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FINANCEIRO DE MOÇAMBIQUE
De acordo com o Banco de Moçambique (2016), aos finais de 2015, o sector financeiro
moçambicano era constituído, para além das instituições reguladoras, (o Banco de
Moçambique e o Instituto de Supervisão de Seguros de Moçambique), por: (i) instituições de
crédito e sociedades financeiras, com destaque para 18 bancos, 11 microbancos e 9
cooperativas de crédito, 2 instituições de moeda electrónica, 12 organizações de poupança e
empréstimo e 330 operadores de microcrédito; (ii) instituições do mercado segurador e de
pensões, concretamente 18 seguradoras, 59 correctoras de seguros, 1 instituição de segurança
social básica, 2 de segurança social obrigatória, 8 fundos de pensões, 6 sociedades gestoras de
fundos de pensões; e (iii) instituições no mercado de capitais, designadamente a bolsa de
valores e 9 operadores de bolsa.
Mais, ainda, o Banco de Moçambique (2016) destaca que apesar da diversidade de instituições
financeiras existentes, o nível de inclusão financeira no País continua relativamente baixo.
Com efeito, para um País com 799.380 km2 e cerca de 14,2 milhões de habitantes adultos, 656
agências de instituições de crédito, 17.855 agentes de instituições de moeda electrónica, 1.576
ATM, 22.052 POS, 118 delegações de companhia de seguros, dos quais 45 são balcões de
fronteiras, mostram-se insuficientes para satisfazer as necessidades da população e empresas.
Como resultado, no final de 2015 havia, em termos geográficos, 8 agências de instituições de
crédito por 10.000 km2 e, em termos demográficos, 5 agências por 100.000 adultos. A
quantidade de ATM e POS por 10.000 km2 era de 20 e 276, respectivamente, sendo a
quantidade dos mesmos terminais de pagamento por 100.000 adultos de 11 e 160,
respectivamente.
No entanto, uma boa parte considerável dos pontos de acesso aos serviços financeiros está
localizada na área urbana, onde se destaca a cidade de Maputo. Ainda no final de 2015, dos
158 distritos do País, existiam 87 com presença de agências de instituições de crédito, 98 com
ATM, 147 com POS e 122 com agentes de instituições de moeda electrónica. Ainda em finais
de 2015, cerca de 20% da população adulta possuía conta bancária e a maioria dos adultos
estava familiarizada com os produtos oferecidos pelos bancos, sendo as contas bancárias e os
empréstimos bancários os mais usados. (BM, 2016)
Diante da situação acima exposta, foi lançada pelo Banco de Moçambique (2016), a Estratégia
de Desenvolvimento do Sistema Financeiro de Moçambique (EDSFM) 2016-2022, com o
objectivo de promover o desenvolvimento e a estabilidade do sistema financeiro do país. A
EDSFM foi elaborada em colaboração com outras entidades governamentais, sector privado e
sociedade civil, e seu objectivo principal é transformar Moçambique em um centro financeiro
regional de referência.
Antes da EDSFM, Moçambique havia passado por um período de rápida expansão do sector
financeiro, mas enfrentou desafios significativos, como a falta de inclusão financeira, baixo
acesso a crédito e serviços financeiros, além da vulnerabilidade a choques externos. A
EDSFM, portanto, foi desenvolvida para abordar esses desafios e definir metas e objectivos
claros para o desenvolvimento do setor financeiro. (BM, 2016)
O município de Maputo é constituído pela cidade de Maputo, Catembe e ilhas (Xefina Grande,
Inhaca e dos Portugueses). Possui uma área de 346,77 km² e faz fronteira com o distrito de
Marracuene, a norte; o município da Matola, a noroeste e oeste; o distrito de Boane, a oeste, e
o distrito de Matutuíne, ao sul.
Em termos de organização administrativa o município integra 7 unidades autárquicas:
KaMpfumo, Nlhamankulu, KaMaxaquene, KaMavota, KaMubukwana (distritos urbanos),
KaTembe e KaNyaka (distritos municipais), para uma população de cerca de 1.122.607
habitantes. De acordo com o INE (2019) Maputo Cidade tem uma superfície de 346 km 2 e
uma densidade de 3 245 hab/ km2. Segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística), este
crescimento populacional lento em Maputo é resultado da migração para a província de
Maputo, principalmente para as zonas de expansão habitacional nos distritos de Boane,
Marracuene e cidade da Matola. O INE relata ainda que entre 2006 e 2007, a cidade de
Maputo recebeu de outras províncias 26 038 pessoas, mas por outro lado, 39 614 saíram para a
província de Maputo. No início de 2013 a população do município estava estimada em 1 209
993 habitantes (INE, 2019). O distrito KaMaxaqueni tem a maior densidade populacional com
cerca de 16 936 hab/ km2 e KaNyaka a menor com 119 hab/ km2, tal como apresenta a tabela
3.
Um dos aspectos mais importantes na análise de uma população é a sua composição etária.
Alterações no equilíbrio entre os três principais grupos da população, respectivamente
crianças, jovem em idade activa e idosa tem implicações sociais e económicas. Os dados
estatísticos, de acordo com as projecções do Censo 2017, mostram que em 2019 a população
de Maputo Cidade é de 1 122 607 habitantes, onde 544 766 são Homens e 577 841 mulheres.
Destes 347 273 são crianças de 0 a 14 anos, correspondente a 31% e 45 178 são idosos com
idade superior a 65 anos, correspondente a 4%. Significando que a maioria da população da
Cidade de Maputo, 65% do total, tem idade activa. (INE, 2019). Na mesma linha de ideia,
Castelo-Branco (2005), aborda que Maputo é uma cidade jovem, com uma taxa de natalidade
ainda elevada, a cidade apresenta uma estrutura etária relativamente equilibrada, com uma
proporção significativa de jovens em idade produtiva.
Maputo não é apenas a capital política e maior cidade de Moçambique, mas também o
principal centro financeiro, corporativo e mercantil do país, reunindo múltiplas infraestruturas,
actividades econômicas, serviços médicos, educacionais, além de sediar as grandes
organizações comerciais e políticas do país. Factores que reflectem na produção local
responsável por mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano (GOVERNO DE
MOÇAMBIQUE, 2017).
Entretanto, vale destacar, este crescimento é acompanhado pela ampliação das desigualdades
sócias e não se traduz em oportunidades concretas de emprego e renda para parcela
significativa da população, que encontra grandes dificuldades para obter condições dignas de
vida. Factores estes que se expressam nos indicadores sociais de Maputo e de todo o país
apontando para que mais de 50% da população viva abaixo da linha da extrema pobreza
(PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2016).
Frente ao exposto, Chivangue (2014) aponta à histórica incapacidade de gestão e geração de
empregos por parte do Governo, refletindo na deficiência/ausência de postos formais de
trabalhos, movimento que destina grande parcela da população às atividades do mercado
informal, que se ampliam significativamente nas décadas de 1980 e 1990, quando centenas de
milhares de pessoas adotam tal saída na busca pelo escape à miséria generalizada que toma
conta de Maputo/Moçambique.