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CURSO DE LICENCIATURA EM

ENSINO DE GEOGRAFIA

MANUAL DE HIDROLOGIA

ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 2022


CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO
DE GEOGRAFIA

MANUAL DE HIDROLOGIA

2º ANO

CÓDIGO

TOTAL HORAS/1º SEMESTRE 100

CRÉDITOS (SNATCA) 4

NÚMERO DE TEMAS 6
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade da Universidade Aberta ISCED, e contém todos os direitos. É


proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou
por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão
expressa de entidade editora (Universidade Aberta ISCED (UnISCED).

A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais


em vigor no País.

Universidade Aberta ISCED


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Rua Paiva Couceiro, Macuti
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839

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Website: www.isced.ac.mz

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Agradecimentos

A Universidade Aberta (UnISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Autor: Luís Deixa Joaquim – Mestrado em Ciências e Sistemas de Informação Geográfica,


pela Universidade Católica de Moçambique

Pela Coordenação
Vice-Reitor Académica do ISCED

Instituto Africano de Promoção da Educação a Distância

Pelo design (IAPED)

Financiamento e Logística

Pela Revisão Mário Silva Uacane


Ano de publicação
2018
Ano de actualização
2022

Local de Publicação Beira ISCED

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Índice

Visão geral 1

Benvindo à Disciplina/Módulo de Hidrografia ................................................................. 1


Objectivos do Módulo...................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 1
Como está estruturado este módulo ............................................................................... 2
Ícones de actividade ........................................................................................................ 3
Habilidades de estudo ..................................................................................................... 3
Precisa de apoio? ............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6
Avaliação .......................................................................................................................... 6

TEMA – I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HIDROGRAFIA 9

UNIDADE Temática 1.1. O conceito e perfil histórico da hidrografia ............................... 9


Introdução ....................................................................................................................... 9
Sumário .......................................................................................................................... 11
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 11
UNIDADE Temática 1.1. Objectos aquáticos e noção da hidrosfera ............................... 13
Introução ....................................................................................................................... 13
Sumário .......................................................................................................................... 16
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 16

TEMA – I: CARACTERÍSTICAS DAS ÁGUAS NATURAIS 17

UNIDADE Temática 2.1. Características Físicas das Águas: Cor, Turbidez, Sólidos,
Temperatura, Sabor e Odor. ........................................................................................... 17
Introdução ..................................................................................................................... 17
Sumário .......................................................................................................................... 30
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 30

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UNIDADE Temática.2.2: Características Químicas das Águas Naturais .......................... 33


Introdução ..................................................................................................................... 33
Sumário .......................................................................................................................... 42
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 42
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO DO TEMA 2 ................................................................. 45

TEMA – III: CICLO HIDROLÓGICO 47

UNIDADE Temática 3.1: Conceito do ciclo hidrológico e as suas diferentes fases ........ 47
Introdução ..................................................................................................................... 47
Sumário .......................................................................................................................... 50
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 51

TEMA IV: ÁGUAS SUPERFICIAIS 53

UNIDADE Temática 1.1.4.1. Hidrografia dos oceanos .................................................... 53


Introdução ..................................................................................................................... 53
Sumário .......................................................................................................................... 67
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 67
UNIDADE Temática. 4.2: Rios ......................................................................................... 69
Introdução ..................................................................................................................... 69
Sumário ......................................................................................................................... 79
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 80
UNIDADE Temática.4.3: Hidrografia dos Lagos e Pântanos ........................................... 82
Introdução ..................................................................................................................... 82
Sumário .......................................................................................................................... 89
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 89
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO DO TEMA 4 ................................................................. 91

TEMA V: ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E AQUÍFEROS. 92

UNIDADE Temática 5.1. Águas Subterrâneas ................................................................. 92

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Introdução ..................................................................................................................... 92
Sumário ......................................................................................................................... 99
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................................... 99
UNIDADE Temática.5.2. Aquíferos ............................................................................... 101

Introdução ................................................................................................................... 101


Sumário ........................................................................................................................ 111
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 112
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO DO TEMA V ............................................................... 113

TEMA VI: GLACIARES 115

UNIDADE Temática 6.1. Glaciares, sua formação, crescimento e destruição .............. 115
Introdução ................................................................................................................... 115
Sumário ........................................................................................................................ 131
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 131

TEMA VII: HIDROGRAMA 134

UNIDADE Temática 7.1. Hidrograma ............................................................................ 134


Introdução ................................................................................................................... 134
Sumário ........................................................................................................................ 139
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 139

TEMA VIII: RECURSOS HÍDRICOS 142

UNIDADE Temática 8.1: Recursos Hídricos, seus impactos e usos ............................... 142
Introdução ................................................................................................................... 142
Sumário ........................................................................................................................ 156
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 156

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Visão geral

Benvindo à Disciplina/Módulo de Hidrografia

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Hidrologia deverá ser capaz


de: conhecer a origem e ocorrência das águas superficiais,
subterrâneas e glaciares, identificar as características físicas e
químicas das águas naturais, conhecer o ciclo hidrológico e a sua

importância na manutenção da vida no planeta.


objetivos
Específicos

jec
Descrever os mecanismos de poluição dos
oceanos;
Caracterizar as águas subterrâneas;
Explicar o processo de contaminação das
águas subterrâneas;
Caracterizar os glaciares;
Descrever a importância dos glaciares na
manutenção do equilíbrio térmico.
▪ Sobre a circulação da água na natureza;
▪ Caracterizar os oceanos;
▪ Demonstrar a importância económica dos oceanos;

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de


licenciatura em Ensino de Geografia e Gestão Ambiental da
UnISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram
se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina,
esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever.
Mas poderá adquirir o manual.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Como está estruturado este módulo

Este módulo de Hidrografia, para estudantes do 2º ano do curso de


licenciatura em ensino de Geografia e Gestão Ambiental, à
semelhança dos restantes da UnISCED, está estruturado como se
segue:

Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.

▪ Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática, são incorporados antes o
sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os
exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características:
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e
actividades práticas algunas incluindo estudo de caso.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos da UnISCED, pensando em si,


num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal a UnISCED disponibiliza na biblioteca do seu
centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu
curso como: Livros e/ou módulos, CD, CDROOM, DVD. Para além
deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode
ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as
possibilidades dos seus estudos.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios
de auto-avaliação apresentam duas características: a) apresentam
exercícios resolvidos com detalhes; b) exercícios que mostram
apenas respostas.
As tarefas de avaliação são semelhantes às de auto-avaliação mas
sem mostrar os passos, devendo obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo
a serem entregues aos tutores/doceentes para efeitos de correcção
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem.

Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico
pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em de confiança,
classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar/aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,


procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação


crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as


de estudo de caso, se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si.

Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor


à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que durante o
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das
actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por


fim ao perceber que estuda tanto, mas não aprende, cai em
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que
está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,
SMS, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando
a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante
– CR, etc.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

As sessões presenciais são um momento em que você caro


estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central da UnISCED
indigetada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.

O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%


do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).
Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante da UnISCED).

1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas,
sem prévia autorização.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Avaliação

Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e concistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de
avaliação.
1.Avaliação formativa: Serão observados os trabalhos de campo
e as participações nos fóruns de discussões. Para cada actividade
a média pesa em 40% sobre a avaliação final.
2. Avaliação sumativa: Ao final do semestre haverá uma prova
presencial de avaliação e o valor da prova pesa 60% da pontuação
total. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 3 (três)
avaliações e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

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TEMA – I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA HIDROGRAFIA

UNIDADE Temática 1.1. O conceito e perfil histórico da hidrografia

Introdução

Caro estudante, nessa primeira unidade temática, terá como enfoque


principal, a definição do termo hidrografia, seu objecto de estudo. E também
poderá se apresentar o caminho percorrido pela hidrografia desde passado
até a actualidade.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Definir os conceitos “Hidrografia e Hidrologia”
▪ Identificar o objecto de estudo da Hidrografia
Objectivos ▪ Explicar o percurso histórico da Hidrografia
específicos

Desenvolvimento
De acordo com Húo (2009), o objecto de estudo da hidrografia é a Hidrosfera.
A hidrosfera corresponde a parte líquida da geosfera. Vemos então que os
fenómenos hidrográficos serão os correspondentes, tanto a águas
continentais superficiais ou subterrâneas, como as dos oceanos. Para Lagem
(1996), a Hidrografia divide-se em Hidrologia, o estudo das águas superficiais
e subterrâneas; e a Oceanografia, o estudo das águas dos mares e oceanos,
essas últimas constituem-se por si só um conhecimento específico. Alguns
autores colocam a Liminologia (águas lacustres) como uma subdivisão
especial da Hidrologia.

Assim sendo, Hidrologia é a ciência que estuda a ocorrência, distribuição e


movimentação da água no planeta Terra. A definição actual deve ser ampliada
para incluir aspectos de qualidade da água, ecologia, poluição e
descontaminação

“Os mais antigos trabalhos de drenagem e irrigação em larga escala são


atribuídos ao Faraó Menés, fundador da primeira dinastia egípcia, que barrou
o rio Nilo próximo a Mênphis, com uma barragem de 15m e extensão de
aproximadamente 500 metros, para alimentar o canal de irrigação.

Também no Egipto encontram-se os primeiros registos sistemáticos de níveis


de enchentes. Estes registos datam de 3.500 a.C. e indicavam aos agricultores
a época oportuna de romper os diques para inundar e fertilizar as terras
agricultáveis. Nota-se que, aos egípcios, pouco importavam o estudo da
Hidrologia como ciência, mas sim a sua utilização.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Muitos conceitos erróneos e falhas de compreensão atravessaram o


desenvolvimento da engenharia no seu sentido actual.

Os gregos foram os primeiros filósofos que estudaram seriamente a


Hidrologia, com Aristóteles sugerindo que os rios eram alimentados pelas
chuvas. Sua maior dificuldade era explicar a origem da água subterrânea.
Somente na época de Leonardo da Vinci (por volta de 1.500 d.C.) a ideia da
alimentação dos rios pela precipitação começou a ser aceite. No entanto, foi
apenas no ano de 1694 que Perrault, através de medidas pluviométricas na
bacia do rio Sena, demonstrou, quantitativamente, que o volume precipitado
ao longo do ano era suficiente para manter o volume escoado.

O astrónomo inglês Halley, em 1693, provou que a evaporação da água do


mar era suficiente para responder por todas as nascentes e fluxos de água.
Mariotte, em 1686, mediu a velocidade do rio Sena. Estes primeiros
conhecimentos de Hidrologia permitiram inúmeros avanços no Século XVIII,
incluindo o teorema de Bernoulli, o Tubo Pitot e a Fórmula de Chèzy, que
formam a base da Hidráulica e da Mecânica dos Fluidos.

Durante o Século XIX, foram feitos significantes avanços na teoria da água


subterrânea, incluindo a Lei de Darcy. No que se refere à Hidrologia de águas
superficiais, muitas fórmulas e instrumentos de medição foram criados.

Chow (1954) chamou o período compreendido entre 1900 e 1930 como o


Período do Empirismo. O período de 1930 a 1950 seria o Período da
Racionalização. Datam desta época o Hidrograma Unitário de Sherman (1932)
e a Teoria da Infiltração de Horton (1933). Entre 1940 a 1950 foram feitos
significantes avanços no entendimento do processo de evaporação.

Em 1958, Gumbel lança as bases da moderna hidrologia estocástica. A partir


da década de 70, a Hidrologia passa a contar com os avanços computacionais,
o que levaram ao desenvolvimento de muitos
modelos de simulação” (Húo:2009)

Sumário

A Hidrografia trata das águas continentais superficiais ou subterrâneas,


como as dos oceanos, sua ocorrência em diversos estados (sólido,
líquido e gasoso), sua distribuição ao longo do planeta terra.

A Hidrologia é a ciência que estuda a ocorrência, distribuição e


movimentação da água no planeta Terra. A definição actual deve ser
ampliada para incluir aspectos de qualidade da água, ecologia,
poluição e descontaminação.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

O objecto de estudo da hidrografia é a água da Terra, abrange por


isso Oceanos, Mares, gelo, água do subsolo, lagos, água da atmosfera
e rios

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Qual é o objecto de estudo da hidrogafia


a) Oceanografia;
b) Hidrologia;
c) Liminologia;
d) águas continentais superficiais;
e) água da Terra, abrangendo oceanos, mares, geleiras, água do subsolo, lagos, água
da atmosfera e rios

2. A ciência que se dedica ao estudo dos lagos chama se


a) Oceanografia;
b) Hidrologia;
c)Liminologia;
d) águas continentais superficiais

3. A Oceanografia, trata de:


a) Águas superficiais continentais;
b) águas lacustres;
c)águas oceânicas;
d) águas dos oceanos e mares

4. Em 1958, são lançadas as bases da moderna hidrologia estocástica, pelo


a) Halley;
b) Leonardo da Vinci;
c) Mariotte;
d) Gumbel

5. O astrónomo que em 1693, provou que a evaporação da água do mar era


suficiente para responder por todas as nascentes e fluxos de água, foi
a) Halley;
b) Leonardo da Vinci;
c) Mariotte;
d) Gumbel

6. Em 1686, foi medida a velocidade do rio Sena pelo


a) Halley;
b) Leonardo da Vinci;
c) Mariotte;
d) Gumbel

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

7. Somente na época de (----------), por volta de 1.500 d.C., a ideia da alimentação


dos rios pela precipitação começou a ser aceite. Preencha o espaço vazio, entre
parenteses, com a expressão mais certa das indicadas abaixo
a) Halley;
b) Leonardo da Vinci;
c) Mariotte;
d) Gumbel

Respostas: 1e); 2c); 3d); 4d); 5a); 6c);7b)

Exercícios

1. Defina o conceito Hidrografia


2. Qual é objecto de Estudo da Hidrografia
3. Qual é subdivisão da Hidrografia
4. Que relação existe entre a Hidrogafia e a Hidrologia
5. Quais são os momentos mais marcantes no percurso histórico da
Hidrografia

UNIDADE Temática 1.1. Objectos aquáticos e noção da hidrosfera

Introdução

Caro estudante, esta unidade temática tratará de objectos aquáticos e


a sua ligação com a hidrosfera. E também serão discutidas as várias
hipóteses e teorias que sustentam ou explicam o surgimento da
hidrosfera.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Identificar os objectos aquáticos;


▪ Diferenciar os objectos aquáticos;
Objectivos ▪ Interpretar as leis que sustentam o surgimento da Hidrosfera
específicos

Desenvolvimento
O recurso aquático predominante na hidrosfera é o oceano se seguindo
restantes ambientes aquáticos, como rios, lagos, lagoas e mares e todas
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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

as águas subterrâneas, bem como as águas marinhas, águas glaciais e


lençóis de gelo, vapor de água.

É pertinente que ao falarmos da hidrosfera nos restringíssemos em


primeira mão sobre as teorias que explicam a sua origem.

O surgimento da Hidrosfera é discutível. Existem várias hipóteses e


teorias, de acordo com Húo (2009), que explicam este acontecimento e
todas elas estão em conexão com a origem da Terra. A primeira teoria
de E. Zuss, a evaporação do magma, defende que a hidrosfera resultou
das emanações do magma em fusão, no processo do vulcanismo, tendo
alimentado a atmosfera em vapor de água, gases e poeiras.

As poeiras teriam contribuído para a formação de núcleos de


condensação e consolidado a crusta terrestre, o que poderia ter
facilitado a consolidação e a retenção da água; a segunda foi defendida
por Vinogradov por volta do ano 1959, onde segundo o autor, a
hidrosfera terá resultado da actividade vulcânica através do qual foi
emitido o magma e as substâncias voláteis e infusíveis como amoníaco,
cloro, oxigénio, hidrogénio, dióxido de carbono que ter-seiam
deslocado por convecções à superfície da Terra, local pelo qual
processou-se a refrigeração e cristalização da massa fundida.

A água ter-se-ia sintetizado a partir do oxigénio e hidrogénio que se


deslocavam à atmosfera em forma de vapor de água.

Tendo o vapor de água se refrescado e condensado à elevadas altitudes


da atmosfera, as gotas de água submetidas à força de gravidade, caiam
em direcção à superfície da Terra que de novo evaporavam-se,
elevando-se às camadas superiores da atmosfera para transmitir o calor
terrestre ao espaço cósmico frio. Como resultado deste mecanismo de
troca de energia entre os espaços cósmico frio e terrestre quente, as
primeiras gotas de chuva teriam atingido a superfície da Terra; e
finalmente tem – se a teoria catastrófica que defende que a hidrosfera
ter-se-ia formado a partir dos fragmentos resultantes da colisão de duas
estrelas.

Os fragmentos dispersos pelo universo foram colidindo durante longo


período de tempo. A Terra foi recebendo os meteoritos e planetóides
que nela colidia devido a sua maior força de atracção. Estes meteoritos
continham muita água.

Os meteoritos incandescentes ao colidirem com a Terra, tornaram-se


num oceano de magma. A contínua queda dos meteoritos sobre o
oceano de magma, fez com que os materiais mais pesados (ferrosos) se
afundassem e o vapor de água contido neles se evaporasse para alta
atmosfera, tendo-se condensado e criado aí nuvens espessas.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia
À
medida que a queda dos planetóides foi diminuindo, a temperatura do
oceano do magma foi baixando e consequentemente a temperatura do
ar, o que condicionou a descida das espessas nuvens que provocaram
chuvas intensas que reduziram cada vez mais a temperatura da terra, o
que favoreceu a que a água da chuva atingisse a superfície da Terra e,
assim, se formasse a Hidrosfera.

Actualmente, tem lugar a transferência de água a partir das rochas em


fusão, do manto para os oceanos – água juvenil (que se origina nas altas
profundidades e supõe-se estar relacionada com a actividade
magmática). Contudo, este acréscimo é compensado pelo equilíbrio
mantido através da perda de uma parte de água sob efeito do
bombardeamento de raios solares sobre as gotas de água (vapor de
água) o que concorre para que uma parte de hidrogénio liberto escape
do efeito gravitacional para o espaço cósmico.

A hidrosfera será neste caso a esfera que compõe todas as águas do


planeta, as quais formam uma camada descontínua sobre a superfície
da Terra.

O termo hidrosfera vem do grego: hidro + esfera = esfera da água a qual


corresponde a 71% de toda a superfície terrestre. Esta esfera
compreende todos os rios, lagos, lagoas, as águas subterrâneas e as
águas glaciais, bem como as águas marinhas onde esta última perfaz
cerca de 97%, ocupando o maior espaço.

Para cada um dos componentes da hidrosfera podemos encontrar


algumas ciências específicas que se dedicam ao estudo de cada uma
delas, nomeadamente, a oceanografia, estuda os oceanos e mares no
que respeita as suas propriedades físicas e químicas, bacias oceânicas
entre outros aspectos; a potamologia, estuda o comportamento dos
cursos de água, tanto superficiais como subterrâneas (rios e águas
subterrâneas), a sua localização e

utilização relacionado com o resto dos fenómenos físico – geográficos


em especial com os climatológicos, geomorfológicos, pedológicos,
entre outros; e a limnologia, estuda os lagos e pântanos.

Sumário

O recurso aquático predominante na hidrosfera é o oceano se seguindo


restantes ambientes aquáticos, como rios, lagos, lagoas e mares e todas
as águas subterrâneas, águas glaciais e lençóis de gelo, vapor de água.
O estudo de cada um dos recursos aquáticos possui um nome
específico, como por exemplo a oceanografia que se dedica ao estudo
de oceanos e mares.

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1.A Hidrosfera teria se formado a partir dos fragmentos resultantes da


colisão de duas estrelas. Esta teoria é pertencente:
a) Zuss;
b) Vinogradov;
c) teoria catastrófica;
d)Davis

2. A Hidrosfera resultou das emanações do magma em fusão, no


processo do vulcanismo, tendo alimentado a atmosfera em
vapor de água, gases e poeiras. Esta constitui teoria de:
a) Zuss;
b) Vinogradov;
c) teoria catastrófica;
d) Davis

3. A Hidrosfera terá resultado da actividade vulcânica através do qual foi


emitido o magma e as substâncias voláteis e infusíveis como amoníaco,
cloro, oxigénio, hidrogénio, dióxido de carbono que se teria deslocado
por convecções à superfície da Terra, local pelo qual processou-se a
refrigeração e cristalização da massa fundida. Essa é a teoria de
a) Zuss;
b) Vinogradov;
c) teoria catastrófica;
d) Davis

4. Constituem objectos aquáticos


a) Rios, lagoas, oceanos, potamologia.
B) Oceanografia, potamologia, limnologia;
c) rios, lagoas, oceanos
d) Oceanografia, limnologia, potamologia

5. Constituem ciências que estudam os oceanos e mares, rios e águas


subterrâneas, lagos e pântanos, respetivamente
a) Rios, lagoas, oceanos, potamologia.
b) Oceanografia, potamologia, limnologia
c) Rios, lagoas, oceanos
d) Oceanografia, limnologia, potamologia

Respostas: 1c); 2a);3b);4c);5b

Exercícios
1.De acordo com Vinogradov, como surgiu a Hidrosfera?
2. Qual o recurso aquático mais predominante na hidrosfera
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3. Como se chama a ciência que se dedica ao estudo do recurso aquático


mais predominante na hidrosfera?
4. Faz a subdivisão da hidrosfera
5. Mencione pelo menos quatro recursos aquáticos por si estudados.

TEMA – II: CARACTERÍSTICAS DAS ÁGUAS NATURAIS

UNIDADE Temática 2.1. Características Físicas das Águas: Cor, Turbidez, Sólidos, Temperatura,
Sabor e Odor.

Introdução

Esta unidade temática irá explicar com mais detalhe cada característica
física das águas naturais, isto é, a cor, turbidez, sólidos, temperatura,
sabor e odor.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Identificar as características físicas das águas naturais;


Objectivos ▪ Diferenciar as características físicas das águas naturais;
específicos ▪ Esclarecer a importância do estudo das características físicas das águas naturais.

Desenvolvimento

2. 1.1. Cor das Águas

Definição
A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de
intensidade que a luz sofre ao atravessá-la (e esta redução dá-se por
absorção de parte da radiação eletromagnética), devido à presença de
sólidos dissolvidos, principalmente material em estado coloidal
orgânico e inorgânico.

Dentre os colóides orgânicos pode-se mencionar os ácidos húmicos e


fúlvico, substâncias naturais resultantes da decomposição parcial de
compostos orgânicos presentes em folhas, dentre outros substratos.
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Também os esgotos sanitários se caracterizam por apresentarem


predominantemente matéria em estado coloidal, além de diversos
efluentes industriais contendo taninos (efluentes de curtumes, por
exemplo), anilinas (efluentes de indústrias têxteis, indústrias de
pigmentos, etc), lignina e celulose (efluentes de indústrias de celulose e
papel, da madeira, etc.).

Há também compostos inorgânicos capazes de possuir as propriedades


e provocar os efeitos de matéria em estado coloidal. Os principais são
os óxidos de ferro e manganês, que são abundantes em diversos tipos
de solo. Alguns outros metais presentes em efluentes industriais
conferem-lhes cor mas, em geral, íons dissolvidos pouco ou quase nada
interferem na passagem da luz. (Piveli:2004)

Importância nos estudos de controlo de qualidade de águas

Com relação ao abastecimento público de água, a cor, embora seja um


atributo estético da água, não se relacionando necessariamente com
problemas de contaminação, é padrão de potabilidade (valor máximo
permissível 5 uHazen pela portaria n° 36, de 1990, do Ministério da
Saúde de Brasil). A presença de cor provoca repulsa psicológica pelo
consumidor, pela associação com a descarga de esgotos.

Também a Resolução n° 20 do Conselho Nacional de Meio Ambiente –


CONAMA, do mesmo país, que dispõe sobre os níveis de qualidade das
águas naturais do território brasileiro, inclui a cor como parâmetro de
classificação. Esta limitação é importante, pois nas águas naturais
associa-se a problemas de estética, às dificuldades na penetração da luz
e à presença de compostos recalcitrantes (não biodegradáveis, isto é,
de taxas de decomposição muito baixas) que em geral são tóxicos aos
organismos aquáticos.

Embora existam técnicas mais específicas para a identificação de


substâncias tóxicas na água, a presença de cor verdadeira na água pode
ser indicadora dessa possibilidade.

No entanto, a não inclusão como padrão de emissão (artigo n° 21 da


resolução n° 20 do CONAMA/Brasil) permite que determinadas
indústrias contem com as diluições sofridas no corpo receptor e não
necessitem de tratamento adicional específico para a remoção da cor
residual de efluentes tratados por processos biológicos, por exemplo.

O tratamento físico-químico em nível terciário, à base do emprego de


coagulantes, apresenta custo elevado devido ao grande consumo do
produto e à grande produção de lodo a ser desidratado e disposto em
aterro.
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No controle da qualidade das águas nas estações de tratamento, a cor


é um parâmetro fundamental, não só por tratar-se de padrão de
potabilidade como também por ser parâmetro operacional de controlo
da qualidade da água bruta, da água decantada e da água filtrada,
servindo como base para a determinação das dosagens de produtos
químicos a serem adicionados, dos graus de mistura, dos tempos de
contacto e de sedimentação das partículas floculadas.

Por serem parâmetros de rápida determinação, a cor e a turbidez são


muito úteis nos ensaios de floculação das águas e nos ensaios de
sedimentação em colunas e de filtração em leitos granulares.

Para os problemas de lançamento de efluentes industriais, deverá ser


levada em consideração a necessidade de atendimento aos padrões
de cor do corpo receptor. (Piveli:2004)

Determinação da cor
A cor das águas tem sido historicamente medida através de comparação
visual, empregando-se soluções padrão de cor e fonte de luz.

Para estudos envolvendo necessidades de medidas com maior grau de


precisão, o método de determinação da cor por espectrofotometria é
recomendado. Para os controles rotineiros de estações de tratamento
de água e em estudos limnológicos, o uso do comparador visual é
bastante razoável.

Neste, a amostra é disposta em um tubo de Nessler enquanto no outro


adiciona-se água destilada. Ligando-se a lâmpada do aparelho, vai-se
observar uma mancha escura no campo referente à amostra, devida à
absorção de parte da radiação luminosa, enquanto no campo da água
destilada a imagem é bastante clara.

Em seguida, deverá ser pesquisada no disco de cor qual a posição que


leva à coincidência entre as manchas. O disco de cor contém uma
solução sólida de cloroplatinato de potássio (K2PtCl6) em cloreto de
cobalto (CoCl2), daí o nome de método platina-cobalto. Esta solução
tem uma tonalidade esverdeada, tal como as águas do rio europeu que
era estudado quando o parâmetro foi introduzido. Assim, uma água
com cor 5, apresentará sombreamento semelhante ao produzido pela
água destilada quando se posiciona sobre ela o disco na posição 5, que
contém a solução com 5 mg/L de platina.

Quando os valores da cor são muito elevados, como é o caso de


efluentes industriais, devem ser preparadas diluições prévias da
amostra até reduzir a cor abaixo do alcance do disco; mas, para este
caso, o método espectrofotométrico é mais recomendado.

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Deve ser observado que este método de comparação visual é de certa


forma subjectivo, dependendo da sensibilidade do operador. Além
disso, as diversas águas apresentam colorações muito diferentes da
solução de cloroplatinato, dificultando a comparação.

Quanto ao resultado da cor, cinco unidades de cor ou 5 UC representa o


mesmo que 5 mg/L Pt, ou 5 uHazen.

É importante fornecer o pH da amostra quando se utiliza este método


para a avaliação da cor de águas naturais, não sendo apropriado para
águas contaminadas por resíduos industriais.

A cor pode ser determinada por espectrofotometria visível, quando esta


propriedade é expressa pelo comprimento de onda (λ) dominante na
transmissão da luz em um equipamento apropriado a tais medidas
(espectrofotômetro). Dessa forma, cobre se todo o espectro luminoso
e não apenas tons amarelos e marrons.

Águas naturais possuem intensidade de cor que varia entre 0 e 200


unidades pois, acima disso, já seriam águas de brejo e pântano com
elevada concentração de matéria orgânica dissolvida. Coloração abaixo
de 10 unidades quase não é perceptível. No Brasil, aceita-se para água
bruta, isto é, antes do seu tratamento e distribuição em sistemas
urbanos, valores de até 75 unidades de cor (Resolução
CONAMA nº 20, de 18/06/86). (idem)

Cor real e cor aparente

Na determinação da cor, a turbidez da amostra causa interferência,


absorvendo também parte da radiação eletromagnética. Esta coloração
é dita aparente pois é como o ser humano a vê, mas é, na verdade, em
parte resultado da reflexão e dispersão da luz nas partículas em
suspensão.

A diferenciação entre a cor verdadeira e a cor aparente, que é


incrementada pela turbidez, é dada pelo tamanho das partículas, isto é,
pode ser generalizado que partículas com diâmetro superior a 1,2 μm
causam turbidez, já que partículas coloidais e dissolvidas causam cor.
Para a obtenção da cor real ou verdadeira há a necessidade de se
eliminar previamente a turbidez através de centrifugação, filtração ou
sedimentação.

A centrifugação é o método mais aconselhável porque na filtração


ocorre absorção de cor da amostra no papel de filtro e, na
sedimentação, existem sólidos em suspensão que se sedimentam
muito lentamente e não são removidos. (Piveli:2004)
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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Remoção de cor
Os métodos tradicionais de remoção de cor de águas para
abastecimento público e residuárias industriais são à base de
coagulação e floculação. Os tipos e as dosagens de coagulantes, bem
como os efeitos dos auxiliares de floculação (polieletrólitos), variam de
acordo com as características das águas.

No tratamento de águas para abastecimento, as dificuldades na


floculação ocorrem quando a água apresenta cor elevada e turbidez
baixa. Neste caso, a falta de partículas maiores que possibilitem a
ocorrência de nucleação, torna-os pequenos e de baixa velocidade de
sedimentação. Isto tem sido motivo frequente do uso da pré-cloração
das águas para abastecimento público, isto é, a aplicação de cloro na
etapa de coagulação e floculação para a oxidação de compostos
coloidais e consequente melhora na floculação.

Devido à possibilidade de formação de trihalometanos (THMs) durante


este processo, outros processos oxidativos têm sido estudados, como
por exemplo o emprego da ozonização da água. Neste caso, a formação
de aldeídos é que pode ser problemática.

Os THMs são compostos orgânicos halogenados, neste caso clorados,


associados ao sério problema de saúde pública que é o
desenvolvimento do câncer no organismo humano. Estudos de
remoção de cor à base de outros agentes oxidantes ou através de
radiações, também têm sido desenvolvidos. (Piveli:2004)

2.1.2. Turbidez das águas


Definição
Turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de intensidade
que um feixe de luz sofre ao atravessá-la (e esta redução se dá por
absorção e espalhamento, uma vez que as partículas que provocam
turbidez nas águas são maiores que o comprimento de onda da luz
branca), devido à presença de sólidos em suspensão, tais como
partículas inorgânicas (areia, silte, argila) e de detritos orgânicos, algas
e bactérias, plâncton em geral, etc..

A erosão das margens dos rios em estações chuvosas é um exemplo de


fenómeno que resulta em aumento da turbidez das águas e que exige
manobras operacionais, como alterações nas dosagens de coagulantes
e auxiliares, nas estações de tratamento de águas.

A erosão pode decorrer do mau uso do solo, em que se impede a fixação


da vegetação. Este exemplo mostra também o carácter sistémico da
poluição, ocorrendo interrelações ou transferência de problemas de um
ambiente (água, ar ou solo) para outro.
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Os esgotos sanitários e diversos efluentes industriais também provocam


elevações na turbidez das águas. Um exemplo típico deste facto ocorre em
consequência das actividades de mineração, onde os aumentos excessivos
de turbidez têm provocado formação de grandes bancos de lodo em rios e
alterações no ecossistema aquático. (ENI: 2015)

Importância nos estudos de controlo de qualidade das águas A turbidez


também é um parâmetro que indica a qualidade estética das águas para
abastecimento público. O padrão de potabilidade (portaria n° 36 de
Janeiro de 1990) é de 1,0 UNT.

Nas estações de tratamento de água, a turbidez, conjuntamente com a


cor, é um parâmetro operacional de extrema importância para o
controle dos processos de coagulação-floculação, sedimentação e
filtração.

Há uma preocupação adicional que se refere à presença de turbidez nas


águas submetidas à desinfecção pelo cloro. Estas partículas grandes
podem abrigar microrganismos, protegendo-os contra a acção deste
agente desinfetante. Daí a importância das fases iniciais do tratamento
para que a qualidade biológica da água a ser distribuída possa ser
garantida. E é por isso também que a cloração de esgotos sanitários tem
seus efeitos limitados.

Nas águas naturais, a presença da turbidez provoca a redução de


intensidade dos raios luminosos que penetram no corpo da água,
influindo decisivamente nas características do ecossistema presente.
Quando sedimentadas, estas partículas formam bancos de lodo onde a
digestão anaeróbia leva à formação de gases metano e gás carbónico,
principalmente, além de nitrogénio gasoso e do gás sulfídrico, que é
malcheiroso.

O movimento ascencional das bolhas de gás ocasiona o arraste de


partículas orgânicas não totalmente degradadas, aumentando a
demanda de oxigénio na massa líquida (demanda bentônica).

Nos problemas relativos às águas residuárias, os parâmetros cor e


turbidez não são normalmente utilizados, dando-se preferência às
medidas directas dos valores de sólidos em suspensão e sólidos
dissolvidos. Este fato é possível porque as faixas de concentração de
sólidos são elevadas, permitindo obter uma precisão significativa na
análise gravimétrica. Em águas de abastecimento, por outro lado, o uso
da turbidez é muito mais expressivo do que a concentração de sólidos
em suspensão medida directamente.

Embora não seja muito frequente o emprego da turbidez na


caracterização de esgotos, é comum dizer-se, por exemplo, que uma
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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

água residuária tratada por processo anaeróbio apresenta turbidez


mais elevada do que se o fosse por processo aeróbio, devido
principalmente ao arraste de sólidos provocado pela subida das bolhas
de gases resultantes da fermentação. Também para os processos
aeróbios, um aumento na turbidez do esgoto tratado é indicativo de
problemas no reactor biológico onde ocorre a floculação. (Piveli:2004).

Determinação da turbidez

A determinação da turbidez em águas iniciou-se com o turbidímetro de


vela de Jackson. Este turbidímetro é constituído de um tubo de vidro
graduado sob o qual se posiciona uma vela acesa.

À medida que se adiciona amostra ao tubo e se observa pela outra


extremidade em relação à vela, a chama reduz de intensidade
progressivamente até desaparacer por completo, quando deverá ser
efectuada a leitura na escala. Este método obedece ao princípio da
“turbidimetria”, ou seja, a fonte de luz e o observador encontram-se em
posições opostas (ângulo de 180°) e os resultados são expressos em UJT
(Unidade Jackson de Turbidez).

Este método, no entanto, apresenta a limitação de não determinar valores


baixos de turbidez (abaixo de 25 UNT), como é o caso da água tratada,
porque partículas muito pequenas não dispersam a luz na faixa amarelo-
vermelho do espectro electromagnético, que corresponde
à chama da vela.

Assim, foi necessário desenvolver outros métodos, que são chamados


de nefelométricos, mais sensíveis, que consistem em um equipamento
dotado com uma fonte de luz (filamento de tungsténio), que incide na
amostra, e um detector fotoeléctrico capaz de medir a luz que é
dispersa em um ângulo de 90o em relação à luz incidente. A turbidez
assim medida é fornecida em unidades nefelométricas de turbidez
(UNT), comparável à UJT.

Antes da determinação do valor da turbidez da amostra, a escala


apropriada deverá ser escolhida e calibrada. Para esta calibração, são
utilizadas suspensões-padrão de formazina (contém sulfato de hidrazina e
hexametilenotetramina) ou de sílica.

Desta forma, os resultados de turbidez podem também ser expressos


em termos de mg/L de formazina ou sílica, dependendo do padrão
utilizado na calibração. Os resultados expressos desta forma são
equivalentes àqueles representados por UNT. (Piveli:2004)

Remoção da turbidez

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As partículas que provocam turbidez nas águas são as mais fáceis de


serem separadas, por tratar-se de sólidos em suspensão sobre os quais,
devido às baixas relações área superficial/volume apresentadas, ocorre
a predominância de fenómenos gravitacionais.

Assim, a turbidez pode ser removida através de sedimentação simples,


utilizando-se decantadores, sendo também possível e interessante em
alguns casos o emprego da flotação por ar dissolvido. A filtração pode
ser entendida como um processo complementar aos anteriores, ou ser
empregada directamente em casos de águas de baixa cor e turbidez.

Nos projectos dos decantadores, um dos parâmetros mais importantes


a ser definido é a taxa de escoamento superficial (vazão aplicada por
área em planta do decantador). Para esta finalidade, são conduzidos
ensaios em colunas de sedimentação, onde o principal parâmetro de
controlo é a turbidez remanescente (residual) em função do tempo.
(Piveli:2004)

2.1.3. Sólidos em águas


Em saneamento, sólidos nas águas correspondem a toda matéria que
permanece como resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da
amostra a uma temperatura pré-estabelecida durante um tempo
fixado. Em linhas gerais, as operações de secagem, calcinação e filtração
são as que definem as diversas fracções de sólidos presentes na água
(sólidos totais, em suspensão, dissolvidos, fixos e voláteis).

Os métodos empregados para a determinação de sólidos são


gravimétricos (utilizando-se balança analítica ou de precisão), com
excepção dos sólidos sedimentáveis, cujo método mais comum é o
volumétrico (uso do cone Imhoff). (Piveli:2004)

Importância nos estudos de controlo de qualidade das águas


Nos estudos de controlo de poluição das águas naturais e
principalmente nos estudos de caracterização de esgotos sanitários e
de efluentes industriais, as determinações dos níveis de concentração
das diversas fracções de sólidos resultam em um quadro geral da
distribuição das partículas com relação ao tamanho (sólidos em
suspensão e dissolvidos) e com relação à natureza (fixos ou minerais e
voláteis ou orgânicos). Este quadro não é definitivo para se entender o
comportamento da água em questão, mas constitui-se em uma
informação preliminar importante.

Deve ser destacado que, embora a concentração de sólidos voláteis seja


associada à presença de compostos orgânicos na água, não propicia
qualquer informação sobre a natureza específica das diferentes
moléculas orgânicas eventualmente presentes que, inclusive, iniciam o
processo de volatilização em temperaturas diferentes, sendo a faixa
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compreendida entre 550-600°C uma faixa de referência. Alguns


compostos orgânicos volatilizam-se a partir de 250°C, enquanto que
outros exigem, por exemplo, temperaturas superiores a 1000°C.

No controle operacional de sistemas de tratamento de esgotos,


algumas fracções de sólidos assumem grande importância. Em
processos biológicos aeróbios, como os sistemas de lodos activados e
de lagoas aeradas mecanicamente, bem como em processos
anaeróbios, as concentrações de sólidos em suspensão voláteis nos
lodos dos reactores têm sido utilizadas para se estimar a concentração
de microrganismos decompositores da matéria orgânica, isto porque as
células vivas são, em última análise, compostos orgânicos e estão
presentes formando flocos em grandes quantidades relativamente à
matéria orgânica “morta” nos tanques de tratamento biológico de
esgotos.

Embora não representem exactamente a fracção activa da biomassa


presente, os sólidos voláteis têm sido utilizados de forma a atender as
necessidades práticas do controle de rotina. Imagine-se as dificuldades
que se teria, se fosse utilizada, por exemplo, a concentração de DNA
para a identificação da biomassa activa nos reactores biológicos!
Algumas fracções de sólidos podem ser inter-relacionadas, produzindo
informações importantes.

É o caso da relação SSV/SST que representa o grau de mineralização de


lodos. Por exemplo, determinado lodo biológico pode ter relação
SSV/SST = 0,8 e, depois de sofrer processo de digestão bioquímica, ter
esse valor reduzido abaixo de 0,4.

Os níveis de concentração de sólidos sedimentáveis e de sólidos em


suspensão são relacionadas entre si, constituindo-se em outro
parâmetro prático de grande importância no controle operacional dos
sistemas de tratamento biológico de esgotos, conhecido por índice
volumétrico de lodo (IVL). O IVL representa o volume ocupado por
unidade de massa de lodo.

IVL (ml/g) = ((sólidos sedimentáveis (mlL) /sólidos em suspensão


(mg/L)) x1000

Os lodos que se apresentam em boas condições de sedimentabilidade


apresentam valores de IVL baixos. Por exemplo, os processos de lodos
activados convencionais apresentam IVL em torno de 100 quando em
boas condições de funcionamento, sendo este valor ainda menor
quando se utiliza oxigénio puro.

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Os processos com aeração prolongada apresentam valores de IVL


maiores, uma vez que a ocorrência em maior extensão de fase
endógena no sistema leva à formação de flocos menores e mais leves.

O nível de sólidos sedimentáveis nos efluentes finais descarregados pelas


indústrias é também extremamente importante por se tratar de Parâmetro
da legislação.

As concentrações de sólidos em suspensão são medidas importantes no


controle de decantadores e outras unidades de separação de sólidos.
Constituem parâmetro utilizado em análises de balanço de massa. Isto
vale também para águas de irrigação, uma vez que excesso de sólidos
dissolvidos pode levar a graves problemas de salinização do solo. A
presença de sólidos dissolvidos relaciona-se também com a
condutividade eléctrica da água.

Deve-se salientar que a determinação das fracções de sólidos é muito


mais recomendada para águas fortemente poluídas e esgotos do que
para águas limpas. Pouco são usadas nas estações de tratamento de
água para abastecimento público, excepto as mais modernas que
recuperam águas de lavagem de filtros e tratam e destinam
adequadamente os lodos separados nos decantadores.

Nas ETAs, parâmetros indirectos como a cor e a turbidez devem ser


preferivelmente usados, uma vez que a análise gravimétrica apresenta
baixa precisão para níveis reduzidos de sólidos, além do tempo
relativamente longo necessário para a execução da mesma.
(Piveli:2004)

Remoção de sólidos

Embora os sólidos, sob o ponto de vista de tamanho, sejam classificados


apenas em sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos, existem três
faixas de tamanho com comportamentos distintos sob o ponto de vista
do tratamento.

Os sólidos em suspensão (partículas com diâmetro médio superior a


1μ), são os mais fáceis de serem separados da água. Prevalecem sobre
eles fenómenos de massa (gravitacionais), e geralmente são removidos
por sedimentação simples.

Intermediariamente, os sólidos presentes no estado coloidal (diâmetro


médio na faixa 1mμ - 1μ), já são suficientemente pequenos de forma a
apresentar relações área superficial/volume que os tornam estáveis na água
devido aos campos eletrostáticos desenvolvidos.

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Desta forma, são removíveis por sedimentação, desde que precedida


de processo de coagulação e floculação. Os flocos que apresentam
baixas velocidades de sedimentação nos decantadores podem ser
separados em filtros de areia ou filtros de camada dupla de areia e
carvão antracito.

A dificuldade maior sob o ponto de vista de tratamento consiste na


separação de moléculas muito pequenas e íons dissolvidos na água. Nestes
casos, apenas processos especiais de tratamento apresentam boa
capacidade de remoção. Dentre estes processos, destacam-se aqueles que
têm como princípio os fenómenos de adsorção, troca iônica, precipitação
química e osmose reversa.

Nas estações de tratamento de esgotos sanitários e de efluentes


industriais predominantemente orgânicos, ocorrem reduções nas
concentrações de sólidos voláteis dos despejos que são tratados por
processos biológicos. (Piveli:2004)

2.1.4. Temperatura
A temperatura é uma condição ambiental muito importante em
diversos estudos relacionados ao monitoramento da qualidade de
águas. Sob o aspecto referente à biota aquática, a maior parte dos
organismos possui faixas de temperatura "óptimas" para a sua
reprodução.

Por um lado, o aumento da temperatura provoca o aumento da


velocidade das reacções, em particular as de natureza bioquímica de
decomposição de compostos orgânicos.

Por outro lado, diminui a solubilidade de gases dissolvidos na água, em


particular o oxigénio, base para a decomposição aeróbia.

Esses dois factores se superpõem, fazendo com que nos meses quentes
de verão os níveis de oxigénio dissolvido nas águas poluídas sejam
mínimos, frequentemente provocando mortandade de peixes e, em
casos extremos, exalação de maus odores devido ao esgotamento total
do oxigénio e consequente decomposição anaeróbia dos compostos
orgânicos sulfatados, produzindo o gás sulfídrico, H2S.

Desta forma, a definição da temperatura de trabalho nos estudos de


autodepuração natural faz-se necessária para a correcção das taxas de
desoxigenação e de reaeração, normalmente obtidas para a
temperatura de referência de 20°C.

No campo do tratamento biológico de esgotos, as temperaturas mais


elevadas registradas nos países do hemisfério sul levam a

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comportamentos diferentes dos registrados em sistemas existentes no


hemisfério norte.

Os modernos reactores utilizados no tratamento anaeróbio de


efluentes industriais podem, no Brasil, operar à temperatura ambiente,
enquanto na Europa necessitam de controle a 35°C. Os sistemas de
lagoas de estabilização são também bastante favorecidos por este
aspecto.

Até mesmo entre as diferentes regiões do território brasileiro, as cargas


orgânicas admissíveis nos sistemas de lagoas variam de acordo com as
temperaturas médias registradas.

Os processos físico-químicos em que ocorre equilíbrio, como por


exemplo a dissociação do cloro e os processos de precipitação química,
são também dependentes da temperatura, mas o efeito não é tão
significativo como nos processos biológicos.

A temperatura da água é normalmente superior à temperatura do ar, uma


vez que o calor específico da água é bem maior do que o do ar.

Devido às importantes influências da temperatura sobre a configuração


dos ambientes aquáticos, normalmente este parâmetro é incluído nas
legislações referentes ao controle da poluição das águas.

No Estado de São Paulo, é imposto como padrão de emissão de


efluentes a temperatura máxima de 40oC, lançados tanto na rede
pública coletora de esgotos como directamente nas águas naturais.

Além disso, nestas últimas não poderá ocorrer variação superior a 3oC
com relação à temperatura de equilíbrio. Isto é importante para
efluentes industriais produzidos a quente, como os de tinturarias,
galvanoplastias, indústrias de celulose, etc.

A temperatura das águas é medida de maneira bastante simples através


de termómetros de mercúrio. A temperatura do ar, variável controlada
em diversos estudos ambientais, pode também ser medida através dos
termómetros de máximas e mínimas, que registram as temperaturas
limites durante determinado período, por exemplo, 24 horas.

A temperatura de efluentes industriais pode ser reduzida através do


emprego de torres de resfriamento. Qualquer outro processo que
provoque aumento da superfície de contato ar/água pode ser usado,
como aspersores, cascateamento, etc..

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Em
muitos casos, apenas o tempo de detenção hidráulico dos efluentes em
tanques de equalização é suficiente para promover a
redução desejada de temperatura. (Piveli:2004)

2.1.5. Sabor e odor


A água pura não produz sensação de odor ou sabor nos sentidos
humanos. Uma das principais fontes de odor nas águas naturais é a
decomposição biológica da matéria orgânica.

No meio anaeróbio, isto é, no lodo de fundo de rios e de represas e, em


situações críticas, em toda a massa líquida, ocorre a formação do gás
sulfídrico, H2S, que apresenta odor típico de ovo podre, de mercaptanas e
amônia, esta última ocorrendo também em meio aeróbio.

Águas eutrofizadas, isto é, águas em que ocorre a floração excessiva de


algas devido à presença de grandes concentrações de nutrientes
liberados de compostos orgânicos biodegradados, podem também
manifestar sabor e odor.

Sabe-se que certos gêneros de algas cianofíceas (algas azuis, resistentes


às condições de severa poluição) produzem compostos odoríficos, em
alguns casos até mesmo tóxicos.

Outra fonte que causa problemas de sabor e odor nas águas para
abastecimento público refere-se à presença de fenóis. Esses compostos,
mesmo quando presentes em quantidades diminutas reagem com o
cloro residual livre formando clorofenóis que apresentam odor
característico e intenso.

Além destas fontes principais, existe ainda o gosto na água proveniente


de metais, acidez ou alcalinidade pronunciadas, cloreto (sabor salgado),
etc..

Na legislação brasileira aparece apenas a designação “não objectável”


para sabor e odor, o que representa certa subjectividade. A legislação
paulista é talvez rigorosa demais, condenando a presença de qualquer
tipo de odor senão o de cloro.

Nos Estados Unidos é utilizada a técnica do odor limite para quantificar


o problema, que consiste em proceder-se a diluições da amostra até
que o odor não seja mais detectado.

Se, por exemplo, apenas com diluições superiores a 1:5 os odores não
podem mais ser percebidos, diz-se que aquela amostra de água
apresenta odor limite 5.

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É óbvio que é uma técnica que também envolve subjectividade e


imprecisões, mas é uma maneira de se aproximar melhor à questão,
que pode ser interessante em diversos estudos.

Para uma identificação precisa das concentrações dos compostos


aromáticos presentes na água, técnicas analíticas sofisticadas como a
cromatografia gasosa ou cromatografia/ espectrometria de massa
podem ser necessárias.

A adsorção em carvão activado granular ou em pó é a técnica mais


empregada e eficiente no controle de odor. Em casos particulares,
como no importante problema da liberação de H2S de processos
anaeróbios, perceptível pelo olfato humano em concentrações da
ordem de apenas 1 ppb, técnicas oxidativas empregando-se cloro,
peróxido de hidrogénio e ozonização, entre outras, ou técnicas de
precipitação química com sais de ferro, podem ser testadas.

Essa medida, no entanto, deverá ser bem planeada, devendo ser


primeiramente testada em menor escala para a verificação da eficiência
real e para a identificação de problemas operacionais como a descarga
de oxidante residual que possa resultar em efeito tóxico ao meio.

A inibição da proliferação de odores intervindo-se na actividade


biológica tem sido aplicada com sucesso. Muitas cidades,
principalmente as de clima quente, sofrem com o problema da exalação
de maus odores pela rede colectora de esgotos.

A origem desse problema é a redução anaeróbia do sulfato para sulfeto,


com consequente liberação do H2S. Aplicada continuamente uma
solução de nitrato de sódio, ocorre preferencialmente a redução do
nitrato em nitrogénio gasoso, inibindo-se o crescimento das bactérias
redutoras de sulfato e a exalação do gás sulfídrico. (Piveli:2004)

Sumário

Os principais parâmetros utilizados para caracterizar fisicamente as


águas naturais são a cor, a turbidez, os níveis de sólidos nas suas
diversas fracções, a temperatura, o sabor e o odor.

Embora tais parâmetros sejam físicos, fornecem indicações


preliminares importantes para a caracterização da qualidade química
da água como, por exemplo, os níveis de sólidos em suspensão
(associados à turbidez) e as concentrações de sólidos dissolvidos
(associados à cor), os sólidos orgânicos (voláteis) e os sólidos minerais
(fixos), os compostos que produzem odor, etc..

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Para além dos parâmetros utilizados para caracterizar fisicamente a


água, também existem outros que são utilizados para caracterizar
quimicamente a água que são: dureza, acidez, alcanidade,
condutibilidade eléctrica, os seguintes apectos:

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1.A cor de uma amostra de água está associada ao grau de redução de


intensidade que a luz sofre ao atravessá-la. Esta redução dá se por
a) Coagulação
b) Absorção de parte da radiação electromagnética
c) Cor elevada e turbidez baixa
d) Absorção e espalhamento

2. Um dos métodos tradicionais de remoção de cor de águas para


abastecimento público e residuárias industriais é
a) Coagulação
b) Absorção de parte da radiação electromagnética
c) Cor elevada e turbidez baixa
d) Absorção e espalhamento

3. No tratamento de águas para abastecimento, as dificuldades na


floculação ocorrem quando a água apresenta
a) Coagulação
b) Absorção de parte da radiação electromagnética
c) Cor elevada e turbidez baixa
d) Absorção e espalhamento

4. Turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de


intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessá-la. Esta redução se
dá por
a) Coagulação
b) Absorção de parte da radiação electromagnética
c) Cor elevada e turbidez baixa
d) Absorção e espalhamento

5. Os decantadores são utilizados para a remoção de


a) turbidez;
b) cor;
c) temperatura;
d) sabor

6. A água pura
a) produz sensação de odor e sabor nos sentidos humanos
b) produz sensação de sabor nos sentidos humanos
c) produz sensação de odor nos sentidos humanos
d) não produz sensação de odor nem sabor nos sentidos humanos

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7. Em águas superficiais é mais comum a presença de


a) ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos
b) ácidos orgânicos
c) alcanidade
d) sólidos incorporados ao seu meio

8. Os sólidos, sob o ponto de vista de tamanho, são classificados apenas em


sólidos
a) em suspensão e dissolvidos
b) em suspensão
c) dissolvidos
d) nenhuma das anteriores

9) As partículas com diâmetro médio superior a 1μ, são as mais fáceis de


serem separadas da água, e essas se designam se de sólidos
a) em suspensão e dissolvidos
b) em suspensão
c) dissolvidos
d) nenhuma das anteriores

10. A decomposição biológica da matéria orgânica, faz com que


a) a água não tenha odor
b) a água tenha odor
c) a água tenha temperaturas mais baixas
c) a água tenha temperaturas mais altas

Respostas: 1b);2a); 3c);4d); 5a); 6d); 7b); 8a); 9b); 10b.

Exercícios

1. Como que é feita a determinação da cor das águas?


2. O que entende por turbidez das águas?
3. Sobre a dureza da água, diferencie a dureza temporária
da dureza permanente?
4. Água pura não possui odor nem sabor. Comente a
afirmação
5. De onde provem o odor que sentimos nas águas que
correm em certos recursos aquáticos?

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UNIDADE Temática.2.2: Características Químicas das Águas Naturais

Introdução

Esta unidade temática vai tratar das características químicas das águas
naturais, em que cada característica será detalhada isoladamente.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Distinguir as características químicas das águas naturais;


Objectivos ▪ Diferenciar das características químicas das águas naturais;
específicos ▪ Explicar a importância do estudo das características químicas das águas naturais

Desenvolvimento

2.2.1. Dureza

Definição

Dureza é um parâmetro característico da qualidade de águas de


abastecimento industrial e doméstico sendo que do ponto de vista da
potabilização são admitidos valores máximos relativamente altos,
típicos de águas duras ou muito duras.

Quase toda a dureza da água é provocada pela presença de sais de


cálcio e de magnésio (bicarbonatos, sulfatos, cloretos e nitratos)
encontrados em solução.

Assim, os principais íons causadores de dureza são cálcio e magnésio


tendo um papel secundário o zinco e o estrôncio. Algumas vezes,
alumínio e ferro férrico são considerados como contribuintes da dureza.
(ENI: 2015)

Classificação

A dureza total da água compõe-se de duas partes: dureza temporária e


dureza permanente.

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A dureza é dita temporária, quando desaparece com o calor, e


permanente, quando não desaparece com o calor, ou seja, a dureza
permanente é aquela que não é removível com a fervura da água.

A dureza temporária é a resultante da combinação de íons de cálcio e


magnésio que podem se combinar com bicarbonatos e carbonatos
presentes. (Idem)

Características

Normalmente, reconhece-se que uma água é mais dura ou menos dura,


pela maior ou menor facilidade que se tem de obter, com ela, espuma
de sabão.

As águas duras caracterizam-se, pois, por exigirem consideráveis


quantidades de sabão para produzir espuma, e esta característica já foi,
no passado, um parâmetro de definição, ou seja, a dureza de uma água
era considerada como uma medida de sua capacidade de precipitar
sabão.

O carácter das águas duras foi, por muito tempo, para o cidadão comum
o aspecto mais importante por causa das dificuldades de limpeza de
roupas e utensílios.

Com o surgimento e a determinação dos detergentes sintéticos ocorreu


também a diminuição os problemas de limpeza doméstica por causa da
dureza.

Também durante a fervura da água os carbonatos precipitam-se. Este


fenômeno prejudica o cozimento dos alimentos, provoca "encardido"
em panelas e é potencialmente perigoso para o funcionamento de
caldeiras ou outros equipamentos que trabalhem ou funcionem com
vapor de água, podendo provocar explosões desastrosas.

Assim pode-se resumir que uma água dura provoca uma série de
inconvenientes:

• é desagradável ao paladar;
• gasta muito sabão para formar espuma;
• dá lugar a depósitos perigosos nas caldeiras e aquecedores; deposita
sais em equipamentos; mancha louças. (ENI: 2015)

Tolerância

A despeito do sabor desagradável que referidos níveis podem suscitar


elas não causam problemas fisiológicos. No Brasil, o valor máximo

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permissível de dureza total fixado pelo padrão de potabilidade, ora em


vigor, é de 500mgCaCO3/L.

Teores de dureza inferiores a 50ppm não implicam em que a água seja


considerada dura. Teores de 50 a 150 não incomodam para efeitos de
ingestão, mas acima de 100ppm provocam prejuízos sensíveis em
trabalhos que envolvam o uso da água com sabão e originam
precipitações com incrustações anti-estéticas e até potencialmente
perigosas em superfícies sujeitas a aquecimentos.

Em geral a redução da dureza para concentrações inferiores a 100ppm


só é economicamente viável para fins industriais, onde o produto final
ou os equipamentos dependem de água de melhor grau de pureza.

Correcção

Para a remoção de dureza da água, são tradicionais dois processos: o da


cal-soda e dos zeólitos.

Nas últimas décadas tem ganhado muita divulgação e emprego, o da


osmose inversa, principalmente em região, onde há extrema carência
de água e as poucas fontes disponíveis são, sejam subterrâneas ou
superficiais, na maioria de águas salobras.

Os zeólitos têm a propriedade de trocar o sódio, que entra na sua


composição, pelo cálcio ou magnésio dos sais presentes na água,
acabando, assim com a dureza da mesma.

Com a continuação do tratamento, eles se saturam, esgotando sua


capacidade de remoção de dureza, porém podem ser recuperados para
a função através de um processo utilizando sal de cozinha (cloreto de
sódio).

A Osmose Inversa é obtida através da aplicação mecânica de uma


pressão superior à Pressão Osmótica do lado da solução mais
concentrada. Essa tecnologia foi desenvolvida na década de 60, para a
produção de água ultrapura, a ser utilizada em processos industriais, a
partir de meados da década seguinte, surgindo, assim, comercialmente,
a primeira geração de membranas.

As suas principais vantagens foram a redução da necessidade de


regeneração dos leitos de troca iónica e de consumo de resina, além de
significativas reduções de despesas na operação e manutenção destes
leitos.

OBS: A osmose é um fenómeno natural físico-químico. Quando duas


soluções, com diferentes concentrações, são colocadas em um mesmo
recipiente separado por uma membrana semi-permeável, onde ocorre

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naturalmente a passagem do solvente da solução mais diluída para a


solução mais concentrada, até que se encontre o equilíbrio.

Neste ponto a coluna de solução mais concentrada estará acima da


coluna da solução mais diluída. A esta diferença entre colunas de
solução se denomina Pressão Osmótica. É o fenómeno fatal que ocorre
com as bactérias quando usamos cloreto de sódio para conservação de
certos produtos de origem animal. (ENI: 2015)

2.2.2. Acidez

Quimicamente acidez é a capacidade de neutralização de soluções


alcalinas, ou seja, é a capacidade da água em resistir às mudanças de
pH em função da introdução de bases. Em geral acidez está associada a
presença de CO2 livre.

A presença de ácidos orgânicos é mais comum em águas superficiais,


enquanto nas águas subterrâneas é menos frequente a ocorrência de
ácidos em geral. Em algumas ocasiões as águas subterrâneas poderão
conter ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos.

Acidez, pH e alcalinidade estão intimamente interrelacionados. De um


modo geral o teor acentuado de acidez pode ter origem na
decomposição da matéria orgânica, na presença de gás sulfídrico, na
introdução de despejos industriais ou passagens da água por áreas de
mineração.

Do ponto de vista de águas de abastecimento ou mesmo sanitário, a acidez


tem pouco importância. No campo do abastecimento de água o pH
intervém na coagulação química, controle da corrosão, abrandamento e
desinfecção.
Águas com baixos valores de pH tendem a ser agressivas para
instalações metálicas. O padrão de potabilidade em vigor no Brasil,
preconiza uma faixa de pH entre 6,5 e 8,5. Normalmente a água
apresenta-se boa para ingestão para pH na faixa de 5,5 a 8,0, sob a
análise desta característica. (Húo: 2009)

2.2.3. Alcalinidade

Quimicamente definindo alcalinidade é a propriedade inversa da acidez, ou


seja, é a capacidade de neutralização de ácidos.

Em geral a presença de alcalinidade leva a pH para valores superiores a


7,0, porém pH inferiores (acima de 4) não significa que não hajam
substâncias alcalinas dissolvidas no meio aquoso.

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Os principais constituintes da alcalinidade são os bicarbonatos (HCO3),


os carbonatos (CO32- ) e os hidróxidos (OH -), cujas formas são função do
pH.

Para pH superiores a 9,4 tem-se dureza de carbonatos e


predominantemente de hidróxidos. Entre pH de 8,3 e 9,4, predominam
os carbonatos e a ausência de hidroxilas. Para pH inferires a 8,3 e acima
de 4.4 ocorre apenas dureza de bicarbonato. Abaixo de 4,4 não ocorre
alcalinidade.

De um modo geral as alterações de alcalinidade têm origem na


decomposição de rochas em contacto com a água, reacções envolvendo
o CO2 de origem atmosférica e da oxidação de matéria orgânica, além
da introdução de despejos industriais. (Húo: 2009)

2.2.4. Sólidos

A água com excessivo teor de sólidos em suspensão ou minerais dissolvidos


tem sua utilidade limitada.

Uma água com presença de 500ppm de sólidos dissolvidos, geralmente,


ainda é viável para uso doméstico, mas provavelmente inadequada para
utilização em muitos processos industriais.

Água com teor de sólidos superiores a 1000ppm torna-se inadequada


para consumo humano e possivelmente será corrosiva e até abrasiva.

De um modo geral todas as impurezas presentes na água, com excepção


dos gases dissolvidos, têm sua origem nos sólidos incorporados ao seu
meio. São caracterizadas como sólidos todas as partículas presentes em
suspensão ou em solução, sedimentáveis ou não, orgânicas ou minerais.

A determinação da quantidade total de sólidos presentes em uma


amostra é chamada de sólidos totais. A separação dos tipos de sólidos
presentes na mistura é feita em laboratório e classificada da seguinte
maneira:

• Totais - massa sólida obtida com a evaporação da parte líquida da


amostra a 103o a 105o C, em mg/l;
• Minerais ou Fixos - resíduos sólidos retidos após calcinação dos
sólidos totais a 500o C, em mg/l;
• Orgânicos ou Voláteis - parcela dos sólidos totais volatilizada no
processo de calcinação, em mg/l;
• Em Suspensão ou Filtráveis e Não-filtráveis - quantidade de sólidos
determinada com a secagem do material retirado por filtração da
amostra, através de micromalha, de 0,45 m (mícron ou
micrômetro), em mg/l;

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• Coloidais - fração dos sólidos, composta de partículas com


diâmetros equivalentes da ordem de 10-3 a 0,45 m;
• Dissolvidos - fração dos sólidos, composta de partículas com
diâmetros equivalentes inferiores a 10-3 m.

Para se ter uma idéia destas dimensões, as bactérias têm seu tamanho
entre 0,5 e 5,0 m e o olho nu só é capaz de visualizar a partir da
dimensão de 100 mícrons ou 0,1 milímetro. (Húo: 2009)

2.2.5. Cloretos

A presença de cloretos na água é resultante da dissolução de sais com


íons Cl -, por exemplo de cloreto de sódio. É característica da água do
mar, cujo teor se aproxima dos 20000ppm, entre eles o mais presente
é o cloreto de sódio (ClNa) com cerca de 70% deste teor.

A água de chuva, por exemplo, tem presença insignificante de cloretos


(menos de 1%), exceto em regiões próximas ao litoral.

De um modo geral as presenças de cloretos têm origem na dissolução


de minerais, contato com áreas de sal, mistura com a água do mar e
introdução de águas residuárias domésticos ou industriais.

Em termos de consumo suas limitações estão no sabor e para outros usos


domésticos e para processos industriais.

Águas com teores menores que 250ppm de cloretos é satisfatória para


serviços de abastecimento doméstico (o ideal seria menor que
150ppm).

Concentrações superiores a 500 ppm implicam em sabor característico e


desagradável. Para consumo de animais esta concentração pode
chegar até 4000ppm. (ENI: 2015)
2.2.6. Condutividade eléctrica

A água pura é um meio isolante, porém sua capacidade de solvência das


substâncias, principalmente de sais, faz com que as águas naturais
tenham, em geral, alto poder de condutividade elétrica. Esta
condutividade depende do tipo de mineral dissolvido bem como da sua
concentração. O aumento da temperatura também eleva a
condutividade. (Húo: 2009)

2.2.7. Elementos e compostos químicos especiais

Ferro

Presente numa grande quantidade de tipos solos, é um dos elementos


químicos mais frequentemente encontrado nas águas naturais.
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O ferro presente na água pode ser adquirido nas próprias fontes e


instalações de captação ou de adução através da corrosão das
superfícies metálicas ou mesmo de despejos industriais.

Na ausência de oxigénio dissolvido como no caso de águas subterrâneas


e de fundos de lagos, seus íons se apresentam na forma solúvel (Fe2+).
Exposto ao oxigénio livre sofre oxidação e torna-se insolúvel na forma
(Fe3+), o que pode acontecer até na saída da torneira, colorindo a água,
manchando superfícies claras e roupas. Uma possível remoção pode ser
efectuada através da aeração da massa de água que contém os íons
ferrosos, forçando sua precipitação como óxido ou hidróxido férricos
(ferrugem).

Por ser uma substância que afecta qualitativamente o desempenho de


algumas actividades domésticas como também alguns produtos
industrializados, é de suma importância que seu teor seja quantificado
nas águas de abastecimento público.

Concentrações superiores a 0,5ppm provocam manchas em louças e roupas


nos processos de lavagens.

Actividades que envolvam tingimentos, tais como fábricas de tecidos ou


artigos destes, não podem trabalhar com águas com teores superiores
a 0,1ppm de ferro insolúvel (Fe3+). (ENI: 2015)

Manganês

Este cátion oxidado e insolúvel (Mn4+) tem um comportamento


semelhante ao do ferro, porém sua presença em águas naturais é
sensivelmente menos intensa. Na sua forma solúvel é é Mn2+.

Sódio

É o elemento característico da água do mar, com uma concentração


média de 10000ppm. Sua presença nos mananciais de águas utilizáveis
para abastecimento público provoca elevação da alcalinidade.

Flúor

Teores de flúor entre 0,5 e 1,0ppm são benéficos na formação dos


dentes das crianças, sendo por isso, indicado no tratamento preventivo
contra o aparecimento de cáries.

Concentrações superiores a 1,5ppm provocam manchas permanentes


no esmalte dos dentes e além de 4,0ppm possivelmente prejudicam a

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resistência dos mesmos, além de ser perigoso para os ossos em geral,


podendo provocar defeitos orgânicos permanentes nos fetos. Este
problema é conhecido como fluorose.

Nitratos

O nitrogénio pode ser encontrado de várias formas e estados de


oxidação no meio aquático: molecular (N2), orgânico, amónia (NH4),
nitrito (NO2- ) e nitrato (NO3- ).

Elemento indispensável ao desenvolvimento das algas, concentrações


elevadas de nitrogénio principalmente em águas paradas ou de
deslocamento laminar, podem levar ao crescimento excessivo desses
organismos, no processo chamado de eutrofização.

O excesso de amónia provoca mortandade dos peixes e o processo de


oxidação desse composto em nitrito e em seguida em nitrato consome
oxigénio livre, afectando assim a vida aquática do manancial.

Constituinte de proteínas, clorofila e vários outros compostos


orgânicos, a presença de nitratos na água decorre da decomposição de
vegetais e de dejectos e corpos de animais mortos, de poluição com
fertilizantes e, principalmente da introdução de efluentes de esgotos
sanitários no manancial.

Águas com concentrações superiores a 45ppm são desaconselhadas


para uso doméstico pois a sua ingestão contínua pode provocar a
cianose ou doença do bebé azul, ou metahemoglobinemia,
principalmente nas crianças. (ENI: 2015)

Fósforos

O fósforo assim como o nitrogénio, é um nutriente essencial para o


crescimento dos microrganismos responsáveis pela
biodegradabilidade da matéria
orgânica e também para o crescimento de algas, o que pode favorecer
o aparecimento da eutrofização nos mananciais. Normalmente sua
presença nos mananciais tem origem em despejos domésticos e em
certos despejos industriais, embora também possa surgir da dissolução
de compostos do solo.

O fósforo presente nos esgotos domésticos (5 a 20mg/l) tem


procedência, principalmente, da urina dos contribuintes e do emprego
de detergentes usualmente utilizados nas tarefas de limpeza. Este
fósforo apresenta-se principalmente nas formas de ortofosfato, poli ou
pirofosfatos e fósforo orgânico.

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Cerca de 80% do total é de fósforo inorgânico, 5 a 15mg/l (poli + orto),


enquanto que o orgânico varia de 1 a 5mg/l.

Nos esgotos domésticos de formação recente a forma predominante de


ortofosfato é HPO42-, originada em sua maior parte da diluição de
detergentes e favorecido pela condição de pH em torno da
neutralidade. Porém sua predominância tende a ser acentuada a
medida que o esgoto vá envelhecendo, uma vez que os polifosfatos
(moléculas complexas com mais de um P e que precisam ser
hidrolisadas biologicamente) e os fósforos orgânicos (pouco
representativos) transformam-se, embora lentamente, em ortofosfato,
o que deve acontecer completamente até o final da biodegradação,
visto que é nesta forma que ele pode ser assimilado directamente pelos
microrganismos.

Assim sendo, a sua determinação é um parâmetro fundamental para


caracterização de águas residuárias brutas e tratadas, embora por si só
sua presença não seja um problema sanitário muito importante no caso
de águas de abastecimento.

Sulfatos

De origem similar a dos fosfatos, é um parâmetro mais importante no


estudo de projectos de redes colectoras e tratamentos de esgotos
sanitários.

Quantidades excessivas de sulfatos dão sabor amargo água e podem ser


laxativos, principalmente em novos consumidores. (ENI: 2015)

2.2.8. Gases dissolvidos mais comuns

Oxigénio livre

Vital para os organismos aeróbios presentes na água, o oxigénio livre


presente na água vem do contacto desta com a atmosfera ou produzido
por processos fotossintéticos.

Em condições normais de temperatura e pressão a água consegue reter


de 9 a 10ppm de oxigénio livre. Esta solubilidade decresce a medida que
a temperatura aumenta anulando-se na fase de ebulição.

A ausência de oxigénio na água fervida e depois resfriada lhe confere


um gosto levemente desagradável para a maioria dos paladares.

A presença de matéria orgânica em decomposição na água reduz a


concentração de O2 na água em repouso por causa do metabolismo
bacteriano. Por outro lado, a sua introdução na massa de água favorece
a precipitação de elementos químicos indesejáveis como, por exemplo,

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o
ferro. O oxigénio dissolvido é corrosivo, principalmente para
canalizações de ferro e aço, notadamente para menores faixas de pH ou
maiores condutividades eléctricas.

Dióxido de carbono

O teor de gás carbónico, que geralmente é mais intenso em áreas


cobertas com vegetação, é mais significativo em termos químicos na
captação de águas subterrâneas com presença de carbonatos e
bicarbonatos de cálcio.

Gás sulfídrico

Gás sulfídrico pode ser encontrado em águas subterrâneas, águas de


fundos de lagos ou represas profundas ou em superficiais poluídas com
esgoto e com deficiência de oxigénio dissolvido.

Nestas condições bactérias anaeróbias ou facultativas redutoras de


sulfatos produzem ácido sulfúrico que é corrosivo para uma grande
variedade de materiais. É um composto de intenso e desagradável odor
(fedor de ovo podre), bastando concentrações em torno de 0,5ppm
para ser sentido. (ENI: 2015)

Sumário

Esta unidade temática tratou das características químicas das águas


naturais. Nelas se destacam dureza, acidez, alcanidade, condutibilidade
eléctrica, entre outras.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Nas águas subterrâneas é menos frequente a ocorrência de ácidos


em geral. Em algumas ocasiões as águas subterrâneas poderão conter
a) ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos
b) ácidos orgânicos
c) alcanidade
d) sólidos incorporados ao seu meio

2. A capacidade de neutralização de ácidos, denomina se por


a) ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos
b) ácidos orgânicos
c) alcanidade
d) sólidos incorporados ao seu meio

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3. De
um modo geral todas as impurezas presentes na água, com excepção dos
gases dissolvidos, têm sua origem em
a) ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos
b) ácidos orgânicos
c) alcanidade
d) sólidos incorporados ao seu meio

4. Quase toda a dureza da água é provocada pela presença de


a) sais de cálcio e de magnésio
b) dureza temporária
c) dureza permanente
d) dissolução de sais com íons Cl -

5. Assim, os principais íons causadores de dureza são


a) sais de cálcio e de magnésio
b) dureza temporária
c) dureza permanente
d) dissolução de sais com íons Cl

6. quando desaparece com o calor, a dureza tem a designação de


a) sais de cálcio e de magnésio
b) dureza temporária
c) dureza permanente
d) dissolução de sais com íons Cl

7. Quando não desaparece com o calor, a dureza toma o nome de


a) sais de cálcio e de magnésio
b) dureza temporária
c) dureza permanente
d) dissolução de sais com íons Cl

8. A presença de cloretos na água é resultante da


a) sais de cálcio e de magnésio
b) dureza temporária
c) dureza permanente
d) dissolução de sais com íons Cl

9. Água pura
a) conduz a corrente eléctrica
b) não conduz a corrente eléctrica
c) pode conduzir ou não a corrente eléctrica dependendo da temperatura
d) pode conduzir ou não a corrente eléctrica dependendo do odor

10. A água não pura, que contém minerais dissolvidos,

Respostas: 1a); 2c); 3d; 4a); 5a); 6b); 7c); 8d); 9a); 10b)

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Exercícios:

1. Os ácidos orgânicos nunca ocorrem em águas subterrâneas senão


em águas superficiais. Concorda com afirmação?
Justifique a sua resposta.
2. Defina a Alcanidade?
3. A água pura pode ou não conduzir a corrente eléctrica? Justifique a
sua resposta

4. Que diferença existe entre as águas subterrâneas e águas


superficiais, no que concerne ao teor de ácidos?
5. Que relação existe entre a condutibilidade eléctrica das águas e a
temperatura das águas?

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO DO TEMA 2

1. A água pura
a) produz sensação de odor e sabor nos sentidos humanos;
b) produz sensação de sabor nos sentidos humanos;
c) produz sensação de odor nos sentidos humanos;
d) não produz sensação de odor nem sabor nos sentidos humanos.

2. Em águas superficiais é mais comum a presença de


a) ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos;
b) ácidos orgânicos;
c) alcanidade;
d) sólidos incorporados ao seu meio.

3. Os sólidos, sob o ponto de vista de tamanho, são classificados apenas em


sólidos
a) em suspensão e dissolvidos;
b) em suspensão;
c) dissolvidos;
d) nenhuma das anteriores.

4. As partículas com diâmetro médio superior a 1μ, são as mais fáceis de


serem separadas da água, e essas se designam se de sólidos
a) em suspensão e dissolvidos;
b) em suspensão;
c) dissolvidos;
d) nenhuma das anteriores.

5. A decomposição biológica da matéria orgânica, faz com que


a) a água não tenha odor
b) a água tenha odor
c) a água tenha temperaturas mais baixas
d) a água tenha temperaturas mais altas

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6.
Nas águas subterrâneas é menos frequente a ocorrência de ácidos em geral.
Em algumas ocasiões as águas subterrâneas poderão conter
a) ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos
b) ácidos orgânicos
c) alcanidade
d) sólidos incorporados ao seu meio

7. A capacidade de neutralização de ácidos, denomina se por:


a) ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos
b) ácidos orgânicos
c) alcanidade
d) sólidos incorporados ao seu meio

8. De um modo geral todas as impurezas presentes na água, com excepção


dos gases dissolvidos, têm sua origem em:

a) ácido sulfúrico derivado da presença de sulfetos metálicos


b) ácidos orgânicos
c) alcanidade
d) sólidos incorporados ao seu meio

9. Quase toda a dureza da água é provocada pela presença de


a) sais de cálcio e de magnésio
b) dureza temporária
c) dureza permanente
d) dissolução de sais com íons Cl -

10. Assim, os principais íons causadores de dureza são


a) sais de cálcio e de magnésio
b) dureza temporária
c) dureza permanente
d) dissolução de sais com íons Cl

Respostas: 1d); 2b); 3a); 4b); 5b. 6a); 7c); 8d; 9a); 10a)

TEMA – III: CICLO HIDROLÓGICO

UNIDADE Temática 3.1: Conceito do ciclo hidrológico e as suas diferentes fases

Introdução

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Nesta unidade temática vai se tratar do ciclo hidrológico, em que


primeiramente será discutido o significado do ciclo hidrológico, e depois
serão demostradas as fases que constituem o ciclo hidrológico.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir o conceito “ciclo hidrológico”


Objectivos ▪ Conhecer as fases do ciclo hidrológico
específicos ▪ Conhecer importância do ciclo hidrológico para a manutenção da vida na terra

Desenvolvimento
Faria (2006), define o ciclo hidrológico como sendo fenómeno global de
circulação fechada da água entre a superfície terrestre e a atmosfera,
impulsionado fundamentalmente pela energia solar associada à
gravidade e à rotação terrestre.

Alguns cientistas afirmam que desde que a vida apareceu sobre a terra
a quantidade de água existente no planeta é praticamente mesma e que
ainda, 2/3 do planeta é coberto por água. Então, por que algumas
pessoas afirmam que a água está acabando?

A questão é que de facto a quantidade de água no planeta tem


permanecido praticamente inalterada desde que o mundo é o mundo
como o que se conhece hoje. O que mudou, foi apenas a forma como
essa água se encontra disponível e a sua utilização.

A água pode ser encontrada no planeta em três estados físicos: sólido,


líquido e gasoso. Durante o processo que chamamos de “Ciclo da água”
ou “Ciclo hidrológico” ela passa pelos estados líquido e gasoso de forma
que vai sempre se renovando à cada ciclo completo.

Em alguns lugares muito frios do planeta ela pode ser encontrada em


estado sólido (ex.: geleiras na Antártida), ou ainda, se solidificar depois
de cair na forma de chuva ou neve (pequenos flocos de água
solidificada) como, por exemplo, no pico de montanhas que
permanecem congelados durante o inverno e derretem parcialmente
no verão dando origem a rios como o Rio Tigre na Mesopotâmia que
nasce do derretimento de gelo em uma cadeia de montanhas: as
montanhas Taurus na Turquia.(Carvalho: 2006)

Quando a terra estava se formando a superfície do planeta era muito


quente e toda a água existente estava na forma de vapor. Podemos

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

dizer então, que o ciclo da água começou com um processo chamado


de condensação: a passagem do estado gasoso para o estado líquido.

Nesse caso, a água se condensou devido à diminuição de temperatura


ocorrida na superfície do planeta, que possibilitou que o vapor de água
passasse para o estado líquido.

Hoje em dia, isso acontece quando o vapor de água chega a certa altura.

A temperatura cai e a água condensa, passando para o estado líquido


em pequenas gotículas que vão se juntando e movimentando por causa
da acção dos ventos e das correntes atmosféricas e formando as
nuvens. Por fim, elas caem na forma de chuva (precipitação).

Ao cair a água escorre para os rios, ou para lençóis subterrâneos e depois


para os rios e mares, oceanos e lagos. Então ela fica novamente exposta à
acção do sol que a esquenta transformando-a novamente através do
processo de evaporação: passagem do estado líquido para o gasoso. (idem)

Figura 1: Esquema detalhado mostrando o ciclo da água

Fonte: Faria (2006)

Figura 2: Esquema simplificado do ciclo hidrológico

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Fonte: Carvalho (2006)

Pode acontecer também da água da chuva ser absorvida pelas plantas.


Nesse caso ela irá evaporar por um processo conhecido como
evapotranspiração: transpiração + evaporação.

Todos esses processos ocorrem de forma natural há muitos milhares de


anos garantindo a distribuição da água por todo o globo. Mas esse
processo vem sendo alterado de forma muito rápida pela acção do
homem.

A construção de barragens, usinas hidreléctricas e a poluição da água


afectam muito o ciclo hidrológico do planeta causando transformações
que podem ser prejudiciais. No caso de usinas hidreléctricas muito
grandes (como, por exemplo, a Usina de Três Gargantas na China e
Itaipu, entre o Brasil e Paraguai) a alteração se dá na quantidade de
água que passa a evaporar naquela região onde se encontra o
reservatório.

O processo de evaporação mais intenso no local pode alterar sua


temperatura e humidade, alterando consequentemente as correntes
atmosféricas que passam por ele e o microclima da região. Nesse caso,
a melhor saída tem sido a construção de PCH’s – Pequenas Centrais
Hidrelétricas – que tem um tamanho e um impacto reduzidos.

Entretanto, a maior inimiga das águas actualmente é a poluição. Menos


de 3% de toda a água presente no planeta é doce e se encontra
disponível para consumo humano e é essa parte que o homem está
poluindo. Normalmente o ciclo hidrológico conseguiria recuperar a
qualidade da água por si só.

Mas a quantidade de poluentes que se joga na água é tão grande que


isso não é mais possível ocasionando o transporte de poluentes pelas

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chuvas fazendo com que eventos como a chuva ácida se tornem cada
vez mais comuns. (Faria: 2006)

A expressão abaixo constitui equação hidrológica, de acordo com Carvalho


(2006).

I - O = ∆S

I = (entradas) incluindo todo o escoamento superficial por meio de


canais e sobre a superfície do solo, o escoamento subterrâneo, ou seja,
a entrada de água através dos limites subterrâneos do volume de
controlo, devido ao movimento lateral da água do subsolo, e a
precipitação sobre a superfície do solo;

O = saídas de água do volume de controlo, devido ao escoamento


superficial, ao escoamento subterrâneo, à evaporação e à transpiração
das plantas; e

∆S = variação no armazenamento nas várias formas de retenção, no volume


de controlo.

Sumário

O ciclo hidrológico, ou ciclo da água, é o movimento contínuo da água


presente nos oceanos, continentes (superfície, solo e rocha) e na atmosfera.
Esse movimento é
alimentado pela força da gravidade e pela energia do Sol, que provocam a
evaporação das águas dos oceanos e dos continentes.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. A quantidade de água no planeta Terra

a) Tem permanecido praticamente inalterada desde passado até aos


dias actuais

b) Tende a diminuir nos dias actuais

c)Tende a aumentar nos dias actuais

d) nenhuma das respostas anteriores

2. As águas existentes no estado sólido, como por exemplo geleiras na


Antártida (……………), devido as mudanças climáticas. Preencha o espaço
em branco, entre parenteses, com expressão correcta das abaixo
indicadas.

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a)
Tem permanecido praticamente inalterada desde passado até aos
dias actuais
b) Tende a diminuir nos dias actuais
c)Tende a aumentar nos dias actuais
d) nenhuma das respostas anteriores

3. Devido as mudanças climáticas, o nível das águas do mar


a) Tem permanecido praticamente inalterada desde passado até aos
dias actuais
b) Tende a diminuir nos dias actuais
c)Tende a aumentar nos dias actuais
d) nenhuma das respostas anteriores

4. A força de gravidade faz com que haja


a) condensação;
b) evaporação;
c) evapotranspiração;
d)queda de chuva

5. A passagem da água do estado líquido para o gasoso, tem o nome de


a) condensação; b) evaporação; c) evapotranspiração; d)queda de chuva

6. A passagem da água do estado gasoso para o estado líquido, chama se


a) condensação; b) evaporação; c) evapotranspiração; d)queda de chuva

7. De toda a água doce presente no planeta a que se encontra disponível


para consumo humano é:
a) menos de 3%; b) 40%; c) 50%; d) acima de 90%

8. Chuvas ácidas, resultam de:


a) Poluição excessiva do meio ambiente; b) transpiração das plantas e
animais; c) Aquecimento excessivo; d) queda de água no estado
sólido.

9. A evaporação é a consequência imediata de


a) Poluição excessiva do meio ambiente;
b) transpiração das plantas e animais;
c) Aquecimento excessivo;
d) queda de água no estado sólido.

10. A água existente na atmosfera não provem apenas da evaporação,


mas também de:
a) Poluição excessiva do meio ambiente; b) transpiração das plantas e
animais; c) Aquecimento excessivo; d) queda de água no estado sólido.

Respostas: 1a); 2b); 3c); 4d); 5b); 6a); 7a);8a); 9c); 10 b)

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Exercícios

1. O que entende por ciclo hidrológico?


2. Como surgem as chuvas ácidas?
3. Como que surgiu o rio Tigre na Mesopotâmia
4. O ciclo da água começou com um processo chamado de
condensação. Justifique a afirmação.
5. Defina a evapo-transpiração?

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TEMA IV: ÁGUAS SUPERFICIAIS

UNIDADE Temática 4.1. Hidrografia dos oceanos


UNIDADE Temática 4.2. Hidrografia dos rios
UNIDADE Temática 4.3. Hidrografia dos lagos e pântanos

UNIDADE Temática 1.1.4.1. Hidrografia dos oceanos

Introdução

Caro estudante, nessa unidade temática será focalizado o estudo dos


oceanos.
O estudo das características de cada oceano será feito de uma forma mais
detalhada.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer os oceanos do nosso planeta


Objectivos
específicos
▪ Conhecer as características de cada oceano;
▪ Distinguir um oceano do outro através das suas características;

Desenvolvimento

4.1.1. Oceano Pacífico

Origem do nome Pacífico

O oceano foi baptizado em 1520 na expedição de Fernão de Magalhães


e recebeu o nome de Pacífico por este ser mais calmo, quando
comparado com o tempestuoso Oceano Atlântico. Esta comparação foi
feita quando Fernão de Magalhães e os seus companheiros de
navegação transpuseram o Estreito de Magalhães, uma passagem entre
os dois oceanos já citados.

O Oceano Pacífico é a maior e mais antiga massa marítima do planeta.


Com 180 milhões de km², o Pacífico cobre quase um terço da superfície
do globo e corresponde a quase metade da superfície e do volume dos
oceanos. O Oceano Pacífico é o oceano com maior profundidade média
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(4.280 m) e onde estão localizadas as maiores fossas submarinas (fossa


das Marianas, com aproximadamente 11.500 metros m).

O Pacífico está localizado a oeste da América, a leste da Austrália e da


Ásia, e ao sul da Antártida. É no Oceano Pacífico que se encontra a
região mais afastada da civilização, a Ilha de Páscoa que pertence ao
Chile e está a aproximadamente 3.600 km distante do local habitado
mais próximo.

Uma das principais características do oceano é o seu grande número de


ilhas, possui aproximadamente 25.000. O conjunto dessas ilhas recebe
o nome de Micronésia (pequenas ilhas) ou Polinésia (muitas ilhas).

O Pacífico também é caracterizado pela sua intensa actividade


vulcânica. Isso acontece pelo facto do oceano estar totalmente contido
em uma placa tectónica, denominada “Placa do Pacífico”.

O Pacífico recebe pouca influência de massas de ar continentais. Devido


a sua extensão, nele existem cinco zonas ou regiões climáticas
diferentes, ocasionando temperaturas bastante diferentes em cada
uma dessas regiões.

O oceano engloba as regiões marítimas: Oceano Glacial Antártico, Mar de


Bering, Mar de Olchotsk, Mar do Japão, Mar da China Oriental, Mar da China
Meridional, Mar de Java, Mar de Arafura, Mar de Corais, Mar de Taemfinia,
Mar de Sonda e Golfo da Califórnia. (Faria: 2015)

Figura1: Oceano Pacífico

Escola Britânica (2015)

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Características

O oceano Pacífico tem a América a leste e a Ásia e a Austrália a oeste,


com todas as ilhas da Oceania espalhadas principalmente por toda a
parte centro-oeste de sua extensão. No sentido norte-sul, o Pacífico
estende-se do oceano Ártico até a ampla costa da Antártica. Sua área é
de mais de 165 milhões de quilómetros quadrados.

O ponto mais profundo do Pacífico — e de todo o planeta Terra — é a


fossa das Marianas, perto das ilhas Marianas. A 11.034 metros, sua
profundidade é muito maior do que a altura da montanha mais elevada
da Terra, o monte Everest.

Sob a maior parte do Oceano Pacífico existe a enorme placa Pacífica.


Uma placa é uma parte rígida da crosta da Terra que se move
lentamente em direcção a outras placas. Várias outras placas cercam a
placa Pacífica. Quando elas se chocam umas com as outras, ocorrem
muitos terremotos e vulcões entram em erupção. A cadeia de vulcões
em torno das margens do oceano é chamada Anel de Fogo do Pacífico.

Muitas ilhas grandes ficam no oeste do Pacífico, a exemplo dos


arquipélagos do Japão, das Filipinas, da Indonésia e da Nova Zelândia.
Ilhas menores se espalham pela grande área chamada Oceânia, no
centro e no oeste do Pacífico. Vulcões formaram algumas dessas ilhas,
como o Havaí, um estado americano; outras delas são compostas de
corais.

Correntes e Clima

Os ventos fazem a água perto da superfície do oceano formar padrões


chamados correntes. No norte do Pacífico, a corrente principal se move
em sentido horário. A principal corrente do sul do Pacífico tem sentido
anti-horário. Isso significa que, nos extremos norte e sul, a maioria dos
ventos e das correntes são no sentido leste, ao passo que perto do
equador eles seguem para o oeste.

Ventos e correntes oceânicas afectam o clima da Terra. A Kuroshio, ou


corrente do Japão, por exemplo, leva clima quente para o norte até o
Japão e depois para o leste, até as costas do Alasca (EUA) e do Canadá.

Às vezes, a junção do calor e do vapor (gás) da água cria grandes


tempestades circulares, com ventanias destrutivas e temporais que
causam inundações. Esse tipo de tempestade é conhecido como tufão.
Mais comuns em áreas quentes no oeste do Pacífico, os tufões são
semelhantes aos furacões que se formam no oceano Atlântico.

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Exploração

Pessoas vindas do sudeste da Ásia foram se instalando nas ilhas do


Pacífico a partir de cerca de 3 mil a 4 mil anos atrás. Ao que consta, os
primeiros europeus a ver o oceano Pacífico foram exploradores
espanhóis liderados por Vasco Núñez de Balboa.

Foi do Panamá que Balboa avistou o oceano em 1513. O navegante


português Fernão de Magalhães entrou no Pacífico pelo sul, em 1520.
Após os espanhóis e os portugueses, sucederam-se exploradores
holandeses, franceses e britânicos.

O capitão britânico James Cook explorou as ilhas do sul do Pacífico no


século XVIII. Depois que ele morreu, em 1779, restaram poucas ilhas a
ser descobertas em volta do mundo.

Riquezas e problemas

O Oceano Pacífico tem recursos minerais abundantes. Sal, bromo e


magnésio são extraídos de suas águas. Areia, pedregulhos e fosfato são
retirados do fundo do mar. O oceano também tem uma rica variedade
de peixes e outras formas de vida marinha. Os navios que viajam pelo
Pacífico transportam mercadorias entre vários países.

A forma como as pessoas vêm convivendo com essas riquezas, no entanto,


tem provocado problemas ambientais.

O óleo que vaza de navios causa grandes problemas em áreas costeiras.


Além disso, a pesca excessiva vem reduzindo muito o número de certos
tipos de peixes e de outros animais marinhos no Pacífico.
Principalmente perto das costas das cidades grandes e dos portos, são
despejadas imensas quantidades de resíduos industriais, esgotos,
fertilizantes e pesticidas. Eles poluem as águas e matam animais e
plantas marinhas, ameaçando a qualidade da vida no planeta. (Faria:
2015).

4.1.2. OCEANO ATLÂNTICO


Via natural de contacto entre a Europa, a África e a América desde o
século XVI, o Atlântico se estende no sentido norte-sul entre os oceanos
Glacial Ártico e Antártico, banhando as costas ocidentais da Europa e da
África e orientais da América.

O oceano Atlântico é o segundo oceano do mundo em extensão, com


uma superfície de 106.460.000km2, o que corresponde à quinta parte
da superfície da Terra. Inclui os seguintes mares periféricos: a leste, mar
Báltico, mar do Norte e mar Mediterrâneo; a oeste, as baías de Baffin,
de Hudson, os golfos do México e de São Lourenço e o mar do Caribe.

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Esse oceano, cujo nome deriva do gigante Atlas, personagem da


mitologia grega, tem o formato de um grande S, com 16.000km de
comprimento na direcção norte-sul; profundidade média de 3.330m; e
largura que varia de 2.800km, entre o cabo de Palmas, na costa da
Libéria, e o de São Roque, no litoral do Brasil, até 8.000km, entre a
Flórida, nos Estados Unidos, e o noroeste da África.

O Atlântico recebe as águas de vários dos principais rios do mundo: o


São Lourenço, o Mississippi, o Orenoco, o Amazonas, o rio da Prata, o
Congo, o Níger, o Loire, o Reno e o Elba.

Com 35g de sal para cada mil de água, tem salinidade média superior
ao dos demais oceanos. Esse índice cai para 31 ou 32g/mil gramas de
água na desembocadura dos grandes rios, ao longo das plataformas
continentais e nas zonas de contacto com as massas de água polares.

No centro do Atlântico, entre os 12 e 28 graus de latitude de ambos os


hemisférios, os índices de salinidade alcançam níveis elevados, em
torno de 37g/mil gramas de água.

Para os brasileiros o Atlântico tem uma importância especial, pois o


Brasil possui extensa costa (cerca de 9.000km), por meio da qual tem
recebido influências étnicas e culturais e mantém-se em contacto com
o resto do mundo, em particular no campo comercial.

Morfologia

O Atlântico é o mais jovem dos grandes oceanos, uma vez que a


comunicação entre as duas regiões polares só se estabeleceu durante o
período terciário, como consequência da expansão do leito oceânico e
da deriva continental. O fundo do oceano compreende várias unidades
morfológicas:

Dorsal médio-atlântica. A região central do Atlântico é percorrida de


norte a sul por uma linha de cordilheiras, vulcões e planaltos
denominada dorsal médio-atlântica ou mediana.

A região tem profundidade média de 1.500 a 3.000m e é constituída


pela dorsal mediana, que se estende do norte da Islândia até a linha do
equador, e pela dorsal do Atlântico Sul, separada da anterior pelo
estreito de Romanche e pontilhada de ilhas (Ascensão, Santa Helena e
Tristão da Cunha, entre outras).

Bacias. A dorsal médio-atlântica divide o oceano em várias regiões de


grande profundidade (3.660 a 5.500m), denominadas bacias ou
depressões, limitadas pelas chamadas soleiras ou elevações alongadas.
Algumas dessas bacias, sobretudo as orientais, são montanhosas
54
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(européia ocidental, Cabo Verde e Guiné), enquanto as situadas no


Atlântico ocidental são planas e recobertas com uma fina capa
sedimentar, que descansa sobre o sima (camada interior da crosta
terrestre).

Regiões atlânticas. A divisão regional do oceano Atlântico é feita a partir


da linha média do equador e das zonas de comunicação com os oceanos
Ártico, Antártico e mares periféricos.

Atlântico norte. O Atlântico setentrional se estende entre 10o de


latitude norte e o oceano Ártico. Do ponto de vista topográfico, uma
cordilheira dorsal em forma de crista separa longitudinalmente duas
depressões, acidentadas por platôs e fossas.

Na região ocidental situa-se a fossa de Porto Rico, com 8.381m de


profundidade, e o planalto das Bermudas; na região oriental destacam-
se a bacia e o planalto de Cabo Verde.

Ao norte do paralelo 50o, a dorsal médio-atlântica dá lugar a uma ampla


plataforma continental que serve de base a vários mares secundários
(mar da Terra Nova, mar do Norte, mar da Irlanda e o canal da Mancha).
Nas costas mais setentrionais se prolongam mar adentro os vales
fluviais (vale do Hudson), cujos sedimentos constituem o solo da
plataforma continental.

A circulação atmosférica do Atlântico Norte é regida essencialmente por


dois centros de altas pressões: o anticiclone subtropical e o anticiclone
continental americano. Entre os ventos dominantes destacam-se os
alísios no sector meridional, os ciclones sazonais do Caribe, os tornados
africanos e, na zona setentrional, os ventos do Oeste que varrem as
costas europeias.

As diferenças climáticas dessas regiões se devem não somente à


latitude, mas também à orientação das massas de ar. Os ventos
húmidos do Oeste são responsáveis pelas temperaturas moderadas e
precipitações abundantes na vertente europeia; já na costa africana a
predominância dos alísios, ventos muito secos, causa maior escassez de
chuvas.

Na parte ocidental, a corrente fria do Labrador provoca quedas nas


temperaturas até zonas de latitudes médias. As precipitações pluviais
são inferiores a 500mm ao norte do paralelo 62o.

Outras características da região ocidental são a abundância de


nevoeiros na Terra Nova e os ciclones tropicais de Setembro, de raio
curto e muito violentos; os fortes ventos e as chuvas, que podem

55
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alcançar 500mm em 24 horas, produzindo efeitos catastróficos nas


zonas setentrionais do mar do Caribe.

A temperatura da água é mais elevada no sector oriental, devido à


influência da corrente marinha do golfo do México, que constitui o fluxo
de água mais importante do Atlântico Norte. Essa corrente tem origem
no mar do Caribe e no golfo do México e segue para o norte pelo
estreito da Flórida até o paralelo 30o N e depois muda de direção,
seguindo os ventos do Oeste até alcançar as costas européias.

A essa corrente quente unem-se outras duas correntes frias


procedentes do Norte, a do Labrador e a da Groenlândia. As águas
dessas correntes se misturam ao sul da Terra Nova, onde surge uma
grande quantidade de plâncton, que serve de alimento para as espécies
que habitam os riquíssimos pesqueiros da zona (arenque, bacalhau,
cavala, Sávio).

Além dessa região, são também zonas pesqueiras importantes as da


costa européia: Irlanda, Bretanha, golfo de Biscaia, Galícia e Portugal
(merluza, atum, sardinha, linguado, mariscos).

Atlântico central ou equatorial. Zona de ligação e divisão entre as duas


grandes massas oceânicas do norte e do sul, o Atlântico equatorial
caracteriza-se morfologicamente pelo afundamento da dorsal médio
atlântica e pela presença de um fundo muito irregular, onde se
combinam cristas situadas a menos de três mil metros de profundidade
e fossas com mais de sete mil metros (fossa de Romanche, 7.758 m).

Essa topografia complexa expressa a ação de forças eruptivas e


sísmicas que intervieram em sua formação. É muito conhecida a região
sísmica denominada zona Daussy, que se estende para ambos os lados
da linha do equador, entre 15o e 35o de longitude oeste.

Sobre o Atlântico equatorial se encontra um núcleo de baixas pressões


permanentes, que produz elevado nível de precipitação, com mais de
2.000mm anuais; a intensa e contínua insolação determina a
isotermalidade do clima dessa região, com temperaturas médias
constantes de 25o C. A temperatura da água, muito elevada, passa de
24o C, chegando a superar 28o C, próximo ao golfo da Guiné.

Atlântico sul. Entre o equador e 35o de latitude sul, o Atlântico


meridional caracteriza-se por não possuir em suas margens nenhum
mar secundário, devido ao recorte modesto das costas da África e da
América do Sul.

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O relevo submarino apresenta uma plataforma litoral muito estreita,


com exceção da zona situada ao Sul do estuário do Prata, de onde se
estende a vasta planície da Patagônia.

O talude da plataforma apresenta escarpas abruptas, de modo que as


grandes profundidades não se localizam no centro do oceano, e sim a
pouca distância da costa.

A oeste da Dorsal do Atlântico Sul encontram-se as bacias do Brasil e da


Argentina, com profundidades superiores a cinco mil metros, separadas
pelo planalto do Rio Grande; a leste situam-se as bacias da Guiné, de
Angola e do Cabo.

A circulação atmosférica nessa região apresenta dois centros de ação: o


das baixas pressões equatoriais, até 7o de latitude sul, e o anticiclone
subtropical do hemisfério sul, até 36o sul, região dominada pelos ventos
alísios.

No entanto, existem grandes diferenças entre a costa ocidental


africana, cujo clima tropical desértico se deve à presença de uma
corrente marinha fria (corrente de Bengala), e o sector americano,
correspondente às costas dos pampas argentinos e do Uruguai, que
possuem clima temperado, com verões quentes e húmidos.

A temperatura da água reflecte a da atmosfera: na vertente oriental


oscila entre 20o C no verão e 12o C no inverno, enquanto na costa
americana varia entre 22o C no verão e 20o C no inverno.

As diferenças térmicas e os ventos dão origem a numerosas correntes


marinhas. As mais importantes são a corrente quente sul-equatorial, ao
longo da costa do Brasil e da Argentina, e a corrente fria de Bengala,
que percorre a costa africana desde o Cabo até Moçâmedes.

Os recursos marinhos são abundantes, tanto nessas correntes quanto na


Patagônia (dourado, lagostas, arraias e atum).

História da navegação atlântica. Os fenícios foram os primeiros


marinheiros a atravessar o Atlântico, por volta do ano 500 a.C.,
deixando o Mediterrâneo e alcançando as ilhas Canárias, ao sul, e as
ilhas britânicas ao norte.

No século XI, os viquingues navegaram pelo Atlântico setentrional até a


Islândia e a Groenlândia, alcançando a Terra Nova e a península do
Labrador. Entretanto, essa descoberta não teve maiores
desdobramentos, pois os navegantes nórdicos não tiveram consciência
dela e a seus núcleos de colonização faltou continuidade.

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A história da navegação atlântica teve um impulso decisivo durante o


século XV, quando os turcos e mongóis interromperam o caminho
terrestre até as Índias (Ásia). Os portugueses procuraram chegar até
elas margeando o Atlântico, e, em 1487, Bartolomeu Dias alcançou o
cabo da Boa Esperança, no sul da África. Cinco anos depois, Cristóvão
Colombo atravessou o Atlântico e chegou à América Central, de que
tomou posse em nome dos reis da Espanha.

A partir do século XVI multiplicaram-se as viagens de exploração e o


Atlântico finalmente substituiu o Mediterrâneo como principal via
marítima de comércio.

Nas costas do Atlântico e de seus mares periféricos encontram-se


alguns dos mais poderosos países do mundo: Estados Unidos, Canadá e
os países da Europa ocidental.

A importância económica desse oceano se deve à riqueza de suas zonas


pesqueiras e ao volume da navegação comercial: grande parte do
tráfico marítimo mundial se realiza pela rota atlântica, sobretudo no
Atlântico Norte, entre a Europa e a costa leste americana.

Além disso, trinta dos cinquenta portos mais importantes do mundo


encontram-se no Atlântico. Entre eles destacam-se, na Europa, os de
Londres, Liverpool, Havre, Rotterdam, Bremen e Lisboa; na África, Dacar
e Cidade do Cabo; na América, Nova York, Boston, Baltimore, Filadélfia,
Vera Cruz, La Guaíra, Santos, Rio de Janeiro, Salvador,
Montevidéu e Buenos Aires. (Faria: 2015)

Figura: Oceano Atlântico.

Fonte: Faria (2015)

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4.1.3. Oceano Índico


O nome Índico vem do nome "Indiano", pois na época das grandes
navegações (séculos XV e XVI) foi a principal rota marítima em direcção
as Índias.

O Oceano Índico é aquele que banha a Ásia, a África e a Oceânia e é o


terceiro maior oceano do mundo com uma extensão de 73.440.000
km².

Com uma profundidade média de 3.890m, o Oceano Índico se formou


na Era Mesozóica como resultado da divisão do super continente
Gondwana, tendo sido o último oceano a se formar. Fazem parte dele
o Mar Vermelho, o Golfo Pérsico, o Golfo de Áden, o Golfo de Omã, a
Baía de Bengala, o Mar de Andaman, o Estreito de Malacca, Estreito de
Ormuz, o Canal de Moçambique e o Mar da Arábia, entre outros.

A formação do Oceano Índico se deu a mais ou menos 90 milhões de


anos, quando este adquiriu suas características actuais através da acção
das correntes de convecção (fluxo do magma na astenosfera – camada
logo abaixo da crosta terrestre) que formaram a orokgenia submarina
(processo de formação de montanhas) da cadeia meso-oceânica do
índico.

A cadeia meso-oceânica do índico possui o formato de um “y” ao


contrário que se liga à esquerda à cadeia meso-oceânica do Atlântico, e
à direita, à cadeia meso-oceânica do Pacífico, delimitando as placas
Indiana e Africana com a Placa Antártica ao sul. Ao norte, ela divide a
África da Península Arábica fazendo com que as duas porções de terra
se afastem uma da outra. Isto faz com que a reposição do assoalho
oceânico naquele local vá aumentando o Mar Vermelho, que um dia,
daqui alguns milhares de anos, pode alcançar o tamanho do Oceano
Atlântico.

Devido à sua proximidade com o Oceano Antártico, o Oceano Índico


apresenta temperaturas mais frias em sua parte sul, já a parte norte é
bem mais quente devido às influências do continente.

Essa diferença de temperatura entre o oceano e o continente origina as


chamadas “monções”, que são ventos que mudam de direcção
anualmente de acordo com a variação da temperatura entre oceanos e
continentes.

Quando é verão no hemisfério norte, o continente se aquece mais que


o oceano fazendo com que as correntes de ar mais frias, vindas do
Índico, soprem em direcção ao continente originando a “Monção de

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Verão” ou de Sudoeste. Já, quando é inverno no hemisfério norte


ocorre

o contrário, as correntes de ar mais frias do continente fluem em


direcção ao oceano originando a “Monção de Inverno” ou de Nordeste.

As monções modificam também, as correntes oceânicas que, durante a


Monção de Nordeste (oceano mais quente que o continente) move-se
até a costa africana onde vira para o sul e retorna como a Contra
Corrente Equatorial e durante a Monção de Sudeste forma a “Corrente
de Monção” que se move em direcção ao continente africano, também,
mas, vira em sentido horário, em direcção ao continente.

As águas quentes do Oceano Índico Tropical (norte) abrigam uma infinidade


de espécies.

Em 1900 foram descobertos alguns animais de águas profundas, nas


costas da Indonésia, que não se encaixavam em nenhum outro filo, os
pogonóforos. Mais tarde, em 1938, foi pescado acidentalmente na
costa oriental africana, um exemplar de Celacanto, que se pensava
extinto desde a época dos dinossauros.

Entretanto, os animais marinhos que mais se destacam no Oceano


Índico são os corais: a Grande Barreira de Corais da Austrália, por
exemplo, alcança cerca de 2.200km e só não forma uma linha contínua
por causa dos inúmeros rios e lagos que desaguam por lá alterando a
salinidade e o pH da água.

Em alguns lugares os corais formam verdadeiras ilhas em meio ao


oceano, como por exemplo, as Ilhas Seychelles.

O Oceano Índico é o receptor de alguns dos rios mais importantes da


história da civilização: o Ganges da Índia e que desagua na Baía de Bengala,
os Rios Tigre e Eufrates da Mesopotâmia e que desaguam no Golfo Pérsico.

Figura3: mapa de localização do oceano Índico

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Fonte: Escola Britânica (2015).

Problemas ambientais

Por ser um oceano muito usado como rota de comércio é comum


ocorrerem vazamentos de produtos químicos, petróleo e seus
derivados, transportados por navios. Estes acidentes ambientais
poluem as águas, afectando a biodiversidade do oceano. Outro
problema ambiental são os poluentes residenciais (esgotos) e
industriais (resíduos químicos) jogados nas águas do oceano a partir de
diversas cidades banhadas por suas águas.

4.1.4. Oceano Árctico

O Oceano Árctico é constituído pelo Mar do Norte, o Mar do Pólo


Norte, o Mar da Noruega e o Mar de Barents. Com uma superfície de 14
milhões de km², ele
banha

a Europa, Ásia e América do Norte se misturando ao Oceano Pacífico


através do Estreito de Bering e, com Oceano Atlântico desde a costa da
escócia até a Groenlândia.

O Mar do Norte e o Mar de Barents são regiões de elevada importância


comercial por causa da pesca realizada em grandes quantidades nessa
região. No entanto, os mares da região permanecem praticamente
impossíveis de navegar durante uma parte do ano quando a superfície
do oceano congela.

O Oceano Árctico está localizado na região polar onde as temperaturas


podem chegar a -50ºC. Mesmo assim, a temperatura da superfície do
oceano é praticamente a mesma durante todo o ano, apenas um pouco
superior ao 0ºC no verão e um pouco abaixo no inverno quando o
Oceano Árctico fica coberto pela banquisa, uma camada de gelo que

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pode chegar a 4 km de profundidade e 13 milhões de km². Isto porque


o Árctico não apresenta tantas variações de temperatura quanto o
oceano Antárctico ao sul.

Muito comuns nessa região são os icebergs. Montanhas de gelo que se


desprendem da banquisa e ficam flutuando pelo oceano, o que torna a
navegação nessa região um pouco perigosa. (à título de curiosidade: foi
um iceberg que causou o naufrágio do suntuoso navio Titanic, no início
do século XX)

A maioria dos animais que vivem no Árctico costuma se alimentar nas


águas geladas do oceano, como o urso-polar, a foca, os leões marinhos
e as baleias. (Escola Britânica: 2015).

Figura4: Oceano ârctico

Fonte: Faria (2015)

4.1.5. Oceano Antárctico

Oceano Antárctico também conhecido como Oceano Austral é o nome dado


ao conjunto das águas que banham o Continente Antárctico.
Fazem parte deste conjunto o mar de Amundsen, o mar de
Bellingshausen, parte da passagem de Drake, o mar de Ross e o mar de
Weddell.

Muitos especialistas, oceanógrafos e geógrafos, não reconhecem a


existência do Oceano Antárctico, considerando-o apenas como um
prolongamento das águas dos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.

O oceano Antárctico é o único que circunda o globo terrestre de forma


completa. Possui uma superfície de 20.327.000 km². Seu tamanho foi
calculado, tendo como base os limites constituídos pelo “Tratado da
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Antárctida” (Tratado firmado por diversos países no ano de 1956 onde


estabelece a Antárctida como território internacional para fins pacíficos
e de pesquisa).

Os recursos naturais do Oceano Antárctico ainda não têm sido


explorados, entretanto sabe-se da existência de grandes jazidas de
petróleo e gás natural nas proximidades do continente antárctico e de
depósitos de manganês.

O gelo que cobre a Antárctida é a maior reserva de água doce do mundo:


representando aproximadamente 81% do total.

O oceano Antárctico possui grande biodiversidade. Sua fauna possui


pinípedes (pinguins, focas, leões-marinhos e morsas), cetáceos,
cianobactérias, fitoplâncton e krill, que servem de alimento para os
animais maiores.

A Antárctida não possui flora terrestre, sendo a sua única composição


vegetal feita por algas marinhas e outros organismos autótrofos.
(Faria:2015)

Figura5: Oceano Antártico

Fonte: Escola Britânica (2015)

Sumário

Embora sejam interligados, os oceanos não realizam grande troca de


água entre eles, isso porque as águas que formam cada um dos
oceanos possuem características próprias como temperatura,

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insolação, salinidade (quantidade de sais dissolvidos) e movimentos


(ondas, marés, correntes marítimas).

Dessa forma, os oceanos, ou seja, a imensa massa de água salgada


que cobre a Terra, foram divididos em cinco porções: oceano Ártico,
oceano Antártico, oceano Atlântico, oceano Pacífico e oceano Índico.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. O oceano atlântico devido ao movimento das suas águas é


conhecido por

a) Calmo; b) Tempestuoso; c) Ganges; d) Y

2. A cadeia meso-oceânica do índico possui o formato de um

a) Calmo; b) Tempestuoso; c) Ganges; d) Y

3. O oceano Índico é o receptor de alguns dos rios mais importantes da


história da civilização, é o caso do rio

a) Calmo; b) Tempestuoso; c) Ganges; d) Y

4. O oceano mais extenso do planeta é Pacífico. O nome do pacífico tem sua


origem na expressão
a) Calmo; b) Tempestuoso; c) Ganges; d) Y

5. Muito comuns nessa região são os icebergs. Trata- se de oceano


a) Indico; b) Atlântico; c) Pacifico; d) Ártico

6. A costa moçambicana é banhada pelo oceano


a) Indico; b) Atlântico; c) Pacifico; d) Ártico

7. A sua superfície corresponde à quinta parte da superfície da Terra.


Trata – se de:
a). Indico; b) Atlântico; c) Pacifico; d) Árctico

8. O oceano com maior profundidade média (4.280 m) e onde estão


localizadas as maiores fossas submarinas, chama-se:
a). Indico; b) Atlântico; c) Pacifico; d) Árctico

9. O oceano que fica coberto pela banquisa e que possui animais como o
urso-polar, a foca, os leões marinhos e as baleias, chama – se
a). Indico; b) Atlântico; c) Pacifico; d) Árctico

10.O ponto mais profundo de todo o planeta Terra — é a fossa das


Marianas, perto das ilhas Marianas e se encontra localizado no
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a).
Indico; b) Atlântico; c) Pacifico; d) Árctico

Respostas: 1b); 2 d); 3c); 4a); 5d); 6a); 7b); 8c); 9d); 10c)

Exercícios

1. Qual é a importância económica dos oceanos?


2. Que diferença existe entre os oceanos árctico e indico no que
concerne ao estado físico das suas águas?
3. Qual é o oceano que possui a maior profundidade média?
4. Qual é o oceano que possui maior índice de salinidade?
Justifique

5. Quais as fontes de poluição dos oceanos?

UNIDADE Temática. 4.2: Rios

Introdução

Caro estudante, nesta unidade temática, será tratado o estudo da


hidrografia dos rios. Neste estudo, serão focalizados os principais
elementos que compõem um rio, a localização geográfica dos principais
rios do mundo. Também serão abordados assuntos como importância
dos rios e a poluição dos mesmos.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer os principais elementos de um rio;


Objectivos ▪ Classificar os rios usando vários critérios
▪ Conhecer a importância dos rios;
específicos ▪ Identificar as formas de protecção e conservação dos rios

Desenvolvimento

Conceito de Rio

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Os rios são correntes de águas superficiais que a escoam até um outro


rio, lago ou mar. Pela acção da gravidade, as águas se concentram nas
porções mais baixas, como os vales.

Os rios são costumeiramente definidos como cursos de água ou redes


de drenagem compostos por correntes de água doce formadas a partir
da obtenção de recursos hídricos das chuvas, do derretimento da neve
ou, principalmente, das nascentes onde a água brota do subsolo.

Geralmente, um rio é abastecido por uma bacia hidrográfica, ou seja, a


área geográfica que capta toda a água da superfície ou do subsolo e
direcciona-a para um leito principal e seus afluentes. (Neto e António:
2014)

Os regimes dos rios

Os regimes dos rios, segundo Neto e António (2014), podem ser tanto
fluviais ou nivais. A diferença entre os dois é que o primeiro é
alimentado por águas das chuvas, enquanto que os nivais são oriundos
do derretimento de neves que estão localizadas na maioria das vezes
no alto de montanhas. Alguns rios podem ser alimentados pelos dois
regimes, como é o caso dos rios que compõe a bacia do rio Amazonas.

As porções da bacia que estão localizadas mais próximas dos divisores,


e que se encontram as nascentes do rio principal, denominam-se de
curso superior. Já as partes mais baixas da bacia, próximas da foz,
chamamos de curso inferior.

As porções intermediárias são as consideradas como curso médio. Quando


se desloca no sentido das nascentes, isto é, contra a corrente do rio, diz se
que está se ir à Montante. Quando se segue o curso do rio em direcção a
foz, está se ir à Jusante.

Figura6: As diversas partes dos rios

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Fonte: http://alexandrerjesus03.blogspot.com/2010/07/partes-deum-rio.html

Classificação dos Rios

Com o objectivo de compreender melhor a dinâmica de funcionamento


e evolução dos cursos de águas em áreas continentais, foi elaborada a
classificação dos rios, segundo Mauro (2014), designando-os aos mais
diferentes tipos. Desse modo, assim como ocorre em qualquer outra
tipologia, a definição dos tipos de rios depende do critério utilizado para
classificá-los.

Tipos de rios quanto à forma de escoamento da água

Rios intermitentes ou temporários – são aqueles que correm em apenas


um período do ano, ou seja, secam nas épocas de estiagem. Existem
casos em que essa dinâmica é natural, sobretudo em regiões de grande
variação climática anual.

Todavia, há outros casos em que a manifestação desse tipo de rio é


fruto da acção humana. Vale lembrar que os rios que congelam durante
uma parte do ano e, por isso, deixam de apresentar os movimentos de
suas águas também são classificados como intermitentes.

Rios perenes – são aqueles que correm o ano inteiro, ou seja, não
apresentam interrupção no fluxo de suas águas sobre nenhum período,
seja ele de seca, seja de cheia. Esses rios são alimentados por uma fonte
contínua que faz com que o nível de suas águas nunca fique abaixo da
superfície terrestre.

Rios efémeros – são aqueles que se manifestam apenas em ocasiões de


grandes chuvas, sendo do tipo pouco comum e de previsão pouco
efectiva. Em alguns casos, eles levam décadas para manifestar-se e
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podem acarretar enchentes, principalmente quando há ocupação


humana das áreas de ocorrência desses rios em seu período de seca.

Tipos de rios quanto à forma de relevo

Quanto à forma de relevo, existem dois tipos de rios: os de planalto e os


de planície.

Rios de planalto – são rios que costumam apresentar-se em áreas de


relevo mais acentuado, possuindo um fluxo mais forte em razão dos
muitos acidentes geográficos ao longo de seu percurso. Por
apresentarem uma grande diferença de nível altimétrico entre sua
nascente e a sua foz, esses rios são considerados ideais para a geração
de electricidade, porém pouco recomendados para a navegação na
maior parte de suas áreas.

Rios de planície – são rios que apresentam um curso mais regular, haja
vista o relevo menos acentuado. Por isso, o fluxo de suas áreas não é
rápido e a instalação de hidroeléctricas, embora seja possível, é pouco
recomendada, pois demanda a construção de barragens muito grandes
para um baixo aproveitamento energético, o que gera duros impactos
ambientais.
Os rios de planície mais antigos costumam apresentar canais cheios de
meandros, ou seja, com “curvas” muito frequentes e acentuadas, a
exemplo do Rio Amazonas.

Tipos de rio quanto à água

Em relação à composição da água – geralmente observada pela sua


coloração –, há três principais tipos de rios.

Rios de águas claras – são o tipo considerado mais “puro” e com um


maior potencial turístico. São também chamados de “rios azuis” e
possuem pouca quantidade de sedimentos e outros sólidos em
suspensão.

Rios de águas brancas – são aqueles que apresentam uma grande


quantidade de sedimentos, estes oriundos de rochas como o calcário,
além de apresentar minerais, como o magnésio, em abundância, o que
confere um tom natural esbranquiçado às suas águas.

Rios de águas pretas – tendo como exemplo mais comum o Rio Negro,
na região amazónica, são rios que apresentam sedimentos mais antigos
ou pigmentações oriundas de reacções químicas e influência da
vegetação. São rios de águas um pouco mais ácidas e com uma maior
presença de material orgânico.

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Figura7: Rio Yangtzé, na China. Perene, de planalto e de águas claras

Fonte: Mauro (2014)

Tabela1: Os 10 maiores rios do mundo

Fonte: Neto e António (2014)

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Os rios têm também um potencial erosivo, que chamamos de erosão


fluvial. Este é um tipo de erosão que desgasta as margens dos rios.
Contudo também devemos destacar o potencial de carregar os
sedimentos que estão no fundo dos rios, conforme é apresentado na
figura abaixo.

Figura 8: uma corrente fluindo sobre um leito de areia, silte e argila

Fonte: Pena (2015)

Uma corrente fluindo sobre um leito de areia, silte e argila transporta


partículas de duas maneiras: como carga de fundo, com o material
deslizando e rolando sobre o leito como carga de suspensão, com o
material sendo suspenso no próprio fluxo de forma temporária ou
permanente. A saltação é um movimento de saltos intermitentes dos
grãos. Em geral, quanto menor a partícula, maior o salto e mais longa a
trajetória de deslocamento.

Importância dos rios

Os rios são fontes de um dos recursos naturais indispensáveis aos seres


vivos: a água. Além disso, têm grande importância cultural, social,
económica, histórica…

A vazão do rio, em termos de representatividade na renovação dos


recursos hídricos, “é o componente mais importante do ciclo
hidrológico. Exerce um efeito pronunciado sobre a ecologia da
superfície da terra e sobre o desenvolvimento económico humano. É a
vazão do rio que é mais amplamente distribuída sobre a superfície da
terra e fornece o maior volume de água para consumo no mundo.”.
Neto e António (2014)

Sustentabilidade da vida
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Milhares de espécies da flora e fauna, inclusive a espécie humana,


consomem água de rios, que precisam ter uma qualidade adequada
para os diversos usos.

Dos rios provem grande parte da água consumida pela humanidade


para beber, cozinhar, lavar, conservar alimentos, cultivar plantas, criar
animais, navegação, dentre outros usos.

A água corresponde a 70% da composição do corpo humano, sendo o


principal componente da saliva, do suor, das lágrimas, do sangue. Ela é
parte essencial dos fluidos dos
sistemas digestivo, respiratório, circulatório, nervoso, muscular,
urinário, reprodutor e ósseo.

Auxilia, por exemplo: o transporte de oxigénio e alimentos, o controle


da pressão sanguínea e da temperatura do corpo, a eliminação de
substâncias tóxicas, a lubrificação dos olhos, das narinas, das juntas e
da pele, além de ajudar a absorver impactos e proteger os órgãos,
dentre outras funções.

“A disponibilidade e uso de água potável, assim como a conservação de


recursos hídricos, são chave para o bem-estar humano.”.

Aproximadamente 97,5% da água da Terra é salgada, e apenas 2,5% é


doce. E a água dos rios e lagos correspondem a cerca de 0,3% do volume
total de água doce do planeta.

“A água de rio é de grande importância no ciclo hidrológico global e para


o suprimento de água para a humanidade. Isto porque o
comportamento de componentes individuais no retorno da água na
Terra depende tanto do tamanho do reservatório quanto da dinâmica
do movimento da água. As diferentes formas de água na hidrosfera são
inteiramente reabastecidas durante o ciclo hidrológico, mas com taxas
muito diferentes.”

A quantidade de água efectivamente disponível para uso humano


corresponde a aproximadamente 0,007%, uma parcela relativamente
pequena.

Embora aproximadamente 70% do planeta Terra seja composto de


água, há no mundo, actualmente, mais de 780 milhões de pessoas sem
acesso à água potável.

Fenómenos como a migração da população de áreas rurais para


urbanas, o crescimento demográfico e o processo de industrialização,
dentre outros, têm, por um lado, ampliado a demanda de recursos
hídricos. E, por outro lado: “Os decréscimos nos suprimentos de água

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potável estão comprometendo a saúde humana e a actividade


económica.”.

Os rios também fornecem alimentos aos seres humanos, com especial


destaque aos peixes, de variadas espécies e valores nutricionais.

No entanto, “reduções drásticas nos estoques de peixes estão criando


tanto perdas económicas quanto uma perda de suprimento de comida”,
sendo a poluição das águas uma das principais causas da contaminação
e morte de seres aquáticos, o que tem acarretado também a redução
de estoques de peixes para o consumo humano.

Salienta-se, assim, a importância dos rios para a sustentabilidade da


vida e a necessidade de um conjunto de acções para a sua conservação,
melhoria e recuperação, nos casos em que se encontram degradados.
(Neto e António: 2014)

Irrigação

Os rios são muito importantes para a irrigação de terras em actividades


agrícolas e para que a sustentabilidade da vegetação natural.

Um exemplo na história é o rio Nilo. Localizado em uma região desértica


do continente africano, foi graças a ele que se pôde irrigar as terras para
a agricultura no Egipto Antigo. Após as cheias do rio, as terras das
margens ficavam forradas de húmus, um lodo fértil.

O consumo médio de água no mundo pelo sector agrícola corresponde


a cerca de 70%, sendo o restante consumido pelo sector industrial (20%)
e pelo abastecimento (10%). (Mauro: 2014)

Consumo pelo sector industrial

Estima-se que, actualmente, “a quantidade total de água, demandada


pelo sector industrial, é de 139 m3/s, o que corresponde a um volume
de aproximadamente 4,4 km3/ano” (), o que corresponde a 9,5% da
captação total de água doce no Brasil.

De acordo com a UNESCO (2012, p. 4, tradução nossa), “a operação


efectiva de uma indústria requer um fornecimento sustentável de água
na quantidade certa, com a qualidade certa, no lugar certo, no tempo
certo e com um preço correto”. (Idem).

Cultura e Identidade

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Os rios trazem referências culturais muito importantes sobre a


sociedade humana, expressando modos de vida e implicações no
cuidado e/ou falta de cuidado com o meio ambiente do qual fazem
parte, os recursos tecnológicos e tipos de usos de suas águas,
significados, dentre outras.

Energia

“Energia e água estão intrinsecamente conectadas.” Há diversos tipos


de fontes de energia que necessitam da água em processos
produtivos. “Por outro lado, a energia é requerida para tornar
disponíveis recursos de água para uso e consumo humanos, por meio
de bombeamento transporte, tratamento, dessalinização e
irrigação.” (Mauro: 2014)

Os rios são importante fonte de energia eléctrica. A bacia do rio Paraná,


por exemplo, possui um grande potencial de geração de energia
eléctrica. Nela encontra-se a maior usina do Brasil, a de Itaipú, além da
usina Porto Primavera. E no rio Tocantins, um outro exemplo, localiza-
se a usina de Tucuruí.

Cabe salientar a importância da abordagem sistémica na instalação de


usinas hidreléctricas, na medida em que estas trazem uma série de
implicações ao meio ambiente, em termos de ecossistema e dimensões
socioculturais e económicas.

História

Os rios têm sido marcantes na história da humanidade. Exemplo disto é


o rio Nilo, segundo rio do mundo em extensão, que foi determinante
para o desenvolvimento do Egipto antigo.

Localizado numa região desértica do continente africano, foi graças ao


rio Nilo (denominado de Iteru, “o grande rio”, na época do Egipto
Antigo) que a sociedade egípcia teve acesso à água para beber, irrigar
as terras para a agricultura (após as cheias do rio, as terras das margens
ficavam forradas de húmus, um lodo fértil), pescar, cultivar peixes
(Sarotherodon niloticus, popularmente conhecida como “tilápia-do-
nilo”) e transportar mercadorias e pessoas (navegação fluvial).

Ao longo da história, registaram-se alterações nas características e na


qualidade das águas dos rios, do ecossistema e, em certos casos, de sua
configuração e percurso, alguns sendo, inclusive, parcialmente
rectificados e escondidos pela sua canalização.

Os rios compõem espaços de cidades, que, por sua vez, formam-se “por
processos urbanos que tanto se sucedem na história quanto se inter-
relacionam em uma mesma época e, com princípios diversos, forjam a
cidade múltipla. (Neto e António: 2014)
73
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia
Lazer

Os rios têm-se prestado também ao lazer de muitas pessoas,


possibilitando actividades como: nadar, pescar, velejar, dentre outras.
Estas actividades também dependem da qualidade das águas dos rios.
(Idem)

Paisagem rural e urbana

Os rios compõem paisagens rurais e urbanas, com seus leitos de largur


extensões, volumes, movimentos e águas de cores diversas, refletindo
e refratando a luz, que varia ao longo dos dias e das noites, e conforme as
condições climáticas e outros fatores como tipos de solo, vegetação, dentre
outras, as quais influenciam também o movimento de suas águas, sendo
umas mais ligeiras e turbulentas, enquanto que outras mais lentas, calmas.

As configurações e movimentos dos rios, fauna e flora que compõem o


ecossistema, auxiliam a suavizar a composição geométrica e
predominantemente estática das construções humanas,
principalmente de contextos urbanos. (Idem)

Piscicultura

A piscicultura, ou seja, o cultivo de peixes, é uma das actividades


económicas propiciadas pelos rios.

No rio Parnaíba, por exemplo, que se localiza na região Nordeste do


Brasil, entre os estados do Ceará, Maranhão e Piauí, a principal
actividade económica desenvolvida é a piscicultura.

Um dos factores fundamentais para a piscicultura é a qualidade das


águas, que necessita estar em uma condição adequada para a
manutenção da vida saudável dos peixes e em equilíbrio dinâmico com
o ecossistema.

Transporte hidroviário

Os rios foram e têm sido bastante utilizados para a o transporte


hidroviário, tanto de mercadoria quanto de pessoas.

Em termos de custo e de capacidade de carga, o transporte hidroviário


é cerca de oito vezes mais barato que o rodoviário e três vezes menor
que o ferroviário.

Poluição dos rios

Um dos principais problemas ambientais da actualidade, segundo


António e Neto (2014) é a poluição dos rios. Enquanto alguns países da
Europa desenvolveram planos eficientes de despoluição dos rios, o
Brasil continua com uma grande quantidade de rios poluídos.
74
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Causas e Consequências

São vários os elementos que os homens despejam nos rios, causando com
isso diversos problemas ambientais.

Em muitas cidades, o sistema sanitário é precário (falta adequada de


planeamento urbano) e o esgoto doméstico é jogado directamente nos rios
sem receber o devido tratamento. Este esgoto é um dos principais
causadores da morte de peixes nos rios.

Este tipo de poluição também causa o mau cheiro e o desenvolvimento de


microrganismos nos rios, facilitando a proliferação de doenças em casos de
enchentes.

Os produtos químicos que muitas indústrias despejam na rede de


esgoto e nos rios também provocam a morte de peixes e de outros tipos
de vida que costumam habitar as águas dos rios. Embora esta prática
seja crime ambiental no Brasil, ainda é muito comum, principalmente,
em locais onde a fiscalização do poder público não existe ou é
ineficiente.

A poluição dos rios também é provocada pelo lixo sólido,


principalmente doméstico, que é descartado dentro dos rios. Com o
tempo este lixo vai se acumulando, provocando o assoreamento do rio.
Quando ocorrem chuvas de grande intensidade, a vasão do rio diminui
e provoca alagamento nas margens, causando enchentes e graves
prejuízos para as pessoas que moram nas proximidades.

Soluções para não provocar a poluição dos rios:

- Pessoas e empresas não devem jogar lixo dentro dos rios;

- Investimentos do sector público no tratamento de esgoto;

- Os governos devem punir rigorosamente pessoas e empresas que poluem


os rios.

- Os governos não devem permitir a ocupação irregular próxima às margens


dos rios.

Exemplos de rios que foram despoluídos:

- Rio Tâmisa (Londres, Inglaterra)


- Rio Neiva (Portugal)
- Rio Sena (Paris, França)

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

Sumário

Os rios são correntes de águas superficiais que a escoam até um outro


rio, lago ou mar. Pela acção da gravidade, as águas se concentram nas
porções mais baixas, como os vales. Esta unidade temática tratou dos
elementos que constituem um rio. Não só mas também da classificação
dos rios segundo vários critérios e a importância de conserva –los.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1 Rios oriundos do derretimento de neves que estão localizadas na


maioria das vezes no alto de montanhas são de regimes.

a) Fluviais; b) nivais; c) Fluviais e nivais; d) curso superior

2. Os rios que são alimentados por águas das chuvas são:

a). Fluviais; b) nivais; c) Fluviais e nivais; d) curso superior

3.Os rios que compõem a bacia do rio Amazonas são alimentados pelos
regimes

a). Fluviais; b) nivais; c) Fluviais e nivais; d) curso superior

4.As porções da bacia que estão localizadas mais próximas dos


divisores, e que se encontram as nascentes do rio principal,
denominamos de:

a) Fluviais; b) nivais; c) Fluviais e nivais; d) curso superior

5.Existem rios que apresentam uma grande quantidade de sedimentos,


estes oriundos de rochas como o calcário, além de apresentar minerais,
como o magnésio, em abundância, estes são conhecidos como rios:

a) intermitentes; b) perenes; c) efémeros; d) de águas brancas

6. Os rios que se manifestam apenas em ocasiões de grandes chuvas,


sendo do tipo pouco comum e de previsão pouco efectiva, são
chamados por:

a) intermitentes; b) perenes; c) efémeros; d) de águas brancas


7.Os rios que correm o ano inteiro, ou seja, não apresentam interrupção
no fluxo de suas águas sobre nenhum período, seja ele de seca, seja de
cheia, chamam se de:

a) intermitentes; b) perenes; c) efémeros; d) de águas brancas

8.Os rios que correm em apenas um período do ano, ou seja, secam nas
épocas de estiagem, são designados por:
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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia
a)
intermitentes; b) perenes; c) efémeros; d) de águas brancas

9. O rio Danúbio localiza se na:

a). América do Norte; b) América do Sul; c) África e Ásia ocidental; d)

Europa

10. Os rios Mississipi e Nelson localizam se na:

a) América do Norte; b) América do Sul; c) África e Ásia ocidental; d)


Europa

11. Os rios Orange e Tigre localizam se na:

a) América do Norte; b) América do sul; c) África e Ásia ocidental; d) Europa

Respostas: 1b); 2a); 3c); 4d); 5d); 6c); 7b); 8a); 9d); 10a); 11c)

Exercícios:

1. O que entende por bacia hidrográfica?


2. Qual é o rio mais extenso do mundo? e o rio mais comprido do
mundo?
3. O que é regime de um rio? E como que esse regime se classifica?
4. Que medidas podem ser tomadas para a protecção dos rios contra
a poluição?
5. Fale da importância do rio?

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 10 Ano Módulo: Hidrologia

UNIDADE Temática.4.3: Hidrografia dos Lagos e Pântanos

Introdução

Caro estudante, esta unidade temática terá como objecto de estudo os


lagos e pântanos. Será discutida a formação desses, sua classificação,
importância e as formas de conservação.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir os termos “lago” e “pântano”


Objectivos ▪ Diferenciar os lagos dos pântanos
específicos ▪ Explicar a importância dos lagos e pântanos

Desenvolvimento

Lagos

Os lagos são originados a partir de cursos de água variável formados a


partir de uma depressão natural na superfície do nosso planeta.
Diferente das lagoas, os lagos não se formam artificialmente a não ser
que algum curso de água seja propositalmente desviado para evitar
enchentes ou outros acidentes geográficos.

As águas dos lagos são geralmente provenientes de chuvas, de um curso


de água já existente, como um rio por exemplo ou a partir de uma
nascente natural

Lagos Desenvolvimento através da expan


Tectónica tectónicas da crosta da terra (um ex
Baikal na Rússia - o lago mais profun
um local nomeado património mundia

Lagos Desenvolvimento atravésLagos de


de reclamação Desenvolvimento
erosiva dos devido a uma soluçã
calcário
glaciares e do derretimento ou
dos mesmos ou salinadana cama rochosa da terr
na crista
Glaciares
terra criando aqueles que são o tipo de lagos mais da superfície da terra (u
de desmoronar
depressões
frequentemente encontrados no mundo. Arendsee na Alemanha Federal, no es
Anhalt).

78
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Barragens Desenvolvimento devido Tabela2: classificação dos lagos


a desmoronamento ou
que forma lagoas formadas devido a "beliscões" na terra (pinch-
lagos ou offs).
lagoas

Lagos com Os lagos de origens vulcânicas também chamados os


origens em lagos de cratera, desenvolvidos como o Eifel no
vulcões sudoeste da Alemanha. Para além destes, há os lagos
que se formaram a partir da queda de meteoritos e
que são similares aos lagos vulcânicos.

Lago em São desenvolvidos a partir do deslocamento natural


forma de de riachos, onde a velha cama do rio se estica e forma
ferradura um lago em forma de ferradura (por exemplo o Lago
Kamernsch em HavelbergFonte:
em Saxony-Anhalt).
Lucas (2014)

Lagos Desenvolvimento dos lagos Termo - Cársicos nas


termo regiões com permafrost (camada de terra congelada),
cársico por exemplo no Alasca no norte da Sibéria.

Para além dos tipos de lagos representados na tabela existem ainda


outros dois tipos que o autor acima não fez a sua abordagem. Segundo a
Escola Britânica (2015),

Trata se de de:
Lagos Residuais – são lagos formados a partir de antigos mares. É um
lago de água salgada.
Lagos Mistos – como o nome já diz, são lagos formados por uma
“mistura” de vários factores. Esses factores são os outros formadores
de lagos que já foram citados.

Os maiores lagos do mundo e sua localização geográfica


Figura9: maiores lagos do mundo e sua localização geográfica

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Fonte: Lucas (2014)

A importância dos lagos

Os lagos de água doce são muito importantes porque muitas cidades


dependem deles para obter água potável e, em regiões secas, os
agricultores usam suas águas para regar as plantações por meio de
sistemas de irrigação. A água dos lagos pode ser usada também para
gerar energia em usinas hidreléctricas. Além disso, nadadores e
velejadores aproveitam os lagos para recreação.

Poluição nos lagos


Normalmente nos lagos, como existe menos corrente, há uma maior
vulnerabilidade à contaminação por fertilizantes, petróleo e derivados,
pesticidas ou outras substâncias tóxicas.
Figura10: poluição dos lagos

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Fonte: Escola Britânica (2015)

A eutrofização consiste no enriquecimento excessivo em nutrientes


(azoto e fosforo), promovendo o desenvolvimento de organismos foto
autotróficos (algas verdes e cianobactérias) que conferem à água uma
coloração esverdeada. Este processo é um dos problemas mais graves a
nível de ecossistemas aquáticos e tem origem natural ou cultural.

Eutrofização natural: processo demorado associado a processos


naturais de evolução dos ecossistemas (sucessão ecológica) Ex.
ecossistema lacustre tende a transformar-se num ecossistema
terrestre.

Eutrofização cultural: Processo mais acelerado relacionado com as


actividades humanas Ex.: ecossistemas de água doce próximos de zonas
urbanas ou áreas agrícolas intensivas. (Lucas: 2014)
Figura11: Eutrofização

Fonte: Escola Britânica (2015)

Consequências:
81
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

1. perda de biodiversidade;
2.Alterações na composição das espécies;
3.Efeitos tóxicos;
4.Impactos ecológicos e desequilíbrios no ecossistema

Parâmetros de qualidade das águas

Para caracterização da qualidade de água são realizadas colheitas, que


serão sujeitas a exames e análises. Existem variáveis físicas, químicas e
biológicas.

Variáveis físicas: cor, turvação, sabor e odor avaliado em escalas


próprias.
Variáveis Químicas: -salinidade, dureza, alcalinidade, oxidabilidade,
ferro, nitratos, sólidos dissolvidos totais, substâncias tóxicas expressas
em concentração (mg/L)
Variáveis biológicas: avaliadas pela densidade populacional que se
pretende identificar

Os exames e análises são realizados segundo métodos padronizados e


por entidades especializadas.

Parâmetros utilizados:

-Número de colónias de bactérias provenientes das fezes humanas


presentes em 100mL de amostra de água

- a presença de Escherichia coli

-Quantidade de matéria orgânica biodegradável (resíduos que são


passiveis de serem decompostos pela actividade de organismos
anaeróbios e aeróbios) (Lucas: 2014)

4.3.2. Pântano

Os pântanos são formados por águas paradas e pouco profundas,


situadas sobre um manto impermeável, com uma vegetação bastante
densa e um solo com grandes quantidades de vegetação em
decomposição. O pântano se forma em planícies mal drenadas.
Normalmente estão localizados no curso baixo dos rios e nas zonas
litorâneas, mas também podem ocorrer no curso alto e médio dos rios.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Figura12: pântano da Louisiana, EUA.

Fonte: Rabe (2011),


Os pântanos, segundo Rabe (2011), podem acontecer em água salgada
ou doce. Os de água doce estão nas beiras pouco profundas de lagos e
rios de águas calmas, e aparecem na medida em que as lagoas e lagos
são recheados por sedimentos. Os pântanos de água salgada aparecem
nas planícies inundadas pelas marés, nas zonas costeiras.

Os pântanos salgados situados longe do mar, estão localizados ao redor


de lagos ou lagoas salgadas. A natureza do pântano (sua composição
vegetal e diversidade de espécies) está fortemente influenciada pela
sua relação com os ecossistemas mais próximos. Estes determinam a
quantidade de nutrientes que chegam, o movimento da água e o tipo e
quantidade de sedimentos ali depositados.

De acordo com o mesmo autor, os pântanos têm uma vegetação e uma


fauna bem características, com frequentes endemismos. Suas plantas
são hidrófilas, ou seja, toleram grande quantidade de água, mas
também são capazes de sobreviver em solos com pouco oxigênio.

Não existem muitas espécies com estas características, fato que faz dos
pântanos serem pobres em espécies, mas abundante em massa
biológica. Normalmente são raras as plantas que em este ambiente
alcançam grandes tamanhos.

Pântanos têm uma rica vegetação submersa: algas e bactérias,


principalmente. Existem plantas que se especializaram em viver sobre a
água, como os nenúfares e algumas enraizadas como o lírio de água.

Estas águas são propícias para algumas espécies de répteis (crocodilos


e serpentes) e anfíbios como as rãs. A temperatura suave e a grande
humidade fazem com que os insectos encontrem um lugar ideal para se
reproduzir.Além da fauna aquática, estes ecossistemas estão

83
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

colonizados por aves especializadas em alimentar-se e construir ninhos


neste ambiente: flamingos, garças, cegonhas, etc.

Na América do Sul, podemos citar alguns pântanos, tais como: Rio


Cruces (Chile); Esteros Del Ibera (Argentina); Pântanos de Villa (Peru) e
Delta Del Paraná (Argentina)

A importância dos pântanos

Um dos ambientes mais ignorados pelo ser humano na natureza, é ao


mesmo tempo um dos mais importantes do planeta, os pântanos. Nele
vivem diversas espécies de peixes, pássaros e outros animais que de
alguma forma estão ligados e necessitam desse ecossistema em sua
sobrevivência.

Podemos encontrar nos pântanos principalmente, as seguintes


espécies: jacarés, capivaras, peixes (dourado, pintado, curimbatá,
pacu), ariranhas, onça-pintada, macaco-prego,veado-campeiro,
loboguará, cervo-do-pantanal, tatu, bicho-preguiça, tamanduá,
lagartos, cágados, jabutis, cobras (jibóia e sucuri) e pássaros (tucanos,
jaburus, garças, papagaios, araras, emas, gaviões).

E num momento onde se fala tanto de efeito estufa, e que se tem tanta
preocupação com o meio ambiente, é importante lembrar que a região
pantaneira tem grande importância na regulagem do clima, e do nível
dos rios de uma região, e que sua destruição só agrava o aquecimento
global.
Pântanos, os subestimados salvadores do clima – Seu crescimento,
sozinho, seria suficiente para reduzir as emissões de CO2 a 100 milhões
de toneladas por ano, a meta do Protocolo de Kyoto.

“Infelizmente, as pessoas ainda não têm consciência sobre a


importância dos pântanos no combate ao aquecimento global”,
lamenta John Couwenberg, pesquisador da Universidade de Greifswald,
na Alemanha. Embora os pântanos correspondam a apenas 3% da
superfície da Terra, eles têm papel importante no ajuste da
temperatura do planeta, pois capturam mais gás carbônico do que
todas as florestas do mundo juntas.

As áreas pantanosas estão localizadas principalmente nas regiões frias


das zonas boreais, entre as latitudes 50 e 70 do hemisfério norte. A
Rússia sozinha abriga mais de um quinto dos pântanos em todo o
mundo.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Outras grandes regiões pantanosas existem também no Canadá e na


Escandinávia, além da bacia amazônica e do sudeste asiático. Mesmo
na África, segundo Couwenberg, estimam-se significativas áreas
pantanosas na bacia do Congo e no Delta do Níger. (Rabe: 2011)

Sumário

Esta unidade tratou dos lagos e pântanos. Foram apresentadas as


diferenças existentes entre eles. A importância de cada recurso
aquática e as várias formas de protege – los da poluição.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Desenvolvimento devido a desmoronamento ou lagoas formadas


devido a "beliscões" na terra

a). Lagos Glaciares; b) Lagos Tectónicos;c) Lagos de calcário; d)


Barragens que forma lagos ou lagoas

2. Desenvolvimento através da reclamação erosiva dos glaciares e do


derretimento dos mesmos na crista da terra criando aqueles que são
o tipo de lagos mais frequentemente encontrados no mundo

a) Lagos Glaciares; b) Lagos Tectónicos; c) Lagos de calcário; d)

3. O Lago Baikal na Rússia, pertence aos

a) Lagos Glaciares; b) Lagos Tectónicos; c) Lagos de calcário; d)


Barragens que forma lagos ou lagoas

4. Desenvolvimento devido a uma solução de carbonato ou salina na


cama rochosa da terra e devido ao desmoronar da superfície da terra

a) Lagos Glaciares; b) Lagos Tectónicos) Lagos de calcário; d) Barragens


que forma lagos ou lagoas

5. O lago superior localiza se na:

a) África; b) Ásia; c) América do Sul; d) América do Norte

6. O lago Michigan localiza se na:


a) África; b) Ásia; c) América do Sul; d) América do Norte

7. O lago Baikal localiza se na:

a) África; b) Ásia; c) América do Sul; d) América do Norte

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

8. O lago victoria localiza se na:

a) África; b) Ásia; c) América do Sul; d) América do Norte

9.São formados por águas paradas e pouco profundas, situadas sobre


um manto impermeável, com uma vegetação bastante densa e um solo
com grandes quantidades de vegetação em decomposição. Trata se de

a) Pântanos; b) lagos; c) oceanos; d) rios

10. O processo que consiste no enriquecimento excessivo em nutrientes


(azoto e fosforo), promovendo o desenvolvimento de organismos
fotoautotróficos (algas verdes e cianobactérias) que conferem à água
uma coloração esverdeada, denomina se por

a) Eutrofização natural; b) Eutrofização cultural; c) eutrofização; d)


Eutrofização cultural ou natural

Respostas:1d); 2a); 3b); 4c); 5d); 6d); 7b); 8a); 9a); 10c)

Exercícios

1. Diferencie os lagos dos pântanos?


2. Que consequência traz a poluição dos lagos e pântanos?
3. Qual é a importância dos pântanos?
4. Mencione as fontes de poluição dos lagos
5. Que medidas devem ser tomadas para evitar a poluição dos pântanos e lagos

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO DO TEMA 4

1.Desenvolvimento devido a desmoronamento ou lagoas formadas


devido a "beliscões" na terra, são conhecidos por:
a). Lagos Glaciares; b) Lagos Tectónicos) Lagos de calcário; d) Barragens
que forma lagos ou lagoas

2.Desenvolvimento através da reclamação erosiva dos glaciares e do


derretimento dos mesmos na crista da terra criando aqueles que são o
tipo de lagos mais frequentemente encontrados no mundo.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

a) Lagos Glaciares; b) Lagos Tectónicos; c) Lagos de calcário; d)


Barragens que forma lagos ou lagoas;

3. Os rios que correm o ano inteiro, ou seja, não apresentam


interrupção no fluxo de suas águas sobre nenhum período, seja ele
de seca, seja de cheia, chamam se de:
a) intermitentes; b) perenes; c) efémeros; d) de águas brancas

4. Os rios que correm em apenas um período do ano, ou seja, secam nas


épocas de estiagem, são designados por

a) intermitentes; b) perenes; c) efémeros; d) de águas brancas

5. O rio Danúbio localiza se na:

a) América do Norte; b) América do Sul; c) África e Ásia ocidental; d)


Europa

Respostas: 1d); 2a); 3b); 4a); 5d

TEMA V: ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E AQUÍFEROS.

UNIDADE Temática 5.1. Águas Subterrâneas


UNIDADE Temática 5.2. Aquíferos

UNIDADE Temática 5.1. Águas Subterrâneas

Introdução

Caro estudante, nesta unidade temática, será feito o estudo das águas
subterrâneas. Serão abordadas matérias como o conceito das águas
subterrâneas, sua ocorrência e classificação, tanto como sua
importância para a humanidade.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Explicar origem das águas subterrâneas


Objectivos ▪ Conhecer a importância das águas subterrâneas
específicos ▪ Classificar as águas subterrâneas

Desenvolvimento

Conceito de águas subterrâneas

Água subterrânea, de acordo com Húo (2009), é toda a água que ocorre
abaixo da superfície da Terra, preenchendo os poros ou vazios inter-
granulares das rochas sedimentares, ou as fracturas, falhas e fissuras
das rochas compactas, e que sendo submetida a duas forças (de adesão
e de gravidade) desempenha um papel essencial na manutenção da
humidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos.

As águas subterrâneas cumprem uma fase do ciclo hidrológico, uma vez


que constituem uma parcela da água precipitada

Para Húo (2009), após a precipitação, parte das águas que atinge o solo
se infiltra e percola no interior do subsolo, durante períodos de tempo
extremamente variáveis, decorrentes de muitos factores, como sejam:

-Porosidade do subsolo: a presença de argila no solo diminui sua


permeabilidade, não permitindo uma grande infiltração;

-Cobertura vegetal: um solo coberto por vegetação é mais permeável


do que um solo desmatado;

-Inclinação do terreno: em declividades acentuadas a água corre mais


rapidamente, diminuindo a possibilidade de infiltração;

-Tipo de chuva: chuvas intensas saturam rapidamente o solo, ao passo


que chuvas finas e demoradas têm mais tempo para se infiltrarem.

Durante a infiltração, uma parcela da água sob a acção da força de


adesão ou de capilaridade fica retida nas regiões mais próximas da
superfície do solo, constituindo a zona não saturada.

Outra parcela, sob a acção da gravidade, atinge as zonas mais profundas


do subsolo, constituindo a zona saturada.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

FIGURA: Caracterização esquemática das zonas saturadas e não


saturadas no subsolo

Fonte: UNESCO (1978)

-Zona não saturada: também chamada de zona de aeração ou vadosa,


é a parte do solo que está parcialmente preenchida por água. Nesta
zona, pequenas quantidades de água distribuem-se uniformemente,
sendo que as suas moléculas se aderem às superfícies dos grãos do solo.
Nesta zona ocorre o fenómeno da transpiração pelas raízes das plantas,
de filtração e de autodepuração da água. Dentro desta zona encontra-
se:

-Zona de humidade do solo: é a parte mais superficial, onde a perda de


água de adesão para a atmosfera é intensa. Em alguns casos é muito
grande a quantidade de sais que se precipitam na superfície do solo
após a evaporação dessa água, dando origem a solos salinizados ou a
crostas ferruginosas (lateríticas). Esta zona serve de suporte
fundamental da biomassa vegetal natural ou cultivada da Terra e da
interface atmosfera / litosfera.

-Zona intermediária: região compreendida entre a zona de humidade


do solo e da franja capilar, com humidade menor do que nesta última e
maior do que a da zona superficial do solo.

Em áreas onde o nível freático está próximo da superfície, a zona


intermediária pode não existir, pois a franja capilar atinge a superfície
do solo. São brejos e alagadiços, onde há uma intensa evaporação da
água subterrânea.

89
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

-Franja de capilaridade: é a região mais próxima ao nível de água do


lençol freático, onde a humidade é maior devido à presença da zona
saturada logo abaixo.

Zona saturada: é a região abaixo da zona não saturada onde os poros


ou fracturas da rocha estão totalmente preenchidos por água.

As águas atingem esta zona por gravidade, através dos poros ou


fracturas até alcançar uma profundidade limite, onde as rochas estão
tão saturadas que a água não pode penetrar mais.

Para que haja infiltração até a zona saturada, é necessário primeiro


satisfazer as necessidades da força de adesão na zona não saturada.
Nesta zona, a água corresponde ao excedente de água da zona não
saturada que se move em velocidades muito lentas (em/dia), formando
o manancial subterrâneo propriamente dito. Uma parcela dessa água
irá desaguar na superfície dos terrenos, formando as fontes, olhos de
água.

A outra parcela desse fluxo subterrâneo forma o caudal basal que


desagua nos rios, perenizando-os durante os períodos de estiagem, com
uma contribuição multianual média da ordem de 13.000 km3/ano, ou
desagua directamente nos lagos e oceanos.

A superfície que separa a zona saturada da zona de aeração é chamada


de nível freático, ou seja, este nível corresponde ao topo da zona
saturada.

Dependendo das características climatológicas da região ou do volume


de precipitação e escoamento da água, esse nível pode permanecer
permanentemente a grandes profundidades, ou se aproximar da
superfície horizontal do terreno, originando as zonas encharcadas ou
pantanosas, ou convertendo-se em mananciais (nascentes) quando se
aproxima da superfície através de um corte no terreno.

Ocorrência e Volume das Águas Subterrâneas

Assim como a distribuição das águas superficiais é muito variável, a das


águas subterrâneas também é, uma vez que elas se interrelacionam no
ciclo hidrológico e dependem das condições climatológicas.

Entretanto, as águas subterrâneas (10.360.230 km3) são


aproximadamente 100 vezes mais abundantes que as águas superficiais
dos rios e lagos (92.168 km3). Embora elas encontrem-se armazenadas
nos poros e fissuras milimétricas das rochas, estas ocorrem em grandes
extensões, gerando grandes volumes de águas subterrâneas na ordem
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de, aproximadamente, 23.400 km3, distribuídas em uma área


aproximada de 134,8 milhões de km2, constituindo-se em importantes
reservas de água doce.

Alguns especialistas indicam que a quantidade de água subterrânea


pode chegar até 60 milhões de km3, mas a sua ocorrência em grandes
profundidades pode impossibilitar seu uso. Por essa razão, a quantidade
passível de ser captada estaria a menos de 4.000 metros de
profundidade, compreendendo cerca de 8 e 10 milhões de km3, que,
segundo Rebouças et al. (2002), estaria assim distribuída: 65.000 km3
constituindo a humidade do solo; 4,2 milhões de km3 desde a zona não-
saturada até 750 m de profundidade, e 5,3 milhões de km3 de 750 m
até 4.000 m de profundidade, constituindo o manancial subterrâneo.

Além disso, a quantidade de água capaz de ser armazenada pelas rochas


e pelos materiais não consolidados em geral depende da porosidade
dessas rochas, que pode ser de até 45%, da comunicação desses poros
entre si ou da quantidade e tamanho das aberturas de fracturas
existentes.

No Brasil, as reservas de água subterrânea são estimadas em 112.000


km3 (112 trilhões de m3) e a contribuição multianual média à descarga
dos rios é da ordem de 2.400 km3 /ano.

Nem todas as formações geológicas possuem características


hidrodinâmicas que possibilitem a extracção económica de água
subterrânea para atendimento de médias e grandes vazões pontuais. As
vazões já obtidas por poços variam, no Brasil, desde menos de 1 m3/h
até mais de 1.000 m3/h.

Na Argentina, a contribuição multianual média à descarga dos rios é da


ordem de 128 km3/ano, no Paraguai, de 41 km3/ano e no Uruguai, de
23 km3/ano. (UNESCO:1978).

Qualidade das Águas Subterrâneas

Durante o percurso no qual a água percola entre os poros do subsolo e


das rochas, ocorre a depuração da mesma através de uma série de
processos físico-químicos (troca iónica, decaimento radioactivo,
remoção de sólidos em suspensão, neutralização de pH em meio
poroso, entre outros) e bacteriológicos (eliminação de microorganismos
devido à ausência de nutrientes e oxigénio que os viabilizem) que
agindo sobre a água, modificam as suas características adquiridas
anteriormente, tornando-a particularmente mais adequada ao
consumo humano.

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Sendo assim, a composição química da água subterrânea é o resultado


combinado da composição da água que adentra o solo e da evolução
química influenciada directamente pelas litologias atravessadas, sendo
que o teor de substâncias dissolvidas

nas águas subterrâneas vai aumentando à medida que prossegue no


seu movimento.

As águas subterrâneas apresentam algumas propriedades que tornam


o seu uso mais vantajoso em relação ao das águas dos rios (UNESCO:
1978):

- São filtradas e purificadas naturalmente através da percolação,


determinando excelente qualidade e dispensando tratamentos
prévios;

- Não ocupam espaço em superfície; sofrem menor influência nas


variações climáticas; são passíveis de extracção perto do local de uso;

- Possuem temperatura constante; têm maior quantidade de reservas;

- Necessitam de custos menores como fonte de água; as suas reservas


e captações não ocupam área superficial;

- Apresentam grande protecção contra agentes poluidores; o uso do


recurso aumenta a reserva e melhora a qualidade;

- Possibilitam a implantação de projectos de abastecimento à medida


da necessidade.

Uso das Águas Subterrâneas

A exploração de água subterrânea está condicionada a factores


quantitativos, qualitativos e económicos (UNESCO: 1978):

-Quantidade: intimamente ligada à condutividade hidráulica e ao


coeficiente de armazenamento dos terrenos.

-Qualidade: influenciada pela composição das rochas e condições


climáticas e de renovação das águas;

-Económico: depende da profundidade do aquífero e das condições de


bombeamento.

Contudo, o aproveitamento das águas subterrâneas data de tempos


antigos e sua evolução tem acompanhado a própria evolução da
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humanidade, sendo que o seu crescente uso se deve ao melhoramento


das técnicas de construção de poços e dos métodos de bombeamento,
permitindo a extracção de água em volumes e profundidades cada vez
maiores e possibilitando o suprimento de água a cidades, indústrias,
projectos de irrigação, etc.

A relação, em termos de demanda quanto ao uso, varia entre os países,


e nestes, de região para região, constituindo o abastecimento público,
de modo geral, a maior demanda individual.

Segundo ABAS, praticamente todos os países do mundo, desenvolvidos


ou não, utilizam água subterrânea para suprir suas necessidades. Países
como a Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda,
Hungria, Itália, Marrocos, Rússia e Suíça atendem de 70 a 90% da
demanda para o abastecimento público. Outros utilizam a água
subterrânea no atendimento total (Dinamarca, Arábia Saudita, Malta)
ou apenas como suplementação do abastecimento público e de
actividades como irrigação, produção de energia, turismo, indústria,
etc.

Na Austrália, 60% do país depende totalmente do manancial


subterrâneo e em mais de 20% o seu uso é preponderante. A cidade do
México atende cerca de 80% da demanda dos quase 20 milhões de
habitantes.

A mais de 50% da população mundial poderia estar sendo abastecida


pelo manancial subterrâneo.

Regiões áridas e semi-áridas (Nordeste do Brasil e a Austrália), e certas


ilhas, têm a água subterrânea como o único recurso hídrico disponível
para uso humano. Até regiões desérticas, como a Líbia, têm a demanda
de água em cidades e na irrigação atendida por poços tubulares
perfurados em pleno deserto do Saara.

Estima-se em 300 milhões o número de poços perfurados no mundo nas


três últimas décadas, 100 milhões dos quais nos Estados Unidos, onde
são perfurados cerca de 400 mil poços por ano, com uma extração de
mais de 120 bilhões de m3/ano, atendendo mais de 70% do
abastecimento público e das indústrias.

Na África do Norte, China, Índia, Estados Unidos e Arábia Saudita, cerca


de 160 bilhões de toneladas de água são retirados por ano e não se
renovam. Essa água daria para produzir comida suficiente para 480
milhões de pessoas por ano.

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A expansão das terras agrícolas vem provocando também o uso


intensivo das águas subterrâneas, além do uso habitual das fontes
superficiais. Existem diversos exemplos no mundo de esgotamento de
aquíferos por sobre exploração para uso em irrigação. Avalia-se que
existam no mundo 270 milhões de hectares irrigados com água
subterrânea, 13 milhões desses nos Estados Unidos e 31 milhões na
Índia. (UNESCO:1978).

Vários núcleos urbanos no Brasil abastecem-se de água subterrânea de


forma exclusiva ou complementar, constituindo o recurso mais
importante de água doce.

Indústrias, propriedades rurais, escolas, hospitais e outros


estabelecimentos utilizam, com frequência, água de poços profundos.

Sumário

Esta unidade temática tratou das águas subterrâneas.


Foram focalizados assuntos como a origem das águas
subterrâneas, sua função e sua distribuição pelo mundo.
Foi feita igualmente a classificação das águas subterrâneas
segundo vários critérios.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1.Após a precipitação, parte das águas que atinge o solo se infiltra e


percola no interior do subsolo, durante períodos de tempo
extremamente variáveis, decorrentes de seguintes factores:

a) porosidade do subsolo, ventos, inclinação do terreno e tipo de chuva

b) porosidade do subsolo, cobertura vegetal, inclinação do terreno e


ventos
c) ventos, cobertura vegetal, inclinação do terreno e tipo de chuva

d) porosidade do subsolo, cobertura vegetal, inclinação do terreno e


tipo de chuva

2. A presença de argila no solo:


a) Diminui permeabilidade do solo, não permitindo grande infiltração
da água;
b) Diminui permeabilidade do solo, permitindo grande infiltração da
água;

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c) Aumenta permeabilidade do solo, não permitindo grande infiltração


da água
d) Não influencia na infiltração da água

3. Um solo coberto por vegetação


a) É mais permeável do que um solo desmatado;
b) Não é mais permeável do que um solo desmatado;
c) pode ser mais permeável do que um solo desmatado;
d) não possui permeabilidade;

4. Em solos de declividades acentuadas a água corre mais rapidamente,


a) Aumentando a possibilidade de infiltração;
b) Diminuindo a possibilidade de infiltração;
c) Não havendo nenhuma possibilidade de infiltração;
d) Nenhuma das anteriores.

5. A região mais próxima ao nível de água do lençol freático, onde a


humidade é maior devido à presença da zona saturada logo abaixo,
chama-se:
a) Zona não saturada; b) Zona de humidade do solo; c) Zona saturada;
d) Franja de capilaridade

6. A parte mais superficial, onde a perda de água de adesão para a


atmosfera é intensa, denomina se por

a) Zona não saturada; b) Zona de humidade do solo; c) Zona saturada;


d) Franja de capilaridade

7. A zona de aeração ou vadosa também é conhecida por

a) Zona não saturada; b) Zona de humidade do solo; c) Zona saturada;


d) Franja de capilaridade

8. A região abaixo da zona não saturada onde os poros ou fracturas da


rocha estão totalmente preenchidos por água, chama se

a) Zona não saturada; b) Zona de humidade do solo; c) Zona saturada;


d) Franja de capilaridade

9. A parte do solo que está parcialmente preenchida por água,


chama-se:
a) Zona não saturada; b) Zona de humidade do solo; c) Zona saturada;

d) Franja de capilaridade

10. As águas subterrâneas são utilizadas

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a) em apenas países desenvolvidos; b) em apenas em países em


desenvolvimento;

c) apenas em países africano; d) em todos países do mundo

Respostas: 1d); 2a); 3a); 4b); 5d); 6b); 7a); 8c); 9a); 10d.

Exercícios

1. O que entende por águas subterrâneas?


2. Diferencie as zonas saturadas das não saturadas do subsolo?
3. Qual é a importância das águas subterrâneas?
4. Quais os factores que influenciam na infiltração das águas no
solo?
5. O que entende por permeabilidade dos solos?

UNIDADE Temática.5.2. Aquíferos

Introdução

Caro estudante nesta unidade temática, terá a oportunidade de


conhecer o significado de aquífero, sua distribuição e importância.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer o significado de aquífero;


▪ Classificar aquíferos segundo vários critérios;
Objectivos ▪ Conhecer a função dos aquíferos
específicos

Desenvolvimento

Conceito de aquífero

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Aquífero é, segundo UNESCO1978, uma formação geológica do subsolo,


constituída por rochas permeáveis, que armazena água em seus poros
ou fracturas.

Outro conceito refere-se a aquífero como sendo, somente, o material


geológico capaz de servir de depositório e de transmissor da água aí
armazenada. Assim, uma litologia só será aquífera se, além de ter seus
poros saturados (cheios) de água, permitir a fácil transmissão da água
armazenada.

Um aquífero pode ter extensão de poucos quilómetros quadrados a


milhares de quilómetros quadrados, ou pode, também, apresentar
espessuras de poucos metros a centenas de metros. Etimologicamente,
aquífero significa: aqui = água; fero = transfere; ou do grego, suporte de
água.

Os aquíferos mais importantes do mundo, seja por extensão ou pela


transnacionalidade, são: o Guarani - Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai
(1,2 milhões de km2); o Arenito Núbia Líbia, Egito, Chade,
Sudão (2 milhões de km2); o KalaharijKaroo -Namíbia, Bostwana, África
do Sul (135 mil km2); o Digitalwaterway vechte - Alemanha, Holanda
(7,5 mil km2); o SlovakKarst-Aggtelek -República Eslováquia e Hungria);
o Praded - República Checa e Polônia (3,3 mil km2) (UNESCO, 2001); a
Grande Bacia Artesiana (1,7 milhões km2) e a Bacia Murray (297 mil
km2), ambos na Austrália. Em um recente levantamento, a UNECE da

Tipos de Aquíferos

A litologia do aquífero, ou seja, a sua constituição geológica


(porosidade/permeabilidade intergranular ou de fissuras) é que irá
determinar a velocidade da água em seu meio, a qualidade da água e a
sua qualidade como reservatório.

Essa litologia é decorrente da sua origem geológica, que pode ser fluvial,
lacustre, eólica, glacial e aluvial (rochas sedimentares), vulcânica
(rochas fracturadas) e metamórfica (rochas calcáreas), determinando
os diferentes tipos de aquíferos. Quanto à porosidade, existem três
tipos aquíferos, segundo Húo (2009):

Figura: tipos de aquíferos quanto a porosidade

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Fonte: UNESCO (1978)

-Aquífero poroso ou sedimentar - é aquele formado por rochas


sedimentares consolidadas, sedimentos inconsolidados ou solos
arenosos, onde a circulação da água se faz nos poros formados entre os
grãos de areia, silte e argila de granulação variada.

Constituem os mais importantes aquíferos, pelo grande volume de água


que armazenam, e por sua ocorrência em grandes áreas. Esses
aquíferos ocorrem nas bacias sedimentares e em todas as várzeas onde
se acumularam sedimentos arenosos.

Uma particularidade desse tipo de aquífero é sua porosidade quase


sempre homogeneamente distribuída, permitindo que a água flua para
qualquer direcção, em função tão somente dos diferenciais de pressão
hidrostática ali existente. Essa propriedade é conhecida como isotropia.

-Aquífero fracturado ou fissural - formado por rochas ígneas,


metamórficas ou cristalinas, duras e maciças, onde a circulação da água
se faz nas fracturas, fendas e falhas, abertas devido ao movimento
tectónico. Ex.: basalto, granitos, gabros, filões de quartzo, etc..

A capacidade dessas rochas de acumularem água está relacionada à


quantidade de fracturas, suas aberturas e intercomunicação,
permitindo a infiltração e fluxo da água. Poços perfurados nessas rochas
fornecem poucos metros cúbicos de água por hora, sendo que a
possibilidade de se ter um poço

produtivo dependerá, somente, desse poço intersetar fracturas capazes


de conduzir a água. Nesses aquíferos, a água só pode fluir onde houver
fracturas, que, quase sempre, tendem a ter orientações preferenciais.
São ditos, portanto, aquíferos anisotrópicos.

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Um caso particular de aquífero fracturado é representado pelos


derrames de rochas vulcânicas basálticas, das grandes bacias
sedimentares brasileiras.

-Aquífero cárstico (Karst) - formado em rochas calcáreas ou


carbonáticas, onde a circulação da água se faz nas fracturas e outras
descontinuidades (diáclases) que resultaram da dissolução do
carbonato pela água. Essas aberturas podem atingir grandes
dimensões, criando, nesse caso, verdadeiros rios subterrâneos. São
aquíferos heterogéneos, descontínuos, com águas duras, com fluxo em
canais. As rochas são os calcários, dolomitos e mármores.

Quanto à superfície superior (segundo a pressão da água), os aquíferos


podem ser de dois tipos (Unesco:1978):

Figura: Tipos de aquíferos quanto a pressão

Fonte: Idem

-Aquífero livre ou freático - é aquele constituído por uma formação


geológica permeável e superficial, totalmente aflorante em toda a sua
extensão, e limitado na base por uma camada impermeável.

A superfície superior da zona saturada está em equilíbrio com a pressão


atmosférica, com a qual se comunica livremente. Os aquíferos livres
têm a chamada recarga directa. Em aquíferos livres o nível da água varia
segundo a quantidade de

chuva. São os aquíferos mais comuns e mais explorados pela população.


São também os que apresentam maiores problemas de contaminação.

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- Aquífero confinado ou artesiano - é aquele constituído por uma


formação geológica permeável, confinada entre duas camadas
impermeáveis ou semipermeáveis.

A pressão da água no topo da zona saturada é maior do que a pressão


atmosférica naquele ponto, o que faz com que a água ascenda no poço
para além da zona aquífera. O seu reabastecimento ou recarga, através
das chuvas, dá-se preferencialmente nos locais onde a formação aflora
à superfície. Neles, o nível da água encontra-se sob pressão, podendo
causar artesianismo nos poços que captam suas águas.

Os aquíferos confinados têm a chamada recarga indirecta e quase


sempre estão em locais onde ocorrem rochas sedimentares profundas
(bacias sedimentares).

O aquífero semi-confinado que é aquele que se encontra limitado na


base, no topo, ou em ambos, por camadas cuja permeabilidade é menor
do que a do aquífero em si. O fluxo preferencial da água se dá ao longo
da camada aquífera. Secundariamente, esse fluxo se dá através das
camadas semi-confinantes, à medida que haja uma diferença de
pressão hidrostática entre a camada aquífera e as camadas subjacentes
ou sobrejacentes.

Em certas circunstâncias, um aquífero livre poderá ser abastecido por


água oriunda de camadas semiconfinadas subjacentes, ou vice-versa.
Zonas de fracturas ou falhas geológicas poderão, também, constituirse
em pontos de fuga ou recarga da água da camada confinada.

Em uma perfuração de um aquífero confinado, a água subirá acima do


tecto do aquífero, devido à pressão exercida pelo peso das camadas
confinantes sobrejacentes. A altura a que a água sobe chama-se nível
potenciométrico e o furo é artesiano.

Numa perfuração de um aquífero livre, o nível da água não varia porque


corresponde ao nível da água no aquífero, isto é, a água está à mesma
pressão que a pressão atmosférica. O nível da água é designado então
de nível freático ().

Figura: Representação esquemática do nível de pressão nos aquífero

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Fonte: UNESCO (1978)

2.2. Áreas de Reabastecimento e Descarga do Aquífero

Um aquífero apresenta uma reserva permanente de água e uma reserva


activa ou reguladora que são continuamente abastecidas através da
infiltração da chuva e de outras fontes subterrâneas. As reservas
reguladoras ou activas correspondem ao escoamento de base dos rios.

A área por onde ocorre o abastecimento do aquífero é chamada zona


de recarga, que pode ser directa ou indirecta (Húo: 2009). O
escoamento de parte da água do aquífero ocorre na zona de descarga.

Zona de recarga directa: é aquela onde as águas da chuva se infiltram


directamente no aquífero, através de suas áreas de afloramento e
fissuras de rochas sobrejacentes. Sendo assim, a recarga sempre é
directa nos aquíferos livres, ocorrendo em toda a superfície acima do
lençol freático.

Nos aquíferos confinados, o reabastecimento ocorre preferencialmente


nos locais onde a formação portadora de água aflora à superfície.

Zona de recarga indirecta: são aquelas onde o reabastecimento do


aquífero se dá a partir da drenagem (filtração vertical) superficial das
águas e do fluxo subterrâneo indirecto, ao longo do pacote confinante
sobrejacente, nas áreas onde a carga potenciométrica favorece os
fluxos descendentes.

Zona de descarga: é aquela por onde as águas emergem do sistema,


alimentandos rios e jorrando com pressão por poços artesianos.

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As maiores taxas de recarga ocorrem nas regiões planas, bem


arborizadas, e nos aquíferos livres. Nas regiões de relevo acidentado,
sem cobertura vegetal, sujeitas a práticas de uso e ocupação que
favorecem as enxurradas, a recarga ocorre mais lentamente e de
maneira limitada.

Sob condições naturais, apenas uma parcela dessas reservas


reguladoras é passível de exploração, constituindo o potencial ou
reserva explorável.

Em geral, esta parcela é calculada entre 25% e 50% das reservas


reguladoras (REBOUÇAS, 1992 citado em ANA, 2001). Esse volume de
explotação pode aumentar em função das condições de ocorrência e
recarga, bem como dos meios técnicos e financeiros disponíveis,
considerando que a soma das extracções com as descargas naturais do
aquífero para rios e oceano, não pode ser superior à recarga natural do
aquífero.

2.3. Funções dos Aquíferos

Além de suprir água suficiente para manter os cursos de águas


superficiais estáveis (função de produção), os aquíferos também
ajudam a evitar seu transbordamento, absorvendo o excesso da água
da chuva intensa (função de regularização).

Na Ásia tropical, onde a estação quente pode durar até 9 meses e onde
as chuvas de monção podem ser bastante intensas, esse duplo serviço
hidrológico é crucial.

Segundo o mesmo autor, os aquíferos também proporcionam uma


forma de armazenar água doce sem muita perda pela evaporação -
outro serviço particularmente valioso em regiões quentes, propensas à
seca, onde essas perdas podem ser extremamente altas.

Na África, por exemplo, em média, um terço da água extraída de


reservatórios todo ano perde-se pela evaporação.

Os pântanos, habitats importantes para as aves, peixes e outras formas


de vida silvestre, nutrem-se, normalmente, de água subterrânea, onde
o lençol freático aflora à superfície em ritmo constante.

Onde há muita exaustão de água subterrânea, o resultado é,


frequentemente, leitos secos de rios e pântanos ressecados.

Portanto, os aquíferos podem cumprir as seguintes funções (UNESCO:


1978):
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-Função de produção: corresponde à sua função mais tradicional de


produção de água para o consumo humano, industrial ou irrigação.

-Função de estocagem e regularização: utilização do aquífero para


estocar excedentes de água que ocorrem durante as enchentes dos rios,
correspondentes à capacidade máxima das estações de tratamento
durante os períodos de demanda baixa, ou referentes ao reuso de
efluentes domésticos e/ ou industriais.

-Função de filtro: corresponde à utilização da capacidade filtrante e de


depuração bio-geoquímica do maciço natural permeável. Para isso, são
implantados poços a distâncias adequadas de rios perenes, lagoas, lagos
ou reservatórios, para extrair água naturalmente clarificada e
purificada, reduzindo substancialmente os custos dos processos
convencionais de tratamento.

-Função ambiental: a hidrogeologia evoluiu de enfoque naturalista


tradicional (década de 40) para hidráulico quantitativo até a década de
60. A partir daí, desenvolveu-se a hidroquímica, em razão da utilização
intensa de insumos químicos nas áreas urbanas, indústrias e nas
actividades agrícolas. Na década de 80 surgiu a necessidade de uma
abordagem multidisciplinar integrada na hidrogeologia ambiental. -
Função transporte: o aquífero é utilizado como um sistema de
transporte de água entre zonas de recarga artificial ou natural e áreas
de extracção excessiva.

-Função estratégica: a água contida em um aquífero foi acumulada


durante muitos anos ou até séculos e é uma reserva estratégica para
épocas de pouca ou nenhuma chuva.

O gerenciamento integrado das águas superficiais e subterrâneas de


áreas metropolitanas, inclusive mediante práticas de recarga artificial
com excedentes da capacidade das estações de tratamento, os quais
ocorrem durante os períodos de menor consumo, com infiltração de
águas pluviais e esgotos tratados, originam grandes volumes hídricos.
Esses poderão ser bombeados para

atender o consumo essencial nos picos sazonais de demanda, nos


períodos de escassez relativa e em situações de emergência resultantes
de acidentes naturais, como avalanches, enchentes e outros tipos de
acidentes que reduzem a capacidade do sistema básico de água da
metrópole em questão.

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- Função energética: utilização de água subterrânea aqueci da pelo


gradiente geotermal como fonte de energia eléctrica ou termal.

- Função mantenedora: mantém o fluxo de base dos rios.

2.5. Impactos Ambientais sobre os Aquíferos

O manancial subterrâneo acha-se relativamente melhor protegido dos


agentes de contaminação que afectam rapidamente a qualidade das
águas dos rios, na medida em que ocorre sob uma zona não saturada
(aquífero livre), ou está protegido por uma camada relativamente
pouco permeável (aquífero confinado). ABAS destaca alguns dos
impactos ambientais nos seguintes termos:

- Contaminação: a vulnerabilidade de um aquífero refere-se ao seu grau


de protecção natural às possíveis ameaças de contaminação potencial,
e depende das características litológicas e hidrogeológicas dos estratos
que o separam da fonte de contaminação (geralmente superficial), e
dos gradientes hidráulicos que determinam os fluxos e o transporte das
substâncias contaminantes através dos sucessivos estratos e dentro do
aquífero.

A contaminação ocorre pela ocupação inadequada de uma área que não


considera a sua vulnerabilidade, ou seja, a capacidade do solo em
degradar as substâncias tóxicas introduzidas no ambiente,
principalmente na zona de recarga dos aquíferos.

A contaminação pode se dar por fossas sépticas e negras; infiltração de


efluentes industriais; fugas da rede de esgoto e galerias de águas
pluviais; vazamentos de postos de serviços; por aterros sanitários e
lixões; uso indevido de fertilizantes nitrogenados; depósitos de lixo
próximos dos poços mal construídos ou abandonados. Entretanto, a
mais perigosa, é a contaminação provoca da por produtos químicos,
que acarretam danos muitas vezes irreversíveis, causando enormes
prejuízos, à medida que impossibilita o uso das águas subterrâneas em
grandes áreas.

Além da exaustão do aquífero, a superexplotação pode provocar:

-Indução de água contaminada causada pelo deslocamento da pluma


de poluição para locais do aquífero;

-Subsidência de solos, definida como "movimento para baixo ou


afundamento do solo causado pela perda de suporte subjacente",
provocando uma compactação diferenciada do terreno que leva ao
colapso das construções civis;
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-Avanço da cunha salina definida como o avanço da água do mar em


subsuperfície sobre a água doce, salinizando o aquífero, em áreas
litorâneas. Sem dúvida, a maioria dos aquíferos costeiros são
susceptíveis à intrusão salina, que geralmente resulta da
sobreexplotação em poços muito próximos do mar.

Algumas das cidades que tiveram problemas de salinização de seus


poços são, entre outras: Lima (Peru); Santa Marta (Colombia); Coro
(Venezuela);

Rio Grande e Natal (Brasil) e Mar deI Plata (Argentina). No caso de


Buenos Aires-La Plata, o problema de salinização se deve ao conteúdo
de sais de uma formação costeira.

O crescimento desordenado do número de poços tem provocado


significativos rebaixamentos do nível de água e problemas de intrusão
salina em Boa Viagem.

O desenvolvimento de poderosas bombas eléctricas e a diesel permitiu


a capacidade de extrair água dos aquíferos com maior rapidez do que é
substituída pela chuva, sem considerar, ainda, que os aquíferos têm
diferentes taxas de recarga, alguns com recuperação mais lenta que
outros.

Calcula-se que a extracção anual dos aquíferos é de 160 bilhões de


metros cúbicos (160 trilhões de litros) no mundo.

Em quase todos os continentes, muitos dos principais aquíferos estão


sendo exauridos com uma rapidez maior do que sua taxa natural de
recarga. A mais severa exaustão de água subterrânea ocorre na Índia,
China, Estados Unidos, Norte da África e Oriente Médio, causando um
déficit hídrico mundial de cerca de 200 bilhões de metros cúbicos por
ano (SAMPAT,2001).

Existem diversos exemplos no mundo de esgotamento de aquíferos por


superexplotação para uso em irrigação. O esgotamento das águas
subterrâneas já provocou o afundamento dos solos situados sobre os
aquíferos na cidade do México e na Califórnia, Estados Unidos, assim
como em outros países.
No Brasil, como não há legislação específica que discipline o uso das
águas subterrâneas e coíba a abertura de novos poços, essa franquia de
ordem legal tem contribuído para problemas de superexplotação
(BROWN, 2003).

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Outro fator que está provocando o comprometimento da qualidade e


disponibilidade hídrica dos aquíferos reside na ocupação inadequada de
suas áreas de recarga.

Nos Estados Unidos, segundo um estudo da BBC Mundo (2003),


verificou-se que o maior aquífero desse país, o Ogallala, está
empobrecendo a uma taxa de 12 bilhões de m3 ao ano.

A redução total chega a uns 325 bilhões de m3, um volume que iguala o
fluxo anual dos 18 rios do estado do Colorado. O Ogallala se estende do
Texas a Dakota do Sul e suas águas alimentam um quinto das terras
irrigadas dos Estados Unidos.

A utilização de poços, fontes e vertentes deve ter a orientação de um


profissional habilitado nessa área, de modo que o seu uso não
comprometa o uso futuro desses recursos (seja por uma possível
contaminação ou a exploração de uma vazão superior à admissível), e
nem exponha a saúde da população abastecida a possíveis doenças de
origem ou veiculação hídrica, devido à utilização de mananciais
inadequados ou contaminados.

Em suma, a compatibilização do uso dessa importante alternativa


estratégica de abastecimento com as leis naturais que governam a sua
ocorrência e reposição, além de proteger as áreas de recarga de
possíveis contaminações poderá garantir a sua preservação e uso
potencial pelas gerações futuras (SILVA, 2003). Além disso, conhecer a
disponibilidade dos sistemas aquíferos e a qualidade de suas águas é
primordial ao estabelecimento de política de gestão das águas
subterrâneas.

Sumário

Esta unidade tratou de aquíferos, em que foi feita a classificação de


aquíferos usando vários critérios. Igualmente foram apresentadas as
funções dos aquíferos.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Existe aquífero em que a sua porosidade é quase sempre


homogeneamente distribuída, permitindo que a água flua para
qualquer direcção. Essa propriedade é conhecida como:

a) poroso; b) fracturado; c) cárstico; d) isotropia

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2. O tipo de aquífero formado por rochas ígneas, metamórficas ou


cristalinas, duras e maciças, onde a circulação da água se faz nas
fracturas, fendas e falhas, abertas devido ao movimento tectónico,
chama se:

a) poroso; b) fracturado; c) cárstico; d) isotropia

3. O aquífero formado por rochas sedimentares consolidadas,


sedimentos inconsolidados ou solos arenosos, onde a circulação da
água se faz nos poros formados entre os grãos de areia, silte e argila de
granulação variada, chama se

a) poroso; b) fracturado; c) cárstico; d) isotropia

4. O aquífero formado em rochas calcáreas ou carbonáticas, onde a


circulação da água se faz nas fracturas e outras descontinuidades
(diáclases) que resultaram da dissolução do carbonato pela água,
denomina se por:

a) Poroso; b) fracturado; c) cárstico; d) isotropia

5. A formação geológica do subsolo, constituída por rochas permeáveis,


que armazena água em seus poros ou fracturas, chama se

a) Aquífero livre; b) Aquífero confinado; c) aquífero semi-confinado; d)


Aquífero

6. O aquífero constituído por uma formação geológica permeável e


superficial, totalmente aflorante em toda a sua extensão, e limitado na
base por uma camada impermeável, chama se:

a) Aquífero livre; b) Aquífero confinado; c) aquífero semi-confinado; d)


Aquífero

7. O aquífero constituído por uma formação geológica permeável,


confinada entre duas camadas impermeáveis ou semipermeáveis,
chama se:

a) Aquífero livre; b) Aquífero confinado; c) aquífero semi-confinado; d)


Aquífero

8. O aquífero que se encontra limitado na base, no topo, ou em ambos,


por camadas cuja permeabilidade é menor do que a do aquífero em si,
é:

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a) Aquífero livre; b) Aquífero confinado; c) aquífero semi-confinado; d)


Aquífero

9.A zona por onde as águas emergem do sistema, alimentandos rios e


jorrando com pressão por poços artesianos, chama se

a) Zona de recarga directa; b) Zona de recarga indirecta; c) Zona de


descarga; d) nenhuma das anteriores

10.As zonas por onde o reabastecimento do aquífero se dá a partir da


drenagem (filtração vertical) superficial das águas e do fluxo
subterrâneo indirecto, ao longo do pacote confinante sobrejacente, nas
áreas onde a carga potenciométrica favorece os fluxos descendentes,
chama se:

a) Zona de recarga directa; b) Zona de recarga indirecta; c) Zona de


descarga; d) nenhuma das anteriore

Respostas: 1d); 2b); 3a); 4c); 5d);6 a); 7b); 8c); 9c); 10b.

Exercícios

1. O que entende por aquífero?

2. Classifique os aquíferos quanto a porosidade?

3. Diferencie o aquífero poroso do aquífero fracturado?

4. Qual é a função dos aquíferos?

5. Que impactos pode provocar a superexplotação dos aquíferos

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO DO TEMA V

1. Existe aquífero em que a sua porosidade é quase sempre

homogeneamente distribuída, permitindo que a água flua para


qualquer direcção. Essa propriedade é conhecida como

a) Poroso; b) fracturado; c) cárstico; d) isotropia

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2. O tipo de aquífero formado por rochas ígneas, metamórficas ou


cristalinas, duras e maciças, onde a circulação da água se faz nas
fracturas, fendas e falhas, abertas devido ao movimento tectónico,
chama se`:

a) Poroso; b) fracturado; c) cárstico; d) isotropia

3. O aquífero formado por rochas sedimentares consolidadas,


sedimentos inconsolidados ou solos arenosos, onde a circulação da
água se faz nos poros formados entre os grãos de areia, silte e argila de
granulação variada, chama se

a) Poroso; b) fracturado; c) cárstico; d) isotropia

4.Após a precipitação, parte das águas que atinge o solo se infiltra e


percola no interior do subsolo, durante períodos de tempo
extremamente variáveis, decorrentes de seguintes factores:

a) Porosidade do subsolo, ventos, inclinação do terreno e tipo de chuva

b) Porosidade do subsolo, cobertura vegetal, inclinação do terreno e


ventos

c) Ventos, cobertura vegetal, inclinação do terreno e tipo de chuva

d) Porosidade do subsolo, cobertura vegetal, inclinação do terreno e


tipo de chuva

5. A presença de argila no solo

a) Diminui permeabilidade do solo, não permitindo grande infiltração


da água

b) Diminui permeabilidade do solo, permitindo grande infiltração da


água

c) Aumenta permeabilidade do solo, não permitindo grande infiltração


da água

d) Não influencia na infiltração da água

Respostas: 1d); 2b); 3a); 4d); 5a)

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TEMA VI: GLACIARES

UNIDADE Temática 6.1. Glaciares, sua formação, crescimento e destruição

Introdução

Caro estudante, este tema irá tratar da hidrografia dos glaciares. Serão
abordados assuntos como a formação dos glaciares, seu crescimento e
sua destruição
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer a origem dos glaciares


Objectivos ▪ Conhecer o processo de formação e destruição dos glaciares
específicos

Desenvolvimento

Glaciares

O que é o gelo? Para um geólogo, um bloco de gelo é uma rocha, uma


massa de grãos cristalinos do mineral gelo.

Tal como a maioria das rochas, o gelo é duro, mas é muito menos denso
do que a maioria das rochas. Partilha a sua origem com a das rochas
ígneas (arrefecimento e cristalização de um fluido). Como as rochas
sedimentares, o gelo é depositado em camadas à superfície da Terra e
pode atingir grandes espessuras. Tal como as rochas metamórficas, o
gelo transforma-se por recristalização sob pressão.

O gelo dos glaciares forma-se por afundimento e metamorfismo do


“sedimento” neve. A rocha é formada à medida que os flocos de neve
espaçados – cada um é um cristal singular do mineral gelo – sofrem
diagénese e recristalizam numa massa sólida.

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

A característica incomum do gelo enquanto mineral é a sua


temperatura de fusão extremamente baixa, centenas de graus abaixo
das temperaturas às quais a maioria dos minerais se liquefaz.

Uma massa de gelo, tal como qualquer outra massa de rocha ou de solo
à superfície da Terra, pode deslocar-se vertente abaixo.

Os glaciares são massas de gelo em terra firme que apresentam provas


de movimento actual ou antigo. Dividimos os glaciares com base no
tamanho e na forma em dois tipos básicos: os glaciares de vale ou
alpinos e os glaciares continentais ou inlandsis.

Muitos esquiadores e alpinistas estão familiarizados com os glaciares de


vale, também chamados de glaciares alpinos. Estes rios de gelo formam-
se nas partes mais altas das cordilheiras montanhosas onde a neve se
acumula, geralmente em vales pré-existentes, fluindo ao longo dos
mesmos.

A maioria destes glaciares ocupa a largura total do vale e pode afundar


a sua base rochosa sob centenas de metros de gelo. Em climas mais
quentes, de latitudes mais baixas, os glaciares de vale podem ser
encontrados apenas nos topos dos picos das montanhas mais altas.

Nos climas mais frios, das altas latitudes, os glaciares de vale podem
descer muitos quilómetros ao longo do comprimento total do vale; em
alguns locais, eles podem estender-se como largas línguas nas terras
baixas que rodeiam as frentes montanhosas.

Quando o glaciar de vale flui por cordilheiras costeiras, ele pode acabar
no oceano, onde se desprendem massas de gelo que formam os
icebergs (ou icebergues, utilizando uma expressão
“aportuguesada”).

Um glaciar continental é muito maior do que um glaciar de vale e é


constituído por um manto de gelo extremamente lento, daí também o
seu outro nome de inlandsis. Os maiores inlandsis actualmente são os
que cobrem grande parte da Gronelândia e da Antárctida.

O gelo glaciar da Gronelândia e da Antárctida não se encontra confinado


aos vales de montanha mas cobre praticamente toda a sua superfície
sólida.

Na Gronelândia, 2,8 milhões de quilómetros cúbicos de gelo cobrem


cerca de 80% da área total de 4,5 milhões de quilómetros quadrados da
ilha.

A superfície superior do inlandsis faz lembrar uma lente convexa


extremamente grande. No seu ponto mais alto, no meio da ilha, o gelo

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atinge espessuras superiores a 3200 metros. A partir desta área central,


a superfície do gelo inclina para o mar de todos os lados.

Na costa montanhosa, o glaciar divide-se em línguas glaciárias estreitas,


fazendo lembrar glaciares de vale que circulam através das montanhas,
chegando ao mar, quebrando-se e formando icebergues.

Maior ainda é o inlandsis antárctico. O gelo cobre cerca de 90% da


Antárctida, cobrindo uma área de cerca de 12,5 milhões de quilómetros
quadrados e atingindo profundidades médias de 3000 metros, estando
o seu ponto mais elevado situado a uma cota superior a 4000 metros.

Na Antárctida, tal como na Gronelândia, o gelo forma um domo no


centro e inclina para todos os lados para o mar. Em alguns locais flutuam
mantos de gelo mais finos sobre o oceano, encontrando-se ligados ao
glaciar principal, em terra.

As calotas polares são massas de gelo formadas nos pólos Norte e Sul
da Terra. A maior parte da calota polar árctica formou-se nas águas
oceânicas e não é, geralmente, referida como um glaciar.

Quase toda a calota polar antárctica repousa sobre terra firme, o


continente da Antárctida, e é considerada como um glaciar
continental. (Assine e Vasely :1996)

Figura1: Glaciar

Fonte: Húo (2009)

Formação, crescimento e destruição dos glaciares

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Um glaciar forma-se quando existe abundante precipitação de neve


durante o Inverno e esta não se derrete no Verão. A neve é
gradualmente convertida em gelo e, quando o gelo se torna
suficientemente espesso, começa a fluir. São, assim necessárias duas
condições essenciais: temperaturas baixas e quantidades adequadas de
neve.

Para que os glaciares se formem, as temperaturas devem ser


suficientemente baixas para manter a neve durante todo o ano. Estas
condições são encontradas nas altas latitudes (regiões polares e
subpolares) e nas elevadas altitudes (montanhas). As altas latitudes são
frias devido à obliquidade da incidência dos raios solares, que
dispersam, deste modo, a energia por uma superfície maior.

As elevadas altitudes são frias porque os primeiros 10 quilómetros da


atmosfera arrefecem constantemente à medida que a distância ao solo
aumenta. Como resultado, a altura da linha de neve – a altitude a partir
da qual as neves são eternas – varia.

Mesmo nos climas mais quentes, os glaciares formam-se se as


montanhas forem suficientemente altas. Perto da linha equatorial, os
glaciares só se formam em montanhas com altitudes superiores a 5500
metros. Esta altitude mínima decresce de modo contínuo em direcção
aos pólos, onde a neve e o gelo são permanentes até ao nível do mar.

A formação de neve e de glaciares requer tanto humidade como frio:


humidade sob a forma de neve e frio para impedir que esta descongele.
Assim, na Antárctida, por exemplo, a pluviosidade é extremamente
baixa mas como a temperatura também o é, qualquer neve que caia é
aproveitada, contribuindo para a enorme acumulação de gelo que se
verifica neste continente

Uma queda de neve recente é constituída por uma massa fofa de flocos
de neve soltos. À medida que os cristais pequenos, delicados e soltos
envelhecem no solo, eles encolhem tornando-se grãos equigranulares.
Durante esta transformação, a massa de flocos de neve é compactada,
formando uma neve densa e granulosa.

Com o advento de novos nevões, a neve anterior é soterrada e


compactada pelo superior, formando uma forma de neve mais
compacta, o nevado.

O enterramento e compactação posteriores formam o gelo glaciário


quando os pequenos grãos recristalizam e cimentam.

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O processo é mais simples se pensarmos na neve como um sedimento


que é transformado, por afundimento, numa rocha metamórfica
denominada gelo.
A quantidade de neve adicionada a um glaciar anualmente corresponde
à sua acumulação. Quando o gelo glaciário acumula, ele aprisiona e
preserva valiosas relíquias do passado da Terra, como seres humanos e
mamutes lanosos congelados e inclusões fluídas de líquidos e gases ou
poeiras. (Assine e Vasely:1996)

Quando o gelo se acumula até atingir uma espessura suficiente para que
o movimento se inicie, a formação do glaciar está completa.

O gelo, tal como a água, flui ao longo do declive de uma vertente sob
acção da gravidade. Em qualquer dos casos, um glaciar acaba por entrar
em altitudes mais baixas, onde as temperaturas são mais elevadas.

A quantidade total de gelo que um glaciar perde anualmente


corresponde à sua ablação. Existem quatro mecanismos responsáveis
pela ablação de um glaciar (Assine e Vasely: 1996):

• Degelo (quando um glaciar se começa a derreter perde


material);

• Desprendimento de icebergues (quebram-se peças de gelo e


formam-se icebergues quando um glaciar desce até à linha de
costa);

• Sublimação (nos climas frios, o gelo pode passar directamente


do estado sólido para o estado gasoso);

• Erosão eólica (ventos fortes podem erodir o gelo primariamente


por degelo e sublimação).

A diminuição dos glaciares resulta do aquecimento e degelo da frente


glaciária. Portanto, apesar de um glaciar se estar a mover vertente
abaixo, a sua frente pode estar a retirar.

A diferença entre a acumulação e a ablação dá-nos o crescimento ou a


diminuição de um glaciar.

Quando a ablação e a acumulação se anulam, o glaciar está em


equilíbrio mantendo o seu tamanho. Se a acumulação for maior que a
ablação, o glaciar está a crescer; se a ablação for maior que a
acumulação, o glaciar está a diminuir. Estes equilíbrios ou balanços
glaciários podem modificar-se com o tempo.

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Movimento e velocidade de um glaciar

Quando o gelo se acumula a uma espessura suficiente para se começar


a movimentar, forma-se um glaciar.

À medida que o glaciar se move, o gelo deforma-se e flui lentamente


vertente abaixo com o mesmo tipo de escoamento laminar (movimento
ordenado das partículas, sem que haja mistura entre elas ou
cruzamento entre as linhas de fluxo; é o oposto do escoamento
turbulento) dos cursos de água lentos e estreitos.

Ao contrário, porém, dos cursos de água, o fluxo de um glaciar é


extremamente lento, de tal modo que o gelo parece permanecer no
mesmo local de dia para dia.

A velocidade dos glaciares aumenta se o declive da encosta ou se a


espessura do gelo aumentarem. Mesmo em terras baixas, os glaciares
continuam a mover-se se tiverem espessura suficiente. Mas que
mecanismos permitem ao gelo deslocar-se?

Os glaciares fluem, primariamente, por dois mecanismos: fluxo plástico


e deslizamento basal. No fluxo plástico, o gelo deforma-se e desliza
internamente a uma escala microscópica. No deslizamento basal, o gelo
desliza ao longo da base do glaciar, tal como um tijolo a deslizar por um
plano inclinado.

Sob a grande pressão que existe dentro de um glaciar, os cristais


individuais de gelo deslizam pequenas distâncias, na ordem de um
décimo – milionésimo de milímetro, durante um curto intervalo de
tempo. Este movimento é conhecido por fluxo plástico porque é
semelhante à deformação plástica de uma rocha profundamente
enterrada.

O total de todos os pequenos movimentos do enorme número de


cristais de gelo que compõem um glaciar provoca um grande
movimento resultante, numa direcção, de toda a massa de gelo.

À medida que os cristais de gelo se desenvolvem sob uma tensão


crescente profundamente enterrados num glaciar, os seus
deslizamentos microscópicos tornam-se paralelos, aumentando, deste
modo, a velocidade de deslocação do glaciar.

O movimento plástico predomina nas regiões mais geladas, onde o gelo


espalhado pelo glaciar se encontra bastante abaixo do ponto de
congelação, incluindo a base do glaciar.

O gelo basal está gelado e aferrado ao chão, pelo que a maior parte do
movimento se faz acima da base por deformação plástica. (Assine e
Vasely: 1996)
115
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Um outro mecanismo de movimento dos glaciares é o deslizamento


basal, ou seja, o deslizamento de um glaciar ao longo da sua base.

A quantidade e tipo de deslizamento basal varia, dependendo da


temperatura entre o gelo e o solo em relação ao ponto de fusão do gelo.

Na base do glaciar, o gelo encontra-se sob uma tremenda pressão


devido ao peso do gelo sobrejacente. Uma vez que o ponto de fusão do
gelo decresce com o aumento da pressão, o gelo na base do glaciar pode
fundir-se, criando um filme lubrificante sob a forma de água de degelo.

A água de degelo pode formar-se mesmo a temperaturas inferiores ao


ponto de congelação da água à superfície. O mesmo efeito torna a
patinagem no gelo possível. O degelo na base do glaciar forma um filme
lubrificante de água sobre o qual o glaciar desliza.

A temperatura do degelo na base de um glaciar depende parcialmente


da temperatura da superfície do gelo e parcialmente do fluxo de calor
proveniente do solo por baixo.

Nas regiões moderadamente frias, a temperatura do ar à superfície não


é demasiado baixa e o fluxo de calor do solo é maior que o normal.
Dadas estas condições, a temperatura na base do glaciar pode ser
suficientemente alta para que ocorra algum degelo.

As áreas moderadamente frias são típicas dos vales ocupados


inteiramente por glaciares nas regiões temperadas. Nestas áreas, o gelo
pode atingir o ponto de fusão não só no fundo como também em locais
mais altos, particularmente, perto da superfície se o ar não for gélido.

O fluxo plástico pouco contribui para o deslocamento, mas contribui


para o aquecimento interno gerado pela fricção causada pelos
deslocamentos microscópicos dos cristais.

Nos glaciares “húmidos” – em contraposição com os glaciares “secos”,


onde o deslizamento plástico é predominante – encontram-se
pequenas gotas de água entre os cristais e como poças em túneis de
gelo. A água espalhada no interior do glaciar facilita o deslizamento
interno entre camadas de gelo.

As partes superiores dos glaciares possuem pouca pressão sobre elas. A


estas baixas pressões, o gelo comporta-se como um sólido rígido e
quebradiço, fracturando-se à medida que é arrastado pelo fluxo plástico
do gelo subjacente. Estas fendas transversais à corrente de gelo,
denominadas crevasses, quebram a superfície do gelo em muitos blocos
pequenos e grandes – chamados séracs – em locais onde a deformação

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do glaciar é maior, como nos verrous – desnivelamentos pronunciados


do relevo do fundo do vale – nas paredes e nas curvas do vale.

O movimento da superfície de gelo quebrado nestes locais é um “fluxo”


resultante do deslizamento entre os blocos irregulares, tal como
acontece com os cristais individuais de gelo mas numa escala muito
maior.

A maioria dos glaciares de vale move-se a uma velocidade que varia com
a profundidade do gelo e com a posição do glaciar em relação às
paredes do vale. Estes glaciares movem-se parcialmente por
deslizamento basal e parcialmente por fluxo plástico dentro do corpo
de gelo. Intensas forças friccionais na base do glaciar e nos lados onde
contacta com a parede sólida do vale inibem o movimento do gelo.

Louis Agassiz mediu velocidades da ordem dos 75 m/ano (0,0024


mm/s, aproximadamente) num glaciar de vale. Para isso, usou um
método que consistia em cravar estacas numa linha recta
transversalmente ao glaciar (figura 3.70).

O deslocamento do glaciar faria deslocar as estacas e Agassiz verificou


que as estacas que estavam cravadas no meio da corrente glaciária se
moviam mais depressa que as que se encontravam próximo das
vertentes do vale. De igual modo, no interior do glaciar, a máxima
velocidade é atingida pouco abaixo da superfície, tal como nos cursos
de água.

Partes do glaciar da Antárctida Oeste fluem rapidamente em correntes


de gelo com uma largura de 25-80 Km e uma extensão de 300-500 Km.
Estas correntes atingem velocidades de 0.3 m/dia (cerca de 0.0035
mm/s) a 2.3 m/dia (cerca de 0.0266 mm/s).

Sondagens revelam que a base da corrente de gelo se encontra no


ponto de fusão e que a água do degelo está misturada com sedimentos
brandos. Uma teoria corrente é a de que o movimento rápido da
corrente de gelo está relacionado com a deformação do sedimento
basal sobressaturado.

Correntes de gelo semelhantes podem formar-se durante um


aquecimento climático, levando à quebra do gelo e a um rápido degelo.
As correntes de gelo contribuíram para a regressão dos glaciares e para
a instabilidade dos inlandsis da Antárctida Oeste.

Uma vaga, um período súbito de movimento rápido de um glaciar de


vale, ocorre, por vezes, após um longo período de relativa imobilidade.
As vagas podem durar mais de dois ou três anos e, durante esse tempo,

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o gelo pode acelerar mais de 6 Km por ano (cerca de 0.1903 mm/s), mil
vezes mais que a velocidade normal de um glaciar.

Apesar de o mecanismo das vagas não ser completamente percebido,


parece que elas se seguem a uma acumulação de pressão da água de
degelo nos túneis situados na ou perto da base. Esta água pressurizada
desenvolve grandemente o deslizamento basal.

Os inlandsis nos climas polares, onde o deslizamento basal pode ser


reduzido ou mesmo ausente, apresentam as maiores velocidades no
centro do gelo. A pressão aí é muito elevada e as únicas forças de atrito
encontram-se entre as camadas de gelo que se movem a diferentes
velocidades segundo um fluxo laminar. Perto da superfície, onde a
pressão é menor, o gelo move-se mais lentamente. (Assine e Vasely:
1996)

Acção geológica dos glaciares

Só podemos ver as formas deixadas pelos glaciares quando estes se


retiram. Pelas suas formas típicas podemos inferir que, em tempos idos,
os glaciares estiveram num dado local. A capacidade dos glaciares para
erodirem rocha sólida é espantosa.

Um glaciar de vale com apenas alguma centena de metros de largura


pode dilacerar e esmagar milhões de toneladas de rocha por ano.

O gelo glaciário erode está pesada carga de sedimentos do fundo


rochoso e das paredes do vale, transportando-o no seu seio para a
frente glaciária, onde se deposita quando o gelo se derrete. Estimativas
do tamanho destes depósitos demonstram que o gelo é um agente
erosivo ainda mais eficaz que a água ou o vento.

Na sua base e flancos, um glaciar engolfa blocos fracturados e


diaclasados e arrasta-os contra o pavimento rochoso adjacente. Este
arrastamento fragmenta a rocha numa grande variedade de tamanhos,
desde blocos grandes como casas a materiais das dimensões das argilas
e das siltes, chamados farinha glaciária. Liberto do gelo na frente
glaciária, este material finamente pulverizado seco e transforma-se em
poeiras.

O vento pode soprar estas poeiras a grandes distâncias, depositandoas


como loess, que é tão comum nos períodos glaciários.

À medida que um glaciar arrasta rochas ao longo da sua base, estas


arranham e sulcam o pavimento à medida que são arrastados contra os
mesmos. Esta abrasão provoca estrias e sulcos e são uma forte
evidência de movimento glaciário.
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A sua orientação mostra-nos a direcção do movimento do gelo, um


factor extremamente importante no estudo dos glaciares continentais,
uma vez que estes carecem de um vale óbvio.

Cartografando as estrias deixadas sobre vastas áreas antigamente


cobertas por inlandsis, podemos reconstruir o seu padrão de fluxo, com
importantes implicações na reconstrução de antigas linhas de costa e
da paleoecologia das regiões.

Pequenas colinas de rocha, denominadas rochas aborregadas, assim


nomeadas pela sua semelhança com o dorso de um carneiro, são
polidas pelo gelo no seu lado menos inclinado e quebradas no seu lado
mais inclinado, criando uma superfície abrupta e rugosa. Estes declives
contrastantes também indicam a direcção do movimento do gelo.

Um vale glaciário escava uma série de formas de erosão à medida que


flui da sua origem para a sua parte mais baixa. Na cabeceira do vale
glaciário, a acção destruidora do gelo tende a escavar um anfiteatro oco
chamado circo glaciário, pela sua forma mais ou menos circular, como
um cone invertido.

Aquando do degelo, estes circos podem ficar cheios de água, formando


lagos de circo ou tarns. Um rimage é um espaço vazio deixado entre a
massa de gelo e a parede rochosa do circo e é formado quando o
enorme peso do glaciar arranca o gelo da parede rochosa.

Com a continuação da erosão, os circos de picos adjacentes podem


coalescer, criando cristas agudas denominadas arestas ou arêtes, no
francês, e picos piramidais ou horns ao longo da linha divisória.

À medida que um glaciar de vale se movimenta para jusante a partir do


seu circo, ele escava um vale ou aprofunda um vale fluvial já existente,
criando um característico vale em U ou vale glaciário.

Os fundos dos vales glaciários são planos e as suas paredes abruptas, ao


contrário dos vales em V ou vales encaixados típicos dos rios de
montanha.

Os glaciares e os rios não diferem apenas na forma dos vales que criam,
mas também na maneira pela qual se lhe juntam os seus tributários.
Apesar de a superfície do gelo constituir o nível de base no ponto de
junção ao glaciar, o fundo do tributário pode encontrar-se a uma cota
superior à do fundo do vale glaciário principal.

Quando se dá a ablação dos glaciares, o vale tributário é deixado como


um vale suspenso, cujo fundo se encontra a grande altitude acima do
fundo do vale principal. Depois da desaparição do gelo e da ocupação
dos vales por rios, a junção é tipicamente marcada por uma queda de

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água quando o rio no vale suspenso mergulha pelo desfiladeiro abrupto


que o separa do vale principal adjacente.

Ao contrário dos rios, os glaciares de vale que se encontram junto às


linhas de costa podem erodir abaixo do nível do mar. Quando o gelo se
retira, estes vales em U são inundados pela água do mar, sendo estes
braços de mar denominados de fiordes.

Os glaciares transportam rochas erodidas de todos os tamanhos e tipos


para jusante, depositando-as, eventualmente, quando e onde o gelo se
derreter.

O gelo é um transportador eficiente de detritos uma vez que o material


que recolhe não se afunda, como acontece à carga transportada por um
rio. Tal como a água e o vento, o gelo tem uma competência e uma
capacidade.

A competência do gelo é extremamente alta, assim como a sua


capacidade. Quando o gelo glaciário se derrete deposita uma carga mal
calibrada e heterogénea de blocos, calhaus, areias e argilas.

O que diferencia os sedimentos glaciários dos sedimentos fluviais e


eólicos é a sua grande variedade de tamanhos.

Os sedimentos fluviais são bem calibrados e os sedimentos eólicos têm


uma calibragem excelente. Para os primeiros geólogos, que não tinham
em atenção as suas origens glaciárias, o material heterométrico era
desconcertante.

Denominaram-no de deriva (drift) porque aparentava ter derivado, de


algum modo, de outras áreas. O termo deriva é, actualmente, utilizado
para nomear todo e qualquer material de origem glaciária encontrado
em qualquer parte do Mundo, seja em terra ou no oceano.

Alguma deriva é depositada directamente pelo gelo em ablação. Este


sedimento não estratificado e mal calibrado é conhecido por terreno
errático ou till e a rocha daí formada é denominada de tilito. O terreno
errático pode conter fragmentos de todos os tamanhos – argilas, areias,
calhaus e blocos.

Os grandes blocos (alguns do tamanho de uma casa) frequentemente


contidos no till são chamados de blocos erráticos devido à sua
composição aparentemente aleatória, totalmente diferente da
composição das rochas autóctones. Outra característica dos
sedimentos glaciários é, portanto, constituírem depósitos alóctones.

Outros depósitos de deriva são largados quando o gelo se derrete e


liberta sedimentos.

120
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Cursos de água provenientes da água do degelo podem fluir em túneis


dentro e por baixo do gelo e em correntes na frente glaciária. Estes
cursos de água podem recolher, transportar e depositar algum do
material transportado pelo gelo.

Tal como qualquer outro sedimento depositado pela água, este material
encontra-se estratificado e bem calibrado, podendo apresentar
estratificação cruzada.
A deriva que foi recolhida e modificada, calibrada e distribuída por
correntes de água do degelo é denominada de acarreio estratificado
(outwash), que pode ser levado pelo vento e depositar-se como loess.

Uma acumulação de material rochoso, arenoso e argiloso transportado


pelo gelo ou depositado como terreno errático é denominada de
moreia. Existem muitos tipos de moreia, cada uma nomeada de acordo
com a sua posição em relação ao glaciar que as formou. Uma das mais
proeminentes pelo seu tamanho e aparência é a moreia final, por vezes
também chamad de moreia frontal, formada na frente glaciária.

À medida que o gelo flui constantemente para jusante, ele transporta


mais e mais material para a sua frente glaciária, onde o material mal
calibrado se deposita em cristas de till pouco maiores que uma colina.
As moreias terminais são moreias finais que marcam o maior avanço de
um glaciar e são o melhor indicador para sabermos a extensão de um
antigo glaciar de vale ou continental.

Como já sabemos, um glaciar erode rochas e materiais não consolidados


das vertentes de seu vale, adquirindo material adicional proveniente de
movimentos de massa quando o glaciar recorta o suporte da vertente
sobrejacente.

Os materiais erodidos são incorporados no gelo como uma faixa de


sedimentos escuros onde o glaciar roça e se movimenta ao longo das
vertentes do vale. Estas faixas constituem as moreias laterais. As
moreias laterais de glaciares adjacentes juntam-se formando uma
moreia média ou mediana no meio do fluxo maior abaixo da junção.

As moreias lateral e mediana, tal como as moreias finais, são deixadas


para trás como pequenas cristas de till depois do recuo de um glaciar.
Uma moreia de fundo é uma camada de deriva glaciária depositada
debaixo do gelo.

As moreias de fundo variam em espessura, podendo ser finas e com


pequenos afloramentos rochosos do fundo ou suficientemente
espessas para encobrir quaisquer afloramentos existentes. Seja qual for
a forma e a localização, todos os tipos de moreias são compostos por
till.
121
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Alguns terrenos de inlandsis apresentam formações denominadas


drumlins, colinas alongadas, de forma elíptica e vertentes convexas
constituída por till, contendo, por vezes, um núcleo de rocha in situ.

As dimensões são muito variáveis, podendo constituir apenas um


pequeno montículo ou uma colina com cerca de 1600 metros de
comprimento e 25 a 50 metros de altura. O seu eixo maior é sempre
paralelo à direcção de escoamento do lençol de gelo.
Geralmente encontrados em grupos, os drumlins são moldados como
colheres invertidas, com a vertente menos inclinada apontando na
direcção da frente glaciária, embora também se encontre o oposto.
Ainda não está bem compreendida a origem dos drumlins.

Uma hipótese aventa que os drumlins se formam debaixo dos glaciares


que se encontram nas regiões temperadas e que têm água na sua base.
Estes glaciares movimentam-se sobre uma mistura plástica de
sedimentos subglaciários e água. As estrias curvas e serpentantes na
rocha revelam os complexos padrões de fluxo de misturas semelhantes.

A hipótese propõe que esta massa plástica é sujeita a um aumento da


pressão quando encontra um afloramento ou outro obstáculo,
perdendo, então, água e solidificando, formando uma massa estriada
por linhas de água.

Uma hipótese alternativa propõe que os drumlins são formados por


erosão pelo gelo de uma acumulação anterior de terreno errático.

Os depósitos de acarreio (outwash) provenientes das águas do degelo


do glaciar podem assumir uma variedade de formas. Os kames são
depósitos cónicos de areia e cascalho que se formam no local onde
ressurge a água de circulação subterrânea sob o gelo de um glaciar.

O depósito pode apresentar a forma de uma elevação de topo


arredondado ou em crista e atingir algumas dezenas de metros de altura
e ultrapassar 200 metros de comprimento. Esta forma de acumulação é
sinónimo de recuo dos glaciares e, consequentemente, data do último
período mais frio do Quaternário.

Alguns kames são deltas construídos em lagos existentes perto da


frente glaciária. Quando o lago seca, estes deltas são preservados como
colinas de topo aplanado. Os kames são, muitas vezes explorados como
fontes comerciais de areia e cascalho.

As siltes e argilas podem ser depositadas num lago que se tenha


formado perto da frente glaciária, formando uma série de camadas
alternadas de material fino e grosseiro, chamadas varvas ou varvitos.

122
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Uma varva é constituída por um par de camadas formadas durante um


ano através do congelamento sazonal da superfície do lago.

No Verão, quando o lago está livre de gelo, silte grosseira é depositada


quando abundante água do degelo flui do glaciar para o lago. No
Inverno, quando a superfície do lago está congelada, a água por baixo
está estagnada e as argilas mais finas assentam, formando uma camada
de material fino sobre a camada grosseira de Verão.

Alguns lagos formados por inlandsis eram enormes, compreendendo


muitos milhares de quilómetros quadrados de extensão. As barreiras de
till que criaram estes lagos eram, por vezes, quebradas e transportadas
posteriormente, fazendo com que os lagos drenassem rapidamente e
originasse, assim, grandes inundações.

Os eskers são outra forma deposicional proveniente da água do degelo.


Estas cristas longas, estreitas e serpenteantes de areia e argila são
encontradas no seio de moreias de fundo.

Eles percorrem quilómetros numa direcção mais ou menos paralela à


direcção do movimento do gelo.

O carácter bem callibrado dos materiais dos eskers, característico dos


sedimentos depositados pela água, e o curso sinuoso, parecido com um
túnel, da crista sugere uma origem aquática.

Os eskers foram depositados por correntes de água do degelo fluindo


em túneis ao longo do fundo de um glaciar em ablação. Os próprios
túneis foram abertos pela infiltração da água pelas crevasses e fendas
no gelo.

Os terrenos glaciários estão pontuados por chaleiras (kettles), buracos


ou depressões não drenadas, geralmente de vertentes abruptas,
podendo estar ocupadas por poças ou lagos.

Os glaciares modernos, que podem deixar para trás blocos isolados


imensos de gelo na zona de acarreio à medida que recuam, fornecem a
pista para explicar a origem das geleiras.

Um bloco de gelo com o diâmetro de um quilómetro pode demorar


trinta anos ou mais a derreter. Durante esse tempo, o bloco de gelo
pode ficar parcialmente enterrado pela areia e cascalho do acarreio,
transportadas por cursos de água do degelo, geralmente
anastomosados e passando em volta do bloco de gelo.

Quando o bloco finalmente se derrete, a margem do glaciar já se deve


ter retirado para tão longe daquela região que pouco acarreio atinge a
área. A areia e o cascalho que anteriormente rodeavam o bloco de gelo

123
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

rodeiam agora uma depressão. Se o fundo da chaleira estiver abaixo do


nível freático, forma-se um lago.

O solo encontra-se permanentemente gelado nas regiões muito frias,


onde a temperatura de Verão nunca sobe o suficiente para derreter
mais que uma fina camada superficial de gelo.

O solo permanentemente gelado, ou permafrost, cobre, actualmente,


cerca de 25% de toda a área emersa do planeta. Para além do solo
propriamente dito, o permafrost inclui ainda agregados de cristais,
cunhas e massas irregulares de gelo.

A proporção gelo/solo, tal como a espessura do permafrost, varia de


região para região.

O solo abaixo da camada de permafrost permanece descongelado e é


aquecido pelo calor interno da Terra, sendo um material difícil de
trabalhar, uma vez que o permafrost se derrete quando é escavado,
fazendo com que a água se acumule na depressão e provoque reptação,
solifluxão, deslizamento e escorregamento (slump).

Para além das regiões polares, o permafrost também está presente em


áreas de altas montanhas, tal como o planalto tibetano. (Assine e
Vasely: 1996)

Glaciações

Pelo estudo das marcas glaciares em rochas antigas, parece que as


glaciações terão ocorrido intermitentemente ao longo de um período
calculado em cerca de 930 Ma.

Glaciação é um termo geral usado para designar todos os processos e


resultados ligados ao período de tempo durante o qual se verifica a
cobertura ou ocupação de uma área por um lençol de gelo ou glaciar.

Diversas teorias têm sido avançadas na tentativa de explicar este


fenómeno: diminuições periódicas na intensidade do calor do Sol,
poeiras vulcânicas que impedem a passagem dos raios solares, um
decréscimo do conteúdo de dióxido de carbono na atmosfera – o que
acelera a perda de calor para o espaço exterior – e oscilações dos
parâmetros orbitais da Terra, nomeadamente, a sua excentricidade, a
sua inclinação e a sua precessão.

Um dos factores responsáveis pelo arrefecimento sucessivo que se fez


sentir a partir do final do Mesozóico no hemisfério Sul é a
movimentação das placas litosféricas que levou à abertura de
passagens para as águas oceânicas e à obstrução de outras,
modificando, assim, toda a dinâmica das correntes oceânicas.

124
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Há 50 Ma, a Austrália moveu-se para Norte, abrindo uma passagem às


correntes frias do Sul. Nas camadas atmosféricas produziu-se, então, a
Corrente Circumpolar Antárctica (CCA), que actuou como barreira às
correntes quentes vindas de baixas latitudes. Foi então que o gelo se
começou a acumular sobre o continente antárctico.

Durante o Paleocénico e o Eocénico, as correntes equatoriais


circundavam o globo, passando entre os dois continentes americanos,
entre a índia e a Europa e entre a Austrália e a Indochina.

O clima teria sido quente nesta altura mas as condições climáticas no


hemisfério Sul continuaram a deteriorar-se, pois a CCA era ainda
efectiva. A abertura da Passagem de Drake favoreceu esta corrente e a
calote gelada prosseguiu o seu desenvolvimento no pólo Sul.

No final do Eocénico fez-se sentir um rápido arrefecimento, reflectindo,


possivelmente, o feedback positivo do mecanismo do albedo
(reflectividade) à medida que se deu o crescimento da calote polar
antárctica.

No início do Oligocénico, a Índia e a Eurásia colidiram, inibindo a


passagem das correntes equatoriais. A passagem entre a Antárctida e a
Austrália foi aberta, reforçando a grande CCA.

No final do Miocénico, ocorreu novo arrefecimento acentuado


coincidente com uma regressão e, provavelmente, com o fecho do
Estreito de Gibraltar, que isolou de tal modo a bacia mediterrânea que
este mar secou. Este episódio é conhecido como a “crise salina do
Messiniano”, durante a qual enormes massas salinas foram precipitadas
no Mediterrâneo e a salinidade do oceano global decaiu 6%.

Depois de um interlúdio quente no início do Pliocénico, o clima agravou-


se novamente e, sobre o Árctico, começou também a acumular-se gelo.

O motivo pelo qual a calote gelada do pólo norte iniciou a sua


construção muito depois da calote do pólo Sul permanece
desconhecido. Durante os últimos 1,67 Ma – 1,64 Ma, ou seja, durante
o Quaternário, parte da superfície da Terra já esteve profundamente
congelada nove vezes.

Durante a época glaciária mais recente, o manto de gelo cobriu a


Antárctida, a Patagónia e a parte meridional dos Andes, o Cáucaso e os
Himalaias e vastas regiões setentrionais da Europa e América do Norte.

O manto de gelo que cobriu o Mar do Norte e a Grã-Bretanha até à


linha dos subúrbios a Norte de Londres recuou há cerca de 0,01 Ma.

125
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Actualmente, os restos desta última glaciação são os inlandsis da


Antárctida e da Gronelândia; os resultados visíveis que provam esta
glaciação são os vales escavados pelo gelo (em Portugal, o vale do
Zêzere, a montante de Manteigas) e litorais mais elevados por os
continentes terem subido depois de aliviados do peso do gelo (num
processo chamado isostasia), para além de todas as formas de
modelado glaciar nas regiões mais setentrionais.

Dado que as vastas massas de gelo continham enormes quantidades de


água (uma acumulação de gelo com 400 000 Km3 corresponde a uma
descida do nível do mar de cerca de um metro), o nível médio do mar
situava-se a cerca de 135 metros abaixo do actual (do que resulta um
volume de gelo de cerca de 70 milhões de Km3, quase três vezes mais
do que o volume de gelo actual).

Assim, o que agora são plataformas continentais eram, então, terra seca
e muitas ilhas ao largo da costa, incluindo a Grã-Bretanha, faziam parte
de massas de terra adjacentes e a Rússia e a América do Norte estavam
ligadas no local em que agora se situa o Estreito de Bering. Nesses
tempos, o nível do mar, mais baixo, permitia o movimento de animais
entre as massas de terra.

Se esta foi a última glaciação da Terra não se sabe, mas é quase certo
que vivemos apenas num período interglaciário (o período quente entre
dois períodos glaciários), um dos muitos da história da Terra e dentro
de 11 000, 23 000, 47 000 ou, mesmo, 100 000 anos o gelo voltará.

Mas um planeta mais quente seria igualmente desastroso, pois as


calotas polares fundir-se-iam, o nível do mar elevar-se-ia cerca de 60
metros e muitas cidades, como Nova Iorque, Rio de Janeiro, Londres ou
Lisboa, ficariam submersas.

De acordo com Penck e Bruckner, as grandes glaciações que atingiram


a região alpina foram cinco: Donau, Günz, Mindel, Riss e Würm, de
acordo com os terraços fluviais por eles estudados nos Alpes do Norte.

Esta classificação está, no entanto, em desuso pois não se verifica


coincidência entre as glaciações e os terraços estudados, pois foi
totalmente ignorada a tectónica. (Húo: 2009).

Sumário

Nesta unidade temática foram tratados assuntos relacionados a


hidrografia dos glaciares. Ao longo da unidade foram apresentados os

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

processos de formação dos glaciares, sua destruição e seus


movimentos.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1.Para a formação dos glaciares são necessárias seguintes condições:

a) temperaturas baixas e quantidades adequadas de neve;

b) solos não permeáveis e quantidades adequadas de neve;

c)temperaturas baixas e solos não permeáveis;

d) solos permeáveis, temperaturas baixas.

2. Os glaciares formam se normalmente:

a) Em regiões de alta latitude e em elevadas altitudes;

b) Em regiões de baixa latitude e em elevadas altitudes;

c) Em regiões de alta latitude e baixas altitudes;

d) Em regiões de baixa latitude e baixas altitudes.

3. A formação dos glaciares é comum na:

a) África; b) Ásia; c) Antárctida; d) América

4. Existem quatro mecanismos responsáveis pela ablação de um glaciar


que são:

a) Degelo; desprendimento de icebergues; sublimação; erosão fluvial

b) Degelo; desprendimento de icebergues; sublimação; evaporação

c) Evaporação; desprendimento de icebergues; sublimação; erosão


eólica;

d) Degelo; desprendimento de icebergues; sublimação; erosão eólica;

5. Quando um glaciar desce até à linha de costa quebram-se peças de


gelo e formam-se icebergues. Isto é:

a) Desprendimento de icebergues; b) Sublimação; c) erosão eólica;


d)diminuição de glaciares.

6. Nos climas frios, o gelo pode passar directamente do estado sólido


para o estado gasoso. Esse processo chama-se:

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

a) Desprendimento de icebergues; b) Sublimação; c) erosão eólica;


d)diminuição de glaciares.

7. O aquecimento e degelo da frente glaciária, provocam:

a) neve; b) Sublimação; c) erosão eólica; d) diminuição de glaciares.

8 Os glaciares transportam rochas erodidas de todos os tamanhos e


tipos para jusante, depositando-as, eventualmente,

a) quando e onde o gelo se derreter; b) em qualquer local mesmo que


não haja derretimento de gelo; c) em lugares de intensa neve; d) em
latitudes elevadas.

9. O transportador eficiente de detritos, uma vez que o material que


recolhe não se afunda, é:

a) água; b) gelo; c) vento; d) chuva

10. O termo geral usado para designar todos os processos e resultados


ligados ao período de tempo durante o qual se verifica a cobertura ou
ocupação de uma área por um lençol de gelo ou glaciar, é

a) Glaciação; b) gelo; c) icebergs; d) glaciar

Respostas: 1a);2a); 3c); 4d); 5a); 6b);7d); 8a);9b); 10a)

Exercícios

1. O que entende por icebergs e como que se formam?


2. O gelo é um transportador eficiente de detritos,
comparativamente a água e o vento? Justifique essa afirmação.
3. O que é inlandsis?
4. Que diferenças existem entre as calotas polares e glaciares?
5. Quais são as principais condições necessárias para a formação
dos glaciares?

TEMA VII: HIDROGRAMA

UNIDADE Temática 7.1. Hidrograma

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Introdução

Caro estudante, nesta unidade temática falar se á das formas de um


hidrograma, factores que influenciam a forma do hidrograma.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪Identificar os factores que influenciam na forma de um hidrograma;


Objectivos ▪ Diferenciar as formas de um hidrograma
específicos ▪ Diferenciar os vários tipos de escoamento

Desenvolvimento
Hidrograma é a Curva de vazão registrada em uma seção registada
numa secção de um curso de água devido a precipitação ocorrida numa
bacia hidrográfica. Relaciona entre o escoamento e o tempo para um
determinado evento de chuva

A contribuição total que produz o escoamento da água na secção


considerada é devido a:

1. À Precipitação recolhida directamente na superfície das águas;

2. Ao escoamento superficial;

3. Ao escoamento subsuperficial;

4. À contribuição do lençol de água subterrâneo.

Precipitação inicial: parte da água que fica retida nas depressões, na


vegetação;

Escoamento superficial: ocorre após o preenchimento das depressões e


ultrapassada a capacidade de infiltração;

Chuva residual: volume de chuva inferior à capacidade de infiltração.


Próximo ao fim da chuva;

Infiltração residual: a partir da chuva residual, toda chuva que infiltra;

Precipitação efectiva – após a parte de chuva que se perde por


infiltração, evapotranspiração e preenchimento de depressões. O que
resta é PE = escoamento superficial total;
129
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Terminada a precipitação o escoamento superficial prossegue, mas a


curva de vazão vai decrescendo;

Embora os hidrogramas tenham a mesma forma geral, eles diferem em


detalhes que dependem dos seguintes factores (Feite: 2009):

• Quantidade de Chuva;

• Padrão da chuva;

• Tempo de concentração;

• Características físicas da bacia hidrográfica.

Assim, o pico poderia estar em vários pontos ao longo do eixo do tempo,


ou o pico poderia ser de várias magnitudes, ou a inclinação das partes
ascendentes e descendentes seriam acentuadas ou moderadas.

Figura1: escoamento superficial directo

Fonte: Feite (2009)

Todo o escoamento que aparece no rio é chamado de Escoamento


Superficial

Usualmente expresso em: unidades de vazão (m3/s; l/s, .); lâmina de


escoamento (mm/dia, mm/mês, ...)

As origens do Escoamento Superficial podem ser:

1. O Escoamento Superficial Directo- ESD

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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

2. O Escoamento Básico

3. O Escoamento Sub Superficial

Características do Escoamento Básico

1. Oriundo do lençol freático

2. Escoamento laminar (lento e uniforme)

3. Decai lentamente ao longo do tempo quando não há recarga

Quando há recarga a vazão básica sobe lentamente para depois decair


novamente quando a recarga cessa.

Figura2: Feite (2009)

Formas de um hidrograma

Factores que influenciam a forma do hidrograma (Feite: 2009) :

Relevo (densidade de drenagem, declividade do rio e da bacia,


capacidade de armazenamento e forma)

• Bacias íngremes e com boa drenagem têm hidrogramas


íngremes com pouco escoamento de base.
• Bacias com grandes áreas de extravasamento tendem a
regularizar o escoamento e reduzir o pico.

131
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

• Bacias mais circulares antecipam e têm picos de vazões maiores


do que bacias alongadas.

Coberturas da bacia: cobertura vegetal tende a retardar o escoamento


e aumentar perdas por evaporação;

Modificações artificiais no rio: reservatórios de regularização reduzem


os picos, enquanto canalizações podem aumentar os picos;

Distribuição, duração e intensidade da precipitação: Chuvas


deslocando-se de jusante para montante geram hidrogramas com picos
menores (eventualmente dois picos).

As chuvas convectivas de grande intensidade e distribuídas numa


pequena área, podem provocar as grandes enchentes em pequenas
bacias. Para bacias grandes, as chuvas frontais são mais importantes.

Solo: Interfere na quantidade de chuva transformada em chuva


efectiva.

Trechos do Hidrograma

1. Ascensão: com grande gradiente é correlacionada com a intensidade


da precipitação.

2.Região do pico: o hidrograma muda de inflexão, resultado do fim da


chuva e amortecimento na bacia.

3.Recessão: Cessa o escoamento direto, após o ponto de inflexão,


apenas contribui o escoamento básico.

Características do hidrograma

(1) Tempo de concentração: Tempo de deslocamento da água do ponto


mais distante da bacia até a secção principal. Definido também como
o intervalo entre o fim da precipitação e o ponto de inflexão do
hidrograma;

(2) Tempo de retardamento: Intervalo de tempo entre os centros de


massa do hietograma e do hidrograma;

(3) Tempo de pico: Intervalo de tempo entre o centro de massa da


chuva e a vazão de pico;

(4) Tempo de ascensão: Intervalo entre o início da chuva e o pico do


hidrograma;

(5) Tempo de base: Duração do escoamento superficial directo;

(6) Tempo de recessão: Intervalo entre a vazão de pico e o término


do escoamento superficial directo. (Idem)
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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Hidrograma unitário

Muitos métodos podem ser desenvolvidos para calcular hidrogramas


para uma determinada BH ou de drenagem e uma tempestade, mas eles
se enquadram em duas categorias gerais (Feite: 2009):

Hidrograma de medição directa e Hidrograma Sintético.

Tipos de hidrograma

Hidrograma de medição directa são usados em grandes bacias


hidrográficas. Com mais de uma estação de medição. Estes dados são
analisados estatisticamente visando desenvolver hidrograma geral
aplicável a qualquer chuva prevista.

Hidrograma Sintético são usados em pequenas bacias hidrogáficas, sem


informações de medição de escomanento.

Hidrograma de medição directa e hidrograma sintético são elaborados


com o uso de um conceito chamado Hidrograma Unitário.

Apresentado em 1932 por L.K. Sherman, é definido como um


hidrograma resultante de uma unidade de precipitação efectiva caindo
sobre a BH em uma unidade de tempo.

A forma exata do gráfico depende da BH considerada, mas todos


possuem a área abaixo da curva representa o volume total de
escoamento.

principais elementos do HU aparecem na figura abaixo: Os

Figura3: Os principais elementos do HU

Fonte: Feite (2009)

Factores usados incluem o tempo de concentração Tc e o tempo de


retardamento da BH, L. Empiricamente temos L=0,6Tc HU feito a partir
de múltiplas precipitações unitárias.

133
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Figura4: HU feito a partir de múltiplas precipitações unitárias

Fonte: Feite(2009)

Suposições feitas no uso de hidrogramas unitários incluem:

• Precipitação é constante durante todo o tempo unitário,


embora varie constantemente, vamos supô-la constante;
• Precipitação uniformemente distribuída na BH, embora varie,
mas em bacias pequenas as variações não são extremas. Para
BH grandes a BH deve ser dividida em sub-bacias;
• Dois ou mais HU marcados no mesmo eixo tempo podem ser
combinados, formando hidrograma resultante.

Sumário

Nesta unidade temática, tratou se de vários tipos de


hidrogramas, os factores que influenciam nas formas de um
hidrograma. Foi tratado igualmente o escoamento superficial
em bacias hidrográficas.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1.Embora os hidrogramas tenham a mesma forma geral, eles diferem


em detalhes que dependem dos seguintes factores:
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UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

a) Quantidade de chuva; padrão da chuva; características físicas da


bacia hidrográfica;

b) Quantidade de chuva; relevo; características físicas da bacia


hidrográfica;

c) Quantidade de chuva; padrão dos ventos; características físicas da


bacia hidrográfica; relevo;

d). Quantidade de chuva; padrão dos ventos; características físicas da


bacia hidrográfica;

2. As origens do Escoamento Superficial podem ser

a) Escoamento superficial directo; escoamento subterrâneo;


escoamento Sub Superficial; escoamento Básico

b) Escoamento superficial directo; escoamento Básico; escoamento


Subterrâneo; escoamento Sub Superficial
c) Escoamento superficial directo; escoamento superficial indirecto;

d) Escoamento superficial directo; escoamento Básico; escoamento


Sub Superficial;

3. Características do Escoamento Básico

a) oriundo do lençol freático; escoamento laminar (lento e uniforme);


decai lentamente ao longo do tempo quando não há recarga;

b) oriundo do lençol freático; escoamento laminar rápido e


diversificado; decai lentamente ao longo do tempo quando não há
recarga;

c)oriundo do lençol freático; escoamento laminar (lento e uniforme);


decai rapidamente ao longo do tempo quando não há recarga;

d)oriundo do lençol freático; escoamento laminar rápido e


diversificado; decai rapidamente ao longo do tempo quando não há
recarga.

4. volume de chuva inferior à capacidade de infiltração. Próximo ao fim


da chuva, é conhecido por:

a) Precipitação inicial;

b) Escoamento superficial;

c) Chuva residual;

d) Infiltração residual;
135
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

5. A partir da chuva residual, toda chuva que infiltra, é:

a) Precipitação inicial;

b) Escoamento superficial;

c) Chuva residual;

d) Infiltração residual;

6. A parte da água que fica retida nas depressões, na vegetação é tida


como:

a) Precipitação inicial;

b) Escoamento superficial;

c) Chuva residual;

d) Infiltração residual.

7. Ocorre após o preenchimento das depressões e ultrapassada a


capacidade de infiltração. Trata-se de:

a) Precipitação inicial;

b) Escoamento superficial;

c) Chuva residual;

d) Infiltração residual

8. São usados em grandes bacias hidrográficas. Com mais de uma


estação de medição. Estes dados são analisados estatisticamente
visando desenvolver hidrograma geral aplicável a qualquer chuva
prevista. Trata se de

a) Hidrogramas de medição directa; b) Hidrogramas Sintéticos;

c) Hidrograma de medição directa e hidrograma sintético;

d) todas estão certas;

9. São usados em pequenas bacias hidrogáficas, sem informações de


medição de escoamento. Trata-se de:

a) Hidrogramas de medição directa;

b) Hidrogramas Sintéticos;

c) Hidrograma de medição directa e hidrograma sintético;


136
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

d) todas estão erradas

10. são elaborados com o uso de um conceito chamado hidrograma


unitário. Trata se de

a) Hidrogramas de medição directa;

b) Hidrogramas Sintéticos;

c) Hidrograma de medição directa e hidrograma sintético;


d) todas estão erradas;

Respostas: 1a); 2d);3a);4c); 5d);6a); 7b); 8a); 9b); 10c)

Exercícios

1. Diferencie hidrograma de medição directa do hidrograma


sintético?
2. Quais são as características do escoamento básico
3. O que entende por precipitação inicial?

4. Embora os hidrogramas tenham a mesma forma geral, eles


diferem em detalhes que dependem de alguns factores.
Enumere esses factores.
5. Defina hidrograma?

TEMA VIII: RECURSOS HÍDRICOS

UNIDADE Temática 8.1: Recursos Hídricos, seus impactos e usos

Introdução

Nesta unidade temática, vai se tratar dos recursos hídricos. Terá como
enfoque as formas de uso dos recursos hídricos (no passado, presente
e futuro) bem como os impactos disso resultantes.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

137
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

● Identificar as formas de uso dos recursos hídricos


● Identificar os impactos de uso dos recursos hídricos
Objectivos
Específicos

Desenvolvimento

Recursos Hídricos

A água é essencial à vida e todos os organismos vivos no planeta Terra


dependem da água para sua sobrevivência.

O planeta Terra é o único planeta do sistema solar que tem água nos
três estados (sólido, líquido e gasoso), e as mudanças de estado físico
da água no ciclo hidrológico são fundamentais e influenciam os
processos biogeoquímicos nos ecossistemas terrestres e aquáticos.
Somente 3% da água do planeta está disponível como água doce.

Destes 3%, cerca de 75% estão congelados nas calotas polares, em


estado sólido, 10% estão confinados nos aquíferos e, portanto, a
disponibilidade dos recursos hídricos no estado líquido é de
aproximadamente 15% destes 3%. A água, portanto, é um recurso
extremamente reduzido.

O suprimento de água doce de boa qualidade é essencial para o


desenvolvimento económico, para a qualidade de vida das populações
humanas e para a sustentabilidade dos ciclos no planeta.

A água nutre as florestas, mantêm a produção agrícola, mantêm a


biodiversidade nos sistemas terrestres e aquáticos. Portanto, os
recursos hídricos superficiais e os recursos hídricos subterrâneos são
recursos estratégicos para o homem e todas as plantas e animais.

O ciclo hidrológico é o princípio unificador fundamental referente à


água no planeta, sua disponibilidade e distribuição.

O ciclo hidrológico opera em função da energia solar que produz


evaporação dos oceanos e dos efeitos dos ventos, que transportam
vapor de água acumulado para os continentes.

A velocidade do ciclo hidrológico variou de uma era geológica a outra,


bem como a proporção de águas doces e águas marinhas. As

138
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

características do ciclo hidrológico não são homogéneas, daí a


distribuição desigual da água no planeta.

Há 26 países com escassez de água e pelo menos 4 países (Kuwait,


Emirados Árabes Unidos, Ilhas Bahamas, Faixa de Gaza – território
palestino) com extrema escassez de água (entre 10 e 66 m3/habitante)
(Shiklomanov (1998).

A Tabela I mostra os balanços hídricos por continente.


Continente Precipitação Evaporação Drenagem
(Km3/ano) (Km3/ano) (Km3/ano)
Europa 8,290 5,320 2,970

Ásia 32,200 18,100 14,100

África 22,300 17,700 4,600

América do Norte 18,300 10,100 8,180

América do Sul 28,400 16,200 12,200

Austrália/Oceania 7,080 4,570 2,510

Antártica 2,310 0 2,310

Total 118,880 71,990 46,870


Fonte: Shiklomanov (1998)

Água – desenvolvimento económico e estimativas do uso dos recursos


hídricos

Sempre houve grande dependência dos recursos hídricos para o


desenvolvimento económico.

A água funciona como factor de desenvolvimento, pois ela é utilizada


para inúmeros usos directamente relacionados com a economia
(regional, nacional e internacional).

Os usos mais comuns e frequentes dos recursos hídricos são: água para
uso doméstico, irrigação, uso industrial e hidroelectricidade. De 1900 a
2000, o uso total da água no planeta aumentou dez vezes (de 500
km3/ano para aproximadamente 5.000 Km3/ano).

Os usos múltiplos da água aceleram-se em todas as regiões, continentes


e países. Estes usos múltiplos aumentam à medida que as actividades
económicas se diversificam e as necessidades de água aumentam para

139
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

atingir níveis de sustentação compatíveis com as pressões da sociedade


de consumo, a produção industrial e agrícola.
Figura 1 – Tendências no consumo global de água, 1900-2000

Fonte: Tundisi (2008)


A Tabela 2 mostra a retirada de água “per capita” para diferentes
continentes por actividade (para o ano 2000).
Região Doméstico Industrial Agricultura Perdas em
m3/ano m3/ano m3/ano reservatórios
m3/ano
Europa 150 400 185 10

União Soviética 120 500 1.310 70

Ásia 75 150 5.585 25

África 50 100 400 85

América do Norte 260 2.000 1.050 110

América do Sul 20 200 190 35

Oceania 110 700 750 150

Fonte: Tundisi (2008)

A Tabela 3 mostra as projecções para os usos múltiplos da água


retiradas para usos diversos até 2015

140
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Setor 2015 2015


(sem reuso industrial) (com reuso industrial)
km3/ano km3/ano
Doméstico 890 890

Industrial 4,100 1,145

Agricultura 5,850 5,850

Total 10,884 7,885

Fonte:Tundisi (2008)

A urbanização acelerada em todo o planeta produz inúmeras alterações


no ciclo hidrológico e aumenta enormemente as demandas para
grandes volumes de água, aumentando também os custos do
tratamento, a necessidade de mais energia para distribuição de água e
a pressão sobre os mananciais.

À medida que aumenta o desenvolvimento económico e a renda


percapita, aumenta a pressão sobre os recursos hídricos superficiais e
subterrâneos.

As estimativas e projecções sobre os usos futuros dos recursos hídricos


variam bastante, em função de análises de tendências diversificadas,
algumas baseadas em projecções dos usos actuais, outras em função de
re-avaliações dos usos actuais e introdução de medidas de economia da
água, tais como, re-uso e medidas legais para diminuir os usos e o
consumo e evitar desperdício, ou a cobrança pelo uso da água e o
princípio do poluidor-pagador. (Shiklomanov:1998).

A Tabela 4 mostra algumas das estimativas dos usos da água para o


futuro até o ano de 2025.

Autor / ano Ano para o qual o Uso global da


cenário avaliadofoi água (Km3/ano)

L’Vovich (uso
2.000 12.270
convencional, 1974)
De Mare (1976) 2.000 5.605

141
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Shiklomanov (1998) 2.025 4.089

Shiklomanov (1998) 2.025 4.867

Gleick (visão sustentável, 1997)


2.025 4.270

Raskin et al. (com reformas


legislativas e políticas no uso) 2.050 3.899
(1997)
Fonte: Tundisi (2008)

Os impactos nos recursos hídricos

Os impactos quantitativos nos recursos hídricos são crescentes e


produzem grandes alterações nos estoques de águas superficiais e
subterrâneas.

Há casos muito evidentes de uso excessivo de recursos hídricos


superficiais que resultaram na redução quantitativa acentuada e em
desastres de grandes proporções.

Exemplos disto são os problemas referentes ao Mar de Aral, à cidade


do México e a muitas outras regiões do planeta, especialmente regiões
urbanas.

Além dos impactos quantitativos, há muitos outros impactos na


qualidade das águas superficiais e subterrâneas que comprometem os
usos múltiplos e aumentam as pressões económicas regionais e locais
sobre os recursos hídricos. Estes impactos estão descritos na Tabela
abaixo.

Tabela 5: Impactos das actividades humanas nos ecossistemas


aquáticos e valores/serviços dos recursos hídricos em risco.

Actividade Humana Impacto nos Valores/serviços em


ecossistemas aquáticos risco

142
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Construção de Altera o fluxo dos rios e Altera habitats e a pesca


represas. o transporte de comercial e esportiva.
nutrientes e sedimento Altera os deltas e suas
e interfere na migração economias.
e reprodução de
peixes.

Construção de Destrói a conexão do rio Afecta a fertilidade


diques e canais. com as áreas natural das várzeas e os
inundáveis controles das
enchentes

Alteração do canal Danifica Afecta os habitats e a


natural dos rios. ecologicamente pesca comercial e
os rios. esportiva. Afecta a
Modifica produção de
os fluxos dos hidroelectricidade e
rios. transporte.
Drenagem de áreas Elimina um Perda de
alagadas. componente-chave dos biodiversidade. Perda de
ecossistemas funções naturais de
aquáticos. filtragem e reciclagem
de nutrientes. Perda de
habitats para peixes e
aves aquáticas.
Desmatamento Altera padrões de Altera a qualidade e a
drenagem, inibe a quantidade da água,
recarga natural dos pesca comercial,
aquíferos, aumenta a biodiversidade e
sedimentação. controle de enchentes.
Poluição não Diminui a qualidade da Altera o suprimento de
controlada. água água. Aumenta os custos
de tratamento.
Altera a pesca comercial.
Diminui a
biodiversidade. Afecta a
saúde humana

143
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Remoção excessiva de Diminui os recursos Altera a pesca comercial


biomassa. vivos e a e esportiva.
biodiversidade Diminui a
biodiversidade. Altera
os ciclos naturais dos
organismos.

Introdução de Elimina espécies Perda de habitats e


espécies exóticas. nativas. Altera ciclos alteração da pesca
de nutrientes e ciclos comercial. Perda da
biológicos. biodiversidade natural
e estoques genéticos.
Poluentes do ar Altera a composição Altera a pesca
(chuva ácida) e química de rios e comercial. Afecta a
metais pesados. lagos. biota aquática. Afecta
a recreação. Afecta a
saúde humana. Afecta
a agricultura.
Mudanças globais no Afecta drasticamente Afecta o suprimento
clima. o volume dos de água, transporte,
recursos hídricos. produção de energia
Altera padrões de eléctrica, produção
distribuição de agrícola e pesca e
precipitação e aumenta enchentes e
evaporação
fluxo de água em rios
Crescimento da Aumenta a pressão Afecta praticamente ades
população e padrões para construção de todas as activid
que
gerais do consumo hidroeléctricas e económicas dependem
dos
humano. aumenta a poluição serviços dos
da água e a ecossistemas
acidificação de lagos aquáticos.
e rios. Altera os ciclos
hidrológicos.
Fonte: diversas fontes consolidadas por Tundisi (2008)

O aumento e a diversificação dos usos múltiplos, o extenso grau de


urbanização e o aumento populacional resultaram em uma
multiplicidade de impactos que exigem evidentemente diferentes tipos
de avaliação, novas tecnologias de monitoramento e avanços
tecnológicos no tratamento e gestão das águas.

Este último tópico tem fundamental importância no futuro dos recursos


hídricos, pois como já descrito anteriormente, os cenários de uso

144
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

aumentando e excessivo estão relacionados com uma continuidade das


políticas no uso e gestão pouco evoluída conceitualmente e
tecnologicamente.

Os resultados de todos estes impactos são muito severos para as


populações humanas, afectando todos os aspectos da vida diária das
pessoas, a economia regional e nacional e a saúde humana.

Estas consequências podem ser resumidas em:

• Degradação da qualidade da água superficial e subterrânea.


• Aumento das doenças de veiculação hídrica e impactos na saúde
humana.
• Diminuição da água disponível per-capita.
• Aumento no custo da produção de alimentos.
• Impedimento ao desenvolvimento industrial e agrícola e
comprometimento dos usos múltiplos.
• Aumento dos custos de tratamento de água.

Além destes impactos produzidos pelas actividades humanas, deve-se


também considerar que as mudanças globais em curso poderão afectar
drasticamente os recursos hídricos do planeta.

As mudanças globais, em parte resultantes da aceleração dos ciclos


biogeoquímicos e contribuição de gases de efeito estufa para a
atmosfera, também poderão interferir nas características do ciclo
hidrológico, afectar a temperatura das águas superficiais de lagos, rios
e represas, alterar a evapotranspiração e produzir impactos diversos na
biodiversidade.

Essas mudanças globais poderão ter efeitos na agricultura, na


distribuição da vegetação e consequentemente poderão alterar a
quantidade e qualidade dos recursos hídricos.

Um dos importantes problemas relativos aos impactos dos usos


múltiplos e a sua quantificação está na distribuição compartilhada dos
recursos hídricos nas bacias internacionais.
Há 19 bacias hidrográficas internacionais cujos recursos hídricos são
compartilhados por 5 ou mais países.

A bacia do Rio Danúbio, por exemplo, hoje é resultado dos usos por 17
países (eram 12 em 1978). Estas bacias internacionais geram grande
número de problemas políticos complexos, resultantes da disputa pelos
recursos hídricos e usos múltiplos por diferentes países.

145
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Conflitos internacionais com disputa pelos recursos hídricos são


resultado de animosidades religiosas, disputas ideológicas, problemas
fronteiriços e competição económica.

À medida que ocorre uma percepção cada vez mais acentuada sobre os
recursos hídricos e seu valor económico e social, mais acirrada se torna
a disputa por recursos hídricos internacionais.
(Shiklomanov: 1998)

Tabela 6 - Número de bacias internacionais por Continente

Continente Nações Unidas [15] Wolf et al. [16]

África 57 60

América do Norte e Central 33 39

América do Sul 36 38

Ásia 40 53

Europa 48 71

Total 214 261

Fonte: Tundisi (2008)

Problemas especiais referentes aos usos de recursos hídricos


Água e produção de alimentos

O desenvolvimento socialmente justo de todo o planeta deve promover


a distribuição e o suprimento adequado de alimento para todos os
habitantes do planeta.

A avaliação adequada dos recursos hídricos necessários para duplicar a


produção de alimentos ainda não foi feita.

Quais as fontes principais de água disponíveis para produzirem


alimento, por região ou continente? Ainda não há uma definição muito
clara sobre este problema, especialmente em continentes como a
América do Sul e África.

146
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Grande parte da expansão na produção de alimentos foi conseguida,


principalmente, pelo aumento da área irrigada, especialmente na Ásia
e particularmente na Índia.

A produção agrícola depende da irrigação, da precipitação natural e da


água produzida por aquíferos subterrâneos utilizada para irrigação. A
utilização de água para irrigação era de 2.500 Km3 em 1999. Sem essa
água utilizada para irrigação, a produção agrícola mundial estaria muito
abaixo da produção actual.

É fundamental o investimento em novas técnicas de irrigação para


melhorar o uso da água e economizar recursos hídricos de forma
adequada, nos diferentes continentes.

Evidentemente, estes usos de água dependem do tipo de solo e do


clima, do tipo de cultura e das características do ciclo hidrológico local
ou regional.

A água requerida para produzir dietas básicas com base em


necessidades regionais varia de um mínimo de 640m3/pessoa/ano para
a África sub-sahariana, até um máximo de 1.830 m3/pessoa/ano para o
continente norte-americano.

Na América Latina estes números são da ordem de


1.000m3/pessoa/ano. Estes dados incluem água de irrigação e águas de
precipitação natural.

Os requerimentos de água para produção de várias culturas e tipos de


alimento variam enormemente. Por exemplo, para produção de 1Kg de
trigo são necessários 900 a 2000 Kg de água e para produção de 1Kg de
carne bovina são necessários 15.000 a 70.000 Kg de água.

Custos do alimento estão relacionados com os custos da irrigação e o


volume de água utilizado na produção. (Shiklomanov: 1998)

Água para as regiões urbanas

O crescimento exponencial da população humana promoveu uma


enorme demanda sobre os recursos hídricos, aumentando
significativamente a necessidade de grandes volumes de água para
suprir as populações urbanas adequadamente sem causar danos à
saúde pública.

A urbanização avançou sobre os mananciais e deteriorou as fontes de


suprimentos superficiais e subterrâneas.
147
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Os custos do tratamento de água para produção de água potável


atingem altos valores especialmente se os mananciais estão
desprotegidos de florestas riparias e

cobertura vegetal suficiente nas bacias hidrográficas e se as águas


subterrâneas estão contaminadas.

De grande preocupação é a toxicidade dos mananciais, o que pode


aumentar os riscos à saúde humana e agravar problemas
principalmente de toxicidade crônica.

Regiões urbanas produzem grandes volumes de águas residuárias de


origem doméstica, esgotos não tratados que degradam rios e lagos
próximos e elevam os custos do tratamento.

No Brasil somente 20% dos esgotos municipais são tratados,


produzindo um vasto processo de eutrofização de rios, represas e lagos
naturais e águas costeiras. (Idem)

Água e Saúde Humana

Existem muitas informações sobre os efeitos dos recursos hídricos


superficiais e subterrâneos deteriorados sobre a saúde humana.

Há diversas doenças de veiculação hídrica que são consequências de


organismos que tem um ciclo de vida de alguma forma relacionado com
águas estagnadas, rios, represas, estuários ou lagos. Estas doenças, em
Continentes como América Latina, África e no Sudoeste da Ásia, matam
mais pessoas que todas as outras doenças em conjunto.

As doenças que atingem os seres humanos a partir da água poluída


podem resultar de contaminação em águas não tratadas (esgotos
domésticos) por contribuição de pessoas e animais infectados, animais
em regiões de intensa actividade pecuária (galo, aves, suínos) ou por
animais silvestres.

As doenças de veiculação hídrica aumentam de intensidade e


distribuição em regiões com alta concentração populacional, por
exemplo, em zonas periurbanas metropolitanas, e com o aumento de
despejos de actividades industriais, especialmente aqueles
provenientes das indústrias de processamento da matéria orgânica
(carne, laticínios, cana de açúcar).

148
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Factores adicionais de contaminação são os rios urbanos de pequeno


porte, com águas contaminadas e não tratadas que podem funcionar
como pólo de dispersão de doenças de veiculação hídrica directa ou
indirectamente.

A eutrofização de sistemas continentais e costeiros também é causa de


contaminação e aumento de doenças.

Inabilidade e mortes prematuras produzidas por doenças de veiculação


hídrica têm como consequência muitas perdas económicas, efeitos de
curto e longo prazo.

# Valoração dos Recursos Hídricos

Os ecossistemas apresentam funções que podem ser qualificadas de


“serviços” e benefícios à população humana e a outras espécies.

Por exemplo, a produção de alimentos, a reciclagem de nitrogénio e


fósforo pelos ecossistemas aquáticos, a produção de alimento e o
suprimento de água para abastecimento público, podem ser
considerados “serviços” proporcionados pelos recursos hídricos. Esta
valorização pode ser feita em função do “capital natural” que pode ser
a biodiversidade ou funcionamento de uma área alagada como
promotor do saneamento.

Os estoques de recursos hídricos superficiais ou subterrâneos podem


ser considerados um capital que é crítico ao funcionamento do planeta,
contribuindo para o bem-estar e a melhor qualidade de vida da
população.

O conjunto de serviços proporcionados pelos recursos hídricos é de


aproximadamente U$ 1700 x109 por ano (para uma área de 200x106
hectares de rios e lagos).

Esta valoração está ainda nos estágios iniciais, uma vez que a dimensão
completa de todos os “serviços” é difícil e complexa e há enormes
diferenças regionais e locais nesses valores.

Valores recreacionais, estéticos e custos do tratamento natural variam


bastante. Esforços precisam ser definidos para avaliações locais, de
diferentes ecossistemas aquáticos, de águas superficiais e recursos
hídricos subterrâneos.

Entretanto, esta valoração é fundamental para definir inclusive os custos


de preservação e da recuperação e como compreensão para

149
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

antecipar impactos. É fundamental avaliar os custos dos impactos sobre


o capital natural e os “serviços” proporcionados por este capital.
(Shiklomanov: 1998)

O futuro dos recursos hídricos

Recursos Hídricos representam um estoque de recursos fundamental


para a manutenção da vida no planeta Terra e também para o
funcionamento dos ciclos e funções naturais.

Recursos Hídricos beneficiam directa ou indirectamente a população


humana, principalmente se levarmos em conta os vários benefícios
promovidos para o bem-estar da população humana e para a
sobrevivência de organismos.

Uma nova ética é necessária para enfrentar a escassez de recursos


hídricos no futuro e para tratar este recurso como um componente
fundamental dos ciclos do planeta Terra.

Além desta nova ética que compreende uma visão mais ampla do
recurso, que inclui valores estéticos e culturais, é necessário um
conjunto de alterações conceituais na gestão, como a descentralização
da gestão, implantando os comités de bacias hidrográficas,
desenvolvendo mecanismos de integração institucional e ampliando a
capacidade preditiva do sistema.

A gestão ambiental e especialmente a gestão dos recursos hídricos no


século 20 foi dirigida essencialmente para uma acção sectorial (pesca,
hidroelectricidade, navegação), em nível local (rio, lago, represa, água
subterrânea) e de resposta a crises.

No século 21 esta gestão deverá sofrer uma transição para uma gestão
integrada (usos múltiplos), em nível de ecossistema (bacia hidrográfica)
e preditiva (ou seja, capacidade de antecipação de problemas, desastres
e impactos).

Isto implica também em avanços tecnológicos essenciais:


monitoramento avançado em tempo real, treinamento de gerentes de
recursos hídricos com visão integrada e integradora, capacidade de
análise ecológica e modelagem matemática e construção de cenários
adequados com avaliação de tendências, impactos e análises de risco.

Acima de tudo, o futuro dos recursos hídricos depende de uma


integração entre o conhecimento (diagnóstico, banco de dados, sistemas
de informação) ou seja, dados biogeofísicos e a sócia economia regional,
incluindo-se as tendências e a construção de cenários.

150
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

Para evitar desperdícios, economizar água, melhorar os custos do


tratamento e desenvolver arcabouços legais e institucionais é
necessário considerar o conjunto de recursos hídricos – águas
continentais superficiais, águas subterrâneas, águas costeiras e sua
sustentabilidade no espaço e tempo incluindo valores estéticos,
segurança colectiva, oportunidades culturais, segurança ambiental,
oportunidades recreacionais, oportunidades educacionais, liberdade e
segurança individual. (Shiklomanov: 1998)

Sumário

Nesta unidade temática, tratou se dos recursos hídricos. Abordou se das


formas de uso dos recursos hídricos (no passado, presente e futuro)
tanto como os impactos desses usos.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1.A urbanização acelerada em todo o planeta produz inúmeras


alterações no ciclo hidrológico

a) Diminuiu enormemente as demandas para grandes volumes de água,


aumentando os custos do tratamento

b) Diminuiu enormemente as demandas para grandes volumes de água,


diminuindo também os custos do tratamento

Aumentou enormemente as demandas para grandes volumes de água,


diminuindo os custos do tratamento

c)Aumentou enormemente as demandas para grandes volumes de


água, aumentando também os custos do tratamento;

2. À medida que aumenta o desenvolvimento económico e a renda


percapita

a) a pressão sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos


mantem constante

b) Diminui a pressão sobre os recursos hídricos superficiais e aumenta


sobre os recursos subterrâneos

c)Diminui a pressão sobre os recursos hídricos superficiais e


subterrâneos

d)Aumenta a pressão sobre os recursos hídricos superficiais e


subterrâneos;

151
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

3. Construção de diques e canais é uma actividade humana que provoca


seguinte impacto nos ecossistemas aquáticos:

a) Destrói a conexão do rio com as áreas inundáveis

b) Danifica ecologicamente os rios. Modifica os fluxos dos rios.

c) Diminui a qualidade da água;

d) Elimina espécies nativas. Altera ciclos de nutrientes e ciclos


biológicos;

4. Introdução de espécies exóticas provoca seguinte impacto nos


ecossistemas aquáticos

a) Destrói a conexão do rio com as áreas inundáveis

b) Danifica ecologicamente os rios. Modifica os fluxos dos rios.

c) Diminui a qualidade da água

d) Elimina espécies nativas. Altera ciclos de nutrientes e ciclos biológicos

5. Poluição não controlada provoca seguinte impacto nos ecossistemas


aquáticos

a) Destrói a conexão do rio com as áreas inundáveis

b) Danifica ecologicamente os rios. Modifica os fluxos dos rios.

c) Diminui a qualidade da água

d) Elimina espécies nativas. Altera ciclos de nutrientes e ciclos biológicos

6. Alteração do canal natural dos rios provoca seguinte impacto nos


ecossistemas aquáticos

a) Destrói a conexão do rio com as áreas inundáveis

b) Danifica ecologicamente os rios. Modifica os fluxos dos rios.

c) Diminui a qualidade da água

d) Elimina espécies nativas. Altera ciclos de nutrientes e ciclos biológicos

7. Construção de diques e canais provoca seguinte impacto nos


ecossistemas aquáticos

a) Destrói a conexão do rio com as áreas inundáveis

b) Danifica ecologicamente os rios. Modifica os fluxos dos rios.

152
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

c) Diminui a qualidade da água

d) Elimina espécies nativas. Altera ciclos de nutrientes e ciclos biológicos

8. Um dos importantes problemas relativos aos impactos dos usos


múltiplos e a sua quantificação está na distribuição compartilhada dos
recursos hídricos nas bacias internacionais. A bacia do Rio Danúbio, por
exemplo, hoje é compartilhado por

a) 17 Países; b)10 países; c) países; d) 40 países

9. Mudanças globais no clima

a) Afectam drasticamente o volume dos recursos hídricos. Alteram


padrões de distribuição de precipitação e evaporação

b) Não afectam o volume dos recursos hídricos e nem alteram padrões


de distribuição de precipitação e evaporação;

c) Aumenta a pressão para construção de hidroeléctricas e aumenta a


poluição da água e a acidificação de lagos e rios.

d) Todas estão certas

10. Crescimento da população e padrões gerais do consumo humano

a) Afectam drasticamente o volume dos recursos hídricos. Alteram


padrões de distribuição de precipitação e evaporação

b) Não afectam o volume dos recursos hídricos e nem alteram padrões


de distribuição de precipitação e evaporação

c) Aumentam a pressão para construção de hidroeléctricas e aumenta


a poluição da água e a acidificação de lagos e rios.

d) Todas estão certas

Respostas: 1d);2d);3a);4d);5c);6b);7a);8a); 9a); 10c)

Exercícios

1.As características do ciclo hidrológico não são homogéneas. Concorda


com afirmação? Justifica a sua opção?

2. Que alteração trouxe a urbanização acelerada para ciclo hidrológico?

153
UNISCED CURSO: Licenciatura em Ensino de Geografia; 1° Ano Módulo: Hidrologia

3. Existem bacias hidrográficas internacionais. Qual é o perigo de


estarmos a compartilhar as águas da mesma bacia?

4. Deia exemplo de bacia internacional e mencione os países


atravessados por mesma?

5. O que entende por recursos hídricos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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