são atingidos, vivenciam ou sofre com o
risco natural ou tecnológico que de certa forma impede suas acções
directas seja quando um determinado grupo industrial polui um rio
à montante e uma comunidade de pescadores sofre com isso à
jusante, assim o Homem é centro do nosso interesse.

Nesta unidade foi possível analisamos e compreender os diferentes


tipos de riscos e suas características, bem como, a forma como os
mesmos se manifestam.

Tenta resolver os exercícios que seguem abaixo.

Exercícios
1. Faça um resumo de 10 linhas no máximo, explicando a
essência dos quatro tipos de riscos anteriormente abordados.

2. Observe atentamente a sua área de residência e de quatro


(4) exemplos para cada tipo de risco (natural, social,
tecnológico e ambiental), explicando os factores que estão
por detrás da sua ocorrência.
19

Unidade III
Análise e Gestão de Riscos
Ambientais
Introdução
Após a abordagem da classificação dos riscos ambientais é chegado
o momento de aprender sobre a Analise e Gestão de Riscos
Ambientais. Importa realçar que para melhor compreensão desta
matéria recomenda-se que o estudo ou análise de risco seja feito de
forma separada da gestão do mesmo, dado que a gestão de risco
acaba envolvendo considerações sobre dados de risco, assim como
informações políticas, sociais, técnicas e econômico-financeiras,
todas elas importantes para o desenvolvimento de opções
alternativas para o equacionamento dos riscos envolvidos. Deve-se
também garantir que a fase de análise e caracterização do risco
termine para que depois disso inicie a fase de gestão do risco, sob
pena de se ter implicações económicas e políticas alterando sua
direcção e conclusões.

O problema relacionado com o risco pode piorar se a fase de


análise ou estudo e caracterização demorar por exemplo 5 a 10
anos até o início das primeiras acções concretas na fase de gestão.
Durante este período podemos ter mudança de consultorias, de
exigências de Governo e novas estruturas políticas.

Nesta Unidade procuraremos contribuir para compreensão da


análise e gestão de risco ambientais, bem como, os aspectos que
devem ser observado quando se procede a analise e gestão dos
riscos ambientais.

Ser-lhe-á mostrada a diferença entre análise de riscos ambientais e


gestão de riscos ambientais, procurando na medida do possível
trazer alguns exemplos de maneira a facilitar a compreensão do
conteúdo da unidade.
20

Até ao final desde capitulo serás capaz de:

 Compreender a essência de analise e gestão de riscos


ambientais,
Objectivos  Conhecer os aspectos que devem ser observado quando se
procede a análise e gestão dos riscos ambientais,
 Compreender as etapas ligadas a analise e gestão de riscos
ambientais, e
 Diferenciar análise de riscos ambientais da gestão de riscos
ambientais.

3.1 Análise de Riscos Ambientais

As questões básicas relacionadas directamente aos estudos de


análise de riscos podem ser apresentadas da seguinte forma:

 O que pode dar errado e por quê?

 Quanto provável seria?

 Quanto negativo poderia ser? e

 O que pode ser feito sobre isto?

Estas quatro questões resumem toda a análise de riscos, incluindo a


identificação dos perigos, estimativa da possibilidade de ocorrência
de eventos causadores de acidentes, potenciais consequências de
cada acidente e as medidas ou sistemas a serem adoptados visando
a redução ou eliminação dos riscos.

O Estudo de Análise de Riscos, deve ser entendido como sendo um


instrumento norteador dos procedimentos para as actividades que
geram risco a sociedade e ao ambiente. (www.rc.unesp.br)

A Análise de Riscos Ambientais "corresponde a uma estimativa


prévia da probabilidade de ocorrência de um acidente e a avaliação
das suas consequências sociais, económica e ambientais" (Bitar &
21

Ortega, 1998). Deste modo, esse instrumento trata da identificação


de situações de risco em um empreendimento em funcionamento,
bem como da caracterização das consequências potencias ao meio
ambiente, à comunidade, ao empreendimento e seus funcionários,
caso o acidente ocorra.

A aplicação desse instrumento tem sido realizada principalmente


em instalações industriais químicas e petroquímicas, barragens,
hidroeléctricas e disposição de resíduos urbanos incluindo
barramentos em projectos de retenção de rejeito de mineração de
distritos industriais de grande porte. Como exemplo podemos citar
a cidade de Cubatão (SP) que, devido a sua proximidade com as
encostas íngremes da Serra do Mar, apresenta risco de ocorrência
de escorregamentos (Bitar & Ortega, 1998).

3.1.1 Etapas do Estudo de Análise de Riscos

Genericamente são determinadas quatro etapas básicas no


desenvolvimento dos estudos de análise de riscos: (i) Identificação
dos perigos; (ii) Estimativa de frequências e probabilidades; (iii)
Análise de Consequências e Vulnerabilidade e (iv) Avaliação e
gestão dos riscos.

a) Identificação dos Perigos

Nesta etapa são explorados os riscos inerentes e relacionados com


as praticas e que afectam o meio ambiente por um lado, e por outro
os relacionados com à operação da planta industrial (caso se trate
de uma empresa), bem como as práticas e procedimentos
existentes.

b) Estimativa de Frequências e Probabilidades

Esta fase envolve a estimativa das probabilidades de ocorrência dos


eventos e situações identificadas na etapa anterior. Existem
22

organizações nacionais e internacionais que disponibilizam para


consulta, bancos de dados de falhas de componentes dos processos
industriais. Entretanto, tais informações podem ser
complementadas, às vezes, por extrapolação de dados reais
provenientes da própria indústria e experiência da equipe
responsável.

c) Análise de Consequências e Vulnerabilidade

Tomando-se por base as hipóteses acidentais definidas na fase de


identificação, cada uma delas deverá ser estudada em termo das
possíveis consequências que podem ser ocasionadas por esses
eventos, mensurando-se, também, os impactos e danos causados.

Desta forma, a análise de consequências pode ser dividida em cinco


natividades, a saber:

 Caracterização da quantidade, forma e taxa de emissão do


material e energia para o meio ambiente;

 Estimativa, através de medições e/ou modelagem, do


transporte de materiais e propagação de energia, na direcção
dos receptores de interesse;

 Estudar os efeitos quanto a saúde e segurança relacionados


com os níveis de exposição projectados, especialmente no
que se refere às concentrações atmosféricas;

 Identificação dos impactos ambientais;

 Estimativa de perdas (danos materiais) e outros impactos


económicos.
23

a) Avaliação e Gestão dos riscos

Para se chegar à estimativa dos riscos, os resultados da análise de


probabilidades e consequências são integrados, considerando-se
que o risco é classicamente definido como o produto entre a
probabilidade de ocorrência e as consequências geradas por um
evento indesejável. Normalmente os riscos são apresentados sob a
forma de risco individual e risco social.

Os riscos identificados ou calculados passam por uma avaliação, a


fim de se permitir a definição das medidas e procedimentos a serem
implementados, visando sua redução e/ou gestão. A forma de
apresentação dos resultados deve ser realizada por uma linguagem
simples, de fácil entendimento.

3.2 Gestão de Riscos

A Gestão de Riscos é um processo que inicia quando a sociedade,


ou parcela desta, adquire a percepção de que as manifestações
aparentes ou efectivos de um processo adverso existente podem
provocar consequências danosas superiores ao admissível por esta
comunidade. Envolve o panejamento e a aplicação de políticas,
estratégias, instrumentos e medidas orientadas a impedir, reduzir,
prever e controlar os efeitos adversos de fenómenos perigosos
sobre a população, os bens e serviços e o meio ambiente (Cardona
& Lavell, s/d).

Conforme apresentado em livro do Center for Chemical Process


Safety (CCPS) do AmericanInstitute of Chemical Engineers, Getão
de Riscos pode ser definido como:
“Aplicação sistemática de políticas de gestão, procedimentos e
práticas de análises, avaliação e controle dos riscos, com o
objectivo de proteger os funcionários, o público em geral, o meio
ambiente e as instalações, evitando a interrupção do processo”
24

Diniz, Flávio e tal. (2007) consideram que de uma maneira geral, a


gestão de riscos pode ser entendida como um processo, cujos
passos básicos são:
1. Identificação dos perigos;
2. Análise dos riscos;
3. Implementação de um plano de controlo/redução dos riscos;
4. Monitorização do plano
5. Reavaliação periódica do plano

Analise

Identificar perigos

Analisar riscos

Fonte: Diniz, Flávio e tal. (2007)

Conforme indicado no quadro acima, os dois primeiros passos


constituem a fase de análise de gestão dos riscos: primeiramente,
busca-se identificar todos os perigos (ou seja, as fontes de risco). O
segundo passo consiste na avaliação dos riscos decorrentes dos
perigos identificados. Este passo é essencial para se poder traçar
um plano de controlo/redução de riscos que seja optimizado, ou
seja, que aloque os recursos existentes de acordo com o nível de
risco de cada perigo.

Como indicado no quadro abaixo, os três passos seguintes, a


implementação, a monitorização e a reavaliação periódica do
plano de controlo/redução de risco constituem a fase de gestão
propriamente dita.
25

Análise de Riscos

Identificar perigos

Analisar riscos

Implementar plano de
controlo/redução de riscos

Reavaliar
periodicam
ente
Monitorar plano de controlo/redução
de riscos

Gestão de Riscos

Fonte: Diniz, Flávio e tal. (2007)

Pode-se ainda dizer que a gestão de Risco:

 É um processo de decisão no qual escolhas podem ser feitas


dentre um conjunto de alternativas capazes de atingir a um
“resultado requerido” Diniz, Flávio e tal. (2007)

Os resultados requeridos de um Programa de Gestão de Risco


podem decorrer de:

- Exigências regulamentares (legislação)

- Normas ambientais internacionais ou

- Normas ou procedimentos da própria empresa (caso de


trate de empresas),

Em última instância, os seus resultados devem sempre resultar na


redução dos riscos para níveis “toleráveis ou aceitáveis” dentro das
restrições impostas pelos recursos disponíveis.
26

Em todo programa de gestão de riscos dois conceitos de


fundamental importância devem ser tomados em consideração: a
comunicação de riscos e a percepção de riscos. Nos capítulos
subsequentes falaremos com detalhas sobre os dois conceitos.

Comunicação de Risco
 Tem ganho cada vez mais espaço na área de gestão de risco,
 Trata da maneira como as informações relacionadas a riscos
são comunicadas às partes interessadas,
 Pode ser uma transmissão de uma única via
Ex: Propaganda de segurança de determinado
processo
 Pode ser uma via de mão dupla
Ex: Troca de informações entre os avaliadores e as
partes interessadas (audiência pública, debates,
workshops, etc)

Percepção de Risco
 Envolve crenças, atitudes, julgamentos e sentimentos de
pessoas,
 Envolve valores sociais e culturais adoptados pelas pessoas
em relação aos perigos e seus benefícios,
 Um factor fundamental no julgamento sobre se
determinado risco é “aceitável” e se as medidas de gestão
de risco são suficientes ou não para a solução do problema.

A gestão de risco compreende dois níveis:

I. Nível estratégico – definição de políticas e instrumentos


reguladores.
II. Nível operacional – implementação do plano (gestão
ambiental e outros)

O conhecimento do risco ambiental bem como a gestão de risco


como instrumento de gestão ambiental visa:
27

 Apoiar na tomar decisões mais acertadas e com


conhecimento de causa-efeito,
 Permite também estar preparado para novas situações
adversas,
 Minimizar perdas e maximizar ganhos ambientais;
 Ajudar na tomada de decisões que podem incluir mudanças
de leis e regulamentos, planificação para desastres,
identificação de oportunidades e desvios, identificação e
redução de riscos em operações existentes.

O risco resulta de uma incerteza. Assim, a gestão de risco é um


processo estruturado para lidar com as incertezas. As razões de
incertezas no ambiente devem-se:

 A falta de dados ou dados de qualidade irrelevante;


 A falta de conhecimento científico suficiente para se
compreender o problema;
 O surgimentos de novos problemas e situações de tal forma
que nós não sabemos o que não sabemos;
 O facto do ambiente apresentar interacções complexas que
nós não conseguimos compreender o que esta acontecer no
ambiente.

Sumário
A Análise de Riscos Ambientais deve necessariamente levar em
consideração os possíveis efeitos ambientais de um eventual
acidente (Bitar & Ortega, 1998).

A partir da identificação dos riscos ambientais e com a implantação


de medidas preventivas associadas, o instrumento em questão
acaba reduzindo a possibilidade de ocorrência de acidentes
ambientais.

Deste modo, a Análise de Riscos Ambientais deve fazer parte


permanente de programas de gestão ambiental, principalmente nos
casos de empresas que operam substâncias com alto poder
28

contaminante e de empresas que se encontrem em áreas onde os


processos do meio físico possam acarretar acidentes.

Abordamos neste capítulo que a análise de risco ambiental deve ser


entendida como sendo um instrumento norteador dos
procedimentos para as actividades que gerem risco a sociedade e ao
ambiente, cujas etapas são: (i) Identificação dos perigos; (ii)
Estimativa de frequências e probabilidades; (iii) Análise de
Consequências e Vulnerabilidade e (iv) Avaliação e gestão dos
riscos.

A gestão de risco ambiental tem a ver com o processo de selecção


de políticas e acção retaliatórias adequadas integrando resultados
da análise de riscos com decisões sociais, económicas e políticas.
Os passos compreendem: a Identificação de perigos, Análise de
perigos, Implementação de um plano de controlo ou redução dos
riscos, Monitorização do plano e Reavaliação periódica do plano.
Enquanto os níveis da gestão dos mesmos compreendem o
estratégico e operacional.

Exercícios
1 . Recorrendo as suas próprias palavras explique o que entende
por analise de riscos ambientais e gestão de riscos ambientais.

2 . Estabelece a relação entre a análise de riscos ambientais e


gestão de riscos ambientais.

3 . Refira-se as etapas da análise de riscos ambientais, não se


esquecendo das características das mesmas.

4 . Debruce-se sobre os níveis de gestão de riscos.

5 . Refira-se sobre as finalidades do conhecimento do risco


ambiental bem como da sua gestão.
29

Unidade IV
Mitigação de Riscos e Atenção de
Emergência
Introdução
Depois de compreenderes a essência sobre análise e gestão de
riscos ambientais, vamos agora nos referir a mitigação dos riscos
bom como, a atenção de emergências.

Todo acidente ocasiona impactos ao meio ambiente, sendo


impossível de se prever ou efectivamente prevenir todas as causas
de acidentes naturais. Já em relação aos acidentes tecnológicos,
apesar de muitos defenderem a ideia de que todos os acidentes
tecnológicos poderão ser prevenidos, sempre será aceite a ideia de
que devem ser preparados planos de contingência no caso de
ocorrerem acidentes desta natureza. Assim, fica clara a necessidade
de se minimizar os riscos dos acidentes tecnológicos e de se
preparar para o atendimento a situações de emergências quando e
onde elas ocorrerem, no sentido de minimizar seus impactos. A
primeira acção deve ser obtida através de programas de análise de
riscos e da implantação de acções preventivas. Em um segundo
momento, o atendimento a emergências requer planos de
contingências que buscarão a minimização dos danos e é nesta
etapa que se aplica o APELL (Awareness and Preparedness for
Emergencies at Local Level). Rossin, A. C. (2011)

Até ao final desde capitulo serás capaz de:


 Compreender o conceito de mitigação de riscos e de
emergência,
 Compreender a essência do Plano de Emergência, razões da
Objectivos
sua elaboração e suas características,
 Compreender as fases do ciclo de gestão de emergência, e
 Compreender os aspectos fundamentais a considerar na
gestão de emergência.
30

4.1 Conceito de mitigação de riscos

A mitigação do risco é a redução (ou adequação) do risco a valores


aceitáveis, sabendo-se que no que se refere à mitigação, o que se
deseja evitar não é a ocorrência do factor gerador de risco, mas sua
consequência. Carvalho, Waldir Oliveira de (2010).

De acordo com o Dicionário inFormal (2009), a mitigação de riscos


deve ser entendida como a acção que tem em vista reduzir o
impacto ambiental da actividade. Por exemplo: o problema do
aquecimento global poderá ter solução através da mitigação das
actividades humanas, tais como o abate indiscriminado de árvores,
a prática de queimadas, a ausência de gestão dos poluentes
resultantes da operação industrial, entre outras.

4.2 Emergência e processos a ela ligada

Para a abordagem do tema sobre emergência é importante


compreendermos o conceito de emergência e outros a ele ligados.
Assim, iremos fazer menção de alguns, tais como:

Desastre – deve ser entendido como uma ruptura ou perturbação


grave de um sistema social, ambiental para além da sua capacidade
de a enfrentar, enquanto a Vulnerabilidade como potencial ou grau
ou extensão de um dano ou perda UEM- Faculdade de Ciências
(2012)

Emergência – deve ser entendida como uma situação produzida por


um desastre ou por um acontecimento ocorrido de forma
inesperada na maioria das vezes. O termo se diferencia da definição
de desastre pela capacidade do grupo social afetado de controlar a
situação. (http://queconceito.com.br/emergencia)

Normalmente as situações de emergência causam problemas, são


desagradáveis e alteram o ritmo normal e a tranquilidade dos que a
sofrem. As emergências podem afetar a indivíduos em particular,
31

ou a toda uma sociedade. Existem vários tipos de situações que


podem ser consideradas emergenciais. Algumas emergências
podem ser: (http://queconceito.com.br/emergencia)

 Emergência ecológica: um espaço público se vê ameaçado


pela acção inconsequente do homem ou por algum
descontrole da natureza como por exemplo o derramamento
de óleo no mar por causa de acidentes marítimos, as perdas
da fauna nos pólos devido ao aquecimento global, ou os
desmatamentos descontrolados das florestas.
 Emergência Sanitária: nos casos de grande incidência de
uma doença se pode considerar um estado emergencial para
a saúde pública. As epidemias provocam situações
emergenciais como por exemplo a gripe suína.

Para a Organização mundial de Saúde (OMS) uma emergência é o


surgimento inesperado de um problema de causa diversa que
provoque uma atenção iminente por parte da família ou do sujeito
que sofre a ação onde existe o perigo de morte ou perigo da perda
da função de um orgão.

Num contexto político se usa a expressão estado de emergência


quando em um país ocorre alguma coisa que altera, prejudica e
ameaça a tranquilidade e o bem-estar da população obrigando os
dirigentes a tomar medidas drásticas para evitar o caos geral. Como
no caso das enchentes que tantas vezes já destruiram muitas
cidades e acabaram com centenas de vidas. No mundo inteiro
diversos povos ou grupos sociais sufrem situações de emergência e
existem vários organismos dedicados a ajudar e apoiar os grupos
sociais que são afetados por estas situações.

Desde o surgimento do homem sobre a face da terra houve sempre


a necessidade de lidar com crises de todo os tipos, na maioria parte
das vezes esta resposta era pessoal e intima e não se sobrevivia.
Viver sob a face da terra constituía e constitui ainda hoje um
32

determinado risco. O risco estava presente nos ataques dos animais,


nos ataques de outras tribos, de doenças, na forma de desastres
naturais, e via de regra geral na própria fome e na falta de água
para a sobrevivência. Araújo, B. Sérgio (2012).

A base de toda administração de desastres assenta sobre a


elaboração de Planos de emergência, os quais são documentos que
servirão como guia para lidar com os efeitos decorrentes de
determinado cenário estabelecendo procedimentos, definindo
recursos materiais e capital humano. A necessidade de elaboração
de Planos de Emergência surgiu em função do considerável
aumento de riscos tecnológicos se tornando uma necessidade real
cada vez mais constante. A obrigatoriedade de implementação de
tais documentos surgiu com o desenvolvimento e os subsequentes
acidente ocorridos inicialmente em industriais nucleares e em
outros parques tecnológicos ocorridos a partir da década 70,
principalmente como instrumento complementar às medidas de
protecção contra impactos ambientais dentre os quais, servirão
como base de notória experiencia, para profundas modificações nos
conceitos de segurança ambiental. Araújo, B. Sérgio (2012).

Na década de 1980, muitos acidentes naturais e tecnológicos


provocaram uma preocupação mundial e trouxeram à tona o
assunto da segurança e preparação das populações para enfrentarem
situações de emergências. Os eventos mais significativos incluíram
o terramoto que abalou a cidade do México em 1985, os
deslizamentos de terra no Equador em 1987, e a liberação dos
vapores asfixiantes em um lago na República dos Camarões
naquele mesmo ano. Entretanto, a preocupação mais sentida foi
com referência aos acidentes tecnológicos causados pela actividade
industrial com sérios danos ao meio ambiente e perdas de vidas e
da propriedade. São exemplos, os acontecidos na liberação de
dioxina em Seveso, Itália, em 1976; a explosão de propano na
cidade do México, em 1984; a liberação de isocianato de metila em
33

Bhopal, na Índia, em 1984; e o incêndio em uma indústria química


e descarga de produtos químicos nas águas do rio Reno, na Europa,
em 1986. Rossin et al. (2011).

Em 1986, após a ocorrência de vários acidentes tecnológicos, o Dr.


Mostafa K. Tolha, Director Executivo do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sugeriu uma série de
medidas para auxiliar os Governos, especialmente de países em
desenvolvimento, a reduzir as ocorrências e os efeitos danosos dos
acidentes tecnológicos e das situações de emergências criadas.
Uma das primeiras medidas foi a instituição de um programa capaz
de propiciar aos Governos, em cooperação com as indústrias, um
trabalho de identificação de riscos potenciais em suas comunidades
e preparar medidas para o atendimento e controle de situações de
emergências, que pudessem ameaçar a saúde pública, a segurança e
o meio ambiente. Rossin et al. (2011).

Para desenvolver este programa e como resultado de um encontro


de especialistas realizado em Nairóbi promovido pelo PNUMA, em
Junho de 1987, somado à iniciativa já em andamento de outras
organizações internacionais, foi preparado, pelo Escritório do
PNUMA para Indústria e Meio Ambiente (IEO), um Manual de
Alerta e Preparação de Comunidades para Emergências Locais.
Este Manual resumia e orientava a implantação de um Programa,
com o mesmo nome do Manual e conhecido pela sigla de APELL,
que vem do inglês Awareness and Preparedness for Emergencies at
Local Level. Rossin et al. (2011).

Este Programa foi divulgado mundialmente através de uma reunião


em Paris, nos dias 12 a 14 de Dezembro de 1988, quando foi
apresentado o Manual publicado pelo PNUMA (1988). Durante o
encontro foram comentados alguns estudos de casos da
implantação do Programa em vários países, foram propostas futuras
acções para a implantação do APELL e citados alguns programas
34

em execução, em nível mundial, que têm relação com o APELL. O


principal objectivo do APELL é o de prevenir os acidentes
tecnológicos e minimizar seus impactos quando de sua ocorrência.
Ele provê assistência aos que decidem e ao pessoal técnico nos
governos e indústrias, no sentido de aumentar a preocupação das
comunidades e torná-las conhecedoras das instalações existentes
com potenciais riscos. Também actua na definição de políticas e
planos de prevenção em preparação e implantados, com objectivo
de reduzir os riscos e de minimizar os impactos, caso algum
acidente ocorra. Rossin et al. (2011).

Para Araújo, B. Sérgio (2012) as razões para a elaboração de um


Plano de Emergência são:
a) A identificação objectiva dos riscos,
b) O estabelecimento de cenários de acidentes para os riscos
identificados,
c) Definição de princípios, normas, regras de actuação geral
face aos cenários possíveis,
d) Organização sistemática dos meios de socorro provendo as
missões que competem a cada um dos intervenientes,
e) A oportunidade que permite desencadear acções, oportunas,
destinadas a minimizar as consequências do sinistro,
f) Evitar confusões, erros, atropelos e duplicação de
actuações,
g) A previsão e a organização antecipada da evacuação e
intervenção
h) A optimização dos procedimentos sob forma de rotina, os
quais poderão ser testados, através de exercício de
simulação.

Um Plano de emergência deve ter as seguintes características:

a) Simplicidade – ao ser elaborado de forma simples e concisa,


será bem compreendido, evitando confusões e erros por
parte dos executantes.
35

b) Flexibilidade – um plano não pode ser rígido. Deve permitir


a sua adaptação a situações não coincidentes com cenários
inicialmente previstos.
c) Dinamismo – deve ser actualizado em função do
aprofundamento da análise de riscos e da evolução
quantitativa e qualitativa dos meios disponíveis.
d) Adequação – deve estar adequado a realidade da instituição
e aos meios existentes.
e) Precisão – deve ser claro na atribuição das
responsabilidades.

4.2.1 Gestão de emergência e meios relacionados

A redução da vulnerabilidade que muitos países apresentam não


impede o acontecimento dos desastres provocados pelas
calamidades naturais, mais permite que os seus efeitos sejam
minimizados. Por isso, quando acontece o desastre, o cidadão, as
instituições públicas e privadas, e a sociedade civil em geral tem
que estar pronta para mitigar e responder os seus efeitos.

O ciclo de gestão de Emergência contempla as seguintes fases:

 Mitigação/Prevenção
 Prontidão,
 Resposta, e
 Recuperação

A gestão do risco de desastre é um ciclo composto por fases


interligadas e interdependentes, cujo sucesso em cada fase depende
das acções realizadas na fase subsequente.
36

Ciclo de gestão de emergência

Prontidão Resposta

Mitigação/ Recuperação
Prevenção

Fonte: UEM – Faculdade de Ciências (2012)

a) Mitigação/Prevenção

Nesta fase avalia-se a vulnerabilidade do (país, comunidade, infra-


estruturas, etc.) identificando o tipo de desastres a que estão
expostos incluindo as medidas a tomar para a redução do risco.

b) Prontidão

Consiste na Educação/Preparação dos cidadãos/população acerca


da natureza dos desastres a que podem estar expostos e como
reconhece-los assim como o comportamento a tomar perante o
fenómeno.

A prontidão pressupõe entre outros aspectos a existência de:, (i)


Sistemas de aviso prévio, (ii) Sistema de gestão de informação, (iii)
Sistema de comunicação e Equipe e (iv) Equipamentos de busca e
socorro.
37

Sistemas de aviso prévio – é todo um conjunto de instrumentos


desenvolvido pelos Governo de país em coordenação com outros
países visando alertar, com devida antecedência, à população sobre
a ocorrência dum fenómeno que pode matar, provocar baixas
produções e/ou destruir os seus bens, assim como trazer benefícios
para as suas vidas. Inclui a previsão meteorológica, avaliação
periódica da segurança alimentar e nutricional, análise de
vulnerabilidade, monitoria das bacias hidrográficas, etc. Contudo,
esses instrumentos têm duas grandes limitações:

 Não estão integradas num sistema único. Assim, as


informações oriundas desses subsistemas têm um
processamento inadequado, além da sua qualidade ser
muitas vezes questionável.
 A rede de cobertura desses instrumentos é bastante
incipiente, especialmente para as zonas mais vulneráveis.
Assim, se torna necessário aumentar a rede de cobertura e
por outro estabelecer um centro de processamento de dados
e um subsistema de divulgação dos resultados processados.

Sistema de gestão de informação – praticamente não existe um


sistema de gestão de informação com definições claras de
hierarquias e centros de decisão. Em muitos casos a informação
vem de fontes diversas, compete ou não, criando contradições
originadas pelas diferenças de metodologias de recolha,
processamento, análise estatísticas, canalização e decisão. Importa
tomar medidas que disciplinam a recolha, processamento e
divulgação da informação, bem como, definir a hierarquia dos
centros de decisão.

Sistema de comunicação – apesar de existirem grandes feitos nos


sistemas de comunicação nível mundial, ainda existem áreas/países
que não dispõem de comunicação eficiente especialmente as zonas
mais propensas a desastres naturais. Importa estabelecer como
regra que as zonas mais sujeitas aos desastres sejam consideradas
38

prioridades nos programas de expansão da rede de


telecomunicações até ao nível mais baixo (Posto
Administrativo/localidades). É fundamental que as equipes de
busca e socorro devem ser equipados com telefones para responder
rapidamente a situações de emergência.

Busca e socorro – um aspecto fundamental e imprescindível na


gestão de emergência é a existência de equipes de busca e socorro
treinados e equipados para o efeito. A titulo de Exemplo, no nosso
país, com excepção da forca de Defesa e Segurança e de
voluntários da Cruz Vermelha de Moçambique, que tem alguma
preparação e mandato para este fim, o país não dispõem de
nenhuma unidade estruturada, dedicada e especializada para busca
e socorro das vitimas de desastres, tais como: ciclones, terramotos,
inundações, etc. Dai que como parte de gestão de emergência deve-
se estabelecer esta unidade a funcionar com regras próprias e
específicas.

c) Resposta

A fase da Resposta envolve a implementação das medidas


desenvolvidas durante as fases de Mitigação e Prontidão. Os
serviços de emergência, saúde, serviços sociais, voluntários têm um
papel importante na execução desta fase. Resposta (Gestão
descentralização)

d) Recuperação

Corresponde as actividades a realizar após desastre, para reparar ou


reconstruir os danos. Todos os parceiros devem avaliar como
funcionou o plano de acção, pontos positivos e fraquezas e
começam a rever o plano existente para melhorar o sucesso no
desastre seguinte.
39

Sumário
Da abordagem feita neste capítulo, ficamos a saber que os aspectos
importantes a reter tem a vêr com a mitigação de risco que deve ser
entendida como a redução (ou adequação) do risco a valores
aceitáveis, sabendo-se que no que se refere à mitigação, o que se
deseja evitar não é a ocorrência do factor gerador de risco, mas sua
consequência. Enquanto a emergência como uma situação
produzida por um desastre ou por um acontecimento ocorrido de
forma inesperada na maioria das vezes.

Várias razões concorrem para a elaboração de um Plano de


Emergência, de entre elas destaca-se: a identificação objectiva dos
riscos, definição de princípios, normas, regras de actuação geral
face aos cenários possíveis, organização sistemática dos meios de
socorro provendo as missões que competem a cada um dos
intervenientes e a previsão e a organização antecipada da
evacuação e intervenção.

O ciclo de gestão de Emergência contempla as seguintes fases:


Mitigação/Prevenção, Prontidão, Resposta, e Recuperação. Estas
fases são interligadas e interdependentes, cujo sucesso em cada
uma delas depende das acções realizadas na fase subsequente.

Exercícios
1. Recorrendo as suas próprias palavras defina emergência.
2. Explique a importância do Plano de Emergência.
3. A gestão do ciclo de gestão de emergência contempla 4 fases.
Explique a essência de cada uma delas.
4. A fase da Mitigação ou Prevenção constitui uma a mais
importante no ciclo de gestão de emergência. Concordo com a
afirmação? Justifique.
40

Unidade V
Metodologia para a investigação de
riscos ambientais
Introdução
No capítulo anterior falamos da mitigação de riscos e atenção a
emergências, é chegado o momento de abordarmos sobre a
metodologia para a investigação de riscos ambientais.

Este capítulo tem por objectivo geral contribuir para a


compreensão do procedimento metodológico que pode ser usado
Objectivos para a investigação dos riscos ambientais, que devem ser
entendidos como a possibilidade de ocorrência de um perigo,
(incêndio, explosão ou vazamento de substâncias tóxicas) que
ameaça a existência de uma pessoa ou a integridade física de
instalações e edificações, bem como, ecossistemas naturais.

Até ao final desde capitulo serás capaz de:

 Compreender ao conceito de metodologia e investigação,


 Comprender a metodologia para a investigação de riscos
ambientais através do método SWOT;
 Compreender as vantagens do método SWOT.

5.1 Conceitos de Metodologia e Investigação


Para melhor compreendermos a essência deste capítulo vamos
começar por falar dos conceitos de metodologia e investigação.

a) Metodologia

Metodologia é uma palavra derivada de “método”, do Latim


“methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a realização
de algo”. Método é o processo para se atingir um determinado fim
ou para se chegar ao conhecimento. Metodologia é o campo em que
se estuda os melhores métodos praticados em determinada área
para a produção do conhecimento.
41

A metodologia consiste em uma reflexão acerca do conjunto de


métodos lógicos e científicos. No princípio foi concebida como
uma parte da lógica que se ocupava das formas particulares do
pensamento e da sua aplicabilidade. Atualmente, apesar de tudo,
não se aceita que a metodologia seja relegada exclusivamente para
o âmbito da lógica, já que os métodos se aplicam a distintos
campos do saber. (http://www.significados.com.br/metodologia/)

A Metodologia é o estudo dos métodos ou etapas a seguir num


determinado processo. Tem como objectivo captar e analisar as
características dos vários métodos indispensáveis, avaliar suas
capacidades, potencialidades, limitações ou distorções e criticar os
pressupostos ou as implicações de sua utilização. Além de ser uma
disciplina que estuda os métodos, a metodologia é também
considerada uma forma de conduzir a pesquisa ou um conjunto de
regras para ensino de ciência e arte. A Metodologia é a explicação
minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção desenvolvida
no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do
tipo de pesquisa, dos instrumentos utilizados (questionário,
entrevista etc), do tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da
divisão do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos
dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de
pesquisa. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Metodologia)

Metodologia é uma palavra composta por três vocábulos gregos:


metà (“para além de”), odòs (“caminho”) e logos (“estudo”). O
conceito faz alusão aos métodos de investigação que permitem
obter certos objectivos numa ciência. A metodologia também pode
ser aplicada à arte, quando se efectua uma observação rigorosa.
Como tal, a metodologia é o conjunto de métodos que regem uma
investigação científica ou numa exposição doutrinal.

.
42

É importante distinguir o método (o procedimento para alcançar


objectivos) e a metodologia (o estudo do método). Não cabe ao
metodólogo analisar e verificar conhecimento previamente obtido e
assentido pela ciência: a sua tarefa consiste em procurar estratégias
válidas para aumentar o dito conhecimento.
(http://conceito.de/metodologia)

Das abordagens referenciadas pelas três fontes acima podemos


conceituar a metodologia como sendo uma ciência que estudo
métodos, e que estes por sua vez, constituem os caminhos para o
alcance dos objectivos, que para o presente capítulo é a
investigação dos riscos ambientais.

b) Investigação

De acordo com as definições apresentadas pelo Dicionário da


Língua Portuguesa da Porto Editora “investigar” (do latim
investigare), refere-se à acção de seguir os vestígios de algo ou
alguém. Também faz referência à realização de actividades
intelectuais e experimentais de modo sistemático (pesquisar), com
o objectivo de ampliar os conhecimentos sobre uma determinada
matéria. Nesse sentido, pode-se dizer que uma investigação é a
procura de conhecimentos ou de soluções para certos problemas.
Cabe destacar que uma investigação, mais concretamente na área
científica, é todo um processo sistemático (são recolhidos dados a
partir de um plano previamente estabelecido que, uma vez
interpretados, modificarão ou acrescentarão conhecimentos aos já
existentes), organizado (é necessário especificar os detalhes
relacionados com o estudo) e objectivo (as suas conclusões não
assentam em impressões subjectivas, mas sim em factos que
tenham sido observados e avaliados.
(http://conceito.de/investigacao)

O propósito da ciência é ampliar o campo do saber, resolvendo


problemas, ou seja dando resposta a incógnitas (Gil Pérez, 1993). A
realização de uma investigação corresponde, assim, a uma
43

modalidade de resolução de problemas (Duggan & Gott, 1995).


Numa investigação, considera-se que não existe uma sequência tipo
de etapas bem definidas, mas sim uma multiplicidade de sequências
possíveis (Giordan, 1999; Hodson, 1992; Hodson, 1993) em que as
diferentes actividades do investigador (formulação e análise de
problemas, análise de dados, revisão bibliográfica…) se misturam
continuamente (Garcia Barros, 2000). Para caracterizar o percurso
do investigador, existem três elementos principais: Questão,
Hipótese e Experiência. Estes são difíceis de separar, funcionando
geralmente como um todo, ou frequentemente como um sistema de
interacções múltiplas e de feedback. Giordan (1999) propõe um
sistema de interacções entre Questão, Hipótese e Experiência, no
qual as experiências não verificam completamente uma hipótese,
mesmo que vão de encontro ao resultado esperado, mas apenas a
corroboram. Assim, uma experiência, nunca refuta totalmente uma
hipótese. (http://apice.webs.ull.es/pdf/351-076.pdf)

Analisando tanto os conceitos de metodologia e investigação que


acima se fazem menção concluimos que metodologia para
investigaçao dos riscos ambientais compreende o processo de
estudo de caminhos para a identificaçao de riscos ambietais, com
vista a mitigar os problemas que podem ocorrer com a fectivaçao
dos mesmos, caso não se tomem medidas preventivas e
correctivas.

Deste modo, a seguir iremos falar do método SWOT, como uma


alternativa para a investigação dos riscos ambientais.

5.2 Método SWOT

A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise de


cenários, sendo usado como base para gestão e planeamento
estratégico de uma corporação ou empresa. Devido a sua
simplicidade, pode ser utilizada para qualquer tipo de análise de
cenário.
44

A técnica é creditada a Albert Humphrey, que liderou um projecto


de pesquisa na Universidade de Stanford nas décadas de 1960 e
1970, usando dados da revista Fortune das 500 maiores
corporações.

O termo SWOT é uma sigla oriunda do idioma inglês, e é um


acrónimo de Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses),
Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats).

Não há registos precisos sobre a origem desse tipo de análise,


segundo PÚBLIO (2008) a análise SWOT foi criada por dois
professores da Harvard Business School: Kenneth Andrews e
Roland Christensen. Por outro lado, TARAPANOFF (2001:209)
indica que a ideia da análise SWOT já era utilizada há mais de três
mil anos quando cita em uma epígrafe um conselho de Sun Tzu:
"Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as
oportunidades e proteja-se contra as ameaças " (SUN TZU, 500
a.C.)

Objectivos da Analise SWOT

 Efectuar uma síntese das análises internas e externas;


 Identificar elementos chave para a gestão da empresa ou
risco, o que implica estabelecer prioridades de actuação;
 Preparar opções estratégicas: Riscos/Problemas a resolver.

Diagrama SWOT
45

Estas análise de cenário se divide em:

 Ambiente interno (Forças e Fraquezas) - Principais


aspectos, que diferenciam a empresa/ dos seus concorrentes
 Ambiente externo (Oportunidades e Ameaças) -
Corresponde às perspectivas de evolução de mercado.

As forças e fraquezas são determinadas pela posição actual da


empresa e se relacionam, quase sempre, a factores internos. Já as
oportunidades e ameaças são antecipações do futuro e estão
relacionadas a factores externos.

 O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes da


empresa, uma vez que ele é resultado das estratégias de
actuação definidas pelos próprios membros da organização.
 O ambiente externo está totalmente fora do controle da
organização. Mas, apesar de não poder controlá-lo, a
empresa deve conhecê-lo e monitorá-lo com frequência de
forma a aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças.
Evitar ameaças nem sempre é possível, no entanto pode-se
fazer um planeamento para enfrentá-las, minimizando seus
efeitos.
 A combinação destes dois ambientes, interno e externo, e
das suas variáveis, Forças e Fraquezas; Oportunidades e
Ameaças. Vão facilitar a análise e a procura para tomada de
decisões na definição das estratégias de negócios da
empresa.

Apesar a análise SWOT dar enfoque a empresa, a mesma pode ser


aplicada para diferentes fins, de entre eles a investigação de riscos.
Abaixo apresenta-se um exemplo de como isso pode proceder-se.
46

Pex: Análise do risco de inundações na província de Sofala

Ajuda Atrapalha
Forças Fraquezas

 Existência de politicas e  Existência de rios


legislação de agua, Púnguè e Buzi que
 Existência de estruturas a são internacionais,
nível provincial para a  Localização
implementação das politicas geográfica a
e leis, tais como: ARA- jusante,
Centro, INGC, INAM, que  A topografia da
podem ajudar na gestão do província em forma

Interno (Organização)
fenómeno, através da de escadaria
previsão, monitoria e  Inexistência de
implementação de acções barragens, represas
preventivas, (para a gestão da
 Existência do CENOE agua)
(centro Nacional Operativo
de Emergência)
 Existência de um órgão
Provincial para a Gestão da
bacias,
Origem do factor

 Existência de Comités de
Gestão de riscos de
calamidades ao nível da
província.
 Cooperação entre
Moçambique e Zimbabwe

Oportunidades Ameaças

 Existência mínima  Escassos recursos


capacidade técnica e materiais e
financeira para elaboração humanos para
de Planos de Uso de Terra, implementação de
cuja implementação permite Planos, Programas
Externo (ambiente)

a colocação da população já aprovados


em áreas seguras, (revolução verde,
 Lançado o concurso para a reassentamento da
construção de barragem no população, Planos
rio Púngué, em Gorongosa. de ordenamento
Facto que irá contribuir para Territorial, etc)
a melhor gestão das aguas  Hábitos e costumes
deste rio.
 Em curso estudos de
viabilidade para a
implantação de barragens no
rio Buzi (Projecto PROIR)
47

Com base neste método, podemos ver que o campo das fraquezas
permite-nos identificar quais as causas ou razões ligadas a
ocorrência do risco em análise. No caso presente o risco em análise
são as inundações, onde se apontam como causas associadas a sua
ocorrência as seguintes:

 Existência de rios Púnguè e Buzi que são internacionais,


 Localização geográfica a jusante,
 A topografia da província em forma de escadaria, e
 Inexistência de barragens, represas para a gestão da água.

Para alem do método SWOT permitir identificar as causas ou razoes


ligadas a ocorrência do risco, ele permite analisar as forças, fraquezas e
oportunidades para uma melhor gestão do risco.

Sumário
Neste capítulo, ficamos a saber que metodologia para investigaçao
dos riscos ambientais compreende o processo de estudo de
caminhos para a identificaçao de riscos ambietais (cheias,
inundaçoes, seca, ciclones, erosao, degelo, etc), com vista a mitigar
os problemas que podem ocorrer com a fectivaçao dos mesmos,
caso não se tomem medidas preventivas e correctivas. Apesar da
análise SWOT ter enfoque a empresa, a mesma pode ser aplicada
para diferentes fins, de entre eles a investigação de riscos. O
mesmo permite identificar as causas ou razões ligadas a ocorrência
do risco, bem como, analisar as forças, fraquezas e oportunidades
para uma melhor gestão do risco.

Exercícios
 De uma forma resumida e usando as suas próprias palavras diga em
que consiste a metodologia para investigaçao dos riscos ambientais.
 Com base no método SWOT faça análise de quatro (4) riscos
ambientais existentes na sua área de residência, identificando as
forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.
48

Unidade VI
Percepção Social e a Educação
em Matéria de Riscos Naturais
Introdução
De acordo Ribeiro, R. R.R (2008) não se sabe ao certo como será o
mundo no futuro mas, certamente será diferente do actual. A
velocidade das alterações do clima, o avanço da ciência e as
consequências da modernidade criam mudanças no mundo. Desta
forma torna-se importante procurar compreender o nível de
conhecimento e sua percepção das alterações climáticas pela
população.

Os riscos ambientais decorrentes da acção humana constituem um


aspecto da complexa interacção das pessoas com o meio ambiente.
Nesse sentido, o conhecimento desses riscos está directamente
associado às reacções que envolvem a percepção dos indivíduos e
as suas experiências e vinculações com seu espaço de vida.
Cavalcante, Y & Franco, M. F. A. (2007)

Neste capítulo procuraremos compreender como é que se procede a


percepção social e a educação em matéria de riscos naturais, bem
como, a importância da mesma.

Até ao final desde capitulo serás capaz de:

 Compreender o conceito de percepção social do risco,


Objectivos

 Descrever a origem da percepção social do risco,


 Compreender como se processa a percepção do risco, e
 Compreender a importância da educação em matéria de
riscos naturais e como a mesma se procede.
49

6.1 Conceito de percepção de risco e sua origem

Segundo WIEDEMANN, PM (1993), a percepção de riscos é


definida como sendo a “habilidade de interpretar uma situação de
potencial dano à saúde ou à vida da pessoa, ou de terceiros,
baseada em experiências anteriores e sua extrapolação para um
momento futuro, habilidade esta que varia de uma vaga opinião a
uma firme convicção”. Para o autor, a percepção de riscos é
baseada principalmente em imagens e crenças e tem raízes, em uma
menor extensão, em alguma experiência anterior como, por
exemplo, acidentes que um motorista já teve, o conhecimento de
desastres anteriores e a relação com informações sobre a
probabilidade de um desastre ocorrer.

A percepção de risco é vista por Lima (2005, p. 203) como a


“forma que os não especialistas (referidos frequentemente como
leigos ou público) pensam sobre o risco e refere-se à avaliação
subjectiva do grau de ameaça potencial de um determinado
acontecimento ou actividade”, envolvendo sempre uma fonte de
risco, uma dimensão de incerteza e uma avaliação do valor das
perdas potenciais. Cavalcante, Y & Franco, M. F. A. (2007)

O aspecto comum para os dois conceitos é o facto de os mesmos


admitirem que na percepção do risco inicia com a percepção da
ocorrência de algo anormal e danoso.

Originalmente, os estudos de percepção de risco como disciplina


cientificamente organizada surgem justamente da relação dialógica
entre a recente Psicologia Ambiental e a Psicologia Social, a partir
dos estudos de Slovic, Fischhooff e Lichtenstein (1980), sobre a
forma como as pessoas perceberam os riscos advindos do acidente
nuclear de Three Miles Island (desastre radioactivo um pouco
menor que Chernobyl), ocorrido em 1979, e sobre as estratégias
50

que desenvolveram para viverem lá. Cavalcante, Y & Franco, M. F.


A. (2007)

Os estudos de percepção de riscos surgem a partir da década de


1970/1980 como um importante contraponto à perspectiva
utilitarista das análises técnicas de risco, baseada nos saberes das
engenharias, toxicologia, economia e que não contemplava as
crenças, receios e inquietações das comunidades envolvidas.
Emergem e se consolidam, em uma área do saber cientificamente
organizada, com o intuito de desvelar as razões que acompanhavam
as reacções negativas do público leigo frente ao advento de uma
nova tecnologia, mesmo que com o aval dos especialistas técnicos.
PERES et tal. (2005)

O ponto de partida de qualquer estudo de percepção de riscos é o


quanto difere a interpretação de uma pessoa “leiga” – entendida
aqui como aquela que não adquiriu conhecimentos específicos
sobre o objecto em questão, ao longo se sua trajectória de vida –
para um determinado perigo, da interpretação do mesmo por parte
de um “especialista”. A percepção de riscos da população é,
geralmente, bastante distinta daquela dos especialistas, sobretudo
cientistas. Suas interpretações baseiam-se muito mais em suas
próprias crenças e convicções do que em fatos e dados empíricos,
elementos que constituem a base de construção da percepção de
riscos de técnicos e cientistas. Sjöberg & Fromm. (2001),

A população em geral tende a perceber mais os riscos que os


benefícios de uma determinada tecnologia. De acordo com os
autores, essa tendência tem sido encontrada em diversos estudos
sobre percepção de riscos e benefícios, sobretudo aqueles
relacionados com a implementação de novas tecnologias, onde se
evidencia o cepticismo do público, geralmente em face aos
empecilhos relacionados a estas tecnologias experiência,
informação e “background” cultural formam uma tríade
51

indissociável de determinantes da percepção de riscos, embora


estes não esgotem os factores relacionados com a construção da
percepção de riscos em populações e/ou grupos populacionais
específicos. Outros factores, como o grau de escolaridade e a
especificidade de tarefas realizadas, também contribuem para a
base de sustentação da percepção de riscos das pessoas. Sjöberg &
Drottz-Sjöberg. (1991), em estudo sobre a percepção de riscos de
trabalhadores de usinas nucleares europeias e norte-americanas,
analisaram a relação entre o conhecimento (formal e prático – este
último entendido como aquele advindo do desenvolvimento
quotidiano das tarefas realizadas por um trabalhador) e a percepção
de riscos ambientais e ocupacionais.

Sejam os riscos de carácter ambiental ou ocupacional ou mesmo de


qualquer outra natureza, para Navarro e Cardoso (2005, p. 26), os
processos subjectivos devem ser considerados quando se busca
compreender o enfrentamento ou não das situações de risco por
determinadas pessoas. Para as autoras, a percepção de risco
depende de uma multiplicidade de factores, como do contexto e da
inserção da pessoa em um determinado evento, da função ocupada
em determinado espaço social, dos aspectos culturais, da
personalidade, da história de vida, das características pessoais e
da pressão e/ou demandas do ambiente. Cavalcante, Y & Franco,
M. F. A. (2007)

Os resultados de alguns estudos desvelaram uma situação em que


os trabalhadores que realizavam tarefas mais específicas, mas que
tem menor grau de escolaridade, tem uma percepção de riscos
menos acurada que aqueles que desempenhavam tarefas que
requisitam menor conhecimento prático, mas que, entretanto,
possuem maior grau de escolaridade. Um dos principais obstáculos
à realização de estudos de percepção de riscos é o (curto) tempo
disponível em pesquisas de campo, que incluem, geralmente,
longas viagens, requisitando a permanência no local de estudo por
52

tempo indeterminado, incompatível com as agendas da grande


maioria dos pesquisadores, sejam estes do sector público ou da
iniciativa privada. Dentro desse cenário, as metodologias
qualitativas de investigação por meio de diagnóstico rápido (ou
estudos tipo RAP, do inglês Rapid Assessment Procedures)
aparecem como solução ao dilema que se apresenta. Estas
metodologias possibilitam a incorporação de informações
subjectivas, crenças e percepções das populações locais em
projectos de extensão e pesquisa, facto este impossível de se
conseguir por meio de métodos quantitativos de larga escala. Mais
importante: essas metodologias trazem o reconhecimento do fato de
que os sujeitos possuem um conhecimento inestimável,
indispensável à elaboração/execução de acções em nível local.

A percepção do risco é diferente da avaliação do risco. A


percepção do risco é aplicada individualmente, pelo facto do risco
ter diferentes significados a diferentes pessoas. De acordo com
Whyte e Burton (1982) citado por Smith (2007, p.44) para a
percepção do risco, as consequências assumem mais significado do
que a probabilidade. Existem diferenças entre a avaliação e a
percepção do risco. Vide tabela abaixo.

Tabela 1: Diferença entre avaliação e percepção do risco


Tipo de Análise Processo de Avaliação do Processo de Percepção
Risco
Identificação do Monitorização estatística do Intuição individual
Risco evento Conhecimento pessoal

Estimativa do Magnitude/Frequência Experiência pessoal


Risco Custos económicos Perdas intangíveis

Avaliação do Análise Custo/Benefício Factores pessoais


Política da comunidade
Risco Acção Individual
Fonte: adaptada (Smith, 2007, p.44).
53

Existem algumas razões para as pessoas sentirem os riscos de


diferentes formas, que incluem: (i) localização geográfica, (ii)
experiência técnica e (iii) aspectos de personalidade. Estudos sobre
a percepção de cheias mostram que trabalhadores rurais
normalmente revelam valores de percepção próximos das
estimativas estatísticas quando comparadas a uma amostra de
população urbana.

Para a análise da percepção do risco, pode-se distinguir diferentes


tipos de percepção (determinante, dissonante e probabilística)
(Smith, 2007, p.46).
 A percepção determinante reconhece a existência de
catástrofes, mas procura ver eventos extremos como algum
padrão, às vezes associados com algum intervalo. Este tipo
de percepção recusa o elemento aleatório de muitos riscos e
baseia-se no facto que o perigo existe, porém de forma
cíclica. Para alguns eventos, como certos tipos como
terramotos, estes não precisam de uma perspectiva inexacta,
pois não irão encontrar um padrão temporal associado a
maioria das ameaças.

 A percepção dissonante é uma forma de negar a ameaça do


perigo ou de eventos ocorridos anteriormente. Como
exemplo, eventos do passado podem ser vistos como
eventos estranhos e assim improváveis que se repitam, ou a
ocorrência de eventos no passado possam ser rejeitados por
não ocorrerem. Este tipo de percepção é normalmente
associado a pessoas de áreas com muito material de risco à
saúde por grandes catástrofes. Por outro lado, deve ser
reconhecido como ondas de ameaças, como terramotos
sendo muito mais difícil para as pessoas pelo aspecto
psicológico do curto prazo dos alarmes. Neste caso
aparente, a negação da ameaça deve ser vista como uma
54

tentativa de se contextualizar a realidade através da


prorrogação do risco.

 A percepção probabilística é o tipo de percepção mais


sofisticado pois aceita que desastres irão ocorrer e ainda
percebe nesses eventos um padrão. Esta aceitação é
normalmente associada com uma transferência de
responsabilidade ao lidar com o perigo de uma autoridade
maior, desde autoridades governamentais a divindades. A
probabilidade é vista, algumas vezes, como acções divinas,
resultantes de responsabilidades pessoais em resposta aos
perigos. Alguns factores fazem aumentar a percepção do
risco, enquanto outros o diminuem. O modo como os riscos
são percebidos envolve uma grande quantidade de
elementos. Normalmente associa-se esta percepção a uma
base de dados de conhecimento de que se tem registo na
memória. Os riscos tendem a ser mais sérios quando
colocam a vida em risco. As fontes de informação possuem
um poder na formação de opinião pública da sociedade
(Figueiredo e Martins, 1994).

A percepção do risco “é o primeiro passo num processo que vise o


envolvimento das populações no processo de gestão de situações
de risco” (Bernardo, 1997, p.18)

6.2 Educação em matérias de riscos naturais

Não se sabe ao certo como será o mundo no futuro mas, certamente


será diferente do actual. A velocidade das alterações do clima, o
avanço da ciência e as consequências da modernidade criam
mudanças no mundo. Desta forma torna-se importante procurar
compreender o nível de conhecimento e sua percepção das
alterações climáticas pela população. Ribeiro, R. R. R. (2008)
55

Segundo o Conselho Nacional de Educação (CNE) a escola


constitui o motor social, salientando que a educação é uma
componente fundamental no que respeita à intervenção sobre as
vulnerabilidades face aos riscos [sendo a escola], por excelência, o
local onde estas aprendizagens têm lugar, recomendando
especificamente trabalhos de discussão e de aplicação em contexto
real com os alunos, uma vez que o estudo de casos concretos e o
seu debate são a melhor forma de apreender a realidade.
ARAÚJO, C.M.M. (2012)

Nesse sentido, o parecer do Comité das Regiões da União Europeia


sobre o tema ‘As catástrofes naturais’, ‘realça a importância de
incluir, em todas as suas fases, medidas de informação, formação e
sensibilização dos cidadãos sobre os riscos de catástrofes e os
planos de intervenção, prestando particular atenção à população
infantil e juvenil e os outros sectores especialmente vulneráveis em
caso de emergência, como pessoas idosas e de mobilidade
reduzida’ (UE, 2006).

A Declaração de Hyogo (UNISDR, 2005) considera em matéria de


prioridades de acção, para redução dos desastres naturais para o
período de 2005-2015, o uso do conhecimento, informação e
educação na construção de uma cultura de segurança e de
resiliência dos cidadãos. Esta mesma declaração aponta a
necessidade de promoção e inclusão de acções de redução dos
riscos na escola, assim como a realização de acções educativas e de
formação para a comunidade.

A responsabilidade pelo desenvolvimento de uma cultura cívica de


segurança não se esgota nas escolas, pois elas constituem espaços
educativos favoráveis à reflexão e aplicação de princípios
fundamentais da convivência colectiva nas sociedades
democráticas, contribuindo para um ambiente adequado à
aprendizagem e para o exercício activo da participação cívica, no
56

quadro de uma formação que se processa ao longo da vida, em


contextos formais e não formais (Evaristo et al., 2007)

Desde sempre, os riscos/perigos têm acompanhado a vida humana,


razão pela qual a protecção dos cidadãos enfrenta um constante
desafio colocado pelos muitos perigos inerentes aos desastres e às
catástrofes naturais. Por este motivo, os ensinamentos extraídos da
análise sistemática da evolução de processos ou eventos danosos e
destrutivos e das circunstâncias que contribuíram para a sua
ocorrência são de importância crucial para a redução de riscos
futuros e para a definição de prioridades na gestão da
vulnerabilidade e na mitigação dos riscos.

As crianças e os jovens constituem, naturalmente, os grupos-alvo a


privilegiar nas campanhas de sensibilização acerca de protecção
civil, pois quanto mais cedo são incutidos na população princípios
de auto-protecção e de responsabilização colectiva, melhores serão
os seus resultados em caso de necessidade (Gallego, 2006; Gallego
et al., 2006).

A promoção da consciencialização dos cidadãos para o problema


dos riscos naturais, de modo a garantir uma melhor compreensão
dos processos e dinâmicas relacionadas com dinâmicas complexas
de uma sociedade, e a associação com treinos técnicos das
populações, tem sido negligenciada e continua a ser, na sua grande
maioria, um domínio técnico e cientifico (Mendes & Tavares,
2009).

Para TAVORA. (2006), na educação em matérias de riscos naturais


é importante envolver todos grupos da sociedade, sejam os idosos,
os economicamente desfavorecidos ou as crianças, recorrendo a
actividades com vista à formação e sensibilização das populações
sobre os riscos e situações de emergência deles decorrentes.
57

Para além das vivências e da percepção ao risco de cada um, a


escola desempenha um papel muito importante na sensibilização,
pois, para além de espaço dinâmico de transmissão de saberes, ela
constitui factor de integração na sociedade e vector de formação
dos cidadãos, intervenientes e responsáveis (ANPC, 2008).

A relação entre o ambiente e a edução à primeira vista parece não


existir, no entanto o sucesso de um país faz-se através de jovens e
da sua educação. Quanto menor for o tempo dedicado pelos jovens
à escolas por factores relacionados pelo meio ambiente em que
vivem mais precária será a sua educação e formação. Quanto
melhor for a consciência ambiental em idade escolar maior será a
taxa de sucesso em termos de preservação no futuro, dai que os
programas de educação devem ter sempre presente a preocupação
de integrar as questões ambientais, pois a não inclusão das mesmas
ou inclusão de forma deficitária pode ter consequências pouco
desejáveis e que não ajudam a contribuir para o desenvolvimento
do homem e do país. (Meneses, Ana. Pag 41, 2012)

Ainda de acordo com Meneses, Ana. (2012) podem ser apontados


alguns exemplos das consequências acima referenciadas.

 Uma formação deficitária do aluno e do professor sobre


questões ambientais, a importância de proteger e conservar
os recursos, a saúde, as infra-estruturas, etc. Não estando a
criança preparada e educada sobre a necessidade de
proteger o ambiente e preservar os ecossistemas, o lugar
onde vive, etc, ela irá continuar a agir sem consciência que
está ajudando à destruição daquilo que é deu e dos seus
futuros filhos.

 O rendimento escolar dos alunos e profissional dos


professores poderá diminuir bem como o numero de alunos
nas escolas pois eles:
58

 Têm que ir buscar água em zonas longínquas,


 Apanham constantemente doenças como malária,
pneumonia, doenças diarreicas, gripes, etc,
 Temporariamente poderão não ter aulas devido aos
efeitos das inundações, cheias e ciclones, resultantes
das alterações climáticas e mas praticas de utilização
e gestão dos recursos naturais.

Portanto, olhando para todos aspectos abordados neste capítulo, o


aspecto importante a reter é o facto de que o ser humano convive
com riscos naturais e outros desde a sua existência. Assim sendo,
para que este possa participar na gestão dos mesmos é necessário
que ele se aperceba da existência do risco, para tal, é necessário que
tenha algum conhecimento, ou seja educado em matérias de riscos
naturais. Tal educação pode ser feita a partir de três duas vertentes
que de acordo com (MICOA, 2009) podem ser: Formal, não
Formal e Informal.

Educação ambiental formal - é entendida como aquela que se


desenvolve de forma estruturada e dentro do sistema formal de
ensino, através da inclusão de termos, conceitos e noções sobre
ambiente nos planos curriculares. (MICOA, 2009)

Educação ambiental não formal – é desenvolvida de forma semi-


estruturada dentro e fora do sistema de ensino, através de
actividades como: palestras, seminários, acções de capacitação e
demonstrativas (criação de clubes nas escolas, jornadas de limpeza,
plantio de arvores, actividades culturais e desportivas) e programas
comunitários (criação de associações, núcleos e comités). (MICOA,
2009)
As vantagens deste tipo de educação são:
 Útil para pesquisa de dados sobre um determinado
problema;
59

 Permite trabalhar com diferentes extractos sociais (técnicos,


estudantes, académicos, camponeses, decisores, etc);
 Devido a capacidade de juntar diferentes grupos sociais,
permite colher diferentes sensibilidades sobre questões
ambientais;
 É útil para casos de sondagem de opiniões e para pesquisas;
 Acarreta poucos custos comparado ao primeiro tipo.

Educação ambiental informal – constitui um processo destinado a


ampliar a consciência pública sobre as questões ambientais através
dos meios de comunicação das massas (jornais, revistas, rádio e
televisão e internet). Incluem-se ainda cartazes, folhetos, boletins
informativos entre outros. (MICOA, 2009)

 Vantagens
 Maior abrangência;
 Flexibilidade e rapidez (capacidade de atingir
diferentes alvos em curto espaço de tempo).

 Desvantagens
 Acarreta muitos custos (na concepção dos
programas e na aquisição dos receptores e jornais),
 Selectividade da audiência,
 Maior tempo necessário para a identificação do
problema.

Sumário
A percepção de riscos é definida como sendo a “habilidade de
interpretar uma situação de potencial dano à saúde ou à vida da
pessoa, ou de terceiros, baseada em experiências anteriores e sua
extrapolação para um momento futuro, habilidade esta que varia de
uma vaga opinião a uma firme convicção”. A percepção de riscos é
baseada principalmente em imagens e crenças e tem raízes, em uma
60

menor extensão, em alguma experiência anterior. Outros factores,


como o grau de escolaridade e a especificidade de tarefas
realizadas, também contribuem para a base de sustentação da
percepção de riscos das pessoas.

A percepção do risco é diferente da avaliação do risco. A percepção


do risco é aplicada individualmente, pelo facto do risco ter
diferentes significados a diferentes pessoas. Para a análise da
percepção do risco, pode-se distinguir diferentes tipos de percepção
(determinante, dissonante e probabilística)

O aspecto importante a reter é o facto de que o ser humano convive


com riscos naturais e outros desde a sua existência. Assim sendo,
para que este possa participar na gestão dos mesmos é necessário
que ele se aperceba da existência do risco, para tal, é necessário que
tenha algum conhecimento, ou seja educado em matérias de riscos
naturais. Tal educação pode ser feita a partir de três duas vertentes
que de acordo com (MICOA, 2009) podem ser: Formal, não
Formal e Informal.

Exercícios
1. Após a leitura do conteúdo relativo a percepção social do risco faça
um resumo sobre os aspectos importantes a reter.
2. A percepção do risco é diferente da avaliação do risco. Explique em
quê é que consiste a diferença.
3. A percepção do risco é aplicada individualmente, pelo facto do risco
ter diferentes significados a diferentes pessoas. Explique a essência
desta afirmação recorrendo a um exemplo concreto da sua área de
residência.
4. Existem três tipos de percepção de riscos: determinante, dissonante e
probabilística. Explique de forma resumida a diferença entre os
mesmos.
5. Identifique um risco que ocorre na sua área de residência e diga qual
dos três tipos de educação ambiental optaria em usar para fazer face a
educação da população residente na sua área em matérias de riscos
naturais e justifique o porquê da escolha deste tipo.
61

Unidade VII
Impactos e Estratégias para
Mitigação dos Riscos Ambientais
Introdução
Chegados a este capítulo já conhecemos o conceito de risco
ambiental, tipos, procedimentos para análise e percepção e
educação do mesmo, é momento de falarmos dos impactos e
estratégias para a mitigação dos riscos ambientais.

De acordo como Decreto 45/2004 de 29 de Setembro, o impacto


ambiental deve ser entendido como qualquer mudança do ambiente
para melhor ou para pior, especialmente com efeitos no ar, na terra,
na água e na saúde das pessoas, resultante da actividades humanas.

Como vimos nos capítulos anteriores o serem humano tem


convivido com os riscos desde a sua existência, e os mesmos
continuarão a existir dado que o próprio homem tem contribuído
para o efeito, através da forma como interagem com o ambiente
que o rodeia, desenvolvendo práticas não sustentáveis que
colocam-no mais vulnerável ao risco. Deste modo, iremos conhecer
os impactos resultantes da manifestação dos riscos ambientais e as
estratégias com vista a sua mitigação.

Este capítulo tem por objectivos os seguinte pontos:


 Compreender o conceito de Impacto Ambiental,
Objectivos  Identificar impactos associados a alguns riscos ambientais, e
 Identificar as estratégias para a mitigação dos riscos
ambientais.

7.1 Conceito de Impacto Ambiental

Conforme indicado no Artigo 1º da Resolução CONAMA-001,


considera-se impacto ambiental qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
62

causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das


actividades humanas que, directa ou indirectamente, afectam:
 A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
 As actividades sociais e económicas;
 A bióta;
 As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
 A qualidade dos recursos ambientais.

De acordo com o Artigo I, do Decreto 45/2004 de 29 de Setembro


Impacto Ambiental é qualquer mudança do ambiente para melhor
ou para pior, especialmente com efeitos no ar, na terra, na água e na
saúde das pessoas, resultante da actividades humanas.

As duas propostas acima referenciadas têm de comum o aspecto


ligado a ocorrência de uma mudança perante um impacto
ambiental, e que a mesma pode ter efeitos no ambiente incluindo
no próprio ser humano.

De seguida veremos alguns exemplos que ilustram riscos e


impactos a eles associados, para o efeito falaremos da realidade
moçambicana. De acordo com o MICOA (2010) Moçambique é um
país com potencial ou apresenta riscos para ocorrência de secas,
cheias e ciclones tropicais. Esta vulnerabilidade do país na
ocorrência destes riscos deve-se a localização geográfica, bem
como, a incapacidade de adaptação a eventos climáticos extremos e
a fragilidade de alguns sectores de relevante importância para a
economia nacional.

a) Seca

É um fenómeno que encontra-se inter-relacionado com a


desertificação, cuja origem assenta-se em três grupos de factores:

 De origem natural que se associa ao deficit hídrico;

 De origem humana, relacionada ao uso excessivo dos


recursos pedológicos e florestais (queimadas
63

descontroladas, abate descontrolado das árvores para a


produção de carvão vegetal, lenha e madeira); e

 A ocorrência da erosão dos solos (eólica e fluvial).

Ao nível do país, a vulnerabilidade á seca ocorre nas regiões


sudoeste (oeste da província de Gaza) e central (oeste da província
de Tete).

Ao nível da província de Sofala, foram identificados os distritos de


Nhamatanda, Caia, Chemba, Maríngué e Gorongosa, como as áreas
afectadas pela seca e ou em risco de desertificação.

As previsões ditam que as secas em Moçambique ocorrem em


períodos de intervalos de 7 á 11 anos. A pior seca que marcou a
memória dos Moçambicanos ocorreu em 1991-1992, tendo
afectado a maior parte da região Austral da África.

Impacto sócio-económico da seca

A experiência mostra que a seca tem impacto negativo em


diferentes áreas de actividade, podendo causar diferentes efeitos
tais como:

 Perda de culturas
 Secagem de pontos de água
 Redução de áreas de pastagem
 Subida de preços dos produtos agrícolas e de primeira
necessidade
 Subida de importações de alimentos
 Aumento de apelos para ajuda externa
 Perda de vidas humanas e de animais
 Eclosão de doenças
 Perda de biodiversidade

b) Cheias

São desastres naturais, causados não só pela precipitação que


ocorre dentro do território nacional, mas também pelo
escoamento das águas provenientes das descargas das barragens
dos países vizinhos situados a montante.
64

Moçambique, possui (09) bacias hidrográficas internacionais e


tantas pequenas bacias, razão pela qual o torna praticamente
vulnerável a ocorrência das cheias, cujos impactos sob o ponto de
vista ambiental não podem ser vistos somente como um factor
destruidor, por trazer benefícios no ciclo ecológico regenerativo
numa determinada área e zonas imediatamente adjacentes.

Duma forma geral, as cheias no nosso país são causadas por um


conjunto de factores, destacando-se os seguintes:

 Precipitação localizada intensa;

 Ciclones tropicais;

 Deficiente gestão de barragens quer no território nacional


ou nos países da montante.

Contudo, nos últimos tempos, as acções devastadoras das cheias,


tem conduzido a um agravamento do débito dos rios internacionais
e consequente alargamento das áreas ribeirinhas que muitas das
vezes servem de alternativa de produção agrícola das populações
rurais. Presume-se que o risco de cheia é uma função da extensão
da quantidade de chuva e da topografia, podendo tomar várias
formas:

 Inundações de superfície;

 Inundações de margens dos rios;

 Inundações dos vales.

Em Moçambique episódios de cheias ocorrem com maior


frequência nas regiões Centro e Sul, principalmente ao longo das
bacias hidrográficas dos rios, zonas baixas e locais ou terrenos com
sistema de drenagem inadequado.

Impactos sócio-económico das cheias

Abaixo são apontados alguns dos efeitos negativos das cheias de


entre eles:

 Inundações
65

 Perdas de vidas e propriedades ou infraestruturas


 Perda de culturas
 Eclosão de doenças
 Surgimento de população deslocada ou por reassentar
 Perda de Biodiversidade
 Ruptura das actividades normais

c) Ciclones Tropicais

São desastres naturais provocados por ventos fortes, chuvas


intensas e vagas marítimas, que não podem ser prevenidos nem
controlados, mais sim minimizados, através de aviso prévio.
Constituem um sistema de baixas pressões que se desenvolve sobre
as águas oceânicas tropicais com uma circulação de ventos bem
definida e organizada com velocidade média dos ventos de 63
Km/h ou mais ao redor do seu centro.

Moçambique, perfaz um dos países da África Austral, bastante


exposta aos ciclones, visto que a sua costa localiza-se na fronteira
ocidental duma das mais activas bacias dos ciclones tropicais
(Sudoeste do Oceano Indico). Esta bacia produz anualmente 10%
de todos os ciclones do mundo e atingem Moçambique em média
(01) vez por ano, enquanto depressões de menor intensidade
ocorrem (03) á (04) vezes por ano.

Os ciclones que atingem Moçambique são formados no leste de


Madagáscar e no Canal de Moçambique, afectando a Costa entre
Pemba e Angoche ou perto da Cidade da Beira, na época ciclónica
que vai de Novembro á Abril, com o pico em Janeiro. Usualmente,
perto do centro do ciclone, observam-se rajadas de ventos que vão
de 90 á 300km/hora. A medida que este avança para o interior é
acompanhado de chuvas intensas, que fazem com que este perca a
sua intensidade, sendo maiores ás chuvas quando o ciclone é fraco.

Ao nível da África Austral, foram estabelecidos Centros


Meteorológicos Regionais Especializados (CMREs), que
66

monitoram a formação e desenvolvimento dos ciclones, para


minimizar os impactos humanos, agrícolas, infra-estrutural e
económicos desse desastre natural.

Impacto sócio-económico dos ciclones tropicais

Os ciclones tropicais são entre os sistemas meteorológicos os mais


fortes e destrutivos. Como impactos são apontados:

 Ventos fortes, chuvas torrenciais e tempestades que podem


causar cheias,

 Deslizamento de terras,

 Erosão na zona costeira assim como no interior,

 Retrocessos sociais e económicos,

 Perdas de vidas,

 Destruição de infra-estruturas,

 Degradação do meio ambiente, e

 Ruptura das actividades normais.

Contudo estes eventos extremos podem contribuir para o


suprimento de água em zonas outrora secas, redistribuição da flora
e fauna. A tabela abaixo ilustra alguns dados sobre óbitos ocorridos
relativos aos impactos acima reportados.

Tabela 1: os 10 desastres mais mortíferos em Moçambique


Ord Tipo de Ano Local N° de
evento óbitos
1 Seca 1981/19 Maputo, Gaza, Inhambane, Manica, Sofala e 100.000
85 Zambézia
2 Cheia 2000 Maputo (Matutuine, Manhiça, Magude, 800
Marracuene) Gaza (Mabalane, Chokwe,
Chibuto, Xai-Xai) Inhambane, Sofala, Manica e
Tete
3 Epidemia 1997/98 Maputo, Cidade de Maputo, Gaza, Inhambane, 617
Manica,Sofala, Tete e Zambézia
4 Epidemia 1990 ------------------ 588
5 Epidemia 1992 ----------------- 587
6 Cheia 1971 Zambézia 500
7 Cheia 1977 Gaza 300
8 Ciclone 1994 Nampula, Zambezia, Manica e Sofala 240
Tropical
9 Epidemia 1983 Maputo, Gaza, Inhambane, Manica, Sofala e 189
Zambezia
10 Ciclone 1984 Maputo, Gaza e Inhambane 109
Tropical
Fonte: UEM – Faculdade de Ciência (2012)
67

Inicialmente os trabalhos de Estudo de Impacto Ambiental (EIA)


não faziam menção aos riscos de acidente, caracterizando os
impactos ambientais como aqueles decorrentes das alterações
ambientais causadas durante a fase de construção ou pelas
operações normais do empreendimento (emissão de efluentes,
alterações das condições sociais, etc).

Mais recentemente, essa visão tem sido modificada, tendo-se


tornado mais comum actualmente que os estudos de EIA incluam
também alguma forma de identificação dos perigos de acidentes e
de avaliação dos riscos associados, para os casos de
empreendimentos que lidam com substâncias perigosas ou que de
alguma forma podem trazer riscos de acidentes maiores para as
populações situadas na sua área de influência (neste último caso,
estariam as barragens, por exemplo). Novamente, cabe mencionar a
Resolução 237/1997 do Conama, mencionada na Secção 5.

7.1.1 Relação entre Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e


Programa de Gestão de Risco (PGR)
Com a inclusão da exigência de realização de análises de riscos
para os empreendimentos considerados perigosos, alguns órgãos de
controlo ambiental passaram também a exigir a apresentação de um
Programa de Gestão de Risco (PGR) como forma de controlo e
monitorização dos riscos avaliados. Como requisito adicional, tem
sido solicitado a realização de um Plano de Acção de Emergência,
o qual tem que ser feito a partir dos resultados da análise de riscos.

O quadro apresentado na página seguinte mostra a relação entre os


requisitos ambientais e as fases de realização de um projecto. Este
quadro foi extraído do relatório final de um Workshop sobre
Geração Térmica a Gás realizada em Porto Alegre em Junho de
2001, que reuniu especialistas de várias entidades brasileiras, com
o patrocínio do IBAMA e da PETROBRAS. Do quadro pode-se
68

ver que os requisitos de EIA e Análise de Risco devem ser


satisfeitos para a concessão da Licença Prévia (LP), ou seja, devem
ser realizados ainda na fase de projecto conceitual e estudos de
viabilidade. Por sua vez, os requisitos de PGR e PAE (Plano de
Acção de Emergência) devem ser satisfeitos para a concessão da
Licença de Operação (LO) e, portanto, devem ser realizados
durante as fases de projecto executivo e construção/montagem.
(Diniz, Flávio et al. 2006)

Quadro 1: Requisitos Ambientais e as Fases do Projecto

Viabilidade Desenvolvimento Instalação Operação

Projecto Estudo de Projecto Projecto Construção e Operação


conceitual viabilidade básico executivo montagem

Requisitos da licença PGR Controle e


Estudo de Impacto Ambiental prévia monitoramento
PAE
Estudo de Analise de riscos LI LO Gestão de riscos
LP Estudos complementares
Requisitos, Licença Acções de
Audiência Publica Mediadas compensatórias de construção
emergência

Fonte : Workshop Geração Térmica a Gás, Porto Alegre, Junho 2001

7.1.2 Risco para pessoas e medidas de protecção


Uma das formas de classificação de riscos reside na sua
diferenciação quanto ao tipo de recurso vulnerável que é objecto do
dano causado pelo acidente. Dessa forma, os riscos podem ser: para
pessoas, para o meio ambiente e para o património da empresa ou
da sociedade. No que se refere aos riscos para pessoas, existe ainda
uma forma de classificação baseada no tipo de consequência
avaliada. Conforme mostrado no quadro abaixo, as consequências
podem ser: (i) Fatalidades, (ii) Ferimentos, (iii) Doenças, e (iv)
Defeitos genéticos.

Conforme também indicado no diagrama abaixo, as fatalidades


podem ser imediatas (na mesma época da ocorrência do acidente)
ou retardadas (alguns ou vários anos após o acidente). Os
69

ferimentos podem também ser classificados em temporários ou


permanentes e as doenças podem ser agudas ou crónicas.

O risco de defeito genético causado pelos efeitos do acidente


refere-se à possibilidade de ocorrência mutações indesejadas em
indivíduos descendentes daqueles que sofreram os efeitos causados
pelo acidente. De um modo geral, nas análises quantitativas de
risco realizadas para instalações que lidam com produtos perigosos,
avalia-se apenas os riscos de fatalidades imediatas, como indicador
dos riscos das instalações analisadas. De um modo geral, esse
indicador é suficiente para se obter uma clara diferenciação das
instalações de alto risco das de baixo risco.

As consequências podem ser de vários tipos:

Imediata
Risco de Fatalidade
Retardada

Temporário
Riscos para Risco de Ferimento

pessoas Permanente

Aguda
Risco de Doença
Crónica

Risco de Defeito
Genético

De um modo geral, avalia-se apenas o risco de fatalidade imediata.


No sector nuclear, avalia-se também os riscos de fatalidade
retardada e defeito genético. A segurança das instalações que lidam
com produtos perigosos é garantida através da colocação de uma
série de camadas de protecção, as quais constituem barreiras com o
objectivo de prevenir a ocorrência de acidentes, reduzir a sua
chance de propagação e minimizar as suas consequências, caso
venha a ocorrer.
70

7.1.3 Riscos Ambientais e Medidas de Protecção

A Resolução CONAMA-001 indica que o diagnóstico ambiental da


área de influência do projecto de um empreendimento deve
abranger:
 O meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima,
destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e
aptidões do solo, os corpos de água, o regime hidrológico,
as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;
 O meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a
flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade
ambiental, de valor científico e económico, raras e
ameaçadas de extinção e as áreas de preservação
permanente;
 O meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os
usos da água e a sócio-economia, destacando os sítios e
monumentos arqueológicos, históricos e culturais da
comunidade, as relações de dependência entre a sociedade
local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura
desses recursos.

Com a divisão estabelecida na Resolução CONAMA-001, os


principais riscos para cada um dos recursos vulneráveis são os
indicados no diagrama abaixo.

O subsolo, as águas, A fauna e a flora, O uso e ocupação do solo,


o ar e o clima, destacando:
destacando
os usos da água e a
 As espécies
 Os recursos socioeconomia,
indicadoras da destacando:
minerais, qualidade
 A topografia, os ambiental,  Os sítios e Monumentos
tipos e aptidões  De valor científico e arqueológicos,
do solo, económico, Históricos e culturais da
 Os corpos de comunidade,
 Raras e
água, ameaçadas de  As relações de
O regime extinção, e dependência entre a
hidrológico,  As áreas de sociedade local, os
 As correntes preservação recursos ambientais e a
marinhas, permanente. potencial utilização
 As correntes futura desses recursos.
atmosféricas.
71

Com a divisão estabelecida na Resolução CONAMA-001, os


principais riscos para cada um dos recursos vulneráveis são os
indicados no quadro abaixo.

Riscos para o Meio Ambiente


 Meio Físico
 Contaminação do solo
 Contaminação de águas
 Contaminação atmosférica
 Alterações climáticas

 Meio Biológico e Ecossistemas Naturais


 Danos à flora e à fauna

 Meio Sócio-Econômico
 Destruição de sítios/monumentos arqueológicos
 Interrupção da actividade produtiva
 Comprometimento futuro de meios produtivos

Por sua vez, as principais medidas de protecção para se evitar os


riscos ambientais são:
A principal aquela relacionada ao distanciamento físico
entre o agente do perigo e o recurso vulnerável.
Importantes ferramentas para o efeito são os zoneamentos
urbanos e o planeamento ambiental.
Outra medida importante é a busca por projectos
intrinsecamente seguros (por exemplo, pela
eliminação/substituição de substâncias poluidoras por
outras menos poluentes).
Também a implementação de Programas de Gestão de
Riscos (PGRs) é fundamental para a redução do número de
acidentes.
72

Sumário
Impacto Ambiental deve ser entendido como sendo qualquer
mudança do ambiente para melhor ou para pior, especialmente com
efeitos no ar, na terra, na água e na saúde das pessoas, resultante da
actividades humanas. (Artigo I, do Decreto 45/2004 de 29 de
Setembro)
As principais medidas de protecção para se evitar os riscos
ambientais são:
A principal aquela relacionada ao distanciamento físico
entre o agente do perigo e o recurso vulnerável.
Importantes ferramentas para o efeito são os zoneamentos
urbanos e o planeamento ambiental.
Outra medida importante é a busca por projectos
intrinsecamente seguros (por exemplo, pela
eliminação/substituição de substâncias poluidoras por
outras menos poluentes).
Também a implementação de Programas de Gestão de
Riscos (PGRs) é fundamental para a redução do número de
acidentes.

Exercícios
1) Durante a abordagem deste capítulo pudeste aprender que
Moçambique é um país vulnerável a ocorrência de riscos de
seca, cheias e ciclones, devido a sua localização geográfica,
bem como a fraca capacidade de gestão destes fenómenos.
Assim, observe atentamente a sua área de residência e
responda as questões abaixo:

a) Que riscos existem na sua área de residência,


enumere tres (3).

b) Quais são as causas que estão por detrás da


ocorrência de tais riscos?
73

c) Que impactos poderao resultar com ocorrencia


efectva de tais imppactos?

d) Que estrategias de mitigacao deve ser lavadas a


cabo com vista a mitigacao de tais impactos?
74

Referencias Bibliografia
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educação em Geografia, no 3.º ciclo do Ensino Básico –
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Ambiental.

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ambientais urbanos no tocante aos desastres e emergências,
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desastres ambientais, 1ª Edição, Rio Claro, Brasil, 2012.

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Ciência, São Paulo, Volume 4, N°3, 2006.

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Circular Nº 18/DSIE/2007 da Direcção Geral de Inovação
e Desenvolvimento Curricular. Ministério da Educação.
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governação participativa dos nossos recursos, UNON,
Maputo, 2012.

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Adversos das Mudanças Climáticas em Moçambique
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11 . MICOA. Manual de Educador Ambiental, Direcção


Nacional de Promoção Ambiental, Maputo, Agosto de
2009.

12 . MICOA. Compêndio de Estatísticas do Ambiente, Maputo,


2010.
75

13 . Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Qualidade


Ambiental. Apostila do Curso sobre Estudo de Analise de
Riscos e Programa de Gerenciamento de Riscos, Modulo 2:
Risco em Impacto Ambiental.2006

14 . NOGUEIRA, F. R. A curta história da gestão de riscos


ambientais urbanos, São Paulo, Brasil.
15 . PERES, F. et al. Percepção de riscos no trabalho rural em
uma região agrícola do Estado do Rio de Janeiro, Brasil,
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16 . PORTO, M.F.de S & FREITAS, C.M.de. Analise de riscos


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Você também pode gostar