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Manual de Curso de licenciatura em Ensino de

Geografia

Estudos ambientais II
Noções sobre os Recursos Naturais

G0216 Módulo II

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino a Distância
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Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
processos judiciais.

Universidade Católica de Moçambique


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Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente manual,
dr. Pedro Herculano, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na
elaboração deste manual:

Pela revisão final Heitor Simão Mafanela Simão

Elaborado Por: dr. Pedro Herculano

Licenciado em Geografia

Revisão de: dr Jossias Gabriel Mate

Licenciado em Geografia
Estudos ambientais II i

Índice
Visão geral 1
Benvindo a Ambiente e Recursos Naturais Noções sobre os recursos Naturais............... 1
Objectivos do curso........................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo....................................................................................2
Como está estruturado este módulo...................................................................................2
Ícones de actividade...........................................................................................................3
Acerca dos ícones........................................................................................... 3
Habilidades de estudo........................................................................................................ 3
Precisa de apoio?............................................................................................................... 4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 4
Avaliação........................................................................................................................... 5

Unidade I 7
Recursos naturais: Conceito e classificação...................................................................... 7
Introdução................................................................................................................ 7
Sumário..............................................................................................................................9
Exercícios........................................................................................................................ 10

Unidade II 11
Conceito, classificação e importância dos recursos minerais..........................................11
Introdução.............................................................................................................. 11
Sumário............................................................................................................................14
Exercícios........................................................................................................................ 15

Unidade III 16
Alguns recursos minerais e seus respectivos usos...........................................................16
Introdução.............................................................................................................. 16
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais ii

Sumário............................................................................................................................20
Exercícios........................................................................................................................ 20

Unidade VI 21
Recursos energéticos....................................................................................................... 21
Introdução........................................................................................................................ 21
Sumário............................................................................................................................43
Exercícios......................................................................... Erro! Marcador não definido.

Unidade V 44
Combustíveis fósseis....................................................................................................... 44
Introdução........................................................................................................................ 44
Sumário............................................................................................................................50
Exercícios........................................................................................................................ 51

Unidade VI 52
Recursos hídricos.............................................................................................................52
Introdução........................................................................................................................ 52
Sumário............................................................................................................................62
Exercícios........................................................................................................................ 62

Unidade VII 63
O solo como recurso natural............................................................................................ 63
Introdução........................................................................................................................ 63
Sumário............................................................................................................................75
Exercícios........................................................................................................................ 76

Unidade VIII 76
Recursos florestais; Relação Homem-natureza.............................................................. 76
Introdução........................................................................................................................ 76
Sumário............................................................................................................................81
Exercícios........................................................................................................................ 82
Estudos ambientais II 1

Visão geral
Bem-vindo a Ambiente e
Recursos Naturais Noções sobre
os recursos Naturais
No contexto do relacionamento entre o Homem, natureza e
seus recursos interessam especialmente os problemas como
a destruição da camada de ozono, perda da biodiversidade,
efeitos da biotecnologia, desflorestamento, desertificação,
poluição, desastres ecológicos, a relação entre meio
ambiente e saúde, entre outros aspectos. Neste contexto, a
cadeira de Ambiente e Recursos Naturais, no presente
Módulo I, pretende contribuir para a promoção do
conhecimento sobre o meio ambiente no sentido de ser
sadio e economicamente seguro, proporcionando aos
estudantes uma visão integrada ao nível local, nacional,
regional e global dos problemas ambientais e das estratégias
para sua mitigação ou solução.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Ambiente e Recursos Naturais
Noções sobre os recursos naturais, referente ao Módulo II será
capaz de:

 Conhecer os recursos naturais

 Reconhecer a importância dos recursos naturais

 Analisar a influência do Homem na degradação dos recursos


Objectivos naturais
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 2

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser
professores da disciplina de Geografia, que estão a frequentar o curso de
Licenciatura em Ensino de Geografia, do Centro de Ensino a Distância na
UCM. Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos
sobre o Ambiente.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade ncluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 3

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ocidental,
datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso é
importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente
de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo
de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações, porque,
devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança, começa a
ter-se dificuldades de concentração e de memorização para organizar toda
a informação estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar
durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o
utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 4

colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de


modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma duvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o
estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de
expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem
a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque
apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o seu
próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
auto  avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor\docentes.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 5

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.
O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)
palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,
concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões
presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média de
frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e
1 (exame).
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como
ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das
referencias utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.
consulteos.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 7

Unidade I
Introdução á Gestão dos
Recursos Naturais.

Introdução
Nesta unidade, dá-se a noção do conceito de recursos naturais e a
respectiva classificação. Sabe-se que os recursos naturais
constituem um dos pressupostos básicos para a vida na terra,
portanto, o seu estudo, conducente à compreensão da temática,
constitui um imperativo. Tornam-se recursos naturais os produtos
que pelo seu valor económico podem esgotar-se ou tornar-se
escassos na natureza.

O Estudante poderá aqui apreciar as diferentes definições de


recursos naturais e por conseguinte formular a sua própria
definição de acordo com o seu grau de compreensão.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir recursos naturais.


 Classificar os recursos naturais.
Objectivos  Dar exemplos de recursos naturais

Conceito de Recursos Naturais

O Homem tem utilizado, quer para a sua sobrevivência, quer em


diversas outras actividades, uma variedade de matérias-primas que
obtém a partir de fontes existentes no meio ambiente. A maior parte
das vezes são materiais que extrai da Terra, como sucede com os
minerais, mas outras vezes são formas de energia, como a solar.
Todas estas fontes de matéria e energia designam-se por recursos
naturais.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 8

Os recursos naturais são componentes, materiais ou não da


paisagem geográfica, mas que ainda não tenham sofrido
importantes transformações pelo trabalho humano e cuja própria
génese é independente do Homem, mas aos quais lhes foram
atribuídos, historicamente, valores económicos, sociais e culturais.
Portanto, só podem ser compreendidos a partir da relação homem-
natureza.

Recurso natural é qualquer insumo de que os organismos, as


populações e os ecossistemas necessitam para sua manutenção.
Portanto, recurso natural é algo útil. Existe em envolvimento entre
recursos naturais e tecnologia, uma vez que há a necessidade da
existência de processos tecnológicos para utilização de um recurso.

Exemplo típico é o magnésio, que até pouco tempo não era recurso
natural e passou a sê-lo quando se descobriu como utilizá-lo na
confecção de ligas metálicas de aviões. Recursos naturais e
economia interagem de modo bastante evidente, uma vez que algo
é recurso na medida em que sua exploração é economicamente
viável. Exemplo dessa situação é o álcool, que, antes da crise do
petróleo de 1973, apresentava custos de produção extremamente
elevados ante os custos de exploração do petróleo.

Recursos naturais são todos os bens produzidos pela natureza: a


energia solar, o ar, a água, as rochas e os minerais, o solo e os
vegetais, entre outros. É tudo o que se encontra disponível em
forma natural na terra e que pode ser utilizado em benefício da
humanidade.

Nem todos os recursos que a natureza oferece ao ser humano


podem ser aproveitados em seu estado natural. Quase sempre o ser
humano precisa trabalhar para transformar os recursos naturais em
bens capazes de satisfazer alguma necessidade humana. Os
recursos hídricos, por exemplo, têm de ser armazenados e
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 9

canalizados, quer para consumo humano directo, para irrigação, ou


para geração de energia hidroeléctrica.

Conceito de Gestão dos Recursos Naturais

A Gestão Ambiental é a administração do exercício de actividades


económicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os
recursos naturais, renováveis ou não. A gestão ambiental deve visar
o uso de práticas que garantam a conservação e preservação da
biodiversidade, a reciclagem das matérias-primas e a redução do
impacto ambiental das actividades humanas sobre os recursos
naturais. Fazem parte também do arcabouço de conhecimentos
associados à gestão ambiental técnicas para a recuperação de áreas
degradadas, técnicas de reflorestamento, métodos para a exploração
sustentável de recursos naturais, e o estudo de riscos e impactos
ambientais para a avaliação de novos empreendimentos ou
ampliação de actividades produtivas.

A Gestão ambiental está em estreita consonância com a gestão dos


recursos naturais dai que uma completa a outra.

Sumário
Os recursos naturais, constituem um conjunto de elementos do
ambiente natural que podem ser usados para satisfazer as
necessidades humanas. Podem ser classificados em diferentes
modos, no entanto, existem as formas mais comuns ou frequentes.
Existe uma classificação geral que divide os recursos naturais em
dois grandes grupos: os renováveis e os não renováveis, onde se
integram nestes dois grandes grupos os recursos energéticos,
florestais, faunísticos, hídricos, etc.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 10

Exercícios
1- Elabora um modelo conceptual sobre a classificação dos
recursos naturais,

2- Estabeleça diferença entre recursos pedológicos e recursos


geológicos.

3- Dê exemplos de recursos minerais não renováveis existentes na


sua Província, Distrito ou localidade

Nb: Entregar o exercício 1 e 3


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 11

Unidade II
Os Recursos Naturais;
Classificação.

Introdução
Para classificar os recursos naturais temos de compreender o
princípio da sua regeneração ou a sua capacidade de depois de
explorados terem a capacidade de voltar a florir na natureza.

Este processo pode decorrer de forma natural ou por indução do


próprio homem no processo de busca de soluções para as suas
necessidades.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Diferenciar minerais de minérios.


 Classificar minerais.
Objectivos  Explicar a importância de recursos minerais.
 Reconhecer a importância de recursos minerais.

Recursos Naturais: Classificação.

Para uma melhor compreensão do termo recurso podemos dizer


que é um termo implicitamente ligado ao que pode ser útil aos
indivíduos e às sociedades humanas. Os recursos naturais não
fogem à regra. Sua importância fundamental para o
desenvolvimento humano e para a vida em geral suscita valorações
éticas, não associáveis a conceitos utilitários. O petróleo é
importante para todos, mas quem os consome, perdulariamente, são
os que têm o poder para isto, não os que deles necessitam. O
mosquito da dengue não é um recurso, ainda que as bromélias que
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 12

o ajudem a proliferar o sejam. Uma floresta pode ser um empecilho


para a ocupação da terra, ainda que ela sustente muitas cadeias de
vida, de nenhum significado para aqueles que pretendem destruí-la.
Recurso é poder: para que os recursos naturais sirvam aos
seres que deles necessitam, só há o caminho que valorize,
económica e politicamente, a ética de sua conservação.

Recursos Naturais São os materiais ou produtos que a natureza


proporciona e que o homem pode usar e manejar para deles obter
determinados benefícios (associados à sobrevivência).

Classificação dos Recursos Naturais

Os recursos naturais podem ser classificados de diferentes modos,


no entanto, distinguem-se dois grandes grupos:

Recursos naturais renováveis - Todos os que se o Homem souber


preservar e explorar duma forma sustentável, não terão fim, isto é,
são inesgotáveis. Exemplo: a energia solar, o ar, a água, vegetais
etc.

Recursos não renováveis - Todos aqueles que se esgotam à


medida que se utilizam, isto é, todos os que têm fim. Exemplo: o
petróleo, o carvão mineral, o ferro, o ouro, urânio etc.

Por sua vez, os recursos não renováveis podem ser classificados


por:

Recursos recicláveis Todos os que são possíveis de ser


reaproveitados, ou seja, é possível voltar a utilizá-los. Exemplo:
ouro, crómio, alumínio, magnésio, zinco, estanho, etc.

Recursos não recicláveis - Todos os que após a sua primeira


utilização, não é possível voltar a utilizar, ou seja, não é possível
reciclar. Exemplo: carvão, petróleo, gás natural, etc.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 13

Contudo, é frequente classificar os recursos naturais em:

 Recursos energéticos
 Recursos minerais
 Recursos florestais
 Recursos faunísticos
 Recursos hídricos
 Recursos pedológicos

Classificação dos Recursos Naturais Segundo o Conteúdo e


Utilização

Recursos Conteúdo Utilização

Água nos seus diferentes estados e reservatórios Produção de energia


(incluindo os aquíferos), disponível ou (hidroeléctrica)

Hídricos potencialmente disponível, susceptível de Via de transporte fluvial


satisfazer, em quantidade e em qualidade, uma dada Suporte dos ecossistemas
procura num local e período de tempo Abastecimento público e
determinados. privado

Pedológicos Conjunto de solos (categoria que inclui os Suporte dos sistemas agrícolas
elementos minerais, matéria orgânica, organismos Suporte dos sistemas florestais
vivos, ar e
água presentes na camada superficial da Terra) que,
pelas suas características naturais ou modificadas,
se revestem de interesse agro-florestal.

Organismos, populações ou qualquer outro tipo de Regulador químico da


componente biótico dos ecossistemas de valor ou atmosfera

utilidade actual ou potencial para a humanidade. Regulador da biodiversidade


Protector dos solos

Biológicos Exploração económica da


floresta
cinegético
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 14

pesca e aquicultura
medicinal
produção de energia
(biomassa)

Geológicos Rochas, minérios e depósitos minerais, águas ornamental


minerais naturais e minero-industriais, e fluidos e extracção inertes; minérios
formações geológicas do subsolo de temperatura produção de energia
elevada, que pela sua raridade, alto valor específico (geotérmica)

ou importância na aplicação em processos termalismo

industriais, se revestem de valor para a economia.

Climáticos Elemento do clima ou combinação de elementos do Produção de energia (eólica,


clima (nomeadamente, radiação solar, vento, solar e

precipitação e temperatura) que pela regularidade e fotovoltaica)

intensidade da sua ocorrência é susceptível de


aproveitamento económico.

Paisagem que pelo seu valor cultural, estético e/ou


ambiental é susceptível de gerar ou induzir o
Paisagístico
desenvolvimento de actividades económicas e criar
riqueza.

Fonte: COELHO, Marcos de Amorim; Geografia Geral: O espaço


natural e sócio-econômico; 3ª ed. Editora Moderna

Sumário
Pudeste ao longo do presente texto ou Unidade estudar as
diferentes formas de classificação dos recursos naturais a primeira
das quais é a que divide os recursos naturais em dois grandes
grupos a saber os Renováveis e os não-renováveis. O outro é o que
coloca os recursos segundo o conteúdo da sua utilização, onde
podemos ter as diferentes utilidades dos recursos naturais.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 15

Exercícios
1- Identifica os recursos naturais renováveis que conheces.

2- Estabeleça diferença entre recursos renováveis e recicláveis.

Nb. Entregar o exercício 2


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 16

Unidade III
Tipos de Recursos Minerais
Introdução
Desde da pré-história o Homem vem extraindo os recursos naturais.
Aos poucos foi aprendendo a dominar a natureza. Lentamente,
passou a fabricar ferramentas, construir suas moradias, meios de
transportes, etc. Cada vez mais evoluiu e com essa evolução passou
cada vez mais explorar os recursos naturais que a natureza oferecia.
Nesta unidade, definem-se os recursos minerais, faz-se referência
de alguns recursos minerais e descreve-se a importância dos
mesmos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir recursos minerais.


 Diferenciar minerais de minérios.
Objectivos  Classificar os minerais.
 Explicar a importância de recursos minerais.
 Reconhecer a importância de recursos minerais.

Conceito de minerais

Os minerais são substâncias inorgânicas, ou seja, sem vida natural


encontrada na crosta terrestre.

Os minerais são recursos maturais encontrados no subsolo e de


grade valia para a produção industrial por servir de matéria- prima
para confecção de bens de consumo como utensílios domésticos,
fios eléctricos, jóias, materiais de construção além de revir como
fonte de energia.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 17

Com excepção do mercúrio, os minerais são pesados, duros e


compactos. Eles se formam dentro de diferentes tipos de rochas e
para extraí-los, às vezes é necessário cavar bem fundo, abrindo
minas, poços e túneis.

Alguns minerais são compostos de elementos simples, como o


cobre, o ouro, a platina e o enxofre. Outros são formados de dois ou
mais elementos, como a mica formado por silicato de alumínio e de
metais alcalinos e o quartzo formado por óxido de silício.

Na natureza existe cerca de 2000 minerais e maioria deles são


metálicos como o cromo, ferro, ouro, mercúrio, etc e a minoria são
não-metálicos como a grafita, quartzo, enxofre, pedra preciosa,
mármore, etc.

A maioria das rochas é formada por vários tipos de minerais.


Quando o mineral tem valor comercial, ele é chamado de minério.
Por exemplo: a hematita é um minério, pois dela se obtém, nas
indústrias siderúrgicas, o ferro, um metal; e transformados em
peças, instrumentos e objectos diversos que cercam o nosso dia-a-
dia.

Classificação dos Recursos Minerais


Existe na crosta terrestre, mais de 2000 minerais conhecidos.
Porém nem todos são utilizados.

Os minerais mais utilizados podemos classifica-los em três classes:


metálicos, não metálicos e minerais fósseis ou combustíveis.

Recursos Minerais Metálicos

Minerais metálicos: são os que contém na sua composição


elementos físicos e químicos de metal, que possibilitam uma
razoável condução de calor e electricidade exemplos: ferro,
alumínio e cobre.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 18

Dentro da classe dos metálicos os minerais são divididos em sub-


classes que são:

Minerais metálicos básicos, que são o ferro, cobre, zinco, estanho,


chumbo etc;

Minerais metálicos de liga que são o tungstênio, molibdênio,


vanádio, cobalto, cromam, manganês, etc;

Minerais metálicos preciosos, são o ouro, a prata, Platina etc;

Outros minerais metálicos são o rádio, o urânio e o mercúrio.

A rádio e o urânio são minerais radioactivos, e seu manuseio é


muito perigoso.

Há vários tipos de metais, o ferro é considerado um mineral


metálico básico e o alumínio é um tipo de mineral metálico
classificado como metal leve.

Recursos Minerais Não Metálicos

Minerais não metálicos: minerais que não contém em sua


composição propriedades de metal exemplos: Diamante calcário e
areia entre outros.

Os minerais não metálicos podem ser divididos também em sub-


classes, conforme a sua utilização:

Minerais não metálicos utilizados em construções temos o calcário,


granito, basalto, gnaisse, ardósia, cascalho, mármore e areia;

Minerais não metálicos utilizados como fertilizantes temos o nitrato,


potássio, fosfato etc;

Minerais não metálicos de utilizações diversas temos o sal, enxofre,


talco, mica, quartzo, argila, pedras preciosas, etc.

O quartzo, o granito e o basalto são alguns exemplos de minerais


não metálicos.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 19

Minerais Fósseis ou Combustíveis


Recursos energéticos fósseis: são minérios que contém em sua
composição elementos de origem orgânica. Exemplos: petróleo gás
natural e carvão.

Estão classificados como minerais fósseis o petróleo, o carvão


mineral (hulha) e o xisto betuminoso.

O carvão mineral e o petróleo são minerais fósseis, pois foram


originados de restos de animais e de plantas soterrados a milhões
de anos atrás.

Importância dos Minerais para os Seres Humanos

Os minerais são utilizados para diversas finalidades, desde um


simples objectos de uso - doméstico, como por exemplo
um vaso de cerâmica, até os aparelhos mais complicados
usados no espaço como por exemplo os Satélites artificiais.

A descoberta e a utilização dos minerais ampliaram a possibilidade


de construir várias coisas, como instrumentos de trabalho, pontes,
aviões, automóveis, etc.

Os minerais são utilizados como fonte de energia ou combustíveis e


podem movimentar as máquinas. Enfim, os minerais são de grande
importância para a vida humana. Sem eles o homem não
conseguiria atender as suas mais simples necessidades diárias.

Os minerais são utilizados para diversas finalidades e estão sempre


presentes em nossas vidas, desde um simples objecto de uso
doméstico, como por exemplo: uma tesoura, uma pinça, um
termómetro, etc, até os aparelhos mais complicados usados no
espaço como por exemplo os foguetes e todos são muitos
importantes.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 20

Sumário
Os minerais são recursos naturais não-renováveis encontrados na
crosta terrestre. Eles fazem parte do nosso dia-a-dia e desde a sua
descoberta a mais de 5000 anos revolucionou a vida humana.

Existe mais de 2000 tipos diferentes de minerais, porém, certos


minerais são mais usados e valorizados que outros como por
exemplo o petróleo, o ferro, o alumínio, etc. e são muito usados no
nosso dia a dia.

Para que os minerais não venham faltar, todos nós temos que ter
consciência das consequências que causariam se isso viesse
acontecer. Devemos também colaborar com a natureza, começando
por um pequeno gesto, como reciclar as latinhas de refrigerante no
lugar de jogarmos fora.

Exercícios
1- Descreva os impactos da exploração de ouro na província de
Manica.

2- Refira-se da ocorrência de pedras preciosas no nosso país.

Nb: entregar o exercício 1


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 21

Unidade IV
Aspectos Teóricos da Defesa e
Conservação da Natureza
Introdução

Os Estudos ambientais como qualquer outra ciência têm a sua linguagem


específica que os que se envolvem nesta matéria devem ter sempre em
consideração na sua aprendizagem e na sua ligação ou nas diferentes
reflexões que forem a fazer. Neste capítulo iremos considerar parte desta
matéria de teorias e definições de ambiente para colocar o estudante a
familiarizar-se com estes conceitos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o Diagnóstico Rural participativo


 Determinar os diferentes momentos pelos quais passou o
Objectivos
DRP
 Determinar os objectivos do DRP
 Assumir as vantagens do DRP no processo de trabalhos
ambientais.
 Determinar algumas técnicas usadas no DRP
 Determinar alguns aspectos teóricos do ambiente

Diagnóstico Rural Participativo

O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é um conjunto de técnicas


e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio
diagnóstico e a partir daí comecem a autogerenciar o seu
planeamento e desenvolvimento. Desta maneira, os participantes
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 22

poderão compartilhar experiências e analisar os seus


conhecimentos, a fim de melhorar as suas habilidades de
planeamento e acção. Embora originariamente tenham sido
concebidas para zonas rurais, muitas das técnicas do DRP podem
ser utilizadas igualmente em comunidades urbanas.

O DRP pretende desenvolver processos de pesquisa a partir das


condições e possibilidades dos participantes, baseando-se nos seus
próprios conceitos e critérios de explicação. Em vez de confrontar
as pessoas com uma lista de perguntas previamente formuladas, a
ideias é que os próprios participantes analisem a sua situação e
valorizem diferentes opções para melhorá-la. A intervenção das
pessoas que compõem a equipe que intermédia o DRP deve ser
mínima; de forma ideal se reduz a colocar à disposição as
ferramentas para a auto-análise dos/as participantes. Não se
pretende unicamente colher dados dos participantes, mas, sim, que
estes iniciem um processo de auto-reflexão sobre os seus próprios
problemas e as possibilidades para solucioná-los.

O objectivo principal do DRP é apoiar a autodeterminação da


comunidade pela participação e, assim, fomentar um
desenvolvimento sustentável.

Resumo Histórico do DRP

Os enfoques de desenvolvimento rural nas décadas de 60 e 70 se


baseavam na transferência de tecnologias e na ausência de
participação das/os supostas/os beneficiárias/os, tanto na
elaboração como na execução dos projectos.

No final da década de 70, o fracasso da "transferência tecnológica"


causou uma mudança radical de estratégias: o conhecimento das
condições locais, dos grupos beneficiários e de suas tradições se
transformou no enfoque principal da dentificação e planeamento de
projectos de desenvolvimento rural. Utilizando métodos
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 23

tradicionais de pesquisa, como questionários e análises de dados


regionais, foram geradas enormes quantidades de dados que
acabaram não tendo como ser geridos e se transformaram em
"cemitérios de dados".

Nos anos 80, a estratégia mudou de novo: o levantamento de


informação foi reduzido ao necessário, levando em consideração as
opiniões e o ponto de vista dos grupos beneficiários. Os
instrumentos clássicos de pesquisa deram lugar a novos conceitos,
mais participativos, muitos deles baseados nas teorias e
metodologias da educação popular.

Esta foi a hora do nascimento do "Diagnóstico Rural Rápido"


(DRR). O DRR propõe, principalmente, um levantamento de dados
participativo e menos trabalhoso que um levantamento tradicional.
Além disso, procura uma maior participação do chamado
beneficiário, para se aproximar mais das suas necessidades e
realidade. Em geral o DRR é utilizado para se obterem os dados
necessários para um projecto novo ou para analisar o
desenvolvimento de um projecto. Sendo possível adaptá-lo a partir
desta análise.

Mas, mesmo com estas mudanças, as medidas tomadas pelos


projectos acabaram sendo pouco sustentáveis. Como consequência,
o processo de identificação participativa se estendeu à execução
participativa de projectos.

Então se deu voz e voto aos grupos em todos os passos de um


projecto, criando, assim, o Diagnóstico Rural Participativo (DRP).

O Diagnóstico Rápido Rural não foi o único fundamento para o


desenvolvimento do DRP, além disso, “a educação popular”,
inspirada no livro "A pedagogia do oprimido", de Paulo Freire
(1968), foi outro movimento iniciado nos anos 60, que teve grande
importância para os conceitos.

Os conceitos de desenvolvimento das décadas de 60 a 80, descritos


anteriormente, reflectem a discussão "teórico-intelectual" da época;
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 24

no entanto isto quer dizer que, independentemente das tendências


respectivas, existiam projectos participativos nos anos 60, como
hoje existem projectos com escassa participação dos supostos
beneficiários.

Propósitos do DRP

Além do objectivo de impulsionar a auto-análise e


autodeterminação de grupos comunitários, o propósito do DRP é a
obtenção directa de informação primária ou de "campo" na
comunidade.

Esta é conseguida por meio de grupos representativos de seus


membros, até chegar a um autodiagnóstico sobre o estado dos seus
recursos naturais, sua situação económica e social e outros

aspectos importantes para a comunidade.

As vantagens do Diagnóstico Rural Participativo são:

 Põe em contacto directo os que planejam, os Agentes de


Ater com as pessoas da comunidade e vice-versa; todos
participam durante todo o processo do diagnóstico.

 Facilita o intercâmbio de informação e a verificação desta


por todos os grupos da comunidade.

 O DRP, como metodologia, aponta a multidisciplinaridade.


Ideal para estabelecer nexos entre sectores, tais como:
floresta, agricultura, saúde, educação e outros.

 As ferramentas do DRP prestam muito bem para identificar


aspectos específicos de género.

 Facilita a participação tanto de homens como de mulheres e


dos diferentes grupos da comunidade.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 25

A tabela a seguir mostra os três principais pilares em que assenta o


DRP

Fonte: Chambers (1997:105)

Algumas técnicas usadas no DRP

– Fezes o Tu Mesmo: Os agentes externos no lugar de formular


perguntas ao chegar na comunidade, podem participar nas
actividades do dia-a-dia como recolher lenha, ou água, construir
casas ou trabalhar no campo.

– Análise local das fontes secundárias - a comunidade pode


analisar dados e informação de materiais levados pelo agente
externo, com informes ou fotografias aéreas, com o fim por
exemplo de identificar tipos de solos, conservação da mesma
tendência da terra.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 26

– Realização de mapas e maquetas: A população os pode fazer,


sobre o papel ou no solo, com diversos materiais (giz, paus,
sementes ou pedras), reflectindo múltiplos aspectos como a
distribuição espacial da aldeia os recursos hídricos os bosques a
composição da população sua situação sanitária a distribuição de
minas anti-pessoais etc. É um método muito habitual que permite
utilizar depois outros métodos como os níveis de bem- estar os
diagramas de relações.

– Linhas de Tempo e análises de tendências e mudanças: são


alistamentos cronológicos de eventos e mudanças ocorridas, e das
suas causas. Por exemplo análise histórica da presença na zona de
diversas ONGs e seu impacto, o das mudanças havidas no sistema
agrícola.

– Calendários Estacionais: representação por estações e mês a


mês com materiais como sementes e similares, de aspectos como a
distribuição dos dias de chuva, a presença de enfermidades, os
ciclos de colheita, os trabalhos das mulheres os endividamentos ou
a migração.

– Análise do uso do tempo diário: Estudo do tempo dedicado a


diferentes actividades, muito utilizado para constatar as diferentes
distribuições de trabalho entre homens e mulheres e também
segundo a dureza do trabalho.

– Diagrama de Venn ou Chapati: identifica indivíduos e


instituições importantes dentro y fora de comunidade y suas
relações, representando-as mediante círculos solo ou com círculos
de papel.

– Diagramas de Relação: expressa relações, fluxos, conexões,


causas e efeitos de diferentes tipos (processos e sequencias,
migrações, contactos sociais, etc.).
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 27

– Ranking de riqueza o bem-estar: consiste numa lista


hierarquizada para identificar os diferentes níveis sociais de
famílias o pessoas dentro de uma comunidade, baseando se em
indicadores y critérios definidos pela própria população segundo
sua própria interpretação de la riqueza.

– Análises de diferenças: identificação de diferencias entre os


diversos grupos sociais (segundo riqueza o pobreza, ocupação,
género, idade), incluindo seus problemas e preferências.

– Ranking e pontuação de matriz: utilizando una matriz de


diferentes espécies de árvores, solos, variedades de cultivos, etc., se
comparam e pontuam utilizando unidades para contar (como
sementes ou pedras). N. Z.

Princípios de Defesa e Conservação da Natureza

O Ambiente, na sua diversidade de componentes, acaba por ter


reflexo numa legislação muito dispersa, que cobre, entre numerosos
domínios, a poluição atmosférica, a água, o solo, a fauna, a flora, o
ruído, o ordenamento e os resíduos.

Para estudarmos este capítulo precisaremos de visitar a legislação


que aborda esta matéria de modo a interpretarmos melhor o que se
deve ter como instrumento para a defesa e conservação da natureza.

A legislação base sobre a defesa e conservação da natureza provém


da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, reunida em Estocolmo de 5 a 16 de Junho de 1972, e,
atenta à necessidade de um critério e de princípios comuns que
ofereçam aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e
melhorar o meio ambiente humano.

O homem é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente


que o cerca, o qual lhe dá sustento material e lhe oferece
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 28

oportunidade para desenvolver-se intelectual, moral, social e


espiritualmente. Em larga e tortuosa evolução da raça humana neste
planeta chegou-se a uma etapa em que, graças à rápida aceleração
da ciência e da tecnologia, o homem adquiriu o poder de
transformar, de inúmeras maneiras e em uma escala sem
precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente
humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do
homem e para o gozo dos direitos humanos fundamentais, inclusive
o direito à vida mesma.

A protecção e o melhoramento do meio ambiente humano é uma


questão fundamental que afecta o bem-estar dos povos e o
desenvolvimento económico do mundo inteiro, um desejo urgente
dos povos de todo o mundo e um dever de todos os governos.

Figura: aspecto de uma ratazana morta por furtivos

Fonte: Imagem adaptada pelo revisor

O homem deve fazer constante avaliação de sua experiência e


continuar descobrindo, inventando, criando e progredindo. Hoje em
dia, a capacidade do homem de transformar o que o cerca, utilizada
com discernimento, pode levar a todos os povos os benefícios do
desenvolvimento e oferecer-lhes a oportunidade de enobrecer sua
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 29

existência. Aplicado errónea e imprudentemente, o mesmo poder


pode causar danos incalculáveis ao ser humano e a seu meio
ambiente. Em nosso redor vemos multiplicar-se as provas do dano
causado pelo homem em muitas regiões da terra, níveis perigosos
de poluição da água, do ar, da terra e dos seres vivos; grandes
transtornos de equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e
esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências,
nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no meio
ambiente por ele criado, especialmente naquele em que vive e
trabalha

Dentro da Declaração da Conferência de Estocolmo, temos a


destacar alguns princípios que constam de :

 O homem tem o direito fundamental à liberdade, à


igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em
um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar
uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene
obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as
gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas
que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação
racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas
de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e
devem ser eliminadas.
 Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a
flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos
ecossistemas naturais devem ser preservados em benefício
das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa
planificação ou ordenamento.
 Deve-se manter, e sempre que possível, restaurar ou
melhorar a capacidade da terra em produzir recursos vitais
renováveis.
 O homem tem a responsabilidade especial de preservar e
administrar judiciosamente o património da flora e da fauna
silvestres e seu habitat, que se encontram actualmente, em
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 30

grave perigo, devido a uma combinação de factores


adversos. Consequentemente, ao planificar o
desenvolvimento económico deve-se atribuir importância à
conservação da natureza, incluídas a flora e a fauna
silvestres.
 Os recursos não renováveis da terra devem empregar-se de
forma que se evite o perigo de seu futuro esgotamento e se
assegure que toda a humanidade compartilhe dos benefícios
de sua utilização.

Sem prejuízo dos demais princípios podemos compactar os


Princípios do Direito ambiental como sendo os que melhor se
enquadram na Defesa e conservação da Natureza. Assim temos:

1. Princípio da supremacia do interesse público na protecção do


meio ambiente em relação aos interesses privados

2. Princípio da indisponibilidade do interesse público na protecção


do meio ambiente

3. Princípio da intervenção estatal obrigatória na defesa do meio


ambiente

4. Princípio da participação popular na protecção do meio ambiente

5. Princípio da garantia do desenvolvimento económico e social


ecologicamente sustentado

6. Princípio da função social e ambiental da propriedade

7. Princípio da avaliação prévia dos impactos ambientais das


actividades de qualquer natureza

8. Princípio da prevenção de danos e degradações ambientais

9. Princípio da responsabilização das condutas e actividades lesivas


ao meio ambiente

10. Princípio do respeito à identidade, cultura e interesses das


comunidades tradicionais e grupos formadores da sociedade

11. Princípios da cooperação internacional em matéria ambiental


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 31

Abordagens Para o Estudo do Ambiente

Para introduzir o Estudante na matéria ambiental vamos apresentar


algumas definições-caves do estudo do ambiente de modo a
familiarizar o estudante com a linguagem ambiental e os conceitos
básicos desta área do saber.

Definições:
Ecossistema: conjunto de seres vivos que interagem entre si
e com o meio onde habitam, de forma equilibrada através da
reciclagem de matéria e do uso eficiente da energia solar
Biótopo: meio natural que dá suporte aos seres vivos
Biocenose: conjunto de seres vivos
Ecossistema = biótopo + biocenose
(sistema estável, equilibrado e auto-suficiente, apresentando
as mesmas características topográficas, climáticas, botânicas,
zoológicas, hidrológicas e geoquímicas).
Habitat: local ocupado pela espécie, endereço de uma
espécie ou indivíduo
Nicho: profissão da espécie ou indivíduo (necessário
conhecer suas fontes de energia e alimento, suas taxas de
crescimento e metabolismo, seus efeitos sobre os outros
organismos e sua capacidade de modificar o meio em que
vive)
Equivalente ecológico: espécies que ocupam nichos
semelhantes em regiões distintas
Todo ecossistema procura um estado de equilíbrio dinâmico
ou homeostase, através de mecanismos de autocontrole e
auto-regulação que entram em acção assim que ocorra
qualquer mudança.

Entre a mudança e o accionamento dos mecanismos de auto-


regulação existe um tempo de resposta.
Este mecanismo homeostático só é efetivo para modificações
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 32

naturais. Em modificações artificiais impostas pelo homem,


por serem relativamente violentas e continuadas, este mecanismo
não é efectivo, não consegue absorver tais mudanças e ocorre o
impacto ecológico no meio.
Biomassa: quantidade total de matéria viva num ecossistema

RECICLAGEM DE MATÉRIA E FLUXO DE ENERGIA


Autótrofos: seres capazes de sintetizar seu próprio alimento.
Subdivide-se em:
a) quimiossintetizantes – cuja fonte de energia é a oxidação de
compostos inorgânicos e,
b) fotossintetizantes – utilizam a energia solar como fonte de
energia.
Reacção de fotossíntese:
6 CO2 + 6 H2O Þ C6H12O6 + 6 O2
Heterótrofos: seres incapazes de sintetizar seu alimento e que,
para obtenção de energia, utilizam-se do alimento sintetizado pelos
autótrofos. Ex.: animais herbívoros.
O fluxo de energia no ecossistema dá-se por diversos níveis
de seres vivos.
Os vegetais fotossintetizantes absorvem a energia solar,
armazenando-a como energia potencial na forma de
compostos químicos altamente energéticos constituintes dos
alimentos.
Os animais herbívoros consomem os vegetais absorvendo a
energia neles contida por meio do processo respiratório. E
assim por diante (carnívoros).
Reação de respiração:
C6H12O6 + 6 O2 Þ 6 CO2 + 6 H2O

Energia solar
Sol: gigantesco reactor de fusão nuclear onde continuamente
se processam reacções de fusão entre átomos de hidrogénio
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 33

originando átomos de hélio e liberando energia em forma de


ondas electromagnéticas.
Essa radiação tem um espectro de comprimentos de onda
que abrange desde valores extremamente pequenos (raios X
e gama) até valores elevados (ondas de rádio).
Entretanto 99% da energia total encontra-se na região do
espectro compreendida entre 0,2m e 4m (radiações visíveis).
Efeitos conhecidos.
Os efeitos das radiações de ondas curtas ou muito curtas ainda não
são conhecidos. Acredita-se que tem efeito mutagênico e
carcinogênico.

Reflexão e Absorção
A superfície terrestre recebe radiações visíveis, pequena quantidade
de ultravioleta, infravermelho e ondas de rádio.
Dessa energia incidente uma pequena parcela é utilizada pelos
vegetais e potencializada (por fotossíntese) emalimento. As
radiações UV são absorvidas pela camada de ozono (letal quando
incidido com grande intensidade). As radiações visíveis e
infravermelho são em grande parte absorvidas nas camadas
intermediárias da atmosfera pela poeira e vapor de água,
contribuindo para o aquecimento do ar.
Uma outra parte da energia incidente é reflectida pelas nuvens e
outras partículas no ar, volta ao espaço e torna-se perdida para a
erra (albedo). Medida da capacidade de reflectir a luz de um dado
material.
A radiação remanescente chega à superfície terrestre em forma de
luz directa ou difusa: 10% de radiação UV, 45% de radiação visível
e 45% de infravermelho. A dispersão é causada pelas moléculas
gasosas da atmosfera (conferindo a cor azul ao céu) e pelas
partículas sólidas em suspensão (conferindo à cor branca ao céu).
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 34

Energia e Vida na Terra


Incidência luminosa influi no clima da Terra e consequentemente
na vida no globo.

Influências indirectas da radiação solar:


- Divisão do ano em estações, ditada pela maior ou menor
intensidade com que a energia solar alcança a superfície da região
estudada.
- Criação de regiões quentes e frias, de baixa e alta pressão
respectivamente. Esta diferença de pressão faz com que as massas
de ar de regiões de alta pressão (áreas anticiclonais) desloquem-se
para regiões de menor pressão (áreas ciclonais) ocasionando chuvas.

Influências directas da luz solar:


Descontadas todas as perdas inerentes a qualquer processo de
transferência de energia, a energia absorvida da radiação solar
armazenada em forma de moléculas orgânicas complexas que serão,
quando necessário, transformadas em moléculas mais simples
liberando energia (respiração aeróbia ou anaeróbia).

Cadeias Alimentares
Definição: caminho seguido pela energia no ecossistema desde os
vegetais fotossintezantes, passando por uma série de organismos
que sucessivamente deles se alimentam e servem de alimento para
os outros.
Nível trófico: composto por organismos que apresentam tipo
semelhante de nutrição
Produtores: são os responsáveis pela produção de todo o alimento
que mantém o ecossistema (algas e plantas).

Consumidores primários: animais que se alimentam de plantas


(herbívoros)
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 35

Consumidores secundários: carnívoros que se alimentam


directamente de herbívoros
Consumidores terciários: carnívoros que se alimentam de
consumidores secundários e assim sucessivamente.
Seres onívoros: alimentação variada (homem)
Decompositores: microrganismos (bactérias e fungos) que obtém
alimento decompondo a matéria orgânica contida em restos de
seres vivos.
O conhecimento das cadeias alimentares permitirá aos humanos
agir sobre elas em seu benefício de forma ordenada. Levando ao
combate mais efectivo de pragas, através da incorporação à cadeia
alimentar de predadores naturais.

Produtividade Primária
Produtividade bruta: quantidade de material produzido pela
fotossíntese num período fixo de tempo.
Produtividade líquida: produtividade bruta – energia potencial
acumulada para auto-manutenção (para suas actividades físicas,
crescimento, formação de elementos reprodutivos, etc)
Pesquisadores tem calculado que apenas 10% do alimento
consumido por um herbívoro é aproveitado. Desses 10%, parte será
degradada para a obtenção de energia e parte será incorporada
como matéria constitutiva do corpo dos animais.

Sucessão Ecológica
É o desenvolvimento de um ecossistema desde sua fase inicial até a
obtenção de sua estabilidade e do equilíbrio entre seus
componentes.
A primeira comunidade que se instala é denominada comunidade
pioneira (ex.: líquenes) e a comunidade com a qual termina a
sucessão é denominada comunidade clímax.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 36

À medida que se avança na sucessão ecológica a taxa respiratória


aumenta, levando a uma redução na produtividade líquida do
ecossistema.
A produtividade bruta também cresce mas num ritmo menos
acelerado. Por sua vez, os ciclos de nutrientes, como nitrogénio,
fósforo e cálcio tendem a se fechar aumentando a independência do
ecossistema em relação ao meio externo, tendo os decompositores
papel de grande importância em tais comunidades.
Essa sucessão de comunidades vai criando um ambiente com
condições cada vez mais estáveis.
Ex.: Sucessão ecológica num campo de cultura abandonado, em
uma região onde anteriormente havia uma floresta:
campo Þ arbustos Þ mata intermediária Þ mata original

Amplificação Biológica
Assimilação pelo organismo de compostos químicos (poluentes na
água, p. ex.) através da síntese dos tecidos e gorduras.
- é necessário um grande número de elementos do nível trófico
anterior para alimentar um determinado elemento do nível trófico
seguinte.
- o poluente considerado deve ser recalcitrante ou de difícil
degradação
- o poluente considerado deve ser lipossolúvel Ex.: inseticida DDT
e mercúrio

Biomas
Grandes comunidades climáticas (isto é, que atingiram o clímax),
adaptadas a diferentes regiões do planeta.
Ecossistemas aquáticos:
Subdivididos em dois tipos: água doce e água salgada.
- Água doce: concentração de sais dissolvidos até 0,5g/l
- Água marinha: concentração de sais dissolvidos até 35g/l
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 37

Plâncton : são os organismos em suspensão na água sem meios de


locomoção própria, acompanham as correntes aquáticas (algas)
Bentos : são os organismos que vivem na superfície sólida
submersa, podendo ser fixos ou móveis
Nécton : são os organismos providos de meio de locomoção
própria (peixes).

a) Ecossistemas de água doce:


- Lagos
Origem: vulcânica e tectónica
Produtividade decresce à medida que a profundidade
aumenta. Os lagos podem ser oligotróficos (de baixa
produtividade, profundos e geologicamente jovens) e
eutróficos (lagos envelhecidos).
- Rios
Ecossistemas abertos.
Factores que influenciam o povoamento dos cursos de água :
velocidade da corrente, temperatura, oxigenação, composição
química das águas.

b) Oceanos
Grande influência nas características climáticas e atmosféricas da
Terra. Importante papel nos ciclos minerais, depositados próximos
aos continentes.
Definição de duas zonas distintas: Eufótica e Afótica
Eufótica: a 200 m de profundidade em média, é onde ocorre a
fotossíntese nos oceanos.
Afótica: profundidades maiores que 200 m, onde habitam animais
adaptados à ausência de claridade, possuindo olhos super
desenvolvidos em algumas espécies e atrofiados em outras,
sentidos mais aguçados e dotados de órgãos luminescentes para
atrair as presas.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 38

c) Estuários
Corpo de água litorâneo semi-fechado com livre acesso para o mar,
e onde as águas marinhas se misturam com a água doce
proveniente do continente em pontos de desembocaduras de rios e
baias costeiras, podendo ser considerado zona de transição entre
água doce e a salgada com características próprias.

Ecossistemas Terrestres:
Presença de grandes vegetais providos de raízes que são os
principais produtores do meio terrestre.
Fornecem abrigo a outras espécies e desempenham papel
importante na modificação do solo e clima. Organismos
estritamente autótrofos (luz + nutrientes minerais).
Decompositores no meio terrestre são basicamente constituídos por
fungos e bactérias.
As montanhas representam importante papel na distribuição de
chuvas pelas diversas regiões (barramento de ventos).
Caso típico do nordeste brasileiro.
Tundra: ausência de árvores e solo esponjoso e acidentado.
Pouca profundidade, solo permanentemente congelado.
Floresta de coníferas: vegetação pouco diversificada,
predominantemente pinheiros e coníferas. Clima frio.
Florestas temperadas: clima moderado com inverno bem definido,
precipitação abundante e distribuída. Vegetação baixa, do tipo
arbustos.

Florestas tropicais: precipitação elevada e distribuída ao longo de


todo ano, associadas à altas temperaturas, resultando em humidade
do ar bastante elevada.
Grande número de espécies: flora (caracterizada por árvores de
grande porte e espessa folhagem) e fauna (biocenose antiga e
ausência de mudanças climáticas). Abundância de alimentos e
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 39

grande diversidade de habitats, permitindo a formação de diversos


nichos ecológicos.
Campos: vegetação herbácea e rasteira. Subdivide-se em: estepe
(gramíneas) e savana (arbustos e pequenas árvores).
Herbívoros de grande porte e grandes carnívoros.
Desertos: vegetação rara e espaçada, solo nu. Regiões de baixas
precipitações.

Relações Ecológicas
As interacções entre os seres vivos que ocorrem tanto entre
membros de mesma espécie (interações intra-específicas) como
entre membros de espécies distintas (interacções interespecíficas)
são denominadas de relações ecológicas na biocenose.
Duas espécies que habitam uma mesma região podem ter influência,
uma sobre a outra: negativa, positiva ou nula. Isso ocorre em
relações intra-específicas e interespecíficas.
Sendo:
Ø Negativas: quando resultam em prejuízos para alguns indivíduos
que interagem;

Ø Positivas: quando resultam em vantagens ao menos para um dos


participantes da relação
Ø Neutra: quando não trazem nem benefício e nem prejuízo para
os indivíduos que dela participam.

a) Principais relações interacções intra-específicas


a. 1.) Competição
A competição intra-específica manifesta-se nas mais diversas
formas: plantas competem por água, por espaço, por luminosidade;
animais competem por parceiros de reprodução, por espaço, por
alimento, etc.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 40

Levando-se em conta a espécie como um todo, a competição pode


ser considerada benéfica porque constitui a principal força
limitadora do tamanho das populações em uma comunidade.

a.2.) Associação
Em certos casos, os membros de uma colónia ou sociedade são tão
interdependentes que parecem constituir um único organismo.
Ex.: As sociedades das formigas e das abelhas.
Uma sociedade de abelhas pode reunir cerca de 50 mil indivíduos
altamente socializados e que não conseguem viver isoladamente.
As funções dos indivíduos são bem definidas: certas operárias
localizam as flores, outras operárias fabricam os favos de cera e o
mel, outras fazem a limpeza geral, outras servem de guardiãs da
colmeia.
A rainha é uma abelha fêmea cuja única função é reproduzir se,
dando origem a outros indivíduos na colmeia. E os zangões são
machos que têm a função de fecundar a rainha durante o voo
nupcial.

a.3) Canibalismo
Quando um ser se alimenta de outro da mesma espécie. Este fato
pode ser observado entre determinadas espécies de aranhas. A
fêmea, após a cópula, mata e devora o macho.
Pode ser observado também quando existe um desequilíbrio
populacional (excesso de animais) provocando falta de nutrientes
ou alimento.

b) Interacções interespecíficas
Competição (-/-) : Gado e gafanhoto disputam o capim de um
mesmo pasto.
Amensalismo (0/-) : Fungos liberam uma substância que ataca
bactérias que venham a competir com eles por alimento.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 41

Cooperação (-/-) : Carangueijo Pagurus carrega uma concha para


proteger a sua cauda delicada e a anêmona do mar vive sobre a
concha.
Mutualismo ou simbiose (+/+) : Cupim e certos protozoários
microscópicos que habitam o seu intestino. Os cupins alimentam-se
de madeira mas são incapazes de digerir seu principal constituinte,
a celulose.

Comensalismo ou inquilinismo (+/0) : Associação da rêmora e o


tubarão. A rêmora possui uma ventosa com a qual se prende à
região ventral dos tubarões.
Herbivorismo (+/-) : animais herbívoros e plantas.
Parasitismo (+/-) : Uma espécie parasita associa-se a outra
(hospedeira) causando-lhe prejuízos por se alimentar à sua custa.
Ex.: pulgões e plantas.
Predatismo (+/-) : Espécie animal (predador) que se alimenta de
membros de outra espécie animal (presa).

ALTERAÇÕES BIÓTICAS NA ESTRUTURA DOS ECOSSISTEMAS.


Introdução de novas espécies:
Figo da índia (da América do Sul) – Uma única planta foi
introduzida em 1839 na Austrália. No final do século seus
descendentes cobriram uma superfície estimada em 4 milhões de
hectares. Em 1920, a cactácea já ocupava uma superfície 6 vezes
maior. Então em 1925, uma pequena borboleta Cactoblastis
cactorium foi utilizada para o combate aos cactos. As larvas se
alimentavam do caule destas plantas.
Aguapé (da América do Sul) – Foi introduzida em diversas regiões
do mundo como planta ornamental de lagos e jardins.
No entanto, a espécie escapou deste elo limitado onde foi
introduzida, colonizando ambientes selvagens.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 42

Coelho (de Regiões Mediterrâneas) – Em 1859, 24 casais de


coelhos foram levados à Austrália e soltos na natureza. Na Europa,
o tamanho da população de coelhos é controlado por seus inúmeros
predadores e parasitas. Na Austrália encontraram um ambiente
muito favorável e tornaram-se praga causando prejuízos
incalculáveis para a economia local.
Em 1950, introduziram um vírus causador de uma doença de
coelhos (mixomatose). E transmitido por mosquitos sugadores de
sangue. Como a população de coelhos era enorme, o vírus
espalhou-se rapidamente causando uma mortalidade estimada em
quase 99%. Com a diminuição da população de coelhos, diminuiu a
população de vírus e a transmissão da doença decaiu. Os coelhos
não foram totalmente eliminados pelos vírus mas entraram em
equilíbrio com ele.
Assim como esses, existem dezenas de outros exemplos de
introdução de espécies alienígenas que causaram e tem causado
gravíssimos problemas de desequilíbrio ecológico em diversas
regiões do mundo.

Extinção de espécies:
Assim como a introdução de novas espécies, a extinção também
pode causar sérios distúrbios no equilíbrio de um ecossistema.
Espécies se extinguem por processos naturais. Isso vem
acontecendo no planeta desde a origem dos primeiros seres vivos.
Ex.: Dinossauros.
Mas ao praticar a caça indiscriminada, devastar florestas, a
humanidade tem causado a extinção de muitas espécies.

Alterações Abióticas na Estrutura dos


Ecossistemas: Poluição
A poluição é resultante do lançamento de determinadas substâncias
no meio ambiente, por apresentar riscos potenciais à saúde e à
sobrevivência dos organismos vivos.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 43

Essas substâncias podem existir naturalmente no meio, tornando-se


prejudiciais quando em grande quantidade, ou serem sintéticas.
A poluição e seus métodos de controle são geralmente divididos em
três categorias: poluição da água, do ar e da terra.

Sumário
Nesta Unidade tiveste a oportunidade de colher alguns subsídios
na matéria de Diagnóstico Rural Participativo como uma das
técnicas de investigação no campo do ambiente, o que te
permitirá maior facilidade de intervir em matéria do ambiente e
organizar as comunidades para a defesa do ambiente em que
vivem com recurso a técnicas de investigação mais recentes.

Um conjunto de conceitos da área do ambiente é apresentado de


forma detalhada para dar os subsídios de poder abordar este tema
com maior facilidade e grau de compreensão dos fenómenos do
ambiente. Estamos conscientes de que não são suficientes, mas
no seu conjunto poderão contribuir para se ter uma visão das
terminologias ambientais.

Exercícios
1- Definas o Diagnóstico Rural Participativo?

2- Quais são as vantagens que o DRP apresenta para o ambiente?

3- Refira-se ao tipo de relações denominado Competição?

Nb: Entregar os exercícios 2 e 3


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 44

Unidade V
Formas de Defesa e Conservação
da Natureza DCN
Introdução
Nesta unidade temática, faz-se a abordagem sobre a Defesa e
Conservação da natureza, uma matéria de vital importancia para
a vida do Homem pois a manutenção da sua vida depende da
existência dos recursos naturais em quantidade e qualidade
necessárias o que pressupõe que é este Homem que tem o dever
de proteger os mesmos recursos de que necessita.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as formas de defesa e conservação da natureza.


 Destacar as funções da atmosfera no âmbito da proteção
Objectivos
da Terra.
 Descrever o processo de degradação da atmosfera e as formas
de defesa e conservação.
 Explicar conceitos de defesa e conservação da natureza

As Formas de Defesa e Conservação da Natureza: A Atmosfera

O meio ambiente é a principal circunstância dos seres vivos. O ar, a


terra, a água, tudo o que cria condições para que exista vida, tal
como a entendemos, compõe a biosfera. A frágil interacção entre
estes três elementos é o que possibilita condições para a existência
de toda uma ampla faixa de vida em nosso planeta, dos seres mais
elementares até o que chamamos de vida inteligente.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 45

Diversidade biológica (ou simplesmente biodiversidade) pode ser


definida como a diversidade total e a variabilidade dos organismos
vivos (incluindo, naturalmente, o homem) e dos sistemas
ecológicos dos quais eles são parte.

Devido ao rápido crescimento da população humana e do uso


desordenado dos recursos naturais do planeta, vários ambientes
importantes foram bastante modificados pelo homem. Estas
modificações foram tão sérias que várias espécies de organismos
entraram no caminho irreversível da extinção. A espécie humana
tem utilizado várias espécies de organismos para garantir a sua
sobrevivência. A espécie humana também deve a sua sobrevivência
a inúmeros serviços ambientais prestados pela natureza. Estes
serviços incluem, por exemplo, a manutenção da qualidade da
atmosfera, a reciclagem natural de materiais utilizados pelo homem,
o controle do ciclo hidrológico, a geração e conservação de solos
férteis, que são essenciais à agricultura e ao manejo de florestas, o
controle de pragas para a agricultura e de vetores de doenças, entre
outros. Além das razões mencionadas acima, existem várias razões
de origem cultural para conservar a diversidade biológica do
planeta. Alguns de nossos sentimentos estéticos e religiosos mais
profundos evoluíram através de nossa interação com alguns
elementos da biodiversidade.

A Convenção para a Diversidade Biológica foi assinada por vários


países, incluindo o Brasil, durante a Conferência das Nações
Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92). Esta
convenção estabeleceu um conjunto de medidas a serem adotadas
para conservar a diversidade biológica de cada nação, conferindo
especial destaque à conservação in situ, ou seja, a proteção da
biodiversidade no próprio local de ocorrência natural, cujo sistema
de unidades de conservação é um dos instrumentos essenciais. Uma
das formas de garantir a conservação da diversidade biológica de
um país é o estabelecimento de um sistema de áreas protegidas.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 46

No nosso país as áreas protegidas são várias de acordo com a


concepção legal que se tem das mesmas. Assim temos áreas de
proteção permanente, as reservas legais, florestas sagradas, as
quotadas e Unidades de conservação. As unidades de conservação
constituem-se em uma categoria de área protegida mais específica e
efetiva. Elas devem ter as seguintes características: ser um espaço
territorial que se destaca por possuir um conjunto "único" ou
representativo das características naturais consideradas como
relevantes; ser legalmente instituída para a proteção da natureza,
com objetivos e limites definidos; possuir um regime específico de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
ser permanente. Além da função de proteger a diversidade
biológica, as unidades de conservação podem ter outras funções.
Por exemplo a função turística, função acadêmica.

Dos pouco mais de 12.700 quilómetros do diâmetro da terra, a


crosta terrestre possui apenas 8 quilómetros de espessura sob os
oceanos e 35 quilómetros sob os continentes, enquanto a camada de
ar essencial à vida, a atmosfera, tem uma altura de 1.600
quilómetros a partir da superfície terrestre. Da superfície total do
globo, 70% é água e somente 30% é terra (Enciclopédia Delta
Universal, 1982). A biosfera, a porção do globo na qual as
diferentes formas de vida podem se desenvolver, é apenas isto. É
pouco. Não temos muito espaço, o que obriga a adopção de
cuidados especiais para que danos irremediáveis não sejam
causados a este habitat, o único que possuímos.

Os desequilíbrios podem ser provenientes de factores externos ao


planeta, como a queda de meteoritos, ou de factores internos, que
podem ser de origem natural ou provocada. Os lançamentos de
cinzas vulcânicas, por exemplo, podem acarretar danos ao meio
ambiente. No entanto, não há como controlá-los, pois são
decorrentes das acções da natureza.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 47

Os mais graves são os desequilíbrios provocados pelos seres


humanos. Como se fossem movidos por forças incontroláveis, os
homens, ao longo do século, vêm pouco a pouco destruindo
elementos essenciais da biosfera, provocando desequilíbrios que
tornam o meio ambiente hostil a qualquer forma de vida.

A Função Protectora da Atmosfera

A atmosfera da Terra serve como um factor principal para sustentar


o ecossistema planetário. A fina camada de gases que envolve a
Terra é mantida no lugar pela gravidade do planeta. O ar seco
consiste em 78% de nitrogénio, 21% oxigénio, 1% árgon e outros
gases inertes como o dióxido de carbono. Os gases restantes são
geralmente referenciados como "trace gases", entre os quais se
encontram os gases do efeito estufa como o vapor de água, dióxido
de carbono, metano, óxido nitroso e ozono. O ar filtrado inclui
pequenas quantidades de muitos outros compostos químicos. O ar
também contém uma quantidade variável de vapor de água e
suspensões de gotas de água e cristais de gelo vistos como nuvens.

Muitas substâncias naturais podem estar presentes em quantidades


mínimas em amostras de ar não filtrado, incluindo poeira, pólen e
esporos, maresia, cinzas vulcânicas e meteoroide. Vários poluentes
industriais também podem estar presentes, como cloro (elementar
ou em compostos), compostos de flúor, mercúrio na forma
elementar, e compostos de enxofre como o dióxido de enxofre

A camada de ozono da atmosfera terrestre possui um importante


papel em reduzir a quantidade de radiação ultravioleta (UV) que
atinge a superfície. Como o DNA é facilmente danificado pela luz
UV, isso serve como protecção para a vida na superfície. A
atmosfera também retém calor durante a noite, assim reduzindo os
extremos de temperatura durante o dia.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 48

A Degradação da Atmosfera e suas Formas de Defesa e


Conservação.

A atmosfera como camada protectora do nosso planeta tem sofrido


durante vários anos a intervenção de elementos estranhos aos vários
processos do seu funcionamento.

As chuvas ácidas são causadas por gases tóxicos emitidos em


processos industriais e pelos motores a combustão. Levados pelo
vento, eles poderão ser produzidos em uma região e provocar danos
à natureza, como a destruição de florestas, por exemplo, em outras
regiões. Esse é um fenómeno localizado e pode ser eliminado
através de redução da poluição industrial.

A destruição da camada de ozono é provocada pelo CFC


(clorofluorcarbono) existente nos aerossóis, em embalagens e nos
equipamentos de refrigeração. Cada partícula de CFC desprendida
pode destruir milhares de partículas de ozono, abrindo um
verdadeiro buraco nesta camada da estratosfera que filtra raios
ultravioletas. A destruição desta camada provocará o aumento na
ocorrência de câncer de pele e de doenças oculares, além de
eliminar inúmeras espécies biológicas.

Várias reuniões têm sido realizadas pelos países industrializados,


principais consumidores de CFC, com vistas a alterar os processos
tecnológicos, de modo a permitir o uso de sucedâneos para insumos
tão danosos ao meio ambiente. Este é um fenómeno que deverá ser
resolvido quase exclusivamente pelos países ricos, quer pela
redução do uso de CFC, quer pela busca de substitutos não
prejudiciais à natureza. Os países em desenvolvimento são
responsáveis por apenas 15% do uso total de CFC.

O efeito estufa é relativo ao progressivo aquecimento do planeta,


provocado pela queima de combustíveis fósseis. O elemento
principal do efeito estufa é o aumento de dióxido de carbono na
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 49

atmosfera. Observou-se ao longo dos últimos cem anos uma


elevação da temperatura média do globo de 0,71C. A manter-se o
actual ritmo de produção de calor na Terra, poderá haver uma
elevação da temperatura global entre 1,51C e 4,51C até a metade
do próximo século, o que provocaria degelos, a elevação do nível
dos oceanos e, é claro, toda sorte de danos advindos desse
desequilíbrio climático. Essa elevação de temperatura poderá
provocar um aumento do nível dos oceanos de 30 cm até 1,5 m.

No combate ao efeito estufa, a participação dos países


industrializados tem que ser muito forte, pois são eles os principais
responsáveis pela produção do calor terrestre. O calor, um
subproduto dos principais processos industriais actualmente
adoptados, é um produto da riqueza. As pessoas residentes em
países de clima frio utilizam cada vez mais energia em sua vida
diária. O uso dos automóveis também se intensifica, contribuindo
para o aumento de calor. Outra fonte do calor é a queima de
florestas. Em 1988, a humanidade colocou 5,5 bilhões de toneladas
de carbono na atmosfera, provenientes da queima de florestas,
segundo o relatório State of the World (Brown 1982).

Nos países em desenvolvimento, as manifestações contra o meio


ambiente podem ocorrer de maneiras diferentes, mas evidenciam
um ponto comum: a pobreza da maior parte da população, o que
vem postergando a adopção de medidas relativas à protecção
ambiental. Torna-se difícil administrar alguns dilemas como:
garantir comida, casa, trabalho, saúde, educação e, ao mesmo
tempo, destinar recursos à protecção de parques nacionais, à
despoluição de rios e ao replantio de florestas destruídas. Eis uma
difícil encruzilhada da qual só se sairá com a consciência de que o
meio ambiente é um só e merece cuidados.

A redução da pobreza dá-se através da constante geração de


empregos. A globalização da economia, porém, impõe padrões de
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 50

competitividade entre as indústrias jamais vistos, que pressupõem


ganhos cada vez maiores de produtividade, mediante o
aperfeiçoamento tecnológico e a redução gradual da mão-de-obra
empregada. Esta talvez seja a era do desemprego global. Políticas
de industrialização visando a gerar empregos, como as até pouco
tempo praticadas, não surtirão mais efeito.

Nos países pobres e em desenvolvimento, as massas


desempregadas poderão encontrar trabalho em sectores que
ocupem mão-de-obra de modo intensivo, como os programas
habitacionais e a construção de obras de infra-estrutura. O
problema de mais difícil solução encontra-se nos países ricos, onde
a maior parte da infra-estrutura já está construída, o problema
habitacional não é grave, a sociedade está acostumada com padrões
de vida elevados e os avanços tecnológicos estão mais presentes
nos processos industriais. Isso nos leva a crer que se caminha para
um mundo mais rico, porém mais excludente. Cada vez menos
pessoas poderão participar das vantagens de uma sociedade cada
vez mais moderna.

É um sério dilema que muito tem a ver com a protecção ambiental


à medida que existe uma íntima relação negativa de causa e efeito
entre a pobreza e o meio ambiente. Aumentando o estoque de
pobreza, mais agressões ao meio ambiente e menos recursos para a
protecção ambiental devem ser esperados.

Sumário
A Convenção para a Diversidade Biológica foi assinada por
vários países, incluindo Moçambique, durante a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio
92). Este compromisso dos países tem como pano de fundo a
importância que estes países depositam na defesa e conservação
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 51

da natureza e de forma a garantir a sua sustentabilidade e o


desenvolvimento dos mesmos.

Exercícios
1- Descreva as formas encontradas em Moçambique para a
defesa e conservação da natureza?

2- Diga qual é a função protectora da atmosfera?

3- Refira-se as principais formas de degradação da atmosfera que


conheces?

Nb: Entregar os exercícios 2 e 3


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 52

Unidade VI
Defesa e Conservação da
Hidrosfera
Introdução
Nesta unidade temática, destaca-se o papel dos ciclos
hidrológicos e a sua relação com o processo da poluição das
águs tanto superficiais como as que se encontram em forma de
vapor e dispersas na atmosfera como também as que se
encontram na superfície da Terra ou no mar.

A compreenção deste capítulo ajudará a entender a necessidade


de se preservar ou evitar a remeça de substâncias que podem ser
nocivas a saúde humana. É neste processo que a sociedade pode
se relacionar com o meio que rodeia e desta forma estabelecer as
medidas para que esta hidrosfera possa continuar no futuro a
melhorar as condições de vida das populações.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir os ciclos biogeoquímicos.


 Explicar o ciclo da água no processo dos ciclos
Objectivos
biogeoquímicos.
 Determinar as formas de poluição das águas e as formas de
defesa e conservação das mesmas.

O Papel do Ciclo Hidrológico

Um ciclo biogeoquímico é o percurso realizado no meio ambiente


por um elemento químico essencial à vida. Ao longo do ciclo, cada
elemento é absorvido e reciclado por componentes bióticos (seres
vivos) e abióticos (ar, água, solo) da biosfera e, às vezes, pode se
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 53

acumular durante um longo período de tempo em um mesmo lugar.


É por meio dos ciclos biogeoquímicos que os elementos químicos e
compostos químicos são transferidos entre os organismos e entre
diferentes partes do planeta.

Os mais importantes são os ciclos da água (Hidrológico), oxigénio,


carbono, nitrogénio e fósforo

O ciclo hidrológico é dirigido pela energia solar e compreende o


movimento da água dos oceanos para a atmosfera por evaporação e
de volta aos oceanos pela precipitação que leva à lixiviação ou à
infiltração.

Cerca de 97% do suprimento de água está nos oceanos, 2% nas


geleiras e muito menos que 1% na atmosfera (0,001%).
Aproximadamente 1% do total da água contida nos rios, lagos e
lençóis freáticos é adequada ao consumo humano.

A água contida na atmosfera provém de todos os recursos de água


doce, através do processo da precipitação.

A água circula no planeta devido às suas alterações de estado que


são, principalmente, dependentes da energia solar.

A energia proveniente do Sol não atinge a Terra homogeneamente,


mas com maior intensidade no equador do que nos pólos, no verão
do que no inverno, e apenas durante o dia. Essa heterogeneidade
condiciona movimentos das massas de ar (ventos) e de água
(correntes oceânicas), responsáveis por diversas características do
clima e de suas alterações.

Apenas 3% da água do planeta não estão nos oceanos. Neles ocorre


alta produção de vapor, que é deslocado por ventos até a superfície
terrestre, onde a evaporação é menor.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 54

Conforme o vapor de água sobe a atmosfera, ele encontra menor


temperatura e pressão, e tende a formar gotículas que constituem
nuvens. Quando os movimentos de ar deslocam as nuvens contra
uma serra, ela é forçada a subir mais, o que pode provocar sua
precipitação, geralmente na forma de chuva ou de neblina. O
mesmo ocorre quando uma massa de ar frio (frente fria) encontra
uma massa de ar quente e húmido.

A água que se precipita, seja através de chuva, neve, granizo, etc.


pode, em sua forma líquida, infiltrar-se no solo e subsolo, ou escoar
superficialmente, tendendo sempre a escorrer para regiões mais
baixas e podendo, assim, alcançar os oceanos. Nesse percurso e nos
oceanos, ela pode evaporar directamente, como também pode ser
captada pelos seres vivos.

Durante a fotossíntese dos organismos clorofilados, a água é


decomposta: os hidrogénios são transferidos para a síntese de
substâncias orgânicas e o oxigénio constitui o O2 que é liberado.

Durante a respiração, fotossíntese e diversos outros processos


bioquímicos, são produzidas moléculas de água.

As plantas terrestres obtêm água do solo pelas raízes, e perdem-na


por transpiração. Os animais terrestres que ingerem, e a perdem por
transpiração, respiração e excreção.

Através desses processos, a água circula entre o meio físico e os


seres vivos continuamente.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 55

Figura: Representação do Ciclo hidrológico

Fonte: Imagem retirada da Net.

A Poluição da Água – suas Formas de Defesa e Conservação

A água pode ser contaminada de diversas maneiras: pela acumulação de


lixos e detritos junto de fontes poços e cursos de água;

Pelos esgotos domésticos que aldeias, vilas e cidades lançam nos rios ou
nos mares.

Imagem: Representação da acção poluidora das águas

Fonte: Imagem retirada da Net


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 56

Pelos resíduos tóxicos que algumas fábricas lançam nos rios;

Pelos produtos químicos que os agricultores utilizam para combater


as doenças das suas plantas e que as águas das chuvas arrastam
para os rios e para os lençóis das águas existentes no subsolo; Pela
lavagem clandestina ou seja não autorizada, de barcos no alto mar,
que largam combustível;

Pelos resíduos nucleares radioactivos depositados no fundo do mar;

Pelos naufrágios dos petroleiros, ou seja acidentes que causam o


derrame de milhares de toneladas de petróleo, sujando as águas e a
costa e matam toda a vida marinha (maré negra)

Figura: Aspecto de crude derramado nas águas oceânicas

Fonte: Imagem retirada da Net

A poluição de água tem sido um problema para a nossa sociedade,


as indústrias que cada vez faz mais poluição sem qualquer medida
proteccionista contribuem fortemente para o problema.

A maior parte dos poluentes atmosféricos reage com o vapor de


água na atmosfera e volta á superfície sob forma de chuvas,
contaminando pela absorção do solo, os lençóis subterrâneos. Nas
cidades e regiões agrícolas são lançados diariamente cerca de 10
bilhões de litros de esgotos que poluem rios, lagos, lençóis
subterrâneos e águas de mananciais.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 57

Os oceanos recebem boa parte dos poluentes dissolvidos nos rios


além de lixo dos centros industriais e urbanos localizados no litoral.

O excesso de material orgânico no mar leva à proliferação


descontrolada de microrganismos, que acabam por formar as
chamadas "marés vermelhas" - que matam peixes e deixam os
frutos do mar impróprios para o consumo do homem. Anualmente
1 milhão de toneladas de óleo se espalham pela superfície dos
oceanos, formando uma camada compacta que demora para ser
absorvida.

Desde há muito que os peritos marinhos e aquáticos argumentam


que todos os novos compostos introduzidos no nosso mar e rios
deveriam ser considerados potencialmente letais. Eis um
testemunho desses peritos:

"No dia seguinte navegávamos sob vento fraco através de um


oceano onde a água límpida estava cheia de massas flutuantes e
negras de alcatrão, aparentemente sem fim… O Atlântico já não era
azul, mas sim cinzento esverdeado e opaco, coberto de coágulos de
petróleo que variavam de tamanho, desde a cabeça de um alfinete
até às dimensões de uma sanduíche. No meio do lixo, flutuavam
garrafas de plástico. Poderíamos estar num sujo porto citadino…
Tornou-se claro para nós que a humanidade estava realmente a
poluir a sua mais vital nascente, o indispensável filtro do nosso
planeta, o oceano."

Parte da poluição é muito visível: rios espumosos, um brilho oleoso


à superfície de um lago, cursos de água atulhados de lixo doméstico
(como é o caso do nosso rio Douro). Mas grande parte é invisível.
Lagos afectados pelas chuvas ácidas podem ainda parecer muito
bonitos mas sem vida.

Os navios que derramam impunemente petróleo e poluentes


químicos na água dos oceanos. Mas embora as descargas e
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 58

derrames de petróleo no alto mar tenham efeitos locais importantes,


estas águas encontram-se livres dos piores efeitos da poluição.

As principais áreas de preocupação são as que se encontram


próximo de terra e de aglomerados humanos. É aqui que a poluição
se concentra, é também aqui que se encontra a maioria de vida
marinha, nas plataformas continentais.

O lixo da sociedade tornou-se uma praga para a vida marinha. As


tartarugas marinhas e as baleias ingerem sacos de plástico, que
tomam por medusas, provocando-lhe a morte por asfixia. Uma vez,
encontrou-se um cachalote com 50 sacos de plásticos entalados na
garganta. As aves marinhas ingerem pequenas bolas de polietileno
que flutuam à superfície do mar; as aves sentem-se fartas e isso
impede-as de se alimentarem adequadamente. Não conseguem
engordar e, assim, a sua aptidão para sobreviverem é reduzida.

Nas ilhas Aleutas, no Pacífico Norte, a população de focas tem


diminuído 10%, não devido à caça ou à diminuição das reservas de
peixes, mas por serem apanhadas por precintas plásticos de
embalagem e por tiras plásticas que mantêm unidas as latas de
bebidas. Anualmente, um milhão e meio de quilómetros de redes de
pesca, de "nylon" (conhecidas por "a cortina da morte"), são
lançadas ao mar e cerca de 100 quilómetros de rede acabem por
perder-se. Essas "redes - fantasmas" continuam a pescar, sem
governo. Capturam e provocam o afogamento de tartarugas
marinhas, focas, aves marinhas, golfinhos e baleias. A partir de
finais de 1988, deverá ter entrado em vigor um tratado
internacional que tornará ilegal o despejo de matérias plásticas ou
redes de "nylon" no mar.

As poluições das águas fluviais são, hoje, constantemente agredidas


pelo excesso de poluentes derramados e despejados destas águas.
Os constantes despejos de esgotos das fábricas e dos centros
urbanos estão carregados de substâncias que podem constituir
causa séria de poluição como por exemplo: ovos de parasitas,
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 59

fungos, bactérias, e vírus que ocasionam doenças como tifo,


tuberculose, hepatite e cólera.

A poluição marinha se dá principalmente pelo derramamento de


petróleo em caso de vazamentos e acidentes com petroleiros.
As grandes formas de poluição aquática

Esgotos pluviais e escoamento urbano - Escoamento de superfícies


impermeáveis incluindo ruas, edifícios e outras áreas pavimentadas
para esgotos ou tubos antes de descarregarem para águas
superficiais.
Uma forma comum de poluição das águas é causada pelo
lançamento de dejectos humanos nos rios, lagos e mares. Sendo
constituídos de matéria orgânica, esses resíduos levam ao aumento
da quantidade de nutrientes disponíveis no ambiente, fenómeno
denominado eutroficação (do grego eu, bem, bom, e trofos,
nutrição). A eutroficação permite grande proliferação de bactérias
aeróbicas, que consomem rapidamente todo o oxigénio existente na
água. Como consequência, a maioria das formas de vida acaba por
morrer, inclusive as próprias bactérias. Devido à eutroficação por
esgotos humanos, os rios que banham as grandes cidades do mundo
tiveram sua flora e fauna destruídas, tornando-se esgotos a céu
aberto. O lançamento de esgotos nos rios acarreta, ainda, a
propagação de doenças causadas por vermes, bactérias e vírus.
Marés vermelhas.

O desenvolvimento da agricultura também tem contribuído para a


poluição do solo e das águas. Fertilizantes sintéticos e agro tóxicos
(insecticidas, fungicidas e herbicidas), usados em quantidades
abusivas nas lavouras, poluem o solo e as águas dos rios, onde
intoxicam e matam diversos seres vivos dos ecossistemas.
Concentração de insecticidas nas cadeias alimentares

Desde a década de 1940, alguns insecticidas do grupo dos


organoclorados, tem sido amplamente utilizados na lavoura.
Absorvido pela pele ou nos alimentos, o acúmulo de DDT no
organismo humano está relacionado com doenças do fígado, como
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 60

a cirrose e o câncer. O uso indiscriminado e descontrolado do DDT


fez com que o leite humano, em algumas regiões dos EUA
chegasse a apresentar mais insecticida do que o permitido por lei
no leite de vaca. O DDT, além de outros insecticidas e poluentes,
possui a capacidade de se concentrar em organismos.

Ostras, por exemplo, que obtêm alimento por filtração da água,


podem acumular quantidades enormes de insecticida em seus
corpos, concentrando-o até cerca de 70 mil vezes. Se forem
consumidas por animais ou pelo homem, podem causar intoxicação
e morte. Em determinados ecossistemas, o DDT é absorvido pelos
produtores e consumidores primários, passando para os
consumidores secundários, e assim por diante. Como cada
organismo de um nível trófico superior geralmente como diversos
organismos do nível inferior, o DDT tende a se concentrar nos
níveis superiores.

Degradação ambiental A superfície da Terra está em constante


processo de transformação e, ao longo de seus 4,5 bilhões de anos,
o planeta regista drásticas alterações ambientais. Há milhões de
anos, a área do actual deserto do Sahara, por exemplo, era ocupada
por uma grande floresta e os terrenos que hoje abrigam a floresta
amazónica pertenciam ao fundo do mar. As rupturas na crosta
terrestre e a deriva dos continentes mudam a posição destes ao
longo de milénios. Em consequência, seus climas passam por
grandes transformações. As quatro glaciações já registadas –
quando as calotas polares avançam sobre as regiões temperadas –
fazem a temperatura média do planeta cair vários graus.

As fraldas descartáveis demoram mais de cinquenta anos para se


decompor, e os plásticos levam de quatro a cinco séculos. Ao longo
do tempo, os mares, oceanos e mangais vêm servindo de depósito
para esses resíduos. Resíduos radioactivos – Entre todas as formas
de lixo, os resíduos radioactivos são os mais perigosos. Substâncias
radioactivas são usadas como combustível em usinas atómicas de
geração de energia eléctrica, em motores de submarinos nucleares e
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 61

em equipamentos médico-hospitalares. Mesmo depois de


esgotarem sua capacidade como combustível, não podem ser
destruídas e permanecem em actividade durante milhares e até
milhões de anos. Despejos no mar e na atmosfera são proibidos
desde 1983, mas até hoje não existem formas absolutamente
seguras de armazenar essas substâncias. As mais recomendadas são
tambores ou recipientes impermeáveis de concreto, à prova de
radiação, que devem ser enterrados em áreas geologicamente
estáveis.

A reciclagem é empregada na recuperação de uma parte do lixo


sólido. Os objectos mais comuns são o papel, latas de alumínio e
aço, vidro, plástico e restos de jardim. Uma vez reciclados, esses
materiais são reaproveitados, podendo ser encontrados em produtos
como livros, fitas de áudio e vídeo, lâmpadas fluorescentes,
concreto, bicicletas, baterias e pneus de automóvel. O
gerenciamento do lixo sólido por meio da reciclagem, além de
ajudar na preservação dos recursos primários existentes na natureza,
permite a redução do volume do lixo e a diminuição da poluição do
ar e da água. Traz também economia de energia e de água na
produção. O papel reciclado, por exemplo, requer cerca de 74% a
menos de energia e 50% a menos de água do que o papel obtido de
madeira virgem. Por outro lado, a reciclagem pode contribuir para a
poluição do ar e da água se os produtos químicos empregados no
reprocessamento dos materiais não forem usados de forma
apropriada. Os países industrializados são os que mais produzem
lixo e também os que mais reciclam.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 62

Sumário
Esta unidade temática, ajudou a compreender que o ciclo
hidrológico é dirigido pela energia solar e compreende o
movimento da água dos oceanos para a atmosfera por evaporação e
de volta aos oceanos pela precipitação que leva à lixiviação ou à
infiltração.

Como tal neste processo temos a considerar que grande parte dos
processos que intervêm aqui está em estreita relação um do outro,
razão pela qual a introdução de resíduos ou substâncias tóxicas no
meio aquático pode causar problemas ambientais graves de reparar

Exercícios
1- A água circula no planeta devido às suas alterações de estado
que são, principalmente, dependentes da energia solar. Fundamente
a afirmação dada em cima.

2- Explique o alcance da activodade agrícola na poluição das ágras?

3- Menciona os princípais agentes da poluição das águas dos rios


no nosso país.

Nb: Entregar o exercício 1 e 2


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 63

Unidade VII
Defesa e Conservação dos Solos
Introdução
O solo é um reurso natural de valor inestimável, pois sem a sua
existência seria ipmossível a vida na terra. Contudo, este tem
soido sido alvo de contínuas agressões através da intensificação
das práticas agrícolas e outras actividades desencadeadas pelo
Homem. Nesta unidade temática, iremos descrever o solo como
ecossitema e um factor importante do ambiente.

Teremos a oportunidade de destacar os diferentes materiais que


se encontram no sistema do solo como forma de destacar a sua
importância no ciclo da vida de diferentes organismos vivos na
natureza e não só como na componente abiótica.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a importância do solo na manutenção dos


ecossistemas.
Objectivos
 Explicar a origem dos diferentes materiais que compõe o
solo.
 Explicar a importância do solo no ciclo da matéria

O Solo Como Ecossistema e Factor do Ambiente

O solo é um factor essencial para o crescimento e desenvolvimento


da vegetação, pois é a fonte de nutrientes que será utilizada no
metabolismo da planta. Para que o vegetal possa crescer e se
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 64

desenvolver adequadamente é necessário ser eficiente na absorção


e utilização dos minerais disponibilizados.

A eficiência nutricional é a capacidade que uma planta tem de


absorver e utilizar os nutrientes disponíveis. Assumindo este
conceito, plantas com alta capacidade de absorção e utilização de
nutrientes, conseguem ter maior produtividade primária. Assim
quando há a dificuldade de obter esses nutrientes, por vários
factores, principalmente os que serão apresentados mais a diante,
essas plantas reduzem sua eficiência, pois são encontradas com
deficit nutricional.

O solo é um componente fundamental do ecossistema terrestre pois,


além de ser o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu
crescimento e disseminação, fornecendo água, ar e nutrientes,
exerce, também, multiplicidade de funções como regulação da
distribuição, escoamento e infiltração da água da chuva e de
irrigação, armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas e
outros elementos, ação filtrante e protetora da qualidade da água e
do ar.

Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado


em função do uso inadequado pelo homem, condição em que o
desempenho de suas funções básicas fica severamente prejudicado,
o que acarreta interferências negativas no equilíbrio ambiental,
diminuindo drasticamente a qualidade vida nos ecossistemas,
principalmente naqueles que sofrem mais diretamente a
interferência humana como os sistemas agrícolas e urbanos.

Como ecossistema o solo possui diversos factores do ambiente que


se podem considerar: O material de origem do solo, o Ph do solo, o
regime hídrico e matéria orgânica
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 65

Material de Origem do Solo

A origem do material que constitui o solo pode ser considerada


diversificada de maneiras que temos que olhar para as diversas
vertentes da transformação da matéria nos processos que envolvem
os ciclos biogeoquímicos, integrando a componente biótica e
abiótica. A vegetação é definida por climas variados, cuja
decomposição constitui um elemento que integra a componente
orgânica do solo onde se conjuga também os solos oriundos de
diferentes rochas de origem, além de factores edáficos que definem
o mosaico estrutural do solo, como a drenagem, a fertilidade, a
profundidade efectiva, dentre outros.

O tipo de solo predominante no bioma Cerrado é o latossolo, que é


caracterizado por ser um solo profundo, bem drenado e com alta
capacidade de ser intemperizado (processo causado por diversos
factores que levam a diminuição da fertilidade do solo por perda de
nutrientes) e lixiviado (processo causado pela chuva que ao
penetrar no solo, leva consigo elementos químicos essenciais).

Muitos nutrientes fundamentais (N, K, P, S, Ca, Mg) para o


desenvolvimento das plantas são escassos em solos profundos
como o latossolo. Esta escassez de nutrientes se deve ao fato de que
os materiais vindos da rocha-mãe são de baixo nível nutricional, e
ainda, esses poucos nutrientes são perdidos por meio da acção do
intemperismo e da lixiviação.

Com a deficiência nutricional, as plantas não conseguem reservar


nutrientes em sua biomassa aérea. Em florestas, por exemplo, estes
estoques são importantes quando utilizados em uma sucessão
secundária, onde são usados para reflorestamento do local afectado.
No Cerrado isto não ocorre, pois a maior parte da biomassa da
vegetação está sob o solo.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 66

A falta de nutrientes essenciais afecta a produção de serrapilheira


ao longo do ano, uma vez que a reciclagem da biomassa aérea é
mais lenta e as folhas permanecem por mais tempo na planta para
que assim o vegetal diminua os custos de investimento na produção
de mais biomassa.

Dessa forma, o material originado da rocha-mãe influencia na


quantidade de nutrientes que serão dispostos para as plantas, pois é
este material que constituirá o solo. Se o solo não fornece às
plantas os nutrientes fundamentais, estas espécies vegetais se
desenvolverão com dificuldade. Esse factor juntamente com a
acidez e a alta quantidade de alumínio no solo, favorece o
escleromorfismo oligotrófico, para Arens (Id.), a falta de nutrientes
para as plantas limita o uso dos produtos que realizam a
fotossíntese, os quais ficam acumulados e geram um excesso de
carboidratos que serão eliminados sob a forma de uma membrana
espessa de celulose, em determinadas partes da planta, provocando-
lhe o aspecto escleromórfico. Isso se observa em muitas espécies
nativas do Cerrado sensu stricto como exemplo: Kielmeyera
coriacea (pau-santo), Hancornia speciosa (mangaba), Brasimum
gaudichaudii (mama-cadela), e o famoso pequi (Cariocar
brasiliense).

pH

Os estudos mostram que o Cerrado apresenta um pH ácido,


variando de 4.3 a 6.2 aproximadamente. Isto ocorre pelo fato de
que no latossolo do Cerrado há altas quantidades de alumínio e há
baixa disponibilidade de nutrientes essenciais, tais como, o fósforo,
o cálcio, o magnésio, potássio, zinco, uma vez que, por exemplo, o
principal mecanismo de fixação do fósforo no solo acontece
quando o pH é baixo e procede através da precipitação de fósforo
(P) com alumínio (Al) e ferro (Fe) para que esse elemento fique
disponível para ciclagem.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 67

Caso o pH seja alto ocorrerá a formação de fosfatos cálcicos


insolúveis tornando os nutrientes essenciais indisponíveis para a
ciclagem, e pode diminuir a absorção de micronutrientes
(nutrientes menos necessários) como o ferro (Fe), Cobre (Co) e
outros.

A alteração do pH do solo causa dois problemas principais:


influencia na indisponibilidade dos nutrientes, como no caso do
fósforo; e gera a toxicidade de determinados elementos, tais como
o alumínio, onde a sua toxicidade é severa quando o pH está abaixo
de 5.0. Coincidentemente, o bioma Cerrado tem como
característica o solo ácido, então essa situação se torna comum,
inibindo assim, a formação normal da raiz; há interferência nas
reacções enzimáticas e na absorção de nutrientes por parte do
vegetal. Isto gera reflexos negativos na produtividade primária.

Regime Hídrico

O regime hídrico, ao mesmo tempo em que auxilia na deficiência


de nutrientes (uma vez que propicia o processo de lixiviação),
também é importante para a eficiência nutricional da planta, uma
vez que é no ambiente aquoso que ocorrem vários processos
fisiológicos da planta, como transporte de nutrientes, fotossíntese,
fixação biológica de nitrogênio, dentre outros (Hsaio, 1973). E
estudos feitos por Fagueira (1998) referente à optimização da
eficiência nutricional confirmaram que devido à ausência de água
(deficiência hídrica), as plantas diminuíram a fixação de nitrogénio,
e por consequência, a sua eficiência nutricional, já que esse
elemento químico tem um papel importante na nutrição da planta.
A região do bioma Cerrado é bastante influenciada pelo regime de
precipitações, uma vez que há cerca de seis meses de seca, onde as
espécies vegetais precisam se proteger para não morrerem
dissecadas; e há cerca de cinco a seis meses chuvosos, com água
abundante.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 68

Matéria Orgânica

Com relação à matéria orgânica, ela influencia na eficiência


nutricional, já que está relacionada às diversas propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo, onde permite o aumento da
capacidade de absorção de cátions, aumentando assim, a fertilidade
do solo.

A matéria orgânica fornece energia suficiente para a actuação de


micro-organismos no solo; reduz a erosão; estabiliza a temperatura,
pois bloqueia a incidência directa dos raios solares na camada
superficial do solo; aumenta a capacidade de retenção de água,
proporcionando maior humidade para o solo.

Contudo, é característica do latossolo do bioma Cerrado não


acumular grandes quantidades de matéria orgânica pelo fato da
elevada taxa de decomposição e não acumular material orgânico
em camadas mais superficiais deste solo, contribuindo para a
deficiência de nutrientes.

O Solo e o Ciclo de Matérias e Substâncias

No processo de formação do solo há considerar que as rochas


magmáticas são formadas tanto pela cristalização do magma no
interior da terra como pela lava liberada dos vulcões. Mas as rochas
magmáticas - e também as metamórficas - podem ser quebradas em
pequenos pedaços ou fragmentos que se acumulam em camadas de
sedimentos e acabam se transformando, por compressão, em rochas
sedimentares. Finalmente, também as rochas sedimentares e
também as magmáticas, sob a acção de altas temperaturas e pressão,
podem se transformar em rochas metamórficas.

Mas, se uma rocha metamórfica for derretida, ela pode novamente


se tornar uma rocha magmática! Essas mudanças formam, portanto,
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 69

um ciclo em que uma rocha, ao longo de muito tempo, pode se


transformar em outra. É o ciclo das rochas.

Neste ciclo há que ter em conta outros ciclos como o de água que
intervém no processo para a formação do solo.

Como o solo se formou


A camada de rochas na superfície da Terra está, há milhões de anos,
exposta a mudanças de temperatura e à acção da chuva, do vento,
da água dos rios e das ondas do mar. Tudo isso vai, aos poucos,
fragmentando as rochas e provocando transformações químicas.
Foi assim, pela acção do intemperismo, que, lentamente, o solo se
formou. E é dessa mesma maneira que está continuamente se
remodelando.

Os seres vivos também contribuem para esse processo de


transformação das rochas em solo. Acompanhe o esquema abaix.

Figura: Represenatção do processo de formação do solo


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 70

Fonte: Imagem da Net

1. A chuva e o vento desintegram as rochas.


2. Pedaços de liquens ou sementes são levados pelo vento para
uma região sem vida. A instalação e a reprodução desses
organismos vão aos poucos modificando o local. Os liquens,
por exemplo, produzem ácidos que ajudam a desagregar as
rochas. As raízes de plantas que crescem nas fendas das rochas
irão contribuir para isso.
3. A medida que morrem, esses organismos enriquecem o solo em
formação com matéria orgânica e, quando ela se decompõe, o
solo se torna mais rico em sais minerais. Outras plantas, que
necessitam de mais nutrientes para crescer, podem então se
instalar no local. Começa a ocorrer o que se chama de sucessão
ecológica: uma série de organismos se instala até que a
vegetação típica do solo e do clima da região esteja formada.

A Degradação dos Solos

O solo é um componente fundamental do ecossistema terrestre pois,


além de ser o principal substrato utilizado pelas plantas para o seu
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 71

crescimento e disseminação, fornecendo água, ar e nutrientes,


exerce, também, multiplicidade de funções como regulação da
distribuição, escoamento e infiltração da água da chuva e de
irrigação, armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas e
outros elementos, ação filtrante e protetora da qualidade da água e
do ar.

Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado


em função do uso inadequado pelo homem, condição em que o
desempenho de suas funções básicas fica severamente prejudicado,
o que acarreta interferências negativas no equilíbrio ambiental,
diminuindo drasticamente a qualidade vida nos ecossistemas,
principalmente naqueles que sofrem mais diretamente a
interferência humana como os sistemas agrícolas e urbanos.

A população em geral desconhece a importância do solo, o que


contribui para ampliar processos que levam à sua alteração e
degradação.

Vallejo (1982), em seu estudo realizado na Floresta da Tijuca,


concluiu que a vegetação pode influenciar na camada superficial do
solo, pois sua presença juntamente com o litter, ou camadas de
matéria orgânica em decomposição, acaba protegendo o solo contra
a compactação por gotas de chuva, por exemplo. O piso florestal,
no caso a serapilheira, tem papel fundamental no que diz respeito a
esse processo, mantendo condições ideais à infiltração e
diminuindo o impacto causado pelas gotas ao atingirem o solo.

A compactação do solo pode ser um factor da sua degradação, pois


diminui as suas possibilidades de retenção da água o que pode
concorrer para a redução da sua produtividade em função da baixa
fertilidade.

Em contrapartida a maioria dos solos tem sofrido da lixiviação que é


um processo em que o solo perde grande quantidade dos seus nutrientes
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 72

num momento em que estes são drenados para camadas mais profundas
ou movidos para outros locais pelas águas no processo de infiltração.

No que toca a intervenção humana na degradação dos solos encontramos


o uso excessivo de agro-tóxicos os quais interferem na degradação
progressiva dos solos, pois na sua composição podemos encontrar
substancias que podem alterar a salinização do solo ou mesmo o seu Ph, o
que de certa maneira tem a sua influência na cadeia alimentar ou na
fertilidade do solo.

Na criação de gado, os locais de pasto são frequentemente abrangidos


com o pisoteio dos animais sofre muito com a compactação, além do
fenómeno da introdução excessiva dos produtos orgânicos resultantes dos
dejectos dos animais que em muitas ocasiões produzem elevado índice do
dióxido de carbono, nocivo ao ambiente quando em excesso.

O corte raso e a colheita de forma desordenada das árvores de uma


determinada floresta, o arraste de madeira e o excesso de
trafegabilidade de máquinas de grande porte, representam a
principal causa das modificações na capacidade de infiltração do
solo.

Formas de Defesa e Conservação dos Solos

Uma importante forma de proteger o solo, sua humidade e a


matéria orgânica é fazer a cobertura morta. Com o tempo, esta
cobertura se decompõe se transforma em nutrientes para o solo e
aumenta a actividade biológica do solo. Além da cobertura morta, o
solo deve estar sempre coberto com plantações ou com vegetação
nativa, que pode ser chamada de cobertura viva.
Para um bom manejo ecológico do solo, é sempre necessário haver
adubação com matéria orgânica, que veio em última instância do
solo, a ele retorna transformando-se em nutriente, o qual é
assimilado pelas plantas, completando assim, o ciclo da vida. A
natureza predominante, o número, as espécies e o grau de
actividade dos agentes activos da decomposição são consequências
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 73

da qualidade e quantidade de materiais que servem de alimento, das


condições físicas (textura, estrutura e humidade) e químicas
(quantidades de sais, nutrientes e pH) encontrados nos solos
(PRIMAVESI,1984).
Para que ocorra um equilíbrio no agroecossistema, a diversificação
e a interacção de espécies animais e vegetais é de extrema
importância, sendo que a ausência de qualquer um de seus
componentes pode acarretar um desequilíbrio ecológico. Uma outra
vantagem da diversificação é que ocorre a ciclagem de nutrientes
entre as diferentes espécies, e o consequente aproveitamento
máximo dos recursos naturais. A diversificação de espécies em um
agroecossistema pode ser feita pela rotação e consórcio de culturas,
barreiras vegetais, adubação verde, integração da produção animal
à vegetal e agrofloresta (DOVER, 1992). A rotação de culturas
consiste em um planeamento racional de plantações diversas,
alterando a distribuição no terreno em certa ordem e por
determinado tempo.
O consórcio de culturas é o plantio de diferentes espécies vegetais,
simultaneamente sobre uma mesma área. Além da associação entre
cultivos comerciais, o consórcio pode ser feito também com
leguminosas para adubo verde e cultivos comerciais.
A adubação verde, além de fazer parte da diversificação de um
agroecossitema, é um excelente adubo, pois além de proteger o solo,
pode ser a ele incorporado. Quando a adubação verde é feita com
leguminosas sua associação com bactérias do género Rhizobium,
proporciona a fixação de nitrogénio do ar no solo, reduzindo
dramaticamente o consumo de adubo sintético nitrogenado, e por
consequência a poluição do solo e água (LEONARDOS, 1998).
A integração da produção animal à vegetal em um agroecossistema
é fundamental, pois os restos vegetais podem alimentar os animais
e seu esterco e urinas podem ser utilizadas como adubo de alta
qualidade.
Um outro manejo extremamente importante da agroecologia é a
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 74

agrofloresta. Segundo Amador (1999), os sistemas agroflorestais


são formas de manejo da terra em que as espécies agrícolas e
florestais são plantadas e manejadas em associação, segundo os
princípios da dinâmica natural dos ecossistemas. Os princípios do
manejo agroflorestal incluem o conhecimento das características
ecológicas e funcionais das espécies, a diversidade e a alta
densidade de plantas, a poda, a capina selectiva e a participação
humana e animal na dinâmica das agroflorestas.
Existe um caminho para reduzir a população de organismos
prejudiciais, ao nível em que ela já não representa uma
preocupação, nem é capaz de causar prejuízo. Este caminho é o
controle biológico, que é o uso deliberado de organismos benéficos
(agentes) contra organismos prejudiciais (alvos).
O manejo agroecológico favorece os processos naturais e as
interacções biológicas positivas, possibilitando que a
biodiversidade nos agroecossistemas subsidie a fertilidade dos
solos, a protecção dos cultivos contra enfermidades e pragas. A
tecnologia utilizada nos sistemas agroecológicos é multifuncional
na medida em que promove efeitos ecológicos positivos, tanto no
que se refere à manutenção de bons níveis de produtividade quanto
à conservação dos recursos naturais, de forma a garantir a sua
sustentabilidade ecológica (PETERSEN, 1999 e REIJNTES, 1994).
A tecnologia agro ecológica busca alternativas energéticas que não
poluam, como por exemplo, a energia solar, a energia da força da
água e do vento, pois tem um custo mais baixo (pelo menos, a
médio e longo prazo) e não polui. Desta forma, pode-se afirmar que
é uma agricultura que tem, a médio e longo prazo, a capacidade de
baixar custos. Além disso, as florestas, os rios e o lixo orgânico, no
enfoque agro-ecológico, são encarados como úteis e necessários
para a propriedade. As florestas são fornecedoras de matéria prima
(lenha, madeira e frutos), auxiliando também na manutenção do
equilíbrio ecológico e paisagístico. Os rios são fontes de água,
peixes e lazer. O lixo orgânico pode ser transformado facilmente na
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 75

propriedade em adubo de alta qualidade. Os praticantes da agro


ecologia buscam ainda produzir sua própria semente agro ecológica
(mais conhecida como semente orgânica), já que as comerciais, em
sua larga maioria são melhoradas geneticamente para somente
obter alta produtividade com o uso de todos os itens do "Pacote da
Revolução Verde". Outro importante motivo de se produzir as
próprias sementes, é a independência que o agricultor ou sua forma
organizativa adquire em relação às grandes empresas do setor
(SHIVA, 1991; BERTRAND, 1991; CASADO, 1997; ZAPATA,
1997 e SCHAFFER, s/d).
A agra ecologia não só oferece produtos mais saudáveis e nutritivos,
mas também não polui o meio ambiente, preservando os recursos
naturais e sendo claramente mais sustentável do que os sistemas
convencionais.

Sumário
No processo de interpretação dos fenômenos que ocorrem no solo
temos que compreender o sentido de que o solo é um componente
fundamental do ecossistema terrestre pois, além de ser o principal
substrato utilizado pelas plantas para o seu crescimento e
disseminação, fornecendo água, ar e nutrientes, exerce, também,
multiplicidade de funções como regulação da distribuição,
escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação,
armazenamento e ciclagem de nutrientes para as plantas e outros
elementos, ação filtrante e protetora da qualidade da água e do ar.

Deste modo temos que ter em conta nas formas de defesa e


conservação do solo onde uma das importantes formas de proteger
o solo, sua humidade e a matéria orgânica é fazer a cobertura morta.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 76

Exercícios
1- Porque se diz que o solo é a componente fundamental do
ecossistema?

2- Identifique os principais processos para a formação do solo?

Nb: Entregar o exercício 2

Unidade VIII
Defesa e Conservação da Flora e
da Fauna
Introdução
Temos que considerar que a floresta desempenha importante papel
na distribuição de energia e água na superfície, influenciando nos
processos de interceptação, infiltração, escoamento superficial e
erosão. Pode-se dizer então que a simples presença da floresta não
afecta necessariamente a precipitação sobre a área, e que excepções
como a precipitação oculta, isto é, a neblina e a condensação ou o
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 77

orvalho que respinga das folhas e dos ramos contribuem para a e


distribuição da precipitação sob a floresta.

Vários processos ocorrem que podem estabelecer uma relação


intrínseca entre a floresta e o processo de vivência de diferentes
organismos que têm na floresta o seu habitat.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a importância dos recursos florestais para a vida na


terra.
Objectivos  Identificar alguns recursos florestais.
 Descrever a relação Homem - natureza

O Papel da Vegetação no Ambiente


Pode-se observar, mesmo que em escala muito pequena, que a
floresta desempenha importante papel na distribuição de energia e
água na superfície, influenciando nos processos de interceptação,
infiltração, escoamento superficial e erosão. Pode-se dizer então
que a simples presença da floresta não afecta necessariamente a
precipitação sobre a área, e que excepções como a precipitação
oculta, isto é, a neblina e a condensação ou o orvalho que respinga
das folhas e dos ramos contribuem para a e distribuição da
precipitação sob a floresta.

Efeito de reflorestamento e desmatamento


Os ecossistemas florestais, constituídos por parte aérea (árvores) e
parte terrestre (solos florestais), desempenham inúmeras funções:

 Mitigação do clima (temperatura e humidade);

 Diminuição do pico do hidrograma (redução de enchentes e


recarga para os rios);

 Controle de erosão;

 Melhoramento da qualidade da água no solo e no rio;

 Atenuação da poluição atmosférica;

 Fornecimento do oxigénio
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 78

 Absorção do gás carbónico

 Prevenção contra acção do vento e ruídos,

 Recreação e educação;

 Produção de biomassa e

 Fornecimento de energia.

Todas as funções actuam simultaneamente, segundo BALBINOT,


R. et al..

A presença da floresta protege a superfície do solo dos efeitos da


radiação solar e do vento e aumenta a superfície activa, reduzindo
dessa forma, a evaporação directa pelo piso florestal. No caso das
áreas florestadas, a evaporação da água do solo ocorre pelo
processo da transpiração. A evaporação directa da água do solo
causa uma secagem intensa, embora seja um fenómeno superficial.

A secagem dessa camada superficial depende da textura do solo e,


com as condições climáticas adequadas, passa a agir como barreira
artificial à secagem das camadas mais profundas do perfil.

O Papel dos Animais no Ciclo da Matéria

Os animais de uma forma geral intervêm em grande parte do ciclo


da matéria ao participarem em diversos processos como o de
decomposição na qual encontramos o processo da formação do solo
onde podemos enquadrar o ciclo da matéria na qual se forma o solo.
Dento da componente orgânica do solo podemos afirmar que se
encontram os diferentes seres vivos concretamente a fauna e flora
ou a componente biótica do sistema.

Matéria orgânica (M.A.) é toda substância morta no solo, quer


provenha de plantas, microrganismos, excreções animais, quer da
fauna morta. Raízes vivas não constituem matéria orgânica. Por
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 79

outro lado, não somente o húmus é matéria orgânica e nem toda


matéria orgânica é húmus.
Formas de material orgânico
1) Os restos orgânicos antes de decomposição representam aprox.
10 – 15 % de volume total do M.A.
2) Matéria orgânica humificada – húmus
a. Huminas
b. Ácidos húmicos
c. Ácidos fúlvicos
Exemplos da temperatura óptima para germinação:
Feijão (Phaseolus vulgaris) 28 C
Cevada (Hordeum vulgare) 18 C
Milho (Zea mays) 25 – 30 C

O papel positivo de organismos no solo:


- Melhoram a estrutura
- Revolvem e mexem o solo (As minhocas podem transportar á
superfície a argila lixiviada, melhorando assim a textura superficial)
- Decompõem a matéria orgânica
- Alguns podem fixar o nitrogénio do ar (especialmente com
plantas leguminosas)
- Podem ajudar ás plantas mobilizar e absorver nutrientes em volta
da raiz (Micorrizas)

Importância de microrganismos:
- Ciclo de carbono Decomposição de matéria orgânica
- Ciclo do nitrogénio (azoto):
a. Mineralização dos compostos azotados
i. nitrosomas e nitrosococus, que transformam o NH3 em ácido
nitroso.
ii. nitrobactérias que transformam o ácido nitroso em ácido nítrico
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 80

b. Fixação directa de azoto gasoso – bactérias moduladoras


(Rhizobium, Azotobacter). Podem fixar entre 60 e 200 kg / há de
N2.
- Micorrizas – A rizosfera vegetal é densamente populada por
fungos e bactérias, aproveitando as excreções radiculares. Os
microrganismos por sua vez mobilizam nutrientes minerais para as
plantas, aumentam a possibilidade de retirar água do solo, fixam
nitrogénio e defendem a rizosfera por antibióticos.
a. Ectótrofos – ou externos que pouco penetram nas raízes
b. Endótrofos – que vivem dentro da raiz

A Acção do Homem Sobre a Vegetação e Sobre o Mundo


Animal
Diante da grande influência que, hoje o homem exerce sobre a
dinâmica natural, torna-se necessário uma análise profunda dos
factores que se relacionam e contribuem para o agravamento das
acções que degradam os ambientes naturais de modo a muitas
vezes deixá-los sem condições para um aproveitamento
agricultável ou para quaisquer outros fins.

É notória ainda a utilização de técnicas de preparo da terra e de


plantio feitos de forma irregular, tendo como exemplo as
queimadas e o plantio em áreas inadequadas, o que causa
deslizamentos de terras e erosão.

As práticas irregulares da agricultura e da pecuária, além das


indústrias, são grandes responsáveis pela degradação ambiental
actualmente, que por sua vez, estão directamente ligadas a acções

atróficas, pois, “desde o início, a humanidade exerceu uma


profunda influencia no seu habitat, muito maior de que qualquer
espécie animal.” ( DORST, 1973). Essas influências na natureza,
trouxeram grandes problemas, sobretudo aos ambientes mais
frágeis, como as áreas de mananciais e encostas.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 81

Leinz e Amaral (1987) alerta que, as águas dos rios, mares e até
mesmos as águas subterrâneas estão sendo gravemente poluídas por
produtos tóxicos. Esta poluição tem um efeito bastante perigoso
para as espécies animais do planeta. E, além disso, podemos
destacar as áreas de encostas que quando desmatadas, ocasionam
graves problemas aos rios e nascentes principalmente por causa da
compactação e da impermeabilidade do solo, onde Guerra e Guerra
(2008) diz que “a fonte é um manancial de água, que resulta da
infiltração das águas nas camadas nas camadas permeáveis”.
(GUERRA e GUERRA, 2008).

De uma maneira geral a acção do homem sobre a flora e fauna está


directa ou indirectamente influenciando no meio ambiente onde se
por exemplo o homem participa na desflorestação pode causar
sérios impactos nos ecossistemas que dependem destas florestas
para a sua sobrevivência, do mesmo modo a sua intervenção em
caça desregrada pode provocar a extinção de algumas espécies
faunísticas o que de certa maneira interfere no equilíbrio do
ecossistema e na própria vida do homem como ser residente no
meio ou como produto do mesmo.

Sumário
Diante da grande influência que, hoje o homem exerce sobre a
dinâmica natural, torna-se necessário uma análise profunda dos
factores que se relacionam e contribuem para o agravamento das
acções que degradam os ambientes naturais de modo a muitas
vezes deixá-los sem condições para um aproveitamento dos solos
para a agricultura e não só como também em processos de
regeneração das florestas e de animais que têm no solo o seu
ecossistema.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 82

No que concerne a recursos florestais, tem se assistido a


desflorestação provocada pela acção humana, para explorar a
madeira ou destinar a superfície florestal a fins como cultivos
agrícolas, pecuária, plantações de árvores, explorações minerais ou
urbanização de regiões, entre outros.

Exercícios
1- Apresente em breves palavras o efeito que o desmatamento tem
provocado para o ambiente?

2- Explica como é que as florestas contribuem para o equilíbrio


climático?

3- Qual é a importância que tem os miroorganismos para o solo?.

Nb. Entrega o exercício:1


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 83

Unidade IX
ALGUNS RECURSOS
MINERAIS IMPORTANTES E
SEUS RESPECTIVOS USOS
Introdução
A natureza tem disponíveis alguns materiais que pelo seu valor
económico e pelas suas características físicas e químicas
proporcionam para o Homem diferentes usos que no nosso
entender colocam determinadas facilidades para o ser humano.

Os minerais podem ser metálicos e não metálicos, neste capítulo


trataremos de minerais metálicos no essencial, onde encontramos o
ouro como um dos metais preciosos que a natureza oferece ao
Homem.

Os outros minerais intervêm no processo de fabricação de


diferentes objectos metálicos de que o Homem necessita para
diversos fins.

Fora dos metais temos os não metais como é o caso de minerais


conhecidos como pedras preciosas que pela sua qualidade
económica constituem objectos ou bens que o Homem presta maior
consideração por eles.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 84

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os principais metais preciosos.


 Identificar os diferentes empregos dos metais na natureza.
Objectivos  Diferenciar os minerais metálicos e os não metálicos.

Na natureza existe uma variedade de recursos minerais e que são


utilizados para diversas finalidades, e todos são de grande
importância para o homem.

Abaixo, faz-se a relação de alguns minerais, demonstrando a sua


importância e a sua utilização pelo Homem.

Ouro
O ouro é um mineral metálico precioso, que se encontra na
natureza, em jazidas, rios, etc. Ele não se oxida fácil, ou seja, não
enferruja, por isso é considerado um metal nobre.

O ouro é o metal mais raro e precioso, pois existe em pouca


quantidade na crosta terrestre. O ouro não é empregado unicamente
na fabricação de jóias, ele é utilizado também na indústria química,
electrónica, na fabricação de aparelhos avançados da aeronáutica,
em aparelhos espaciais e odontológicos.

Ferro
O ferro é um dos metais que mais existe na crosta terrestre, também
é um dos mais importantes para o homem. O ferro e sua liga com o
carbono resulta no aço e são usados praticamente em todos os tipos
de objectos, veículos, instrumentos, edifícios, pontes, etc., ele é
responsável pelo grande grau de desenvolvimento que a civilização
atingiu.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 85

O ferro em estado puro é um metal branco, reluzente e que, em


contacto com o ar húmido enferruja-se facilmente. Ele está presente
em quase todos os minérios, principalmente na hematita, magnetita
e limonita.

O minério de ferro é encontrado em jazidas. Depois de extraído é


levado para a industria siderúrgica, onde o minério de ferro é
aquecido a temperatura altíssima em forno especial e transformado
em ferro, ele sai de lá derretido, depois desse processo obtém-se
vários tipos de ferro que serão utilizados na fabricação de objectos
como pregos, parafusos, tesouras, ferramentas diversas, portas,
janelas, portões, veículos, etc., enfim o ferro é utilizado para
infinitas coisas que usamos em nosso dia-a-dia.

Alumínio
Alumínio é obtido a partir da bauxita, assim como o ferro é um dos
minerais que mais existe na crosta terrestre. É um metal leve,
maleável e resistente à corrosão e é um bom condutor de calor.
O minério de alumínio é retirado das jazidas e levado para a
indústria, onde em alta temperatura, a electricidade transforma o
minério em alumínio derretido, que é colocado em moldes. Quando
ele esfria e endurece é vendido para outras indústrias e irão utilizá-
lo para fazer produtos para serem utilizados pelos consumidores.

As ligas do alumínio com o cobre e magnésio são muito resistentes


e leves e são usados nas indústrias de material de construção civil,
engenharia e geração de energia. Ele também é muito utilizado para
fabricação de utensílios domésticos como panelas, garfos, facas,
canecas, latas de refrigerantes, etc.

O alumínio é extraído do minério de em fornos electrolíticos, a alta


temperatura, o alumínio é derretido.

Chumbo
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 86

O minério de chumbo chama-se galena. Ele é pesado, maleável e


razoável condutor de energia.

É usado para fabricação de munição para armas de fogo, fabricação


de moedas, de baterias comuns, cabos condutores, soldas e
principalmente é usado na protecção contra substâncias
radioactivas do raio X e outras radiações.

Cobre
E um metal que é extraído de um conjunto de minerais, a calcosina,
zurita, cuprita e malaquita.

O cobre é o metal mais utilizado depois do ferro e é óptimo


condutor de electricidade, com ele são fabricados fios electricidade,
cabos submarinos, fios telefónicos, fabricação de circuitos
eléctricos avançados como os de computadores, etc.

Pedras preciosas

As pedras preciosas são minerais raros e bastante duros.

São pedras consideradas preciosas são quatro: rubi, de cor


vermelha; safira, azul-escuro, esmeralda, verde; e o diamante,
branco fosco. Depois de lapidado, o diamante adquire um brilho
especial e é chamado de brilhante.

As pedras preciosas são utilizadas para fazer jóias. Mas elas têm
também outras finalidades como por exemplo: O rubi é usado para
fazer eixos de certos mecanismos em que é preciso evitar o
desgaste. Com o diamante, por ser a pedra mais dura que se
conhece, as industrias fazem objectos de corte e perfuração para
outras indústrias.

Mercúrio
O único metal que é líquido à temperatura normal é o mercúrio, ele
tem cor prateada e dissolve muitos metais, especialmente ouro e a
prata.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 87

Para extraí-lo de seus minérios, basta usar o calor, pois ele ferve a
uma temperatura baixa.

O mercúrio é usado principalmente em termómetros por dilatar-se


facilmente com o calor, os barómetros, por ser muito denso, em
baterias de energia. O vapor de mercúrio tem ampla utilização em
lâmpadas de luz branca, conhecidas como lâmpadas frias,
ultimamente com o racionamento de energia, este tipo de lâmpada
está sendo muito utilizada pelos consumidores, porque ela é mais
económica e também é usado como catalisadores na indústria
petroquímica.

Argila
A argila é um tipo de mineral resultante da erosão do feldspato. As
partículas degradadas do feldspato são carregadas pelo vento ou
pela água, depositando-se em camadas em algum outro lugar,
podendo formar uma rocha sedimentar.

A argila pode ser branca ou vermelha. A argila branca é empregada


na fabricação de louça, como pratos, xícaras, pires, tigelas de
louças e porcelanas, azulejos e pisos utilizados em construção e
também pias, vasos sanitários. Enquanto a vermelha serve para
fazer telhas, tijolos, manilhas e cerâmicas.

Areia

A areia é o resultado da erosão do arenito, um tipo de rocha


sedimentar. A areia é muito usada na fabricação de vidros, e o
mesmo é usados para diversas coisas como em carro, na construção,
guardar alimentos, lentes, etc.

A areia quando usada misturada com o cimento, pedra e água,


forma o concreto, usado nas construções e quando misturado com
cimento, cal e água, forma a massa utilizada para assentar tijolos e
revestir paredes.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 88

Basalto – Granito – Mármore – Ardósia

São quatro tipos de minerais utilizados em construções, decorações,


etc. Elas são bonitas e resistentes.

O basalto é uma rocha escura, geralmente preta, usada para


revestir calçadas.

O granito é muito usado para fazer pias, revestir pisos, paredes e


túmulos.

O mármore é usado para revestir pisos, paredes, mesas e pias, e


também na confecção de estátuas. Sua cor pode variar de uma
região para outra.

Ardósia é de cor cinzenta, cinzento-escuro ou cinzento-esverdeado,


muito usada para revestir pisos.

Sumário
Os minerais são componentes químicos de características
específicas que se encontram na natureza em forma de recursos
naturais cuja exploração pressupõe o desenvolvimento da indústria
extractiva.

Os minerais metálicos constituem na sua maioria matéria prima na


fabricação de diferentes bens de que o Homem necessita para a sua
vida e na ordem dessa questão esses metais adquiriam um valor
comercial bastante forte que a sua exploração reveste-se de grande
importância.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 89

Exercícios

1- Determine a principal utilidade do ouro como mineral


precioso?
2- Quais são os minerais que têm maior utilidade para a
produção metalúrgica?.

Nb. Exercício para entregar 2


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 91

Unidade X
OS PRINCIPAIS RECURSOS
ENERGÉTICOS

Introdução
A primeira forma de energia que o homem utilizou foi o
esforço muscular (humano e de animais domesticados), a
energia eólica (vento), e a energia hidráulica, obtida pela
corrente dos rios. Posteriormente, com a Revolução
Industrial, na segunda metade do séc. XVIII e no séc. XIX,
surgem as modernas máquinas, sendo as fontes de energia
mais utilizadas a madeira e o carvão.

No século XX, com a invenção do motor de explosão, o


petróleo começou a ser o principal recurso energético.

Actualmente, os recursos energéticos que podem ser


utilizados pelo homem são de dois tipos: não renováveis e
renováveis.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os recussos energéticos


 Descrever as vantagens e desvantagens de cada tipo de
Objectivos
recurso energético
 Reconhecer a importância dos recursos energéticos para o
Homem
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 92

Energia Nuclear

Em apenas 30 anos, a energia nuclear aumentou a sua


participação na produção total de energia eléctrica partindo de
um valor extremamente pequeno, 0.1%, para um valor
substancial de 17%. Para se dar a perspectiva deste
desenvolvimento importante a energia hidroeléctrica cuja
tecnologia vem sendo empregada há cerca de um século participa
no balanço eléctrico mundial com cerca de 18%, e as
perspectivas de um aumento deste valor são limitadas a nível
mundial, o que não é o caso da energia nuclear.

Durante os próximos dez anos o desenvolvimento da energia


núcleo-eléctrica no mundo não se igualara ao grande crescimento
das duas últimas décadas. As razões para isto são várias e
complexas. Cita-se inicialmente um decréscimo da taxa de
crescimento da energia eléctrica nos países industrializados na
última década em consequência da diminuição do crescimento
económico. É de se notar que mais de 80% da capacidade
instalada em usinas nucleares no mundo está concentrada nos
países da OCDE, e serão estes países que continuarão a ditar o
crescimento da energia nuclear a nível mundial.

Houve, também, adicionalmente, um aumento das preocupações


do público em relação à energia nuclear, levando a
cancelamentos ou atrasos de usinas nucleares e revisão de
programas de expansão. Há fortes sinais de que se inicia uma
maior aceitação pelo público da energia nuclear nos dias de hoje,
após várias reuniões internacionais especializadas sobre meio
ambiente e a constatação de um possível aquecimento do planeta
devido ao efeito estufa adicional, em parte causado por fontes
térmicas convencionais de geração de energia eléctrica.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 93

O fenómeno da radioactividade foi descoberto pelo físico francês


Henri Becquerel em 1896, quando verificou que sais de urânio
emitiam radiação semelhante à dos raios-X, impressionando
chapas fotográficas e concluiu que, se um átomo tiver seu núcleo
muito energético, ele tenderá a estabilizar-se, emitindo o excesso
de energia na forma de partículas e ondas.

Energia das Marés

Os oceanos podem ser uma fonte de energia para iluminar as


nossas casas e empresas. Neste momento, o aproveitamento da
energia do mar é apenas experimental e raro. A energia da
deslocação das águas do mar é outra fonte de energia. Para a
transformar são construídos diques que envolvem uma praia.
Quando a maré enche a água entra e fica armazenada no dique;
ao baixar a maré, a água sai pelo dique como em qualquer outra
barragem.

Para que este sistema funcione bem são necessárias marés e


correntes fortes. Tem que haver um aumento do nível da água de
pelo menos 5,5 metros da maré baixa para a maré alta. Existem
poucos sítios no mundo onde se verifique tamanha mudança nas
marés.

O ciclo de marés de 12 horas e meia e o ciclo quinzenal de


amplitudes máxima e mínima apresentam problemas para que
seja mantido um fornecimento regular de energia.

Caracteriza-se essencialmente pelo aproveitamento de cursos de


água cuja energia potencial (queda), seja possível transformar em
energia mecânica através de turbinas hidráulicas e por sua vez
em energia eléctrica com recurso a geradores acoplados às
mesmas.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 94

Energia das Ondas

A energia das ondas é definida pela energia total contida em cada


onda e é a soma da energia potencial do fluído deslocado a partir
do nível médio da água entre a cava e a crista da onda incluindo
a energia cinética das partículas da água em movimento. Esta
energia resulta da força do vento exercida na superfície dos
oceanos.

Quando a onda se desfaz e a água recua o ar desloca-se em


sentido contrário passando novamente pela turbina entrando na
câmara por comportas especiais normalmente fechadas.

Esta é apenas uma das maneiras de retirar energia das ondas.


Actualmente, utiliza-se o movimento de subida/descida da onda
para dar potência a um êmbolo que se move para cima e para
baixo num cilindro. O êmbolo pode por um gerador a funcionar.

Os sistemas para retirar energia das ondas são muito pequenos e


apenas suficientes para iluminar uma casa ou algumas bóias de
aviso por vezes colocadas no mar.

Energia Hidroeléctrica

A energia hidroeléctrica é a electricidade produzida através do


movimento da água. Esta usa a energia cinética da água para
produzir electricidade.

Normalmente constroem-se diques que param o curso da água


acumulando-a num reservatório a que se chama barragem.
Noutros casos, existem diques que não param o curso natural da
água, mas obriga-a a passar pela turbina, fazendo-a girar de
forma a produzir electricidade.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 95

Energia Geotérmica

A energia geotérmica existe desde que o nosso planeta foi criado.

Geo-significa terra e térmica significa calor, por isso, geotérmica


é a energia calorífica que vem da terra, resultando do fluxo de
calor das camadas mais profundas, devido ao magma, e à
radioactividade natural das rochas.

Este recurso pode ser classificado em duas categorias:

Alta temperatura (T>150 ºC): este recurso está geralmente


associado a áreas de actividade vulcânica, sísmica ou magmática.
A estas temperaturas é possível o aproveitamento para a
produção de energia eléctrica.

Baixa temperatura (T<100 ºC): resultam geralmente da


circulação de água de origem meteórica em falhas e fracturas e
por água residente em rochas porosas a grande profundidade.

A água contida nos reservatórios subterrâneos é aquecida pelo


magma, aquecendo e podendo até ferver, pois em termos médios
a temperatura aumenta 1ºC por cada 32m que se avança em
profundidade na crusta terrestre. Onde a água quente sobe até à
superfície terrestre em pequenos lagos são as chamadas furnas.

Energia Eólica

O vento tem origem nas diferenças de pressão causadas pelo


aquecimento diferencial da superfície terrestre, sendo
influenciado por efeitos locais, como a orografia e a rugosidade
do solo. Assim, o potencial energético a ele associado, varia não
só em função das condições meteorológicas (intensidade e
direcção) mas também do local.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 96

A energia do vento faz girar turbinas, que por sua vez geram
electricidade.

A energia cinética, resultante das deslocações de massas de ar,


pode ser transformada em:

 Energia mecânica: através de aeromotores;


 Energia eléctrica: através de turbinas eólicas ou
aerogeradores.

Energia Solar

O sol sempre foi uma fonte de energia. Quando se põe a roupa a


secar está-se a usar o seu calor. As plantas usam o sol para
produzir alimento, e os animais alimentam-se delas.

A energia solar refere-se à utilização directa dos raios solares na


produção de energia.

Esta radiação disponível à superfície terrestre divide-se em três


componentes:

 Directa: vem "directamente" desde o sol;


 Difusa: proveniente de todo o céu: das nuvens, gotas de
água, etc;
 Reflectida: proveniente da reflexão no chão e dos
objectos circundantes.

A energia solar pode ser utilizada para aquecer água nas casas,
empresas e piscinas, e aquecimento do ambiente interior. Este
processo começou a ser utilizado, pois este sistema era mais
benéfico do que o carvão e a madeira, e a electricidade e o gás
artificial eram muito caros. Este processo consiste em colocar
placas solares (painéis grandes, negros, recobertos por vidro ou
outra superfície transparente) nos telhados das casas, sendo
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 97

assim possível o aquecimento da água que se encontra nos canos


por baixo da placa solar.

Esta unidade temática destaca os principais recursos energéticos,


fazendo referência dos mecanismos da electricidade a partir
desses recursos. Dentre os diversos recursos energéticos, existem
os renováveis e os não renováveis. Para a humanidade, a energia
foi e é fundamental na utilização das mais diversas tarefas. As
energias renováveis poluem menos o ambiente, e são infinitas,
assim, um dia que as energias não renováveis acabem, estas vão
continuar a existir, substituindo as energias não renováveis,
satisfazendo assim todas as nossas necessidades energéticas.

Sumário
Com o desenvolvimento da tecnologia, foram sendo descobertas
novas formas de energia para facilitar a vida Homem no processo
de trabalho como força motriz que movimenta diferentes máquinas
de produção e não só como também na transformação de diversas
formas de energias em outras ou de um tipo para a força motriz.

Este processo foi possível graças a um aturado trabalho de


investigação que culminou com a colocação no mercado de
diferentes formas de energia como as que já mencionamos
anteriormente.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 98

Exercícios
1- Descreva as desvantagens dos seguintes tipos de energia

 Energia eólica
 Energia solar
 Energia das marés
 Energia das ondas

2- Quais são as formas de energia mais usadas no nosso país.

3- Menciona algumas fontes de energia alternativas para a


produção da electricidade.

Nb. Para entregar 2


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 99

Unidade XI
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Introdução
Nesta unidade temática, faz-se a abordagem sobre os
combustíveis fósseis, onde descreve-se o processo de formação
dos mesmos, os seus usos pelo Homem e a importância destes.
Os combustíveis fósseis são na actualidade, objecto de cobiça e
de guerras no mundo por serem recursos esgotáveis cuja
recuperação se torna bastante longa.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os combustíveis fósseis.


 Descrever a importância dos combustíveis fósseis.
Objectivos
 Descrever o processo e formação de combostíveis fóseis

Combustíveis Fósseis

Existem três grandes tipos de combustíveis fósseis: o carvão, o


petróleo e o gás natural. Estes foram formados à milhões de anos
atrás na época dos dinossauros, daí o nome de combustível fóssil.

Os combustíveis fósseis são resultado de um processo de


decomposição das plantas e dos animais. Ou seja, tudo começa
aquando da morte das plantas, dos dinossauros e outras criaturas,
segue-se pela decomposição dos corpos enterrados, nas camadas
da debaixo da terra. São necessários dois milhões de anos para
que estas camadas de matéria orgânica se transformem em pedra
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 100

preta e dura a que chamamos o carvão, num líquido negro: o


petróleo, ou ainda no gás natural.

Podemos verificar que os combustíveis fósseis podem ser


encontrados debaixo da terra em muitos locais do nosso planeta.
Cada um dos combustíveis fósseis é extraído de diferente
maneira. O carvão retira-se de minas profundas através da
escavação.

Petróleo

O petróleo é um combustível fóssil de grande importância no


nosso dia-a-dia.

Existem muitos produtos que derivam do petróleo, como por


exemplo, os fertilizantes para as quintas, as roupas, a pasta de
dentes, as garrafas e canetas de plástico. Quase todos os plásticos
têm origem no petróleo.

Nas refinarias o petróleo bruto é separado em vários produtos


pelo aquecimento deste espesso combustível. Estes produtos são:
a gasolina, o gasóleo, o combustível dos aviões, os óleos, etc.

O petróleo é armazenado em grandes tanques antes de ser


distribuído pelo mundo.

Pelas suas reservas concentradas em poucos países, o petróleo é


motivo de disputas económicas e conflitos armados. Além disso,
é uma das maiores fontes de poluição do ar.

O Oriente Médio continua a ser o principal protagonista na


indústria do petróleo.

A região ofusca o resto do mundo em termos de reservas,


garantindo sua proeminência no cenário político global. Só a
Arábia Saudita possui 25% das reservas comprovadas no mundo.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 101

Carvão

O carvão é um combustível fóssil sólido, constituído por restos


de plantas que cresceram em pântanos enormes e quentes,
durante o período carbónico. Ao morrerem, as plantas caíram
para os pântanos e foram enterradas, bem fundo, na lama,
formando uma camada compacta de vegetação em decomposição,
chamada turfa. Durante milhões de anos, o peso da lama
sobrejacente comprimiu a turfa até solidificar. Por fim, o calor e
a pressão transformaram-na em carvão.

Existem diferentes tipos de carvão, alguns de melhor qualidade


como fonte de energia (os que têm maior percentagem de
carbono) e outros de poder calorífero inferior.

A turfa é o que possui menor teor de carbono; a seguir vem a


lignite, depois a hulha, que é o tipo mais abundante e mais
consumido no mundo (por volta de 80% do total), e por fim a
antracite, o mais puro (95% de carbono) mas também o mais raro,
representando apenas cerca de 5% do consumo mundial.

O carvão mineral foi importantíssimo do século XVIII ao final


do XIX, época da Primeira Revolução Industrial.

Gás Natural

O gás natural é um gás mais leve que o ar, sendo menos poluente
do que o carvão ou o petróleo.

Este gás é altamente inflamável e encontra-se em reservatórios


subterrâneos perto do petróleo. Desta forma é bombeado e
transportado de forma semelhante á do petróleo.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 102

O gás natural não tem odor nem pode ser visto, por isso, antes de
ser canalizado por tubos até aos tanques de armazenamento,
mistura-se um químico que lhe confere um forte odor parecido
com ovos podres. Assim, é facilmente identificada uma fuga de
gás.

O gás armazenado nos tanques é distribuído através de tubos até


ás casas, fábricas e centrais eléctricas servindo de combustível
para produzir electricidade.

Biomassa

Através da fotossíntese, as plantas capturam energia do sol e


transformam em energia química. Esta energia pode ser
convertida em vária formas de energia electricidade, combustível
ou calor. As fontes orgânicas que são usadas para produzir
energias usando este processo são chamadas de biomassa.

A biomassa é o material que normalmente imaginamos como


lixo.

Existem três fontes energéticas de origem natural:

 Biomassa sólida;
 Biocombustíveis gasosos;
 Biocombustíveis líquidos.

Biomassa sólida

Tem como fonte os produtos e resíduos da agricultura (incluindo


substâncias vegetais e animais), os resíduos da floresta e das
indústrias conexas e a fracção biodegradável dos resíduos
industriais e urbanos.

Bio combustíveis gasosos: biogás


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 103

Tem origem nos efluentes agro-pecuários, da agro-indústria e


urbanos (lamas das estações de tratamento dos efluentes
domésticos) e ainda nos aterros de resíduos sólidos urbanos.

Este resulta da degradação biológica anaeróbia da matéria


orgânica contida nos resíduos anteriormente referidos e é
constituído por uma mistura de metano (CH4) em percentagens
que variam entre os 50% e os 70% sendo o restante
essencialmente CO2.

Biocombustíveis líquidos

Existe uma série de biocombustíveis líquidos com potencial de


utilização.

Biodiesel: obtido principalmente a partir de óleos de colza ou


girassol, por um processo químico chamado transesterificação.

Etanol: é o mais comum dos álcoois e caracteriza-se por ser um


composto orgânico, incolor, volátil, inflamável, solúvel em água,
com cheiro e sabor característicos. Produzido a partir da
fermentação de hidratos de carbono (açúcar, amido, celulose),
com origem em culturas como a cana de açúcar ou por processos
sintéticos.

Metanol: os processos de produção mais comuns são de síntese a


partir do gás natural, ou ainda a partir da madeira através de um
processo de gaseificação

A biomassa pode ser aproveitada para produzir electricidade


reduzindo a necessidade de recorrer a outras fontes de energia.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 104

Sumário
Os combustíveis fósseis são ao longo dos anos que passam têm
sido motivos de grandes conflitos no mundo devido ao seo
apreciável valor económico e energético.

Existem três grandes tipos de combustíveis fósseis: o carvão, o


petróleo e o gás natural. Estes foram formados à milhões de anos
atrás na época dos dinossauros, daí o nome de combustível fóssil.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os combustíveis fósseis.


 Caracterizar os principais combustíveis fósseis.
Objectivos
 Descrever a importância dos combustíveis fósseis.
 Descrever o processo e formação de combostíveis fóseis
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 105

Unidade XII
RECURSOS HÍDRICOS
Introdução
Como sabemos, sendo a água um recurso renovável que está
disponível na natureza para o Homem utilizar constitui o recurso
que é responsável pela vida não só do homem como também dos
outros animais ou plantas. No entanto, como o consumo tem
excedido a renovação da mesma, actualmente verifica-se
insuficiência de água doce para além da diminuição da qualidade
da mesma. Estas dificuldades colocam as grandes preocupações do
homem para que este recurso não se esgote ou não tenha perda de
qualidade de consumo humano.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 106

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Descrever as formas de conservação dos recursos hídricos.


Determinar a importância dos recursos hídricos no
desenvolvimento económico.
Objectivos
Destacar os impactos que decorrem das actividades do homem no
processo produtivo.

Recursos Hídricos

Os recursos hídricos são as águas superficiais ou subterrâneas


disponíveis para qualquer tipo de uso humano. As águas
subterrâneas são o principal reservatório de água doce disponível
para o Homem (aproximadamente 60% da população mundial tem
como principal fonte de água os lençóis freáticos ou subterrâneos).

À partida, sendo a água um recurso renovável estaria sempre


disponível para o Homem utilizar. No entanto, como o consumo
tem excedido a renovação da mesma, actualmente verifica-se
insuficiência de água doce para alem da diminuição da qualidade
da mesma.

A água é essencial à vida e todos os organismos vivos no


planeta Terra dependem da água para sua sobrevivência. O
planeta Terra é o único do sistema solar que tem água nos três
estados (sólido, líquido e gasoso), e as mudanças de estado
físico da água no ciclo hidrológico são fundamentais e
influenciam os processos biogeoquímicos nos ecossistemas
terrestres e aquáticos. A água nutre as florestas, mantêm a
produção agrícola, mantêm a biodiversidade nos sistemas
terrestres e aquáticos. Portanto, os recursos hídricos
superficiais e os recursos hídricos subterrâneos são recursos
estratégicos para o Homem e todas as plantas e animais.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 107

Recursos Hídricos e o Desenvolvimento Económico

O desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no


qual a exploração dos recursos, a direcção dos investimentos, a
orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e
futuro, a fim de atender as aspirações humanas.

Ou seja, podemos utilizar os recursos renováveis que a natureza


colocou à nossa disposição (mesmo porque sem eles seria
impossível a vida), mas de tal forma que as próximas gerações
possam também usufruí-los.

Sempre houve grande dependência dos recursos hídricos para o


desenvolvimento econômico. A água funciona como factor de
desenvolvimento, pois ela é utilizada para inúmeros usos
diretamente relacionados com a economia (regional, nacional e
internacional). Os usos mais comuns e frequentes dos recursos
hídricos são: água para uso doméstico, irrigação, uso industrial e
hidroeletricidade. De 1900 a 2000, o uso total da água no planeta
aumentou dez vezes (de 500 km3/ano para aproximadamente 5.000
Km3/ano). Os usos múltiplos da água aceleram-se em todas as
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 108

regiões, continentes e países. Estes usos múltiplos aumentam à


medida que as actividades econômicas se diversificam e as
necessidades de água aumentam para atingir níveis de sustentação
compatíveis com as pressões da sociedade de consumo, a produção
industrial e agrícola.

A urbanização acelerada em todo o planeta produz inúmeras


alterações no ciclo hidrológico e aumenta as demandas para
grandes volumes de água, aumentando também os custos do
tratamento, a necessidade de mais energia para distribuição de
água e a pressão sobre os mananciais.
À medida que aumenta o desenvolvimento econômico e a
renda per capita, aumenta a pressão sobre os recursos hídricos
superficiais e subterrâneos. As estimativas e projeções sobre
os usos futuros dos recursos hídricos variam bastante, em
função de análises de tendências diversificadas, algumas
baseadas em projeções dos usos actuais, outras em função de
re-avaliações dos usos actuais e introdução de medidas de
economia da água, tais como, re-uso e medidas legais para
diminuir os usos e o consumo e evitar desperdício, ou a
cobrança pelo uso da água e o princípio do poluidor-pagador.

Os Impactos nos Recursos Hídricos

Os impactos quantitativos nos recursos hídricos são crescentes e


produzem grandes alterações nas reservas de águas superficiais e
subterrâneas. Há casos muito evidentes de uso excessivo de
recursos hídricos superficiais que resultaram na redução
quantitativa acentuada e em desastres de grandes proporções.
Além dos impactos quantitativos, há muitos outros impactos na
qualidade da águas superficiais e subterrâneas que comprometem
os usos múltiplos e aumentam as pressões econômicas regionais e
locais sobre os recursos hídricos.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 109

A construção de represas, altera o fluxo dos rios e o transporte de


nutrientes e sedimento e interfere na migração e reprodução de
peixes. A construção de diques e canais, destrói a conexão do rio
com as áreas inundáveis.

Alteração do canal natural dos rios, danifica ecologicamente os rios.


Modifica os fluxos dos rios.

O desmatamento do solo altera padrões de drenagem, inibe a


recarga natural dos aqüíferos, aumenta a sedimentação. Altera a
qualidade e a quantidade da água, pesca comercial, biodiversidade
e controlo de enchentes.

A Introdução de espécies exóticas, elimina espécies nativas, altera


ciclos de nutrientes e ciclos biológicos.

O aumento e a diversificação dos usos múltiplos, o extenso grau de


urbanização e o aumento populacional resultaram em uma
multiplicidade de impactos que exigem evidentemente diferentes
tipos de avaliação, novas tecnologias de monitoramento e avanços
tecnológicos no tratamento e gestão das águas. Este último tópico
tem fundamental importância no futuro dos recursos hídricos, pois
como já descrito anteriormente, os cenários de uso aumentando e
excessivo estão relacionados com uma continuidade das políticas
no uso e gestão pouco evoluída conceitualmente e
tecnologicamente.
Os resultados de todos estes impactos são muito severos para as
populações humanas, afectando todos os aspectos da vida diária das
pessoas, a economia regional e nacional e a saúde humana. Estas
conseqüências podem ser resumidas em:

 Degradação da qualidade da água superficial e subterrânea.


 Aumento das doenças de veiculação hídrica e impactos na
saúde humana.
 Diminuição da água disponível.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 110

 Aumento no custo da produção de alimentos.


 Impedimento ao desenvolvimento industrial e agrícola e
comprometimento dos usos múltiplos.
 Aumento dos custos de tratamento de água.

Além destes impactos produzidos pelas actividades humanas, deve-


se também considerar que as mudanças globais em curso poderão
afectar drasticamente os recursos hídricos do planeta. Estas
mudanças globais, em parte resultantes da aceleração dos ciclos
biogeoquímicos e contribuição de gases de efeito estufa para a
atmosfera, também poderão interferir nas características do ciclo
hidrológico, afectar a temperatura das águas superficiais de lagos,
rios e represas, alterar a evapotranspiração e produzir impactos
diversos na biodiversidade. Estas mudanças globais poderão ter
efeitos na agricultura, na distribuição da vegetação e
conseqüentemente poderão alterar a quantidade e qualidade dos
recursos hídricos.

Água e saúde humana

Existem muitas informações sobre os efeitos dos recursos hídricos


superficiais e subterrâneos deteriorados sobre a saúde humana. Há
diversas doenças de veiculação hídrica que são consequências de
organismos que tem um ciclo de vida de alguma forma relacionado
com águas estagnadas, rios, represas, estuários ou lagos. Estas
doenças, em continentes como América Latina, África e no
Sudoeste da Ásia, matam mais pessoas que todas as outras doenças
em conjunto. As doenças que atingem os seres humanos a partir da
água poluída podem resultar de contaminação em águas não
tratadas (esgotos domésticos) por contribuição de pessoas e animais
infectados, animais em regiões de intensa actividade pecuária (galo,
aves, suínos) ou por animais silvestres. As doenças de veiculação
hídrica aumentam de intensidade e distribuição em regiões com alta
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 111

concentração populacional, por exemplo, em zonas periurbanas


metropolitanas, e com o aumento de despejos de actividades
industriais, especialmente aqueles provenientes das indústrias de
processamento da matéria orgânica (carne, laticínios, cana de
açúcar). Factores adicionais de contaminação são os rios urbanos
de pequeno porte, com águas contaminadas e não tratadas que
podem funcionar como pólo de dispersão de doenças de veiculação
hídrica direta ou indiretamente. A eutrofização de sistemas
continentais e costeiros também é causa de contaminação e
aumento de doenças.

Inabilidade e mortes prematuras produzidas por doenças de


veiculação hídrica têm como consequência muitas perdas
econômicas, efeitos de curto e longo prazo.

Sumário

O desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no


qual a exploração dos recursos, a direcção dos investimentos, a
orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e
futuro, a fim de atender as aspirações humanas.

Este desenvolvimento depende de como o Homem se relaciona


com a natureza e deste modo com os recursos hídricos. Esta relação
deve ser em prol da defesa e conservação deste recurso de tão alto
valor vital.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 112

Exercícios
1- Explica as diferentes componentes dos recursos hídricos?

2- Como explicas a necessidade de se desenvolver tecnologias


para a purificação das águas?

3- Explique os principais impactos que podem afectar as águas?

Nb. Entregar o exercício 3


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 113

Unidade XIII
O SOLO COMO RECURSO
NATURAL

Introdução
O solo é um reurso natural de valor inestimável, pois sem a sua
existência seria ipmossível a vida na terra. Contudo, este tem
soido sido alvo de contínuas agressões através da intensificação
das práticas agrícolas e outras actividades desencadeadas pelo
Homem. Nesta unidade temática, iremos descrever a impotância
dos solos para as populações e também iremos apresentar alguns
tipos de solos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a importância do solo para o Homem.


 Descrever os diferentes usos do solo.
Objectivos
 Reconhecer a importância do solo

O Solo Como Recursos Natural

O solo, recurso natural que o Homem, desde os primórdios da


humanidade, tem utilizado e explorado, pode ser considerado um
recurso natural renovável; isto à escala geológica. Mas à escala
humana tem de ser considerado não renovável, uma vez que a taxa
de formação do solo é muito pequena, tendo sido encontrados
valores da taxa de formação tão baixos como 0,01mm/ano.

Sendo o solo um recurso natural não renovável, é importante que se


procure evitar que os solos potencialmente mais capazes de
produzir biomassa venham a ser usados por outras formas de
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 114

aproveitamento que destruam essa capacidade produtiva, tornando-


os praticamente irrecuperáveis para tal finalidade.

Além do seu papel determinante para a produção de biomassa, o


solo desempenha várias outras funções ecológicas, como regulador
do ciclo hidrológico e dos ciclos biogeoquímicos, como meio
natural de reciclagem de compostos orgânicos e como reserva
genética de biodiversidade. Exerce ainda funções de natureza
sócio-económica, como suporte de infra-estruturas, fonte de
matérias-primas, reserva de património natural e cultural (por
exemplo, de paisagens protegidas, tesouros arqueológicos e
paleontológicos e vestígios paleoambientais).

A expressão do carácter multifuncional do recurso solo depende do


tipo de uso da terra que lhe é alocado. Enquanto, por exemplo, o
uso florestal ou agrícola permite algum grau de compatibilização
da função de produção de biomassa com outras funções ecológicas
do solo, outros usos, como a ocupação urbana ou a exploração de
matérias-primas, implicam normalmente o esgotamento definitivo
deste recurso nessa única função.

Cada solo é um meio natural dinâmico que reflecte as condições a


que esteve sujeito ao longo da sua formação.

Reflecte não só o efeito da acção conjugada de vários factores


ambientais (clima, organismos, material originário, relevo),
geralmente ao longo de muitos milhares de anos, mas também
reflecte o efeito de acções humanas que se acentuaram
especialmente, em extensão e intensidade, durante o século XX.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 115

Os Tipos de Solos

Existem vários tipos de solos. As diferentes características dos


solos permitem compará-los e classificá-los. Desta forma, abaixo
destacam se alguns tipos de solos

Latossolos: Em geral, apresentam grande profundidade, alta


permeabilidade e baixa capacidade de troca catiônica. Ocorre a
predominância de óxidos de ferro, de alumínio e caulinita, que é
uma argila de baixa actividade, sendo predominante na fracção
argila dos latossolos. Esta combinação química, juntamente com
matéria orgânica e alta permeabilidade e aeração confere ao
latossolo uma estrutura fina, muito estável que facilita o cultivo.
Em caso de compactação subsuperficial, a erodibilidade destes
solos aumenta, exigindo cuidados redobrados no seu manejo.
Dentro da classificação de latossolos, ainda existe uma subdivisão,
ou seja, eles podem ser classificados de acordo com sua coloração,
a qual reflecte maior ou menor riqueza em óxidos de ferro.

Podzólicos: são solos profundos e menos meteorizados do que os


Latossolos podendo apresentar maior fertilidade natural e potencial.
Esses solos são desenvolvidos basicamente a partir de produtos da
intemperização de arenitos, com sequência de horizontes A, B e C
bem diferenciados e com suas transições geralmente bem definidas.
A principal característica deste solo é a diferença textural entre os
horizontes A e B, visto que no horizonte B concentra-se teor mais
elevado de argila do que no horizonte A, onde, entretanto, a
actividade biológica apresenta-se intensa. O acumulo de argila no
horizonte B torna os solos podzólicos menos permeáveis, portanto
mais propensos à erosão hídrica.

Aluviais: são solos pouco desenvolvidos, provenientes de


sedimentos, geralmente de origem fluvial, apresentando grande
heterogeneidade entre si, como também ao longo do seu perfil.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 116

Ocorrem em relevo plano, várzeas e em áreas próximas aos rios.


Suas maiores limitações de uso referem-se aos riscos de inundações
periódicas e elevação do lençol freático. Uma vez que esses solos
apresentam horizonte A directamente assentado sobre o horizonte
C, todos os cuidados devem ser tomados nos trabalhos de
sistematização para uso. Excessivos cortes podem expor o
horizonte C, reduzindo a capacidade produtiva.

Hidromórficos: são desenvolvidos em condições de excesso de


água, ou seja, sob influência de lençol freático. Estes solos
apresentam a cor cinza em virtude da presença de ferro reduzido,
ou ausência de ferro trivalente. Logicamente, ocupam baixadas
inundadas, ou frequentemente inundáveis. Pelas condições onde se
localizam, são solos difíceis de serem trabalhados. Existem dois
tipos principais de solos hidromórficos: os orgânicos e os minerais.

Cambissolos: são solos pouco desenvolvidos em relação aos


Latossolos e Podzólicos. Apresentam horizonte B em formação.
São rasos e de elevada erodibilidade podendo em curto espaço de
tempo ocorrer exposição de subsolo. A fertilidade do horizonte A
está condicionada ao tipo de rocha formadora inicial. Por serem
muito susceptíveis à erosão, normalmente não permitem um uso
intensivo podendo, em condições naturais, ser observada a
ocorrência de erosão laminar moderada, ou severa, bem como em
sulcos e voçorocas.

Solos salinos: caracterizam-se por uma concentração elevada de


sais solúveis. São comuns nas partes baixas do relevo nas regiões
áridas, semi-áridas e naquelas próximas do mar. São desprovidos
de cobertura vegetal devido à elevada salinidade.

Litossolos: esta classe é constituída por solos pouco desenvolvidos,


muito rasos, com o horizonte A assentado directamente sobre a
rocha. Situam-se nas áreas montanhosas. Os locais onde ocorrem
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 117

este tipo de solo, são normalmente, destinados às áreas de


preservação permanente.

Sumário
Neste capítulo tivemos a noção da utilização do solo para diversos
fins de utilidade, no que podemos afirmar que a expressão do
carácter multifuncional do recurso solo depende do tipo de uso da
terra que lhe é alocado. Enquanto, por exemplo, o uso florestal ou
agrícola permite algum grau de compatibilização da função de
produção de biomassa com outras funções ecológicas do solo,
outros usos, como a ocupação urbana ou a exploração de matérias-
primas, implicam normalmente o esgotamento definitivo deste
recurso nessa única função.

Exercícios
1- Quais são as principais utilidades que o solo apresenta para
a sociedade?
2- Descreva os principais tipos de solos que conheces?
3- Qual é a melhor forma de proteger o solo que aprendeste ao
longo do presente capítulo?

Nb. Para entregar. 3


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 118

Unidade XIV
RECURSOS FLORESTAIS:
RELAÇÃO HOMEM - NATUREZA
Introdução
Dentro da componente biótica que intervêm na constituição do solo
como falamos no capítulo anterior, um papel fundamental jogam os
recursos florestais os quais estabelecem uma forte relação com o
ser humano na sua relação com a natureza. Lamentavelmente esta
relação na maioria dos casos, tem-se assistido uma contínua
desflorestação das vastas áreas com o intuito de aumentar a
superfície agrícola, industrial ou urbana ou simplesmente para
utilizar madeira como matéria-prima ou fonte de energia.

Esta atitude do Homem deve ser regulada para permitir que estes
recursos sejam explorados hoje e estejam disponíveis no futuro das
outras gerações

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar os recursos florestais.


 Determinar o tipo de relações que o homem estabelece com
a natureza
Objectivos
 Caracterizar os recursos faunísticos

Recursos Florestais
As florestas constituem também de inegável valor e desempenhem
um papel fundamental do equilíbrio do ambiente. São elas que
fornecem à atmosfera o oxigénio tão indispensável para a vida. São
também elas que protegem os solos da erosão, que evitam a
escorrência rápida das águas superficiais, que dificultam a
formação as cheias e inundações e ao mesmo tempo regularizam o
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 119

clima, através da retenção da água da chuva, mas também pela que


libertam em resultado da transpiração que as plantas realizam. As
florestas também fornecem medicamentos tradicionais para curar
diversas doenças.

No entanto, tem-se assistido uma contínua desflorestação das


vastas áreas com o intuito de aumentar a superfície agrícola,
industrial ou urbana ou simplesmente para utilizar madeira como
matéria-prima ou fonte de energia.

Para além dos recursos florestais madeireiros ou lenhosos (chafunta,


umbila, pau preto, jambir, pau rosa, etc.), existem recursos
florestais não madeireiros de origem vegetal e animal. Os recursos
florestais não madeireiros constituem fonte de renda e alimento
para o Homem. São extraídas das florestas frutos, fibras naturais,
amêndoas, corantes, plantas, etc., que contribuem para o
incremento da renda familiar dos extractivistas.

Os Recursos Faunísticos

As atitudes comportamentais do homem, desde que ele se tornou


parte dominante dos sistemas, têm uma tendência em sentido
contrário à manutenção do equilíbrio ambiental. Ele esbanja
energia e desestabiliza as condições de equilíbrio pelo aumento de
sua densidade populacional, além da capacidade de tolerância da
natureza, e de suas exigências individuais. Não podendo criar as
fontes que satisfazem suas necessidades fora do sistema ecológico,
o homem impõe uma pressão cada vez maior sobre o ambiente.

Os impactos exercidos pelo homem são de dois tipos: primeiro, o


consumo de recursos naturais em ritmo mais acelerado do que
aquele no qual eles podem ser renovados pelo sistema ecológico;
segundo, pela geração de produtos residuais em quantidades
maiores do que as que podem ser integradas ao ciclo natural de
nutrientes. Além desses dois impactos, o homem chega até a
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 120

introduzir materiais tóxicos no sistema ecológico que tolhem e


destroem as forças naturais.

O aumento da população mundial ao longo da história exige áreas


cada vez maiores para a produção de alimentos e técnicas de
cultivo que aumentem a produtividade da terra. Florestas cedem
lugar a lavouras e criações, espécies animais e vegetais são
domesticadas, muitas extintas e outras, ao perderem seus
predadores naturais, multiplicam-se aceleradamente. Este factor
cria de certa maneira o desequilíbrio nos ecossistemas e concorre
para a ocorrência de impactos negativos em diversos locais.

Produtos químicos não-biodegradáveis, usados para aumentar a


produtividade e evitar predadores nas lavouras, matam
microrganismos decompositores, insectos e aves, reduzem a
fertilidade da terra, poluem os rios e águas subterrâneas e
contaminam os alimentos. A urbanização multiplica esses factores
de desequilíbrio. A grande cidade usa os recursos naturais em
escala concentrada, quebra as cadeias naturais de reprodução
desses recursos e reduz a capacidade da natureza de construir novas
situações de equilíbrio.

A relação Homem-natureza

Desde da pré-história o homem vem extraindo os recursos naturais


da natureza. Aos poucos foram aprendendo a dominá-la.
Lentamente, passaram a fabricar ferramentas, construir suas
moradias, meios de transportes, etc. Cada vez mais evoluíam e com
essa evolução passaram cada vez mais explorar os recursos naturais
que a natureza oferecia

A natureza é formada pelo conjunto dos recursos naturais, que


constituem a base material da existência do homem. A forma de
relacionamento do Homem com a natureza depende de vários
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 121

factores, tais como modo de produção, estágio sócio-econômico e


tecnológico, etc.

Nas antigas sociedades comunitárias, por exemplo, onde a


dependência do Homem em relação à natureza era praticamente
total, o Homem retirava da natureza apenas o necessário para sua
sobrevivência.

Com o advento do capitalismo industrial, a exploração dos recursos


naturais sofreu profundas alterações em relação aos seus objectivos,
volume e variedade. O capitalismo estabeleceu uma relação
homem-natureza do tipo predatória, isso porque, sendo uma
sociedade de consumo e fundamentada no lucro, na concorrência e
na produção em larga escala, para manter o crescimento da
demanda em nível compatível com o da produção acelerada, utiliza
estratégias, tais como:

 Criação de falsas necessidades através dos meios de


publicidade e propaganda;
 Produtos cada vez menos duráveis, exigindo frequente
substituição;
 Produtos cada vez mais sofisticados, exigindo a substituição
do antigo pelo novo parar se manter o status social;
 Grande incremento dos produtos descartáveis para facilitar
o uso e consumo.

Todos estes aspectos acima mencionados levam a uma exploração


excessiva e irracional dos recursos naturais, o que pode acarretar o
precoce esgotamento dos não renováveis e até mesmo comprometer
a renovação de outros (solo, vegetação, fauna, etc).

Essa realidade nos coloca no centro da importantíssima e


preocupante questão de conservacionismo dos recursos naturais.
Conservar um recurso natural não significa guardar ou apenas
deixar de utilizá-lo. Conservar é saber utilizá-lo, ou melhor, é
utilizá-lo racionalmente, duma forma sustentável trata-se de
adequar os padrões de produção e consumo das nossas sociedades a
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 122

uma situação sustentável a longo prazo para o nosso planeta e o


ambiente. Se o homem pescar o ano inteiro, sem dar tempo aos
peixes de se reproduzir, eles acabarão se esgotando.

A realidade presente mostra, então, que o homem não atingiu a


maturidade no seu relacionamento com a natureza. Ele ainda se
considera o “rei” da natureza, e não parte integrante dela.

Sumário
Desflorestamento, Queimadas, Abertura de Vias de Comunicação e
a Pressão Demográfica, são alguns dos impactos negativos que se
dão na relação que o Homem estabelece no processo da exploração
dos recursos naturais, do mesmo modo se pode falas das mortes de
animais e micororganismos devido a introdução nos diferentes
ecossistemas de enumeras substâncias nocivas ao ambiente.

Essa realidade nos coloca no centro da importantíssima e


preocupante questão de conservacionismo dos recursos naturais.
Conservar um recurso natural não significa guardar ou apenas
deixar de utilizá-lo. Conservar é saber utilizá-lo, ou melhor, é
utilizá-lo racionalmente, duma forma sustentável.

Exercícios
1- Destaque quando é que a relação entre o Homem e a natureza se
tona perigosa ou prejudicial ao ambiente?.

2- Refira-se dos impactos da estratégia da sociedade de consumo a


que estamos sujeito?

Nb. Entregar o exercício 2


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 123

Unidade XV
PRINCIPAIS FORMAS DA
DEGRADAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE
Introdução
Nesta unidade temática, faz-se uma abordagem das principais
formas de degradação do meio em que vivemos devido as
actividades do Homem como ser que mais altera as formas naturais
do nosso planeta. Uma destas formas é a poluição do meio que tem
levado a degradação ambiental sem precedentes cujas
consequências tornam se prejudiciais para o próprio Homem

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar as formas de poluição do meio mais frequente

 Definir a poluição
Objectivos
 Classificar a poluição do meio.

Poluição do Meio

Por poluição entende-se a introdução pelo homem, directa ou


indirectamente de substâncias ou energia no ambiente, provocando
um efeito negativo no seu equilíbrio, causando assim danos na
saúde humana, nos seres vivos e no ecossistema ali presente.

Os agentes de poluição, normalmente designados por poluentes,


podem ser de natureza química, genética, ou sob a forma de energia,
como nos casos de luz, calor ou radiação.

A água poluída pode ainda ser definida como água cuja


composição tenha sido directa ou indirectamente alterada, por
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 124

forma a prestar-se menos facilmente aos usos que poderia ter no


seu estado natural, ou seja, a sua composição está em equilíbrio
com o meio e as espécies que utilizam a água estão adaptadas às
suas características.

A Purificação da água é o processo de remoção indesejáveis


contaminantes químicos e biológicos da água bruta. O objectivo é
produzir água própria para uma finalidade específica, sendo que a
maior parte da água é purificada para consumo humano, mas pode
ser concebido para uma variedade de outros fins, inclusive para
atender às exigências da medicina, farmacologia, química e
aplicações industriais. Em geral, os métodos utilizados incluem
processo físico, como a filtração e sedimentação, processos
biológicos, tais como filtros de areia lento ou lodos activados,
processo químico, como a floculação e cloração e a utilização de
radiação electromagnética, como a luz ultravioleta

Classificação da Poluição

A poluição pode ser classificada de diferentes maneiras de acordo


com o tipo de poluente. Assim temos:

 Poluição atmosférica

A que consiste na introdução na Atmosfera de substâncias nocivas


a esta camada que envolve o nosso planeta. Os seus efeitos são já
conhecidos desde os primeiros anos da escolaridade.

 Poluição hídrica

É a introdução de elementos tóxicos ou prejudiciais a vida do


homem e dos animais podendo causar a sua morte ou alterações no
funcionamento dos seus organismo assim como doenças de diversa
ordem. Aqui encontramos por exemplo o lançamento de petróleo
nas águas do alto mar pelos barcos que pode causar a morte da
biodiversidade marinha.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 125

 Poluição do solo

A colocação no solo de substâncias que podem causar alterações


maléficas no crescimento das plantas ou interferir na cadeia
alimentar provocando actos maléficos a saúde das pessoas ou
animais de diversos tipos. Exemplo os agro-tóxicos

 Poluição sonora

Frequente nas cidades e em ambientes aeroportuários onde os


aviões que sobrevoam o espaço produzem barulho com os seus
reactores o qual pode de certa forma provocar doenças diversas nas
pessoas ou perturbações nos animais.

Aspecto de um avião na aterragem com os efeitos que provoca nos


reidentes.

 Poluição térmica

Acção causada por reactores nucleares ou indústrias


termonucleares que consistem na colocação no espaço de
substâncias reactivas que podem provocar efeitos negativos a
atmosfera

Consequências da Poluição do Meio

A introdução de substancias poluentes nos corpos aquáticos, ao


modificar as características do meio, altera a relação entre
produtores e consumidores. Se diminuir o oxigénio dissolvido, as
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 126

espécies que realizam fotossíntese têm tendência a proliferar,


enquanto as que necessitam do oxigénio na respiração, podendo
resultar numa situação de Hipóxia. Esta alteração da relação entre
produtores e consumidores pode levar igualmente à proliferação de
algas e organismos produtores de produtos tóxicos. A inserção de
compostos tóxicos pode ser absorvida pelos organismos, ocorrendo
bioacumulação, compostos esses que entrando na cadeia alimentar
pode causar sérios danos ao ser humano. Pelo menos 2 milhões de
pessoas, principalmente crianças com menos de 5 anos de idade,
morrem por ano no mundo devido a doenças causadas pela água
contaminada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)

Floração das águas

Este fenómeno é causado pelo uso agrícola de fertilizantes, que


contêm fósforo e azoto que ao atingir os cursos de água, nutrem as
plantas aquática. Naturalmente, o fósforo e o azoto estão em deficit
nos sistemas aquáticos, limitando o crescimento dos produtores
primários. Com o aumento destes nutrientes, a sua população tende
a crescer descontroladamente, diminuindo a transparência da água
e com isso causando a diminuição de luz solar. Esta diminuição
afecta a população de macrófilas submersas, diminuindo assim a
diversidade do habitat, e provocando uma redução na capacidade
de alimentos para inúmeros microorganismos, empobrecendo as
comunidades de invertebrados e vertebrados.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 127

Eutrofização

Figura: Um peixe morto, num corpo de água poluída.

A eutrofização ou eutroficação é um fenómeno causado pelo


excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou
nitrogénio, normalmente causado pela descarga de efluentes
agrícolas, urbanos ou industriais) num corpo de água mais ou
menos fechado, o que leva à proliferação excessiva de algas, que,
ao entrarem em decomposição, levam ao aumento do número de
microorganismos e à consequente deterioração da qualidade do
corpo de água.

Os problemas de poluição global, como o efeito estufa, a


diminuição da camada de ozónio, as chuvas ácidas, a perda da
biodiversidade, os dejectos lançados em rios e mares, entre outros
materiais, nem sempre são observados, medidos ou mesmo sentidos
pela população.

A explicação para toda essa dificuldade reside no fato de se tratar


de uma poluição cumulativa, cujos efeitos só são sentidos a longo
prazo. Apesar disso, esses problemas têm merecido atenção
especial no mundo inteiro, por estarem se multiplicando em curto
tempo e devido a certeza de que terão influência em todos os seres
vivos.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 128

Figura: Imagem da Cidade de Paris com fumos

Figura: Poluição atmosférica nos arredores de Paris (França)

A Terra recebe uma quantidade de radiação solar que, em sua


maior parte (91%), é absorvida pela atmosfera terrestre, sendo o
restante (9%) refletido para o espaço. A concentração de gás
carbônico oriunda, principalmente, da queima de combustíveis
fósseis, dificulta ou diminui o percentual de radiação que a Terra
reflete para o espaço. Desse modo, ao não ser irradiado para o
espaço, o calor provoca o aumento da temperatura média da
superfície terrestre.

Devido à poluição atmosférica e seus efeitos, muitos cientistas


apontam que o aquecimento global do planeta a médio e longo
prazo pode ter carácter irreversível.

Sumário
Como pode ver trouxemos aqui algumas formas de degradação do
meio ambiente que figuram-se comuns em diversos locais e mesmo
no nosso meio onde vivemos, provocando as mais diversas
alterações no normal funcionamento deste meio que nos rodeia o
que se pode reflectir em diversas formas de manifestações visíveis
e não visíveis ao mais simples observador.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 129

Os problemas de poluição global, como o efeito estufa, a


diminuição da camada de ozónio, as chuvas ácidas, a perda da
biodiversidade, os dejectos lançados em rios e mares, entre outros
materiais, nem sempre são observados, medidos ou mesmo sentidos
pela população. Pouco a pouco vão sendo colocadas situações que
preocupam as própria populações mas que são decorrentes das
acções do Homem sobre o meio.

Exercícios
1- Dê uma definição por si elaborada do que entende com a
poluição?

2- Com explicas que as grandes Cidades apresentem fumos


por cima em determinadas ocasiões?

3- Qual é o impacto que provoca a poluição sonora provocada


pelo ruído dos aviões?

Nb. Para entregar 2


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 130

Unidade XVI
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Introdução
Nesta unidade temática, iremos abordar um dos temas da
actualidade, que se prende com a preocupação do Homem em
preservar os recursos naturais pois este já se apercebeu de que o
ritmo da sua exploração está sendo muito acelerada em relação ao
nível de regeneração dos mesmos. A ideia de sustentabilidade é
justamente a de fazer a espécie humana "entrar no jogo da
natureza", compreender a natureza como ela é.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a importância de gestão sustentável dos recursos.

 Definir o desenvolvimento sustentável no contexto das ciências.


Objectivos
 Caracterizar as acções do Homem que se podem integrar no
desenvolvimento sustentável.

Desenvolvimento Sustentável

Um dos problemas da vida contemporânea é medir a capacidade


que teremos de manter as condições da reprodução humana na
Terra. Em outras palavras, trata-se de permitir às gerações
vindouras condições de habitabilidade no futuro, considerando a
herança de modelos tecnológicos devastadores e possíveis
alternativas a eles. Os seres humanos que estão por vir precisam
dispor de ar, solo para cultivar e água limpos. Sem isso, as
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 131

perspectivas são sombrias: baixa qualidade de vida, novos conflitos


por água , entre outras.

Durante a década de 1970, tomou corpo uma discussão que


procurava aproximar algo até então muito distante: a produção
económica e a conservação ambiental. Esta aproximação ocorreu
de maneira lenta, através de reuniões internacionais e relatórios
preparatórios.

A associação entre desenvolvimento e o ambiente é anterior à


Conferência de Estocolmo. Os presságios de uma nova concepção
são esboçados no encontro preparatório de Founex (Suíça), em
1971, onde iniciou-se uma reflexão a respeito das implicações de
um modelo de desenvolvimento baseado exclusivamente no
crescimento económico, da problemática ambiental. Esta discussão
ganhou destaque com o economista Ignacy Sachs, gerando o
conceito de eco desenvolvimento na década de 1970.

Em 1973, na primeira reunião do Programa das Nações Unidas


para o Meio Ambiente (PNUMA), realizada em Genebra, Maurice
Strong, então Diretor-executivo do programa, empregou a
expressão eco desenvolvimento. Na ocasião, porém, ele não teve a
preocupação em definir o conceito, que seria formulado, pela
primeira vez, por SACHS, no ano seguinte. Para ele, o eco
desenvolvimento seria “um estilo de desenvolvimento
particularmente adaptado às regiões rurais do Terceiro Mundo,
fundado em sua capacidade natural para a fotossíntese" (Sachas,
1974. In Leff, 1994:317).

Esta primeira formulação, em que pese seu carácter genérico,


merece ser comentada do ponto de vista da geografia. A capacidade
natural para a fotossíntese dos países subdesenvolvidos era uma
alusão à sua paisagem natural, destacando imagens, em especial a
europeus, de um "mundo verde". Algo similar ao que é difundido
sobre a Amazónia brasileira em nossos dias.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 132

A ideia de sustentabilidade é justamente a de fazer a espécie


humana "entrar no jogo da natureza". Em outras palavras, Sachs
vislumbra o ambiente rural como o lugar possível para
desenvolver-se um modo de vida capaz de manter e reproduzir as
condições da existência humana sem comprometer a base natural
necessária à produção das coisas. As comunidades alternativas e os
ecologistas radicais também. Esses últimos chegaram até a
condenar as cidades.

Se tomarmos a divisão do trabalho como um aspecto a ponderar na


direcção da sustentabilidade veremos que Marx continua, neste
aspecto, com a razão. Trata-se da primeira e principal divisão
estabelecida pela espécie humana, com a agravante de que a cidade
depende do campo e ainda seria insustentável. Como resposta a
esta formulação surgem inúmeros programas na década de 1990,
dentre os quais se destaca o de cidades sustentáveis, que em alguns
países, dentre eles o Brasil, vem reunindo lideranças de vários
segmentos para discutir alternativas para tornar a cidade sustentável.
Ora, como sustentar um meio que, em si, tomando emprestada uma
expressão de Marx, depende de energia e matéria-prima gerada fora
dela para funcionar, se os habitantes da cidade não produzem
alimento, em que pese o carácter cada vez mais urbanizado do
campo e a sujeição do pequeno produtor ao capital (Oliveira, 1981).
Outra derivação do termo cidades sustentáveis surgiu no campo da
saúde. Nesse caso, a expressão que define os programas é "cidade
saudável", reconhecendo, embora não explicitamente, que os
urbanistas higienistas, muito em voga no início do século XX,
tinham razão. Não é agradável viver em um lugar com trânsito
intenso, odores ruins, barulho excessivo, respirando um ar
combinado com vários elementos químicos, muitos deles
causadores de doenças graves em seres humanos, como vimos.

Mas voltemos ao histórico da formulação do conceito de


desenvolvimento sustentável. A formulação teve continuidade com
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 133

a Declaração de Coyococ (México), organizada pelo PNUMA e a


Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento, em 1974. Nesse documento, lê-se que o eco
desenvolvimento seria uma “relação harmoniosa entre a sociedade
e seu meio ambiente natural conectado à auto dependência local”
(Leff, 1994:319).
O Relatório Que Faire, de 1975, actualiza o termo, grafando a
expressão que vai consolidar esta ideia: desenvolvimento
sustentado.

A consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável na


comunidade internacional virá anos mais tarde, a partir do trabalho
da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CMMAD), criada em 1983 através de uma deliberação da
Assembleia Geral da ONU. Ficou definida a presença de 23 países-
membros da Comissão, que promoveu entre 1985 e 1987:

Apesar da adopção do conceito de desenvolvimento sustentável em


actividades de planeamento, inclusive do turismo ecológico, ele
não é entendido de maneira consensual. Destacamos as ideias de S.
C. Herculano, que afirma que o desenvolvimento sustentável tem
dois significados:

(...) é uma expressão que vem sendo usada como epígrafe da boa
sociedade, senha e resumo da boa sociedade humana. Neste sentido,
a expressão ganha foros de um substituto pragmático, seja da
utopia socialista tornada ausente, seja da proposta de introdução de
valores éticos na racionalidade capitalista meramente instrumental.
(...) Na sua segunda acepção, desenvolvimento sustentável é (...)
um conjunto de mecanismos de ajustamento que resgata a
funcionalidade da sociedade capitalista (...). Neste segundo sentido,
é (...) um desenvolvimento suportável, medianamente bom,
medianamente ruim, que dá para levar, que não resgata o ser
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 134

humano da sua alienação diante de um sistema de produção


formidável (HERCULANO, 1992:30).

Outro autor que trabalha o assunto é Carlos Walter P. Gonçalves,


que afirma que o desenvolvimento sustentável

(...) tenta recuperar o Desenvolvimento como categoria capaz de


integrar os desiguais (e os diferentes?) em torno de um futuro
comum. Isto demonstra que pode haver mais continuidade do que
ruptura de paradigmas no processo em curso (GONÇALVES,
1996:43).

Já Ribeiro et al.(1996), ponderam que o desenvolvimento


sustentável poderia vir a ser uma referência, desde que servisse
para construir novas formas de relação entre os seres humanos e
desses com o ambiente. Apontam que o grande paradoxo do
desenvolvimento sustentável é manter a sustentabilidade, uma
noção das ciências da natureza, com o permanente avanço na
produção exigida pelo desenvolvimento, cuja matriz está na
sociedade.

Tendo como princípio conciliar crescimento e conservação


ambiental, o conceito de desenvolvimento sustentável, por sua
vaguidade, passou a servir a interesses diversos. De nova ética do
comportamento humano, passando pela proposição de uma
revolução ambiental até ser considerado um mecanismo de ajuste
da sociedade capitalista (capitalismo soft), o desenvolvimento
sustentável tornou-se um discurso poderoso, promovido por
organizações internacionais, empresários e políticos, repercutindo
na sociedade civil internacional e na ordem ambiental internacional.
Diferente do que ocorreu com o desenvolvimento sustentável, que
foi sendo elaborado ao longo de várias reuniões internacionais e
está servindo como base para a implementação de políticas, a ideia
de segurança ambiental global não está configurada como um
conceito que leva à acção, mas sim à implementação de estratégias
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 135

por uma unidade política. Ela evolui de maneira mais lenta,


encontrando muito mais resistência que o conceito anterior (Elliot,
1998). Mas não deixou de cumprir a função de justificar
"cientificamente" a política externa dos países.

Pensar globalmente os problemas ambientais exige conhecimento


científico e perspicácia política. Uma das grandes dificuldades que
se encontra em reuniões internacionais é que muitos dos
representantes dos países que participam ficam divididos entre
estes dois grupos de personagens - os cientistas e os tomadores de
decisões - e raramente conseguem chegar a bom termo, até quando
representam o mesmo país.

Sumário
Como afirmamos em ocasiões anteriores o que o desenvolvimento
sustentável constitui um tema bastante recente que poderia vir a
ser uma referência, desde que servisse para construir novas formas
de relação entre os seres humanos e desses com o ambiente que
lhes rodeia.

O desenvolvimento sustentável tem vindo a evoluir


progressivamente e está servindo como base para a implementação
de políticas, a ideia de segurança ambiental global não está
configurada como um conceito que leva à acção, mas sim à
implementação de estratégias por uma unidade política.

Exercícios
1 Qual das definições que estudaste possui uma abrangência mais
completa no seu entender?
2- Demonstre o grande impacto que tem o Desenvolvimento
sustentável na actualidade?
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 136

Nb. Entregar as alíneas 2.

Unidade XVII
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
GESTÃO DE RECURSOS
NATURAIS
Introdução
O crescimento tecnológico foi uma necessidade que o Homem
encontrou para melhorar as condições da sua sobrevivência na
Terra. Contudo este mesmo desenvolvimento está colocando a
natureza em risco devido a uma exploração acelerado dos recursos
naturais acima dos limites de regeneração colocando os na
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 137

condição de escassear ou mesmo esgotamento definitivo o que


periga de certa maneira a própria vida do Homem

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Determinar o nível de degradação provocada pelo crescimento


tecnológico..
Objectivos  Explicar as diferenças entre os níveis de poluição nos diferentes
países do mundo.

Ciência, Tecnologia e Gestão de Recursos Naturais

Durante o período que ocorreu a “Revolução Industrial” e


“Revolução Verde” ou agrícola, em todo o mundo, não houve
preocupação com as questões ambientais. Isso porque os recursos
naturais eram abundantes e a poluição não era foco da atenção da
sociedade industrial e intelectual da época. Com o crescimento
acelerado e desordenado da produção e da população humana
mundial, que resultaram na aceleração dos impactos e degradação
ambientais, o resultado que se tem é a escassez dos recursos
naturais. Surge então, recentemente, o conflito da sustentabilidade
dos sistemas económico e natural, fazendo do meio ambiente um
tema literalmente estratégico e urgente. O homem começa a
entender a impossibilidade de transformar as regras da natureza e
perceber a importância da reformulação de suas práticas ambientais.

Infelizmente, mesmo sabendo que toda a matéria-prima utilizada


nos processos produtivos é proveniente da natureza, a importância
estratégica dos recursos naturais ainda não é bem reconhecida no
mondo, onde a ausência ou deficiência de políticas públicas e o
desconhecimento por parte da população, não assegura o seu uso
controlado e a sua gestão racional. Dessa forma, como não são
respeitados os conceitos de “Limites do Crescimento”, a
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 138

humanidade está usando 20% a mais de recursos naturais do que o


planeta é capaz de repor. Ou seja, como estamos usando os
recursos além de sua capacidade de reposição, significa que se
ultrapassaram a capacidade de suporte, de auto depuração e de
regeneração dos sistemas. Assim, estão-se avançando sobre os
stocks naturais da Terra, o que inviabilizará o desenvolvimento
humano e económico do planeta, comprometendo as gerações
actuais e futuras, isto é das populações do futuro do nosso planeta.

A preservação da diversidade ecológica e dos recursos naturais,


frente ao quadro de destruição da natureza em escala global,
deveria consistir na base do desenvolvimento das nações. A
possibilidade de usar tais recursos, como no turismo ecológico e na
pesquisa e desenvolvimento de produtos fito-farmacológicos, são
apenas dois dos vários pontos que corroboram a necessidade de
utilizar a natureza em favor do desenvolvimento. Entretanto, a
preservação dos recursos naturais se torna impossível frente à falta
de saneamento básico, particularmente o tratamento dos resíduos
sólidos urbanos e do esgoto doméstico/comercial, principais
responsáveis pela poluição ambiental. Apesar da melhoria na
colecta de tais resíduos, a falta de destinação adequada para os
mesmos consiste em um dos maiores entraves para vincular o
desenvolvimento económico com a preservação da natureza,
gerando graves impactos de ordem socioeconómica e ambiental.

Agindo dessa maneira, todos os dons recebidos pelo homem, por


intermédio de seu conhecimento da natureza e de seus progressos
advindos do desenvolvimento tecnológico nos mais diversos
sectores, tais como a química, a informática e a medicina, tudo
aquilo que parecia poder atenuar o sofrimento humano e melhorar
sua vida, tende, por um espantoso paradoxo, a arruinar a
humanidade. Ela ameaça fazer algo que, normalmente, não
costuma acontecer em outros sistemas vivos, ou seja, sufocar a si
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 139

mesma.

Por estas questões, a gestão e a preservação dos recursos naturais


devem ser vistas como estratégias para o desenvolvimento
sustentável. Questões como saneamento básico necessitam de mais
atenção por parte das autoridades competentes. Entretanto, há de se
considerar, que a conservação da natureza e dos recursos naturais,
dos quais todos nós dependemos, será fruto, principalmente, da
tomada de consciência individual no que diz respeito ao nosso
modo de vida e suas implicações e consequências sobre o meio
ambiente.
Tem-se debatido muito nas últimas décadas sobre a possível
“insustentabilidade” ambiental do actual modelo civilizatório de
desenvolvimento. Isto se deve aos graves problemas ambientais
causados pelo uso intensivo dos recursos naturais em várias regiões
do mundo. Alguns ambientalistas acreditam que a solução para a
questão ambiental, neste quadro, só se dará com mudanças radicais
no paradigma da actual trajectória do modelo capitalista; já outros,
somados a maioria dos cientistas, políticos, governantes, etc,
tentam buscar em políticas e estratégias ortodoxas, formas de
ajustar a capacidade ecossistema da natureza a este mesmo modelo.
Nenhuma das duas propostas, até agora, encontraram bases teóricas
conceituais convincentes.

Porém, uma das constatações quase unânimes, tanto por um grupo


como pelo outro, é que não há como retroceder a trajectória
tecnológica a qual a sociedade moderna está inserida. O uso da
tecnologia em praticamente todos os sectores da vida humana é
uma realidade constante nos últimos anos do século XX. Salienta-
se, entretanto, que a busca do “modelo americanizado” de se viver,
baseado no consumismo e na utilização desenfreada dos recursos
ambientais, provavelmente, levará o planeta Terra ao seu
esgotamento.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 140

Já está matematicamente constatada a escassez de recursos naturais,


ou em outras palavras, não há recursos energéticos suficientes para
se manter as “máquinas” funcionando com a frenética intensidade
das “indústrias americanas” em todos os lugares do mundo.

Chega-se com isto a um dilema: as sociedades menos


desenvolvidas estarão destinadas a permanecerem sem acesso aos
benefícios da modernidade que já estão plenamente incorporadas
no quotidiano da sociedade dos países ricos; ou surgirão novas
fontes de recursos capazes de aliar esta trajectória à
“sustentabilidade” do planeta?

Como esta resposta não poderá ser dada com total fidedignidade,
pelo menos num futuro próximo, parte-se aqui para uma nova
proposta: buscar na sociedade de cada “lugar” estratégias que aliem
às expectativas de desenvolvimento e a disposição de quanto cada
comunidade se propõe “a pagar” no que se refere ao uso dos
recursos naturais a sua volta. Mas para isto, antes de qualquer
conclusão, é preciso ter em cada cidadão um aliado na tomada de
decisões, tanto no que diz respeito a possíveis utilizações dos
recursos que estão a sua volta como na busca de alternativas para
os problemas ambientais que a sua localidade já está enfrentando. É
preciso ainda, considerar que as estratégias de desenvolvimento
regional deverão levar em conta, tanto a geração actual, como as
futuras. Por isso é de total relevância nesta proposta, saber se a
comunidade de cada “lugar” estará disposta a serrar suas árvores,
poluir seus rios, afectar a saúde de suas crianças, etc., em prol de
um desenvolvimento económico/industrial/tecnológico, ou se
prefere preservar seus recursos para aproveitá-los com outras
alternativas menos predatórias, mesmo que com isso corra o risco
de ficar fora da “teia” globalizante da produção capitalista
desenfreada. Em outras palavras, resistir ao processo
homogeneizador de produtividade e utilização dos recursos naturais
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 141

ou incorporar-se às estratégias definidas nas mesas directoras das


grandes corporações transnacionais.

Para Odum (1988) a política que incentiva a “síndrome da indústria


única”, na busca de desenvolvimento rápido para o “lugar”, quase
sempre leva ao esgotamento de grande parte de seus
recursos. Seus habitantes, em alguns anos “ficarão tão ou mais
pobres como antes de sua instalação, porque não existe apoio
ambiental possível para mais nada” (Odum,1983,p.17). Citando o
trabalho dos historiadores James Cobb e Thomas Dyer, Odum
(1988) salienta o exemplo da cidade de Copperhill em
Tennessee nos EUA, quando uma única indústria esgotou os
recursos naturais e a capacidade de manutenção da vida de uma
grande área a sua volta. Odum ainda vai mais longe quando afirma
que os investimentos nesta política são temporários e podem se
transferir rapidamente de um lugar para o outro quando se vêem
ameaçados.
“Além disso, pouco ou nenhum lucro de uma indústria exploradora
desse tipo permanece na área: o dinheiro é exportado para outras
áreas, onde o desenvolvimento económico é ainda possível”
(Odum,1983,p.17).

O século XX foi um tempo de grandes possibilidades e esperanças.


Foi também o século de riscos. Os avanços na produção industrial
trouxeram as maravilhas da modernidade e aceleraram várias
transformações nas mais diferentes frentes: económicas, sociais,
culturais, políticas e, especialmente ambientais. Entre as promessas
pode-se destacar as novas tecnologias que despontaram na biologia,
na genética, no surgimento de novos materiais, na produção de
alimentos, nas mais diversas formas de captação de energia, na
elevação da produtividade industrial, etc. Porém, estas promessas
criaram também enormes dificuldades, principalmente nos últimos
50 anos do século XX.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 142

A denominada Terceira Revolução Industrial, mais que uma


profunda transformação técnica, foi o coroamento do processo
civilizatório ocidental que buscou incessantemente o aumento da
produtividade.
Produtividade esta, que se baseou na intensificação da exploração
dos recursos naturais. MacNeill (1992,p. 15) também segue nesta
trajectória quando afirma: [...] os progressos do passado foram
acompanhados pelo enorme recrudescimento na escala de
impacto ambiental sobre a Terra. Desde 1900, a população mais
que triplicou. Sua economia cresceu 20 vezes. O consumo de
combustíveis fósseis aumentou 30 vezes e a produção industrial 50
vezes. A maior parte desse crescimento, cerca de quatro quintos
dele, aconteceu a partir de 1950.

As “chaminés” das indústrias, por exemplo, que até a metade do


século XX eram símbolo de progresso e modernidade, passaram a
ser uma ameaça para o meio ambiente não só do “lugar” onde se
encontram, mas também para todo o planeta. Esta política
ambientalista, muitas vezes, entra em conflito
directo com os interesses das comunidades locais que não
percebem o impacto ambiental que os investimentos trarão, e vêem
apenas a possibilidade de ganhos económicos que a região/lugar
terá.
Com isso a civilização ocidental parece estar num dilema, ou freia-
se o crescimento económico/industrial ou se busca alternativas de
aliar a racionalidade do actual modelo, que associa o nível
de bem estar de sua população pela disponibilidade de bens
materiais que dispõe, ou busca-se uma “nova”, e ainda em
construção, racionalidade sustentável.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 143

Sumário
O ser humano tem cometido graves violações ao equilíbrio do
ambiente que nos rodeia, agindo dessa maneira, todos os dons
recebidos pelo homem, por intermédio de seu conhecimento da
natureza e de seus progressos advindos do desenvolvimento
tecnológico nos mais diversos sectores, tais como a química, a
informática e a medicina, tudo aquilo que parecia poder atenuar o
sofrimento humano e melhorar sua vida, tende, por um espantoso
paradoxo, a arruinar a humanidade. Ela ameaça fazer algo que,
normalmente, não costuma acontecer em outros sistemas vivos, ou
seja, sufocar a si mesma.

Esta atitude do Homem poderá encaminhar a destruição da


natureza e da vida na Terra que é até hoje o único planeta com
vida e atmosfera. Deste modo urge a necessidade de aplicação de
políticas que visem a uma exploração dos recursos que garanta o
equilíbrio ecológico.

Exercícios
1- Quais são os países do mundo que figuram na lista dos
maiores poluidores que advém do desenvolvimento
tecnológico?
2- Como conciliar a necessidade de desenvolvimento e a
preservação dos recursos naturais?
Nb. Entregar as alíneas 2.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 144

Unidade XVIII
História da Avaliação de Impacto
Ambiental
Introdução
A necessidade de realização de um estudo prévio durante a concretização
de projectos de desenvolvimento ou estudo do impacto ambiental é muito
recente se formos a considerar que inicia nos anos 60 com alguns países a
contemplar os estudos nos planos de desenvolvimento para evitar a
ocorrência de graves problemas no processo de laboração dos projectos.

A evolução desta obrigatoriedade foi crescendo com a consciência


humana de que os as suas acções sobre o meio ambiente eram bastante
destruidores e alguns dos impactos eram até irreversíveis de modo que
havia uma necessidade de controlar o desenvolvimento de grande parte
das actividade humanas.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 145

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Interpretar a evolução da história da Avaliação de Impacto


ambiental.
Objectivos  Determinar o momento que Moçambique aderiu ao processo de
Avaliação do Impacto Ambiental.

História da Avaliação de Impacto Ambiental

DÉCADA 60

Vários países industrializados passam a contemplar, de maneira


sistemática, o equacionamento de problemas ambientais em
políticas públicas.

DÉCADA 70

Os países em desenvolvimento, à semelhança dos desenvolvidos,


passam a incorporar o tema em seus programas e planos de acção.

1973: no Brasil foi criada a Secretaria Especial do Meio


Ambiente (SEMA), que instituiu o Conselho Consultivo do Meio
Ambiente, sendo extinto posteriormente (Machado, 1995).

DÉCADA 80

O tema adquiriu expressão mundial, passando a ser contemplado


em estruturas gerências públicas e privadas. Várias exigências
ambientais são estabelecidas.

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) foi introduzida no


Brasil como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente, por meio da Lei Federal nº 6.938/81, regulamentada
pelo Decreto nº 88.351/83. Estes dispositivos legais
fundamentaram-se no quadro jurídico de outros países, tais como
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 146

EUA, Canadá, França. A partir da promulgação da lei tornou-se


obrigatória a realização de estudos prévios com a finalidade de
fornecer parâmetros a respeito do Licenciamento Ambiental de
actividades modificadoras do meio ambiente.

1981: Criado o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)


com o objectivo de "assessorar, estudar e propor ao Conselho de
Governo, directrizes de políticas governamentais para o meio
ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua
competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade
de vida" (Machado, 1995).

1986: O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) institui


a obrigatoriedade do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para o licenciamento de
actividades modificadoras do meio ambiente (Resolução 01/86 do
Conama).

1988: A obrigatoriedade de realização prévia do EIA/RIMA é


incluída na Constituição da Republica Federativa do Brasil (Artigo
225 da Constituição Brasileira de 1988).

1989: Criado o Fundo Nacional do Meio Ambiente com o


"objectivo de desenvolver projectos que visem o uso racional e
sustentável de recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria
ou recuperação da qualidade ambiental no sentido de elevar a
qualidade de vida da população" (Machado, 1995).

1989: Criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade "de assessorar o
Ministério do Meio Ambiente e da Amazónia Legal na formulação
e coordenação da política nacional do meio ambiente e da
preservação, conservação e uso racional dos recursos naturais"
(Machado, 1995).
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 147

1989 e 1990: A obrigatoriedade de realização prévia do


EIA/RIMA é incorporada em Constituições Estaduais (1989) e Leis
Orgânicas Municipais (1990).

DÉCADA 90

Utilização de instrumentos de gerenciamento ambiental


(sistematização de procedimentos técnicos e administrativos,
voltados ao contínuo aprimoramento do desempenho ambiental),
visando a obtenção de reconhecimento de conformidade das acções
adoptadas.

1995: O Ministério do Meio Ambiente e da Amazónia Legal foi


transformado no Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazónia Legal, que tem as seguintes competências:
"a) planeamento, coordenação, supervisão e controle das acções
relativas ao meio ambiente e aos recursos hídricos; b) formulação e
execução da política nacional do meio ambiente e dos recursos
hídricos; c) preservação, conservação e uso racional dos recursos
naturais renováveis; d) implementação de acordos internacionais na
área ambiental.

1995: Estabelecimento da ISO 14.000 (Qualidade Ambiental),


pela Internacional Organization for Standardization, que é
representada no Brasil pela ABNT.

1998: Regulamentação da Lei Federal nº 9.605, de 12 de


Fevereiro de 1998, também denominada de Lei de Crimes
Ambientais. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e actividades lesivas ao meio ambiente.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 148

Em Moçambique só foi introduzida a obrigatoriedade de


apresentar o EIA por lei a partir da Constituição de 1990, tendo
sido aprovada a Lei nº 20/97, de 1 de Outubro Lei do Ambiente e
do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto
Ambiental aprovado pelo Decreto nº 45/2004.

Sumário
O países do mundo começaram a tomar a consciência dos principais
impactos que tem acontecido na humanidade e deste modo começaram
como pude observar ao longo desta Unidade a realizar os Estudos de
Impacto Ambiental (EIA) os quais passaram a exigir maior
responsabilidade por parte dos donos dos empreendimentos os quais
passam a participar desde então na busca de soluções que limitem os
impactos nos níveis aceitáveis ao ambiente.

Exercícios
1- Explique a evolução do Estudo do Impacto ambiental?
2- Quando Moçambique aderiu a iniciativa de realização de
Estudo de Impacto Ambiental nos projectos de
desenvolvimento?
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 149

Unidade XIX
PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE
IMPACTO AMBIENTAL E
CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS
AMBIENTAIS
Introdução
Na presente Unidade vai ter a oportunidade de em linhas gerais aprender
como se pode realizar um Estudo de Impacto Ambiental, os projectos que
exigem a sua realização assim como as diferentes fases da sua realização.

Este estudo que integra também o Relatório de Impacto Ambiental


coloca mais responsabilidade nos donos dos projectos de
desenvolvimento, nas populações e nos diferentes intervenientes dos
principais projectos de desenvolvimento.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever os passos para a realização do Estudo de Impacto


Ambiental.
Objectivos  Explicar de realização de um Estudo de Impacto Ambiental.

 Participar nos principais actos de realização de Estudo de


Impacto Ambiental (EIA/REIA)

Processo de Avaliação de Impacto


Ambiental

A expressão EIA/RIMA é bastante difundida actualmente, e estas


siglas referem-se ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e ao
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

Segundo Fornasari Filho & Bitar (1995), o EIA na Legislação


Federal brasileira, segue os seguintes termos, apresentados aqui de
forma sintetizada:
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 150

É referente a um projecto específico a ser implantado em


determinada área ou meio;

Trata-se de um estudo prévio, ou seja, serve de instrumento de


planeamento e subsídio à tomada de decisões políticas na
implantação da obra;

É interdisciplinar;

Deve levar em conta os segmentos básicos do meio ambiente


(meios físico, biológico e socioeconómico);

Deve seguir um roteiro que contenha as seguintes etapas

1. Diagnóstico ambiental da área de influência do projecto;

2. Avaliação de impacto ambiental (AIA);

3. Medidas mitigadoras, e;

4. Programa de monitoramento dos impactos.

Ainda segundo os autores citados, o EIA deve apresentar suas


conclusões traduzidas no Relatório de Impacto Ambiental (RIMA),
com linguagem simples e objectiva, tornando-o formal perante o
Poder Público e a sociedade.

Para Machado (1995), existem diferenças entre esses dois


instrumentos, sendo que a principal é que o EIA apresenta uma
abrangência maior, englobando o RIMA em seu conteúdo.

Ainda segundo Machado (1995), o Estudo de Impacto Ambiental


compreende o levantamento da literatura científica e legal
pertinente, trabalhos de campo, análises de laboratórios e a própria
redacção do relatório. Já o Relatório de Impacto Ambiental
"reflectirá as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental" (art. 9º
da Resolução 001/86 do Conama). O EIA é realizado previamente
ao RIMA, sendo a base para elaboração do relatório.

Machado (1995) afirma também que o RIMA "transmite - por


escrito - as actividades totais do estudo de impacto ambiental,
importando acentuar que não se pode criar uma parte transparente
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 151

das actividades (o RIMA) e uma parte não transparente das


actividades (o EIA). Dissociado do EIA, o RIMA perde validade".

Independente do ponto de vista de cada autor quanto a estes termos


e seus conceitos, deve ser destacada a interdependência entre o EIA
e o RIMA, ou seja, não é possível elaborar um RIMA sem a
realização de um EIA.

No presente curso o conceito adoptado será o formulado pela


ABNT, conforme figura apresentada abaixo (Proin/Capes &
Unesp/IGCE, 1999).

Portanto, meio ambiente é a interacção entre os meios físicos,


biológico e socioeconómico.

( 1 ) - O meio físico condiciona, primeiramente, as características


do meio biológico e socioeconómico, através de fluxos de energia e
matéria.

( 2 ) e ( 3 ) - Os meios biológico e socioeconómico, por


realimentação, completam a interacção com o meio físico,
regulando seus processos (Fornasari Filho et al., 1992 apud
Fornasari & Bitar, 1995).
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 152

Selecção

Equipe multidisciplinar

A Resolução 001/86 do Conama diz que "o estudo de impacto


ambiental será realizado por equipe multidiscilinar habilitada, não
dependente directa ou indirectamente do proponente do projecto e
que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados"
(Machado, 1995).

A responsabilidade de cada membro da equipe multidisciplinar ou


a equipe como um todo (sendo ou não pessoa jurídica), depende da
prova da culpa. A conduta dolosa dos membros da equipe
multidisciplinar poderá configurar o crime de falsidade ideológica,
sendo a pena de reclusão de 01 a 05 anos e multa se o documento
for público, e reclusão de 01 a 03 anos e multa se o documento for
particular (Machado, 1995).

O Estudo de Impacto Ambiental é um documento público, mesmo


sendo elaborado por particulares, portanto a pena por falsificação
na elaboração do EIA, omissiva ou activa, é referente a de
documento público (Machado, 1995).

A seguir veremos como o meio físico deve ser abordado nos


Estudos de Impacto Ambiental.

Escopo (ou Termo de Referência)


Esta equipe se responsabiliza pela elaboração dos termos de referência a
serem tidos em conta no processo de elaboração do EIA/RIMA

TR = Termo de Referência

Nos casos de exigência de EIA/RIMA, o Relatório Ambiental


Preliminar (RAP), junto com outros instrumentos, subsidia a
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 153

elaboração do Termo de Referência (TR) para o EIA/RIMA a ser


realizado.

Análise de riscos ambientais

Conceito

A Análise de Riscos Ambientais "corresponde a uma estimativa


prévia da probabilidade de ocorrência de um acidente e a
avaliação das suas consequências sociais, económicas e
ambientais" (Bitar & Ortega, 1998).

Deste modo, esse instrumento trata da identificação de situações de


risco em um empreendimento em funcionamento, bem como da
caracterização das consequências potencias ao meio ambiente, à
comunidade, ao empreendimento e seus funcionários, caso o
acidente ocorra.

Tipos de empreendimento

O instrumento de Análise de Riscos Ambientais tem sido


empregado principalmente em instalações industriais, barragens,
hidroeléctricas e disposição de resíduos urbanos e industriais,
incluindo barramentos em projectos de retenção de rejeitos de
mineração (Bitar & Ortega, 1998).

A aplicação desse instrumento tem sido realizada principalmente


em instalações químicas e petroquímicas de distritos industriais de
grande porte. Como exemplo podemos citar a cidade de Cubatão
(SP) que, devido a sua proximidade com as encostas íngremes da
Serra do Mar, apresenta risco de ocorrência de escorregamentos
(Bitar & Ortega, 1998). Com o processo de concessão de rodovias,
esse instrumento também vem sendo largamente utilizado, embora
de modo mais dirigido às condições de segurança de tráfego.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 154

Aspectos a Considerar

A Análise de Riscos Ambientais deve necessariamente levar em


consideração os possíveis efeitos ambientais de um eventual
acidente (Bitar & Ortega, 1998).

A partir da identificação dos riscos ambientais e com a implantação


de medidas preventivas associadas, o instrumento em questão
acaba reduzindo a possibilidade de ocorrência de acidentes
ambientais.

Deste modo, a Análise de Riscos Ambientais deve fazer parte


permanente de programas de gerenciamento ambiental,
principalmente nos casos de empresas que operam substâncias com
alto poder contaminante e de empresas que se encontrem em áreas
onde os processos do meio físico possam acarretar acidentes.

Diagnóstico

Conteúdo do estudo de impacto ambiental

O Estudo de Impacto Ambiental deve abranger as seguintes


informações (Machado, 1995):

1) Área de Influência do Projecto: "definir os limites da área


geográfica a ser directa ou indirectamente afectada pelos impactos,
denominada de área de influência do projecto, considerando em
todos os casos a bacia hidrográfica na qual se localiza" (artigo 5º,
III - Resolução 001/86 do Conama).

2) Planos e Programas Governamentais (Zoneamento Ambiental):


"considerar os planos e programas governamentais, propostos e em
implantação na área de influência do projecto, e sua
compatibilidade" (artigo 5º, IV)

3) Alternativas: o EIA deve "contemplar todas as alternativas


tecnológicas e de localização do projecto, confrontando-as com a
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 155

hipótese de não executar o projecto" (artigo 5º, I), ou seja, a equipe


multidisciplinar deve comentar outras soluções para a localização e
a operação pretendidas.

4) Descrição Inicial do Local: diagnóstico ambiental da área,


abrangendo os meios físico, biológico e socioeconómico (artigo 6º)

5) Identificação e Avaliação dos Impactos Ambientais (AIA) do


Projecto: o EIA deve "identificar e avaliar sistematicamente os
impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação
da actividade" (Artigo 5º, II) e a analisar os impactos ambientais do
projecto através da "identificação, previsão da magnitude e
interpretação da importância dos prováveis impactos positivos e
negativos (benéficos e adversos), directos ou indirectos, imediatos
ou a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de
reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinergéticas"
(artigo 6º, II).

Figura: Representação de alguns Impactos sobre o relevo

Fonte: Imagem Retirada da Net.

6) Medidas Mitigadoras: o EIA deve realizar a "definição das


medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os
equipamentos de controlo e os sistemas de tratamento de despejos,
avaliando a eficiência de cada uma delas" (artigo 6º, III). Mitigar o
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 156

impacto é tentar evitar o impacto negativo, sendo impossível evitá-


lo, procurar corrigi-lo, recuperando o ambiente. A recuperação não
é uma medida que se possa afastar do EIA.

7) Impactos Desfavoráveis e Previsão de Orçamento: no caso de


obras e projectos federais prevê-se que, se "identificados efeitos
negativos de natureza ambiental, cultural ou social, os órgãos ou
entidades federais incluirão, no orçamento de cada projecto ou obra,
dotações correspondentes, no mínimo, a 1% do mesmo orçamento
destinadas à prevenção ou à correcção desses efeitos" (Decreto
Federal 95.733/88). Portanto, a legislação define que a
administração pública não poderá alegar que não dispõe de
dinheiro para a prevenção ambiental, mas em muitos casos a
prevenção e correcção de danos ambientais ocasionados por obras
públicas não ocorre.

8) Medidas Compensatórias: entre as medidas mitigadoras


previstas, o EIA deve compreender a compensação do dano
provável, sendo esta uma forma de indemnização. A Resolução
10/87 prevê que para o licenciamento de empreendimentos que
causem a destruição de florestas ou outros ecossistemas, haja como
pré-requisito a implantação de uma estação ecológica pela entidade
ou empresa responsável, de preferência junto à área. Como
exemplo, podemos citar a construção de um shopping center na
cidade de Ribeirão Preto, que para derrubar uma mata
remanescente de cerrado na área do empreendimento, teve como
uma das exigências, construir e gerenciar um parque ecológico na
referida cidade.

9) Distribuição dos Ónus e Benefícios Sociais do Projecto: o EIA


deve identificar os prejuízos e as vantagens que o empreendimento
trará para os diversos segmentos sociais, seja pelo número e
qualidade de empregos gerados ou pelos possíveis problemas
sociais em caso de necessidade de migração de mão-de-obra.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 157

Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)

A Avaliação de Impacto Ambiental pode ser definida como uma


série de procedimentos legais, institucionais e técnico-científicos,
com o objectivo caracterizar e identificar impactos potenciais na
instalação futura de um empreendimento, ou seja, prever a
magnitude e a importância desses impactos (Bitar & Ortega, 1998).

O Instrumento de Avaliação de Impacto Ambiental deve ser


elaborado para qualquer empreendimento que possa acarretar danos
ou impactos ambientais futuros, sendo executado antes da
instalação do empreendimento. Com este enfoque, tem sido
utilizado principalmente nos seguintes empreendimentos:
minerações, hidroeléctricas, rodovias, aterros sanitários, oleodutos,
indústrias, estações de tratamento de esgoto e loteamentos (Bitar &
Ortega, 1998).

A A.I.A. é um instrumento bastante difundido no Brasil desde 1986,


devido as exigências legais de realização do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA),
assunto já tratado no capítulo 3 (módulo 4).

Como vimos anteriormente, são 4 as etapas de um Estudo de


Impacto Ambiental (E.I.A.), sendo que o instrumento AIA
corresponde à segunda etapa de elaboração (veja a figura a seguir,
modificada de Bitar & Ortega, 1998).
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 158

O EIA/RIMA DEVE CONTER AS SEGUINTES


INFORMAÇÕES:

Informações Gerais: Identifica, localiza, informa e sintetiza o


empreendimento;

Caracterização do Empreendimento: Refere-se ao planeamento,


implantação, operação e desactivação da obra;

Área de Influência: Limita sua área geográfica, representando-a


em mapa;

Diagnóstico Ambiental: Caracterização ambiental da área antes da


implantação do empreendimento;

Qualidade Ambiental: Expõe as interacções e descreve as inter-


relações entre os componentes bióticos, abióticos e antrópicos do
sistema, apresentando-os em um quadro sintético;

Factores Ambientais : Meio Físico, Meio Biótico, Meio Antrópico,


sua pormenorização dependerá da relevância dos factores em
função das características da área onde se desenvolverá o projecto;
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 159

Análise dos Impactos Ambientais : Identificação e interpretação


dos prováveis impactos ocorridos nas diferentes fases do projecto.
Leva-se em conta a repercussão do empreendimento sobre o meio;

Medidas Mitigadoras: Medidas que visam minimizar os impactos


adversos, especificando sua natureza, época em que deverão ser
adoptadas, prazo de duração, factor ambiental específico. a que se
desti

Planeamento Ambiental
A Equipe multissectorial se responsabiliza pela etapa de planeamento
da realização do EIA/RIMA

Relatório do Estudo de Impacto Ambiental


Ver Avaliação do Impacto Ambiental

Revisão
A revisão é feita pelo organismo que superintende o Meio Ambiente

Envolvimento Público
Conforme tivemos a ocasião de nos referirmos em ocasiões
anteriores um dos processos de elaboração do EIA/RIMA envolve
a participação ou consulta pública que é o momento em que a
equipe multidisciplinar se responsabiliza em explicar ao público
os prováveis impactos que poderão ocorrer na sequência da
implantação do empreendimento. O público questiona ou coloca
as suas preocupações em relação ao projecto.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 160

Classificação de Impacto Ambiental

Na tabela abaixo são apresentadas as classificações dos impactos


ambientais propostas no manual de orientação para elaboração do
EIA/RIMA, da secretaria estadual do meio ambiente de São Paulo.

OS IMPACTOS AMBIENTAIS PODEM SER:


 Imediatos e a Médio e
 Directos e Indirectos;
Longo Prazos;

 Temporários e  Reversíveis e
Permanentes; Irreversíveis;

 Locais, Regionais e
 Benéficos e adversos;
Estratégicos.

Fonte: Imagem retirada da Net

Tomada de Decisão
A tomada de decisão é feita pelo organismo governamental responsável
pela área do ambiente: Em Moçambique este organismo é representado
pelo MICOA (Ministério para a Coordenação da acção Ambiental)

RAP = Relatório
Ambiental Preliminar

Primeiro documento para o Licenciamento Ambiental;

Objectiva instrumentalizar a decisão do órgão ambiental quanto à


exigência ou dispensa do EIA/RIMA, para obtenção de Licença
Prévia (LP);

A partir do EIA/RIMA (exigido pelo órgão ambiental com base no


RAP) ou do RAP (quando o órgão ambiental dispensou a
elaboração do EIA/RIMA), busca-se a obtenção das Licenças
Ambientais.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 161

Desta forma, no Estado de São Paulo, para a obtenção das licenças


ambientais (LP, LI e LO), o empreendedor deverá seguir a seguinte
sequência de elaboração de documentos

Vamos ver o significado de cada uma dessas Licenças Ambientais.

A Licença Prévia (LP) no Decreto 88.351/83 é conceituada como a


licença obtida "na fase preliminar do planeamento da actividade,
contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de
localização, instalação e operação, observados os planos
municipais, estaduais e federais do uso do solo" (Machado, 1995).
Portanto, a obtenção de LP assume o significado de viabilidade do
empreendimento na área pretendida.

A Licença de Instalação (LI) autoriza a implantação do


empreendimento e dispõe sobre as especificações que devem ser
seguidas, de acordo com o projecto apresentado, ou seja, nessa fase
o requerente pode construir as instalações do empreendimento e as
obras de contenção de impactos ambientais, adoptando as medidas
iniciais de recuperação.

A Licença de Funcionamento (LF) ou Operação (LO), como o


própria nome indica, autoriza a operação do empreendimento,
sendo somente fornecida após vistoria do órgão fiscalizador
responsável, dependendo se todas a exigências do referido órgão
descritas na LI foram cumpridas pelo empreendedor.

Mesmo com a LO o empreendimento fica sujeito a fiscalização e a


possíveis sanções, caso não forem cumpridas as especificações
técnicas do projecto e as exigências do órgão público responsável.

O Processo de Monitoria dos Impactos

Monitoria Ambiental consiste na realização de medições e/ou


observações específicas, dirigidas a alguns poucos indicadores e
parâmetros, com a finalidade de verificar se determinados impactos
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 162

ambientais estão ocorrendo, podendo ser dimensionada sua


magnitude e avaliada a eficiência de eventuais medidas preventivas
adoradas (Bitar & Ortega, 1998).

Segundo Machado (1995), a elaboração de um registo dos


resultados do monitoria é de fundamental importância para o
acompanhamento da situação, tanto para a empresa e para o Poder
Público, como também para a realização de auditoria, tema que
veremos no próximo tópico.

Objectivos

Verificar se determinados impactos ambientais estão ocorrendo;

Dimensionar sua magnitude;

Avaliar se as medidas mitigadoras de impactos são eficazes;

Propor, quando necessário, a adopção de medidas mitigadoras


complementares.

Aspectos a considerar

Segundo Machado (1995), o monitoria ambiental pode ser


realizado pela empresa ou pelo Poder Público, de maneira isolada
ou integrada, auxiliando na elaboração de outro instrumento
ambiental, como por exemplo a auditoria. Nesses casos, o
monitoria é essencial para a auditoria pois, sem o registo de
medições e/ou observações de períodos anteriores, a auditoria fica
restrita apenas a uma avaliação da situação presente.

Ainda segundo o autor citado, uma empresa que não efectua uma
monitoria constante e/ou não registara adequadamente os
resultados da monitoria, não está apta a realizar uma auditoria
ambiental completa e adequada.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 163

Auditoria ambiental

Conceito

Exame sistemático, periódico, documentado e objectivo


envolvendo análises, ensaios e confirmações de acções práticas
realizadas em uma empresa em relação às exigências ambientais
legais, normativas e de política interna (Fornasari Filho et al, 1994).

A auditoria ambiental pode ser realizada pelo Poder Público ou


pela empresa, sendo que a auditoria privada tem sido impulsionada
pela "tomada de consciência das vantagens na concorrência, que
pode conferir a certas empresas a adopção de medidas
testemunhando sua 'consciência ecológica' no plano da estratégia
de concorrência, dos novos produtos, das novas tecnologias e dos
novos sistemas de gestão" (Boivin, 1992 apud Machado, 1995).

Os resultados e as técnicas da auditoria ambiental podem ser


utilizados de forma interna e/ou externa ao empreendimento, ou
seja, no primeiro caso a auditoria fornece subsídios ao
aprimoramento do desempenho ambiental do empreendimento. Já a
auditoria externa objectiva a averiguação deste desempenho pelo
órgão ambiental; a avaliação de clientes, consumidores e da
sociedade; e a obtenção de certificação. No caso de auditoria
externa, a mesma precisa ser obrigatoriamente efectuada por
auditor que não pertença ao quadro de funcionários do
empreendimento (Fornasari Filho et al, 1994).

A forma mais antiga de auditoria é a auditoria contábil, que


remonta à Antiguidade. Mais recentemente, principalmente a partir
de 1950, a auditoria de qualidade tornou-se bastante difundida,
sendo regulamentada internacionalmente e incluídas nas normas
técnicas da série ISO 9.000 e detalhada na ISO 10.000 (Fornasari
Filho et al, 1994).
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 164

Na década de 70, as indústrias norte-americanas e europeias,


principalmente as químicas, estavam interessadas em conhecer seus
desempenhos ambientais. Neste contexto, começou a ser formulada
e difundida a denominada auditoria ambiental. Em 1986, a U. S.
Environmental Protection Agency (EPA) divulgou sua política de
auditoria ambiental (modificado de Fornasari Filho et al, 1994).

Sumário
A complexidade dos impactos que têm ocorrido durante a
realização de diferentes projectos de desenvolvimento levaram a
uma tomada de medidas visando a minimizar os efeitos desses
impactos sobre o meio ambiente. Deste modo ficou decidido que
fossem realizados Estudos prévios que pudessem antever os
impactos decorrentes dos projectos como forma de os controlar e
torná-los mínimos.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 165

Exercícios

1- Destaque os passos para realização do Estudo de


Impacto Ambiental?
2- Qual é o momento que privilegia a participação
pública nos Estudos de Impacto Ambiental?

Nb. Entregar as alíneas 1


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 166

Unidade XX
GESTÃO DOS RECURSOS
NATURAIS
Introdução
No presente capítulo terá a oportunidade de estudar as diferentes formas
de gestão dos recursos naturais, com maior enfoque nos recursos
florestais onde se tem na parceria dos gestores de recursos naturais a
prioridade do momento.

Uma atenção especial é dada ao maneio florestal como forma de gestão


das florestas e não só como também da possibilidade de um processo de
reflorestamento para garantir a durabilidade de exploração florestal.
Vamos neste sentido abordar a necessidade de processar, melhorar as
sementes que vão ser usadas no reflorestamento.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 167

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever as principais formas de gestão dos recursos naturais.

 Explicar as formas de maneio florestal.


Objectivos
 Destacar os melhores mecanismos de melhoramento dos
recursos florestais

Gestão dos Recursos Florestais


O termo “parceria” tal como “participação comunitária”, é
considerado no seio dos investigadores, actores de
desenvolvimento, financiadores e fazedores de políticas, como
sendo a maneira mais eficaz para se atingir o maneio sustentável
dos recursos naturais assim como para o desenvolvimento rural em
geral – “Precisamos envolver a comunidade!”, “haverá outros
intervenientes a participar no processo?”, “quem são os parceiros
neste projecto?” Primeiro este artigo fornece um quadro conceptual
para se pensar em parcerias dando a tipologia de parcerias,
benefícios, constrangimentos e desafios dentro das parcerias. As
parcerias são várias e são iniciadas por várias razões. Por isso
torna-se difícil dar uma definição genérica da parceria que pode ser
válida para todas as situações, mas a característica chave das
parcerias é de encontrar algo que um parceiro não pode atingir
trabalhando individualmente mas sim através da junção de
habilidades e outros recursos tirando vantagens comparativas –
“pensar e agir em conjunto”. Para que isto aconteça é necessário
que haja uma partilha de opiniões e um trabalho conjunto para
satisfação da ambição. Isto pressupõe a existência a longo prazo de
uma estrutura formal como é caso da carta de acordo (CA), ou
acordo a curto período como é o caso do memorando de
entendimento (ME) ou simplesmente um acordo de aperto de mão
baseado no entendimento mútuo e confiança. Portanto, parcerias
são vistas como um processo de criação de relacionamento mútuo,
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 168

com acções concretas e não simplesmente como uma estrutura


formal.

Os governos da África Austral têm se deparado com uma crescente


demanda do envolvimento público na tomada de decisões para o maneio
de recursos naturais, particularmente a nível local. Existem três questões
em volta do debate:

(a) a distribuição da autoridade e responsabilidades na tomada de


decisões

(b) a distribuição dos custos e benefícios e

(c) questões relacionadas com a sustentabilidade a nível local (ecológica,


social e económica).

As questões referidas anteriormente, tem a ver com o fluxo da


distribuição existente tanto da autoridade bem como de benefícios que
não é equitativa e nem sustentável. Deste modo, a eficácia global da
abordagem do maneio convencional dos recursos que enfatiza o modelo
de cima para baixo na tomada de decisões como resultado do estado e do
controlo industrial dos recursos é posta em causa. As comunidades que
as suas opiniões e responsabilidades na tomada de decisões no maneio de
recursos sejam consideradas. Os ambientalistas defendem que a floresta
seja vista como um recurso de valor múltiplo e não somente como fonte
de madeira, fauna bravia ou para recreação. A continuidade no
fornecimento de toros e de investimentos no sector madeireiro, pressupõe
garantias e seguros de posse do recurso. Em contrapartida vários
intervenientes locais querem ver os seus interesses protegidos. Entretanto,
o maneio sustentável da floresta e a protecção de vários interesses nela
existentes é complexo e requer mudança do maneio orientado para um
determinado recurso só para o maneio adaptativo do ecossistema.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 169

Ecologia e Maneio de Ecossistemas


O maneio adaptativo do ecossistema, é baseado em três processos
interligados (Matakala 2005): interacção dos intervenientes; comunicação
e aprendizagem no seio dos intervenientes; e acções conjuntas resultando
em mudanças no maneio.

C Alto
O
M
P
L
E Maneio adaptativo do
ecossistema
X
I
D
A
D Maneio integrado de
E recursos

D
E
Maneio singular dos
M recursos
A
N
EI Baixo BENEFÉCIO PARA AS POPULAÇÕES Alto
O PROTECÇÃO AMBIENTAL

Figura 1: Complexidade de maneio e benefícios sobre o maneio


adaptativo do

A natureza multifacetada do maneio dos recursos naturais é devido


a sua complexidade, e do nosso conhecimento limitado sobre as
funções do ecossistema. Portanto, vários actores são chamados a
colaborar no maneio sustentável dos recursos naturais com base
nos princípios adaptativos do ecossistema. Isto significa que não se
deve limitar no conhecimento individual como é o caso do
cozinheiro mas sim, optar-se pela multidisciplinaridade nas arções
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 170

(envolver outros cozinheiros ). Só assim que se pode aumentar as


vantagens comparativas e o valor do menu tornando isto mais
saboroso, credível e inesquecível nas memórias dos clientes
(sustentabilidade).

Por isso acções conjuntas requerem abordagens multidisciplinares


no maneio dos recursos naturais e desenvolvimento envolvendo
muitos actores. A participação do público, sector privado e das
comunidades locais é crucial, pois trata se de um conhecimento
melhorado, que é a base do maneio e preservação da floresta, sendo
aqui onde reside a importância das ” parcerias.”

Maneio de Florestas Naturais ( Silvicultura)

A definição técnica de maneio florestal corresponde a


“administração da floresta para a obtenção de benefícios
económicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação
do ecossistema objecto do maneio (Decreto no. 1182/94)”.

Fez se necessário na década de 90, a partir do incremento da


certificação florestal, expressar o conceito de manejo florestal
sustentável de forma prática tornando possível sua avaliação e
replicação. Passou a ser empregado o termo "bom maneio florestal,
que representa as melhores práticas de manejo, capazes de
promover a conservação ambiental e a melhoria da qualidade de
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 171

vida das comunidades locais, considerando a viabilidade


económica e o estado da arte do conhecimento científico e
tradicional” (VIANA citado por HUMMEL, 2001).

Actualmente a definição de Maneio Florestal passou a ser


entendida, além de seu aspecto técnico, no sentido de orientar a
actividade do homem e das futuras gerações com base no
desenvolvimento sustentável. Indo além do fluxo contínuo de
produtos, incluindo comprometimento com códigos de ética em
relação ao progresso. Destaca-se a definição de Camino (2000):

“O maneio e o uso florestal sustentável da floresta (bom manejo


florestal) é um processo que valoriza o uso da floresta como
natividade permanente, e:

 Supõe que das intervenções nos povoamentos se extrai madeira,


outros produtos e serviços;
 A colheita de bens e serviços está dentro dos limites de
produtividade do sistema, da capacidade de suporte e do seu
nível de garantia das operações permanentes nos ecossistemas;
 As operações de maneio são rentáveis de acordo com os
critérios do actor que faz a gestão do maneio;
 Todos os atores afectados no processo participam da
elaboração, execução, avaliação e distribuição dos custos e
benefícios, das políticas e acções concretas de acordo com seus
direitos e assumem, portando, responsabilidades;
 É parte do desenvolvimento sustentável, portanto, não está
dissociado das políticas de desenvolvimento nacional e dos
sectores relacionados e nem dos direitos das gerações futuras”

Amaral et al. (1998) apresentaram 7 razões principais para uma


floresta ser maneada de forma sustentável:
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 172

a) Continuidade da produção: o maneio garante a produção de


madeira em uma área de floresta por tempo indeterminado;

b) Rentabilidade: o maneio gera benefícios económicos que


superam os custos, principalmente em função do aumento da
produtividade do trabalho e redução de desperdícios;

c) Segurança de trabalho: os riscos de acidente de trabalho são


reduzidos a partir do momento que são atendidos os pressupostos
do uso sustentável de um maciço florestal, quando comparado à
exploração tradicional da floresta;

d) Respeito à lei: como o manejo florestal é obrigatório por lei, a


sua não execução expõe as empresas a diversas penalidades;

e) Oportunidades de mercado: a exigência de certificação da


madeira para atingir o mercado internacional de forma efectiva, faz
com que as empresas que praticam manejo florestal tenham maior
facilidade de acesso aos mercados, especialmente o europeu e o
norte-americano;

f) Conservação florestal: a cobertura florestal é garantida através do


manejo, mantendo a diversidade vegetal original e reduzindo
impactos ambientais sobre a fauna quando comparado a exploração
tradicional;

g) Serviços ambientais: florestas manejadas contribuem para o


equilíbrio do clima regional e global, principalmente pela
manutenção do ciclo hidrológico e pela retenção de carbono.

Entende-se por silvicultura, o ato de criar e desenvolver povoamentos


florestais, satisfazendo as necessidades de mercado

A silvicultura brasileira pode ser considerada uma das mais ricas


em todo o planeta, tendo em vista a biodiversidade encontrada, as
variações dos factores edafo-climáticos e a boa adaptação de
materiais genéticos introduzidos. Entretanto, todas estas vantagens
podem também se manifestar como verdadeiras armadilhas, quando
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 173

o conjunto destes fatores não é devidamente analisado na tomada


de decisão.

Num país de extensões territoriais como as do Brasil, onde a


variação climática é muito grande, uma das tarefas mais difíceis é
exactamente a escolha do género e da espécie a serem cultivados.

Tomando como exemplo o género Eucalyptus, tem-se observado


uma grande variação de espécies: ao sul predominam espécies de
maior tolerância ao frio, como E. dunnii e nitens; já na região leste
e centro oeste, a predominância ocorre com o E. grandis, saligna e
urophylla, ou híbridos destas espécies.

O sucesso de um empreendimento florestal depende estritamente de


um bom planeamento de projecto, levando-se em consideração os
factores acima mencionados.

Melhoramento Conservação e Multiplicação de Sementes


Produtos Florestais

O melhoramento genético é uma actividade já consagrada na


agricultura, que permitiu a obtenção de resultados fantásticos em
culturas anuais como o milho, a soja e a cana-de-açúcar.

Entre estes resultados estão o aumento da produtividade, a


resistência a doenças e o aumento do teor de brix. Tal sucesso se
deve aos esforços para o conhecimento e definição das melhores
técnicas de melhoramento em função da cultura com a qual se está
trabalhando, e de condições favoráveis, como a floração anual, o
porte das plantas e facilidades na polinização, diferentemente do
que se encontra em espécies arbóreas.

Apesar das diferenças encontradas para as condições citadas na


área florestal, o melhoramento genético também é possível e vem
sendo realizado desde o início do século XX, em diferentes países e
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 174

com diferentes espécies. Mas, mesmo com as dificuldades inerentes


às espécies arbóreas, como o tempo para a maturidade fisiológica e
a consequente floração, a distribuição das árvores nas populações
naturais e a dificuldade de colecta de sementes representativa da
variação existente, a altura das árvores, a variedade de agentes
polinizantes, dificuldades na propagação vegetativa, etc., o
melhoramento vem sendo realizado e os resultados já são visíveis.

A maioria dos trabalhos desenvolvidos no melhoramento genético


florestal visam o aumento volumétrico das árvores e a melhoria da
rectidão do fuste, mas diversas outras características,
principalmente voltadas à tecnologia da madeira, já são também
contempladas na selecção.

Em espécies utilizadas comercialmente, a determinação da


variabilidade genética para uso no melhoramento em características
relacionadas à produção de celulose, painéis de madeira e carvão se
tornam interessantes devido à possibilidade de ganhos em
qualidade e quantidade significativos no produto final, trazendo
bons resultados económicos e compensando o custo envolvido com
a pesquisa e a tecnologia aplicadas.

Como exemplo, o teor de lignina e o rendimento em celulose, a


densidade da madeira e seu poder calorífico, a presença de tiloses,
o teor de cinzas, o teor de extractivos, e muitas outras variáveis
mostram a importância da condução de pesquisas em anatomia e
tecnologia da madeira paralelamente a programas de melhoramento
genético, optimizando o tempo e incrementando os resultados
obtidos.

Na área florestal, existem três importantes formas de multiplicação


vegetativa dos indivíduos seleccionados:

 Estaquia (método de propagação vegetativa por enraizamento de


estacas).
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 175

 Enxertia (união de partes de indivíduos através de seus tecidos,


de modo que a união seja seguida de crescimento vegetativo).
 Micropropagação (cultura de tecidos).

A escolha do método depende da finalidade da multiplicação e da


fisiologia da espécie com a qual se está trabalhando.

A propagação dos resultados obtidos com o melhoramento genético


florestal pode ocorrer através de sementes, ou através de estacas
(clonagem) a partir do material seleccionado.

As sementes melhoradas podem ser obtidas das seguintes formas:

 Área de Colecta de Sementes (ACS)


 Área de Produção de Sementes (APS)
 Pomar de Sementes Clonal Testado (PSCT)
 Pomar de Sementes por Muda (PSM)
 Desenvolvimento dos Pomares
 Produção de Estacas (Seed Stand)

Área de Colecta de Sementes (ACS)

Povoamento comercial onde se colectam sementes dos melhores


indivíduos para utilização massal. Caracterizado por ser a mais
simples forma de produção de sementes melhoradas, implica em
baixa intensidade de selecção (cerca de 1:10) e selecção fenotípica
no lado feminino.

Área de Produção de Sementes (APS)

Povoamento onde houve selecção e desbaste, removendo-se as


árvores com características de qualidade inferior, deixando-se
apenas os melhores indivíduos para o cruzamento. É a forma mais
utilizada. A intensidade de selecção também é baixa (1:10) e a
selecção fenotípica ocorre dos dois lados (feminino e masculino).
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 176

Pomar de Sementes Clonal Testado (PSCT)

É uma plantação de árvores com genótipo seleccionado através de


um teste clonal, estabelecida através da propagação vegetativa.
Recebe um manejo diferenciado para o florescimento e produção
abundante de sementes, através de tratos culturais específicos.
Apresenta melhor resultado devido à maior intensidade de selecção
(cerca de 1:5000) e porque trabalha com a selecção genética, no
lugar da fenotípica, e nos dois lados (feminino e masculino). A
dificuldade desta forma de produção para algumas espécies é a
enxertia.

Vantagens

 Os genótipos das árvores produtoras de semente são conhecidos e


somente são utilizados os superiores.
 O florescimento se inicia mais rapidamente em função da idade
fisiológica.
 O pomar pode ser implantado em local mais conveniente, mais
económico e mais produtivo.

Desvantagens

 Apenas um ciclo de selecção é obtido na operação.


 Há restrição da base genética.
 Existem possíveis dificuldades na propagação.

Contudo a possibilidade de cruzamentos entre indivíduos


aparentados é mínima e os genótipos superiores podem ser
repetidos diversas vezes.

Produção de Estacas

Estacas (cuttings) são segmentos de folhas, ramos, secções do caule


ou raiz, tratadas com a finalidade de promover o enraizamento.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 177

Figura: Esquema de selecção fenotípica das árvores superiores

Muito comum no caso dos géneros Eucalyptus e Populus, a


propagação na forma de estacas apresenta a vantagem de obtenção
de maiores ganhos em pouco tempo. Neste caso trabalha-se com a
herdabilidade no sentido amplo, ou seja, sem cruzamentos. Plantios
comerciais estabelecidos a partir de estacas apresentam maior
homogeneidade, maior sobrevivência e maior produtividade.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 178

Sumário
Como se pode ver ao longo da presente Unidade, actualmente a
definição de Maneio Florestal passou a ser entendida, além de seu
aspecto técnico, no sentido de orientar a actividade do homem e das
futuras gerações com base no desenvolvimento sustentável. Indo
além do fluxo contínuo de produtos, incluindo comprometimento
com códigos de ética em relação ao progresso.
As grandes preocupações da actualidade com o maneio florestal
residem na necessidade de se contar com a exploração florestal
satisfazendo as necessidades actuais e as do futuro

Exercícios
1-Porquê é importante a Gestão dos Recursos Naturais no processo
produtivo?

2- Quis são as formas de maneio florestal que aprendeste nesta


Unidade?

Nb. Entregar as alíneas 2.


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 179

Unidade XXI
CARACTERÍSTICAS DA FLORA E
FAUNA DE MOÇAMBIQUE
Introdução
Nesta unidade temática, faz-se uma breve caracterização da flora e
da fauna de Moçambique para familiarizar o Estudante com a
diversidade destes recursos no nosso país.

A disponibilidade destes recursos em Moçambique faz deste país um


potencial fornecedor de diferentes produtos florestais e faunísticos daí a
necessidade de se periodizar a boa gestão dos mesmo a contar com as
gerações do futuro.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever os mecanismos de gestão dos recursos florestais em


Moçambique.
Objectivos  Caracterizar a fauna e flora em Moçambique

Características da Flora e Fauna de Moçambique


Conceitualização:
Gestão Florestal e Faunística é o controle e acompanhamento das
actividades de utilização dos recursos florestais e faunísticos, bem
como dos respectivos ecossistemas no território nacional.

Flora é uma população arbórea que cobre uma grande extensão de


terreno inculto ou seja é um conjunto de arvores, uma associação
predominantemente de árvores ou outra vegetação lenhosa,
ocupando extensa área de terra.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 180

Fauna é o conjunto de animais terrestre anfíbios e a fauna


selvagens, e todos os mamíferos aquático, de qualquer espécie em
qualquer fase do seu desenvolvimento, que vivem naturalmente
bem como as espécies selvagens capturadas para fins de
pecuarizacão, excluindo os recursos pesqueiros.

Características da Flora em Moçambique

O território Moçambicano cobre uma área de 791.930 Km2


suportando cerca de 90% de vegetação de dunas: florestas pradaria
com ou sem arvores e mangal. A inteiração de factores de
diferentes índoles (pluviosidade, solos, acção humana, etc), é que
ditam na distribuição das formações vegetais.

Toda a floresta natural é do tipo seca tropical ( floresta de Miombo)


com algumas áreas restritas de florestas sempre verde em Sofala e
Zambézia.
No geral, pode se dizer que as florestas apresentam três ou mais
estratos de diferentes espécies de árvores, onde as copas mais altas
formam uma cobertura contínua e as copas das árvores
sucessivamente mais baixas tendem a se sobrepor umas as outras.
Cerca de 78% da floresta natural do país é confinada em seis
províncias encontrando-se um terço (1/3) nas províncias de Sofala
e Zambézia, onde é considerada ser de maior valor comercial.

Quanto ao regime foliar, no nosso país ocorre essencialmente dois


tipos de florestas a saber:

Floresta semi-verde: Ocorre em zonas muito localizadas do país,


em virtude de ser uma formação vegetal muito dependentemente da
humidade. Distribui se particularmente pelas regiões planálticas
onde a precipitação anual excede os 1200mm e solos férteis em
regra geral com grande capacidade de retenção da humidade nas
regiões norte e centro.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 181

Florestas de folhas caducas: Ocorrem nas regiões onde o índice de


precipitação varia de 600 a 900mm por ano, constituindo assim
uma formação florestal de transição para savana arbórea. Distribui
se particularmente nas áreas das bacias do médio e baixo Zambeze
e seus afluentes.

Dentre outras características, destaca se pelo facto da sua cobertura


aérea não ser contínua, contrariamente ao que sucede com as
camadas inferiores.

Outras formações vegetais embora de certo modo muito localizadas,


a sua importância científica, económica e ambiental são o caso do
mangal e das formações psamofíticas costeiras.

O mangal é uma formação arbórea ou arbustiva sempre verde, que


ocupa as margens do estuário de águas salgadas e de certas
reentrâncias da costa, onde as águas são calmas. Enquanto que as
formações psamofíticas costeiras são constituídas por vegetações
arbustivas ou arbórea baixa, densa de porte sensivelmente uniforme
devido a influência do vento (casuarina e as mais raramente
amendoeiras da Índia) que se localiza ao longo da faixa costeira
desde o extremo sul até um pouco a sul do delta do Zambeze.

Moçambique apresenta uma rica e diversificada fauna,


conhecendo-se muitos e milhares de espécies de diferentes grupos
zoológico. A distribuição dessas espécies ocorre de norte a sul mas
com densidades variáveis nas áreas de maior densidade animal
( parques, reservas e coutadas).

Os parques de Gorongosa em Sofala, de Zinava em Inhambane e


Banhine em Gaza são áreas de conservação de algumas espécies
faunisticas que merecem a sua menção: Búfalo, Cabrito cinzento,
Cocone, Chango, Elefante, Facoceiro, Codonga, Girafa,
Hipopótamo, Impala, Porco do mato, Zebra, Leopardos, alem de
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 182

outros.
Enquanto que as reservas de ( Niassa, Chire, Marromeu e Maputo),
também são zonas de ocorrências dessas espécies mas com menor
densidade.

Informações sobre a extensão da degradação da flora no país não é


bem conhecida mas segundo a Kir (1984) indicou que a taxa de
degradação da floresta natural é cerca de 45000 hectare, ainda que
o instituto de recursos mundiais (WRI) (1990:100) estimou em
120.000ha/ano para 1980.

As principais causas da desflorestação são:


Abertura de campo agrícolas ( o governo estima a taxa de
desflorestação cerca de 45000 a 100.000ha/ano devido a agricultura
itinerante e 15000ha/ano para agricultura intensiva);
Queimadas descontroladas, (queimadas são normalmente usadas na
preparação de campos para cultivo. Geralmente tais fogos não são
controlados resultando na destruição de largas áreas de vegetação
natural bem como na diminuição do crescimento da floresta. Cerca
de 35 a 45% da área total do país esta sujeita a queimada
descontrolada anualmente);

Exploração da madeira e especialmente para combustível lenhoso e


material de construção. Entende-se por exploração florestal o
conjunto de operações ou medidas ligadas a extracção dos produtos
florestais para a satisfação das necessidades humanas, de acordo
com as normas, técnicas de produção e conservação do património
florestal.

Os produtos florestais classificam-se em:


Madeireiros: Madeira em toros, madeira serrada, contraplacados,
painéis e parquet;

Não madeireiros: Raízes, bordão, fibras espontâneas diversas,


cascas tanantes, produtos de substancias alcolóides, cortiça, látex
boraxifero, resinas, gomos, folhas, flores cogumelos, mel, frutos e
sementes da natureza silvestre com objectivo comercial e industrial;
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 183

Combustível Lenhoso: Lenha e carvão vegetal;


Materiais de Construção: Varas, estacas, postes, esteios, bambus e
caniços

Dentre as principais espécies florestais com maior valor comercial


existente no país, merecem particular realce as seguintes: O
jambirri, o pau – preto, o pau – rosa, o pau – ferro, a umbila, o
sândalo, por se tratarem de espécies florestais de grande porte (com
mais de 15 metros de altura) e elas ocorrem sobretudo nas
formações florestais de tipo florestas semi – verdes com elevados
níveis de humidade.

Para o caso da Fauna, os abates clandestinos ou seja a caça furtiva


constitui uma das causas principal da degradação da fauna.

Sumário
Moçambique apresenta uma rica e diversificada flora e da fauna,
conhecendo-se muitos e milhares de espécies de diferentes grupos
de plantas e zoológicos. A distribuição dessas espécies ocorre de
norte a sul mas com densidades variáveis. Temos no nosso país
áreas de maior densidade de florestas e de animais, algumas das
quais são protegidas por lei pelo seu valor económico e pela
necessidade de sua preservação.

Basicamente as Províncias do Centro e Norte de Moçambique


apresentam pelas suas características de vegetação e faunísticas
uma maior densidade de espécies em relação ao Sul de
Moçambique.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 184

Exercícios
1- Faça uma análise comparativa das linhas mestres da conservação
da fauna e flora no pós-independência
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 185

Unidade XXII
HISTORIA DA CONSERVAÇÃO DA
FLORA E FAUNA EM
MOÇAMBIQUE
Introdução
As diferentes fases pelas quais passou Moçambique na sua História,
ditaram no âmbito da conservação da flora a ocorrência de vários
momentos que vão desde o período pré-colonial, colonial, pós
Independência durante o conflito armado até ao momento actual.

Cada uma das fases ditou a ocorrência de vários impactos específicos que
urge a necessidade de estudá-los de forma pormenorizada.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever ses da história de gestão dos recursos faunísticos em


Moçambique.
Objectivos  Explicar a importância da conservação da fauna e flora em
Moçambique.

Historia da Conservação da Flora e Fauna em Moçambique


O Período Pré-colonial
Existe pouca informação sobre a conservação da flora e fauna no
perodo pré-colonial, vistas as características da maioria da
população moçambicana neste período, que se prendem com
factores sócioculturais.

Período Colonial

As disposições legais para a defesa e conservação da flora e da


fauna foram uma das formas oficiais adoptadas pelas autoridades
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 186

coloniais para salvaguardar a flora e a fauna, dos interesses do


sistema.

A história da defesa da fauna bravia pode-se dividir em duas fases


principais:
A 1ª refere-se ao período anterior ao decreto n◦ 40:040 de 20 de
Janeiro de 1955 que define preceitos destinados a protecção da
fauna, flora e do solo nas colónias portuguesas.
A 2ª refere-se ao período posterior ao decreto. Portugal observando
as decisões da convenção de Londres de 1955, empenhou-se
afincadamente na criação de instituições e estruturas vocacionadas
para zelar pela protecção da natureza.

As primeiras disposições oficiais de protecção a fauna em


Moçambique surgiram durante a segunda metade do século XVIII,
para algumas espécies mais cobiçadas devido aos seus despojos
visto ter sido antes e durante esse século que o marfim e as peles se
encontravam entre os artigos mais procurados pelos comerciantes
euro-asiáticos. Foi nessa perspectiva que os colonialistas
portugueses iniciaram a protecção da fauna com recurso ao
regulamento para o exercício da caça, para defender os seus
interesses.

Segundo Ombe e Fungulane (1996), o mais antigo regulamento até


hoje conhecido é o de 1893 que diz respeito aos territórios de
Manica e Sofala, então sob a administração da companhia de
Moçambique. Este regulamento em referência representava por si
um esforço louvável na medida em que estabelecia regras e
procedimentos a observar para o exercício da caça nos territórios da
companhia de modo a evitar o extermínio da fauna bravia e das
suas espécies, ele proíbe o abate de animais em fase de crescimento
bem como estabelecia disposições penais para os indivíduos que o
infringissem.
.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 187

Neste contexto foram criadas, alterados e aprovados vários


instrumentos legais como é o caso do decreto de 28 de Dezembro
de 1903 que aprova o regulamento da caça em Lourenço Marques
alterado em 1909 e aprovado para todo território de Moçambique
através do decreto de 02 de Dezembro de 1909.

Um outro regulamento de caça desportiva de Lourenço Marques


publicado no Boletim Oficial em Moçambique (BOM) 15/10/1910
e o de Tete publicado no BOM 1ª série, n◦23 de 09/07/1928. Estes
dispositivos tinham uma característica de aplicação de penas que
incidiam no pagamento de multas.

Os últimos regulamentos de caça de diplomas legislativos n◦765 de


13/08/1941 adoptaram os princípios de convenção, entre eles
referentes a criação e manutenção de reservas. Ao abrigo do
disposto no decreto-lei n◦35:395 de 26/12/1945 foi reorganizado a
junta das missões geográficas e de investigação do ultramar que
tinham como tarefas orientar e coordenar as actividades cientificas
de defesa e conservação da natureza, inventariação das espécies
sujeitas ao regime de protecção nos parques, reservas e coutadas,
propostas de protecção das espécies, comunidades de espécies e
outras entidades naturais, assim dar parecer sobre a instituição de
diversos regimes de protecção.

É nesse contexto de sugestão de reservas e parques como zonas de


conservação que o decreto nº 40:040 de 20/01/1955 no seu artigo
31 classifica as zonas de protecção em: parques nacionais, reservas
naturais integradas, reservas parciais e reservas especiais tais como:
Parque nacional da Gorongosa como reserva de caça e florestal
descoberto em 1885 estabelecido como reserva a 18/10/1920 pelo
então governador da companhia Majestática de Moçambique, Pery
de Linde;

Parque nacional de Banhine fundado em 1950 como uma reserva


de caça pela existência de uma fauna abundante em espécies;
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 188

Parque nacional do Zinave criado em 1973 através do diploma


legislativo n◦47/73 de 26/06 uma área estabelecida pela
necessidade de salvaguardar o desaparecimento de determinadas
espécies faunísticas como é o caso da girafa, amatagaice, avestruz;
Reserva especial de Maputo cujo limites foram definidos pela
portaria n◦22314 de 09/08/1969 em que a sua espécie selvagem
mais notável é o elefante havendo outras espécies.
Reserva especial de protecção ao búfalo de Marromeu cujos os
limites foram definidos pelo diploma legislativo n◦1995 e 2070 de
1961 respectivamente;

Reserva do Gile criada a luz do diploma legislativo nº 1996 de


1970;
Reserva parcial do Rovuma criada pelo diploma legislativo nº 1996
de 23/07/1970.

Período Pós Independência

Após a independência, Moçambique herdou os problemas da época


colonial continuando numa economia agrária fraca, isenta da
mecanização o que levou por um lado a degradação dos solos. Por
outro lado, quando o país ascendeu a independência não existia
estudos ligados ao ambiente, não existia também politicas definidas
com vista a preservação dos recursos naturais.

Para fazer face a degradação do meio ambiente no período em


destaque, o governo de Moçambique tomou algumas medidas dos
quais importa destacar as estratégias traçadas em 1977 no 3◦
congresso da FRELIMO cujo objectivo era mudar o cenário vivido
no território moçambicano, nesse congresso foram criadas
directrizes económicas e sociais que enalteciam a defesa e
conservação dos recursos naturais.

No decorrer do ano de 1977 foram desenvolvidas algumas acções


no campo ambiental com vista a protecção dos recursos naturais
nacionais, destacando-se a mudança de repartição técnica da fauna
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 189

bravia para o serviço de conservação integrado na direcção


nacional da pecuária do ministério da agricultura.
Em 1980 o serviço da conservação foi integrado no departamento
de floresta e fauna bravia funcionando como sector desta estrutura.
No mesmo ano cria-se a EMOFAUNA Empresa Estatal, com
objectivo de garantir a realização, programas de utilização da fauna
bravia para o desenvolvimento do turismo e a captura e
domesticação de animais bravios.

Em 1981 o Governo de Moçambique realizou a 1ª reunião Nacional


de Floresta e Fauna Bravia e Queimadas no parque Nacional da
Gorongosa. Nesse encontro foram traçadas propostas com vista a
reclassificação de algumas áreas de protecção da fauna e a criação
de novas zonas de protecção de acordo com as condições existentes.
Assim sendo, as reservas especiais de Maputo, parcial de caça do
Gile, parcial do Niassa foram transformadas em parques Nacionais.
Segundo Ombe e Fungulane (1996) devido ao surgimento da
guerra civil em Moçambique que se fez sentir nos anos seguintes,
os planos já elaborados não foram concretizados, isto porque os
efeitos da guerra foram extremamente graves para o meio ambiente.
As zonas de protecção da fauna bravia várias vezes foram
invadidas e transformadas em locais de abates indiscriminados de
animais, de abertura de trincheiras.
Apesar dos efeitos negativos da guerra sobre o meio ambiente que
dificultava de certa maneira a realização de actividades práticas
sobre a conservação da natureza, vários eventos foram realizados
com vista a uma reflexão sobre a conservação do meio, Dentre elas
se destacam:

De 1988-1990 realizou-se seminários nacionais sobre o meio


ambiente com o objectivo de avaliar a situação ambiental em
Moçambique.
Em 1991 foi elaborado o relatório nacional do meio ambiente, que
foi apresentado na cimeira do Rio de Janeiro em 1992.
Em 1992 foi criada em Moçambique a comissão nacional do meio
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 190

ambiente, com vista a coordenar acções de defesa e protecção do


ambiente.

Sumário
A história da conservação da flora e fauna em Moçambique
subdivide-se em duas grandes fases. A fase da era colonial que por
sua vez subdivide-se em :1ª refere-se ao período anterior ao decreto
n◦ 40:040 de 20 de Janeiro de 1955 que define preceitos destinados
a protecção da fauna, flora e do solo nas colónias portuguesas 2ª
refere-se ao período posterior ao decreto. Portugal observando as
decisões da convenção de Londres de 1955, empenhou-se
afincadamente na criação de instituições e estruturas vocacionadas
para zelar pela protecção da natureza. E temos a fase do período
pós independência.

Exercícios
1- Faça uma análise comparativa das linhas mestres da conservação
da fauna e flora na era colonial e no período pós-independência
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 191

Unidade XXIII
Mecanismos de Gestão da Flora e da Fauna
em Moçambique

Introdução
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever os mecanismos de gestão dos recursos hídricos.

 Explicar a importância de gestão sustentável dos recursos


Objectivos florestais e faunísticos de Moçambique

Mecanismos de gestão da flora e da fauna em Moçambique

No contexto da criação de mecanismo de gestão ambiental ocorreu


a sua institucionalização, que consistiu na criação do ministério de
tutela e adopção de um conjunto de instrumentos legais para a
gestão dos recursos naturais, e dar autonomia para que os governos
distritais tenham uma participação na atribuição de licenças de
exploração dos recursos florestais e marinhos do seu território bem
como apontar as necessidades prioritários do distrito neste processo.

Dos documentos que norteiam as actividades socio-económicas e


politico culturais em Moçambique destaca-se a Constituição da
Republica.
Segundo a constituição da Republica de Moçambique (2004), no
que diz respeito a Gestão ambiental após a sua apreciação, no seu
capitulo III identificou-se o artigo 117 ( ambiente e qualidade de
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 192

vida) :
O Estado promove iniciativas para garantir o equilíbrio ecológico e
a conservação e preservação do meio ambiente visando a melhoria
da qualidade de vida dos cidadãos.

No seu número II "com a finalidade de garantir o direito ao


ambiente no quadro de um desenvolvimento sustentável, o Estado
adopta politicas visando:

Promover a integração dos valores do ambiente nas políticas e


programas educacionais.

Garantir o aproveitamento natural dos recursos naturais com a


salvaguarda da sua capacidade de renovação de estabilidade
ecológica e dos direitos das gerações vindouras.

Um dos instrumentos de gestão ambiental é o decreto nº 12/2002,


BR nº 22 Série I de 6 de Junho que aprova a lei nº 10/99 de 7 de
Julho, Lei de Florestas e Fauna Bravia. Nesta lei, o seu
regulamento consagra a protecção dos recursos florestais e
faunísticos através de parques e reservas nacionais, dita regras e
normas para exploração florestal de forma sustentável, “conjunto
de operações ou medidas ligadas à extracção dos produtos
florestais para satisfação das necessidades humanas, de acordo com
as normas e técnicas de produção e conservação do património
florestal”

Estabelece períodos de defeso florestal. Privilegia as comunidades


locais na exploração para o consumo próprio. auscultação para
concessão de espaços para exploração e sua duração e nos
benefícios da exploração dos recursos das suas redondezas “ as
comunidades locais poderão, em qualquer época do ano extrair os
recursos florestais necessários ao seu consumo próprio, isentos de
pagamento de taxa de exploração florestal; sobre taxa de licença
para exploração florestal faunística, recaem quinze por cento; vinte
por cento de qualquer taxa de exploração florestal ou faunística,
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 193

destina ao benefício das comunidades locais da área onde foram


extraídos os recursos; com vista a garantir que as comunidades das
áreas a serem feitas concessões de exploração da gestão
participativa (COGEP) ”

Enquanto isso, a lei do ambiente patente nos outros documentos


tais como Boletim da Republica ( BR), estratégia nacional de
gestão ambiental ( ENEA), Programa de gestão ambiental ( PNGA)
no geral, mostram-se mais reflectidas nas situações levadas a cabo
em prol do uso sustentável dos recursos naturais, isto é, protecção e
preservação do meio ambiente.

Segundo o PESA (2004) para a maior parte das Populações de


Baixo Rendimento económico, os recursos naturais são uma
questão de sobrevivência e de luta contra a pobreza no meio rural
bem como nos bairros periurbanos. As diversas camadas da
sociedade interagem com os recursos naturais diferentes para
satisfazerem as suas necessidades de sobrevivências básicas ou
para conseguirem algum lucro básico como acontece com os
caçadores, madeireiros de pequena escala etc. É por esta razão que
modelos contemporâneos de gestão dos recursos naturais enfatizam
o papel das comunidades locais para o sucesso de qualquer
iniciativa nesta área.

A gestão da flora e da fauna consiste no controlo e


acompanhamento das actividades de utilização dos recursos
florestais e faunísticos, bem como dos respectivos ecossistemas
existentes no território nacional. É da competência do estado
através do ministério da agricultura e desenvolvimento rural.

A gestão desses recursos é feita mediante normas e artigos


dispostos no regulamento da lei da floresta e fauna bravia que
compreende:
Criação de Parques e Reservas: Parques e reservas nacionais devem
ser ecossistemas naturais com característica única ou representativo
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 194

do património nacional, existência de espécies da flora e fauna


endémicas, existência de fontes naturais de água, condições
paisagísticas única e beleza cénica excepcional. A delimitação
dessas áreas tem como objectivo principal a redução dos impactos
decorrentes da acção humana nas zonas de protecção respectivas.

Planos de Maneio: Os inventários florestais bem como os planos de


maneio só podem ser efectuados por técnicos inscritos como
consultores de inventariação e maneio dos recursos florestais ou
faunísticos ministério da agricultura e desenvolvimento rural. Estas
inscrições poderão ser feita na qualidade de consulta individual,
sociedade de consultoria ou consórcio de sociedades dedicadas a
estatutos ambientais.

Criação de Parques e Reservas: Parques e reservas nacionais


devem ser ecossistemas naturais com característica única ou
representativo do património nacional, existência de espécies da
flora e fauna endémicas, existência de fontes naturais de água,
condições paisagísticas única e beleza cénica excepcional. A
delimitação dessas áreas tem como objectivo principal a redução
dos impactos decorrentes da acção humana nas zonas de protecção
respectivas.

Planos de Maneio: os inventários florestais bem como os planos


de maneio só podem ser efectuados por técnicos inscritos como
consultores de inventariação e maneio dos recursos florestais ou
faunísticos ministério da agricultura e desenvolvimento rural. Estas
inscrições poderão ser feita na qualidade de consulta individual,
sociedade de consultoria ou consórcio de sociedades dedicadas a
estatutos ambientais.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 195

Gestão Participativa: São estabelecidos conselhos locais de


gestão de recursos florestais e faunísticos, constituídos por igual
número de membros dos seguintes sectores:
Representantes das comunidades locais;

Pessoas singulares ou colectivas com actividades ligadas aos


recursos florestais e faunísticos;

Associações ou organizações não governamentais ligadas aos


recursos florestais e faunísticos, ou ao desenvolvimento
comunitário local; estado.

Delegação de Poderes: são definidos através de um anexo técnico,


os termos e condições para a delegação de poderes de gestão as
comunidades locais, ao sector privado, organizações e associações
ou a estes em parceria com o estado, visando o envolvimento destes
na exploração, utilização e conservação dos recursos florestais e
faunísticos.

Reposição dos Recursos Florestais e Faunísticos: Esta acção


pressupõe as plantações florestais e o repovoamento da fauna
bravia nas respectivas áreas a fim de conservar e preservar as
espécies naturais. Para a reposição desses recursos recai uma
percentagem de 15% que constitui a sobretaxa da taxa de licença
para a exploração florestais e faunística.

Educação Ambiental: O conhecimento da essência da gestão


ambiental e tomada de atitudes com vista a preservação dos
recursos naturais numa base de uso sustentável dos recursos e
observância dos aspectos culturais e vivência das comunidades.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 196

Importância da gestão da flora e da fauna

O índice de distribuição da flora e da fauna a escala mundial


atingiu nas últimas décadas níveis alarmantes sendo por isso a sua
gestão revestida de grande importância, pressupondo a
implementação de um conjunto de medidas de forma integrada ao
nível local, regional bem como nacional.

A gestão da flora e da fauna em Moçambique influem


positivamente na sua conservação e protecção bem como no não
comprometimento das necessidades das gerações vindouras sobre
estes recursos naturais.

A exploração e conservação da flora e da fauna obedecem um


conjunto de regras sustentáveis de modo a evitar desastres
ecológicos. Entretanto a gestão da flora e da fauna em Moçambique
e uma gestão participativa isto uma gestão que envolve as
comunidades locais na planificação ao implementação
monitorização e avaliação das actividades ligadas a conservação e
utilização destes recursos.

Portanto, gestão comunitária evoluiu como forma de dar resposta a


crescente degradação do meio ambiente devido as do antigo
sistema de maneio no qual não contava o envolvimento das
comunidades locais na gestão dos recursos naturais. esta forma de
gestão e uma estratégia fiável que pode promover desenvolvimento
local sustentável na medida em que ela engloba a realizadas dos
benefícios provenientes da utilização dos recursos.

A gestão participativa traz um ambiente são pelo que actividade


furtiva em muito casos diminui, estabelece-se um ambiente de
confiança entre profissionais e as comunidades locais e benefícios
directos em termos económicos constituindo desta forma um
incentivo para tomada de acções concretas de gestão e conservação
de flora e da fauna.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 197

Salientar que o exemplo da gestão participativo em Moçambique o


programa de ambiental comunitário designado Tchuma Tchato que
sendo implementado na província de Tete a longo do vale do
Zambeze e nasce como forma de acalmar a forte tensão que se
vivia entre o operador Safaris de Moçambique e as comunidades
locais para acesso aos recursos naturais o que viria a ser
ultrapassado por um condenso entre o estado as comunidades locais
o sector privado e que os benefícios são distribuídos mediante
regras previamente estabelecidas em percentagem, pelo Diploma
Interministerial 92/95 no qual estabelece que 33% proveniente da
Caca desportiva são canalizados nas comunidades locais 33% aos
Governos distritais e 34%¨aos cofres do governo Central.

Sumário
Ao longo dos anos o país foi se potenciando de instrumentos legais que
garantem a gestão correcta dos recursos florestais e faunísticos, os quais
vão desde a Constituição da República e alguns Decreto Lei sobre o
ambiente.

A gestão dos recursos no país é feita mediante normas e artigos


dispostos no regulamento da Lei da floresta e fauna bravia
conjugada com outras Leis do país.

Nestas Leis, a criação de Parque, reservas, os planos de maneio e a


gestão participativa, são algumas das formas encontradas para o
processo de gestão dos recursos florestais e faunísticos.

Exercícios

1- Descreva a os mecanismos que Moçambique


encontrou para a gestão dos recursos florestais e
faunísticos.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 198

2- Qual é a importância da gestão dos Recursos


florestais e faunísticos?
3- Como se aplica a gestão participativa dos recursos
florestais e faunísticos em Moçambique?

Nb. Entregar as alíneas 1 e 3.


Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 199

Unidade XXIV
GESTÃO DOS SOLOS EM
MOÇAMBIQUE

Introdução
Nesta Unidade poderá familiarizar-se com a maneira como o nosso país
se organiza para a gestão sustentável dos solos.

Aqui poderá familiarizar-se com matérias como as medidas de mitigação


dos diferentes impactos negativos decorrentes da exploração dos solos
como sejam as queimadas descontroladas, o deflorestamento e alguns
assentamentos urbanos que de uma maneira geral podem prejudicas o uso
correcto dos solos para diferentes fins.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever as formas de gestão dos solos em Moçambique.

 Determinas as principais medidas de mitigação aplicáveis em


Objectivos Moçambique.

 Caracterizar os reassentamentos em Moçambique.

Formas de Gestão dos Solos em Moçambique

A gestão dos solos é um processo que consiste no uso racional,


sustentável deste recurso renovável de modos a manter vivo com
vista a preservar para as gerações vindouras. Vários são os sistemas
de conservação dos solos praticados de modos a vitalizar estes
recursos cada vez mais. A agricultura de conservação é uma das
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 200

formas de gestação dos solos e que obedece vários aspectos a


considerar que dentre os tais se destacam:

 Declividade – grau de inclinação, a dimensão e a


topografia geral da parcela)
 Solo – estrutura, textura teor de matéria orgânica, riscos
de erosão, pedregosidade, profundidade;
 condições climáticas – precipitação total,
Evapotranspiração total, distribuição mensal, e
interanual das chuvas, geada
 rega – disponibilidade de água, quantidade e período
necessário de rega;
 casta – comportamento agronómico: fertilidade, vigor,
exigências culturais (de condução e de maneio) /
objectivo final
 vegetação endémica – composição e características da
flora dominante
 recursos tecnológicos – disponibilidade de tecnologia
(equipamento, agro – químicos,)
 parâmetros económicos – relação benefício/custo
 parâmetros socio-económicos – Dimensões da
exploração e capacidades de investimentos, qualificados

A conservação dos solos através do sistema de cultivo de vinha é


uma das formas de gestão do solo através da agricultura de
conservação. Ester sistema consiste em cultivo de vinhas em
entrelinhas de modos a controlar o movimento de irrigação e de
pragas das culturas e as entrelinhas são usadas não só para a cultura
da vinha mas também para a prática de qualquer cultura de modo a
controlar a compactação do solo levado a cabo pelas máquinas de
cultivo. De salientar que a conservação dos solos com base no
cultivo da vinha obedece certos factores dentre os quais destacam-
se os riscos de erosão, o degradação do solo, transitabilidade nos
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 201

campos de cultivo de modos as permitir a entrada de maquinas para


a lavoura e controle de pesticidas, eco – condicionalidade que se
traduz no cumprimento da regras de gestão ambiental dos solos
levados a cabo neste sistema.

A cobertura do solo com vegetais naturais que consiste em manter


o solo revestido com vegetação espontânea (flora natural ou
residente) e/ou semeada. É uma alternativa ao sistema de
mobilização, reduzindo a maior parte dos seus inconvenientes
ambientais e práticos e apresentando diversas vantagens para a para
a cultura da vinha, como sejam:

 forte redução dos riscos de erosão;


 redução do vigor das videiras através da competição
quer pela água (dependendo da largura da faixa
enrelvada, da constituição da flora do próprio relvado e
da frequência e data dos cortes realizados), quer pelo
azoto do solo (especialmente se o enrelvamento tiver
uma elevada quantidade de gramíneas);
 aumento do teor de matéria orgânica do solo, melhoria
da estrutura e redução da incidência de clorose férrica e
de asfixia radicular, em períodos do ano com excesso de
precipitação;
 aumento do volume de água no solo e da capacidade de
campo, devido à melhoria da estrutura do solo.

A gestão da cultura de cobertura não depende apenas das espécies e


variedades escolhidas e dos principais objectivos do seu uso, mas
também de outras condicionantes como os custos, as características
da vinha e as condições pedo-climáticas. A conservação dos solos
usando a prática de revestimento com vegetação natural é praticada
maioritariamente nas regiões de agricultura intertropical onde o
nosso país faz parte. Este tipo de sistema de gestão consiste na
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 202

abertura de campo agrícolas com recurso a construção de canteiro


onde são colocadas as vegetações herbáceas debaixo da terra.

Em Moçambique a gestão dos solos consiste na mitigação dos


vários problemas causados pela erosão, queimada descontrolada,
desflorestamento e a pressão demográfica nos centros urbanos.
Estas formas de mitigação passam a ser por um lado campanhas de
sensibilização e por outro lado, práticas de contenção ou seja de
reforma do sector agrário. Dentre os vários medidas de mitigação
da degradação dos solos encontramos.

Medidas de Mitigação da Erosão

No intuito de protecção dos solos contra a erosão tem-se as


seguintes medidas:

1. Medidas Biológicas – que consiste na utilização da técnica


de adubação verde (uso de plantas para a adubação e/ou
refertilização)
2. Medidas Mecânicas – que consiste no nivelamento ou
escavamento de terra para reavivar o solo
3. Medidas Mistas – que englobam as duas medidas acima
referenciadas.

Estas medidas são por outro lado dividas em medidas de contenção


e de prevenção. As medidas de prevenção consistem na rotação de
culturas que é a variação de culturas praticadas numa determinada
área ao longo de várias épocas. Esta técnica de cultivo reduz o
tempo que um campo é deixado cobertura e permite a conservação
de nutrientes, fixando azoto para servir de nutriente próximos.

Nesta medida também pratica – se o plantio em curvas de nível que


é uma técnicas praticada em terras de maior declive, a qual consiste
em lavrar o terreno de forma transversal e inclinado e que as
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 203

plantações são feitas de forma paralela as curvas de nível. Esta


técnica consiste em conservação da humidade do solo e reduz a
velocidade de escoamento evitando assim a lixiviação.

Em Moçambique é feita também a cobertura de solos com vegetais


naturais que consiste em aumentar restos da colheita até as
próximas campanhas permitindo assim uma boa conservação do
solo e amento da fertilidade pela decomposição destes restos de
plantas. Também esta cobertura por vezes pode consistir no uso de
diversas espécies vegetais no momento de pousio como a relva ou
mesmo algumas planta como a batata-doce, para evitar a erosão dos
solos e a lixiviação

O uso de fertilizantes químicos é uma das técnicas de conservação


do solo que consiste na utilização de adubos químicos para a
fertilização dos solos que perderam a sua qualidade fértil. Esta
técnica é observada no país e é conduzida por equipe de
extencionistas técnicos de agricultura com certas políticas de
utilização destes produtos com vista a educar as normas de
aplicação destes fertilizantes químicos. Maior parte das regiões que
aplicam estes fertilizantes são aquelas que para além das culturas
de consumo produzem as de rendimento como é o caso de tabaco,
algodão entre outras culturas de rendimento.

O planeamento urbanístico é uma das políticas de gestão do solo ou


seja de prevenção da erosão dos solos. Este sistema de prevenção é
também acompanhado pelo planeamento dos campos de cultivo.
Em Moçambique a política de planeamento rural passa a ser uma
actividade de sensibilização e de construção de cisternas de
drenagem para a irrigação dos campos nas épocas de secas ou de
estiagem.

As medidas de contenção consistem no uso de estrutura de betão e


pedras como é o caso de gaviões, barreiras de contenção,
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 204

terracionamento, etc. os gaviões consistem na construção de


barreiras de arame inoxidável com pedras para evitar a o efeito das
águas das chuvas contra os solos. Este método em Moçambique foi
usado em Nacala, na província de Nampula e em Maputo nos
Bairros da Polana Caniço “A” e Malanga.

Medidas de Mitigação das Queimadas descontroladas

Moçambique actualmente tem promovido várias campanhas de


mitigação das queimadas descontroladas à nível de todo país que de
uma forma consistem na consciencialização das populações sobre
os procedimentos a seguir para a prática de queimadas e gestão
integrada, e, estas campanhas visam à:

 Envolver monitores comunitários na realização de


palestras sobre a lei de florestas e fauna bravia, lei do
ambiente e a lei de Terra;
 Envolver os agentes comunitários e fiscais no controle e
registo de ocorrência de queimadas e furto de espécies
florestais e faunísticas
 Criar viveiros comunitários para a promoção de
actividades de reflorestamento das árvores afectadas
pelas queimadas e o desenvolvimento de espaços verdes.

Estas medidas visam por um lado a conservação das espécies


florestais e faunísticas e por outro lado, visam a conservação do
solo em vastas áreas com recurso a proibição de abate a certas
espécies e reposição de espécies.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 205

Medidas de Mitigação do Impacto do Reassentamento ou da


Pressão Demográfica

A política de reassentamento desenvolvida em Moçambique era por


vezes trata como sento programas de desenvolvimento e não como
um programa de habitação que carece de um ordenamento dos
aglomerados populacionais nos centros urbanos até aos últimos 10
anos. Daí para cá a situação já ganha certas proporções e faz
sentido na política parlamentar moçambicano daí que se
desenvolvem programas de sensibilização Autárquico no sentido de
minimizar esta situação e para efeito estão sendo desenvolvidas
campanhas como:

 Envolvimento das comunidades no processo de


sensibilização e que passam a ser consultadas, e, participam
nos projectos de reassentamento a partir do inicio.
 Envolvimento da entidades ambientalistas nos processos de
reassentamento como apoiantes na regulamentação dos
aspectos ambientais, políticos e legislações competentes.
Enquanto que as entidades governamentais ordenam os
espaços segundo os padrões recomendados pelos
ambientalistas.

Sumário
Para que a sociedade moçambicana continue a desenvolver e a ter
alimentos para toda a população joga um papel de extrema
importância a gestão dos solos. Por definição esta é um processo
que consiste no uso racional, sustentável deste recurso renovável de
modos a manter vivo com vista a preservar para as gerações
vindouras.
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 206

Vários são os sistemas de conservação dos solos praticados de


modos a vitalizar estes recursos cada vez mais. A agricultura de
conservação é uma das formas de gestação dos solos e que obedece
vários aspectos a considerar que dentre os tais se destacam: o
sistema de rotação, pousio ou a plantação de algumas culturas que
garantem a regeneração dos nutrientes deste recurso..

Exercícios
1- Quais são as principais medidas de mitigação que
conheces para garantir a longevidade do uso do solo?
2- Qual é o esforço que está sendo feito para mitigar as
queimadas descontroladas?.

4- Metodologia de Aprendizagem e critério de avaliação.


a) Frequência da disciplina.
b) Formas de leccionação das aulas
c) Critérios de avaliação
Estudos ambientais II Noções sobre os Recursos Naturais 207

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