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Manual de Curso de Licenciatura

em Gestão Ambiental – 4o ano

GESTÃO DE
ÁREASPROTEGIDAS

GA101
Universidade Católica de Moçambique
Centro de Ensino a Distância
Centro de Informação Geográfica
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à Distância
(CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste manual, no
seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrónicos, mecânico, gravação,
fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique  Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a
processos judiciais.

Universidade Católica de Moçambique


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Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e o autor do presente
manual, dr.Joaquim Constantino, gostariam de agradecer a colaboração de todos na
contribuíram na elaboração deste manual:

Elaborado Por: dr.Joaquim Constantino


Licenciado em Gestão Ambiental, Planificação e Desenvolvimento Comunitário.
Mestrando em Sistema de Informação Geográfica e Monitoramento dos Recursos Naturais
Mestrando em Prevenção de Riscos Laborais – Especialização em Segurança no Trabalho

Revisto Por:
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Índice
Visão geral 3
Bem-vindo a Gestão das Áreas Protegidas ..................................................................... 3
Objectivos do curso ....................................................................................................... 4
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 4
Como está estruturado este módulo................................................................................ 5
Ícones de actividade ...................................................................................................... 6
Habilidades de estudo .................................................................................................... 6
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 8
Avaliação ...................................................................................................................... 9
Unidade I: Introdução a Gestão das Áreas Protegidas 10
Introdução .......................................................................................................... 10
Sumário ....................................................................................................................... 19
Exercícios.................................................................................................................... 19
Unidade II: História da conservação de áreas protegidas 20
Introdução .......................................................................................................... 20
Sumário ....................................................................................................................... 33
Exercícios.................................................................................................................... 34
Unidade III: Conservação dos Parques Nacionais 35
Introdução .......................................................................................................... 35
Sumário ....................................................................................................................... 41
Exercícios.................................................................................................................... 42
Unidade IV: Classificação e Categoria de Áreas Protegidas 43
Introdução .......................................................................................................... 43
Sumário ....................................................................................................................... 50
Exercícios.................................................................................................................... 50
Unidade V: Gestão das Áreas Protegidas 51
Introdução ................................................................................................................... 51
Sumário ....................................................................................................................... 58
Exercícios.................................................................................................................... 59
Unidade VI: Regulamentos sobre a conservação 60
Introdução .......................................................................................................... 60
Sumário ....................................................................................................................... 62
Exercícios.................................................................................................................... 62
Unidade VII: Estrutura das áreas de conservação 63
Introdução .......................................................................................................... 63
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Sumário ....................................................................................................................... 68
Exercícios.................................................................................................................... 68
Unidade VIII: As áreas protegidas em Moçambique 69
Introdução ................................................................................................................... 69
Sumário ....................................................................................................................... 74
Exercícios.................................................................................................................... 74
Unidade IX: As áreas protegidas em Moçambique e o papel das comunidades 75
Introdução .......................................................................................................... 75
Sumário ....................................................................................................................... 81
Exercícios.................................................................................................................... 81
Unidade X: Benefícios das comunidades que habitam nas áreas protegidas e parques 82
Introdução ................................................................................................................... 82
Sumário ....................................................................................................................... 84
Exercícios.................................................................................................................... 85
Unidade XI: Principais acções para sustentabilidade das áreas protegidas 86
Introdução .......................................................................................................... 86
Sumário ....................................................................................................................... 95
Exercícios.................................................................................................................... 96
Unidade XII: Principais conflitos observados nas áreas protegidas e parques nacionais 97
Introdução .......................................................................................................... 97
Sumário ..................................................................................................................... 101
Exercícios.................................................................................................................. 101
Unidade XIII: Acções e estratégias na gestão de conflitos 102
Introdução ................................................................................................................. 102
Sumário ..................................................................................................................... 108
Exercícios.................................................................................................................. 109
Referências Bibliografia 110
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Visão geral
Bem-vindo a Gestão das Áreas
Protegidas

No contextodo relacionamento entre o Homem, natureza e


seus recursos, e de forma a garantir à sustentabilidade dos
recursos naturais, surge a expressão área protegida, que é
designado um espaço geográfico claramente definido,
reconhecido, dedicado e gerido, através de meios legais ou
outros igualmente eficientes, com o fim de obter a
conservação ao longo do tempo da natureza com os serviços
associados ao ecossistema e os valores culturais. O termo
“área protegida” é, portanto, muitas vezes um atalho de
denominações de terra e água, dos quais alguns dos mais
conhecidos são parques nacionais, reservas naturais, áreas
de flora e fauna selvagem, áreas de gestão da vida selvagem
e da Área Protegida (AP) da paisagem, mas podem também
incluir abordagens como áreas comunitárias
conservadas.Neste contexto, a cadeira de Gestão de Áreas
Protegidas (GAP), pretende contribuir para a promoção do
conhecimento sobre a gestão de área protegida, a
investigação científica; proteção de zonas florestais;
preservação das espécies e da diversidade genética;
manutenção dos serviços ambientais; proteção de
características naturais e culturais específicas; turismo e
recreação; educação; utilização sustentável dos recursos
derivados de ecossistemas naturais; e manutenção dos
atributos culturais tradicionais.
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Objectivos do curso
Quando terminar de estudar Gestão de Áreas Protegidas, referente
ao Módulo, será capaz de:

 Compreender a importância da gestão dos recursos naturais e


das áreas protegidas;
 Estabelecer relações entre o desenvolvimento comunitário e
utilização das áreas;
Objectivos  Desenvolver habilidades sobre o planeamento da gestão das
áreas protegidas
 Revelar domínio da teorização de Gestão das Áreas Protegidas,
aplicando os saberes em diferentes contextos;

 Desenvolver atitude crítica na análise de processos e técnicas de


Gestão das Áreas Protegidas, propondo formas de intervenção;
 Participar em equipas que realizam estudos de âmbito de Gestão
das Áreas Protegidas, visando a promoção do desenvolvimento
das comunidades e a melhorias da qualidade de vida em
Moçambique;
 Identificar as potencialidades dos recursos existentes para a
promoção dodesenvolvimento das comunidades através de
Projectos de gestão dos recursosnaturais baseando-se no
desenvolvimento sustentável.
 Fazer análises críticas de Gestão de Áreas Protegidas, e propor
medidas de melhorias.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para os estudantesque estão a
frequentar o curso de Licenciatura em Gestão Ambiental, no Centro
de Ensino a Distância na UCM. Estende - se a todos que queiram
saber mais e consolidar os seus conhecimentos sobre a Gestão das
Áreas Protegidas.
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Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade
Católica de Moçambique - Centro de Ensino a Distância
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas Introdutórias
 Um índicecompleto.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o
estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com
atenção antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objetivos da unidade, conteúdo da unidade
incluindo atividades de aprendizagem, um sumário da unidade
e uma ou mais atividades para autoavaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma


lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos
podem incluir livros, artigos ou páginas na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Autoavaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-seno final de


cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais
para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as
completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer


comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar
este curso / modulo.
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Ícones de atividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova atividade ou tarefa, uma mudança de
atividade, etc.

Acerca dos ícones

Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos


por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século XVII e ainda se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar
melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no
estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com
estratégias eficazes e por isso é importante saber como estudar.
Apresenta-se algumas sugestões para que possa maximizar o tempo
dedicado aos estudos:

Antes de organizar os seus momentos de estudo reflita sobre o


ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um
intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas
horas/sem interrupção?

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto
da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar
que já domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas
partes da matéria do que saber pouco sobre muitas partes.
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Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações,


porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e
insegurança, começa a ter-se dificuldades de concentração e de
memorização para organizar toda a informação estudada. Para isso
torna-se necessário que: Organize na sua agenda um horário onde
define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana;
Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar
produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras atividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem
o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar
a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está
a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens,
definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para
colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a
melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à
compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação,
o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de
clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza conteudística, etc.). Nestes casos,
contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a
situação e se estiver próximo do tutor, contacteo pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objetivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
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Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado,
numa fase posterior contacte o coordenador do curso e se o
problema for de natureza geral. Contacte a direção do CED, pelo
número 825018440.

Os contactos só se podem efetuar, nos dias úteis e nas horas normais


de expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro


estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED,
neste período pode apresentar duvidas, tratar questões
administrativas, entre outras.

O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta,


busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem - se
mutuamente, reflitam sobre estratégias de superação, mas produza
de forma independente o seu próprio saber e desenvolva suas
competências.

Tarefas (avaliação e
autoavaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, atividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
antes do período presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.

Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor\docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
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O plagiarismo deve ser evitado e é desencorajado pelo CED, a


transcrição fiel de mais de 8 (oito) palavras de um autor, sem o citar
é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o
respeito pelos direitos autoriais devem marcar a realização dos
trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e
o período presencial (20%). A avaliação do estudante é
regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo


individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de
frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da
média de frequência, determinam a nota final com a qual o
estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um)


teste e 1 (exame).

Algumas atividades praticam, relatórios e reflexões serão utilizados


como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências utilizadas, o respeito
pelos direitos do autor, entre outros.

Os objetivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.


Consulte - os.
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Unidade I
Introdução a Gestão das Áreas
Protegidas
Introdução
A criação de Áreas Protegidas (AP)/Unidade de Conservação (UC),
ou unidades de conservação constitui-se como indispensável
instrumento de proteção do meio ambiente ecologicamente
equilibrado, um dever do poder público e de todos, sendo a sua
preservação crucial para a nossa a para as futuras gerações. Na
última década uma série de novas técnicas de seleção e
classificação para áreas protegidas foram desenvolvidas e postas
em prática, os locais adequados para serem protegidos e as linhas
de atuação e maneio correspondentes para cada um.

Precisamos de áreas protegidas para os valores e os benefícios que


eles trazem para a sociedade. Tal lugares são em geral de dois
tipos: aqueles onde a ênfase é colocada sobre a proteção do mundo
natural (mesmo que isso muitas vezes requer trabalhar com pessoas
locais) e aqueles em que o foco está em manter uma relação entre
as pessoas e a natureza (Categoria V). É nesta segunda ideia, que
esta o objetivo da abordagem da gestão de áreas protegidas.

Embora exista atualmente uma concentração de paisagens


protegidas nos diferentes países, como é o caso da Europa, eles
podem ser encontrados em outros países do mundo: nos países
desenvolvidos e envia de desenvolvimento, em pequenos estados
insolados e em países continentais. Muitas outras áreas
particularmente no mundo desenvolvimento têm o potencial de ser
reconhecida como paisagens protegidas, porque eles são ricos em
valores naturais e culturais e podem ser modelos de
sustentabilidade. Com a perda rápida ou modificação das
características naturais (ou quase naturais) ecossistemas, torna-se
cada vez mais necessário proteger ou restaurar, outras áreas que são
importantes para a conservação da biodiversidade.
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Em busca de abordagens sustentáveis para o desenvolvimento, os


países olham além daqueles relativamente limitado, se as áreas de
importância vital que necessitam de proteção estrita, e incluem
também em seus sistemas de áreas protegidas, paisagens que são
importantes, razões sociais, culturais e ambientais. Em particular,
eles devem considerar utilizando o modelo de Categoria V, como
forma de reconhecer e incentivar o uso sustentável dos recursos
naturais em locais que foram moldadas por pessoas durante longos
períodos de tempo, e para apoiar as comunidades humanas que
adotaram práticas sustentáveis.

Os países em desenvolvimento, especialmente enfrentam muitos


desafios, incluindo os de alívio a pobreza, criando melhores
perspetivas de sustento para os seus cidadãos, e ajudando a
proteger e valorizar a cultura e a natureza local contra os aspetos
negativos da globalização. Estes problemas são particularmente
agudos entre as comunidades rurais vulneráveis.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Áreas Protegidas, Objetivo, Papel e Importância;


Objetivos
 Conhecer a Convenção de Diversidade Biológica e sua
importância;

 Conhecer a União Internacional da Conservação da Natureza –


UICN, desde a sua criação, objetivo e o papel;

 Compreender a abordagem das áreas protegidas, categorias e


sua importância.
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1.1 Conceitos e definições de gestão de áreas protegidas

Segundo IUCN (1994) o ponto de partida é uma definição de área


protegida. A definição adotada é resultado mantido desde 4º
Congresso Mundial sobre Parques Nacionais e Áreas Protegidas:
área protegida é um espaço geográfico claramente definido,
reconhecido, dedicado e gerido, através de meios legais ou outros
igualmente eficientes, com o fim de obter a conservação ao longo
do tempo da natureza com os serviços associados ao ecossistema e
os valores culturais.

Ainda segundo IUCN (1994) a definição engloba o universo de


áreas protegidas, nela se enquadrando todas as suas categorias. Ao
aplicar o sistema de categorias a um determinado local, o primeiro
passo deverá sempre ser o de verificar se este se enquadra nesta
definição, e o segundo o de verificar em que categoria melhor se
insere. No contexto regional africano foi criada a definição de área
de conservação, como qualquer área protegida designada e gerida
com o fim de obter um dado número de objetivo, sendo esse
objetivo definido usando como referência as seis categorias da
IUCN

A União Mundial de Conservação da Natureza (UICN), foi criada


em 1948, cujos membros são governos ou instituições
governamentais e ONGs, universidades e institutos de pesquisas
científicas. A UICN facilitou a formulação de um sistema global de
conservação centrado na identificação de áreas especiais de valor
ecológico ou de biodiversidade, e define como “área protegida”
como acima foi citado.

Segundo Bensusan (2006) ainda em 1933, não havia definição


mundialmente aceite sobre os objetivos dos parques nacionais.
Entretanto, à Convenção para Preservação da Flora e Fauna, em
Londres, definiu três categorias de parques nacionais: áreas
controladas pelo poder publicam; área para preservação da fauna e
flora; objetos de interesse estético, geológicos e arqueológico,
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ondea caça é proibida; e áreas de visitação pública. Em 1959 foi


elaborada primeira lista dos parques e reservas equivalentes.

Segundo Dudley (2008), com vista a produzir ou fazer sentido e de


descrever as diferentes abordagens, a IUCN concorda com uma
definição do que é uma área protegidas e o que não é, e depois
identificou seis diferentes categorias de áreas protegidas baseado
sobre os objetivos de maneio, um deles que é subdivido em duas
partes. Embora originalmente as categorias fossem principalmente
distintas para ajudar os objetivos razoavelmente modestos de coleta
de dados e de informação sobre as áreas protegidas, estas tem
crescido consideravelmente dentro de uma ferramenta complexa ao
longo do tempo. Hoje, tanto as categorias encapsularam a filosofia
da IUCN de áreas protegidas, e também ajudaram a fornecer um
quadro em que a proteção de várias categorias pode ser combinada
em conjunta, com a de apoio de sistemas de gestão fora das áreas
protegidas, em uma coerente abordagem para a conservação da
natureza. As categorias da IUCN são agora utilizadas para fins tão
diversos como o planeamento, criação de regulamentos, e
negociação de uso de terras e da água. Por outro lado, as categorias
são usadas para implementar e avaliar estratégias de conservação.

1.2 Objetivo, Papel e Importância das Áreas protegidas

Áreas protegidas são essenciais para a conservação da


biodiversidade. Elas são pilares nacionais e internacionais de
praticamente todas as estratégias de conservação, reservado para
manter o funcionamento do ecossistema naturais, para atuar como
refúgio para as espécies e para manter processos ecológicos que
não consegue sobrevier em mais intensamente amplo espetro
paisagístico e marinho. As áreas protegidas funcionam como um
ponto de referência onde ocorre uma interação humana com o
mundo natural. Hoje elas são muitas vezes a única esperança para
conter as espécies ameaçadas ou endêmicas e em vias de extinção.
Elas são complementares às medidas para alcançar a conservação
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da biodiversidade e o uso sustentável fora das áreas protegidas, de


acordo com as diretrizes da Convenção da Diversidade Biológica.

O principal objetivo na gestão de uma área protegida é:


investigação científica; proteção de zonas florestais; preservação
das espécies e da diversidade genética; manutenção dos serviços
ambientais; proteção de características naturais e culturais
específicas; turismo e recreação; educação; utilização sustentável
dos recursos derivados de ecossistemas naturais; e manutenção dos
atributos culturais tradicionais. O termo “área protegida” é,
portanto, muitas vezes um atalho de denominações de terra e água,
dos quais alguns dos mais conhecidos são parques nacionais,
reservas naturais, áreas de flora e fauna selvagem, áreas de gestão
da vida selvagem e da área protegida da paisagem, mas podem
também incluir abordagens como áreas comunitárias conservadas.
Mais importante ainda, o termo abrange uma vasta gama de
diferentes abordagens de gestão, a partir de lugares altamente
protegidos onde poucas ou nenhumas pessoas têm permissão para
entrar, através de parques onde a ênfase está na conservação, mas
os visitantes são bem-vindos, a abordagens muito menos restritivas
onde a conservação é integrada para estilos de vida humana
tradicional (e às vezes não tão tradicional) ou mesmo acontece
paralelamente extração de recursos sustentável limitado. Algumas
áreas protegidas proibiram atividades como a caça, coleta de
alimentos, ou extração de recursos naturais enquanto para outros é
aceite e até mesmo uma parte necessária da gestão. As abordagens
adotadas terrestres, águas interiores e áreas marinhas protegidas
também podem diferir significativamente e essas diferenças são
definidas mais tarde nas orientações. A variedade reflete o
reconhecimento de que a conservação não é obtida pela mesma via,
em todas as situações e que pode ser desejável ou factível em um
lugar pode ser contra produtivo ou politicamente impossível em
outro. As áreas protegidas são o resultado de uma ênfase bem-
vinda no pensamento de longo prazo e cuidados para o mundo
natural, mas também, por vezes, vêm com uma etiqueta de preço
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para aqueles que vivem dentro ou perto das áreas que estão sendo
protegidos, em termos de perdas dos direitos da terra, ou o acesso
aos recursos. Existe cada vez mais e muita pressão justificável para
ter devidamente em conta as necessidades humanas quando a
criação de áreas protegidas e estas, por vezes, tem que ser
“negociado” contra as necessidades de conservação. Considerando
que, no passado, governos muitas vezes decisões eram feitas sobre
áreas protegidas e informadas as populações locais mais tarde, hoje
a ênfase está mudando para maiores discussões com as partes
interessadas e decisões conjuntas sobre como tais terras devem ser
postas de lado e conseguidas. Essas negociações nunca são fáceis,
mas costumam produzir mais forte e resultados mais duradouros,
tanto para a conservação e pessoas.

1.3 Convenção de Diversidade Biológica e UICN


Podemos citar a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e a
participação da UICN como colaboradores no estabelecimento de
um regime global de proteção de recursos biológicos e genéticos,
modificando e criando políticas de proteção ao meio ambiente, seus
recursos e áreas especialmente protegidas.
Os diálogos para o estabelecimento de algum tipo de documento
que tratasse sobre diversidade biológica foram iniciados na década
de 80 dentro do âmbito da UICN, inicialmente focados em
resguardar os recursos genéticos globais, depois, anos mais tarde,
passaram a falar em diversidade biológica de forma mais ampla. O
Texto da Convenção começou a ser elaborado em 1987 e
finalmente aprovado em 1992, em Nairobi. Sua adesão foi aberta
em 5/06/92 durante a ECO-92, na Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e desenvolvimento – CNUMAD, e entrou em
vigor em dezembro de 1993.
A CDB foi planejada inicialmente para ser uma convenção
sistematizadora (umbrella convention) que pudesse consolidar uma
série de outras convenções globais existentes, como por exemplo,
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as Convenções RAMSAR1 e CITES, mas ao longo do seu processo


de negociação ela se transformou em uma convenção quadro,
estabelecendo princípios e regras gerais, mas não estipulando
prazos nem obrigações.

A implementação da CDB exige detalhamentos, os quais podem ser


feitos na forma de decisões das Conferências das Partes, de
protocolos anexos à Convenção ou na forma de legislações internas
dos países. É exatamente na implementação que residem os
conflitos entre aqueles que querem ampliar as conquistas
alcançadas e os que procuram reverter seus avanços. Seus órgãos
são as Conferências das Partes (COP), Secretariado, órgão
subsidiário de assessoriamente científico técnico e tecnológico,
mecanismos de facilitação e o mecanismo financeiro (GEF).

A CDB é uma convenção em movimento, procurando sempre


maneiras para que os Estados possam se adaptar à ela e é claro que
isso é um processo recheado de conflitos, tendo destaque a
conservação e o uso sustentável, a soberania e o acesso aos
recursos genéticos, à repartição de benefícios e direitos das
comunidades tradicionais, o acesso à tecnologia e a biossegurança.

A Convenção trata da conservação recomendando ações para


promover a conservação in situ e ex situ 2de modo complementar a
in situ, de preferência no próprio país de origem.

Atualmente a CDB é o principal fórum mundial na definição do


marco legal e político para temas relacionados à biodiversidade
(168 países assinaram a CDB e 188 países já a ratificaram) 3. Só a

1
A Convenção Ramsar ou Convenção das Terras Húmidas “é um tratado
intergovernamental cuja missão é a conservação e uso correcto das terras
húmidas através da ação nacional e cooperação internacional como meio de se
alcançar o desenvolvimento sustentável em todo mundo” (Decreto n°45/2003,
Artigo 1, n°1).
2
Conservação ex situ significa a conservação de componentes da diversidade
biológica fora de seu habitat natural. Conservação in situ significa a conservação
de ecossistemas e habitat naturais e a manutenção e recuperação de populações
viáveis de espécies dentro do seu meio natural.
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título de curiosidade, os Estados Unidos assinaram a CDB,em


1994, mas não a ratificaram.

UICN é um organismo internacional independente, a mais


importante rede de conservação mundial. Além de colaborar com a
ONU, ela trabalha com mais ou menos 800 organizações não-
governamentais e é atuante em cerca de 83 países. A UICN foi
fundada em 1948 com o nome de União Internacional para a
Proteção da Natureza. Ela mudou seu nome para União
Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos
Naturais em 1956. A UICN desenvolve e apoiam projetos de
pesquisa, procurando sempre ligar seus resultados á políticos
nacionais e regional.

A UICN compõe-se de seis comissões especializadas, reunindo


mais de dez mil experts de todas as áreas. As comissões
especializadas são divididas nos seguintes temas: gestão de
ecossistemas, educação e comunicação, política ambiental
econômica e social, áreas protegidas e a de proteção às espécies
ameaçadas, a SSC (species survival commission), que é a maior
comissão da UICN, cuja principal publicação é a Red List das
Espécies Ameaçadas de extinção 3.
A prioridade do seu programa de gestão entre 2005-2008, foi de
construir o reaprendizado das muitas maneiras que o homem pode
viver e conseguir seu sustento, especialmente os pobres,
administrando de forma sustentável os recursos naturais.

1.4 Definições de Áreas Protegidas Segundo CDB e UICN


Para a CDB, Área protegida significa uma área definida
geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada
para alcançar objetivos específicos de conservação. Áreas
protegidas são consideradas como importantes instrumentos para a
conservação in situ da biodiversidade, não somente por serem

3
A Red List é o mais detalhado inventário do status da conservação da fauna
global e seus critérios são relevantes a toda e qualquer espécie e a todas as
regiões do mundo.
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depositárias dos recursos biológicos, mas também por constituírem


sítios onde a pesquisa e a utilização sustentável desses recursos
podem ser desenvolvidas4.
Todo país do mundo possui algum tipo de sistema de proteção da
sua biodiversidade e usa diferentes terminologias para designá-las.
De acordo com o WCMC (World Conservation Monitoring Centre)
existem mais de 200 diferentes designações, isto é, parque nacional
pode ter um significado em um país e ter outro completamente
diferente em outro5.

No final da década de 80, início dos anos 90, experts em áreas


protegidas, trabalharam em conjunto com a WCPA-World
Commission Protected Areas e ao término do mesmo apresentaram
suas conclusões em relatório em 1994, no 4º Congresso Mundial de
Parques Nacionais e Áreas Protegidas realizado em Caracas,
confirmando várias mudanças no sistema até então usado pela
UICN. O nome do relatório era Talking the same language: An
international rewiew system for protected areas. Ele foi aprovado
pela Assembléia Geral da UICN de 1994, em Buenos Aires, e
publicado como Guidelines for Protected Área Management
Categories ou Diretrizes para Maneio de Categorias de Áreas
Protegidas.
As definições das categorias representam o encontro entre as
necessidades e a forma de atuação que cada país trabalha a sua
política nacional de áreas protegidas, não sendo perfeitas, mas
servindo como uma linha de interpretação e aplicação no plano
regional e no plano nacional.

4
GARAY, I, BECKER, B As Dimensões Humanas da Biodiversidade. O
Desafio das Novas Relações Sociedade-Natureza no Século XXI. Petrópolis:
Vozes, 2006. p. 177.
5
STOLTON, S, DUDLEY, N. Partnerships for Protection: New strategies for
planning and management for protected areas, ReinoUnido, 1999. p 10.
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Sumário
Não existe um conceito único que se pode dar das áreas protegidas,
mas a definição padrão é da UICN (1994) que é um espaço
geográfico claramente definido, reconhecido, dedicado e gerido,
através de meios legais ou outros igualmente eficientes, com o fim
de obter a conservação ao longo do tempo da natureza com os
serviços associados ao ecossistema e os valores culturais. Outras e
demais definições convergem para o mesmo objetivo: conservação
da natureza. As áreas protegidas são pilares nacionais e
internacionais de todas as estratégias de conservação, elas são
muitas vezes a única esperança para conter as espécies ameaçadas.
O principal objetivo na gestão de uma área protegida é preservação
das espécies e da diversidade genética.

Exercícios
1. Em tuas palavras, o que entendes por área protegida?
2. Quando foi criado a União Mundial de Conservação da
Natureza (UICN), e quais são os membros que a
congregam?
3. Porque as Áreas protegidas são consideradas os pilares
nacionais e internacionais de todas as estratégias de
conservação?
4. As áreas protegidas funcionam como um ponto de
referência onde ocorre uma interação humana com o mundo
natural. “Hoje elas são muitas vezes a única esperança
para conter as espécies ameaçadas”
Concorda com a e expressão acima? Justifique
5. Mencione três (3) objetivos na gestão de uma área
protegida.
6. O que significa conservação in situ e ex situ?
7. As áreas protegidas são o resultado de uma ênfase bem-
vinda no pensamento de longo prazo e cuidados para o
mundo natural, mas também, por vezes, vêm com uma
etiqueta de preço para aqueles que vivem dentro ou perto
das áreas que estão sendo protegidos.
- Comentem a afirmação acima.
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Unidade II
História da conservação de áreas
protegidas
Introdução
Desde o início da civilização, os povos reconheceram a existência
de sítios geográficos com características especiais e tomaram
medidas para protegê-los. Esses sítios estavam associados a mitos,
factos históricos marcantes e à proteção de fontes de água, caça,
plantas medicinais e outros recursos naturais. O acesso e o uso
dessas áreas eram controlados por tabus, normas legais e outros
instrumentos de controlo social (MORSELLO, 2006).

Nos nossos dias de hoje,um fato mundialmente aceito é a proteção


das espécies de fauna e flora nativas deum país ou região só poderá
ser feita, de forma efetiva, com a preservação de parcelas
significativas deseus ambientes naturais. Em razão disso, em
Moçambique, a exemplo de muitos outros países, são
criadasdiversas unidades de conservação/ parque ou reservas,
visando-se além da proteção dos recursos bióticos, a conservação
dosrecursos físicos e culturais destes mesmos espaços naturais.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer a história da conservação de áreas protegidas no


mundo.
Objetivos  Conhecer a história da conservação de áreas protegidas em
Moçambique.
 Conhecera localização das áreas protegidas em Moçambique e
Error! No text of specified style in document.GA101 21

2.1 Contextualização daHistória da Conservação das Áreas


Protegidas no Mundo

A necessidade e o desejo de preservar a natureza manifestaram-se


em diversas sociedades humanas, de nível cultural muito variado,
bem mais cedo do que geralmente se acredita. Atribui-se a Platão,
por exemplo, ainda no século IV a.C., a preocupação com a
preservação das florestas, em função do seu papel predominante
como reguladoras do ciclo da água e controladoras da erosão.

Os motivos que levaram esses povos a buscarem a criação de


espaços protegidos foram, no passado, os mais diversos – e, como
afirma Runte (1997), a proteção da natureza, como entendida
atualmente, era um dos menos comuns. Em algumas sociedades,
tais medidas foram muitas vezes originadas por motivos religiosos.
Era o caso das sociedades primitivas que adoravam elementos
como as árvores, a água e algumas espécies de animais. Via de
regra, a natureza era mais respeitada e reverenciada nas culturas
orientais. Na África e na Ásia, a associação da árvore com diversos
ritos religiosos traduziu-se pela criação de “bosques sagrados”, que
se constituíam, na realidade, no que se entende por reservas
naturais integrais.

Pelo pensamento ocidental, até o século XVIII, a natureza somente


tinha valor se domesticada e utilizada, de alguma forma, para
satisfazer necessidades humanas (DIEGUES, 2001). Exceção pode
ser feita a alguns povos, igualmente primitivos, da América, como
os Astecas que, sob o governo de Montezuma II, no século XVI,
criaram as primeiras reservas botânicas e zoológicas do México.

Segundo Thomas (1983 apud DIEGUES, 2001), essa visão


utilitarista da natureza começou a mudar em função de alguns
aspectos, hoje considerados cruciais para o surgimento da ideia de
espaços protegidos:
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 Maior contatos com as culturas orientais que veneravam a


natureza e os animais;
 Avanço da história natural;
 Diminuição da qualidade de vida das cidades apósa
revolução industrial;
 Trabalho dos escritores românticos em busca de um paraíso
perdido.

A esses romancistas se juntaram também cientistas e exploradores,


como, o célebre biólogo e geógrafo alemão, Alexandre Von
Humboldt (1769-1859), considerado um dos pioneiros da ecologia
moderna e autor da expressão “monumento natural” aplicada ainda
hoje para designar territórios de excepcional interesse biológico.
Todavia a primeira reserva natural dos tempos modernos foi criada
não por biólogos, mas por um grupo de pintores franceses que, em
1853, conseguiram colocar, sob a proteção da lei, uma parte da
floresta de Fontainebleau, a fim de conservar sua beleza
(SCHAMA, 1996).

Os pintores, como foram os casos de George Catlin, Albert


Bierstadt e C.E. Watkins (RUNTE, 1997), também desempenharam
um importante papel para a decretação de espaços protegidos nos
Estados Unidos, visto que tornaram possível a popularização de um
ideal que antes pertencia, apenas, a uma pequena elite de
intelectuais ligados às ciências naturais. Em meados do século
XIX, os meios de transportes e de comunicações ainda não estavam
suficientemente desenvolvidos e, desta forma, grande parte da
população americana, provavelmente, morreria sem ter a
oportunidade de conhecer as maravilhas naturais que começavam a
ser descobertas no extremo Oeste do país.

Desta forma, o trabalho desses homens, igualmente desbravadores,


cumpriu esse papel e tornou possível, num primeiro momento, a
aprovação das unidades de conservação pelo Congresso Norte-
Americano e, depois, a afluência dos primeiros turistas.
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Foi justamente nos Estados Unidos, nesse momento histórico, que


coincidia com o término da guerra civil e o início da conquista e
exploração do Oeste desconhecido – por meio da expansão de sua
fronteira agrícola possibilitada após o extermínio das populações
indígenas – que o movimento para a criação dos espaços protegidos
teve maior repercussão (DIEGUES, 2000). Todavia Runte (1997)
cita outro fator como igualmente determinante para o surgimento
desse movimento: a necessidade de afirmação do patriotismo do
povo norte-americano, que em meados do século XIX ainda não
havia encontrado sua identidade como nação. O autor explica que
os norte-americanos se ressentiam por não possuírem uma herança
artística e literária como a dos europeus. Se não havia como
competir em termos de patrimônio cultural, a afirmação do
patriotismo deu-se com a descoberta de paisagens tão monumentais
como as existentes no Velho Mundo.

O ano I da história dos parques nacionais é tradicionalmente fixado


em 1872, com a decretação do primeiro parque nacional do mundo,
o de Yellowstone, no estado de Wyoming. A versão mais
romântica e conhecida de seu processo de criação faz referência a
uma expedição denominada Washburn-Doane, formada por
naturalistas e amantes da natureza que, acampados próximos à
Madison Junction (encontro entre os rios Firehole e Gibbon), em
setembro de 1870, discutindo sobre as paisagens que haviam
presenciado, consideraram a ideia de lutar pela criação de uma
unidadede conservação naquele lugar (SELLARS, 1997).

Há outra versão, que atribui o fato ao interesse da Companhia


Northern Pacific Railroad que, prevendo o fluxo de visitantes que
um parque desta categoria poderia atrair, viu na criação de
Yellowstone e, posteriormente, de outros parques nacionais, uma
excelente oportunidade denegócios, não apenas no seu segmento –
o de transportes –, mas também na exploração futura de serviços
aos visitantes, como a hospedagem, por exemplo (RUNTE 1997;
SELLARS, 1997).
Error! No text of specified style in document.GA101 24

De acordo com Sellars (1997), nem a primeira versão foi tão


romântica, tampouco a segunda foi movida apenas por interesses
comerciais. Na verdade houve uma junção das duas coisas e a Cia
Northern Pacific ajudou a patrocinar a expedição Washburn –
Doane e encarregou-se de fazer o lobby necessário junto aos
congressistas que, nessa época, ainda se mostravam bastantes
avessos à ideia de preservação, mais preocupados que estavam com
a priorização de atividades econômicas “rentáveis”.

A Lei que criou Yellowstone proibia qualquer tipo de exploração


potencialmente capaz de alteraro aspecto da região, a fim de
conservá-la “como parque público, com fins de lazer, para o
benefício e prazer do povo”, afirmando que o turismo seria
importante na economia do Oeste americano.

Nos dez últimos anos do século XIX, o Parque Estadual de


Yosemite foi transformado em parque nacional e foram criados
outros dois: Parque Nacional das Sequóias (1890), também na
Califórnia, com 1 628 km2 e o Parque Nacional de Mont Rainier
(1899), com 953 km² de extensão, no estado de Washington
(RUNTE, 1997).

Durante a última parte desse século, somente os britânicos, por


meio de suas colônias, e o Canadá, seguiram o exemplo americano
e empreenderam a transformação de vastas extensões de seus
territórios em parques nacionais. Criou-se, assim, em 1879, o Royal
National Park, na Austrália; em 1885, no Canadá, o Parque
Nacional Banff ; em 1894, o Egmont National Park, na Nova
Zelândia; e em 1898, o Kruger National Park, na África do Sul
(COSTA, 2002).

Na América Latina, Argentina e México foram os países pioneiros


na criação de espaços protegidos com a decretação do Parque
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Nacional Nahuel Huapi (1903)6 no primeiro país, e dos parques de


Desierto de los Leones, El Chico e El Contador, todos no ano de
1917, no México. No Brasil o primeiro parque nacional – de
Itatiaia – somente foi instituído em 1937 (COSTA, 2002).

Na Europa Ocidental, o movimento de conservação da natureza


manifestou um grande atraso em relação às realizações concretas
verificadas nas Américas. Ao contrário do que acontecia no Novo
Mundo, onde a criação de parques nacionais implicava, geralmente,
a preservação de grandes áreas de natureza selvagem; no continente
europeu, restavam poucos redutos de terra intacta a serem
protegidos. Não obstante, a emergência do conservacionismo em
muitos países refletia certa preocupação com a vida selvagem
(SELLARS,1997).

A França apresentou um considerável atraso, nesse domínio, em


relação a seus vizinhos germânicos, anglo-saxões e mesmo latinos.
Entre as duas grandes guerras mundiais, enquanto parques e
reservas se multiplicavam no mundo todo – e não apenas na Europa
–, a única realização francesa foi a criação, em 1928, da reserva
zoológica e botânica de Camargue. Ainda assim, deve-se precisar
que ela não se originou dos poderes públicos, mas de uma
organização particular, de caráter filantrópico: a Sociedade
Nacional de Proteção à Natureza. Dessa maneira, foi preciso
esperar até 1963 para que se fundasse o primeiro parque nacional
francês: o da Vanoise (SCHAMA, 1996).

No continente africano coube à África do Sul, enquanto ainda


colônia do império britânico, adotar as primeiras medidas para
tentar coibir a dizimação de sua fauna silvestre. Desde 1898 foram
criados vários parques e reservas nesse país7 , dentre os quais se

6
Criado com apenas 75 km², hoje possui 3.300 km² e abriga, em seu interior,
outro Parque Nacional, o Los Arrayanes, criado em 1974. (COSTA, 2002)
7
Muitas das reservas criadas na África são destinadas à caça esportiva, tendo em
vista ser esse o único continente que ainda abriga espécimes dos denominados
cinco grandes: leão, leopardo, elefante, rinocerontes e búfalos.
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destacam, por sua importância, o Parque Nacional de Elefantes


Addo (1931), o Bontebok (1931) e o Monte Zebra (1937) que,
juntos, preservam elefantes, búfalos, rinocerontes, aves, antílopes,
cabras da montanha, dentre outras espécies (OLINDO,
1991).Entretanto a disseminação do ideal conservacionista para os
demais países do continente levou algum tempo para acontecer.
Destinos, hoje consagrados pela prática do ecoturismo, como o
Quênia, registraram a criação de terras federais protegidas apenas
em 1940, ano em que se fundou a Reserva Marsabit (OLINDO,
1991).

A disseminação das unidades de conservação e, notadamente, dos


parques nacionais, demonstrou uma grande inconsistência no
entendimento acerca dos objetivos e das características desses
espaços, motivando a realização de uma série de conferências
internacionais10 sobre o assunto.

Posteriormente, em 1948, por intermédio das Nações Unidas, foi


criada a União Internacional para a Proteção da Natureza8, com o
objetivo de “influenciar, encorajar e assistir sociedades ao redor do
planeta a conservar a integridade e diversidade da natureza e
assegurar que qualquer uso dos recursos naturais seja
ecologicamente sustentável” (IUCN, 1994).

Em 1962, a IUCN realizou em Seattle (EUA) a primeira


Conferência Mundial de Parques Nacionais, onde foram discutidos,
pela primeira vez, os critérios de classificação de áreas protegidas,
em sua maioria baseados no modelo norte-americano. Em 1969,
outra conferência, dessa vez em Nova Delhi (Índia), procuraria
definir um conceito único e permanente para os parques
nacionais12 (AMEND; AMEND, 1995 apud MORSELLLO,
2001).

8
Cuja sigla mudou para União Internacional para a Conservação da Natureza
(IUCN), a partir de 1965.Atualmente a IUCN reúne membros de 140 países e
mais de 10 mil especialistas e cientistas voluntários
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Ao longo das últimas décadas, com a disseminação do ideal


conservacionista no mundo, manifestou-se uma nítida aceleração
no movimento de criação de parques nacionais, mesmo em países
que, até então, não tinham demonstrado muito interesse nesse tipo
de espaço protegido. Assim, na França, quatro outros parques
nacionais, além do de Vanoise, surgiram a partir de 1963 (Port-
Cros, Cévennes, Pyrénées e Écrins).

Observou-se, ao longo desse breve histórico, que as motivações


que levaram à criação dos parques nacionais nem sempre foram
compatíveis com o entendimento que se compartilha, hoje, sobre a
necessidade de manutenção da biodiversidade. Na verdade, o que
se presenciou foi a coincidência de inúmeros fatores, dentre eles: a
nostalgia das paisagens primitivas por parte dos primeiros
naturalistas românticos; os interesses comerciais de grandes
conglomerados empresariais e governos com a exploração do
turismo; o desejo patriótico dos americanos de reforçar sua
identidade por meio da preservação da monumentalidade de suas
paisagens; o crescente sentimento de que o avanço da
industrialização estaria comprometendo o que remanescia íntegro
nos ambientes naturais e a necessidade de lazer e de evasão dos
grandes centros urbanos, por parte das sociedades modernas.

2.2 História da conservação de áreas protegidas em


Moçambique

2.2.1 Período Antes Colonial


À história da conservação em Moçambique no pré-colonial, pouco
conhece-se, isto que existe números reduzidos de trabalhos que
abordam com profundidade a problemática da natureza neste
período. As formas de conservação da natureza nesta altura vêm
expressas de uma forma clara, nos diversos tabus dos povos Bantu9,

9
Ainda que, distantes no tempo, Moçambique estão inseridos no grande grupo
dos povos Bantu, conservando os elementos de identidade comum entre esses
diversos povos e contribuindo de maneira específica no enriquecimento dos
costumes, valores e tradições da cultura bantu (NEWIT, M. História de
Error! No text of specified style in document.GA101 28

relacionados com a agricultura e a caça. Os tabus relativos à vida


agrícola representam uma contribuição empírica para proteção do
solo e da vegetação contra as possíveis degradações. Convém
destacar alguns tabus apresentados pelo Junod, 1973, da população
Tsonga:

 Proibição de semear abóboras antes do membro mais velho


da família.
 Proibição para a raparigas de andarem por entre as
abóboras, de colherem certos frutos ou as suas folhas sem
certas precauções.
 Proibição de trabalhar no campo após a queda da chuva
pequena.
 Não emprego de ramos de árvores atingidos pelos raios,
para fazer o lume.
 Proibição de abates de cercas espécies de animais selvagens
obedecer certas regras para o efeito.

Entende-se aqui com esses exemplos que os tabus dos povos


Bantus apontam para um princípio de conservação e defesa dos
recursos naturais.

2.2.1 Período Colonial

Em relação a este tempo, o realce vai ao impacto negativo da


cultura forçada do algodão que encontrou forte expressão no
período do nacionalismo económico de Salazar. Durante este
período a população foram várias vezes transferidas10 para as terras
marginais de elevados riscos de erosão ou simplesmente foi
expulsa das terras férteis e estáveis para a constituição de
colonatos.

Moçambique, Lisboa: Publicações Europa-América, 1997. SERRA, C.


Históriade Moçambique. Vol. I. Maputo: Livraria Universitária – UEM, 2000).
10
A transferência da população de um lugar para os outros, trás como
consequência do lugar de partida, a desertificação antropogénica.
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A caça ao elefante para a obtenção do troféu intensificou-se e


possivelmente teria sido neste período em que se teria iniciado a
redução de manadas de elefante.

Nota claramente que não existe aqui o princípio de conservação,


porque a cultura de algodão, trouxe o problema de erosão e a caça
de elefante, a redução dos mesmos. Em 1933, estabeleceu-se em
Londres uma Convenção, na qual o objetivo era a proteção da
natureza, da qual Portugal foi uns dos signatários.

2.2.1.1 As disposições legais no Período Colonial

As disposições para a defesa e conservação da fauna bravia foram


uma das formas oficiais adoptadas pelas autoridades colónias para
a proteção da vida animal. A primeira não teve muitos sucessos
fase, mas sim a segunda, em 1955, onde foi elaborado o Decreto
40:040, de 20 de Janeiro, que definia preceitos destinados à
proteção da fauna, flora e solo nas colónias portuguesas. Inicia - se
com a proteção, criando regulamentos para o exercício de caça, que
tinham um carácter local.

Este documento proibiu o abate de animais em fase de crescimento


e estabeleceu disposições penais para os indivíduos. Autorizava a
prática da caça somente em terrenos abertos, coutadas particulares
e oficias. Proibia caçar em área sob qualquer tipo de proteção ou e
regime de defeso e de vigilância.

2.2.1.2 A criação de áreas de proteção neste período

Decreto 40:040, de 20 de Janeiro de 1955 classifica as zonas de


proteção em: Parques Nacionais, Reservas Naturais Integradas,
Reservas Parciais e Reservas Especiais.

Segundo o mesmo documentos os parques, eram áreas sujeitas à


direção e fiscalização pública, reservadas para a propagação,
proteção e conservação da vida animal e da vegetação espontânea e
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ainda para a conservação de objetos de interesse estético,


geológico, pré-histórico, arqueológico ou outro interesse cientifico,
em benefício e para a recreação do público e nas quais é proibido
caçar, abater ou capturar animais e destruir ou colher plantas, salvo
por iniciativa ou sob fiscalização das autoridades respetivas.

Do conceito que se tem sobre os parques, fica implícita a sua


principal função, é de proporcionar à população uma educação
ecológica, pois, as crianças das escolas, encontram os parques
excelentes meios de conforto físico e intelectual, ou seja
verdadeiras escolas ao ar livre.

Mas os parques neste período não tinha este objetivo, a quanto a


sua criação, eles foram criados sob pressão externa, pois Portugal
foi signatário de alguns Convénios Internacionais, entre eles a
Convenção de Londres em 1933, sobre a proteção da Natureza.
Neste sentido Portugal tinha de cumprir com os preceituados,
estabelecendo algumas áreas de proteção da natureza nas suas
colónias.

Os parques nacionais, e Moçambique, no período colonial tiveram


pouco impacto científico e educativo na maioria da população. Os
impactos científicos-educativo foram relegados para o segundo
plano.

Áreas Protegidas Criadas no Período Colonial


Parques Nacionais
Província Designação Ano de Criação Área (km2)
SOFALA Parque Nacional de 1960 3.770 (Área
Gorongosa central)
1600 (Área
tampão)
INHAMBANE Parque Nacional de 1973 6.000
Zinave
Parque N. do 1971 1.600
Arquipélago de
Bazaruto
GAZA Parque Nacional de 1973 7.000
Banhine
Área total 19.970
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Reservas Nacionais
Província Designação Ano de Criação Área (km2)
NIASSA Reserva Nacional do 1964 Área central =
Niassa 15.000 zona
tampão = 17.000
ZAMBEZIA Reserva Nacional de 1960 2.100
Gilé
SOFALA Reserva Especial de 1960 1.500
Marromeu
INHAMBANE Reserva Nacional de 1964 200
Pomene
MAPUTO Reserva Especial de 1960 700
Maputo
Área total 36.500

Coutadas
2
Província Designação Ano de Área (km )
Criação
MANICA N.º 4 1969 4.300
N.º 9 1969 4.333
N.º 7 1969 5.408
Nº13 1960 5.683
SOFALA N.º 5 1972 6.868
N.º 6 1960 4.563
N.º 8 1969 310
N.º 10 1961 2.008
N.º 11 1969 1.928
N.º 12 1969 2.963
N.º 14 1969 1.353
N.º 15 1969 2.300
Área Total 42.017

Tabela. 01. FONTE: Plano Estratégico para o Desenvolvimento de Turismo em


Moçambique (2004 –2013)

2.2.1.3 Período Pós – Independência

Os problemas da época colonial foram herdados pelo estado


moçambicano, a agricultura intensiva do sector estatal teve os seus
impactos negativos sobre os solos, como é o caso da salinidade e
sodicidade no Chókwe.

Para fazer fase aos impactos o Governo na altura, consagrou na


primeira Constituição no art. 8, a necessidade de proteção dos
recursos naturais nacionais, e também foram tomadas medidas
legislativas e orientações.

Em 1975 a repartição técnica de fauna bravia transitou para o


Serviço de Conservação integrado na Direção Nacional da Pecuária
no Ministério da Agricultura.
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Em 1980 o serviço da conservação foi integrado no Departamento


de Florestas e Fauna Bravia, funcionando como sector desta
estrutura.

Em 1980 foi criada a EMOFAUNA, uma empresa estatal criada da


necessidade de dar seguimento aos programas de abate controlados,
iniciados em 1976 na reserva de Marromeu, em Sofala.

Aos 30 de Dezembro de 1981, Moçambique, inscreve-se na União


Internacional para a Conservação da Natureza (IUNC), passando a
fazer parte da mesma.

Em 1994 cria-se o Ministério Para a Coordenação da Acção


Ambiental, com propósito de responder a área ambiental. Em 1997,
cria-se a escola de agentes de conservação da Natureza, que
funciona no Parque Nacional de Gorongosa.

Atualmente o país ratificou vários acordos, desde a conservação da


natureza, biodiversidade, mudanças climáticas entre outros. Hoje o
país conta com vários instrumentos legais para a proteção e
conservação da natureza.

Áreas Protegidas Criadas no Período Pós - Colonial


Parques Nacionais
Província Designação Ano de Criação Área (km2)
CABO Parque Nacional das Quirimbas 2002 7.500
DELGADO
GAZA Parque Nacional do Limpopo 2001 10.000
TETE Parque Nacional de Mágoè 355.852
hectares
Área total 17.500
Fazendas de Bravio
Província Designação Ano de Criação Área (ha)
CABO Negomano Safaris Lda. 2000 10.000
DELGADO Messalo Safaris 2000 10.000
Cabo Delgado Biodiversity & - 5.342
Tourism
SOFALA Sabie Safaris Tours Lda. 2000 10.000
ZAMBÉZIA Game Farm Naora Gile 2000 10.000
GAZA Paul & Ubisse 2000 30.000
MAPUTO Sabie Game Park 2001 40.000
SAPAP ( Sociedade de 2000 10.000
Abastecimento e Produção
Agro-Pecuária)
Área Total 125.342
Tabela. 02. FONTE: Plano Estratégico para o Desenvolvimento de Turismo em
Moçambique (2004 –2013)
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Sumário
A criação de áreas de proteção ou unidades de conservação de
proteção integral, independentemente do momento histórico, do
objetivo subjacente à sua constituição ou da sua localização,
sempre se constituiu em uma decisão envolta em conflitos. Para
mediar os inúmeros interesses envolvidos nessa disputa em que,
muitas vezes, o homem é colocado como um obstáculo à
conservação, cada país encontrou uma maneira particular de
estruturar o seu sistema de espaços protegidos, a partir de visões
mais flexíveis ou rigorosas dos objetivos de suas unidades de
conservação, notadamente dos parques nacionais.

Moçambique, de maneira semelhante ao que se verifica em outros


países tropicais de desenvolvimento recente, optou pela adoção do
modelo norte-americano de gerenciamento de seus parques
nacionais, vedando, de maneira contundente, a permanência das
populações tradicionais que os habitavam em seu interior. Esse
ponto de vista biocêntrico que domina a concepção e o
gerenciamento do sistema de conservação parte do princípio de que
não há conciliação possível entre os interesses dos autóctones e a
proteção da natureza. A despeito de algumas tentativas isoladas de
efetiva inclusão da sociedade civil nos conselhos gestores dos
parques em Moçambique, a trilha do respeito aos autóctones ainda
está para ser demarcada ou discutida em nosso país. Precisamos
avançar no campo do aprendizado social, tanto das populações
envolvidas, que precisam exercer a sua cidadania como,
principalmente, dos gestores responsáveis pelo sistema, que
precisam aprender a desenvolver relações mais democráticas e
respeitosas com todos os estratos da sociedade civil.

Tenta resolver os exercícios que seguem abaixo


Error! No text of specified style in document.GA101 34

Exercícios
1.Desde o início da civilização, os povos reconheceram a existência
de sítios geográficos com características especiais e tomaram
medidas para protegê-los”
- Em que contexto enquadra-se a afirma acima?
2.Na história dos parques nacionais é tradicionalmente do mundo,
em que ano foi decretado o primeiro parque nacional? Qual foi o
nome atribuído e em que pais e estado localizava?

3. O que a lei que criou o parque de Yellowstone proibia?


4. Atento na história da criação dos parques no mundo, complente a
tabela.
Ano Nome do parque Pais
1879
1885
1894
1898
1903
1917
1931
1937

5. “A transferência da população de um lugar para os outros, trás


como consequência do lugar de partida, a desertificação
antropogénica”. Comente esta afirmação.

6. Em 1955, onde foi elaborado o Decreto 40:040, de 20 de Janeiro.


O que definia o tal decreto?

7. “Mas os parques neste período não tinha este objetivo, a quanto


a sua criação, eles foram criados sob pressão externa, pois
Portugal foi signatário de alguns Convénios Internacionais, entre
eles a Convenção de Londres em 1933, sobre a proteção da
Natureza”. Comenta esta afirmação.

8. Em Moçambique, quais foram os parques que foram criadas no


período colonial?

9. Qual é a maiores áreas de reserva em Moçambique e em que


província localiza-se?
Error! No text of specified style in document.GA101 35

Unidade III
Conservação dos Parques
Nacionais
Introdução
Um parque nacional é uma área de conservação, geralmente de
propriedade estatal ou autárquica, que tem como objetivo básico a
preservação de ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas
científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e
interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e
de ecoturismo.
Quando terminar de estudar esta unidade, será capaz de:

 Conhecer os diferentes conceitos de interpretação de parque


nacionais;
 Conhecer a importância de parques nacionais.
Objetivos

3.1 As diferentes interpretações do conceito de Parque Nacional


11
Originários do conceito de wilderness propugnado pelos
primeiros defensores dos espaços protegidos nos Estados Unidos,
os parques nacionais se transformaram nas unidades de
conservação com mais alto status, destinadas a proteger aquelas
paisagens e ecossistemas mais representativos de qualquer nação.
Normalmente dotados de grandes dimensões, eles também se
constituem na categoria mais popular dentre todas as existentes,
justamente por permitir o acesso do grande público às maravilhas
que resguardam.

Entretanto a trajetória desses espaços sempre foi muito conflituosa


e ainda continua sendo notadamente nas regiões pobres e

11
Selvagem ou florestal
Error! No text of specified style in document.GA101 36

superpovoadas. Em nome dos parques nacionais e da preservação


do “meio-ambiente”, tribos inteiras de índios, das mais diferentes
etnias, e outras populações tradicionais foram expulsas de seus
territórios ancestrais sob a alegação de que esse instrumento legal
se constitui, justamente, na fronteira que deve separar o homem da
natureza.

Esse argumento biocêntrico foi responsável pela legitimação do


conceito atual de parque nacional, gestado em Yellowstone e
exportado para o resto do mundo, independentemente dos
condicionantes políticos, geográficos, econômicos e socioculturais
dos diversos países que o adotaram. Esse foi o caso do Brasil, da
Costa Rica, da Argentina, do Chile, do Canadá, da Espanha e da
África do Sul, por exemplo.

Nesses países, outras figuras legais foram criadas para abrigar o


uso sustentável dos recursos, a exemplo dos parques naturais
espanhóis, das Reservas Florestais e Privadas da Costa Rica e, no
caso brasileiro, das figuras classificadas como categorias de “Uso
Sustentável”, como as Áreas de Proteção Ambiental, Reservas
Extractivistas, Florestas Nacionais, dentre outras previstas pelo
SNUC.

O Quadro 3 seguinte demonstra que, a despeito da sua definição


legal, que não varia muito entre os países analisados, o conceito de
parque nacional, no que tange à sua operacionalização, apresenta
diferenças marcantes e definitivas. São os casos do Reino Unido e
da Austrália, que permitem assentamentos humanos em seu
interior. Na Austrália, além da excepção aberta para os povos
aborígenes, também é possível, desde que por meio de autorização
dos órgãos responsáveis, haver exploração de atividades
econômicas como petróleo (Queensland), mineração e extração de
madeira (Tasmânia) (UNEP/WCMC, 2011).

As atividades de mineração e extração de combustíveis também são


possíveis, desde que autorizadas pelos órgãos competentes, na
Nova Zelândia. Os planos de maneio dos parques devem prever o
Error! No text of specified style in document.GA101 37

uso tradicional da terra pelo povo Maori e a criação de instalações e


construções específicas para a operacionalização do turismo.

A legislação francesa dá a entender que esses condicionantes locais


devem ser respeitados no momento de se determinar as proibições e
as permissões inerentes a cada parque nacional e construções de
infraestrutura, como é o caso de instalações voltadas para a prática
de ski 12 são permitidas. Adicionalmente, os parques franceses
possuem um zoneamento controverso, dividido entre zona central
(ou intangível) e o que é denominado de pré-parque, muito próxima
da primeira e nos quais as eventuais restrições de uso não têm
valor.

Essa flexibilização funcionou em muitos dos parques analisados e,


certamente, propiciou a criação de modelos mais adaptados às
realidades locais e respeitosos com relação aos direitos das
populações tradicionais. Como também pode ser percebido na
análise do Quadro 3, o turismo e a pesquisa científica aparecem
como os únicos elementos comuns entre as atividades permitidas
no uso público dessas unidades. Entretanto, quer seja por meio da
alteração de alguns requisitos concernentes à categoria de parques
nacionais ou da adoção de categorias alternativas de proteção, o
importante é que o objetivo da conservação da biodiversidade seja
alcançado de maneira respeitosa para com o homem.

12
O esqui é um sport de desporto de inverno que é praticado numa pista de
esqui, o mesmo evoluiu a partir do esqui de fundo de origem Norte-Americana e
a infraestrutura para o seu desenvolvimento e prática está presentes estâncias de
montanha.
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Definição de parque nacional por país e atividades permitidas


PAIS DEFINIÇÃO LEI ATIVIDADE
PERMITIDA
Estados Áreas com o propósito fundamental de conservar o NationalPark Turismo e
Unidos cenário e oselementos naturais e históricos e a vida ServiceOrgani Pesquisa
selvagem existente em seuinterior e possibilitar a c Científica.
recreação e a manutenção desses recursospreservados Act, 1916.
para as próximas gerações. 25/08/1916
França Área em que a conservação de sua fauna, flora, NatureConserv Variam de casoa
subsolo, clima, recursoshídricos e seu ambiente ation caso.
natural em geral é de especial interesse equando é act, Loinº
importante preservar esse ambiente natural de todos 76/629.10/07/1
osefeitos da degradação natural e livrá-lo de qualquer 976
intervenção artificialcapaz de mudar sua aparência,
composição e evolução.
Costa Uma área contendo um ou mais ecossistemas que não Reforma da Turismo
Rica foramtransformados pela atividade humana, ou pouco Ley Forestal epesquisa
transformados, emque espécies de flora e fauna, No. 7174 Científica.
formações geomorfológicas e habitatssão de interesse 28 /06/ 1990
especial, recreativo ou científico, ou possuidora
depaisagem representativa da beleza do País.
Argentina Áreas que devem ser conservadas em seu estado Ley de Turismo
natural, que sejamrepresentativas de uma região Parques y epesquisa
fitozoogeográfica e tenham grandeatratividade cênica Reservas Científica.
ou interesse científico. Serão mantidas semalterações Nacionales y
que não as necessárias para assegurar seu controle, Monumentos
aatenção ao visitante e aquelas que correspondam a Naturales
medidas de DefesaNacional adotadas para satisfazer No. 22.351
necessidades de segurança nacional. 12/12/1980
Nelas está proibida qualquer exploração econômica
com exceçãoda vinculada ao turismo que será
exercida de acordo com as regrasdeterminadas pela
autoridade cabível
África do Áreas destinadas à preservação e estudo de animais Environment Turismo e
Sul silvestres, floramarinha e aquática, objetos de Conservation PesquisaCientífi
interesse científico nas áreas degeologia, arqueologia, Act nº73. ca.
história, etnografia, oceanografia, dentre outras,(...) de
maneira que a área que constitua o parque possa na
medidado possível de ser mantida em seu estado
natural.
Austrália Áreas extensas designadas, para a conservação de National Turismo,Pesquis
ecossistemas natural,aproveitamento e estudo do meio Parks and a
ambiente e recreação pública. Wildlife Científica;
Conservation
AtividadesTradi
Act 1980
cionais
eassentamento,
Exploraçãode
petróleo
emineração.
Canadá Áreas que contêm aspectos geográficos, geológicos, National Turismo
biológicos,históricos ou cênicos significativos, para a Parks Act ePesquisa
herança cultural. 2000 Científica.
Error! No text of specified style in document.GA101 39

Brasil Áreas que se destinam à preservação integral de áreas Turismo


naturais comcaracterísticas de grande relevância sob Lei n. 9985 ePesquisa
os aspectos ecológico, cênico,científico, cultural, 18/07/2000 Científica.
educativo e recreativo, vedadas as
modificaçõesambientais e a interferência humana
direta, excetuando-se as medidasde recuperação de
seus ecossistemas.
Espanha Áreas naturais pouco transformadas pela exploração Ley de la Turismo e
ou ocupaçãohumana que, em razão da beleza de suas Conservación Pesquisa
paisagens, a representatividadede seus ecossistemas de los Científica.
ou a singularidade de sua flora, de sua fauna Espacios
ou de suas formações geomorfológicas, possuem Naturales y
valores ecológicos,estéticos, educativos e científicos de la Flora
cuja conservação merece uma atençãopreferencial. y la Fauna
Silvestre.
Ley 4/1989
27/03/89
Nova Área preservada perpetuamente por seu valor National Turismo
Zelândia intrínseco e para obenefício, uso e desfrute do público, Parks Act epesquisa
como áreas da Nova Zelândiaque contém paisagens de 1980 Científica.Miner
qualidade distintiva, sistemas ecológicos ouelementos ação
naturais belos, únicos ou cientificamente importantes eexploraçãode
quetornam a sua preservação de interesse nacional petróleo
mediante licença
doGoverno. Uso
tradicional
dasterras
pelopovo Maori.
Reino Áreas extensas na Inglaterra e País de Gales que são Turismo,Pesquis
Unido dignas de proteçãoem razão de sua beleza natural e National a
valor recreacional. O objetivo épreservar as Parks and Científica,Agric
características da beleza da paisagem, prover acessoe Acess to the ultura e
facilidades para o público e proteger a vida selvagem Countryside Assentamentos
e locais deinteresse arquitetónico e histórico. Act 1949 humanos.
16/12/1949 Mineraçãoe
obras
deEngenhariaciv
il com
Permissãodo
Governo.
ExercíciosMilita
res.
Moçambi Zonas deproteção total delimitadas, destinada a Lei n.10/99 de Turismo e
que propagação, proteção, conservação e maneio da 7 de Julho Pesquisa
vegetação e de animais bravios, bem como a proteção Lei de Científica.
de locais, paisagens ou formações geológicas de Florestas e
particular valor científico, cultural ou estético no Fauna Bravia
interesse e para recreação pública, representativos do Art.11
património nacional

Fonte: Carolina de Andrade Spinola, 2013


Error! No text of specified style in document.GA101 40

3.2 Importância dos Parques Nacionais


As áreas naturais protegidas têm sido vistas como uma pedra
angular, tanto em escala local, quanto regional ou mesmo global,
no sentido da preservação de espécies da fauna e da flora, como
também na manutenção de suas características genéticas. Além do
seu desempenho ecológico, outras funções desempenhadas pelas
áreas protegidas podem ser consideradas relevantes, por exemplo
sua função cultural, econômica e social (Gaston et al., 2008).

Essas áreas naturais protegidas, a depender da sua categoria de


manejo, se prestam a diferentes funções, tais como: objetos de
extração de alimentos, que são fontes de importantes nutrientes
para as populações que delas se utilizam; as belezas cênicas, que
muitas vezes são exploradas como atrativos turísticos; os núcleos
de populações tradicionais que nelas estão abrigados e que
contribuem para a preservação e reprodução de suas culturas
peculiares são:Algumas fontes de medicamentos e concepções
míticas e crendices; Os produtos que são comercializados em
pequenas escalas pelos seus moradores, constituindo-se assim em
fontes de recursos econômicos dessas populações;As espécies nelas
contidas, além da disseminação de suas características gênicas e os
importantes laboratórios para pesquisa científica.

Segundo Gaston et al. (2008), muitas porções da superfície terrestre


têm sido transformadas pelas atividades humanas. Isso tem
implicado em extensa destruição de habitats naturais. Igualmente
onde os componentes primários do habitat ainda têm estado
conservados, os mesmos vêm lentamente passando por um
processo de degradação, e, por conseguinte, as suas estruturas
caminham para ser alteradas através da exploração direta e da
introdução de espécies não-nativas.

Sendo assim, quer seja em escala local,regional ou global, uma


estratégia dominante para a proteção da biodiversidadede tais
pressões tem sido o estabelecimento e manutenção de
áreasprotegidas; e nas décadas recentes esforços e recursos têm
Error! No text of specified style in document.GA101 41

sido investidos noestabelecimento de áreas protegidas e em sua


gerência (ibidem).

Historicamente tem-se como marco da criação de áreas naturais


protegidas no mundo a criação do Parque Nacional de Yellowstone,
no Estados Unidos, em 1º de março de 1872 (Diegues, 1996; Costa,
2002).

Não obstante, Keith Thomas (1983, apud Diegues, 1996) pontua


que essa preocupação com a preservação do mundo natural, ou
“mundo selvagem”, teria surgido no início do século XIX, na
Europa, como reflexo da mudança de pensamento no que se refere
ao mundo natural. Até então, o pensamento predominante era de
desvalorização do mundo “selvagem”, no que se refere à sua
preservação. Contudo, influenciado pelo avanço da História
Natural, que deu significativo contributo no sentido de se imprimir
um olhar respeitoso para com essas áreas naturais, a visão sobre as
mesmas teria começado a mudar no sentido de sua valorização.

Sumário
As Áreas Naturais Protegidas, desde seu surgimento oficial através
da criação do primeiro parque nacional, o Yellowstone National
Park, nos Estados Unidos, no século XIX, até a atualidade,
assumem importante papel na preservação e/ou conservação da
biodiversidade mundial. Historicamente, o estabelecimento dessas
áreas naturais foi alvo de discussões e entendimentos diferenciados
no que se refere ao papel que estas devem desempenhar. Em
Moçambique, como fruto dessas discussões e formas diferenciadas
de enxergar o papel das unidades de conservação (áreas naturais
protegidas), estas são distinguidas de duas formas: as Unidades de
Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável. As Reservas
Extrativistas, enquanto recente modalidade de Unidade de
Conservação de Uso Sustentável, assumem importante papel na
conservação dos recursos naturais associadas à participação
interativa de populações tradicionais no processo e desempenhem
papel primordial na busca pelo desenvolvimento sustentável.
Error! No text of specified style in document.GA101 42

Exercícios
1. "Entretanto a trajetória dos espaços protegidos “parques
naturais” sempre foi muito conflituosa e ainda continua
sendo notadamente nas regiões pobres e superpovoadas”.
- Comenta a afirmação, dando exemplos da realidade
Moçambicana.

2. "Os planos de maneio dos parques devem prever o uso


tradicional da terra pelo povo"
- Comenta a afirmação, dando exemplos da realidade
Moçambicana.

3. Atento a tabela 3. Nas definições de parque nacional por


país e atividades permitidas, encontre pontos comuns e
divergentes nos seguintes países: Austrália, Reino Unido e
Moçambique.

4. "As áreas naturais protegidas têm sido vistas como uma


pedra angular, tanto em escala local, quanto regional ou
mesmo global". Concorda com a afirmação? Justifica a tua
resposta tendo em conta a importância dos parques
nacionais.

5. Qual é a importâncias dos Parque nacionais?


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Unidade IV
Classificação e Categoria de
Áreas Protegidas
Introdução
O processo de escolha de uma área para a implantação de uma nova
unidade de conservação, isto uma área a proteger, não é um tema
trivial, tem sido objecto de sucessivos debates. No passado, a
escolha de uma área era feita basicamente com base em aspectos
cénicos e, principalmente, disponibilidade de terra.
Várias unidades de conservação ou área protegidas existentes hoje
no mundo foram criadas a partir desta perspetiva.
A utilidade e a importância do estabelecimento de uma
classificação e categoria de espaços naturais são fundamentais e
implicam que se conheçam as grandes semelhanças na Terra em
detrimento das pequenas diferenças. Desta forma, unidade de
aprendizagem, vamosmostrar os critérios de seleção de áreas
protegidas, segundo União Internacional de Conservação da
Natureza (IUCN), a Legislação do nosso país (Moçambique)

Ate ao final desde capitulo serás capaz de:

 Conhecer a Classificação das Áreas Protegias;


 Conhecer a Categorização das Áreas Protegias
 Conhecer os critérios de seleção de áreas protegidas;
Objetivos

4.1 Classificação eCategoria das Áreas Protegias Segundo


IUCN

Segundo IUCN (1994), o Sistema IUCN de Categorias de Gestão


de Áreas Protegidas é um conjunto de normas desenvolvido pela
União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) com
o objetivo de estabelecer um regime de definição, registo e
classificação de áreas protegidas, capaz de acomodar, de forma
Error! No text of specified style in document.GA101 44

transparente e lógica, a ampla variedade de objetivos específicos,


formas organizativas e tipologias de gestão que caracterizam os
regimes de conservação da natureza a nível global.

O método de categorização da IUCN é atualmente dominante a


nível internacional, tendo sido adoptado por múltiplos governos
nacionais e internacionais e por organizações internacionais, entre
as quais a Organização das Nações Unidas e a Convenção sobre a
Diversidade Biológica.

No sistema de classificação adoptado pela IUCN, as áreas


protegidas são agrupadas em seis categorias distintas (designadas
de I a VI) de acordo com as suas características e com os objetivos
de gestão determinados para cada uma delas.

A Categoria I, referente às reservas naturais, é subdividida em duas


subcategorias. As categorias correspondentes aos numerais mais
baixos são aquelas em que o objetivo essencial da utilização da
área é a conservação da natureza, aumentando o grau de
antropização e o uso humano do território à medida que se sobe de
categoria. As últimas categorias (V e VI) visam criar condições de
utilização sustentável dos recursos e da paisagem.

Ainda de acordo com IUCN (1994) a aplicação de novas categorias


deve ter lugar dentro de um contexto histórico. Atualmente cerca
de 9.000 áreas protegidas estão incluídas dentro dos critérios da
lista das Nações Unidas e todas elas estão atribuídas às categorias
de I a V do sistema de 1978 (a lista não inclui as categorias VI-
VIII, área de patrimônio mundial natural, Reserva Biosfera, como
também as áreas de Ramsar). O sistema de categorias tem sido
amplamente aplicado em muitas partes do mundo, e tem sido usada
com a base de legislações nacionais. Além disso, as terminologias e
o pensamento associado com as categorias têm enraizado e muito
amplamente adotado. Por essas razões, uma abordagem tem sido
usada nessas diretrizes, mais do que eliminar do sistema
previamenteutilizado. Contundo, a experiência de usar o sistema de
1978 tem sido um critério em particulares mais do que uma
Error! No text of specified style in document.GA101 45

perspetiva que vai de encontro às várias condições que prevalecem


em diferentes partes do mundo. Entretanto, enquanto essas
diretrizes são desenhadas para fornecer um amplo quadro das áreas
protegidas ao mundo, elas também contêm flexibilidade do que as
previamente aceitas. Por exemplo, as recomendações sobre o
zoneamento ou classificação, autoridades de gestão e propriedade
da terra é uma pouca menos perspetiva do que as diretrizes ou
orientação anterior. Em atribuições de áreas para as categorias, a
ênfase deve ser sobre a clarificação dos objetivos de gestão e
certificar ou garantir que existem condições ideias ou adequadas
para seu alcance. Se as diretrizes ou orientações são aplicadas
apropriadamente e consistentemente, o resultado ser um
agrupamento de áreas dentro de categorias que e logicamente e
globalmente consistentes.

Categoria I. Área de Proteção Estrita/Área Selvagem: Áreas


Protegidas geridas principalmente, para ciência ou proteção da
selva. Geralmente são áreas muito pequenasonde a preservação de
valores naturais importantes através da minimização
deperturbações é enfatizada.

a) Reserva Natural Estrita/Reserva Científica


Definição: área de terra e/ou mar que possui ecossistemas,
espécies, característicasgeológicas representativas e disponíveis
principalmente para investigação científica e oumonitoramento
ambiental.
Objetivos de maneio:
 Planificar e executar trabalhos de pesquisa com o mínimo
de perturbações.
 Preservar habitats, ecossistemas, espécies e recursos
genéticos
 Manter processos ecológicos;
 Salvaguardar características estruturais da paisagem ou
rochas; e
 Limitar acesso ao público.
Error! No text of specified style in document.GA101 46

b) Área selvagem (Wilderness Área)


Definição: área de terra e/ou mar não modificada retendo as suas
características naturais.
A área é protegida e gerida para preservar as suas condições
naturais.
Objetivos de maneio:
 Preservar a selva e assegurar que futuras gerações
tenham a oportunidade dedesfrutar de áreas que nunca
foram perturbadas pelo homem;
 Preservar espécies e a diversidade genética;
 Manter processos ecológicos;
 Providenciar acesso ao público a níveis e formas que
garantirão o bem-estar físicoe espiritual dos visitantes e
a manutenção das qualidades naturais da; e
 Permitir que comunidades locais em baixa densidade
vivam em balanço com osrecursos disponíveis para
manter o estilo de vida das comunidades
(usosustentável).

Categoria II. Parque Nacional


Definição: Área natural de terra e/ou mar designada para proteger a
integridade ecológicade um ou mais ecossistemas para a presente e
futura gerações, excluir a exploração eoutras formas de uso da terra
incompatíveis com os objetivos da designação da área,criar
condições para o descanso espiritual dos turistas, recreação,
educação e investigaçãocientífica de uma forma ambiental e
culturalmente compatível.
Objetivos de maneio:
 Proteger áreas naturais e escênicas de significância nacional
e internacional;
 Preservar amostras representativas de comunidades bióticas,
recursos genéticos e espécies para providenciar estabilidade
ecológica e diversidade;
 Promover a recreação e o turismo;
Error! No text of specified style in document.GA101 47

 Eliminar e depois prevenir a exploração dos recursos ou


ocupação que esteja em contradições com os objetivos da
designação; e
 Manter os atributos ecológicos, geomorfológicos e estéticos
que garantiram a designação.

Categoria III. Monumento Natural


Definição: Área contendo um ou mais características específicas
naturais com alto valor eúnico devido a suas qualidades de
raridade, representatividade, estética ou significadocultural.
Objetivos de maneio:
 Proteger e preservar características naturais específicas
devido ao seu significado natural, qualidade única ou
representacional e ou valores espirituais;
 Preservar espécies e diversidade genética
 Criar oportunidades para investigação, educação e
sensibilização pública; e
 Eliminar e depois prevenir a exploração ou ocupação que
esteja em contradição com os objetivos.

Categoria IV. Área de Maneio de Habitat e Espécies


Definição: área de terra e/ou mar sujeita a uma ativa intervenção
para assegurar amanutenção de habitats e/ou para encontrar os
requerimentos de certas espécies.
Objetivos de maneio:
•Assegurar e manter condições de habitat necessárias para proteger
espécies,comunidades bióticas e características físicas do ambiente
onde seja necessáriamanipulação humana para optimizar o maneio;
•Facilitar investigação científica e monitoria ambiental como
atividadesassociadas com o maneio sustentável dos recursos;
Desenvolver áreas limitadas para educação pública e apreciação
das características do habitat e dos trabalhos de maneio da fauna
bravia; e Canalizar benefícios as comunidades vizinhas.
Error! No text of specified style in document.GA101 48

Categoria V. Paisagem Protegida


Definição: área de terra e/ou mar, onde a interação de pessoas e a
natureza ao longo dotempo produziu uma área de carácter
distintivo com valor estético, ecológico e oucultural e com uma
diversidade biológica muito alta. Salvaguardar a integridade desta
Interação tradicional é vital para a proteção, manutenção e
evolução de tal área.

Objetivos de maneio:
 Conservar a paisagem e promover a recreação e o turismo;
 Manter a interaçãoharmoniosa da natureza e cultura através
da proteção de paisagem e a combinação de usos da terra
tradicionais, incentivando manifestações sociais e culturais;
 Apoiar os estilos de vida (hábitos costumeiros) e atividades
económicas que estão em harmonia com a natureza e a
preservação do panorama social e cultural das
comunidades;
 Manter a diversidade de paisagens e habitats, espécies e
ecossistemas associados.
 Eliminar onde for necessário e depois prevenir usos de terra
e atividades que são inapropriados em escala e/ou carácter;
 Providenciar oportunidades para diversão pública através da
recreação e turismo em tipo e escala para as qualidades
essenciais da área; e
 Trazer benefícios e contribuir para o melhoramento da
qualidade de vida das comunidades locais através do
fornecimento de produtos naturais (florestais, faunísticos e
pesqueiros) e serviços (agua limpa ou receitas provenientes
de formas sustentáveis de turismo).

Categoria VI. Área Protegida de Maneio dos Recursos


Definição: Área contendo predominantemente sistemas naturais
não modificados, geridapara assegurar proteção e manutenção da
diversidade biológica a longo prazo, enquantoprovidencia
Error! No text of specified style in document.GA101 49

simultaneamente um fluxo sustentável de produtos naturais e


serviços parasatisfazer as necessidades das comunidades. A área
deve também satisfazer a definiçãogeral de área protegida.

Objetivos de maneio:
 Promover boas práticas de maneio para assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais;
 Proteger e manter a diversidade biológica e outros valores
naturais de uma área a longo prazo;
 Manter serviços de ecossistemas;
 Proteger o recurso natural base de uma possível conversão
para formas de uso de terra que possam ser detrimentos para
a diversidade biológica da área.
 Contribuir para o desenvolvimento regional e nacional.

Matriz de categorias e objetivos de maneio


O sistema de IUCN é internacional mas os nomes de cada categoria
de área protegidapodem variar localmente.
Objetivos de maneio\categoria Ia Ib II III IV V VI
Pesquisa científica 1 3 2 2 2 2 3
Proteção de selva 2 1 2 3 3 - 2
Preservação de espécies e de 1 2 1 1 1 1 2
diversidade genética
Manutenção de serviço de 2 1 1 - 1 2 1
ecossistemas
Proteção das características - - 2 1 3 1 3
culturais/naturais
Turismo e recreação - 2 1 1 3 1 3
Educação - - 2 2 2 3
Uso sustentável dos recursos - 3 3 - 2 2 1
Manutenção dos atributos - - - - - - 2
culturais e tradicionais
1:primeiro objetivo; Ia: reserva natural estrita
2: segundo objetivo - não Ib: área selvagem
aplicável II: parque nacional
3: objetivo parcialmente aplicável III: monumento natural
IV: área de maneio do habitat e
espécies
V: paisagem protegida
VI: área protegida de maneio dos
recursos

NOTA:Moçambique é membro da UICN e as suas áreas de


conservação encontram-se em três Categorias deste organismo:
Parques Nacionais (Categoria II), Reservas Nacionais (Categoria
IV) e Coutadas (Categoria VI).
Error! No text of specified style in document.GA101 50

Sumário
A União Internacional da Conservação da Natureza (UICN)
estabeleceu critérios para a categorização das áreas de
conservação de acordo com o uso e objetivos da gestão.
Uma intenção fundamental do estabelecimento destes
critérios foi encorajar os governos a desenvolver sistemas
de áreas protegidas virados para a gestão a nível local e
nacional. Existem seis categorias que permitem níveis de
uso de acordo com o grau, tipo e intensidade das atividades
humanas que podem ter lugar em cada uma das categorias

Exercícios
1. Quais são o aspeto que no passado eram usados para a
escolha de uma área protegida?
2. Complente a definição: Segundo IUCN (1994), o Sistema de
Categorias de Gestão de Áreas Protegidas é um conjunto
de normas desenvolvido pela União Internacional para a
Conservação da Natureza (IUCN) com o objetivos
de:…………………………………………………………………
………………………………………………………………………
…………………………………capaz de acomodar, de forma
transparente e lógica, a ampla variedade de objetivos
específicos, formas organizativas e tipologias de gestão que
caracterizam os regimes de conservação da natureza a
nível global.
3. No sistema de classificação adoptado pela IUCN, as áreas
protegidas são agrupadas em seis categorias distintas. Quais
são?
4. Moçambique é membro da IUCN e as suas áreas de
conservação encontram-se em três Categorias. Quais são?
5. Baseando-se naLei de Florestas e Fauna Bravia(10/99 de 7
de Julho), e os respectivos regulamentos, defina as três
categorias das áreas protegidasMoçambique.
Error! No text of specified style in document.GA101 51

Unidade V
Gestão das Áreas Protegidas

Introdução
Entre os diversos desafios postos aos gestores de unidades de
conservação atualmente está o de lidar com as questõespolíticas e
institucionais que tanto podem ameaçar quantobeneficiar essas
áreas. Para dar conta dessa tarefa, é precisoconhecer e compreender
as políticas públicas que regem ação do Estado nas áreas protegidas
e em seu entorno.No que concerne às unidades de conservação em
Moçambique, as dinâmicas e tendências de ocupação e aspolíticas
de desenvolvimento que interferem no uso daterra, na proteção e na
gestão das unidades de conservaçãomerecem uma atenção
especial.Por isso, é fundamental para o gestor de unidade
deconservação (UC) conhecer e analisar os principaisinstrumentos
das políticas públicas relacionadas às áreasprotegidas, bem como
suas relações com outras políticasafins. Só assim, a gestão da
unidade poderá se dar de modoarticulado às demais ações e
estratégias desenvolvidas emum dado território.

Este capítulo tem por objetivos estudar as gestões de área


protegidas, centrando a abordagem para o nosso pais
Objetivos Moçambique.

5.1 Contexto de Gestão de Áreas Protegidas


As atuais áreas de conservação estabelecidas durante o tempo
colonial nunca chegaram a ter qualquer tipo degestão desde a sua
proclamação, por outro, o período de guerra civil que o país viveu
minou todo um esforço inicialmente que conduziria para uma
gestão efetiva destas áreas das áreas protegidas.
Consequentemente, hoje muitas destas encontram-se ainda
abandonadas e sem qualquer tipo de gestão, apesar do esforço que
Error! No text of specified style in document.GA101 52

o governo tem vindo a envidar, através do Ministério do Turismo,


no sentido de reavaliar estas áreas e desenhar estratégias com vista
à sua reabilitação. A situação é ainda agravada pelo fato de grande
parte destas áreas terem sido geridas de forma isolada, ao invés de
uma abordagem holística na sua gestão como parte integrante dos
planos de uso e aproveitamento da terra.

5.2 Instituições Responsáveis Pela Gestão Das Áreas Protegidas

A análise das atribuições das principais instituições envolvidas na


gestão das áreas de conservação mostrou que cada uma tem os seus
pontos fortes e fracos. Assim:

 O MICOA é por definição, um ministério de coordenação


transversal que, dadas as suas funções, pode ter uma visão
holística dos problemas ambientais. Tem competências
legais no domínio das áreas de conservação e, sendo um
ministério que não gere atividades com interesse económico
direto, é mais independente e imparcial que o MINAG e o
MITUR.

Contudo, não é um ministério do ambiente em si, mas sim um


Ministério de Coordenação da Acção Ambiental. É um ministério
relativamente novo e por conseguinte ainda não consolidado e com
limitados recursos humanos e financeiros e ainda pouco
reconhecido pelos ministérios técnicos.

 O MITUR tem a tutela legal das áreas de conservação, com


excepção das Reservas Florestais. Desde modo pode
assegurar um controle mais estrito édireito do Estado sobre
as mesmas. Beneficia de receitas importantes oriundas do
turismo bem como de financiamentos externos para o
desenvolvimento de algumas áreas de conservação. A
DNAC (direção técnica) tem todas as prerrogativas
necessárias para uma gestão adequada das áreas de
conservação. A sua UC-ATCF dispõe de pessoal bem
treinado embora escasso. O MITUR está representado em
Error! No text of specified style in document.GA101 53

todas as províncias. Contudo estáessencialmente orientado


para o turismo. A sua diretriz lógica não é a conservação
dabiodiversidade. Esta passa muito atrás do turismo e é feita
"por defeito". Os outrosserviços dentro do MITUR que não
a DNAC aparentam possuírem um conhecimentolimitado
sobre conservação e a sua importância. Possui um circuito
hierárquico pesado oque causa uma perda enorme de
eficácia e uma falta de reatividade para a tomada dedecisão.
 O MINAG tem uma boa capacidade técnica no domínio da
fauna, adquirida atravésduma longa experiência de gestão
das zonas de proteção. Possui também uma boacapacidade
técnica nos assuntos florestais e por conseguinte no maneio
dos habitats dafauna, bem como no desenvolvimento rural,
complemento indissociável da gestãoparticipativa dos
recursos naturais. Tem o mandato sobre a fauna bravia na
maior partedo país. O MINAG é um ministério antigo e tem
uma melhor compreensão sobre osaspectos de conservação.
Tem uma boa representação em todo o território nacional e
umrelacionamento antigo com as comunidades. Não
obstante, O MINAG está maisorientado para a exploração
dos recursos florestais e faunísticos que para a
suaconservação. Tem um pessoal qualificado insuficiente, o
que é agravado pelo factoduma parte dos seus técnicos
melhor treinados terem sido transferidos para o
MITUR.Gere a fauna bravia de forma incompleta, não
possuindo o mandato total para poderdecidir sobre a gestão
de todos os recursos faunísticos. Falta de coordenação com
oMITUR em parte pelo facto da transferência de
competências dum ministério para o outroter deixado
feridas que ainda não estão cicatrizadas.

A atual organização da gestão da fauna bravia e das zonas


protegidas incorpora outros órgãos doEstado como os Ministérios
das Pescas, da Educação e Cultura, do Interior, é até o
Error! No text of specified style in document.GA101 54

ConselhoNacional de Desenvolvimento Sustentável (CONDES).


No entanto estes têm papéis eimplicações relativamente menores.

Nota-se portanto uma coexistência de vários ministérios e


instituições suscetíveis de intervirna gestão das áreas de
conservação e/ou da fauna bravia sem visão comum e com
prioridadesdiferentes. Isso conduz a uma situação pouco clara
sobre o papel das áreas de conservação e as tarefas decada uma das
instituições na conservação dos recursos naturais. Por outro lado,
conduz a uma diluição de responsabilidades e por vezes à
sobreposição de competências, o que pode levar àconflitos
institucionais. Causa enfim uma dispersão dos escassos quadros
nacionais comformação adequada para a gestão eficiente das zonas
de proteção, pelos vários órgãosgovernamentais, o que não permite
o fortalecimento de nenhum deles e pelo contrário, reduz
acapacidade técnica de intervenção de cada uma das instituições
individualmente dada a exiguidade de quadros qualificados.

Vários exemplos de conflitos ou constrangimentos institucionais


mostram claramente anecessidade duma revisão global das
atribuições das diferentes instituições no que concerne àgestão das
áreas de conservação. A necessidade desta revisão é aliás salientada
em muitos dosdocumentos estratégicos consultados.

Contudo esta revisão não deverá ser feita sem que seja elaborada
antes a Política deConservação do país a qual deverá estabelecer
uma visão comum e fixar os seus objetivos (porque ? onde ?
quando ?) e os seus meios (como ?).

5.3 Sistema de Gestão de Áreas Protegidas & Vantagens e


Desvantagens

Embora exista um potencial inegável importante, o atual sistema de


gestão das áreas deconservação (diretamente pelo Estado) não
permitiu o seu desenvolvimento adequado naperspetiva da sua
valorização.Reconhecendo esta fragilidade, diferentes políticas e
estratégias fazem menção a necessidadedo estabelecimento de uma
Error! No text of specified style in document.GA101 55

entidade autónoma e com competência exclusiva sobre as áreas de


conservação.
Cinco opções para a gestão das áreas de conservação são
apresentadas, procurando destacar assuas vantagens e
desvantagens:
1. Gestão estatal,
2. Gestão por uma agência para-estatal (uma única ou várias),
3. Privatização total ou parcial (sociedade autónoma de
gestão),
4. Gestão por uma ONG,
5. Gestão por entidades diferentes consoante a área.

1. A gestão direta do Estado.Vantagens: (i) permite um


controleabsoluto e imediato de todasas atividades implementadas
nas áreas de conservação; (ii) é um modo de gestão simples(bem
conhecido) e pouco oneroso; (iii) garante a homogeneidade em
termos administrativos e
de implementação da política. Desvantagens: (i) é difícil senão
impossível estabelecermecanismos de financiamento sustentáveis
envolvendo todos os parceiros; (ii) é impossívelcelebrar
diretamente acordos com parceiros, devido ao facto de não possui o
estatuto depersonalidade jurídica; (iii) as comunidades e o sector
privado não participam diretamente nagestão; (iv) não resolve os
compromissos internacionais.

2. A gestão por uma agência para-estatal única tem bastante


vantagens, entre os quais: (i)permite a desburocratização e a
aproximação do Estado aos outros parceiros; (ii) ostentaclaramente
a competência sobre as áreas de conservação evitando deste modo
conflitos interinstitucionais;(iii) propicia uma maior flexibilidade
na tomada de decisão e uma respostamais rápida e eficaz à
demanda ambiental e às oportunidades do mercado; (iv) a
delegaçãoefetiva de poderes e funções necessários facilita a
Error! No text of specified style in document.GA101 56

implementação e coordenação efetiva detodas as atividades de


gestão; (v) permite celebrar contractos com terceiros; (vi) é dirigida
por um Conselho de Administração constituído por representantes
de todas as partesinteressadas (Estado, Sector Privado, ONGs e
Comunidades) o que assegura a suaparticipação no processo de
tomada de decisão; (vii) reduz a dependência do orçamento
doEstado, através da gestão direta das receitas geradas e a procura
de financiamentosadicionais; (viii) incentiva os técnicos a
melhorarem as suas práticas de gestão; melhora otrabalho; cria
condições para o aumento das receitas e para optimizar o
funcionamento dasáreas de conservação; (ix) permite selecionar,
recrutar e gerir pessoal de alto nível dando-lheincentivos
financeiros e materiais. Contudo apresenta também algumas
desvantagens: (i)carece de uma definição clara do seu grau de
autonomia e do nível de intervenção do Estado;(ii) a representação
das comunidades ao nível nacional constituiu uma dificuldade
séria; (iii)existe o risco da entidade se concentrar em demasia sobre
si mesma e perder o contacto comoutros sectores e outras políticas
sectoriais (se isolar), o que poderá ter como consequênciauma
diminuição da eficácia; (iv) existe também o risco da entidade se
tornar num Estado dentro do Estado.

3. A gestão por várias agências para-estatais tem as mesmas


vantagens que o casoprecedente, mas apresenta as seguintes
desvantagens: (i) proliferação de centros dedecisão autónomos e de
fenómenos financeiros difíceis de serem controlados pelo
Estado;(ii) heterogeneidade nas medidas de gestão o que dificulta a
implementação da políticanacional de conservação; (iii)
multiplicidade de estruturas para-estatais e aumenta asdespesas
com instalações, equipamento, pessoal, etc.).
Error! No text of specified style in document.GA101 57

4.A gestão pelo sector privado pode ser encarada de duas


formas: privatização total ou parcial.
No primeiro caso, as vantagens são: (i) o Estado delega totalmente
a gestão e os seusconstrangimentos ao sector privado; (ii) realiza
uma economia muito importante para oOrçamento Geral do Estado;
(iii) aumenta os rendimentos do Estado através da
rentabilizaçãodos parques e reservas graças à gestão privada; (iv)
permite a construção de infraestruturasfora do alcance do Estado.
Desvantagens: (i) o Estado perde quase que a totalidade
docontrole sobre as áreas de conservação, sobretudo se este não
dispuser de meios que permitamfiscalizar e verificar o
cumprimento dos programas e acordos estabelecidos; (ii) é uma
opçãopouco realista, tendo em conta o estado atual dos parques
moçambicanos; (iii) pode serconsiderada como uma perda de
soberania.
No caso da privatização parcial (sociedades de economia mista,
sociedade de responsabilidade limitada) as vantagens são: (i) o
Estado conserva um direito de olhar e atéum poder importante
sobre as atividades que se desenrolam nas áreas de conservação;
(ii)beneficia ao mesmo tempo dum financiamento complementar
apreciável para melhorar edesenvolver as áreas sem ter que recorrer
a um financiamento extra do Orçamento Geraldo Estado; (iii)
liberta-se das regras e do peso da contabilidade pública o que
propicia umatomada de decisão mais rápida e uma maior
flexibilidade e eficácia de gestão; (iv) permiteuma rentabilização
mais rápida dos parques e reservas e a realização de
infraestruturasfora do alcance do Estado. Esta opção intermedia
tem contudo desvantagens entre as quais:(i) é difícil atrair novos
parceiros privados para as áreas de conservação, tendo em conta o
seuestado atual; (ii) não favorece o surgimento duma estrutura
nacional competente e bemtreinada para a gestão a longo prazo das
áreas de conservação; (iii) pode gerar conflitos deinteresses entre o
parceiro privado e o Estado, pelo facto de possuírem metas
diferentes.
Error! No text of specified style in document.GA101 58

5. A gestão por uma ONG. Vantagens: (i) esta solução constitui


um meio-termo entre aagência para-estatal, sujeita às regras da
contabilidade pública e o sector privado semverdadeira tutela da
administração; (ii) o Estado mantém o controlo das atividades,
determina a política geral e a estratégia de implementação; (iii) a
gestão de tipo privadopermite uma maior flexibilidade e
reatividade. Desvantagens: é necessário uma ONGnacional forte e
capacitada, a qual ainda não existe em Moçambique ou um grupo
depessoas da sociedade civil competentes e reconhecidas para
estabelecer esta ONG.

6.A gestão diferente consoante a área de conservação conjuga


todas as vantagens de cadaum dos modelos precedentemente. Por
outro lado tem as seguintes desvantagens: (i) omosaico de
estruturas e a multiplicidade de modalidades de gestão resultam
numa grandeheterogeneidade, o que complica a implementação da
política nacional, tornando os seusobjetivos pouco claros; (ii)
necessita duma estrutura de coordenação, cujos poderespoderão
não ser reconhecidos pelas diferentes estruturas das áreas de
conservação; (iii)este sistema falta de visibilidade junto à
comunidade internacional, podendo porconseguinte prejudicar os
apoios externos.

Sumário
O controlo sobre as áreas de conservação, arealidade
moçambicana, os modelos existentes na região e no mundo,
optam por selecionar edetalhar a opção de gestão das áreas
de conservação por uma entidade para-estatal, dotada
depersonalidade jurídica e de autonomia administrativa e
financeira". Esta escolha é também justificada pelo
seguinte: (i) não é nova em Moçambique. Ela vem
sendomencionada desde 1997 em várias políticas e
Error! No text of specified style in document.GA101 59

estratégias sectoriais; (ii) existem já no paísvárias entidades


para-estatais autónomas entre as quais, duas estão sob tutela
do MITUR, (iii)constitui uma obrigação internacional legal
no âmbito do tratado sobre o estabelecimento doParque de
Transfronteira do Limpopo.

Exercícios

1.No que concerne às unidades de conservação em Moçambique,


as dinâmicas e tendências de ocupação e as políticas de
desenvolvimento que interferem no uso da terra, na proteção e na
gestão das unidades de conservação merecem uma atenção
especial. Por isso, é fundamental para o gestor de unidade de
conservação (UC) conhecer e analisar os principais instrumentos
das políticas públicas relacionadas às áreas protegidas, bem como
suas relações com outras políticas afins.

- Comente a afirma acima a luz dos principais instrumentos das


políticas públicas relacionadas a conservação da áreas protegidas

2. Quais são instituições responsáveis pela gestão das áreas


protegidas?

3. “O período de guerra civil que o país viveu minou todo um


esforço inicialmente que conduziria para uma gestão efetiva destas
áreas das áreas protegidas”.

- Comente a afirma acima.

4. No que concerne a Sistema de Gestão de Áreas Protegidas. Fale


de duas (2) Vantagens e Desvantagens, dos seguintes sistemas:

 A gestão direta do Estado;


 A gestão pelo sector privado;
 A gestão por uma ONG.
Error! No text of specified style in document.GA101 60

Unidade VI
Regulamentos sobre a
conservação
Introdução
O Estado de Moçambique assume em pleno, a sua responsabilidade
perante a Humanidade pela proteção da diversidade biológica no
seu território, incluindo a responsabilidade administrativa e
financeira.A Constituição da República consagra no número 1 do
artigo 98 que Os recursos naturais situados no solo e no subsolo,
nas águas interiores, no mar territorial, na plataforma continental e
na zona económica exclusiva são propriedade do Estado. E a alínea
d) do número 2 diz Constituem domínio público do Estado - as
zonas de proteção da natureza.

A Lei n.o 19/97, de 01 de Outubro, Lei de Terras prescreve no


artigo 9 que nas zonas de proteção total e parcial não podem ser
adquiridos direitos de uso e aproveitamento da terra..., permitindo
apenas a emissão de licença especial para o exercício de atividades
determinadas.

Este capítulo tem por objetivos os seguintes pontos:

 Conhecer o Regulamentos sobre a conservação em


Objetivos Moçambique.

6.1 Quadro Legal do Regulamentos sobre a conservação

Hodiernamente as matérias relacionadas a Conservação da


diversidade biológica e a administração e desenvolvimento das
Áreas de Conservação são repartidas em vários instrumentos legais,
dentre eles:

 A Lei n.o 19/97, de 01 de Outubro, a Lei de Terras e, seu


Regulamento, o Decreto n.o 66/98, de 08 de Dezembro
Error! No text of specified style in document.GA101 61

 A Lei n.o 3/90, de 26 de Setembro, a Lei das Pescas

 A Lei n.o 20/97, de 01 de Outubro, a Lei do Ambiente

 A Lei n.o 10/99, de 7 de Julho, regula os princípios e


normas básicos de protecção, conservação e preservação
dos recursos florestais e faunísticos e, seu Regulamento,
Decreto número 12/2002, de 06 de Junho

 A Lei n.o 4/2004, de 17 de Junho, a Lei do Turismo e seus


Regulamentos

 A Resolução n.o 5/95, de 03 de Agosto, aprova a Política


Nacional do Ambiente

 A Resolução n.o 8/97, de 01 de Abril, aprova a Política e


Estratégia de Desenvolvimento de Florestas e Fauna Bravia

 A Resolução n.o 14/2003, de 14 de Abril, aprova a Política


do Turismo e Estratégia da sua Implementação

 A Resolução n.o 63/2009, de 2 de Novembro, aprova a


Política de Conservação e Estratégia de Sua
Implementação.

Esta situação, assim como evidenciado na recém aprovada Política


de Conservação, cria dispersão de competências e, em alguns
casos, falta de clareza na atuação das medidas e desenvolvimento
das atividades, especialmente ao redor das Áreas de Conservação.
Com a presente Lei, pretende-se regular e atualizar os preceitos da
conservação e adequá-los a realidade moçambicana bem como às
aspirações do país quanto a conservação da diversidade biológica.
Entre outros os aspectos que merecem particular relevância na
proposta de Lei são: a categorização das áreas de conservação, as
parcerias pública e privada, o reassentamento, a participação do
cidadão na gestão da diversidade biológica e das áreas de
conservação e as penalidades ocasionadas pela infraçõessobre a
diversidade biológica. Sendo assim, há necessidade de se elaborar
um novo instrumento legal, Lei de Conservação, o qual deve
refletir as linhas de orientação das Políticas relevantes, servindo
assim como uma Lei aglutinadora de todos os interesses específicos
Error! No text of specified style in document.GA101 62

associados à conservação da natureza e património cultural servir


de Lei-quadro.

Sumário
Estudamos neste capítulo, Regulamentos sobre a conservação em
Moçambique, que são instrumentos que preconizam o quadro legal
de proteção das áreas protegidas.

Exercícios
1) De uma forma resumida fale com cada instrumento legal
contribui a conservação das áreas protegidas.
 A Lei n.o 20/97, de 01 de Outubro, a Lei do Ambiente

 A Lei n.o 10/99, de 7 - Florestas e Fauna Bravia.

 A Lei n.o 4/2004, de 17 de Junho, a Lei do Turismo


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Unidade VII
Estrutura das áreas de
conservação
Introdução
Neste capítulo, iremos falar da estrutura das áreas de conservação,
focando a análise e abordagem no Parque Nacional de Gorongosa.

Este capítulo tem por objetivos os seguintes pontos:


 Mostrar a estrutura das áreas de conservação, do Parque
Objetivos Nacional de Gorongosa

7.1 Estrutura e Funcionamento do Parque Nacional de


Gorongosa

De acordo com documento, que estabele o Acordo para a


administração a longo prazo do Parque Nacional da Gorongosa
entre Governo da República de Moçambique , representado pelo
Ministério do Turismo e Gregory C. Carr Foundation, o PNG
possui a seguinte estrutura:

1. Departamento de Serviços de Conservação, inclui também o


desenvolvimento e a gestão do santuário de fauna bravia,
programas de reintrodução de animais e reprodução de animais,
programas de veterinária, e programas de controlo de queimadas.

2. Departamento de Desenvolvimento Turístico, o qual tem a


responsabilidadede implementar o plano de desenvolvimento do
turismo, e também o desenvolvimento do Plano de Zoneamento
Turístico (PZT) e a promoção da marca comercial do Parque numa
base mundial.

3. Departamento de Relação com as Comunidades, o qual


representa o Parque no seu relacionamento com as comunidades
locais e também aconselha as Comunidades na utilização dos
fundo.
Error! No text of specified style in document.GA101 64

4. Departamento de Educação e Formação, o qual tem


responsabilidade pelo desenvolvimento e implementação de
programas de educação sobre conservação junto das Comunidades,
implementação de programas de educação e formação para o
desenvolvimento da capacidade dos trabalhadores, em todos os
Departamentos do Parque.

5. Centro de Pesquisa da Gorongosa, o qual tem a responsabilidade


de desenvolver e manter o Plano de Gestão Ecológica do Parque e
o plano da Zona Tampão, monitorar o ecossistema, recolher e
avaliar dados, e desenvolver relacionamentos com instituições
académicas de nível mundial, e outras instituições de ciências.

6. Departamento de Operações e Infra-estruturas, o qual faculta


serviços comerciais a todos os outros Departamentos, assim como
às suas próprias unidades, programa de saúde, construção,
manutenção, seguros e bancos.

A Equipa de Gestão do Parque receberá liderança, orientações e


instruções sempre que for necessário do Comité de Supervisão. O
Comité de Supervisão consistirá num representante delegado pelo
Ministro do Turismo e um representante delegado pelo Presidente
da Carr Foundation.

Os Directores (coletivamente referidos como a Equipa de Gestão


do Parque), estão obrigados a desenvolver uma tal capacidade de
gestão e força de trabalho para que, assim que as capacidades sejam
demonstradas, todos os cargos no Parque sejam preenchidos por
cidadãos moçambicanos.
Error! No text of specified style in document.GA101 65

Organigrama do Parque Nacional de Gorongosa

Director de Operação e
Desenvolvimento do Turismo
Infraestrutura

Comité de Supervisão
Gestão de Fundo da Fundação Carr

Reflorestamento da Serra, E.
Director de Relações Comunitária
Comunitária e Reassentamento

Fiscalização, Maneio, Serviços


Director da Conservação
Cientifico

7.2Gestão e Zoneamento do Parque Nacional de Gorongosa

A Equipa de Gestão do Parque trabalha com um Plano Mestre que


é atualizado de dois m dois anos. O Plano Mestre cobre todo o
Ecossistema da Grande Gorongosa. O Plano Mestre do Parque
consiste em quatro componentes.

1. Declaração da Visão. Declaração da Visão descritiva,


ilustrando um ponto de vista do aspeto do Parque e do Ecossistema
da Grande Gorongosa no período de 30 anos.

2. Declaração da Missão. A Declaração da Missão define de


forma concisa os objetivos duplos de gestão do Parque: i) A
proteção e restauração da biodiversidade e dos processos naturais
do ecossistema e ii) O alívio da pobreza regional através do
estabelecimento de negócios ligados ao turismo ecológico e através
de outras influências benéficas do Parque.

3. Modelo Empresarial Sustentável (Plano Empresarial). A


Equipa de Gestão do Parque possui um Modelo Empresarial
Sustentável que permite ao Parque gerar receitas suficientes para
suster as suas operações. A Equipa de Gestão do Parque cria planos
de negócio anuais que leva à implementação global do Modelo
Empresarial Sustentável.
Error! No text of specified style in document.GA101 66

4. Plano de Zoneamento do Ecossistema da Grande


Gorongosa. Inclui o plano de Zoneamento Ecológico e o plano de
Zoneamento Turístico. A Equipa de Gestão do Parque cria um
sistema de zoneamento para o Ecossistema da Grande Gorongosa,
cujo plano inclui uma classificação das áreas de terras e de água e
uma indicação da utilização ou restrição da utilização de recursos.

4.1. Zonas de Gestão de PNG

Existe cinco (5) zonas de gestão, identificadas e reconhecidas


dentro do Parque, constituindo, coletivamente, a área total do
mesmo (5.250 km2). As zonas de gestão incluem:

1. Zona de Proteção Especial e de Natureza (Zona 1)

2. Zona de Recreação Turística (Zona 2)

3. Zona de Acomodação Turística (Zona 3)

4. Zona de Administração do Parque (Zona 4)

5. Zona de Uso Sustentável de Recursos Naturais (Zona 5)

4.1.1. Zona de Proteção Especial e de Natureza (Zona 1)

Nas áreas da Zona 1, a preservação da paisagem é a consideração


mais importante. De um ponto de vista ecológico, as grandes áreas
relativamente não modificadas apoiam os processos naturais e
facultam os padrões de estrutura natural. Estas zonas de natureza
protegida são áreas substanciais para a reprodução da fauna bravia,
e são críticas para a proteção de áreas sensíveis do Parque que
ficam inundadas na época chuvosa. O objetivo é a perpetuação dos
ecossistemas com uma intervenção humana mínima.

A Zona 1 é subdividida ainda em duas categorias:

Áreas da Zona 1

A são designadas para áreas particularmente frágil ou


ecologicamente sensível do Parque. Não são permitidos turistas nas
áreas da zona 1A. Só a gestão do Parque e o pessoal de pesquisa é
permitido às áreas Zona 1A, com autorização prévia.
Error! No text of specified style in document.GA101 67

Áreas da Zona 1B

Também não permitem o acesso aos turistas. O acesso por


visitantes é permitido como parte de safaris guiados a pé.

4.1.2. Zona de Recreação Turística (Zona 2)

As áreas da Zona 2 oferecem oportunidades aos visitantes para


usufruírem de uma variedade de atividades nos ecossistemas do
Parque. As atividades turísticas permitidas na Zona 2 incluem
observação da caça ao estilo de safari, safaris a pé, ciclismo de
montanha, passeios em balões de ar quente, passeios de barco,
pesca, excursões para observação de pássaros, exploração de grutas
e outras. Os únicos desenvolvimentos humanos pretendidos nestas
áreas são uma rede de estradas e algumas instalações rudimentares
(lavatórios e estruturas para observação).

4.2.3. Zona de Acomodação Turística (Zona 3)

As áreas da Zona 3 permite acomodações noturnas permanentes


param turistas. Assim, é permitida estruturas tais como
restaurantes, piscinas e lavandarias.

A Zona 3 é ainda dividida em duas categorias:

Áreas da Zona 3A

Reservadas para Acomodações Públicas, acessíveis a qualquer


visitante do Parque pela rede de estradas do Parque. Estas
instalações estão disponíveis através do método de “primeiro a
chegar primeiro a ser servido.

Áreas da Zona 3B

Reservadas para Acomodações Privadas. Estas áreas são geridas


pelo concorrente que ganhar um processo de concurso competitivo
e transparente. Estas acomodações são postas à disposição dos
clientes privados destes proprietários de negócios. Os operadores
dos negócios turísticos nas áreas da Zona 3B pagam taxas
Error! No text of specified style in document.GA101 68

negociadas na conta de Receitas do Parque para beneficiarem desta


exclusividade.

4.1.4. Zona de Administração do Parque (Zona 4)

As áreas da Zona 4 são utilizadas pela Equipa de Gestão do Parque


e seu pessoal. São disponibilizadas para edifícios de administração
do Parque, pistas de aterragem, Centro de Educação da Gorongosa,
Museu de História da Gorongosa e centros turísticos
interpretativos, centros de visitantes, Centro de Pesquisa da
Gorongosa, instalações do santuário de fauna bravia e dos serviços
de conservação, oficinas mecânicas, Complexo da Administração,
etc.

4.1.5. Zona de Uso Sustentável de Recursos Naturais (Zona 5)

As áreas da Zona 5 incluem as comunidades tradicionais e as


atividades associadas de utilização de terras que ocorrem no Parque
ou nas zonas adjacentes ao mesmo, e são distintas das áreas de
acomodação e administrativas, onde o pessoal do Parque possa
residir.

A Zona 5 é dividida em duas subzonas para distinguir entre os


povoamentos na fronteira do Parque que são contíguos com outros
povoamentos fora do Parque (Zona 5A) e os povoamentos que
estão isolados dentro do Parque, para refletir as restrições
divergentes do uso de recursos para estas duas áreas (Zona 5B).

Sumário
A Estrutura das áreas de conservação, não obedece um padrão uniforme,
dependendo do modelo de gestão, a estrutura vária. Neste capitulo
falamos da estrutura do Parque Nacional de Gorongosa, e falamos como
funciona a gestão e o zoneamento.

Exercícios
1. Em quantas zonas é dividido o parque nacional da
Gorongosa. Resumidamente fale de todas zonas.
Error! No text of specified style in document.GA101 69

Unidade VIII
As áreas protegidas em
Moçambique
Introdução

Desde os princípios do Sec. XX até 1960 centenas de milhares de


animais foram abatidosprincipalmente por caçadores profissionais
para produzir carne destinada ao consumo portrabalhadores das
grandes empresas agroindustriais da Zambézia, Sofala e outras
províncias. Intensa caçailegal ao elefante e rinoceronte com o
objetivo de comercializar os onerosos troféus eocupação da terra
por outras formas de uso da terra, mormente agricultura,
exploraçãomadeireira e pecuária. A fauna bravia era considerada
prejudicial para o desenvolvimentoda pecuária e números elevados
de animais bravios foram abatidos acusados decompetirem com os
animais domésticos pela pastagem e de serem portadores de
doençasque afetam o gado bovino. A consequência destes abates
massivos foi uma notávelredução dos efetivos de fauna de grande
porte. Associado a esta redução, contribui também a guerra civil,
dos de 16 anos.

Este capítulo tem por objetivos fazer uma abordagem das áreas das
áreas protegidas em Moçambique.Ao terminar de estudar esta
Objetivos unidade serás capaz de: saber da situação das áreas protegida no
país.

8.1 Áreas protegidas em Moçambique e sua complexidade

Segundo USAID (2011), MATOS (2011), MITUR (2004)


Moçambique tem uma rede de áreas protegidas cuja cobertura
estende-se em toda eco região e biomas que asseguram a sua
integridade como uma porção representativa da herança natural do
país. A rede principal das áreas protegidas, isto é, os parques e
reservas Nacionais cobrem 12.6 % da superfície total do país, mas
essa cobertura aumenta para, aproximadamente, 15% quando se
Error! No text of specified style in document.GA101 70

incluem as coutadas. O estabelecimento das áreas de conservação


no país é um fenômeno recente. A década de 60 e o princípio da
década de 70 foram o período em que as áreas de conservação da
categoria de proteção total foram criadas. Os princípios da década
de 60 foram marcados pela criação das reservas nacionais (83,3%
das reservas nacionais e 17% dos parques nacionais). Já no início
da década de 70 foi marcado pela criação dos parques, (cerca de
50% dos existentes no país). A década de 2000 iniciou com o
crescimento dos parques (a criação dos restantes 33,3%) e das
reservas (os 17%).

Segundo MITUR (2004) a criação das áreas de conservação de


exploração orientada, como são as de caça (coutadas oficiais), deu-
se praticamente na década de 60, com especial destaque para o
último ano em que foram criadas cerca de 70% das atuais 12. Por
seu turno, as sete fazendas de caça existentes no país foram
introduzidas a partir do princípio da presente década. O sistema de
categorias de gestão das áreas protegidas em Moçambique baseia-
se no objetivo de gestão de atividades específicas, tais como
pesquisa científica, turismo e recreação ou uso sustentável de
recursos, mas focado no objetivo primário que é a proteção e
preservação da diversidade biológica. Moçambique é membro da
IUCN e as suas áreas de conservação encontram-se em três
Categorias deste organismo: Parques Nacionais (Categoria II),
Reservas Nacionais (Categoria IV) e Coutadas Oficiais (Categoria
VI).

Segundo MITUR (2011), a Lei 19/97, de 01 de Outubro, Lei de


Terras prescreve no artigo 9 que nas zonas de proteção total e
parcial não podem ser adquiridos direitos de uso e aproveitamento
da terra, permitindo apenas a emissão de licença especial para o
exercício de atividades determinadas.

A pertença total e completa da terra e outros recursos naturais ao


Estado, coloca Moçambique numa posição privilegiada de poder
colocar os recursos, de forma justa e equitativa, à disposição dos
Error! No text of specified style in document.GA101 71

cidadãos nacionais e a participar com o resto do mundo na


implementação das tendências globais de abordagem da
conservação da diversidade biológica e do património cultural
como bens fundamentais à vida.

Ainda, o Estado de Moçambique assume em pleno, a sua


responsabilidade perante a Humanidade pela proteção da
diversidade biológica no seu território, incluindo a responsabilidade
administrativa e financeira.

Hodiernamente as matérias relacionadas à conservação da


diversidade biológica e a administração e desenvolvimento das
Áreas de Conservação são repartidas em vários instrumentos legais,
tais como: A Lei 19/97, de 01 de Outubro, a Lei de Terras e, seu
Regulamento, o Decreto 66/98, de 08 de Dezembro; A Lei 3/90, de
26 de Setembro, a Lei das Pescas; A Lei 20/97, de 01 de Outubro, a
Lei do Ambiente; A Lei 10/99, de 7 de Julho, regula os princípios e
normas básicos de proteção, conservação e preservação dos
recursos florestais e faunísticos e, seu Regulamento, Decreto
número 12/2002, de 06 de Junho; A Lei 4/2004, de 17 de Junho, a
Lei do Turismo e seus Regulamentos; A Resolução 5/95, de 03 de
Agosto, aprova a Política Nacional do Ambiente; A Resolução
8/97, de 01 de Abril, aprova a Política e Estratégia de
Desenvolvimento de Florestas e Fauna Bravia; A Resolução
14/2003, de 14 de Abril, aprova a Política do Turismo e Estratégia
da sua Implementação; A Resolução 63/2009, de 2 de Novembro,
aprova a Política de Conservação e Estratégia para a sua
Implementação.

Esta situação, assim como evidenciado na recente Política de


Conservação, cria dispersão de fontes de informação, competências
e, em alguns casos, desarticulação nas ações que se pretendem
garantidas Áreas de Conservação e em seu redor. Apresente Lei é
centrada nas áreas de conservação, a qual regula e atualiza os
preceitos da conservação e adequa-os as aspirações do país quanto
a conservação da diversidade biológica.
Error! No text of specified style in document.GA101 72

Os aspetos que merecem particular relevância, pelo facto de se


ajustarem a fase atual da conservação da diversidade biológica são:
a categorização das áreas de conservação, as parcerias pública e
privada, o reassentamento, a participação do cidadão na gestão da
diversidade biológica e das áreas de conservação, as diretrizes para
as áreas de conservação transfronteiriças e as penalidades
ocasionadas pela infração sobre a diversidade biológica.

O novo instrumento legal, vai refletir as linhas de orientação das


Políticas relevantes, servindo assim as bases para a conservação da
diversidade biológica no país. A presente Lei tem como objeto o
estabelecimento dos princípios e normas básicos sobre a proteção,
conservação, restauração e utilização sustentável da diversidade
biológica, quer seja terrestre, marinha e aquática, nas áreas de
conservação, bem como o enquadramento de uma administração
integrada, para o desenvolvimento sustentável do país.

8.2 As áreas protegidas em Moçambique, Categorias e


Definições

No âmbito das reformas do sector, o país aprovou a nova Lei de


Florestas e Fauna Bravia(10/99 de 7 de Julho), e os respetivos
regulamentos. De acordo com a Lei 10/99, emMoçambique existem
três categorias de áreas protegidas:
I. Parque Nacional
II. Reserva Nacional
III. Zonas de Uso e de Valor Histórico-Cultural

A luz da nova Legislação as três categorias de zona de proteção da


natureza recebe asseguintes definições:
Parque Nacional: zona de proteção total delimitada, destinada á
propagação, proteção,conservação e maneio da vegetação e de
animais bravios, bem como á proteção delocais, paisagens ou
formações geológicas de particular valor científico, cultural
Error! No text of specified style in document.GA101 73

ouestético e para recreação pública, representativos do património


nacional.
Reserva Nacional: zona de proteção total, destinada á preservação
de certas espécies deflora e fauna raras, endémicas, ameaçadas ou
em vias de extinção ou que denunciemdeclínio e os ecossistemas
frágeis, tais como zonas húmidas, dunas, mangais e corais,bem
como a conservação da fauna e flora presentes no mesmo
ecossistema.
Zonas de Uso e de Valor Histórico-Cultural: áreas destinadas a
preservação de florestasde interesse religioso/sagrado e outros
sítios de importância histórica e de usocultural, de acordo com as
normas e práticas costumeiras das respetivascomunidades locais.
Um novo conceito é o de áreas de conservação transfronteiriça
(ACTF) ou parques da pazque visa a conservação de ecossistemas
que ultrapassam os limites fronteiriços dosestados, pressupondo o
maneio comum destas áreas, entre os países que as conformam. A
idea das ACTF foi da Peace Park Foundation com a finalidade de
estabelecer paz,promover a amizade entre os países envolvidos.
Foram assim criadas recentemente asACTF do Grande Limpopo
com Zimbabwe e África do Sul; Maputo com a Suazilândia eÁfrica
do Sul; Chimanimani com o Zimbabwe e está em processo o
estabelecimento deduas ACTF, uma no Niassa (Reserva do Niassa)
com a Tanzânia e outra em Tete(TchumaTchato-Bawa) com o
Zimbabwe e a Zâmbia.
Moçambique possui uma rede de áreas protegidas constituída por 6
parques nacionais, reservas nacionais, 12 coutadas de caça e 17
reservas florestais, cobrindo uma área decerca de 128.749 Km2 o
equivalente a cerca de 15% do território nacional.
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Sumário
Neste capítuloestudámos o estabelecimento das áreas de
conservação no país, falamos que é um fenômeno recente, marcado
na década de 60 e o princípio da década de 70, onde foram cridas
as áreas de conservação da categoria de proteção total. Foram
destacadas neste período de 60 a criação de reservas nacionais, e no
ano 70, cria-se parque nacionais, nos anos de 2000 iniciou, há um
crescimento dos parques ereservas, com destaques dos
transfronteiriços.

Exercícios
1) Reflita e comente esta afirmação: "A fauna bravia era
considerada prejudicial para o desenvolvimento da
pecuária e números elevados de animais bravios foram
abatidos acusados de competirem com os animais
domésticos pela pastagem e de serem portadores de
doenças que afetam o gado bovino".
2) De acordo com a Lei 10/99, em Moçambique existem três
categorias de áreas protegidas. Quais são?
3) "As matérias relacionadas à conservação da diversidade
biológica e a administração e desenvolvimento das Áreas
de Conservação são repartidas em vários instrumentos
legais".
- Menciona três instrumentos legais?
4) O que são parques da paz? E o que visam conservar?
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Unidade IX
As áreas protegidas em
Moçambique e o papel das
comunidades
Introdução
Em muitos países da África Austral grandes populações de animais
selvagens encontram-se em terras comunitárias. Em alguns países,
a extensão de tais populações excede a população de animais em
áreas formalmente protegidas sendo, portanto, valiosos recursos
naturais. A gestão de recursos naturais pela comunidade na região
partiu da constatação de que os sistemas governamentais não
poderiam administrar ou controlar adequadamente as populações
fora dasáreas de proteção. Um resultado lógico deste fenómeno foi
a delegação, a vários níveis, da posse de recursos às comunidades,
como uma forma de encoraja-las a atribuírem um valor económico
à vida selvagem e assumirem a guarda conjunta desses recursos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Saber o papel das comunidades na gestão das Áreas Protegias;

 Conhecer a importância e o papel das comunidades na gestão


Objetivos das Áreas Protegias.

9.1. O Papel da Participação Comunitária em Áreas


Protegidas

A preocupação com a preservação de determinadas áreas para fins


alheios aosobjetivos dos povos residentes nelas é bem antiga.
Inicialmente a preservação dessasáreas eram destinadas às caçadas
reais. Com o tempo, elas passaram a ser espaços reservados para o
usufruto do “homem urbano”. Mais tarde, os objetivos se
ampliam,passando a incorporar a necessidade de preservar
determinados ecossistemas ouespécies em vias de extinção. A
Error! No text of specified style in document.GA101 76

criação de áreas de preservação implicava a separação física e


políticas dos povos que anteriormente viviam nesses espaços. Esta
forma de preservação era tida como a ideal, porque tornava as
áreas “intocadas” ou “pouco alteradas”. Com a criaçãodo primeiro
parque nacional, o de Yellowstone, nos Estados Unidos da
América, o feitopassou a servir de modelo de implementação nos
diferentes países.

Com medo de uma urbanização completa, onde o homem teria a


possibilidadede transformar a “natureza natural” em “natureza
artificial”, destruindo-se, deste modo,os últimos vestígios daquilo
que seria a natureza pura, coberta de todos os atributos dosquais o
homem não havia modificado, os preservacionistas americanos
começaram apropor a criação de “ilhas” de preservação, do qual o
homem urbano pudesse admirar aspaisagens ainda “intocadas” ou
“inalteradas” pelo processo de modernização dasociedade
(DIEGUES, 2000; 1996). A criação dessas “ilhas” de preservação,
comobjetivos de proteger áreas naturais de grande beleza cênica
para o usufruto dosvisitantes (homem urbano), encontrava-se
assentada na imposição de visões elitistasurbanas sobre o uso da
terra rural. Esse processo resultou na alienação das
terrascomunitárias em favor do Estado, consumando-se a
usurpação dos direitos dascomunidades locais (DIEGUES, 1996;
COLCHESTER, 2000).

Nos últimos 30 anos do século XX começaram a surgir


contestações ao modelodominante de preservação, que primava por
uma separação física e política entre ohomem e o seu meio. A
pressão foi maior, culminando com a transição de preservaçãopara
a conservação, incluindo-se a presença do homem e a sua
participação.

Os resultados obtidos nas áreas de preservação estavam longe de


serem ospretendidos, principalmente nos países em
desenvolvimento. As críticas estavamcrescendo e a necessidade de
se mudar para outra abordagem que primasse por
Error! No text of specified style in document.GA101 77

umaharmonização entre o homem e a natureza era necessária.


Pimbert e Pretty (2000)referem que os conservacionistas
começaram a tomar consciência de que uma proteçãoambiental
efetiva só seria possível se as comunidades locais estivessem
inteiramenteenvolvidas no planeamento das áreas protegidas e
tivessem benefícios diretos doprojeto.

A participação das comunidades locais é um argumento presente


nas abordagensde desenvolvimento adotadas na década de 80. Essa
filosofia do pensamento dedesenvolvimento também se incorporou
às abordagens de conservação, sendo numaprimeira fase tímida e,
na década de 90, passa a estar presente em todos os projetos
dedesenvolvimento, incluindo naqueles aplicados ao espaço físico
das áreas protegidas edo seu entorno (BARROW; MURPHREE,
2001; PIMBERT; PRETTY, 2000;

DIEGUES, 1996).

É importante realçar que o conceito de participação é bastante


amplo, como jáfoi referido por Barrow e Murphree, pois ele reflete
os interesses distintos dos diversosatores envolvidos. Ao debater-se
o assunto de participação precisam-se entender melhor

as questões de como é que os atores participam? Com que


finalidades? E com que pesoscada um deles se apresenta?
(BARROW; MURPHREE, 2001). Apesar do conceito
departicipação estar em moda em todos os projetos aplicados,
constata-se que em muitoscasos a participação das comunidades
locais é limitada, isto é, sendo apenas umaformalidade e condição
para a sua implementação. Diegues (1996) argumenta que
aparticipação das populações tradicionais no estabelecimento de
parques e reservas, emmuitos casos, trata-se apenas de uma cortina
de fumaça para responder a certasdemandas internacionais que
consideram o envolvimento dessas comunidades comofator
positivo para o sucesso da conservação.
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Analisando o conceito de participação das comunidades na


conservação a partirda década de 70, Pimbert e Pretty (2000)
constataram que durante o período colonial omanejo das áreas
protegidas se caracterizou pela coerção e controle, sendo
ascomunidades locais vistas como obstáculos à conservação. Até
aos anos 70 aparticipação desempenhava o papel de instrumento
para se conseguir submetervoluntariamente as comunidades locais
aos esquemas de áreas protegidas. Nesseperíodo a participação das
comunidades era passiva, pois se apresentava como exercíciode
relações públicas. Nas décadas seguintes, a participação tomou um
novo rumo,sendo, na década de 80, definida como interesse na
proteção dos recursos naturais e, nade 90, vista como meio de
envolver as comunidades locais no manejo de
áreasprotegidas.Como se pode ver no quadro 1, existem várias
formas de participação dascomunidades locais, acompanhadas com
variações no grau de sua incorporação. Éimportante definir-se o
grau de participação nos projetos, pois o conceito pode levar
ailusão de que as comunidades estão participando efetivamente na
tomada de decisões,quando na verdade apenas foram consultadas.
Pimbert e Pretty (2000, p.198) referemque:

O problema com a participação, usada nos tipos 1 a 4, é que os


resultados superficiais e fragmentados não têm impacto duradouro na
vida das pessoas (RAHNENA, 1992, p.121). Tais formas de
participação podem ser usadas, sabendo que não levam à ação. Se o
objetivo é alcançar a conservação sustentável, então nada menos que a
participação funcional será suficiente. Todas as evidências apontam
para o êxito econômico e ambiental de longo termo que aparecem
quando as ideias das pessoas e seu conhecimento são valorizadas e elas
têm o poder de tomar decisões independentemente das agências
externas.

A preocupação com a participação também esteve associada com o


empoderamento das comunidades como parceiras no processo de
gestão das áreas protegidas. Essa preocupação com a
descentralização do poder para o nível local, isto é, dando às
comunidades o poder de decisão sobre a gestão das áreas
protegidas era fundamentalmente importante para os governos pós-
independência que não possuíam recursos financeiros e humanos
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suficientes para a administração de tais áreas. A descentralização


seria uma forma de chamar a responsabilidade das comunidades
locais e de outros atores na gestão dessas áreas.
Este processo foi importante para os governos da África Austral,
que depois do alcance da independência, passaram a se preocupar
mais com fornecimento de cuidados de saúde, educação que não
eram abrangentes. Este passo representou uma gigantesca evolução
nas formas de gestão das áreas protegidas, passando de uma
administração exclusiva do governo para a administração pela
comunidade ou por agentes do setor privado.

Quadro1: Níveis de participação das comunidades locais nos


projetos de conservação
Nível Tipologia Componentes de cada tipo

1 Participação As pessoas participam por avisos do que


passiva está para acontecer ou já aconteceu. É uma
informação unilateral através de uma
administração ou projeto; as reações das
pessoas não são levadas em conta. A
informação que é dividida pertence apenas
aos profissionais externos.

2 Participação como As pessoas participam respondendo as


extração de questões feitas por pesquisadores e
informação administradores de projetos que usam
questionários de coletas de dado ou sistemas
similares. As pessoas não têm a
oportunidade de influenciar os
procedimentos, já que as descobertas da
pesquisa ou plano do projeto não são
compartilhados ou verificados em sua
acuidade.

3 Participação por As pessoas participam sendo consultadas, e


consulta agentes externos ouvem os pontos de vista.
Esses agentes definem os problemas e as
soluções, e podem modificá-los conforme a
reação das pessoas. Tal processo consultivo
não compartilha nenhuma tomada de
decisão e os profissionais não têm
obrigações de considerarem a visão das
pessoas

4 Participação por As pessoas participam oferecendo recursos,


incentivos por exemplo, força de trabalho, em retorno
materiais de incentivos como comida, dinheiro, ou
outras coisas. Muitas pesquisas em situ e
bioprospecção caem nessa categoria, já que
Error! No text of specified style in document.GA101 80

as populações rurais oferecem os recursos e


não são envolvidas na experiência ou no
processo de aprendizado. É muito comum
encontrar essa chamada participação, ainda
que as pessoas não tenham interesse em
prolongar as atividades quando os
incentivos acabam.

5 Participação As pessoas formam grupos para coincidir


funcional objetivos predeterminados relacionados ao
projeto, o que pode envolver o
desenvolvimento ou que promovam
organizações sociais externamente iniciadas.
Tal envolvimento não tende a acontecer nos
estágios iniciais de planejamento e ciclos de
projeto, e sim depois que grandes decisões
foram feitas. Essas instituições tendem a ser
dependentes dos incentivos externos, mas
podem tornar-se independentes.

6 Participação As pessoas participam em análises


interativa conjuntas que conduzem a planos de ação e
à formação de novos grupos locais ou no
fortalecimento dos já existentes. Tende a
envolver uma metodologia interdisciplinar
que busca múltiplas perspectivas e faz uso
de um sistemático e estruturado processo de
aprendizado. Esses grupos assumem o
controlo acerca das decisões locais e, então,
as pessoas adquirem o interesse em manter
as estruturas e as práticas.

7 Auto-mobilização As pessoas participam tomando a iniciativa


para mudar sistemas, independentemente
das instituições externas. Tal auto-
mobilização e ação coletiva podem ou não
desafiar a distribuição não equitativa dos
recursos e do poder.
Fonte: Pimbert e Pretty (2000, p. 197-198).

Analisando o envolvimento das comunidades locais na gestão de


áreas protegidas, Negrão (1999) refere que a razão para a
introdução da participação comunitária prende-se com o fato de,
nas economias frágeis os custos de operação das áreas protegidas
serem muito altos e existir uma permanente tensão entre os
objetivos de conservação e as necessidades das comunidades.
Ainda segundo o autor:
Error! No text of specified style in document.GA101 81

Em África há três visões sobre a participação comunitária: (i) a visão


instrumentalista (África Austral) que tem a partilha dos benefícios
como moeda de troca pela conservação; (ii) a visão utilitarista (África
Oriental) que parte do princípio que as comunidades têm
conhecimentos e direitos sobre a terra, sendo a partilha uma forma de
indenização por não poderem usar os recursos como outrora o fizeram;
e (iii) a visão transformista (África Ocidental) que defende que a
participação tem em vista a transformação qualitativa das capacidades
das comunidades com vista ao desenvolvimento (NEGRÃO, 1999,
p.211).

As visões apresentadas por Negrão (1999) parecem ter norteado a


formulação doquadro legislativo moçambicano referente ao
assunto. A visão utilitarista foi a quevincou, como ficou registado
nas legislações sobre o assunto, com destaque para adefinição de
percentagem para as comunidades locais onde se explora os
recursosnaturais e a valorização e a incorporação do conhecimento
das comunidades locais.

Sumário
Conservar mas sem fugir da responsabilidade de garantir a
melhoria daqualidade de vida das comunidades que vivem dentro
das áreas de conservação (AC) éfundamental. Porem, as formas de
se alcançar esse desejo parece não encontrarajustamento às
realidades temporais e espaciais, bem como às necessidades dos
agentesexternos.

As filosofias de conservação introduzidas em África e, em especial em


Moçambique, parecem ter sido apenas transplantadas, culminando na sua
implementação sem a sua devida adequação à realidade local. Assumir
que os objetivos de desenvolvimento definidos pelos proponentes das
iniciativas de criação e gestão das AC são os mesmos que os das
comunidades pode ser um erro, pelo fato de não serem definidos pelas
próprias comunidades.

Exercícios
1- Qual é a importância e o papel das comunidades nas áreas
protegidas em Moçambique?
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Unidade X
Benefícios das comunidades que
habitam nas áreas protegidas e
parques

Introdução
Neste capítulo, vamos estudar e demonstrar o impacto econômico
gerado por áreas protegidas, alem de garantir de garantir a
Objetivos manutenção da biodiversidade e desempenhar um papel
relevante nas atividades econômicas rurais. O objetivo do
capítulo é discutir a importância e a oportunidade econômicada
inserção de áreas protegidas dentro das comunidades locais,
alem de mostrar o benefícios das comunidades que habitam nas
áreas protegidas e parques.

10.1 Contextualizaçãodo Benefícios das Comunidades que Habitam


nas áreas protegidas.

Quais os prós e os contras das unidades de conservação?

Milano (2002) enumera diversos motivos para a criação e


manutenção de áreas naturais protegidas. Dentre eles, além das
primordiais razões de preservar belezas cênicas e ambientes
naturais ou históricos para as gerações futuras, aparecem
necessidades mais atuais como proteção de recursos hídricos,
maneio de recursos naturais, desenvolvimento de pesquisas
científicas, manutenção do equilíbrio climático e ecológico e
preservação de espécies e de recursos genéticos. Analogamente,
Müeller (1973) descreve áreas protegidas como sendo aquelas áreas
que, por incluírem importantes recursos naturais ou culturais, de
Error! No text of specified style in document.GA101 83

difícil quantificação econômica, devem ser mantidas na forma


silvestre e adequadamente maneadas.

Nesse sentido, áreas protegidas existem principalmente para


resguardar os recursos naturais do avanço de forças destrutivas
legais e ilegais (Terborgh& Van Schaik, 2002). Dentro desse
contexto surge um dos grandes desafios a serem transpostos no
processo de criação de novas áreas naturais protegidas: o limite que
estas impõem ao uso humano dos seus recursos naturais e da sua
área de ocupação. Apesar de Young (2002) ter demonstrado a falta
de correlação entre o desmatamento e o desenvolvimento
econômico, esse mesmo desenvolvimento é ainda a grande
justificativa para que as atividades humanas continuem avançando
sobre remanescentes naturais ainda conservados.

Bruner etal. (2001) comprovou que a maioria das unidades de


conservação alcança algum nível de resultado na conservação da
biodiversidade em ecossistemas tropicais, e que o grau de
efetividade está relacionado ao nível de atividades de maneio,
como fiscalização, demarcação de divisas e compensação diretaàs
comunidades locais envolvidas. Sugere tambémque mesmo
modestos acréscimos em investimentoslocais podem melhorar o
efeito de conservação. Nessemesmo tema, a IUCN (1999) enumera
uma série de atividadesde manejo necessárias ao funcionamento de
uma área natural protegida, tais como planeamento,administração
de recursos, implementação de programas,serviços e
monitoramento. Logo, as áreas protegidastambém respondem por
um determinado nível devalor existente na atividade econômica de
suas regiões.

Mas qual o valor econômico de uma área natural protegida?

Podemos enumerar diversas iniciativas de acessarpartes ou o todo


desse valor. Phillips (1998) e Seroada Motta (1997) sugerem uma
estrutura conceitual paracompor o valor total de recursos naturais
conforme descritona Figura 1.
Error! No text of specified style in document.GA101 84

Existe uma extensiva bibliografia sobre valoraçãoeconômica de


áreas naturais protegidas, se sobrepondoe somando a estudos de
valoração de recursos naturais,independente de seu status de
proteção. Entre aliteratura fundamental podem ser citados os livros
deDixon& Sherman (1990), Dixon&Hufschmidt (1986), eDixonet
al. (1986), que utilizam estudos de casos empaíses em
desenvolvimento para ilustrar o uso da valoração.

Figura 1.: Valor econômico de áreas naturais protegidas

Sumário
Em alguns casos, as áreas protegidas podem gerarreceitas que
facilmente superam o custo de oportunidadeda terra em regiões
remotas, com baixa produtividadeou cientificamente significativas.
Áreas protegidas com grandes extensões geram,potencialmente,
menos benefícios econômicos diretospor hectare, mas têm maiores
benefícios para a conservaçãoda biodiversidade, por garantirem a
manutençãodos processos ecológicos em larga escala. Entretanto,
esse valor de conservação, e que é o real motivo decriação das
unidades de conservação, não está consideradono estudo.
A criação de um sistema local de áreas protegidas,isto é, um
conjunto de unidades de conservação comcategorias de manejo
diversas e que componham ummosaico com áreas produtivas, e de
uma infra-estruturade suporte pode contribuir significativamente
Error! No text of specified style in document.GA101 85

paraa captação externa e para o ingresso de recursos naregião. Esta


estratégia pode compor um portfólio deações para gerar impactos
positivos na economia delocais com remanescentes significativos
de áreasnaturais.

Exercícios
1. Aponta três (3)benefícios das comunidades que habitam nas
áreas protegidas e parques. Dar exemplo concretos na
realidade Moçambicana.
2. O que entendes por Valor econômico de áreas naturais
protegidas. De exemplo concretos.
3. Estabelece a relação da atividade de turismo, benefícios das
comunidades e nas áreas protegidas. Enfoque a abordagem
no benefício da comunidade local.
Error! No text of specified style in document.GA101 86

Unidade XI
Principais acções para
sustentabilidade das áreas
protegidas

Introdução
O desenvolvimento sustentável foi institucionalizado como solução para
a resolução de “problemas” causados pela ocupação humana em unidades
de conservação (UC)/Areas Protegidas (AP), um dos aspectos polêmicos
na administração de áreas protegidas. A proposta de delimitação de áreas
protegidas sem ocupação humana, presente na criação dos primeiros
parques nacionais, foi gradativamente modificada pela inexorável
presença da sociedade no espaço que se pretendia proteger. A aceitação
da ocupação humana em áreas protegidas ocorreu via a regulamentação e
o controle do uso dos recursos naturais. No entanto, a ineficiência dessa
solução manteve sem resposta uma questão essencial para as atuais
unidades de conservação, isto é, o problema de como executar a
conservação da biodiversidade, objetivo principal da conservação,
mantendo a ocupação humana em seu interior. Atualmente, a resposta dos
diversos agentes envolvidos com a gestão de áreas protegidas refere-se à
promoção do desenvolvimento sustentável. Objecto de analise e
abordagem nesta unidade.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Compreender a ocupação humana nas Unidades de


Conservação/Áreas Protegidas: da exclusão ao desenvolvimento
sustentável;
Objetivos  Conhecer os problemas advindos da noção de desenvolvimento
sustentável;
 Compreender o papel das áreas protegidas no desenvolvimento
sustentável.
Error! No text of specified style in document.GA101 87

11.1 A ocupação humana em Unidades de Conservação: da


exclusão ao desenvolvimento sustentável

Os objetivos estéticos e científicos que justificaram a criação das


primeiras áreas protegidas – os parques nacionais, a partir do final
do século XIX – eram considerados incompatíveis com a ocupação
humana em seus limites (Brito, 2000).

A partir dos anos de 1970, essa perspetiva foi sendo substituída


pela possibilidade de manutenção da ocupação humana em áreas
protegidas mediante o controle do uso dos recursos naturais.

Isso pode ser observado na mudança das diretrizes de organismos


internacionais, particularmente da União Internacional pela
Conservação da Natureza (UICN), referência internacional das
diretrizes das áreas protegidas (Idem). Na década seguinte, a UICN
condicionou a ocupação ao uso sustentável dos recursos naturais,
garantindo assim a prioridade da conservação (Diegues, 2000).

A Unesco elaborou, em 1971, o programa Man andBiosphere


(MAB), cujo objetivo era encontrar uma relação de equilíbrio entre
desenvolvimento econômico e conservação ambiental. Este
programa definiu, em 1976, o conceito de Reserva da Biosfera
como forma de alcançar a “otimização da relação homem-
natureza”. Tais reservas seriam “exemplos de gestão harmoniosa de
diferentes culturas [...] sítios de experimentação do
desenvolvimento sustentado e [...] centros de monitoramento,
pesquisa e educação ambiental” (Brito, 2000, p.29). Por meio do
zoneamento, seriam preservadas áreas sem ocupação humana,
cercadas por “zonas-tampão”, que poderiam ser habitadas.

Essas propostas respondiam aos efeitos perversos da exclusão de


populações que viviam nos parques, uma vez que o seu
deslocamento e as restrições de uso de recursos naturais em áreas
protegidas demonstraram ser uma ameaça à reprodução de
populações consideradas tradicionais, geralmente já castigadas pela
pobreza (Idem). Além disso, observou-se que nem sempre as
Error! No text of specified style in document.GA101 88

práticas produtivas dessas populações eram incompatíveis com os


objetivos da conservação (Diegues, 2000).

Paralelamente, os debates relativos às causas sociais da crise


ambiental e à contradição entre crescimento econômico e
conservação ambiental desenvolviam-se em conferências
internacionais, cujos temas diziam respeito aos limites do
crescimento econômico, aos impactos da pobreza na degradação
dos recursos naturais e às possibilidades do ecodesenvolvimento
(Nobre, 2002).
Na década de 1990, o desenvolvimento sustentável passou a ser
utilizado como referência para resolver problemas e conflitos
relativos à ocupação humana em unidades de conservação.
Na conferência Rio-92, oficializou-se a noção de desenvolvimento
sustentável, definida no Relatório Brundtland, em 1987, como
paradigma para o desenvolvimento socioeconômico aliado à
conservação dos recursos naturais. Muitos países signatários da
Agenda 21 Global assumiram o compromisso de adotá-la como
orientação para suas políticas de desenvolvimento.
Ao mesmo tempo, sob a ótica da promoção do desenvolvimento
sustentável e seguindo ainda as diretrizes internacionais, um
número significativo de ONGs ambientalistas em parceria ou não
com órgãos governamentais envolveu-se na questão relativa ao
desenvolvimento socioeconômico.
Essas instituições propuseram e/ou realizaram ações voltadas para
o aumento de renda ou a melhoria da qualidade de vida de
populações em unidades de conservação, cujo uso dos recursos
naturais era considerado incompatível com a conservação
(Teixeira, 2004).
A proteção da diversidade biológica, dos recursos genéticos, das
espécies ameaçadas e da diversidade dos ecossistemas, foram
estabelecidos pelos países signatários e ainda outras
regulamentações que procuram compatibilizar a conservação à
ocupação humana – proteção de recursos naturais necessários à
subsistência de populações tradicionais, promovendo-as social e
Error! No text of specified style in document.GA101 89

economicamente; desenvolvimento e adaptação de métodos e


técnicas de uso sustentável dos recursos naturais; garantia da
participação na criação; implantação e gestão das unidades de
conservação como, por exemplo, a formação de conselho
consultivo ou deliberativo nas Unidades de Conservação de Uso
Sustentável; divulgação de informações à população local e a
outras partes interessadas; incentivo à criação e à administração das
unidades por parte das populações locais na perspetiva de
“cogestão”, entre outras medidas.A adoção das determinações
ocorre sob a dinâmica de gestão de unidades de conservação já
existentes nos países. Alguns países requererama elaboração dos
zoneamentos e planos de gestão; outras, em menor número, além
de já se utilizarem desses instrumentos, contam também com
projetos de ação de desenvolvimento e de conservação em
andamento. Este é o caso dos parques e reservas do nosso país
(Parque Nacional da Gorongosa, Limpopo, Bazaruto e outros).A
partir de 2000, a referida gestão incorporou a noção de
desenvolvimento sustentável, não só por determinação, mas outras
condições objetivas exigiram a adoção de projetos de
desenvolvimento sustentável para a pequena agricultura.

11.2 Os problemas advindos da noção de desenvolvimento


sustentável
A noção de desenvolvimento sustentável utilizada para subsidiar
ações conservacionistas originou- se de uma discussão mais geral
relacionada ao confronto entre a necessidade de crescimento
econômico e a necessidade de conservação dos recursos naturais.
Ademais, foi legitimada por estabelecer um pretenso consenso
entre essas duas dimensões, originalmente consideradas opostas
(Castells, 2000; Foladori e Tommasino, 2000; Nobre, 2002). Tal
consenso tem como princípio geral atender às necessidades do
presente, sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras
sanarem suas próprias necessidades.
Error! No text of specified style in document.GA101 90

Um primeiro grupo de críticas ao desenvolvimento sustentável


concentra suas discussões em torno de quais seriam a
funcionalidade e os limites desse desenvolvimento. Não se pode
afirmar, como já argumentaram alguns setores do movimento
ambiental (Castells, 2000), que esse tipo de desenvolvimento se
oponha à “lógica” do modelo de crescimento econômico
capitalista, uma vez que ele não vai contra as causas estruturais da
insustentabilidade, tornando-se, pois, funcional ao sistema (Becker,
1999; Leff, 2000; Leis, 1999; Lelé, 1991; Foladori, 1999;
Middleton e O’Keefe, 2001).

Antes mesmo da Rio-92, Lelé (1991) afirmava que os


“desenvolvimentistas” e o movimento ambientalista deixaram de
lado suas diferenças no sentido de convergirem ambos para uma
proposta de desenvolvimento sustentável. Assim, passaram a
enfrentar juntos os problemas relativos aos limites ambientais do
crescimento econômico e as questões sociais, basicamente pobreza
e desigualdade.

Uniram-se sob o imperativo de uma possibilidade, qual seja, a


realização da sustentabilidade ambiental, mantendo a continuidade
do sistema produtivo e das relações sociais que o sustentam.

Segundo Leis (1999, p. 159), o conceito de desenvolvimento


sustentável faria parte de um processo de “adoção oportunista e
instrumental [...]”, por parte dos estados e das empresas, de novos
valores trazidos pelo ambientalismo, com o objetivo de garantir a
continuidade do sistema produtivo. Assim, a racionalidade
econômica dominante diluiu o potencial transformador das origens
do movimento ambiental, confundindo e dispersando suas ações
(Leff, 2000).

O “capitalismo verde” tem como tese a funcionalidade desse tipo


de desenvolvimento, pois apesar da sustentabilidade “seriam
preservados não apenas os recursos naturais, mas também e acima
de tudo, infelizmente, as relações de produção existentes” (Vargas,
Error! No text of specified style in document.GA101 91

1999, p. 230). Para Foladori(1999), tais relações estabelecem os


limites do desenvolvimento sustentável.

As causas sociais da insustentabilidade passaram a ser abordadas, e


a sustentabilidade social foi incluída como parte imprescindível do
desenvolvimento sustentável (Lelé, 1991). Porém, isso não
significou o reconhecimento das relações sociais como
responsáveis pela insustentabilidade ecológica. Segundo Foladori e
Tommasino (2000), a pobreza foi considerada uma de suas causas,
o que acarretaria a necessidade de se agir sobre a pobreza, ou seja,
encontrar a sustentabilidade social para promover a
sustentabilidade ecológica. A solução para o desenvolvimento
sustentável, nessa perspetiva, estava centrada no conhecimento
científico e no desenvolvimento de técnicas de produção adequadas
à conservação dos recursos naturais. Os métodos de produção
deveriam ser menos agressivos ao meio naturais e poderiam levar à
melhoria da qualidade de vida, ou ao desenvolvimento,
minimizando os impactos antrópicos sobre o meio ambiente. Esta
perspetiva foi chamada de sustentabilidade limitada: [...]
restringindo seu papel de ponte para a análise da sustentabilidade
ecológica [...] o que interessa são as relações técnicas entre os
pobres e o uso dos recursos naturais. As relações sociais, que se
referem a como determinadas relações entre os seres humanos
geram pobreza, desemprego, fome etc., não estão em discussão,
senão somente suas consequências técnicas na contaminação e
depredação do meio (Idem, pp. 46-47).

Nesse primeiro grupo de críticas encontram-se, ainda, análises que


se referem à operacionalização do desenvolvimento sustentável.
Para isso, a escala da “localidade” foi a saída encontrada, uma vez
que as escalas de “humanidade”, “planeta terra” e “economia
global” são aparentemente inoperantes, ou operantes somente no
nível Estados Nacionais. Becker considera que a sustentabilidade
configura uma nova racionalidade do sistema capitalista e
reconfigura o desenvolvimento a partir da localidade ou da região.
Error! No text of specified style in document.GA101 92

Ela seria, segundo este autor, um dos [...] instrumentos pós-


modernos que, ao mesmo tempo em que viabilizam a dominação
em escala mundial, abrem a possibilidade, embora dentro de limites
muito objetivos e concretos, e muito mais por necessidade do
próprio sistema capitalista, para as histórias locais, as tradições do
lugar, enfim, para os desejos, necessidades e fantasias
fragmentadas (1999, p. 64).

Ao analisarem a ação de ONGs em projetos “locais” na Europa,


Middleton e O’Keefe (2001) afirmaram que há dois equívocos na
atuação baseada na localidade. O primeiro refere-se aos limites do
“empoderamento” (empowerment) local, já que os mecanismos de
opressão estão nas relações sociais, cujas causas não são
alcançadas. O segundo diz respeito aos limites da atuação, isto é, as
ações restritas à esfera local só poderão resolver problemas
circunscritos a uma determinada área, mas as causas da
insustentabilidade estão localizadas na escala da macroeconomia e
da macropolítica.

À localidade alia-se a participação social. Segundo Lelé (1991), ao


legitimar o conceito de desenvolvimento sustentável, questões
como justiça e equidade sociais, que estavam presentes no conceito
de ecodesenvolvimento, foram abandonadas e substituídas pela
participação social, mais especificamente pela participação local.
Partindo da sustentabilidade como referencial indiscutível, e da
solução técnica como saída para a recuperação e a utilização dos
recursos naturais (Foladori e Tommasino, 2001), observa-se que a
participação local ficaria restrita a decidir sobre rol de
possibilidades técnicas possíveis para promover a sustentabilidade
ecológica. O saber local, por exemplo, é visto como possibilidade
de obtenção de mais informações sobre como lidar com os recursos
naturais, contribuindo para a elaboração de soluções técnicas no
uso dos recursos naturais.

O segundo grupo de críticas concentra-se na apropriação do


conceito de sustentabilidade ecológica para adjetivar o
Error! No text of specified style in document.GA101 93

desenvolvimento socioeconômico, ou ainda, para se referir à


sustentabilidade social ou econômica. A noção de sustentabilidade
originada na ecologia para analisar os sistemas naturais
(sustentabilidade ecológica), deve ser deslocada para a análise das
organizações sociais (sustentabilidade social). Deve-se estabelecer
uma contraposição à tendência encontrada nas noções de
sustentabilidade que utilizam como referência “equilíbrio” e
“estabilidade”: A noção de sustentabilidade ou de durabilidade se
origina de teorizações e práticas ecológicas que tentam analisar a
evolução temporal de recursos naturais, tomando por base a sua
persistência, manutenção ou capacidade de retorno a um presumido
estado de equilíbrio, após algum tipo de perturbação. A noção de
equilíbrio é tema polêmico e controverso, mesmo no domínio
ecológico, já que os sistemas naturais, incluídos neles os chamados
recursos renováveis, estão sujeitos a elevada variabilidade,
expressa em distintas escalas temporais e espaciais (Raynaut, Lana
e Zanoni, 2000, p. 74).

Segundo Raynaut (1997, p. 370), a utilização dessa noção pode


levar à interpretação de uma história que não comporta outro
movimento que não “a reprodução incomensurável de um
equilíbrio impossível” da natureza e da sociedade. Esta história
deve ser entendida como o resultado de uma relação dialética entre
reprodução e mudança, uma vez que cada sistema comporta a
reprodução e, ao mesmo tempo, se transforma, seja em função de
suas próprias contradições, seja em função de fatores externos.

Há uma relação de interdependência e autonomia entre esses dois


sistemas. Ainda que qualquer organização social exija
materialidade para existir (corpo, terra, água etc.), o sentido
elaborado socialmente, referente às ações humanas sobre o meio
natural, torna-se autônomo em relação às determinações do meio
físico-químico e biológico, podendo ser transmitido para outras
gerações e outras sociedades diferentes daquelas (Zanoni e
Raynaut, 1994).
Error! No text of specified style in document.GA101 94

Mesmo no campo das ciências biológicas a perspetiva do equilíbrio


estável e preditivo foi substituída por outras que constatam a
existência de equilíbrio dinâmico nos sistemas biológicos. Segundo
Miranda (2003), novos conceitos têm sido aceitos para a análise
desses sistemas, como, por exemplo, os conceitos de resiliência e
de co-evolução.

O primeiro considera mais de uma possibilidade de equilíbrio e a


extinção do sistema; o segundo considera a interatividade de
ajustamentos das espécies em um determinado sistema, em que as
espécies evoluem conjuntamente, e a evolução de cada uma é
interdependente da evolução da outra.

Esses dois grupos de crítica levantam, ainda, a discussão sobre o


sujeito da sustentabilidade.

Geralmente, a humanidade e o meio ambiente são definidos como


os beneficiários do desenvolvimento sustentável. Porém, a
humanidade não pode ser considerada “em bloco”, uma vez que só
existe na forma de organização social. Nesta, desenvolvem- se as
relações sociais que interferem nas relações que os grupos sociais
estabelecem de maneiras diversas com o meio natural, a partir de
interesses e possibilidades específicos a cada um deles (Foladori,
1999; Raynaut, 1994). Logo, reduzir o sujeito da sustentabilidade à
humanidade é retirar da sociedade suas características estruturais
por meio das quais devemos pensar sua relação com o meio natural.
Isso fundamentaria, em última instância, qualquer proposta de
desenvolvimento integrado à sustentabilidade ecológica.

11.3 Papel das áreas protegidas no desenvolvimento sustentável

O facto de um determinado local possuir o estatuto legal de área


protegida poderá facultaralgumas vantagens competitivas
relativamente a outras áreas que não protegidas.

Uma das vantagens das áreas protegidas é a sua maior capacidade


de atrair financiamentopara projetos de desenvolvimento e/ou
Error! No text of specified style in document.GA101 95

conservação. Em geral, torna-se mais fácil captarfinanciamentos


para desenvolver projetos de gestão de recursos naturais numa área
protegida do que numa área sem qualquer estatuto de conservação.
Esta situação poderá acarretartambém o inconveniente de atrair
mais pessoas para dentro das áreas protegidas, o quese traduz num
aumento da pressão sobre os seus recursos naturais.

A conciliação da conservação com a exploração dos recursos, a fim


de promover o desenvolvimentoeconómico e social é
extremamente importante. Presentemente, há uma correntede
reflexão sobre a verdadeira eficácia de projetos que visam
simultaneamente a conservaçãoe o desenvolvimento quando
implementados dentro de áreas protegidas, uma vezque há
inúmeros casos de insucesso de projetos deste tipo. Globalmente
parece ser maisapropriado concentrar os esforços de
desenvolvimento na região de influência da área protegidamas não
no seu interior. Pretende-se assim maximizar os ganhos de
desenvolvimentodecorrentes da área protegida, sem aumentar a sua
população residente e/ou a sobre-exploraçãode recursos.

Uma vantagem potencialmente importante no estabelecimento de


uma área protegida é acriação de emprego. A contratação de
pessoas das comunidades locais para a implementaçãode ações nas
áreas protegidas, pode levar à dinamização de pequenas economias
locais. Uma área protegida tem ainda uma capacidade maior para
atrair turistas que as zonas nãoclassificadas.

Sumário
Diante de diretrizes internacionais no contexto do debate sobre a
sustentabilidade e seguindo princípios conservacionistas e
exigências impostas por parcerias e financiamentos, o
desenvolvimento sustentável foi apresentado como objetivo para a
Áreas Protegidas. A visibilidade da conservação é o meio natural.
A ocupação humana é considerada um problemae não parte – inter-
relacionada – da proteção ambiental. As questões mais estruturais
queefetivamente constroem uma visão da sociedade local – a partir
Error! No text of specified style in document.GA101 96

de características que definem umasociedade e, consequentemente,


suas relaçõescom o meio natural – e não somente da
populaçãolocal, ainda não são fundamentais nos projetosque
pretendem alterar técnicas de uso dos recursosnaturais.Se
considerarmos a abordagem interdisciplinardo meio ambiente,
caberia às ciências sociais a responsabilidadede pensar essas
questões, ajudandoinclusive em programas e propostas de
desenvolvimentosustentável em unidades de conservação. Decerta
forma, deve-se resistir à sedução e consequente apropriação de
conceitos e modelos de sustentabilidadeoriundos de outras áreas de
conhecimentomais vinculadas à conservação. Os modelos
devemser enfrentados na construção interdisciplinar do
conhecimento,e as ciências sociais devem manter a“identidade” do
conceito de sociedade. Assim, o desenvolvimentopode sair da
esfera técnica, ou seja,da procura de melhores técnicas adaptadas à
conservação, para um debate mais amplo que envolve,em última
instância, a discussão sempre recorrentesobre a relação sociedade e
natureza.

Exercícios
1. Quando e em que conferencia oficializou-se a noção de
desenvolvimento sustentável?
2. O que entendes por desenvolvimento sustentável? De
exemplo concretos a luz da realidade do nosso país.
3. Quais foram os problemas advindos da noção de
desenvolvimento sustentável?
4. O que entendes por “capitalismo verde”?
5. "Os métodos de produção deveriam ser menos agressivos
ao meio naturais e poderiam levar à melhoria da qualidade
de vida, ou ao desenvolvimento, minimizando os impactos
antrópicos sobre o meio ambiente”. Comenteestaafirmação
a luz de desenvolvimentosustentável".
6. Qual? Papel das áreas protegidas no desenvolvimento
sustentável
Error! No text of specified style in document.GA101 97

Unidade XII
Principais conflitos observados
nas áreas protegidas e parques
nacionais

Introdução
Neste capítulo vamos apresentar subsídios para o conhecimento e o
debate sobre os conflitos advindos da criação de áreas protegidas,
os direitos territoriais de populações tradicionais, alguns conflitos
existentes, os fundamentos, as similaridades e as diferenças entre o
regime jurídico aplicável às Terras Tradicionais, Reservas
Extractivistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável.

 Analisar os principais conflitos observados nas áreas


protegidas e parques nacionais

Objetivos

12.1 Áreas Protegidas e Conflitos com Populações

Quando se estabelece uma área protegida é frequente que surjam


conflitos com as populaçõeslocais que habitam o interior dos
territórios classificados. Os principais fatores que estãona base
destes problemas tendem a ser, por um lado a limitação de acesso a
recursos e,por outro, os prejuízos causados pela fauna.

Quando existem populações residentes no interior das áreas


protegias, estas dificilmenteaceitam limitações na exploração dos
recursos, devido ao sentimento de posse que lhes éinerente. No
entanto, esta limitação é por vezes indispensável, de modo a
garantir que os recursosnão se esgotem a médio/longo prazo, ou
seja, para que sejam geridos de forma sustentável.
Error! No text of specified style in document.GA101 98

Um exemplo desta situação acontece atualmente com a caça em


Moçambique, responsávelpela redução dramática dos efetivos de
muitas espécies da fauna. Se queremosque as populações humanas
dentro ou fora das áreas protegidas tirem o máximo proveito
dacaça, os recursos cinegéticos têm que ser geridos de forma
equilibrada; e, para tal, as populaçõesda fauna silvestre têm de
poder atingir quantidades que permitam a extração de umnúmero
de indivíduos que não coloque em causa a viabilidade da sua
população.

Por outro lado, os prejuízos causados pela fauna é outro problema


que importa minimizar.É muito importante que as pessoas sintam
que as áreas protegidas se preocupam com estaquestão e que
tomam medidas para diminuir as suas consequências.Normalmente,
é preferível evitar os prejuízos a entrar em sistemas de
compensação deprejuízos. Quando tal não é possível poderá então
recorrer-se ao pagamento de compensaçõesaos prejudicados. Esta
medida poderá contudo trazer outro tipo de problema: as
pessoasdeixam de proteger os seus bens por terem a garantia de que
serão compensadas. Para alémdisso, surgem conflitos na avaliação
dos estragos, havendo uma tendência por parte dos lesadosem
sobreavaliar ou falsear os prejuízos. Uma forma de minimizar estes
problemas é fazero pagamento das compensações depender da
demonstração de que foram tomadas medidaspara evitar os estragos
por parte do proprietário, protegendo os seus bens.

A implementação de um sistema de gestão participativa pode ser


uma forma eficaz de minimizaros conflitos entre áreas protegidas e
populações humanas a médio/longo prazo. Destaforma, as
populações locais passam a conhecer os problemas e as
dificuldades de resoluçãoassociadas. Esta situação, apesar de
desejável, também enfrenta dificuldades por ser
frequentementedifícil alcançar consensos.
Error! No text of specified style in document.GA101 99

A sensibilização das populações é portanto uma peça fundamental


na minimização dosconflitos entre as pessoas e a conservação da
natureza. O facto de algumas etnias em Moçambique,que assumem
algumas espécies como animais sagrados, respeitarem esses
animais econsequentemente tolerarem os estragos por eles
provocados, é precisamente prova disso.

Quando os valores patrimoniais das áreas protegidas são


reconhecidos como relevantes pelaspopulações a tendência para
tolerar os seus inconvenientes é maior.

É finalmente de recordar que o número de conflitos e a


complexidade nas áreas protegidastende a ser proporcional ao
número de residentes destas. Consequentemente, aquandoda
definição dos limites das áreas protegidas é desejável excluir, tanto
quando possível, áreasmuito povoadas.

12.2 As unidades de conservação e sua relação com a


sustentabilidade sócioambiental

A criação de áreas protegidas adotada em Moçambique e no mundo


constitui-se em um dos mecanismos de preservação e conservação
dos recursos ambientais cujo objetivo reside na compatibilização
do desenvolvimento socioeconômico e o equilíbrio ecológico,
buscando a sustentabilidade ambiental (CABRAL et al., 2002).

Ao se analisar as áreas institucionalmente protegidas e delimitadas


segundo critérios de seleção predefinidos de áreas prioritárias à
conservação, observam-se as mesmas questões socio ambientais e
os conflitos da legislação ambiental e urbanas presentes nos
grandes centros urbanos referentes à ocupação humana. Apesar das
diferenças inerentes aos modos de produção e meios de
sobrevivência de comunidades tradicionais, a dimensão urbana se
faz presente, ainda que em escalas diferenciadas, acarretando
processos semelhantes de ocupação com consequente degradação
ambiental que se evidenciam nas grandes cidades.
Error! No text of specified style in document.GA101 100

Lefebvre em O direito à cidade (2001) analisa a relação


‘urbanidade-ruralidade através do exame do chamado ‘tecido
urbano’. A sociedade e a vida urbana penetram nos campos,
trazidas por esse tecido, como uma espécie de rede de malhas
desiguais, despojando a vida no campo de seus elementos
tradicionais. Quando nos distanciamos das cidades a oposição
‘urbanidade-ruralidade’ acentua-se na perceção de suas diferenças,
na busca por uma ‘natureza’ contida no nosso imaginário, no
entanto, a oposição cidade-campo atenua-se quando se percebem os
elementos urbanos presentes no campo.

Para Diegues (2001), o modo de produção que caracteriza as


formas sociais de produção das populações tradicionais é o da
pequena produção mercantil, ou seja, são sociedades que garantem
sua subsistência por meio da agricultura de subsistência, pesca
artesanal, extrativismo, formas de produção em que prevalece o
trabalho autônomo ou familiar. Na medida em que os processos
fundamentais de produção e reprodução ecológica, social,
econômica e cultural funcionam, pode-se afirmar que essas
sociedades são sustentáveis, sendo a sustentabilidade associada a
baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas e respeito
pela conservação dos recursos naturais.

No entanto, para o autor, as populações e culturas tradicionais se


acham hoje transformadas e um dos processos que desorganizam
essas culturas reside na globalização ou uniformização cultural
produzida pelo capitalismo e pela sociedade de massas, pois as
culturas tradicionais não são estáticas e estão em constante
mudança, mesmo estando inseridas dentro da pequena produção
mercantil. Essa maior ou menor dependência do modo de produção
capitalista tem levado à maior ou menor desorganização das formas
pelas quais o pequeno produtor trata o mundo natural e a explorar
inadequadamente os recursos naturais.
Error! No text of specified style in document.GA101 101

No processo de evolução urbana e produção das moradias, a


integração ser humano/natureza, própria das populações
tradicionais na utilização de recursos e tecnologias de baixo
impacto ambiental, foi perdida ou transformada. Desta forma, as
comunidades continuam crescendo em sua dinâmica local e
ocupando o solo sem parâmetros.

Sumário
Vimos neste capítulo que o estabelecimento de uma área protegida
é frequente que surjam conflitos com as populações locais que
habitam o interior dos territórios classificados. Os principais
factores que estão na base destes problemas tendem a ser, por um
lado a limitação de acesso a recursos e, por outro, os prejuízos
causados pela fauna, e ainda outros o não beneficia das atividades
de turismo.

Exercícios
1. "Quando se estabelece uma área protegida é frequente que surjam
conflitos com as populações locais que habitam o interior dos
territórios classificados. Os principais factores que estão na base
destes problemas tendem a ser, por um lado a limitação de acesso a
recursos e, por outro, os prejuízos causados pela fauna". Comentem
esta a afirmação a luz dos conflitos de estabelecimento de Áreas
Protegidas e Populações Locais, e dando exemplo concretos a
realidade Moçambicana
2. Na tua opinião, qual seria a relação entre as Áreas Protegidas e
As Comunidades Locais.
3. "O facto de algumas etnias em Moçambique, que assumem
algumas espécies como animais sagrados, respeitarem esses
animais e consequentemente tolerarem os estragos por eles
provocados" Comentem esta afirmação, dando exemplos de
alguns animais considerados sagrados em certas etnias em
Moçambique.
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Unidade XIII
Acções e estratégias na gestão de
conflitos
Introdução
O estabelecimento de uma área a conservar junto as comunidades locais,
sempre geram conflito com a mesma comunidade, pós a conservar de
uma área, estabelece algumas restrições de uso de terra, de consumo de
bens florestais e faunístico. Por isso deve-se criar ações e estratégias na
gestão de conflitos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer acções e estratégias na gestão de conflitos, entre as


áreas protegidas e comunidades locais.

Objetivos

13.1 Estratégias na Gestão de Conflito eObjetivos de Maneio de


Áreas Protegidas

Cada área protegida deve ter objetivos claros e integrados no


panorama social,ambiental e económico da região ou país. Existem
contudo, 5 principais obstáculos queimpedem que as áreas
protegidas alcancem os seus objetivos:
 Conflitos com as comunidades locais: o estabelecimento
de áreas protegidasfrequentemente cria conflitos com as
comunidades locais pois quando uma áreaé protegida, o uso
dos recursos pelas comunidades vizinhas torna-se restrito,
aconservação de animais muitas vezes representa um perigo
para pessoas e/ou seus bens agropecuários (machambas e
gado) e em algumas ocasiões as comunidades são
reassentados. O custo da conservação é muito elevado para
as comunidadeslocais e os benefícios são escassos. As
Error! No text of specified style in document.GA101 103

comunidades reagem através do aumentoda exploração


ilegal de recursos (caça, pesca, etc), queimadas, roubo de
vedação,etc. Estes conflitos muitas vezes resultam em
fracasso das áreas protegidas.
 Financiamento inadequado: as instituições que tutelam as
áreas protegidas sãofrequentemente instáveis devido a
deficiências de orçamentos. Áreas protegidasdeveriam gerar
receitas pelo menos para o autossustento mas algumas não
têminfraestruturas mínimas ou a biodiversidade existente
não é suficientementeatrativa para o desenvolvimento do
turismo. Dependência de financiamentoexterno.
Adicionalmente, os benefícios económicos obtidos das
áreas protegidasmuitas vezes não são usados para
manutenção da área protegida ou para odesenvolvimento
das comunidades vizinhas.
 Maneio inadequado: muitas áreas protegidas são
insuficiente e inefectivamentegeridas, pois muitas precisam
de um maneio intensivo para satisfazer asnecessidades das
pessoas que dependem dos recursos naturais, para mitigar
osimpactos adversos das atividades de desenvolvimento nas
condições naturais daárea e para fazer frente às ameaças
que as áreas protegidas enfrentam, incluindoexploração
ilegal, queimadas, etc. Entretanto, as instituições deparam
com umadeficiência em qualidade e quantidade dos
recursos humanos.
 Apreciação limitada do potencial papel das áreas protegidas
no desenvolvimentosustentável: áreas protegidas são muitas
vezes consideradas apenas como áreasselvagens nas quais a
exploração dos recursos não é permitida e não como
umelemento com potencial para contribuir para o
desenvolvimento local e nacional,assim o apoio público é
reduzido.
 Distribuição biogeográfica inadequada: muitas áreas foram
designadas comobjetivos político-económicos muito acima
Error! No text of specified style in document.GA101 104

dos ecológicos e estão localizadasem regiões que não


contribuem para a representatividade da biodiversidade do
país.

Figura1. Diagrama representativo dos aspectos que, em equilíbrio,


permitem alcançar um desenvolvimento sustentável e evitando
conflito com a comunidade local.

13.2 Desenvolvimento sustentável como estratégia na gestão de


conflito e melhoria da qualidade de vida das Comunidades nas
áreas protegidas

Entende-se por desenvolvimento sustentável aquele que permite


satisfazer as necessidadesdas gerações presentes, sem comprometer
a capacidade das gerações futuras de satisfazeremtambém as suas
necessidades. Ao conceito de desenvolvimento sustentável
estãosubjacentes dois outros conceitos:
- A noção de “necessidades”, mais precisamente de necessidades
básicas dos mais pobres,a quem deverá dar-se prioridade;
- e a noção das “limitações técnicas, científicas e de organização
social” que impõem pressõessobre o ambiente, limitando a
capacidade de resposta do meio e a satisfação das necessidades
atuais e futuras.
Como se encontra ilustrado na figura seguinte, o desenvolvimento
sustentável encontrasse na confluência de três preocupações,
consideradas os três pilares do desenvolvimento sustentável, a
designar:
Error! No text of specified style in document.GA101 105

- Económico: as atividades empresariais são imprescindíveis,


devendo contribuir para o desenvolvimento económico da zona de
implantação da empresa de uma forma generalizada;
- Social: é fundamental que as atividades empresariais tenham um
impacto positivo emtermos sociais, seja nos seus colaboradores,
fornecedores, clientes, comunidades locais e sociedade em geral;
- Ambiental: é indispensável compatibilizar as
atividadeseconómicas com a conservaçãoda biodiversidade, a
utilização mínima e indispensável de recursos não-renováveis, a
reduçãomáxima dos resíduos, entre outros.
Para se implementar com sucesso um verdadeiro desenvolvimento
sustentável, deverãoser tidos em conta um conjunto de princípios,
nomeadamente:
Responsabilização
Aponta para a assunção pelos actores sociais das consequências,
para terceiros, da sua ação,direta ou indireta, sobre os recursos
naturais.
Prevenção
É quase sempre invariavelmente verdade que é mais barato
prevenir a degradação e poluição do que despoluir. Os tratamentos
de fim de linha da poluição já não são aceitáveis como uma solução
permanente. Frequentemente estes apenas transferem a poluição de
um meio para outro e são muitas vezes dispendiosos. Controlar a
poluição, utilizando um sistema regulamentado para abranger todos
os aspectos ambientais, é a melhor forma de resolver a questão.
Metodologias de monitorização devem ser integradas nas
atividades da comunidade local, de modo a identificar atividades
com impactes negativos na qualidade devida da comunidade.
Precaução
Onde se verifique a possibilidade de ocorrência de impactos
negativos muito significativosou significativos e irreversíveis, a
ausência de certeza científica não deve ser utilizada para justificar
adiamentos ou relegar para segundo plano medidas preventivas de
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degradação ambiental.Nestas situações deve ser aplicado o


princípio da precaução.
Cooperação
Determina a procura de soluções concertadas com outros atores
locais, nacionais ou internacionais para resolver problemas
ambientais e de gestão dos recursos naturais. A cooperaçãoentre
todas as partes interessadas no início do processo de planeamento e
implementação de políticas, planos e projetos, pode atenuar alguns
obstáculos.
Integridade ecológica
Sustentabilidade significa que não se podem aumentar as
necessidades humanas indefinidamente,mas de forma a assegurar o
desenvolvimento dentro dos limites da capacidade Figura 1.
Diagrama representativo dos aspectos que, em equilíbrio, permitem
alcançar um desenvolvimento sustentável.

Estratégias de Gestão de Conflitos em Áreas Protegidas

As políticas têm que ser formuladas de modo a assegurar uma


proteção adequada da biodiversidade e a manutenção dos principais
processos ecológicos e dos sistemas que suportam a vida.

Melhoria contínua
Determina a necessidade do desenvolvimento de políticas, planos e
projetos dinâmicose flexíveis, reconhecendo a necessidade de
adaptações e alterações em qualquer altura, seguindouma lógica de
progressão contínua rumo à sustentabilidade. A este princípio estão
associadosos conceitos de avaliação e monitorização constantes.

Equidade entra e intergerações


Determina a necessidade de assegurar a melhoria da qualidade de
vida da população emgeral, tanto nas gerações presentes como nas
futuras.
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Integração
Devem criar-se os meios adequados para assegurar a integração das
políticas de crescimentoseconómico, social e de conservação da
natureza, tendo como finalidade o desenvolvimentointegrado,
harmonioso e sustentável.

Democracia
A democracia pode ser exercida pelos cidadãos de várias formas,
desde o voto ao envolvimentoativo com toda a comunidade para
alcançar o consenso nas decisões. Realmente importante é que a
comunidade no seu todo participe na decisões, nomeadamente na
aplicaçãodos dinheiros públicos. A vontade da população tem que
ser reconhecida e as açõesa tomar têm que ser decididas em
conformidade com a mesma. O governo local existe paraservir a
comunidade a partir da qual foi eleito, e não para adoptar um papel
pseudo-paternalde peritos assumidos.

Subsidiariedade
Este princípio implica que as decisões devem ser tomadas o mais
próximo possível do cidadão. Implica que a execução das políticas,
planos e projetos tenham em consideração o nível mais adequado
de ação, seja ele de âmbito internacional, nacional, regional, local
ousectorial.

Envolvimento da comunidade e transparência


Reconhece que a sustentabilidade não pode ser alcançada, nem
pode haver um progressosignificativo nesse sentido, sem o suporte
e o envolvimento de toda a comunidade. Os diferentes grupos
sociais devem intervir na formulação e execução da política de
ambiente e ordenamento do território, através dos órgãos
competentes de administração central, regional e local e de outras
pessoas coletivas de direito público ou privado. O processo de
tomada de decisão deve ser claro, explicito e público. Para além
destes princípios, é muito importante que o processo de
implementação de um desenvolvimento sustentável tenha uma
abordagem dupla e conjunta a nível espacial e temporal.
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A nível espacial, uma vez que todos os habitantes do planeta têm o


mesmo direito de acesso aos recursos; a nível temporal, na medida
em que as populações atuais têm o direitode utilizar os recursos do
planeta mas têm também o dever de assegurar a sua perenidadepara
as gerações futuras.

Avaliar a eficácia da gestão


A implementação de qualquer plano deverá ser permanentemente
monitorizada e avaliada, com vista a saber em cada momento se os
objetivos pré-estabelecidos estão a ser alcançados.
Apenas desta forma será possível ajustar a gestão de uma área
protegida às necessidades reais e, consequentemente, assegurar que
a gestão está a ser eficaz. A avaliação da eficácia da gestão pode
ser efeituada a dois níveis: através do sucesso dos resultados de
conservação e verificando a implementação de medidas de gestão.
Por exemplo, fazendo um censo verificamos que a população de
uma determinada espécie animal existente num Parque duplicou no
último ano, o que nos permite concluir que as medidas de gestão
dirigidas para aquela espécie estão a ser eficazes.Um segundo
exemplo de avaliação, agora utilizando a implementação
quantificada de medidas de gestão. Um plano de gestão define a
necessidade de patrulhar uma área seis dias por mês; se chegarmos
ao fim do mês e a patrulha tiver sido efetuada apenas duas vezes,
concluímos que essa medida não está a ser devidamente aplicada.

Sumário
As estratégias para gestão de conflito em áreas protegidas, não são linear
para todas as áreas, pois entende-se cada área possui realidade diferente e
objetivo a conservar diferente. Os conflitos podem ser semelhante como
exemplo ocupação de espaços físicos, consumo de bens florestais e
faunístico, a necessidade de água, enfim, mas as estratégias são diferente.
O que foi apresentado neste capitula esta a luz de desenvolvimento
sustentável.
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Exercícios
1. Mencione e descreva resumidamente duas (2) estratégias na
Gestão de Conflito e Objetivos de Maneio de Áreas Protegidas.

2. Mencione e descreve resumidamente duas (2) medidas de


Desenvolvimento sustentável como estratégia na gestão de
conflito e melhoria da qualidade de vida das Comunidades nas
áreas protegidas

3. Como futuro Gestor Ambiental, quais seriam as ações e


estratégias tomadas por si para a gestão de conflitos em áreas
protegidas.

4. "…As populações e culturas tradicionais se acham hoje


transformadas e um dos processos que desorganizam essas
culturas reside na globalização ou uniformização cultural
produzida pelo capitalismo e pela sociedade de massas,
pois as culturas tradicionais não são estáticas e estão em
constante mudança, mesmo estando inseridas dentro da
pequena produção mercantil…"
- Comente esta afirmação a luz da estratégia para gestão de conflito
em ares protegidos.
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