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Telmina Benedito Marques

Cadeira:

Introdução a economia

Curso:

Contabilidade

1º Ano

Universidade Licungo

Beira

2021
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Telmina Benedito Marques

Tema:

Desafios do Sistema Econômico Moçambicano

Cadeira:

Introdução a Economia

Curso:

Contabilidade

1º Ano

Trabalho Dirigido ao Departamento


de Contabilidade e Gestão da
Universidade Llicungo-Beira.

Docente:

Dr. Imrran Bahadur

Universidade Licungo

Beira

2021
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Índice
Introdução .................................................................................................................................. 4

Objectivos: ................................................................................................................................. 5

Sistema financeiro em Moçambique .......................................................................................... 6

Organização e composição do sistema financeiro em Moçambique ......................................... 6

Composição do sistema financeira em Moçambique................................................................. 6

Quanto à evolução dos níveis de acesso e uso dos serviços financeiros: .................................. 9

Conclusão................................................................................................................................. 11

Referência bibliográfica ........................................................................................................... 12


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Introdução

Em economias africanas em desenvolvimento, como Moçambique, o debate sobre o


alargamento da participação dos mercados financeiros na produção, nas relações de trabalho e
no investimento tem merecido maior atenção por parte de entidades reguladoras e agentes
económicos em geral. Em 2007, o Banco de Moçambique (BdM), lançou uma estratégia de
bancarização da economia com o objectivo de reduzir e controlar melhor a inflação e a
estabilidade do sistema financeiro (BdM, 2007b). Os problemas fundamentais que esta
estratégia levanta são a expansão territorial de produtos e serviços financeiros, o aumento de
profundidade financeira e a valorização do metical como meio de troca (meticalização). Esta
posição está em consonância com o actual discurso político do Governo de Moçambique
(GdM), que aborda sobre a necessidade do sistema financeiro expandir territorialmente para
cobrir mais áreas do território nacional (GdM, 2010 e 2005).
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Objectivos:

Geral:

 Identificar os desafios que o sistema financeiro Moçambicano enfrenta.

Específicos:

 Descrever a composição do sistema financeiro Moçambicano;


 Analisar os níveis evolução de acesso e uso dos serviços financeiros.
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Sistema financeiro em Moçambique

Organização e composição do sistema financeiro em Moçambique

A luz da Lei n° 2/92, de 03 de Janeiro, que define natureza, objectivos e funções do Banco
deMoçambique e Lei n° 15/99, de 01 de Novembro, sobre instituições de crédito e
sociedadesfinanceiras, o sistema financeiro do país é constituído por:

 Um Banco central;
 Banco de Moçambique;
 Instituições de crédito;
 Sociedades financeiras;
 Entidades licenciadas para o exercício de funções de crédito.

Composição do sistema financeira em Moçambique

Banco Central de Moçambique


Entidades
Instruções de Crédito Sociedade Financeira
Licenciadas

 Bancos;  Administradores de
 Sociedade de locação compras;
 Entidades
financeira;  Corretoras;
licenciadas para o
 Cooperativas de crédito;  De capital de risco;
exercício defunções
 Sociedade de factoring;  De corretagem; de crédito.
 Sociedade de investimento.  Gestores de patrocínio;
 Gestoras de investimeto.

O governo moçambicano garante que o sistema bancário do país é saudável, estável e sólido.

Segundo o primeiro ministro (Carlos Agostinho do Rosário) o sistema continua a ser o local
seguro para os cidadãos depositarem seu dinheiro e efectuarem, com segurança, as transacções
comerciais e financeiras.
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Falando na Assembleia da República (AR), o parlamento moçambicano, na sessão de


esclarecimento da situação do Nosso Banco, instituição financeira recentemente extinguida por
não reunir os requisitos mínimos exigidos para continuar a operar no sistema financeiro. A
avaliação do Banco de Moçambique indica que o sistema bancário é saudável, estável e sólido.
Isto é, está bem capitalizado e tem liquidez. O caso do Nosso Banco é excepcional. E não se
pode olhar para o sistema bancário em função do Nosso Banco, disse o Primeiro-Ministro.

As questões que têm sido levantadas em torno da situação do Nosso Banco levaram, segundo
o governo, à reflexão sobre a necessidade de aprimorar continuamente os mecanismos de
partilha regular de informação sobre a saúde do sistema financeiro, para permitir que o sector
privado e a sociedade em geral possam tomar decisões económicas devidamente
fundamentadas.
Esta decisão foi tomada em reconhecimento de que nem todos os cidadãos têm acesso à
informação sobre a saúde financeira dos bancos, o que lhes permitiria escolher a instituição
bancária, com vista a minimizar os riscos associados.
A outra medida visa efectuar reformas da legislação do sistema financeiro, para garantir maior
protecção dos depositantes (singulares ou empresariais), em caso de dificuldades financeiras
das instituições de crédito.
Segundo o PM, a legislação em vigor não permite ao Banco de Moçambique utilizar o Fundo
de Garantia de Depósitos (criado no mês em curso) como instrumento de facilitação de
processos de fusão entre bancos mais sólidos com os que apresentam dificuldades financeira.
O Fundo é constituído por recursos provenientes do Estado e das instituições de crédito e, nos
termos da legislação vigente, tem como finalidade mitigar as perdas dos depositantes
singulares, cujos depósitos estão expressos em moeda nacional (metical), numa situação em
que se verifique falência ou retirada da licença de um determinado banco.
Tendo em conta os recursos limitados deste fundo, estabeleceu-se o limite máximo de
reembolso de 20 mil meticais (cerca de 271 dólares norte-americanos), para cobrir o maior
número de depositantes singulares em caso de falência de um determinado banco.
Considerando que a maioria dos depositantes singulares do Nosso Banco tem saldos não
superiores a 20 mil meticais, o Fundo permite, numa primeira fase, reembolsar, na totalidade,
cerca de 4.500 depositantes, o correspondente a 91 por cento, de um total de 5.116, disse o
Primeiro-ministro par aos deputados.
Explicou que o limite de 20 mil meticais fixado para cada depositante poderá ser aumentado
em função dos resultados da avaliação do processo de reembolso em curso e dos recursos
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disponíveis no Fundo.
Os depositantes que não forem contemplados, nesta primeira fase, o governo garante que serão
considerados no processo de apuramento da massa falida do Nosso Banco, que consistirá na
cobrança de todos os clientes que contraíram crédito naquela instituição e a venda do
património móvel e imóvel da mesma.
Para o efeito, o Primeiro-ministro informou ao parlamento que foi criada uma Comissão
Liquidatária e espera-se que os valores a serem apurados na massa falida cubram os reembolsos
dos depositantes do sector empresarial e os singulares cujos saldos não tenham sido pagos na
totalidade pelo Fundo de Garantia de Depósitos.

Desafios da expansão do sistema financeiro em Moçambique

A definição de expansão do sistema bancário com base na dimensão territorial, de profundidade


e de meticalização é limitada porque, fundamentalmente, não permite saber o que os bancos
estão a fazer para além de se estar a abrir mais balcões, conceder mais crédito, aumentar
depósitos e estar a criar-se novos bancos. A análise da informação sobre o número de balcões
e sua localização e distribuição por banco, a densidade bancária, as quotas de créditos e de
depósitos sugerem que a expansão seja mais uma construção do sistema financeiro à volta das
estruturas produtivas e dinâmicas já existentes, portanto, altos níveis de concentração da
actividade.

Quando analisados os dados que são usados para sustentar o argumento de expansão, verifica-
se que, de facto, a natureza desta expansão é de concentração.

Tanto ao nível do peso da rede bancária por bancos, como da cobertura bancária por província,
cobertura de serviços por província, e dentro das províncias existe tendência para concentração
nas cidades ou em zonas de grande actividade económica. A concentração é também verificada
ao nível dos bancos, tanto em termos de número de balcões detidos por cada um deles quanto
pelas quotas de créditos e depósitos.
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Assim, a EDSF (Estratégia para o Desenvolvimento do Sector Financeiro de Moçambique)


foi elaborada com vista a resolver os maiores desafios do sector financeiro, que subdividem-se
em dois grupos, nomeadamente:

O primeiro: constituído por impedimentos estruturais da economia que entravam o


desenvolvimento da intermediação financeira . Algumas causas destes impedimentos estratégia
Para o desenvolvimento do Sector Financeiro 2013 – 2022 prendem-se com a deficiente e/ou
limitada disponibilidade de infra-estruturas físicas, os limitações no uso da tecnologia, as
lacunas no quadro legal e regulamentar, baixa qualidade das demonstrações financeiras das
IMFs e sociedades financeiras, e dificuldades na utilização de infra-estrutura da central de
registo de crédito que dificultam o rastreamento da qualidade dos credores e condicionam a sua
concessão.

O segundo: Reflectido por falta de concorrência no sector bancário, por um lado, e, os


reduzidos incentivos para atrair depósitos, por outro lado, contribuem para elevar os custos dos
serviços financeiros, a falta de educação financeira e protecção ao consumidor.

O objectivo global da EDSFM é o de promover o desenvolvimento de um sector financeiro


sólido, diversificado, competitivo, e inclusivo que ofereça aos cidadãos e às empresas,
particularmenteas MPEs, o acesso a uma ampla gama de produtos e serviços financeiros
adequados e de qualidade, a preços acessíveis.

Quanto à evolução dos níveis de acesso e uso dos serviços financeiros:

a) Em termos geográficos, o acesso aos serviços financeiros tem estado a melhorar nos
últimos anos, tendo, em termos de agências, passado de 2,9 por 10.000 km2 em 2005
para 6,6 em 2012. Contudo, a maioria dos pontos de acesso de serviços financeiros
continua concentrada nas principais cidades, o que contrasta com a situação observada
a nível de alguns distritos que se encontram desprovidos de qualquer ponto de acesso
aos serviços financeiros;
b) Em termos demográficos, o acesso aos serviços financeiros tem estado igualmente a
registar melhorias. Efectivamente, passou de 2,2 agências por 100 mil adultos em 2005
para 4,1 em 2012, devendo-se tal facto ao incremento dos pontos de acesso físico,
nomeadamente as agências bancárias, ATM e POS, ao crescente número das
organizações de poupança e empréstimo, operadores de microfinanças bem como dos
agentes de instituições de moeda electrónica;
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c) Verifica-se ainda uma melhoria no uso dos serviços financeiros, de um modo geral.
Com efeito, a proporção da população adulta detentora de contas bancárias (de depósito
e crédito) tem vindo a crescer nos últimos anos, tendo passado de 6% da população
adulta em 2005 para 20% em 2012, reflectindo um crescimento das contas maior que o
da população adulta, e os valores em contas de depósitos e crédito em proporção do
PIB também tem vindo a incrementar.
d) A média nacional destes indicadores (tanto de acesso geográfico e demográfico como
os de uso) situou-se, nos últimos anos, acima das médias de alguns Países da região
austral da África, particularmente os de dimensão geográfica, populacional e
económica equiparável à de Moçambique.
Estas melhorias devem-se, não apenas ao incremento da quantidade de agências dos bancos,
mas também dos microbancos, cooperativas de crédito bem assim das ATM e POS e ao
crescente papel desempenhado pelas organizações de poupança e empréstimo, operadores de
microcrédito e agentes de instituições de moeda electrónica. Não obstante as melhorias
verificadas, parte considerável da população moçambicana continua sem acesso aos serviços
financeiros por falta de pontos de acesso.
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Conclusão

O sistema financeiro de Moçambique é constituído por Banco de Moçambique, na qualidade


de Banco Central, instituições de crédito, sociedades financeiras e entidades licenciadas para o
exercício de funções de crédito.
O alargamento dos serviços e produtos financeiros à maioria da população constitui um dos
objectivos patentes nos programas do governo moçambicano, bem como, nos planos
estratégicos do BM, constituindo um aspecto principal da inclusão financeira. É tendo em
consideração este objectivo que foi elaborado o presente trabalho, que tem em vista analisar os
desafios da inclusão financeira em Moçambique com base numa abordagem do lado da oferta.
Para o efeito, considera-se que a inclusão financeira passa em grande medida pela garantia do
acesso aos serviços financeiros à maioria da população, devendo os mesmos ser relevantes e
satisfazer as suas necessidades, com permanência no uso desses serviços.

Citando também alguns desafios e perspectivas, destacam-se os seguintes:


 Consolidação do STF e introdução do RTGS;
 Nova família do Metical;
 Introdução e implementação dos IFRS e dos IAS;
 Alargamento do sector financeiro;
 Diferenciação geográfica dos capitais mínimos;
 Diferenciação institucional dos capitais mínimos;
 Serviços electrônicos;
 Externalização de alguns serviços bancários;
 Microfinanças e estabilidade do sector financeiro;
 Supervisão e Corporate Governance;
 Dolarização;
 Mercado Monetário/Mercado de Capitais e curvas de rendimento de mais longo prazo;
 Aprofundamento das operações interbancárias do MMI e sobretudo do MCI;
 Instrumentos financeiros e a questão fiscal;
 As operações do Estado e a previsibilidade do volume de operações na BVM;
 Consolidação da transparência na concepção e implementação da política monetária;
 Integração regional e globalização.
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Referência bibliográfica

CADI, (2002), Manual do Curso de Planenamento e Controle de processos Produtivos,


Edição2002, CADI- Maputo.

BRITO, Dalva (2005). Plano Geral de Contabilidade. Moçambique Editora, Maputo.

JOLLY, B & BILLY, B. ano. Enterpreneurship Education. Uganda-Adaptado para


Moçambique. PINO, O & NOVAIS, A. 2006.Noções de Empreendedorismo-Módulos 5 e 6

Beck, T; A. Demirguc-Kunt e M. Peria. (2007) “Reaching Out: Access to and Use of Banking
Services across Countries”. Journal of Financial Economics, 85(1) p: 234-266.

BM (2007), “Bancarização da Economia: Extensão dos Serviços Financeiros para as Zonas


Rurais”, no XXXI Conselho Consultivo, Nampula.

BM (2008), “Custo de Intermediação Financeira versus Rentabilidade das Instituições de


Crédito” no XXXII Conselho Consultivo, cidade da Matola.

BM (2010), “Balanço da Estratégia de Bancarização” e “Papel das Infra-estruturas na


Promoção do Desenvolvimento Económico e na Implantação do Sector e Serviços
Financeiros”, no XXXIV Conselho Consultivo, Maputo.

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