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CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO

DE GEOGRAFIA

MANUAL DE GEOPROCESSAMENTO

ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO 2022


CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE
GEOGRAFIA

MANUAL DE GEOPROCESSAMENTO

3º ANO

CÓDIGO

TOTAL HORAS/1o
100
SEMESTRE

CRÉDITOS (SNATCA) 4

NÚMERO DE TEMAS 6
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade da UNISCED, e contém reservados todos os direitos. É proibida a


duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por
quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão
expressa de entidade editora UNISCED.

A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais


em vigor no País.

Universidade Aberta ISCED


Vice-reitoria Académica
Rua Paiva Couceiro, Macuti
Beira - Moçambique
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Cel: +258 82 3055839

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Website: www.isced.ac.mz

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Agradecimentos

Universidade Aberta ISCED e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Autor Camane José Manuel

Vice-Reitor Académica do ISCED


Coordenação

Design
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED)
Financiamento e Logística

Revisão Científica e
Linguística
2020
Ano de Publicação

Ano de Actualizaação
2022
Local de Publicação
ISCED – BEIRA

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Visão geral 1
Benvindo à Disciplina/Módulo de Geoprocessamento .................................................... 1
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6
Avaliação ........................................................................................................................... 7

TEMA – I: INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO 9


UNIDADE TEMÁTICA 1.1. CONCEITO E EVOLUÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO ............... 9
Introdução......................................................................................................................... 9
1.1.1. Definições do Geoprocessamento ................................................................. 9
1.1.2. Origem e Evolução do Geoprocessamento .......................................................... 10
1.1.3. Caracter Interdisciplinar do Geoprocessamento.................................................. 11
1.1.4. Geoprocessamento e as Novas Propostas Paradigmáticas .................................. 12
1.1.4.1. Breve Evolução da Ciência Geográfica............................................................... 12
1.1.4.2. Paradigmas Científicos ....................................................................................... 12
1.1.4.3. Princípios Básicos da Geografia Tradicional ...................................................... 14
1.1.4.4. Geografia Tecnológica ....................................................................................... 15
1.1.4.5. SIG e Geoprocessamento................................................................................... 17
1.1.4.6. Nova Proposta Paradigmática ........................................................................... 18
Sumário ........................................................................................................................... 19
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 19
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 20
UNIDADE TEMÁTICA 1.2. PRINCIPAIS COMPONENTES DO GEOPROCESSAMENTO ....... 21
Introdução....................................................................................................................... 21
1.2.1. Informática............................................................................................................ 21
1.2.2. Sistemas de Informações Geográficas (SIG) ......................................................... 21
1.2.3. Sensoriamento remoto ......................................................................................... 22
1.2.4. Sistema de Posicionamento Global (GPS) ............................................................ 22
1.2.5. Cartografia digital ................................................................................................. 22
1.2.6. Topografia e levantamentos de campo ................................................................ 22
1.2.7. Processamento digital de imagens ....................................................................... 23
1.2.8. Profissional capacitado (Peopleware)................................................................... 23
Sumário ........................................................................................................................... 23
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 24
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 25
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 25
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 27

TEMA – II: DADOS EM GEOPROCESSAMENTO 28

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UNIDADE TEMÁTICA 2.1. Tipos e Modelos de Dados em Geoprocessamento .............. 28


Introdução....................................................................................................................... 28
2.1.1. Definições afins ..................................................................................................... 28
2.1.2. Vetorial.................................................................................................................. 29
2.1.3. Matricial ................................................................................................................ 30
2.1.4. Dados Temáticos ................................................................................................... 31
2.1.5. Dados Cadastrais................................................................................................... 31
2.1.6. Redes..................................................................................................................... 32
2.1.7. Modelos Numéricos de Terreno (MNT) ................................................................ 32
2.1.8. Imagens ................................................................................................................. 32
UNIDADE TEMÁTICA 2.2. BASE DE DADOS E ESTRUTURA DE DADOS
GEORREFERENCIADOS .................................................................................................... 36
Introdução....................................................................................................................... 36
2.2.1. Base de dados Georreferenciados ........................................................................ 36
2.2.2. Estruturas de Base de Dados ................................................................................ 38
2.2.3. Base de Dados Espaciais - Modelo Geodatabase ................................................. 40
UNIDADE TEMÁTICA 2.3. Formato de Armazenamento de Dados em
Geoprocessamento ......................................................................................................... 43
Introdução....................................................................................................................... 43
2.3.1. Formatos de Arquivo Matriciais ........................................................................... 44
2.3.2. Formato BMP ........................................................................................................ 44
2.3.3. Formato Tiff .......................................................................................................... 44
2.3.4. GeoTIFF ................................................................................................................. 45
2.3.5. Formato JPEG ........................................................................................................ 45
2.3.6. Formato GIF .......................................................................................................... 45
2.3.7. Formato PNG ........................................................................................................ 46
2.3.8. Tamanho dos Arquivos Matriciais ........................................................................ 46
2.3.9. Compactação de Arquivos .................................................................................... 46
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 49

TEMA – III: INTRODUÇÃO DE DADOS EM UM SIG 50


Introdução....................................................................................................................... 50
3.1. Processo de Digitalização......................................................................................... 50
3.2. Transformação de cartas, mapas e fotografias aéreas em temas vetorizados -
Vectorização.................................................................................................................... 51
3.2.1. Vectorização Manual ............................................................................................ 51
3.2.2. Vectorização em Tela ............................................................................................ 52
3.2.3. Vectorização Automática ...................................................................................... 52
3.2.4. Vectorização Semi - automática ........................................................................... 52
3.3. Inserção de Dados Alfanuméricos ........................................................................... 53
3.4. Dados Provindos de Sistemas de Posicionamento por Satélites ............................. 53
3.5. Criação de Base de dados com características dos temas vetorizados ................... 54
3.6. Georreferenciamento de Dados Espaciais............................................................... 54
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 58

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TEMA – IV: MODELAGEM DE DADOS ESPACIAIS 59


UNIDADE TEMÁTICA 4.1. Processo de Modelação ......................................................... 59
Introdução....................................................................................................................... 59
4.1.1. Factores que Influenciam a Modelagem de Dados Geográficos .......................... 61
4.1.2. Níveis de Abstração de Dados Geográficos .......................................................... 63
4.1.3. Níveis de Abstração de Dados Geográficos .......................................................... 63
4.1.4. Requisitos de um Modelo de Dados Geográficos ................................................. 65
UNIDADE TEMÁTICA 4.2. MODELOS DE DADOS ESPACIAIS ........................................... 67
Introdução....................................................................................................................... 67
4.2.1. Modelo GEO-OMT................................................................................................. 68
4.2.2. Principais Conceitos do Modelo GEO-OMT .......................................................... 69
4.2.2.1. Geo-Campo ........................................................................................................ 71
4.2.2.2. Geo-Objeto ........................................................................................................ 72
4.2.3. Relacionamentos .................................................................................................. 73
4.2.4. Generalização e Especialização ............................................................................ 76
Sumário ........................................................................................................................... 77
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ..................................................................................... 77
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................................ 78
Exercícios do TEMA ......................................................................................................... 79
Referências Bibliográficas ............................................................................................... 80

TEMA – V: OBTENÇÃO DE DADOS ESPACIAIS 82


Introdução....................................................................................................................... 82
5.1.1. Utilização do aparelho receptor de GPS ............................................................... 82
5.1.2. Funcionalidades do Receptor GPS ........................................................................ 83
5.1.3. Aplicações do GPS ................................................................................................. 85
UNIDADE TEMÁTICA 5.2. Sensoriamento Remoto ......................................................... 89
Introdução....................................................................................................................... 89
Sensoriamento Remoto .................................................................................................. 89
5.2.1. Aplicações do Sensoriamento remoto.................................................................. 91
5.2.2. Componentes de um sistema de Sensoriamento Remoto ................................... 93
5.2.4. Principais divisões ou regiões do espectro eletromagnético ............................... 94
5.2.5. Fontes para obtenção de dados do Sensoriamento Remoto ............................... 96
5.2.6. Reflectância dos principais elementos da superfície terrestre ............................ 96
5.2.7. Padrões espectrais ................................................................................................ 98
5.2.8. Resoluções ............................................................................................................ 99
5.2.8.1. Resolução espacial ............................................................................................. 99
5.2.8.2. Resolução temporal ......................................................................................... 100
5.2.8.3. Resolução radiométrica ................................................................................... 100
5.2.8.4. Resolução espectral ......................................................................................... 101
Sumário ......................................................................................................................... 102
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 102
Exercícios para AVALIAÇÃO .......................................................................................... 104
UNIDADE TEMÁTICA 5.3. Colecta de Dados em Geoprocessamento .......................... 105

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Introdução..................................................................................................................... 105
5.3.1. Levantamentos Topográficos ............................................................................. 105
5.3.2. Sistemas de Posicionamento por Satélite .......................................................... 106
5.3.2.1 Sistema de Posicionamento Global (GPS) ........................................................ 107
Sumário ......................................................................................................................... 107
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 108
Exercícios para AVALIAÇÃO .......................................................................................... 108
Exercícios do TEMA ....................................................................................................... 109
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 110

TEMA – VI: ELABORAÇÃO DE MAPAS EM SIG 111


Introdução..................................................................................................................... 111
6.1. A Base Cartográfica ................................................................................................ 111
6.2. Elementos Constituintes de um Mapa Temático .................................................. 112
6.3. Símbolos Convencionais e Legendas ..................................................................... 112
6.4. As Variáveis da Retina ............................................................................................ 113
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 116
Exercícios para AVALIAÇÃO .......................................................................................... 117
Exercícios do TEMA ....................................................................................................... 118
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 118

TEMA – VII: UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES DE GEOPROCESSAMENTO 120


Introdução..................................................................................................................... 120
7.1. ArcGis ..................................................................................................................... 121
7.2. QGIS ....................................................................................................................... 121
7.3. gvSIG ...................................................................................................................... 122
7.4. SPRING ................................................................................................................... 122
7.5. TerraView ............................................................................................................... 122
7.6. SAGA GIS ................................................................................................................ 123
7.7. DIVA GIS ................................................................................................................. 123
Sumário ......................................................................................................................... 123
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 123
Exercícios para AVALIAÇÃO .......................................................................................... 124
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 125

TEMA – VIII: APLICAÇÕES DE GEOPROCESSAMENTO 126


Introdução..................................................................................................................... 126
Sumário ......................................................................................................................... 129
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO ................................................................................... 130
Exercícios para AVALIAÇÃO .......................................................................................... 131
Referências Bibliográficas ............................................................................................. 132

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Visão geral

Benvindo à Disciplina/Módulo de Geoprocessamento

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Geoprocessamento deverá


ser capaz de:

▪ Definir os principais conceitos do geoprocessamento;

▪ Explicar as aplicações do geoprocessamento em diversos


âmbitos;
Objectivos
Específicos ▪ Identificar os dados utilizados em geoprocessamento, sua
estrutura, processo de introdução, bem como formatos de
armazenamento;

▪ Dominar o uso do receptor GPS;

▪ Conhecer as principais fontes de obtenção de dados; e

▪ Caracterizar os softwares utilizados em geoprocessamento.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de


Licenciatura em Ensino de Geografia da UNISCED e outros como
Gestão Ambiental, etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores
que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa
disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal
se inscrever. Mas poderá adquirir o manual.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Como está estruturado este módulo

Este módulo de Geoprocessamento, para estudantes do 3º ano do


curso de licenciatura em ensino de Geografia, à semelhança dos
restantes da UnISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e
actividades práticas, incluindo estudo de caso.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos da UnISCED, pensando em


si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu
módulo para você explorar. Para tal a UnISCED disponibiliza na
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos
relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-
ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital
moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto - avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios
de auto - avaliação apresentam duas características: primeiro
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto - avaliação,
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de
avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro

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estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,


procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação


crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as


de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à
noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja, que durante o
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das
actividades obrigatórias.

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Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por
fim ao perceber que estuda tanto, mas não aprende, cai em
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que
está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando
a preocupação.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes


(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
tornam incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central da UnISCED
indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que lhe permite situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor,
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a


realização dos trabalhos e seu autor (estudante da UnISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/tutor! Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de
avaliação.
Avaliação formativa: Serão observados os trabalhos de campo e as
participações nos fóruns de discussões. Para cada actividade a média
pesa em 40% sobre a avaliação final.
Avaliação sumativa: Ao final do semestre haverá uma prova
presencial de avaliação e o valor da prova pesa 60% da pontuação
total. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 3 (três)
avaliações e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

TEMA – I: INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO

Unidade Temática 1.1. Conceito e Evolução do Geoprocessamento

Unidade Temática 1.2. Principais Componentes do


Geoprocessamento

UNIDADE TEMÁTICA 1.1. CONCEITO E EVOLUÇÃO DO GEOPROCESSAMENTO

Introdução

O Geoprocessamento como área de conhecimento de domínio técnico-


científico, desde as suas primeiras tentativas de aplicação no
processamento de dados com características espaciais a partir da
década 50, com o objectivo principal de reduzir os custos de produção
e manutenção de mapas, se beneficiou bastante da era digital
principalmente com o advento dos sistemas de informação geográfica,
na era digital, o que contribuiu bastante para a evolução do conceito a
partir da sua relação com as chamadas geotecnologias. Esta unidade
temática centra-se no conceito e evolução do Geoprocessamento.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir geoprocessamento;
▪ Contextualizar a origem do geoprocessamento; e
▪ Analisar o geoprocessamento e as novas propostas paradigmáticas;
Objectivos
específicos

1.1.1. Definições do Geoprocessamento


São várias as definições do Geoprocessamento que podem ser
encontradas na atualidade, variando de autor para autor. A seguir são
apresentadas algumas das definições do Geoprocessamento.

Etimologicamente o termo geoprocessamento pode ser separado em


geo (terra - superfície - espaço) e processamento (de informações -
informática). Desta forma, pode ser definido como um ramo da ciência
que estuda o processamento de informações georreferenciadas
utilizando aplicativos (normalmente SIGs), equipamentos
(computadores e periféricos), dados de diversas fontes e profissionais
especializados. Este conjunto deve permitir a manipulação, avaliação e
geração de produtos (geralmente cartográficos), relacionados
principalmente à localização de informações sobre a superfície da terra
(Pioli, 2010).

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Silva, Monteiro, e Pamboukian, (2015) em Introdução ao


Geoprocessamento, referem que o Geoprocessamento consiste na
utilização de técnicas computacionais e matemáticas para obter e
analisar informações espaciais. Através dessas técnicas, os dados de
diversos formatos e fontes são relacionados com o objetivo de gerar
algum ganho de informação sobre determinado assunto.

É o processamento de dados espacialmente referenciados, por meio da


utilização de uma ou mais geotecnologias, com o objetivo de gerar
geoinformação. Neste caso, a geoinformação é qualquer informação
derivada de processos que envolvam uma ou várias das geotecnologias.

Segundo Rodrigues (1990) o geoprocessamento é um conjunto de


tecnologias de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de
informações espaciais voltado para um objetivo específico. Tal conjunto
possui como principal ferramenta o Sistema de Informação Geográfica
(SIG).

1.1.2. Origem e Evolução do Geoprocessamento

As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de


dados com características espaciais aconteceram na Inglaterra e nos
Estados Unidos, nos anos 50, com o objectivo principal de reduzir os
custos de produção e manutenção de mapas. Dada a precariedade da
informática na época, e a especificidade das aplicações desenvolvidas
(pesquisa em botânica, na Inglaterra, e estudos de volume de tráfego,
nos Estados Unidos), estes sistemas ainda não podem ser classificados
como “sistemas de informação”.

Os primeiros Sistemas de Informação Geográfica surgiram na década de


60, no Canadá, como parte de um programa governamental para criar
um inventário de recursos naturais. Estes sistemas, no entanto, eram
muito difíceis de usar: não existiam monitores gráficos de alta
resolução, os computadores necessários eram excessivamente caros, e
a mão de obra tinha que ser altamente especializada e caríssima. Não
existiam soluções comerciais prontas para uso, e cada interessado
precisava desenvolver seus próprios programas, o que demandava
muito tempo e, naturalmente, muito dinheiro.

Além disto, a capacidade de armazenamento e a velocidade de


processamento eram muito baixas. Ao longo dos anos 70 foram
desenvolvidos novos e mais acessíveis recursos de hardware, tornando
viável o desenvolvimento de sistemas comerciais. Foi então que a
expressão Geographic Information System foi criada. Foi também nesta
época que começaram a surgir os primeiros sistemas comerciais de CAD
(Computer Aided Design, ou projeto assistido por computador), que

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

melhoraram em muito as condições para a produção de desenhos e


plantas para engenharia, e serviram de base para os primeiros sistemas
de cartografia automatizada. Também nos anos 70 foram
desenvolvidos alguns fundamentos matemáticos voltados para a
cartografia, incluindo questões de geometria computacional. No
entanto, devido aos custos e ao fato deste proto - sistemas ainda
utilizarem exclusivamente computadores de grande porte, apenas
grandes organizações tinham acesso à tecnologia.

A década de 80 representa o momento quando a tecnologia de sistemas


de informação geográfica inicia um período de acelerado crescimento
que dura até os dias de hoje. Até então limitados pelo alto custo do
hardware e pela pouca quantidade de pesquisa específica sobre o tema,
os SIG se beneficiaram grandemente da massificação causada pelos
avanços da microinformática e do estabelecimento de centros de
estudos sobre o assunto. Nos EUA, a criação dos centros de pesquisa
que formam o NCGIA - National Centre for Geographical Information
and Analysis (NCGIA, 1989) marca o estabelecimento do
Geoprocessamento como disciplina científica independente.

No decorrer dos anos 80, com a grande popularização e barateamento


das estações de trabalho gráficas, além do surgimento e evolução dos
computadores pessoais e dos sistemas gerenciadores de bancos de
dados relacionais, ocorreu uma grande difusão do uso de SIG. A
incorporação de muitas funções de análise espacial proporcionou
também um alargamento do leque de aplicações de SIG. Na década
atual, observa-se um grande crescimento do ritmo de penetração dos
SIG nas organizações, sempre alavancado pelos custos decrescentes do
hardware e do software, e também pelo surgimento de alternativas
menos custosas para a construção de bases de dados geográficas.

1.1.3. Caracter Interdisciplinar do Geoprocessamento

É costume dizer-se que Geoprocessamento é uma tecnologia


interdisciplinar, que permite a convergência de diferentes disciplinas
científicas para o estudo de fenómenos ambientais e urbanos. Ou ainda,
que “o espaço é uma linguagem comum” para as diferentes disciplinas
do conhecimento. Apesar de aplicáveis, estas noções escondem um
problema conceitual: a pretensa interdisciplinaridade dos SIGs é obtida
pela redução dos conceitos de cada disciplina a algoritmos e estruturas
de dados utilizados para armazenamento e tratamento dos dados
geográficos. Considere-se, a título de ilustração, alguns problemas
típicos:
• Um sociólogo deseja utilizar um SIG para entender e
quantificar o fenómeno da exclusão social numa cidade.

11
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

•Um ecólogo usa o SIG com o objetivo de compreender os


remanescentes florestais da Mata Atlântica, através do conceito de
fragmento típico de Ecologia da Paisagem.

•Um geólogo pretende usar um SIG para determinar a


distribuição de um mineral numa área de prospeção, a partir de um
conjunto de amostras de campo.

1.1.4. Geoprocessamento e as Novas Propostas


Paradigmáticas

É importante ser destacada a estreita ligação entre as geotecnologias e


as conceções científicas relacionadas a ciência geográfica. Tal condição
vai direcionar o entendimento dos processos, procedimentos, análises,
etc. vinculados aos SIGs e as técnicas de geoprocessamento bem como
sua relação com a Geografia.

1.1.4.1. Breve Evolução da Ciência Geográfica

Como as demais áreas de conhecimento, a Geografia experimentou


diversos caminhos para se constituir como ciência. Um dos
direcionamentos percebidos teve por base a necessidade de
transformação das técnicas de pesquisa vinculadas aos avanços
científico-tecnológicos ocorridos ao longo dos tempos.

Por outro lado, pode-se verificar, não obstante, que, além de uma
paulatina evolução do pensamento geográfico, tem-se uma evolução
tecnológica acelerada. Há, portanto, uma real necessidade de
adaptação desta ciência aos avanços científicos-tecnológicos.

1.1.4.2. Paradigmas Científicos

Numa análise bastante superficial, pode-se constatar que a Geografia,


dada sua própria personalidade, foi provando, ao longo da sua
existência, os paradigmas de diversas correntes científicas. Essa
experimentação trouxe avanços significativos ao próprio conhecimento
científico, mas também gerou impasses que até hoje não estão
totalmente sanados. A dicotomia geografia humana versus geografia
física, por exemplo, ainda está longe de ser resolvida, seja em razão das
diferentes compreensões percebidas pelas distintas correntes do
pensamento geográfico, ou mesma pela postura receosa de muitos
pensadores no que diz respeito ao mundo tecnológico hoje vivenciado.
De acordo com Santos (1998:139), O entendimento das nações de
espaço e de território apresenta divergentes conotações de acordo com
a corrente a elas relacionada. Analisando questões vinculadas a
territorialidade, talvez o maior
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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

representante da escola crítica da geografia, apresenta o que chamou


de ‘’ meio técnico-científico’’, ou seja, ‘’o momento histórico no qual a
construção ou reconstrução do espaço se dará com crescente conteúdo
de ciências e técnicas. Essa fase seria, na época, insuficiente, de acordo
com o autor, para caracterizar o momento então vivenciado.

Nesse sentido, Santos conceitua o ‘’ meio técnico-científico- informal’’,


que se superpõe ao meio técnico-científico, na medida que ocorre uma
informatização do território. Como o próprio autor coloca,

O território se informatiza mais, e mais depressa, que a economia ou


que a sociedade. sem dúvida, tudo se informatiza, mas no território.
esse fenómeno e ainda mais marcante na medida em que o trato do
Território supõe o uso da informação, que esta presente também nos
objetos (Santos,1998:140).

Ideias como as apresentadas por Santos remetem as novas perspectiva


em termos de análise do saber geográfico. Em extenso estudo, Buzai
(1999) apresenta a sua ‘’Geografia Global’’, entendida, dentro da
Geografia, como um novo campo teórico metodológico de aplicação
generalização. Essa caracterização pressupõe a utilização de conceitos
e métodos sob ambiente computacional (Buzai, 1999:2000). O referido
autor ainda apresenta, baseado em outros autores, o direcionamento
da ciência geográfica no final do século XX. Essa pode ser sintetizada me
três perspectiva:

• Ecologia da paisagem, com influência dos paradigmas regional,


racional e humanista.
• Geografia pós-moderna, com conceitos do paradigma crítico.
• Geografia automatizada, mais vinculada ao paradigma
quantitativo.

As perspetivas epistemológicas hoje experimentadas, entretanto,


podem conduzir para a sua aproximação. Nesse contexto, a
informatização e automação de métodos e procedimentos científicos
tendem a facilitar análises vinculadas a quaisquer dos referidos
paradigmas.

Se, por um lado, a crescente utilização dos meios tecnológicos sugere a


aproximação de correntes científicas diversas, por outro ela pode
reafirmar certas dicotomias do saber geográfico. O pequeno destaque
dado às geotecnologias em eventos geográficos traduz ao afastamento
de uma ampla gama de pesquisadores, que simplesmente
desconsideram tal aporte fundamental como parte do fazer Geografia.
Para estes – e não são poucos - a utilização de modernas tecnologias
por parte dos geógrafos ficaria restrita a consultas na internet ou
mesmo a digitação de textos.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

O distanciamento gerado a partir do pequeno envolvimento, ou mesmo


por uma visão obtusa, de uma gama considerável de profissionais de
nome no meio geográfico acaba por permitir a apropriação desse
campo por outros profissionais. A ausência de geógrafos em outros
órgãos públicos e privados talvez seja reflexo dessa situação.

Sendra (1999) alerta para o risco corrido pela Geografia a partir do


desenvolvimento dos SIGs, comparado ao quadro atual como aquele
vivido pela ciência no seculo XVIII, quando ocorreu a separação da
Cartografia e da Geodesia, áreas com conteúdos, de acordo com o
autor, mais ‘’científicos’’ e ‘’matemáticos’’.

1.1.4.3. Princípios Básicos da Geografia Tradicional

Entre as escolas da geografia, aquela que talvez tenha sofrido as


maiores e mais contundentes críticas, foi a escola pragmática, isto é, a
da chamada geografia quantitativa, ou Geografia Teorética, ou ainda,
Nova Geografia. As discussões realizadas na busca do objeto de estudo
da ciência e da sua praticidade levaram a sintetização de algumas ações,
objeto da ferrenha critica por parte de grupos não alinhados com tal
pensamento.
Uma das questões polémicas referia se a idealização de certos
princípios básicos nos quais a pesquisa científica deveria se apoiar. Tais
princípios, que estavam vinculados a denominada Geografia Tradicional
(Moraes, 2005), baseavam-se na praticidade exigida para a realização
de determinados tipos de estudos. Estes podem ser resumidos da forma
seguinte:

i. Princípio da unidade terrestre, no qual é apresentada uma visão


de conjunto do planeta.

ii. Princípio da individualidade, que exprime que cada lugar possui


características próprias, as quais não podem ser reproduzidas
igualmente outro.

iii. Princípio da atividade, o qual sugere que a natureza está em


constante transformação.

iv. Princípio de conexão, que exprime a ocorrência de uma relação


entre tudo o que existe na superfície da terra.

v. Princípio da comparação, que apresenta que as diferenças


percebidas no planeta são entendidas pela comparação de suas
especificidades.

vi. Princípio de extensão, o qual sugere que um fenómeno ocorre


em um lugar específico da superfície da terrestre.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

vii. Princípio da localização, que mostra que a ocorrência de um


determinado fenómeno pode ser localizada.

Os princípios da ciência geográfica tradicional nortearam muitos dos


trabalhos realizados dentro de tais conceções científicas. Ainda hoje tais
princípios são utilizados de forma mais ou menos incisiva,
especialmente na estruturação de estudos baseados no uso de
geotecnologias.

1.1.4.4. Geografia Tecnológica

Como se observou no ponto anterior as características da Geografia


dentro de uma contextualização epistemológica, inserida no campo
científico, o qual acaba por abarcar porções de distintas áreas do
conhecimento, a ciência Geográfica apresenta como objeto de estudo
a complexa rede de interação dos fenómenos experimentados pela
sociedade e do ambiente por ela ocupado.
A ideia de espaço geográfico e de como este é construído, organizado e
estruturado traduz se na preocupação do geógrafo enquanto
pesquisador. Nesse sentido, a inesgotável busca de conhecimento pelo
estudo da realidade verificada nesse espaço geograficamente
constituído traz a necessidade do auxílio de um apoio bastante
significativo.

Apesar de esquecida por muitos geógrafos, uma das ferramentas mais


associadas a figura desses profissionais, sem dúvida, é o mapa. Novas
tecnologias vão se propondo ao uso de mapas, configurando ao técnico
um expressivo e poderoso instrumento para seu trabalho. Essa
perceção compreende as ditas geotecnologias como as aliadas mais
representativas contidas nesse contexto.

É importante ser destacado, entretanto, que, por causa de diferentes


conceções a respeito dos direcionamentos epistemológicos
experimentados pela ciência geográfica, existe uma forte tendência no
sentido do estabelecimento de novas propostas paradigmáticas.

Tal processo poderá promover tanto avanços significativos em termos


de possibilidades de aplicação da Geografia, quanto uma cisão
académica- científica, a qual poderá culminar, inclusive, com o
surgimento de uma nova ciência.

Autores de renome internacional vem debatendo as diversas


derivações advindas dessa possível ‘’rutura’’. Se, por um lado, percebe-
se a possibilidade de cisalhamento da Geografia, por outro lado,
pesquisadores como Dobson (2004) apresentam as tecnologias dos SIGs
como um novo campo de trabalho para os geógrafos. Em diversos
textos, o citado autor, que já trabalhara a ideia de uma ciência da
informação Geográfica (CIG) - do inglês Geographic Information Science

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

(GISc) - discute sobre uma possível revolução no conhecimento


geográfico a partir do uso de SIGs (Dobson, 2004).

Analisando perspetivas diversas, Goodchild (2004) discorre sobre


diferentes conceitos a respeito da CIG. As ideias apresentadas pelo
autor resultam de discussões realizadas a partir do ‘’Consorcio
Universitário para a Ciência da Informação Geográfica (UCGIS)’’, que
reúne cerca de 70 intuições académicas e órgãos públicos e privados
dos EUA. Numa primeira abordagem, Goodchild cita Clarke (1994), que
apresenta essa ciência como ‘’a disciplina que usa sistemas de
informações geográficas como ferramentas para entender o mundo’’.
Em outra das suas interpretações, coloca a ciência como ‘’ depósito de
conhecimentos que são implementados nos SIGs e que tornam SIGS
possíveis’’.

Numa terceira perspectiva, o autor apresenta que a CIG ‘’desenvolve,


nos resultados acumulados de muitos séculos de investigação,
interesses em como descrever mensurar e representar a superfície da
terra’’.

As abordagens trabalhadas por Goodchid refletem os direcionamentos


dessa possível área do conhecimento e seus impactos na Geografia,
dada a proximidade de ambas. SENDRA (1999) segue nessa direção
citando que ‘’ a análise Geográfica, fundamento da CIG e dos SIGs, tem
uma boa parte da sua origem em trabalhos de geógrafos’’.

A vinculação Geografia - SIG - CIG apresenta-se, assim, bastante clara.


Outro autor que merece ser citado, em virtude de sua inestimável
contribuição na área, principalmente com relação ao desenvolvimento
do software Idrisi, é Ronald Eastnan. De forma bastante mais
condensada, o autor apresenta SIG como ‘’um sistema assistido por
computador para a aquisição, armazenamento, análise e visualização
de dados geográficos ‘’ (Eastman, 1995:2).

Uma informação poderia ser considerada como um conjunto de


registros e dados interpretados e dotados de significado logico. já um
sistema poderia ser entendido como um conjunto integrado de
elementos interdependentes, estruturados de tal forma que estes
possam relacionar-se para execução de determinada função.
Finalmente, um sistema de informação seria compreendido como um
sistema utilizado para coletar, armazenar, recuperar, transformar e
visualizar dados e informações a ele vinculados.

No contexto apresentado, pode-se, então, definir SIG como um sistema


constituído por um conjunto de programas computacionais, o qual
integra dados, equipamentos e pessoas com o objetivo de coletar,
armazenar, recuperar, manipular, visualizar e analisar dados
especialmente referenciados a um sistema de coordenadas conhecido.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Como qualquer sistema computacional, um SIG terá sua acessibilidade


definida pelo responsável por sua confeção. Assim, determinadas
ferramentas acessíveis a um usuário poderão ou não ser acessados por
outro. O usuário ‘’A ‘’ poderá somente, por exemplo, realizar consultas
a mapas e determinados dados a eles referentes. Já um usuário ‘’B’’
poderá, alem desses mesmos acessos, por exemplo inserir novos dados
no sistema. Um usuário ‘’C’’, finalmente, poderá, alem das
possibilidades definidas aos usuários ‘’A’’ e ‘’B’’, alterar, apagar, inserir
ou reestruturar dados no sistema.

1.1.4.5. SIG e Geoprocessamento

O termo SIG e suas derivações vem sendo motivo de discussão já há


algum tempo. Diversos autores utilizam a tradução do inglês
Geographical Information Sytems (GIS) (Burrough, 1989; Burrough;
McDonnell,1998; Maguirre,1991) ou Geographic Information Systems
(Maguirre,1991) de forma diferenciada para o português, ora no
singular - Sistemas de Informação Geográfica (Matos, 2001; Neto, 1998;
Rocha,2000) - ora no plural - Sistemas de Informações Geográficas
(Assad; Sano, 1998; Mendes; Cirilo, 2001; Silva,1999).

O desenvolvimento dos SIGs deve-se, entre outros fatores, a evolução


do computador (hardware) e de programas específicos (software) que
conseguem resolver os problemas de quantificação de maneira mais
rápida, eficaz que outrora. Assim, o uso maciço desses sistemas está
vinculado ao aparelhamento de órgãos públicos e privados. Nessas
condições, além da necessidade de uso do meio computacional, faz-se
necessária a existência de uma base de dados georreferenciados, que
são os dados que esto associados a um sistema de coordenadas
conhecido, ou seja, vinculam-se a pontos reais dispostos no terreno,
caracterizados, em geral, pelas suas coordenadas de latitude e
longitude.

Existem muitas definições de SIGs o que configura a dificuldade


existente na estruturação de uma definição única para os SIGs venha de
suas próprias características estruturais, bem como da própria
diversidade de aplicações a eles inerentes (Buzai,2000). Assim sendo, a
título de exemplo, apresentar-se-á a definição de Burrough e
McDonnell, que entendem que um SIG é um poderoso conjunto de
ferramentas para coleta, armazenamento, recuperação, transformação
e visualização dos dados espaciais do desdobramento e acomodação.
Tal situação, portanto, pode levar a um possível rompimento da ciência
Geográfica como hoje e concebida.

Alguns autores, entretanto, comentam que os direcionamentos


epistemológicos experimentados pela ciência podem derivar para,
simplesmente, outros contextos teóricos intrínsecos a ela. Assim,

17
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

teríamos as noções da chamada ‘’Geografia Automatizada’’, proposta


por Dobson (1983), e da ‘’Geografia Global’’, de Buzai (1999). Outra
noção que pouco tem aparecido, apesar de aparentemente não contar
com uma conceituação mais académica, diz respeito a denominada’’
Geografia Tecnológica’’. Esta poderia ser encarada como uma derivação
da proposta de Dobson, a qual integraria definitivamente os avanços
tecnológicos com o objeto de estudo e certos preceitos metodológicos
da ciência geográfica. Constituir-se-ia, assim, um novo campo dentro do
saber geográfico.

Neste ponto, merece ser destacada a conclusão de SENDRA (1999)


quando apresenta que ‘’os próximos anos […] vão resultar num período
crucial no desenvolvimento de Geografia’’. Caberá, portanto, aos
próprios profissionais da área decidirem pelo futuro direcionamento a
ser experimentado pela ciência.

1.1.4.6. Nova Proposta Paradigmática

Como já se observou ate aqui, existe uma relação intrínseca entre CIG -
SIG – Geografia, pois, as características de um SIG pressupõem a
integração de uma ampla gama de conhecimentos, caracterizando esse
tipo de sistema como interdisciplinar. Essa condição esta relacionada ao
próprio caracter da ciência geográfica, pois esta abarca conhecimento
de diversas outras ciências. George (1986:7) chegou ao ponto de
classifica-la como ‘’uma ciência de síntese na encruzilhada dos métodos
de diversas ciências ‘’.
As características intrínsecas a um SIG, especialmente aquelas
referentes a um convívio multidisciplinar, trazem certas dificuldades no
estabelecimento de estruturas próprias.

Outra questão a ser levantada diz respeito ao uso generalizado do


termo geoprocessamento. A literatura novamente é prodigiosa em
definições mais ou menos abrangentes e elucidativas. como por
exemplo, pode-se citar Rocha, que define geoprocessamento como:

‘’uma tecnologia transdisciplinar, que, através da


axiomática da localização e do processamento de dados
geográficos, integra várias disciplinas, equipamentos,
programas, processos, entidades, dados, metodologias e
pessoa para coleta, tratamento, analise e apresentação
de informações associadas a mapas digitais
georreferenciados’’ (Rocha, 2000:210).

Derivando dessa e de outras definições e caracterizações semelhantes


e procurando sintetizar um pouco a conceituação, pode-se considerar
o geoprocessamento como uma tecnologia, ou mesmo um conjunto de
tecnologias, que possibilita a manipulação, a análise, a simulação de
modelagens e a visualização de dados

18
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

georreferenciados. Trata-se, portanto, de uma técnica agregada ou não


ao uso de um SIG. A antiga sobreposição de mapas traçados em laminas
transparentes ou papel vegetal e as análises resultantes podem ser
entendidas como práticas de geoprocessamento sem o uso de um
instrumental mais sofisticado. O uso da computação somente facilitou
os procedimentos, tornando-os mais rápidos, dinâmicos e precisos.

Sumário

Nesta Unidade Temática 1.1. estudamos e discutimos


fundamentalmente sobre definições, origem e evolução do
geoprocessamento, o seu caracter interdisciplinar pela convergência de
diversas áreas de conhecimento bem como sua relação com a ciência
Geográfica. Das diversas definições ficou o entendimento de que o
Geoprocessamento está estritamente ligado ao processamento de
dados espaciais tendo como suporte diversas geotecnologias e que sua
origem data da década 50, em países como EUA e Inglaterra e seu
desenvolvimento foi impulsionado com o surgimento de hardware e
software cada vez mais sofisticados.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

Segundo Camara & Davis (1996) o Geoprocessamento pode ser


entendido como:
A. uma área de conhecimento que trabalha com todo tipo de dados.
B. uma área do conhecimento que trabalha com documentos e mapas
em papel.
C. uma área de conhecimento que agrega técnicas matemáticas para o
tratamento de dados.
D. uma área do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e
computacionais para o tratamento da informação geográfica.

2. Ainda de acordo com Camara & Davis (1996), o Geoprocessamento


permite:
A. a análise isolada de mapas e dados.
B. a análise de mapas físicos.
C. uma análise combinada de diversos mapas e dados.
D. análise simplificada de um determinado mapa em papel.

3. O Geoprocessamento surge a partir da segunda metade do século:


A. XVIII
B.XIX
C. XX
D. XXI

19
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4. O Geoprocessamento é uma ferramenta de trabalho que procura


responder as questões e problemas que precisam ser resolvidos por um
sistema informatizado. Tais questões e problemas se relacionam com:
A. a localização.
B. a forma como os processos decorrem.
C. o período de análise de processos (quando).
D. a modelação de processos em SIG.

5. Os primeiros traços que antecederam o Geoprocessamento


aconteceram:
A. no Canadá e EUA.
B. no Canadá e Inglaterra.
C. na Inglaterra e EUA.
D. na Inglaterra e França.

Respostas: 1.D; 2.C; 3C; 4A; 5C;

Exercícios para AVALIAÇÃO

Atribua o valor logico de cada proposição (v se for verdade e F se for


falsa).

1. O geoprocessamento é considerado como interdisciplinar porque


apresenta diversos métodos e objectos de estudo.

a. Verdade

b. Falso

2. O surgimento do Geoprocessamento foi motivado pelo


desenvolvimento da informática.

b. Verdade
a. Falso

3. O Geoprocessamento teve sua origem nos EUA e Inglaterra na década


50.

a. Verdade
b. Falso

4. Todas tecnologias modernas constituem partes integrantes do


Geoprocessamento, pois, suportam o processamento de dados.
a. Verdade
b. Falso

5. A chamada Geografia Tecnológica é uma tentativa que visa integrar


os avanços tecnológicos na ciência geográfica.

20
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1F; 2F; 3V; 4V; 5F.

UNIDADE TEMÁTICA 1.2. PRINCIPAIS COMPONENTES DO GEOPROCESSAMENTO

Introdução

O Geoprocessamento como disciplina é constituído por diversos


componentes que sustentam desde a aquisição, o armazenamento até
ao processamento de dados espaciais, produzindo deste modo a
informação. São exemplos de componentes do Geoprocessamento
hardwares e softwares que de fora direta ou indireta tornam possível o
processamento de dados georreferenciados. De seguida são
apresentados os principais componentes do geoprocessamento.

Ao completar esta unidade temática, o estudante deverá ser capaz de:

▪ Identificar os principais componentes do geoprocessamento; e


▪ Explicar o papel de cada componente do geoprocessamento.

Objectivos
específicos

1.2.1. Informática

A informática está dividida em Hardware – que corresponde ao


computador e aos periféricos utilizados para que as operações de
geoprocessamento sejam efetuadas, e em Software – que são os
aplicativos que fornecem as rotinas e módulos necessários para
adquirir, armazenar, analisar, visualizar e plotar as informações
geográficas.

1.2.2. Sistemas de Informações Geográficas (SIG)

Os SIGs são sistemas de informações destinados a trabalhar com dados


referenciados a coordenadas espaciais. São normalmente constituídos
por programas e processos de análise, que tem como característica
principal relacionar uma informação de
21
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

interesse com sua localização espacial. Estes aplicativos permitem a


manipulação de dados geograficamente referenciados e seus
respectivos atributos e a integração desses dados em diversas
operações de análise geográfica.

1.2.3. Sensoriamento remoto

De acordo com Jensen (2009) sensoriamento remoto pode ser definido


como a medição ou aquisição de informação de alguma propriedade de
um objeto ou fenómeno, por um dispositivo de registro que não esteja
em contato físico ou íntimo com o objeto ou fenómeno em estudo.

1.2.4. Sistema de Posicionamento Global (GPS)

O sistema GPS é constituído de uma constelação de pelo menos 24


satélites que orbitam a terra a 20.200km de altitude, cada um passando
sobre o mesmo ponto da superfície terrestre duas vezes por dia. Estes
satélites emitem sinais de rádio que são captados pelo aparelho de GPS,
que em função da localização dos satélites, calcula e informa a
coordenada de qualquer ponto da superfície da terra. Os aparelhos GPS
permitiram grandes avanços relativos às formas de mapeamento da
superfície da terra, uma vez que oferecem a possibilidade de
automatização da coleta de informações, o que melhora e acelera os
processos de análises de áreas.

1.2.5. Cartografia digital

Os mapas e cartas topográficas, quando transformados em imagens,


fornecem informações preciosas para o geoprocessamento.
Normalmente são usados como fonte de dados para o mesmo e se
beneficiam das informações geradas por este. Muitos mapas estão
disponíveis no formato analógico (em papel). Estes podem ser
convertidos para o formato digital utilizando-se scanners. Neste caso,
deve-se tomar cuidado com a resolução adotada no processo de
conversão, buscando-se evitar resoluções muito baixas, o que pode
comprometer a qualidade das informações.

1.2.6. Topografia e levantamentos de campo

Embora a tecnologia esteja bastante evoluída e as fontes de dados hoje


disponíveis sejam diversas, a complementação e a confirmação das
informações no campo, ainda são parte fundamental da maioria dos
projetos de geoprocessamento. Além disso, as escalas dos materiais
disponibilizados muitas vezes não permitem o detalhamento exigido
para determinados fins. A topografia
22
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

permite o levantamento de informações com a qualidade requerida,


principalmente em pequenas áreas. No caso de áreas urbanas, por
exemplo, são os levantamentos topográficos que fornecem as bases de
dados para os projetos de mapeamento.

1.2.7. Processamento digital de imagens

Este pode ser definido como sendo as transformações e adaptações


realizadas para modificar uma imagem com a finalidade de ajustá-la à
necessidade de um determinado trabalho. Os processamentos mais
comuns usados em geoprocessamento são as composições de bandas
de imagens de satélite, correções atmosféricas, aplicações de filtros e
de contrastes, elaboração de fusões de imagens, transformações e
restituições, classificações de imagens, reclassificações, entre outros.
Dominar estas técnicas e saber em que casos aplicá-las, é um dos
fatores mais importantes no trabalho com geoprocessamento.

1.2.8. Profissional capacitado (Peopleware)

Todo conjunto de ferramentas e tecnologias apresentado


anteriormente de nada adiantam se não houver o profissional
especializado, com capacidade para aplicar os recursos tecnológicos
disponíveis, integrar o uso das diferentes metodologias e interpretar os
resultados do trabalho desenvolvido.

Figura 1. Componentes do Geoprocesamento.

Sumário

Nesta Unidade Temática 1.2. estudamos e discutimos


fundamentalmente sobre os principais componentes do
Geoprocessamento. Vimos que Informática, Sistemas de Informações
Geográficas (SIG), Sensoriamento remoto, Sistema de Posicionamento
Global (GPS), Cartografia digital, Topografia e levantamentos de campo,
Processamento digital de imagens e o
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Profissional capacitado (Peopleware) constituem os principais


componentes do Geoprocessamento desempenhando cada um deles
determinado papel.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. No conjunto dos diversos componentes integrantes do


geoprocessamento o software ArcGis faz parte de:
A. Informática

B. PDI
C. Sensoriamento Remoto
D. SIG

2. No contexto de componentes de geoprocessamento, em que


componente se enquadra um computador contendo programa de
processamento de imagem?
A. Informática
B. PDI
C. Sensoriamento Remoto
D. SIG

3. Dos seguintes elementos, indique aquele que não constitui


componente de Geoprocessamento.
A. Cartografia Sistemática
B. Processamento digital de imagens
C. Sensoriamento remoto
D. Topografia e levantamentos de campo

4. A eficiência no processamento de dados espaciais está relacionada


directamente com a capacidade do hardware e software bem como as
qualificações do usuário, elementos integrados respectivamente em:
A. Informática e PDI
B. Informática e Peopleware
C. GPS e SIG
D. GPS e Sensoriamento Remoto

5. Os processamentos relacionados com composições de bandas de


imagens de satélite, correções atmosféricas, aplicações de filtros e de
contrastes, elaboração de fusões de imagens, transformações e
restituições, classificações de imagens estão relacionados com:
A. Cartografia Digital
B. GPS
C. PDI

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D. Sensoriamento Remoto
Respostas: 1D, 2B, 3A, 4B, 5C.

Exercícios para AVALIAÇÃO

Faça a correspondência entre os elementos da coluna A (componentes


do geoprocessamento) e os da coluna B (atributos de componentes de
Geoprocessamento).

1. Cartografia Digital a. Determinação de


coordenadas
2. Informática b. Constitui preciosa fonte
de dado como por
exemplo cartas
topográficas
3. GPS c. Sistemas que trabalham
com dados referenciados
4. Topografia e d. Obtenção de imagens de
levantamentos de campo satélites
5. Sensoriamento Remoto e. Periféricos que
acomodam os softwares
e armazenam dados
6. SIG f. Permitem a aquisição de
dados a partir de
levantamentos de campo
Respostas: 1b, 2e, 3a, 4f, 5d, 6c.

Exercícios do TEMA

1. A expressão Geographic Information System (GIS) o equivalente a


Sistemas de Informação Geográfica surgiu:
A. na década 60
B. na década 70
C. na década 80
D.na década 90

2. As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de


dados com características espaciais tinham por objectivo resolver
preocupações na área de:
A. Ambiente
B. Saúde
C. Transporte (tráfego)
D. Indústria

3. Onde e quando surgiram os primeiros Sistemas de Informação


Geográfica?
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A. No Canada, década de 60.


B. Na Inglaterra, na segunda metade do século XX.
C. Nos EUA, na segunda metade do século XX.
D. Na França, década de 60.

4. Quando é que ocorreu o estabelecimento do Geoprocessamento


como disciplina científica independente?
A. Na década 60
B. Na década 70
C. Na década 80
D. Na década 90

5. Diferentemente do período em que surgiram os Sistemas de


Informação Geográfica, na actualidade observa-se uso massivo dos SIG.
Tem contribuído para tal situação:
A. a fraca aplicação dos softwares de SIG.
B. custos decrescentes do hardware e do software.
C. o desenvolvimento de tecnologias parentes.
D. a falta de capacidade técnica dos usuários.

6. Os paradigmas de diversas correntes científicas que foram


influenciando a Geografia ao longo dos tempos contribuíram para esta
ciência de forma:
A. negativa
B. positiva
C. negativa e positiva
D. nenhuma opção esta certa

7. Apesar das diferenças de paradigmas que caracterizam a ciência


geográfica, alguns aspetos são quase que consensuais quanto a sua
importância no campo desta ciência, como por exemplo o caso de:
A. abordagem de novos conteúdos no campo da Geografia
B. o uso de tecnologias na ciência geográfica
C. a divisão da geografia em Geografia física e Geografia Humana
D. nenhuma opção esta certa

8. Muitos dos princípios que norteiam os estudos em Geografia


encontram seus fundamentos na escola:
A. Geografia Qualitativa
B. Geografia Quantitativa
C. Geografia Tradicional
D. Geografia Tecnológica

9. A nova proposta paradigmática da ciência geográfica pressupõe


caracterizar-se pelo:
A. uso de SIGs
B. uso de métodos quantitativos

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C. uso de métodos qualitativos


D. Caracter interdisciplinar

10. Dos seguintes elementos, indique aquele que não constitui


componente de sistema de geoprocessamento.
A. Cartografia sistemática
B. Processamento digital de imagens
C. Sensoriamento remoto
D. Topografia e levantamentos de campo
Respostas: 1B; 2C; 3A; 4C; 5B; 6C, 7B, 8C, 9D,10A.

Referências Bibliográficas

CAMARA, G; DAVIS, C. (1996). Fundamentos de Geoprocessamento.


http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro

CÂMARA, G.; CASANOVA, M.A.; HEMERLY, A.; MEDEIROS, C.M.B.;


MAGALHÃES, G. (1996) Anatomia de Sistemas de Informação
Geográfica. SBC, X Escola de Computação, Campinas. Brasil.

FITZ, P. R. (2008). Geoprocessamento sem complicações. São Paulo,


2008.

PIROLI, E. L. (2010). Introdução ao Geoprocessamento - Universidade


Estadual Paulista - Campus de Ourinhos - Curso de Geografia - CEDIAP-
GEO.

SILVA, J. C. et al. (2015). Introdução ao Geoprocessamento.

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TEMA – II: DADOS EM GEOPROCESSAMENTO

UNIDADE TEMÁTICA 2.1. Tipos e Modelos de Dados em


Geoprocessamento
UNIDADE TEMÁTICA 2.2. Base de Dados e Estrutura de Dados
Georreferenciados

UNIDADE TEMÁTICA 2.3. Formato de Armazenamento de Dados em


Geoprocessamento

UNIDADE TEMÁTICA 2.1. Tipos e Modelos de Dados em


Geoprocessamento

Introdução

Os dados representam um elemento fundamental no


Geoprocessamento pois, é a partir deles que se gera a geoinformação,
importante no processo de tomada de decisões para a resolução de
problemas. Esta unidade temática trata dos tipos e modelos de dados
utilizados em Geoprocessamento, desde a sua tipologia aos modelos
frequentemente utilizados.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir os conceitos sobre dados em geoprocessamento


▪ Distinguir os tipos de dados em Geoprocessamento

Objectivos
Específicos

2.1.1. Definições afins

Dados - são os factos e observações registados numa base de dados,


que por si só não são mais que valores com ausência de estrutura e
contexto, e como tal não interpretáveis.

Base de Dados - é um conjunto de dados armazenados de modo


estruturado, e como tal não tem de ser obrigatoriamente informática.
Um armário de arquivo como um conjunto de fichas ordenadas numa
sequência lógica também pode ser considerado uma base de dados.

Informação - é o resultado de uma análise bem-sucedida a um conjunto


de dados. Frequentemente os dados têm de ser ordenados, ou
agregados, ou reduzidos, ou combinados, para submergir algo com

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significado de uma amálgama de dados não estruturados. Informação é


o padrão que os humanos esperam reconhecer nos dados: um satélite
recolhe dados, mas só os seres humanos podem interpretar o padrão
de pontos de um tipo particular de utilização da terra. Os computadores
podem-nos ajudar a crivar um conjunto de dados, mas em última
análise a informação é algo subjectivo. É aquilo que vemos quando
encontramos aquilo que procurávamos num conjunto de dados. Os
decisores necessitam de informação, não de dados, ou seja, para que
os dados sejam relevantes carecem de interpretação correcta.

Sistema de Gestão de Base de Dados (SGBD) - É um sistema informático


com funcionalidades para descrever os dados e os seus atributos,
estabelecer relações entre itens de dados, manipulá-los e geri-los
(Stamper & Price, 1990, p.56).

Noutra definição refere-se que “um Sistema Gestor de Bases de Dados


é um contentor que permite partilhar funcionalidades de acesso e
manutenção de uma base de dados. Um SGBD actua como uma
interface entre a base de dados e os utilizadores, as aplicações.
Disponibiliza espaço de armazenamento, implementa níveis adequados
de segurança e assegura todos os requisitos tradicionais dos sistemas
de ficheiros.” (Benyon-Davies, 1991, p.8).

As bases de dados são dispositivos que nos facilitam a pesquisa de


informação nos dados, interrogando-os temos a esperança que a
informação venha a emergir. Um Sistema Gestor de Base de Dados é,
essencialmente, um programa que facilita a manipulação de uma base
de dados.

De acordo com Camara e Medeiros (1998) existem basicamente duas


formas distintas de representar dados espaciais em um Sistema de
Informação Geográfica (SIG): Vetorial (Vector) e Matrical (Raster),
conforme a descrição a seguir.

2.1.2. Vetorial

Os mapas são abstrações gráficas nas quais linhas, sombras e símbolos


são usados para representar as localizações dos objetos do mundo real.
Tecnicamente falado, os mapas são compostos de pontos, linhas e
polígonos. Internamente, um SIG representa os pontos, linhas e áreas
como conjunto de pares de coordenadas (X, Y) ou (Long/Lat). Os pontos
são representados por apenas um par. Linhas e áreas são representados
por sequencias de pares de coordenadas, sendo que nas áreas o último
par coincide exatamente com o primeiro.

Desta forma, são armazenadas e representadas no SIG as entidades do


mundo real que são responsáveis graficamente, no modelo vectorial.

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Esta forma de representação é também utilizada por softwares CAD e


outros. No entanto, o SIG precisa ser capaz de extrair mais resultados
destas informações. Deve ser capaz, por exemplo, de determinar se a
edificação está totalmente contida no lote e indicar qual é o lote que
contém o registo de água. Para isto os SIGs contam com conjunto de
algoritmos que lhes permite analisar topologicamente as entidades
espaciais.

No caso de representação vetorial, consideram-se três elementos


gráficos: ponto, linha poligonal e área (polígono). Um ponto é um par
ordenado (x, y) de coordenadas espaciais. Além das coordenadas,
outros dados não-espaciais (atributos) podem ser arquivados para
indicar de que tipo de ponto se está tratando. As linhas poligonais,
arcos, ou elementos lineares são um conjunto de pontos conectados.
Além das coordenadas dos pontos que compõem a linha, deve-se
armazenar informação que indique de que tipo de linha se está
tratando, ou seja, a que atributo ela está associada. Um polígono é a
região do plano limitada por uma ou mais linha poligonais conectadas
de tal forma que o último ponto de uma linha seja idêntico ao primeiro
da próxima.

Figura 2. Representação vectorial.

2.1.3. Matricial

O outro formato de armazenamento interno em uso pelos SIGs é o


formato matricial ou raster. Neste formato, tem-se uma matriz de
células, as quais estão associados valores, que permitem reconhecer os
objectos sob a forma de imagem digital. Cada uma das células,
denominadas pixel, endereçável por meio de suas coordenadas (linha,
coluna).

É possível associar o par de coordenadas da matriz (coluna, linha) a um


par de coordenadas espaciais (x,y) ou (longitude, latitude). Cada um dos
pixels está associado a valores. Estes valores serão sempre números
inteiros e limitados, geralmente entre
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0 e 255. Os valores são utilizados para definir uma cor para


apresentação na tela ou para impressão.

Os valores dos pixels representam uma medição de alguma grandeza


física, correspondente a um fragmento do mundo geral. Por exemplo,
em uma imagem obtida por satélite, cada um dos sensores e capaz de
captar a intensidade da reflexão de radiação electromagnética sob a
superfície da terra em uma específica faixa de frequências. Quanto mais
alta a reflectância, no caso, mais alto será o valor de pixel.

2.1.4. Dados Temáticos

Dados temáticos descrevem a distribuição espacial de uma grandeza


geográfica, expressa de forma qualitativa, como os mapas de pedologia
e a aptidão agrícola de uma região. Estes dados, obtidos a partir de
levantamento de campo, são inseridos no sistema por digitalização ou,
de forma mais automatizada, a partir de classificação de imagens.

2.1.5. Dados Cadastrais

Um dado cadastral distingue-se de um temático, pois cada um de seus


elementos é um objecto geográfico, que possui atributos e pode estar
associado a várias representações gráficas. Por exemplo, os lotes de
uma cidade são elementos do espaço geográfico que possuem atributos
(dono, localização, valor venal, IPTU devido, etc.) e que podem ter
representações gráficas diferentes em mapas de escalas distintas. Os
atributos estão armazenados num sistema gerenciador de base de
dados.

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2.1.6. Redes

Em Geoprocessamento, o conceito de "rede" denota as informações


associadas:

Serviços de utilidade pública, como água, luz e telefone;

Redes de drenagem (bacias hidrográficas);

Rodovias.

No caso de redes, cada objeto geográfico (exemplo cabo telefónico,


transformador de rede elétrica, cano de água) possui uma localização
geográfica exata e está sempre associado a atributos descritivos
presentes no base de dados. As informações gráficas de redes são
armazenadas em coordenadas vectoriais, com topologia arco-nó: os
atributos de arcos incluem o sentido de fluxo e os atributos dos nós sua
impedância (custo de percurso). A topologia de redes constitui um
grafo, que armazena informações sobre recursos que fluem entre
localizações geográficas distintas.

2.1.7. Modelos Numéricos de Terreno (MNT)

O termo modelo numérico de terreno (ou MNT) é utilizado para denotar


a representação quantitativa de uma grandeza que varia
continuamente no espaço. Comumente associados à altimetria,
também podem ser utilizados para modelar unidades geológicas, como
teor de minerais, ou propriedades do solo ou subsolo, como
aeromagnetismo. Entre os usos de modelos numéricos de terreno,
pode-se citar (Burrough, 1986): (a) Armazenamento de dados de
altimetria para gerar mapas topográficos; (b) Análises de corte-aterro
para projeto de estradas e barragens; (c) Cômputo de mapas de
declividade e exposição para apoio a análises de geomorfologia e
erodibilidade; (d) Análise de variáveis geofísicas e geoquímicas; (e)
Apresentação tridimensional (em combinação com outras variáveis).
Um MNT pode ser definido como um modelo matemático que reproduz
uma superfície real a partir de algoritmos e de um conjunto de pontos
(x, y), em um referencial qualquer, com atributos denotados de z, que
descrevem a variação contínua da superfície.

2.1.8. Imagens

Obtidas por satélites, fotografias aéreas ou "scanners"


aerotransportados, as imagens representam formas de captura indireta
de informação espacial. Armazenadas como matrizes, cada elemento
de imagem (denominado "pixel") tem um valor proporcional à energia
eletromagnética refletida ou emitida pela área da superfície terrestre

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correspondente. Pela natureza do processo de aquisição de imagens, os


objectos geográficos estão contidos na imagem, sendo necessário
recorrer a técnicas de fotointerpretação e de classificação para
individualizá-los.

As características mais importantes de imagens de satélite são: o


número e a largura de bandas do espectro eletromagnético imageadas
(resolução espectral), a menor área da superfície terrestre observada
instantaneamente por cada sensor (resolução espacial), o nível de
quantização registrado pelo sistema sensor (resolução radiométrica) e
o intervalo entre duas passagens do satélite pelo mesmo ponto
(resolução temporal).

Figura 3. Principais modelos de representação de dados espaciais.


Fonte: http://shawneepsi.com/wp-content/uploads/2014/08/GIS.jpg

Sumário

Nesta Unidade Temática 2.1. estudamos e discutimos


fundamentalmente que os dados espaciais podem ser representados
fundamentalmente no modelo vetorial (objectos representados sob
forma de pontos linhas e polígonos) e matricial (sob forma de imagem
digital) tendo cada um deles suas vantagens e desvantagens na
representação de fenómenos e objectos geográficos. Para alem destes
modelos, também vimos que os dados geográficos podem ser
representados como dados temáticos, dados cadastrais, redes,
modelos numéricos de terreno (MNT).

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1.Um dado espacial é caracterizado por:


A. apresentar atributos genéricos.
B. apresentar características do lugar.
C. atributos de localização geográfica
D. apresentar a descrição qualitativa de fenómenos.

2. Uma das características de um dado temático é:


A. apresentar uma localização exacta num determinado tempo.
B. apresentar diversas geometrias.
C. a descrição da distribuição espacial de uma grandeza geográfica,
expressa de forma quantitativa.
D. a descrição da distribuição espacial de uma grandeza geográfica,
expressa de forma qualitativa.

3. Os dados cadastrais são aqueles que:


A. representam um objeto geográfico, que não possui atributos e pode
estar associado a várias representações gráficas.
B. não apresentam atributos.
C. representam um objeto geográfico, que possui atributos e pode estar
associado a várias representações gráficas.
D. não são georreferenciáveis

4. As rodovias no âmbito dos dados espaciais se enquadram:


A. nos dados cadastrais
B. nos dados temáticos
C. em redes
D. nos MNT

5. Os Modelos Numéricos de Terreno (MNT) estão associados a:


A. um mapa de números.
B. um mapa altimétrico.
C. um mapa de solos.
D. um mapa de hidrografia.

6. A que tipo de dado espacial se associa o elemento denominado


"pixel"?
A. Matricial
B. Vectorial
C. Matricial e Vectorial
D. Nenhuma das opções está correcta

7. Uma das características mais importantes associada à qualidade de


imagens de satélite é:
A. resolução espectral.
B. a dimensão da área de cobertura.

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C. a resolução temporal.
D. nenhuma das opções está certa.

8. Dos modelos de dados a seguir, o indicado para representar a


localização precisa de um fontanário é:
A. matricial
B. vectorial do tipo polígono
C. vectorial do tipo linha
D. vectorial do tipo ponto

9. Os dados geo-espaciais são dados caracterizados por:


A. serem representáveis no espaço.
B. não apresentarem coordenadas.
C. serem entidades sem referências espaciais.
D. possuírem atributos qualitativos apenas

10. Segundo Aronoff (1989), os dados georreferenciados possuem


quatro componentes principais. Qual dos seguintes não faz parte?
A. Atributos qualitativos e quantitativos
B. Atributos de localização geográfica
C. Atributos de base de dados relacionais
D. Relacionamento topológico

Respostas: 1. C; 2. D; 3. C; 4. C; 5. B; 6. A; 7. A; 8. D; 9. A; 10. C.

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. A geoinformação representa um elemento vital no âmbito do


Geoprocessamento, pois, a partir dela são gerados os dados espaciais.
a. Verdade
b. Falso

2. Em Geoprocessamento, os dados podem ser distintos basicamente


em dois formatos, o formato vectorial e rede.
a. Verdade
b. Falso

3. A geoinformação é constituída por informações usadas em


geoprocessamento para a analisar a sequência de eventos naturais.
a. Verdade
b. Falso

4. Entre os usos de modelos numéricos de terreno, pode-se fazer


referência ao armazenamento de dados de altimetria para gerar mapas
topográficos.
a. Verdade
b. Falso
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5. As informações gráficas de redes são armazenadas em coordenadas


vectoriais.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1F, 2F, 3F, 4V, 5V.

UNIDADE TEMÁTICA 2.2. BASE DE DADOS E ESTRUTURA DE


DADOS GEORREFERENCIADOS

Introdução

O geoprocessamento trabalha com diferentes geotecnologias desde o


processo de obtenção de dados, seu armazenamento e até ao
processamento gerando dados adicionais que ocupam cada vez mais
espaço havendo necessidade de organização dos dados em bases de
dados para melhorar gestão. Para alem disso as bases de dados
permitem a execução de certas tarefas devido a natureza do seu
ambiente ou estrutura, como é o caso das bases relacionais.

Ao completar esta unidade temática você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer base de dados Georreferenciados; e


▪ Conhecer a estrutura de dados georreferenciados.

Objectivos
específicos

2.2.1. Base de dados Georreferenciados

É o nome atribuído as informações manipuladas pelas aplicações de


Geoprocessamento. Estes dados recebem esta denominação por
possuírem atributos relacionados a sua localização geográfica, dentro
de um sistema de coordenadas.
A utilização de um SIG pressupõe a existência de um base de dados
georreferenciados, ou seja, de dados portadores de registros
referenciados a um sistema de coordenadas conhecido. A manipulação
desses dados dá-se por meio de um Sistema de Gerenciamento de Base
de dados (SGBD).

O SGBD deve ser estruturado de tal forma que os dados possam


relacionar-se entre si. Para isso, são utlizados códigos indentificadores

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que vinculam os registros dentro do sistema. No caso do SGBD de um


SIG, é preciso que os dados ditos tradicionais (alfanuméricos) possam
ser vinculados a dados espaciais.

Devido as características das aplicações de Geoprocessamento, a


obtenção dos dados é feita, em sua maioria, a partir de fontes brutas de
dados, ou seja, as aplicações tratam as entidades ou objetos físicos
distribuídos geograficamente, como por exemplo, rios, montanhas,
ruas, lotes, etc. isto torna o processo de obtenção de dados uma das
tarefas mais difíceis e importantes no desenvolvimento destes
sistemas. Um SIG pode ser alimentado por informações de diversas
fontes, empregando tecnologias como digitalização de mapas,
aerofotogametria, sensoriamento remoto, levamento de campo, etc.

Segundo Aronoff (1989) os dados georreferenciados possuem quatro


componentes principais, que armazenam informações sobre o que e
entidade, onde ela está localizada, qual o relacionamento com outras
entidades e em que momento ou período de tempo a entidade é válida.
São eles:

 Atributos qualitativos e quantitativos - armazenam as


características das entidades mapeadas, podendo ser
representados por tipos de dados alfanuméricos. Estes gráficos
possuem aspectos não - gráficos e podem ser tratados pelos
SGBDs convencionais.
 Atributos de localização geográfica - diz respeito a geometria
dos objetos e envolve conceitos de métrica, sistemas de
coordenadas, distâncias entre pontos, medidas de ângulos,
posiociomento geodésico, etc.
 Relacionamento topológico – representa as relações de
vizinhança espacial interna e externa dos objectos. Este aspecto
requer a existências de modelos e métodos de acesso não-
convecionais para sua representação nos SGBDs.
 Componente tempo - diz respeito as características
comportamentais, sazonais ou periódicas dos objectos. O
aspecto temporal em SGBD, pode incluir tres tipos de medida de
tempo: instante de tempo, intervalo de tempo e
relacionamentos envolvendo o tempo, como noções de antes,
depois, durante, etc.
Dentro de um SIG, estes componetes podem ser classificados em três
categorias de dados. São elas: dados convencinais - atributos
alfanuméricos usados para descrever os objectos (ex.: nome e
população de uma cidade); dados espaciais - descrevem a geometria, a
localização e os relcionamentos topológicos dos objectos geográficos;
e dados pictorios - atributos que armazenam imagens ( ex.: fotografia
de uma cidade).

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2.2.2. Estruturas de Base de Dados

Uma boa estrutura de base de dados é a base para a criação de uma


base de dados que execute tudo que você espera dele de maneira
eficaz, precisa e eficiente. Os passos básicos para estruturar uma base
de dados são:

• determinar a finalidade do base de dados


• determinar as tabelas que farão parte no base de dados
• determinar os campos que são necessários na tabela
• identificar os campos com valores exclusivos
• determinar o relacionamento entre tabelas
• redefinir a estrutura
• adicionar dados e criar outros objetos de base de dados

Determinar a finalidade de base de dados - O primeiro passo na


estruturação de uma base de dados consiste em determinar a sua
finalidade e como ele será utilizado. É necessário saber que tipo de
informação você deseja obter do base de dados. A partir disso, você
pode determinar os assuntos sobre os quais precisa armazenar
ocorrências (tabelas) e que ocorrências que você precisa armazenar
sobre cada assunto (campos das tabelas).

Converse com pessoas que irão utilizar o base de dados. Discuta sobre
as questões que você gostaria que o base de dados respondesse. Faça
um rascunho dos relatórios que você gostaria de produzir. Reúna os
formulários atualmente utilizados para registrar os seus dados. Examine
bancos de dados bem estruturados semelhantes ao que você está
fazendo.

Determinar as tabelas que farão parte no base de dados - Determinar


as tabelas pode ser o passo mais complicado no processo de
estruturação do base de dados. Isso se deve ao fato de que os
resultados que você espera do seu base de dados – os relatórios que
você deseja imprimir, os formulários que deseja utilizar, as questões
que espera ter respondidas – não, necessariamente, fornecem
indicações sobre a estrutura das tabelas que os produzem. Não é
necessário estruturar suas tabelas utilizando um base de dados. De fato,
seria melhor fazer um esboço e trabalhar manualmente sua estrutura
no papel. Ao estruturar suas tabelas, divida as informações tendo em
mente esses princípios fundamentais de estrutura.

• Tabelas não podem conter informações duplicadas, e as informações


não podem ser duplicadas entre tabelas. Quando cada parte da
informação é armazenada em uma única tabela, você atualiza em um
único lugar. Esse procedimento é mais eficiente, além de eliminar a
possibilidade de duplicar entradas que contenham informações
diferentes.

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• cada tabela deverá conter informações sobre somente um assunto.


Quando cada tabela contém ocorrências sobre apenas um assunto, é
possível manter informações sobre cada assunto independentemente.
Determinar os campos que são necessários na tabela - Cada tabela
contém informações sobre o mesmo assunto, e cada campo de uma
tabela contém fatos individuais sobre o assunto a que a tabela se refere.
Por exemplo, uma tabela de matrículas pode incluir campos de nome
do aluno, endereço, cidade, estado e telefone. Ao projetar os campos
de cada tabela, tenha essas indicações em mente.

• relacione cada campo diretamente com o assunto da tabela

• Não inclua dados derivados ou calculados (dados resultantes de uma


expressão)

• inclua todas as informações necessárias

• armazene informações em suas menores partes lógicas (por exemplo,


Nome e Sobrenome, em vez de somente Nome).

Identificar os campos com valores exclusivos - Para que um SGBD acesse


informações armazenadas em tabelas separadas por exemplo, para
acessar um aluno com todos os seus dados, todas as tabelas do seu base
de dados devem incluir um campo ou conjunto de campos que
identifique cada registro na tabela. Esse campo ou conjunto de campos
é denominado chave primária.

Determinar os relacionamentos entre tabelas - Agora que você já dividiu


suas informações em tabelas e identificou campos de chave primária, é
necessário informar ao SGBD como apresentar novamente informações
correlatas de uma maneira que faça sentido. Para tanto, é necessário
definir relacionamentos entre tabelas.

Redefinir a estrutura - Depois de estruturar as tabelas, campos e


relacionamentos que você necessita, é preciso estudar a estrutura e
detectar qualquer falha que possa ter restado. É mais fácil modificar a
estrutura do seu base de dados agora, do que depois de ter preenchido
as tabelas com dados. Utilize um SGBD para criar as suas tabelas,
especificar relacionamentos entre as tabelas e inserir alguns registros
de dados em cada tabela.

Veja se você consegue utilizar a base de dados para obter as respostas


que deseja. Crie rascunhos de seus formulários e relatórios, e veja se
eles apresentam os dados que você esperava. Procure duplicações
desnecessárias de dados e elimine-as. Adicionar dados e criar outros
objetos de base de dados - Quando você achar que as estruturas de
tabelas atendem às metas de estrutura aqui descritas, é hora de
adicionar todos os seus dados existentes às tabelas. Você poderá criar
qualquer consulta, formulário, relatório, macro e módulo que desejar.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

O gerenciamento de dados através de um SGBD permite ao software


lidar eficientemente com um grande volume de dados característico
dos SIG’s. Os dados espaciais, pela sua natureza complexa, se adaptam
melhor em um base de dados orientado a objetos. O mais importante
de um SIG é a ligação lógica entre o mapa cartográfico e o base de
dados. A mudança no atributo população de um município por
exemplo, é refletida automaticamente em um mapa temático de
população daquela região. Da mesma forma se o limite de uma região
for alterado, a área daquela região na tabela é automaticamente
modificada.

A estruturação de um base de dados é o pilar fundamental na


construção de um projecto SIG, trata-se de uma tarefa dispendiosa,
tanto no aspecto financeiro quanto pela demanda do conhecimento
técnico-científico e tempo. Os dados geográficos são armazenados por
meio de entidades gráficas, que representam os elementos do mundo
real que se deseja analisar e os dados descritivos, que nada mais são do
que tabelas que contém informações alfanuméricas que descrevem as
características das entidades gráficas. Essa representação que se
constrói do mundo real é fruto de um processo de interpretação dos
elementos que compõem o mundo real e que nos interessam para uma
determinada finalidade. Nessa representação utilizamos nossos
processos cognitivos que envolvem habilidades de seleção,
generalização, simulação e síntese, para expressar nossa percepção do
mundo real no computador.

2.2.3. Base de Dados Espaciais - Modelo Geodatabase

Base de dados espaciais ou geodatabase é a estrutura comum de


armazenamento e gerenciamento de dados em Sistemas de Informação
Geográfica (SIG). Ele combina "geo" (dados espaciais) com "base de
dados" (repositório de dados) para criar um repositório central de
dados para armazenamento e gerenciamento de dados espaciais. Pode
ser utilizado em ambientes industriais, de servidor ou móveis, e permite
armazenar dados do SIG em um local central para facilitar o acesso e o
gerenciamento.

40
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Figura 4. Exemplo de uma geodatabase.

O geodatabase oferece a capacidade de:

 Armazenamento de uma grande coleção de dados espaciais em


um local centralizado;
 Aplicar regras de relacionamentos sofisticados aos dados;
 Definir modelos relacionais geoespaciais avançados (por
exemplo, topologias, redes);
 Manter a integridade dos dados espaciais com um base de
dados consistente e preciso;
 Trabalhar em um ambiente de acesso e edição multiusuário;
 Integrar dados espaciais com outros bancos de dados;
 Suportar recursos e comportamento personalizados; e,
 Aproveitar seus dados espaciais em todo o seu potencial.

Sumário

Nesta Unidade Temática 2.2. estudamos e discutimos


fundamentalmente de bases de dados georreferenciados que são
aqueles dados que apresentam referência espacial através de um
sistema de coordenadas e uma estrutura bem definida para permitir
uma relação entre eles. São principais componentes de dados
georreferenciados: os atributos qualitativos e quantitativos, os
atributos de localização geográfica, o relacionamento topológico e
componente tempo. A estrura de base de dados se refere a forma como
os dados se encontram relacionados entre si com base nos seus
atributos. As principais estruturas de base de dados são a estrutura
vectorial e a estrutura matricial, sendo o modelo geodatabase mais
usado nos sistemas de informação geográfica.

41
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. A designação ‘’base de dados georreferenciados’’ deriva de atributos:


A. qualitativos e quantitativos
B. de localização geográfica
C. relacionamento topológico
D. componente tempo

2. Uma cidade corresponde a um dado georreferenciado. Qual dos


seguintes atributos se refere a este dado?
A. comprimento
B. diâmetro
C. profundidade
D. número de habitantes

3. Uma relação de vizinhança espacial interna e externa dos objectos é


definida através de:
A. atributos qualitativos e quantitativos
B. atributos de localização geográfica
C. atributos de relacionamento topológico
D. componente tempo

4. Numa base de dados georreferenciados, como é que os atributos são


associados aos dados espaciais?

A. Através do uso de tabelas que vinculam os registros dentro do


sistema.
B. Através do uso informações que identificam os registros dentro do
sistema.
C. Através do uso de códigos indentificadores que indicam o número de
cada tabela.
D. Através do uso de códigos indentificadores que vinculam os registros
dentro do sistema.

5. No processo de concepção de uma base de dados, quanto a sua


estrutura é necessário tomar em consideração:
A. a natureza dos dados espaciais
B. a sua finalidade e a forma de utilização
C. o perfil do usuário
D. as características do software a usar

Respostas: 1B, 2D, 3C, 4D, 5B.

42
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. A manipulação de dados georreferenciados dá-se por meio de um


Sistema de Gerenciando de Base de dados.
a. Verdade
b. Falso

2. Uma base de dados é composta por um determinado dado


georreferenciado usado no geoprocessamento.
a. Verdade
b. Falso

3. Os dados espaciais em geoprocessamento tambem são conhecidos


por dados geográficos.
a. Verdade
b. Falso

4. As informações de uma base de dados estão contidas em tabelas.


a. Verdade
b. Falso

5. Numa base de dados as tabelas podem conter informações


duplicadas, desde correctamente relacionadas.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1V, 2F, 3V, 4V, 5F

UNIDADE TEMÁTICA 2.3. Formato de Armazenamento de


Dados em Geoprocessamento

Introdução

O geoprocessamento, pela sua natureza que combina vários aplicativos


para o processamento de dados georreferenciados, permite a entrada
bem como a geração de diferentes formatos de dados com
características específicas havendo sempre a necessidade de avaliar o
melhor formato a ser utilizado. Nesta unidade temática vamos analisar
os formatos de armazenamento de dados em geoprocessamento.

Ao completar esta unidade temática, você deverá ser capaz de:

43
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

▪ Identificar os formatos de armazenamento de dados em Geoprocessamento;


e
▪ Caracteriza os formatos de armazenamento de dados em
Objectivos Geoprocessamento.
específicos

2.3.1. Formatos de Arquivo Matriciais

Um cuidado fundamental durante os procedimentos de digitalização de


produtos está ligado ao formato do arquivo ser gerado. Tal condição
vincula-se ao fato de que nem todos os softwares trabalham com certos
tipos de arquivos. Além disso, deve-se ter em mente a capacidade de
armazenamento do equipamento a ser utilizado, pois certos formatos
ocuparão muita memória. Para que se possa compreender melhor tal
estruturação a fim de decidir quanto a utilização de um ou outro tipo
de arquivo, serão listados alguns dos formatos mais utilizados e suas
características principais, a seguir.

2.3.2. Formato BMP

O formato BMP (bitmap ou mapa de bits) é o formato ‘’nativo’’ da


plataforma Windows da Microsoft. Esse tipo de formato não faz uso de
recursos de compreensão de imagens, o que torna o arquivo gerado um
tanto ‘’pesado’’, ou seja, ocupando muito espaço na memória do
computador. Essa característica, no entanto, possui a vantagem de
apresentar uma imagem com excelente qualidade gráfica, isto é, com
grande definição. Outra vantagem desse formato é o fato de que os
arquivos gerados em BMP podem ser manipulados pela maior parte dos
SIGs disponíveis no mercado.

2.3.3. Formato Tiff

No uso dos SIGs, na maioria das vezes deve-se utilizar imagens de


qualidade, com máxima resolução possível. Como colocado
anteriormente, os arquivos BMP possuem como característica principal
uma excelente resolução digital, porém, acabam por ocupar muita
memória no computador.

Um dos formatos bastante utilizados em geoprocessamento é o Tagged


Image File Format (TIFF). Esse formato comprime a imagem sem perda
de qualidade, fazendo com que o tamanho de um arquivo com extensão
.tif seja bem menor do que um arquivo BMP. Assim como ocorre em

44
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

bitmaps, a maior parte dos softwares de geoprocessamento (o mesmo


vale para softwares gráficos tradicionais) trabalha com arquivos TIF
(importação e exportação).

2.3.4. GeoTIFF

O GeoTIFF e um padrão de metadados de domínio publico o qual


permite que informações de coordenadas geográficas, projeções
cartográficas, sistema de coordenadas, elipsoides e outras informações
sejam embutidas em um arquivo .tiff. Apresenta larga vantagem em
relação a outros formatos pelo facto de poder ser projectado ao ser
adicionado num programa SIG.

2.3.5. Formato JPEG

Outro utilizado para digitalização de imagens e/ou importação de


imagens em ambientes SIG é o Joint Photographic Expert Group (JPEG).
Esse formato também faz uso de compressão de dados, mais,
diferentemente do padrão TIFF, ocorre perda de qualidade da imagem.
Em termos gerais o JPEG, que utiliza a extensão. jpg, faz uso de
algoritmo de compactação baseado na capacidade de visão de olho
humano, retirando da imagem detalhes impercetíveis a nossa vista. O
processo de compressão produz imagens bastantes realistas, dentro de
nossa capacidade visual, tornando os arquivos bastante leve.

Salienta- se, entretanto, que a taxa de compactação do arquivo é


proporcional a sua qualidade: um arquivo que sofreu muita compressa
apesar de ocupar pouco espaço na memoria do computador, terá
qualidade bastante reduzida. Outra desvantagem desse formato
relaciona-se ao fato de que a cada salvamento realizado, tem-se perda,
qualidade na imagem. Essas características salientam as principais
deficiências do formato JPEG para o uso em SIGs, pois, o trabalho com
imagens de satélite por exemplo, amplia em muito essas dimensões. É
aconselhável, portanto, o uso de outros formatos na realização de
trabalhos intermediários. O formato JPEG pode ser utilizado em
produtos finais, como para impressões, por exemplo.

2.3.6. Formato GIF

O formato Graphics Interchange Format (GIF) utiliza uma forma de


compactação que não altera a qualidade da imagem a cada salvamento,
como ocorre com o JPEG. Entretanto as imagens .gif utilizam uma paleta
de 256 cores, o que faz com que esse padrão trabalhe com arquivos

45
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

bastante leves, mas de qualidade limitada. Em termos de SIGs, esse


arquivo tem sido utilizado para geração de tais sistemas na internet, em
virtude de sua leve estrutura.

2.3.7. Formato PNG

O formato Portable Network Graphics (PNG) trabalha com uma forma


de compactação bastante eficiente, que reduz substancialmente os
arquivos gerados mantendo sua qualidade. Assim sendo, consegue-se
utilizar mais de 16 milhões de cores - equivalentes a 24 bits, portanto,
com alta definição - sem ocupar muito espaço em termos de memória
(se comparado com o formato BMP, por exemplo). Os arquivos gerados
possuem extensão.png. Alguns SIGs já estão trabalhando com esse
formato, bastante utilizados em imagens disponibilizadas na web.

2.3.8. Tamanho dos Arquivos Matriciais

Conforme já comentado, o tamanho dos arquivos gerados pelo


processo de digitalização esta diretamente vinculado aos atributos
digitais da imagem. Como se sabe, uma imagem raster é caracterizada
por uma matriz composta de linhas e colunas. A quantidade de pontos
ou pixels e de cores que a compõem, bem como a sua taxa de
compressão, se for o caso, definirão o tamanho do arquivo.

2.3.9. Compactação de Arquivos

A preocupação com o tamanho dos arquivos digitais gráficos trouxe a


necessidade de economizar espaço em disco. Para minimizar os efeitos
relativos a imagem de alta resolução, foram criados programas
compactadores. A compactação de arquivos permite, assim, a redução
do tamanho ocupado pelo arquivo.

Os formatos TIFF, JPEG, GIF e PNG, anteriormente referidos, trabalham


com arquivos compactados. A ideia de compressão de arquivos pode
ser traduzida como a eliminação de repetições existentes dentro de um
arquivo. Um arquivo comprimido pode ocupar um espaço dezenas de
vezes menores do que o mesmo arquivo não compactado.

No entanto, há que ressaltar, novamente, os cuidados que devem ser


tomados com esses tipos de arquivos, visto que eles podem sofrer
grande perda de qualidade no momento de sua compactação.

46
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Sumário

Nesta Unidade Temática 2.3 estudamos e discutimos


fundamentalmente que os principais formatos de armazenamento são
o vectorial e o matricial. Dados em formato vectorial podem ser
convertidos para o formato matricial assim vice-versa. Atenção especial
deve ser tomada ao escolher determinado formato para economizar o
espaço a ser ocupado. Alguns formatos como TIFF, JPEG, GIF e PNG
trabalham com arquivos compactados o que reduz o espaço a ser
ocupado no disco, mas também pode comprometer a qualidade do
arquivo original. O GeoTiff apresenta largas vantagens. Para finalizar
escolha do formato de saída dependerá das características do arquivo
resultante, conforme a necessidade do usuário.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Em Geoprocessamento os dados podem ser armazenados nos


seguintes formatos:

A. Vectorial e temático
B. Matricial e cadastral
C. Vectorial e matricial
D. Vectorial e em rede

2. Um cuidado durante os procedimentos de digitalização de produtos


esta ligado ao formato do arquivo ser gerado. Esta situação está
relacionada com:
A. capacidade de armazenamento e limitação no seu uso
pelos softwares
B. a limitação no seu uso pelos softwares e atualização
C. a capacidade de armazenamento e sua manipulação
D. a ausência da estrutura relacional

3. O armazenamento de dados em formato Tiff deriva de dados em


formato:
A. GeoTiff
B. Matricial
C. Vectorial
D. Vectorial e matricial

4. Um dos formatos bastante utilizados em geoprocessamento que


comprime a imagem sem perda de qualidade, fazendo com que o
tamanho de um arquivo com extensão seja anda menor é:
A. BMP
B. GPEG
C. GIF
D. TIFF
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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

5. Uma das soluções para se lidar com arquivos que ocupam muito
espaço no processo de armazenamento é:
A. a redução dos arquivos para tamanhos reduzidos.
B. o uso de arquivos compactados.
C. o corte de imagens em tamanho reduzido.
D. o aumento de capacidade de discos de armazenamento.

Respostas: 1C, 2A, 3B, 4D, 5B.

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. BMP A. Comprime a imagem reduzindo o espaço


ocupado e apresenta excelente resolução
2. GeoTiff B. Ao ser adicionado num SIG ele pode ser
projectado
3. GIF C. Formato bastante utilizados em imagens
disponibilizadas na web.
4. PNG D. Trabalha com arquivos bastante leves, mas
de qualidade limitada.
5. Tiff E. Apresenta muita qualidade e pode ser
utilizado em muitos SIGs
Respostas: 1E;2B, 3D, 4C, 5A

Exercícios do TEMA

Das opções seguintes podemos considerar um exemplo típico de dado


em Geoprocessamento:
A) o ponto mais alto de uma cidade
B) a área de um distrito
C) o comprimento de um rio
D) uma imagem de satélite

2. Um dos modelos de dados espaciais mais completos usado nos SIGs


é o:
A. Modelo shapefile
B. Modelo de coberturas
C. Modelo geodatabase
D. Nenhuma opção está correcta

3. Uma das grandes vantagens que a utilização do geodatabase oferece


prende-se com:
A. Capacidade de utilizar uma pequena variedade de dados espaciais
B. Capacidade de utilizar uma grande coleção e variedade de dados
espaciais e conter regras de relacionamentos sofisticados aos dados;

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

C. A ausência de relacionamentos topológicos entre os dados


D. Trabalhar em um ambiente de acesso e edição multiusuário limitada

4. Numa geodatabase o símbolo representa ou significa:


A. tabela de atributos
B. base de dados
C. relações topológicas
D. conjunto de dados de rede

5. Um dos formatos de arquivo que permite a integração de atributos


diversos é o formato:
A. BMP
B. GeoTIFF
C. JPG
D. PNG

Respostas: 1. D; 2. C; 3. B; 4. A; 5.

Referências Bibliográficas

CAMARA, G; DAVIS, C. Fundamentos de Geoprocessamento.1996.


http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro

CÂMARA, G.; CASANOVA, M.A.; HEMERLY, A.; MEDEIROS, C.M.B.;


MAGALHÃES, G. (1996). Anatomia de Sistemas de Informação
Geográfica. SBC, X Escola de Computação, Campinas, Brasil.

FITZ, P. R. (2008). Geoprocessamento sem complicações. São Paulo,


Brasil.

LISBOA FILHO, J. & IOCHPE, C. (1996). Introdução a Sistemas de


Informações Geográficas com ênfase em Bancos de Dados. Buenos
Aires.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

TEMA – III: INTRODUÇÃO DE DADOS EM UM SIG

Introdução

Na presente unidade temática vamos tratar dos métodos de introdução


de dados num sistema de informação geográfica. São diversos os
métodos de introdução de dados. A seguir serão apresentados os
seguintes métodos: digitalização, vectorização (Transformação de
cartas, mapas e fotografias aéreas em temas vectorizados), entrada de
dados Provindos de Sistemas de Posicionamento por Satélites e a
inserção de dados alfanuméricos (atributos).

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer os principais métodos de introdução de dados em SIG

▪ Conhecer os diferentes processos de vectorização


Objectivos
específicos

3.1. Processo de Digitalização

No processo de digitalização também conhecido como processo de


‘’escanerização’’, um produto como um mapa, uma foto ou uma
imagem é introduzido no computador com o uso de um scanner.

Esse periférico fotocopia digitalmente o material por um procedimento


de varredura ou ‘’rasterização’’. Os scanners mais comuns podem ser
de mesa (em geral no formato A4) ou de rolo (formato A0). O
procedimento mais tradicional para a digitalização de uma imagem
segue os seguintes passos:

Escolher a resolução digital da imagem a ser gerada. Essa opção diz


respeito a quantidade de pixels ou pontos por polegadas (dpi) desejadas
pelo usuário. Em geral recomenda-se digitalizar uma imagem com, no
mínimo, 300 dpi. Consagrou-se, mesmo em meio digital, o termo dpi
(dots per inch), utilizado primeiramente para impressão em detrimento
de ppi (pixels per inch);

Escolher a quantidade de cores a ser trabalhada (resolução


radiométrica). Geralmente se deve trabalhar com no mínimo 256 cores
(arquivo de oito bits). Bit refere- se a
50
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

dígito binário do inglês binary digit - e cada oito bits equivalem a um


byte;

1. Abrir o programa a ser utilizado para o processo de


digitalização;
Seguir os passos determinados pelo programa;
2.Preceder aos ajustes (brilho, contraste, tamanho da área, etc.)
na imagem digitalizada; e
3. Salvar a imagem em formato adequado.

O produto gerado estará no formato matricial ou raster. Em geral, utiliza


-se formatos de arquivos comerciais para o procedimento acima
descrito sendo os mais comuns os formatos bmp, tiff, jpeg e gif. A
escolha do formato de saída dependerá das características do arquivo
resultante, conforme a necessidade do usuário.

É importante ser destacado que um arquivo no formato vetorial poderá


ser convertido em formato raster, de forma automática, por maio de
um procedimento específico existente nos softwares. O processo
inverso, para vectorização é bem mais problemático.

3.2. Transformação de cartas, mapas e fotografias aéreas


em temas vetorizados - Vectorização

É um processo que corresponde ao transporte ou conversão dos


elementos de uma imagem (que pode ser carta, fotografia aérea ou
imagem de satélite) por meio de desenho com o auxílio de um mouse
(rato), digitalmente para o formato vectorial.

A vectorização pode ser manual, semi - automática ou automática. Os


arquivos gerados normalmente possuem extensões próprias.

Arquivos com as extensões Windows Metafile Format (WMF) e


Enhacend Metafile Format (EMF), Drawing Interchange Format ou
Drawing Exchange Format (DWG e DXF), Shapefile (SHP) e o formato
para Internet Drawing Web Format (DWF) podem ser importados e
exportados por um grande número de SIGs.

3.2.1. Vectorização Manual

O processo de vectorização manual é realizado por um operador que


desenha os detalhes desejados constantes no mapa (foto /imagem)
original, em papel, ou na imagem digital rasterizada apresentada pela
tela do computador por meio do uso de um mouse. O início do
procedimento de vectorização de algumas informações apresentadas
com o uso de um mouse que dispõe de

51
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

uma mira, a qual indica o local do respetivo cursor na tela do


computador. Esse processo de vectorização esta quase em desuso em
razão da praticidade da vectorização em tela e dos custos de uma mesa
digitalizadora.

3.2.2. Vectorização em Tela

Nesse caso, o processo é realizado diretamente na tela do computador.


Para isso, faz-se necessária uma imagem previamente rasterizada, a
qual será desenhada com o auxílio de um mouse comum, cujo cursor
que aparece na tela, serve de indicador para o caminho a ser percorrido
pelo operador. A vectorização em tela tende a ser bem mais precisa do
que a realizada em mesa digitalizadora, em virtude dos recursos de
zoom que os programas oferecem.
Essa precisão está também diretamente ligada a qualidade da imagem
digital. A antiga desvantagem relacionada a necessidade de grande
capacidade de armazenamento de imagens com boa definição nas
máquinas tornou-se, hoje pouco expressiva, por causa da evolução dos
equipamentos.

É importante salientar que a quantidade de pontos, linhas e polígonos


criados pelo processo de vectorização estará diretamente ligada a
resolução digital do produto gerado e ao seu tamanho em termos de
espaço na memória do computador. Assim, quanto mais complexo o
arquivo, mais espaço em disco ele ocupara e mais capacidade de
armazenamento e de processamento ele necessitará.

3.2.3. Vectorização Automática

Nesse processo de vectorização, a transformação da imagem


rasterizada em vetorial se da de forma totalmente automática. Por esse
procedimento, os pixels que representam determinadas feições na
imagem original rasterizada são convertidos em pontos, linhas ou
polígonos. Nessas condições, faz-se necessário um programa específico
e uma posterior edição na imagem obtida.

3.2.4. Vectorização Semi - automática

O processo de vectorização semi-automática procura mesclar as


facilidades da vectorização automática com a experiência - e
competência – do operador.

Nessa forma de procedimento, o operador direciona as ações do

52
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

computador, ou seja, o técnico é quem decide o caminho a ser


percorrido pelo cursor quando ocorre uma interseção de linhas durante
a transformação dos pixels da imagem raster em vetores. Essa forma de
vectorização também necessita de pós- edição; entretanto, bem menos
penosa do que no casso da automática.

3.3. Inserção de Dados Alfanuméricos

A inserção de dados alfanuméricos se dá pelas tabelas que podem ser


importadas pelo sistema ou criadas diretamente nele. Os dados
tabulares, constituídos por caracteres diversos e/ou textos maios ou
menos longos, de acordo com a necessidade do usuário, devem estar
georreferenciados, ou seja, vinculados a um sistema de coordenadas
conhecido. Assim, cada dado inserido no computador estará, de alguma
maneira, ligado a um enderenço específico. Esse vínculo pode se dar
por um código-chave disponível em cada uma das planilhas que forma
o base de dados.

A descrição das caraterísticas (população total, renda per capita,


indicadores sociais, etc.) de uma determinada localidade em um mapa
é um exemplo de dados dessa natureza. Esse local possui, portanto, no
mínimo um par de coordenadas que fará a vinculação de tais
caraterísticas ao (s) ponto (s) existente (s) no mapa digital.

3.4. Dados Provindos de Sistemas de Posicionamento por


Satélites

Dados recolhidos por sistemas de posicionamento por satélite podem


ser introduzidos em um SIG por meio de programas específico ou
mesmo via compilação ‘’manual’’ em uma planilha de dados. Os
sistemas em operação utilizados para esse fim - Global Position System
(GPS), Global Navigation Satellite System (Glonass), Galileo e o chines
Beidou – são baseados no recebimento de dados em terra, via satélite,
por receptores mais ou menos sofisticados.

Os dados obtidos por um sistema de posicionamento podem ser


alfanuméricos (coordenadas de pontos, topónimos, etc.) ou vetoriais
(percursos, pontos no terreno, localização de estações, etc.) No
entanto, a sua precisão dependerá da qualidade da leitura realizada, do
aparelho utilizado bem como das condições do local em que se
encontra o receptor.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Figura 5. Exemplo de entrada de dados espaciais.

3.5. Criação de Base de dados com características dos


temas vetorizados

Os arquivos vetoriais gerados normalmente são armazenados em


camadas (layers) distintas, para uma melhor organização dos dados.
Nesse sentido, aconselha-se a organização das camadas com alguma
base hierárquica, considerando-se que certos aspetos serão
sobrepostos a outros.

3.6. Georreferenciamento de Dados Espaciais

Como já foi referido, a introdução de dados espaciais (arquivos raster


ou vetoriais) pode ser realizada pela importação desse por programas
que nem sempre possuem as ferramentas e a precisão exigida por um
SIG. Para inserção e o uso de tais arquivos em um sistema dessa
natureza, faz se necessário um ajuste desses arquivos. Sua vinculação
ao SIG deve ocorrer por meio de um sistema de coordenadas
conhecidas.
Esse procedimento é denominando Georreferenciamento. Os dados do
SGBD, possuidores de coordenadas relativas ao SIG, poderão, assim, ter
correspondência com a imagem digital inserida. Para isso, de maneira
geral, deve-se proceder de forma semelhante como descrito a seguir:

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

1. Separar um mapa ou imagem com um sistema de referência


conhecido da mesma área, que servirá de base para o arquivo de
correspondência da nova imagem;

2. Abrir a imagem de estudo em ambiente SIG;

3. Escolher no mínimo três pontos (pontos de controle) notáveis na


imagem aberta. Para melhor precisão, sugere-se a adoção de mais
pontos (até dez), alguns dos quais, dadas suas características, poderão
ser descartados, em razão da possibilidade de erros de leitura;

4. Estabelecer o relacionamento, em termos de coordenadas híbridas


(da imagem não georreferenciada), e coordenadas conhecidas (da
imagem de referência), entre os pontos de controle presentes na
imagem e seus correspondentes na imagem ou mapa georreferenciado.

5. Recorrer a um programa específico para efectuar o reposicionamento


da imagem com os parâmetros de referência (sistemas de coordenadas,
referenciais de altimetria, planimetria, gravimetria, sistema de
projeção, etc.).

Sumário

Nesta Unidade Temática 3. estudamos e discutimos fundamentalmente


que nos sistemas de informação geográfica a introdução de dados se dá
pela aquisição de produtos de Sensoriamento Remoto, confeção de
planilhas de dados, do uso de sistemas de posicionamento por satélite
e dos processos de digitalização e vectorização. O produto gerado
estará no formato matricial ou raster (como bmp, tiff, jpeg e gif). A
vectorização pode ser manual, semi-automática ou automática. Os
dados recolhidos por sistemas de posicionamento por satélite podem
ser introduzidos em um SIG por meio de programas específicos ou
manualmente.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. A digitalização é um processo que requer a utilização de um periférico


designado por:

A. Computador
B. Fotocopiadora
C. Receptor GPS
D. Scanner

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

2. Os formatos gerados pelos processos de vectorização e digitalização


são respectivamente:

A. GeoTiff e JPG
B. Matricial e vectorial
C. Matricial e BMP
D. Vectorial e matricial

3. O processo de vectorização que oferece maior precisão é o processo


de:
A. Vectorização manual
B. Vectorização em tela
C. Vectorização automática
D. Vectorização semi-automática

4. É mais precisa e exige pré-processamento da imagem. Esta


característica corresponde a:
A. Vectorização manual
B. Vectorização em tela
C. Vectorização automática
D. Vectorização semi-automática

5. A presença humana não é indispensável. Esta característica


corresponde a:
A. Vectorização manual
B. Vectorização em tela
C. Vectorização automática
D. Vectorização semi-automática

6. Durante o processo, a intervenção humana é restrita a certas tarefas.


Esta característica corresponde a:
A. Vectorização manual
B. Vectorização em tela
C. Vectorização automática
D. Vectorização semi-automática

Respostas: 1D; 2D; 3B; 4B; 5C; 6D.

Exercícios para AVALIAÇÃO

Atribua o valor lógico a cada proposição (V se for Verdade e F se for


falso).
1. O processo de transferência de fotos de uma máquina fotográfica
para o computador designa-se por digitalização.
a. Verdade
b. Falso

56
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

2. Em geoprocessamento o termo escanerização equivale a


digitalização.
a. Verdade
b. Falso

3. A conversão de elementos de uma imagem para o formato vectorial


chama-se vectorização.
a. Verdade
b. Falso

4. A vectorização manual tem a vantagem de economia de tempo


quando comparada com a automática.
a. Verdade
b. Falso

5. A precisão das coordenadas de dados provindos de Sistemas de


Posicionamento por Satélites dependerá da qualidade da leitura
realizada, do aparelho utilizado bem como das condições do local em
que se encontra o receptor.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1F, 2V, 3V, 4V, 5V.

Exercícios do TEMA

Atribua o valor lógico a cada proposição (V se for Verdade e F se for


falso).

1. O processo de transferência de fotos de uma máquina fotográfica


para o computador designa-se por digitalização.

a. Verdade
b. Falso

2. Em Geoprocessamento o termo escanerização equivale a


digitalização.

a. Verdade
b. Falso

3. A conversão de elementos de uma imagem para o formato vectorial


chama-se vectorização.
a. Verdade
b. Falso

57
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

4. A vectorização manual tem a vantagem de economia de tempo


quando comparada com a automática.
a. Verdade
b. Falso

5. Faça a correspondência entre as formas de vectorização (a esquerda)


e as características de vectorização (a direita).

Formas de Características de
vectorização vectorização

A. Vectorização 1. É mais precisa e exige


Manual pré-processamento da
imagem
B. Vectorização 2. A presença humana não
em tela é indispensável

C. Vectorização 3. Durante o processo, a


Automática intervenção humana é
restrita a certas tarefas
D. Vectorização 4. Durante o processo de
Semi – vectorização é
automática imprescindível a presença
humana

Referências Bibliográficas

CÂMARA, G.; CASANOVA, M.A.; HEMERLY, A.; MEDEIROS, C.M.B.;


MAGALHÃES, G. (1996). Anatomia de Sistemas de Informação
Geográfica. SBC, X Escola de Computação, Campinas, Brasil.

FITZ, P. R. (2008). Geoprocessamento sem complicações. São Paulo,


Brasil.

KEMP, K. K. (1992). Environmental modeling with GIS: a strategy for


dealing with spatial continuity. Santa Barbara: University of California.

58
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

TEMA – IV: MODELAGEM DE DADOS ESPACIAIS

UNIDADE TEMÁTICA 4.1. Processo de Modelação

UNIDADE TEMÁTICA 4.2. Modelos de Dados Espaciais

UNIDADE TEMÁTICA 4.1. Processo de Modelação

Introdução

O conhecimento do processo de representação de fenómenos e


objectos espaciais passa pela perceção tantos das características dos
objectos bem como a sua relação com os modelos de representação. É
nesta perspectiva que se procura na presente unidade temática, a
apresentação dos processos para a modelação de fenómenos e
objectos espaciais.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Conhecer o processo de modelação


▪ Descrever o modelo geográfico Geo-OMT

Objectivos
específicos

A introdução de dados em um SIG deve seguir determinadas condições


especificas. Os dados espaciais possuem características, cuja perceção
por parte do usuário definirá formas diferenciadas de interpretações. A
passagem dos dados do mundo real para um mundo virtual deverá se
dar a partir da utilização de modelos, os quais deverão seguir padrões
conceituais vinculados a maneira como o individuo concebe o espaço
observado. Tal estrutura, não pode ser desvinculada do paradigma
epistemológico envolvido na questão. Nesse sentido, a aclamada
‘’neutralidade científica’’ acaba por perder seu principal aporte
filosófico.
Segundo Elmasri e Navathe (1991) um modelo de dados é um conjunto
de conceitos que podem ser usados para descrever a estrutura e as
operações em um base de dados. O modelo busca sistematizar o
entendimento que é desenvolvido a respeito de objetos e fenómenos
que serão representados em um sistema informatizado. Os objetos e
fenómenos reais, no entanto, são complexos demais para permitir uma
representação completa, considerando os recursos à disposição dos
sistemas gerenciadores de bancos de dados (SGBD) atuais. Desta forma,
é necessário construir uma abstração dos objetos e fenómenos do

59
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

mundo real, de modo a obter uma forma de representação


conveniente, embora simplificada, que seja adequada às finalidades das
aplicações do base de dados.
A abstração de conceitos e entidades existentes no mundo real é uma
parte importante da criação de sistemas de informação. Além disso, o
sucesso de qualquer implementação em computador de um sistema de
informação é dependente da qualidade da transposição de entidades
do mundo real e suas interações para um base de dados informatizado.
A abstração funciona como uma ferramenta que nos ajuda a
compreender o sistema, dividindo-o em componentes separados. Cada
um destes componentes pode ser visualizado em diferentes níveis de
complexidade e detalhe, de acordo com a necessidade de compreensão
e representação das diversas entidades de interesse do sistema de
informação e suas interações.

Um exemplo para as considerações tecidas acima diz respeito a dados


climáticos - e outros relacionados – de uma área qualquer (ou mesmo
do Planeta como um todo). Um indivíduo pode modelar esses dados de
tal forma que sua conclusão seja traduzida pelo aumento da
temperatura da área ao longo dos anos, tendo como causador o
impacto antrópico. Outro indivíduo, dispondo dos mesmos dados pode
realizar sua modelagem e concluir também pelo aumento da
temperatura, entretanto este último pode vincular o aquecimento
térmico a causas naturais, desvinculado um possível efeito direto
provocado pelo ser humano (Elmasri & Navathe, 1991).

Figura 6. Exemplo de modelagem do terreno.

60
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

4.1.1. Factores que Influenciam a Modelagem de Dados


Geográficos
A modelagem do mundo real é uma atividade complexa porque envolve
a discretização do espaço geográfico para a sua devida representação.
Inúmeros são os fatores envolvidos nesse processo de discretização do
espaço. A seguir são apresentados alguns dos factores que devem ser
tomados em conta no processo de modelação.
 Transcrição da informação geográfica em unidades lógicas de
dados - Para Goodchild (1990), o esquema de uma aplicação
geográfica é uma representação limitada da realidade, tendo
em vista a natureza finita e discreta da representação nos
computadores. Por maior que seja o nível de abstração utilizado,
a realidade é modelada através de conceitos geométricos e,
para que esses conceitos sejam implementados em
computadores, eles precisam ser formalizados, sendo
necessário um maior número de conceitos abstratos para
descrever os dados geométricos, e um maior número de
operações apropriadas, as quais são independentes de
implementação.

 A forma como as pessoas percebem o espaço – O aspecto


cognitivo na percepção espacial é um dos aspectos que faz com
que a modelagem de dados geográficos seja diferente da
modelagem tradicional. Dependendo do observador, da sua
experiência e de sua necessidade específica uma mesma
entidade geográfica pode ser percebida de diversas formas.
Uma escola, por exemplo, poderá ser vista como um símbolo,
como uma área, como edificações, depende do observador e do
que ele pretende com essa representação. Além do aspecto
cognitivo, existe também a questão da escala, onde a mesma
entidade geográfica pode ser representada por diferentes
formas, de acordo com a escala utilizada.

O uso dessas múltiplas representações pode ocorrer


simultaneamente, apresentando formas alternativas de
representar uma mesma entidade geográfica, como por
exemplo, um aeroporto que pode ser representado ao mesmo
tempo pela área que ele abrange e pelos símbolos cartográficos
que o representam. Poderá também, ser exclusiva, onde cada
representação é válida para visualização em um determinado
momento, como por exemplo, os casos da variação de escala. A
percepção de que a interpretação do espaço modelado varia é
muito importante na definição da melhor forma de representar
o mundo real pois, múltiplas representações podem ser
necessárias a diferentes propósitos.

61
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 Natureza diversificada dos dados geográficos – Além dos dados


geográficos possuírem geometria, localização no espaço,
informações associadas e características temporais, eles ainda
possuem origens distintas. Um exemplo dessa diversidade pode
ser visto em Kemp (1992). Segundo a autora, os dados
ambientais, por exemplo, são derivados de dados disponíveis
sobre topografia, clima e tempo, propriedades do solo,
propriedades geológicas, cobertura da terra, uso da terra,
hidrografia e qualidade da água. Alguns desse fenómeno s,
como elevação e propriedades do solo, variam continuamente
sobre o espaço (visão de campos). Outros, como falhas
geológicas e redes de rios, podem ser discretizados (visão de
objetos), enquanto outros podem estar em ambas categorias
dependendo do nível de detalhe considerado.

 Existência de relações espaciais (topológicas, métricas, de


ordem e fuzzy) - Essas relações são abstrações que nos ajudam
a compreender como no mundo real os objetos se relacionam
uns com os outros [MaFr90]. Muitas relações espaciais
necessitam estar explicitadas no diagrama da aplicação, de
forma a torná-lo mais compreensível. As relações topológicas
são fundamentais na definição de regras de integridade
espacial, que especificam o comportamento geométrico dos
objetos.
 Coexistência de entidades essenciais ao processamento e
entidades “cartográficas” Entidades “cartográficas”
representam a visão do mundo através de objetos lineares não
relacionados, ou seja, sem nenhum comprometimento com o
processamento. É comum, principalmente em aplicações
geográficas de áreas urbanas, a presença de entidades
geográficas com características apenas de exibição, não sendo
usadas para processamento geográfico (embora sejam parte do
mapa base). Citamos como exemplo, os textos que identificam
acidentes geográficos como Serras, Picos, ou objetos como
muro, cerca viva, cerca mista e cerca que identificam a
delimitação de um lote. O que será provavelmente usado no
processamento geográfico será o lote, como um polígono. Se o
lote é cercado ou não, e se a delimitação é um muro ou uma
cerca, não fará diferença, podendo ser uma informação
alfanumérica associada. No entanto, a nível cartográfico é muito
utilizado o registro fiel da realidade observada, sendo
considerada significativa a visualização dessa informação. Nesse
aspecto, o desenvolvimento de aplicações geográficas difere do
convencional. Como pode ser percebido, muitas entidades
geográficas poderão ser criadas no base de dados sem que
necessariamente tenham sido representadas no esquema da
aplicação.

62
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4.1.2. Níveis de Abstração de Dados Geográficos

Os modelos de dados podem variar de acordo com o nível de abstração


empregado. Câmara et al. (1996) especificam quatro níveis de
abstração utilizados nas aplicações geográficas que a seguir são
apresentados:
 Nível do mundo real - Contém os fenómenos geográficos a
serem representados como, rios, cidades e vegetação.

 Nível conceitual - Oferece um conjunto de conceitos formais


para modelar as entidades geográficas, em um alto nível de
abstração. Este nível determina as classes básicas (contínuas e
discretas) que serão criadas no base de dados.

 Nível de representação - As entidades formais definidas no nível


conceitual (classes de campos e objetos) são associadas às
classes de representação espacial. As diferentes representações
geométricas podem variar conforme a escala, a projeção
cartográfica escolhida ou a visão do usuário. O nível de
representação não tem correspondente na metodologia
tradicional de base de dados já que aplicações convencionais
raramente lidam com o problema de múltipla representação.

 Nível de implementação - Define padrões, formas de


armazenamento e estruturas de dados para implementar cada
tipo de representação. Para Lisboa (1997), essa divisão em níveis
torna evidente que a dicotomia entre visão de campos e objetos
é considerada nos níveis conceitual e de representação, e a
dicotomia entre estruturas vetoriais e matriciais é uma questão
inerente ao nível de implementação. Lisboa (1997) apresenta
uma comparação entre os níveis de especificação de aplicações
geográficas e as etapas de projeto de base de dados (conceitual,
lógico e físico). Para Lisboa, a comparação leva a compreender
que cada etapa do projeto de um base de dados geográfico é
mais complexa que as respectivas etapas do projeto de um base
de dados convencional.

4.1.3. Níveis de Abstração de Dados Geográficos

Os modelos de dados podem variar de acordo com o nível de abstração


empregado. Câmara et al. (1996) especificam quatro níveis de
abstração utilizados nas aplicações geográficas:

63
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

 Nível do mundo real - Contém os fenómenos geográficos a


serem representados como, rios, cidades e vegetação.

 Nível conceitual - Oferece um conjunto de conceitos formais


para modelar as entidades geográficas, em um alto nível de
abstração. Este nível determina as classes básicas (contínuas e
discretas) que serão criadas no base de dados.

 Nível de representação - As entidades formais definidas no nível


conceitual (classes de campos e objetos) são associadas às
classes de representação espacial. As diferentes representações
geométricas podem variar conforme a escala, a projeção
cartográfica escolhida ou a visão do usuário. O nível de
representação não tem correspondente na metodologia
tradicional de base de dados já que aplicações convencionais
raramente lidam com o problema de múltipla representação.

 Nível de implementação - Define padrões, formas de


armazenamento e estruturas de dados para implementar cada
tipo de representação. Para Lisboa (1997), essa divisão em níveis
torna evidente que a dicotomia entre visão de campos e objetos
é considerada nos níveis conceitual e de representação, e a
dicotomia entre estruturas vetoriais e matriciais é uma questão
inerente ao nível de implementação. Encontra-se em Lisboa
(1997) uma. Para o referido autor, a comparação entre os níveis
de especificação de aplicações geográficas e as etapas de
projeto de base de dados (conceitual, lógico e físico) leva a
compreender que cada etapa do projeto de um base de dados
geográfico é mais complexa que as respectivas etapas do
projeto de um base de dados convencional.

Figura 7: Níveis de especificação de aplicações geográficas


(Fonte: Borges e Davis s/d).

64
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4.1.4. Requisitos de um Modelo de Dados Geográficos

Borges e Davis (s/d) no processo de modelagem de dados geográficos


apresentam um conjunto de requisitos necessários para a concepção de
um modelo de dados voltado para aplicações geográficas. Um modelo
de dados para aplicações geográficas deve:

 fornecer um alto nível de abstração;


 representar e diferenciar os diversos tipos de dados envolvidos
nas aplicações geográficas, tais como ponto, linha, área,
imagem, etc.;
 representar tanto as relações espaciais e suas propriedades
como também as associações simples e de rede;
 ser capaz de especificar regras de integridade espacial;
 ser independente de implementação;
 suportar classes georreferenciadas e classes convencionais,
assim como os relacionamentos entre elas;
 ser adequado aos conceitos natos que o ser humano tem sobre
dados espaciais, representando as visões de campo e de
objetos;
 ser de fácil visualização e compreensão;
 utilizar o conceito de níveis de informação, possibilitando que
uma entidade geográfica seja associada a diversos níveis de
informação;
 representar as múltiplas visões de uma mesma entidade
geográfica, tanto com base em variações de escala, quanto nas
várias formas de percebê-las; e
 ser capaz de expressar versões e séries temporais, assim como
relacionamentos temporais.

Sumário
Nesta Unidade Temática 4.1. estudamos e discutimos
fundamentalmente sobre modelação. Vimos que o processo de
modelação é complexo e condicionado por muitos factores sendo os
mais relevantes, transcrição da informação geográfica em unidades
lógicas de dados, a forma como as pessoas percebem o espaço, a
natureza diversificada dos dados geográficos, a existência de relações
espaciais, e a coexistência de entidades essenciais ao processamento e
entidades. Por outro lado, os modelos de dados podem variar de acordo
com o nível de abstração empregado. E por fim vimos os requisitos de
um modelo de dados geográficos.

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Dos factores seguintes, identifique aquele que não interfere na
modelação do espaço geográfico:
A) A forma como as pessoas percebem o espaço
B) A dinâmica do espaço ao longo do tempo
C) Existência de relações espaciais
D) Natureza diversificada dos dados geográficos

2. Sob olhar de um observador, uma avenida, poderá ser vista como


uma linha, como ou um polígono, influenciando deste modo a
modelação. O factor presente nesta situação de ambiguidade é:
A) Existência de relações espaciais
B) A forma como as pessoas percebem o espaço
C) Transcrição da informação geográfica em unidades lógicas de dados
D) Natureza diversificada dos dados geográficos

3. Quando se procura identificar e esboçar as formas de representação


de um determinado fenómeno já observado está-se diante de que nível
de abstração?
A) Nível do mundo real
B) Nível conceitual
C) Nível de representação
D) Nível de implementação

4. Qual dos seguintes não constitui requisito de um modelo de dados


geográficos?
A) ser capaz de representar de forma restrita uma determinada
entidade geográfica
B) ser capaz de especificar regras de integridade espacial;
C) ser de fácil visualização e compreensão
D) suportar classes georreferenciadas e classes convencionais,
assim como os relacionamentos entre elas;

5. Dos objectos a seguir representados, quais são os que correspondem


a classe do modelo Geo - Campo?
A. Clima e Capital de Moçambique
B. Clima e Vegetação
C. Portos de Moçambique
D. Titulares de terra

Respostas: 1. D; 2. B; 3. C; 4. A; 5. B;

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. A modelagem do mundo real é considerada como uma atividade
complexa.
a. Verdade

66
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b. Falso

2. A forma como as pessoas percebem o espaço pode influenciar na


modelação do mundo real.
a. Verdade
b. Falso

3. A abstração de conceitos e entidades existentes no mundo real é uma


parte importante da criação de sistemas de informação.
a. Verdade
b. Falso

4. No processo de modelação ocorre uma generalização dos aspectos


do mundo real.
a. Verdade
b. Falso

5. Dos diferentes níveis, o nível do mundo real contém os fenómenos


geográficos a serem representados como indústrias e campos
cultivados.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1F, 2V, 3V, 4V, 5V.

UNIDADE TEMÁTICA 4.2. MODELOS DE DADOS ESPACIAIS

Introdução
A modelação espacial, é simplesmente uma componente do processo
de modelação. Neste procedimento, os dados espaciais acerca das
relações espaciais do mundo real figurando os elementos de um
sistema geográficos são relacionados através de um conjunto de
operações espaciais. Nesta unidade temática vamos ver exemplo de
modelos de dados espaciais com ênfase para o modelo GEO-OMT.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Conhecer as características dos modelos de dados espaciais; e,
▪ Caracterizar o modelo GEO-OMT.
Objectivos
específicos

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Os modelos são utilizados para nos auxiliar no entendimento e


localização de um problema específico. Isto pode ser tão simples como
na escolha do caminho mais rápido para ir de A para B ou tão complexo
como um modelo da atmosfera desenhado para simular o aquecimento
global ou a dispersão de poluentes.

Figura 8. Exemplo simplificado de um modelo espacial


(Fonte: Neves, 2010).

4.2.1. Modelo GEO-OMT


No modelo GEO-OMT estão agrupados de forma unificada as primitivas
geográficas propostas por diversos autores, além de introduzir novas
primitivas que suprem algumas deficiências percebidas, como por
exemplo, a representação de múltiplas visões das entidades
geográficas. Neste modelo, a partir das primitivas do modelo OMT
convencional, foram introduzidas primitivas geográficas que aumentam
sua capacidade semântica, diminuindo a distância entre o modelo
mental do espaço a ser modelado e o modelo de representação
normalmente utilizado. Este modelo apresenta as seguintes
características:

 Segue o paradigma de orientação a objetos suportando os


conceitos de classe, herança, objeto complexo e método;
 Representa e diferencia os diversos tipos de dados envolvidos
nas aplicações geográficas, fazendo uso de uma representação
simbólica que possibilita a percepção imediata da natureza do
dado, eliminando assim, a extensa classe de hierarquias

68
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

utilizada para representar a geometria e a topologia dos objetos


espaciais;
 Fornece uma visão integrada do espaço modelado,
representando e diferenciando classes com representação
gráfica (georreferenciadas) e classes convencionais (não-
espaciais), assim como os diferentes tipos de relacionamento
entre elas;
 Caracteriza as classes em contínuas e discretas, utilizando os
conceitos de “visão de campos” e “visão de objetos”
introduzidos por Goodchild (1992);
 Representa a dinâmica da interação entre os vários objetos,
explicitando tanto as relações espaciais como as associações
simples;
 Representa as estruturas topológicas “todo-parte” e de rede;
 Formaliza as possíveis relações espaciais, levando em
consideração a forma geométrica da classe;
 Traduz as relações topológicas e espaciais em restrições de
integridade espaciais;
 Representa os diversos fenómenos geográficos, utilizando
conceitos natos que o ser humano tem sobre dados espaciais;
 Possibilita a representação de múltiplas visões de uma mesma
classe geográfica, tanto baseada em variações de escala, quanto
nas várias formas de se perceber o mesmo objeto no mundo
real;
 É de fácil visualização e entendimento, pois utiliza basicamente
os mesmos tipos construtores definidos no modelo OMT;
 Não utiliza o conceito de camadas e sim o de níveis de
informação (temas), não limitando o aparecimento de uma
classe geográfica em apenas um nível de informação;
 É independente de implementação. O modelo Geo-OMT é
baseado em três conceitos principais: classes, relacionamentos
e restrições de integridade espaciais.

4.2.2. Principais Conceitos do Modelo GEO-OMT

O modelo Geo-OMT trabalha no nível conceitual/representação e suas


classes básicas são: Classes Georreferenciadas e Classes
Convencionais. Através dessas classes são representados os três
grandes grupos de dados (contínuos, discretos e não-espaciais)
encontrados nas aplicações geográficas, proporcionando assim, uma
visão integrada do espaço modelado, o que é muito importante na
modelagem.
Segundo Camara (1995) uma Classe Georreferenciada descreve um
conjunto de objetos que possuem representação espacial e estão
associados a regiões da superfície da
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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

terra, representando a visão de campos e de objetos proposta por


Goodchild (1990). Uma Classe Convencional descreve um conjunto de
objetos com propriedades, comportamento, relacionamentos, e
semântica semelhantes, e que possuem alguma relação com os objetos
espaciais, mas que não possuem propriedades geométricas.
Um exemplo desse tipo de classe é a que define os proprietários de
imóveis cadastrados para fins de tributação, e que possuem relação de
propriedade com os lotes e edificações presentes no base de dados
geográfico. A seguir é ilustrado um exemplo do Modelo GEO-OMT.

Figura 9. Modelo GEO-OMT (Fonte: Borges e Davis, s/d).

Ainda segundo camara, o modelo Geo-OMT formaliza a especialização


das Classes Georreferenciadas em classes do tipo Geo-Campo e Geo-
Objeto. As classes do tipo Geo-Campo representam objetos distribuídos
continuamente pelo espaço, correspondendo a grandezas como tipo de
solo, topografia e teor de minerais enquanto as classes do tipo Geo-
Objeto representam objetos geográficos individualizáveis, que
possuem identificação com elementos do mundo real, como lotes, rios
e postes. Esses objetos podem ter ou não atributos não-espaciais, e
podem estar associados a mais de uma representação geométrica,
dependendo da escala em que é representado, ou de como ele é
percebido pelo usuário.

Na figura a seguir estão exemplificados os pictogramas de um Geo-


objeto. O ponto representa um símbolo como por exemplo uma árvore,
a linha representa segmentos de reta formados por uma linha simples,
um arco ou por uma polilinha (exemplo o muro, trecho de rua, trecho
de circulação) e o polígono representa uma área (exemplo as
construções, lote, etc.).

70
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

4.2.2.1. Geo-Campo
Como já se referiu, a classe Geo-Campo serve para representar a
distribuição espacial contínua de um fenómeno geográfico sobre o
espaço, e qualquer posição no espaço geográfico considerado deverá
corresponder a algum valor da variável representada, obedecendo ao
princípio do “planar enforcement” (Goodchild, 1992) (restrição de
preenchimento do plano). Um exemplo de Geo-Campo são as curvas de
nível. Qualquer ponto na superfície modelada possui uma cota. O
modelo Geo-OMT possui cinco classes do tipo Geo-Campo: Isolinhas,
Polígonos Adjacentes, Tessselação, Amostragem e Rede Triangular
Irregular. A seguir são apresentadas as Subclasses da classe Geo-
Campo.
 Subclasse Amostragem - Representa uma coleção de pontos
regular ou irregularmente distribuídos por todo o espaço
geográfico. Exemplo: estações de medição de temperatura,
modelos numéricos de terreno ou pontos cotados em
levantamentos altimétricos de áreas urbanas.

 Subclasse Isolinhas - Representa uma coleção de linhas


fechadas que não se cruzam nem se tocam (aninhadas). Cada
instância da subclasse contém um valor associado. Exemplo:
curvas de nível, curvas de temperatura e curvas de ruído. Deve-
se observar que o fechamento das isolinhas sempre ocorrerá
quando se considera o espaço geográfico como um todo, no
entanto, na área em que se está modelando isto poderá não
ocorrer.

 Subclasse Polígonos Adjacentes - Representa o conjunto de


subdivisões de todo o domínio espacial em regiões simples que
não se sobrepõem e que cobrem completamente este domínio.
Exemplo: tipos de solo, divisão de bairros, divisões
administrativas e divisões temáticas.

 Subclasse Tesselação - Representa o conjunto das subdivisões


de todo o domínio espacial em células regulares que não se
sobrepõem e que cobrem completamente este domínio. Cada
célula possui um único valor para todas as posições dentro dela.
Exemplo: imagem de satélite.

 Subclasse Rede triangular Irregular - representa o conjunto de


grades triangulares de pontos que cobrem todo o domínio
espacial. Um exemplo de rede triangular irregular é visto em
modelagem de terreno (TIN - rede irregular triangularizada).

71
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Figura 10. Exemplo de Geo-campos (Fonte: Borges e Davis, s/d).

4.2.2.2. Geo-Objeto
No Geo-Objecto encontramos as seguintes classes: Geo-Objeto com
Geometria e Geo-Objeto com Geometria e Topologia. Cada uma dessas
classes possui um padrão simbólico de representação representado na
figura a seguir. Uma classe do tipo Geo-Objeto com Geometria
representa objetos que possuem apenas propriedades geométricas
(Ponto, Linha e Polígono) e é especializada em classes do tipo Ponto,
Linha e Polígono. Exemplos desta classe são, paragens de autocarros,
um percurso, um bairro.
Uma classe do tipo Geo-Objeto com Geometria e Topologia representa
objetos que possuem, além das propriedades geométricas,
propriedades topológicas de conectividade, sendo representados por
nós e segmentos orientados. É especializada em classes do tipo Nó,
Linha Uni-direcionada e Linha Bi-direcionada. Exemplos desta classe são
as redes de malha viária, de água e esgoto. Os segmentos orientados
traduzem o sentido do fluxo da rede, se uni-direcional ou bi-direcional,
dando mais semântica à representação. “Alguns tipos de aplicações
(ex.: rede de água, redes viárias, cadastro urbano, etc.) possuem
características, onde os relacionamentos do tipo conectividade e
adjacência são fundamentais. A seguir são ilustrados os geo-objectos.

Figura 11. Geo-objectos (Fonte: Borges e Davis, s/d).

72
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As subclasses da classe Geo-Objetos são as seguintes (representados na


figura acima):
 Subclasse Polígono - representa objetos de área, podendo
aparecer conectada, como lotes dentro de uma quadra, ou
isolado, como a representação de uma ilha.
 Subclasse Ponto - representa objetos pontuais, que possuem um
único par de coordenadas (x, y). Na representação do mobiliário
urbano é frequente o uso de símbolos, como por exemplo na
representação de postes, orelhão, hidrante, etc.
 Subclasse Linha - representa objetos lineares sem exigência de
conectividade. Como exemplo podemos citar a representação
de muros, cercas e meio-fios.

 Subclasse Nó - representa os objetos pontuais no fim de uma


linha, ou os objetos pontuais nos quais as linhas se cruzam (nó
do grafo). Possui a propriedade de conectividade, garantindo a
conexão com a linha. Exemplos de nó podem ser vistos na
modelagem de redes. Por exemplo, o poço de visita na rede de
esgoto ou o cruzamento (interseção de vias) na malha viária.

 Subclasse Linha Uni-direcionada - representa objetos lineares


que começam e terminam em um nó e que possuem uma
direção (arco do grafo orientado). Cada linha deve estar
conectada a dois nós ou a outra linha uni-direcionada. Como
exemplo podemos citar trechos de uma rede de esgoto, que
indicam a direção do fluxo da rede.
 Subclasse Linha Bi-direcionada - representa objetos lineares que
começam e terminam em um nó e que são bi-direcionados. Cada
linha bi-direcionada deve estar conectada a dois nós ou a outra
linha bi-direcionada. Como exemplo podemos citar trechos de
uma rede de água, onde a direção do fluxo pode ser nos dois
sentidos dependendo do controle estabelecido.

4.2.3. Relacionamentos
No processo de modelação espacial, uma atenção especial deve ser
tomada em consideração quanto aos relacionamentos. Neste caso, o
modelo Geo-OMT representa os seguintes tipos de relacionamentos
entre suas classes: associações simples, relações topológicas de rede e
relações espaciais. A seguir são apresentados os relacionamentos
dentro deste modelo.
As associações simples representam relacionamentos estruturais entre
objetos de diferentes classes, tanto convencionais como
georreferenciadas. A instância individual de uma associação é chamada
link. Muitas associações são binárias, sendo representadas por uma
linha contínua ligando duas classes. Uma associação pode ter sobre o

73
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

seu nome uma seta mostrando qual o sentido da relação. Algumas


associações podem ter atributos próprios.
As relações espaciais representam as relações topológicas, métricas,
ordinais e fuzzy. Algumas relações podem ser calculadas a partir das
coordenadas de cada objeto durante a execução das operações de
análise espacial. As relações topológicas são exemplos deste caso.
Outras necessitam ser especificadas pelo usuário para que o sistema
consiga manter estas informações. Estas relações são chamadas de
explícitas (Lisboa 1997).
A representação dessas relações no modelo Geo-OMT têm por objetivo
tornar explícita a interação espacial entre as classes quando for
relevante para o propósito da aplicação. Todas as relações espaciais são
representadas por linhas pontilhadas. Um caso particular de relação
espacial é a hierarquia espacial. Através dessa relação a classe que
representa o domínio espacial é conectada às demais subdivisões
espaciais. Esta relação também pode ser utilizada na relação entre
classes do tipo Geo-campo com classes do tipo Geo-Objeto, onde terão
sempre uma conotação de hierárquica espacial já que, toda classe do
tipo Geo-Objeto estará distribuída sobre classes do tipo Geo-Campo. A
figura a seguir representa que qualquer ponto dentro de um lote tem
um valor altimétrico associado.

Figura 12. Relações no modelo Geo-OMT (Fonte: Borges e Davis, s/d).

As relações em rede são relações que podem ser mantidas através de


estruturas de dados dos SIGs, sendo representadas por nós e arcos
conectados. As relações em rede são representadas por duas linhas
pontilhadas paralelas ligando classes do tipo Nó com classes do tipo
Linha Uni ou Bi-direcionada. Estruturas de rede sem nó, apresentarão

74
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

um relacionamento recursivo na classe que representa os segmentos


do grafo. O nome dado à rede deverá estar entre as linhas pontilhadas.
A seguir são apresentados alguns exemplos.
 Disjunto – Não existe nenhum tipo de contato entre as classes
relacionadas.
 Contém – A geometria da classe que contém envolve a
geometria das classes contidas. Uma instância da classe que
contém envolve uma ou mais instâncias da(s) classe(s)
contida(s). a classe que contém deve ser do tipo Polígono (Geo-
Objeto) ou Polígonos Adjacentes (Geo-Campo).
 Dentro de – Existem instâncias de uma classe qualquer, dentro
da (contida na) geometria de instâncias das classes do tipo
Polígono (Geo-Objeto) ou Polígonos Adjacentes (Geo-Campo). A
relação dentro de será tratada como uma Agregação Espacial
“todo-parte”.
 Toca - Existe um ponto (x,y) em comum entre as instâncias das
classes relacionadas. Consideramos esta relação um caso
particular da relação adjacente.
 Cobre/coberto por - A geometria das instâncias de uma classe
envolve a geometria das instâncias de outra classe. A classe que
cobre é sempre do tipo polígono (Geo-Objeto).
 Sobrepõe - Duas instâncias se sobrepõem quando há uma
interseção de fronteiras. Só será usado para relações entre
polígonos (Geo-Objeto). Apenas parte da geometria é
sobreposta.
 Adjacente - Utilizado no sentido de vizinhança, ao lado de,
contíguo.
 Perto de - Utilizado no sentido de proximidade. Deve estar
associado a uma distância “d”, que define quanto será
considerado perto. Esta distância poderá ser uma distância
euclidiana, um raio, um intervalo ou qualquer outra definida
pelo usuário.
 Acima / Abaixo – Acima é mais alto que sobre, e abaixo mais
baixo que sob. Será considerado acima ou abaixo, quando as
instâncias estiverem em planos diferentes.
 Sobre / Sob - Utilizado no sentido de “em cima de” / “em baixo
de”, no mesmo plano. Entre - Utilizado no sentido posicional,
enfatizando a localização de uma instância de determinada
classe entre duas instâncias de outra classe.
 Coincide - Utilizado no sentido de igual. Duas instâncias de
classes diferentes que possuem o mesmo tamanho, a mesma
natureza geométrica e ocupam o mesmo lugar no espaço. Essa
relação é um caso particular do sobre/sob.
 Cruza - Existe apenas um ponto P (XY) comum entre as
instâncias.
 Atravessa - Uma instância atravessa integralmente outra
instância, tendo no mínimo dois pontos P1 (x1, y1) e P2 (x2, y2)

75
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

em comum. Este é um caso particular de cruza, que foi separado


por fornecer maior expressão semântica.
 Em frente a - Utilizado para dar ênfase à posição de uma
instância em relação à outra. Uma instância está “de face” para
outra. Paralelo a poderá ser usado na relação entre linhas, por
ser semanticamente mais significativo.
 À esquerda / à direita - Utilizado para dar ênfase na lateralidade
entre as instâncias. No entanto, a questão de lateralidade deve
estar bem definida nas aplicações no SIG, de forma a ser possível
formalizar o que é lado direito e esquerdo.

Figura 13. Exemplos de relacionamentos (Borges e Davis, s/d).

4.2.4. Generalização e Especialização

Segundo Lisboa (1997) a generalização é o processo de definir classes


mais genéricas (superclasses) a partir de classes com características

76
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

semelhantes (subclasses). Já a especialização é o processo inverso,


classes mais específicas são detalhadas a partir de classes genéricas,
adicionando-se novas propriedades na forma de atributos. Cada
subclasse herda atributos, operações e associações da superclasse.
No modelo Geo-OMT, as abstrações de generalização e especialização
se aplicam tanto a Classes Georreferenciadas como a Classes
Convencionais, seguindo a definição e a notação do modelo OMT, onde
um triângulo interliga uma superclasse às suas subclasses. Cada
generalização pode ter um discriminador associado, indicando qual
propriedade está sendo abstraída pelo relacionamento de
generalização.
No entanto, se as propriedades gráficas (por exemplo, cor, tipo de linha,
etc.) variarem nas subclasses, é utilizada a generalização espacial, onde
as subclasses herdam a natureza gráfica da superclasse, mas variam
suas propriedades gráficas. Esse tipo de generalização é útil para
registar que deve existir uma distinção visual entre as subclasses, que
não pode ser desconsiderada na implementação. A notação utilizada na
generalização espacial só varia no tipo de linha utilizada na ligação entre
a superclasse e as subclasses.

Sumário
Nesta Unidade Temática 4.2. estudamos e discutimos
fundamentalmente as características do modelo GEO-OMT e as
vantagens que ele apresenta quando comparado com o modelo
convencional. Vimos que o modelo Geo-OMT trabalha no nível
conceitual/representação tendo como as classes básicas as Classes
Georreferenciadas e Classes Convencionais. Também vimos que o
modelo Geo-OMT formaliza a especialização das Classes
Georreferenciadas em classes do tipo Geo-Campo e Geo-Objeto. As
classes do tipo Geo-Campo representam objetos distribuídos
continuamente pelo espaço e as classes do tipo Geo-Objecto
representam objetos geográficos individualizáveis. Por fim, no processo
de modelação espacial, devemos tomar em consideração aos
relacionamentos.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. O uso do modelo GEO-OMT apresenta vantagem significativa
quando comparado com os outros porque:
A. as primitivas geográficas aparecem unificadas facilitando o processo
de modelação;
B. introduz novas primitivas que suprem algumas deficiências
percebidas
C. não permite a representação de múltiplas visões das entidades
geográficas

77
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

D. a sua implementação é dependente de da existência de primitivas


geográficas;

2. O modelo GEO-OMT se difere do modelo convencional porque:


A. Contém primitivas geográficas que reduzem sua capacidade
semântica
B. Contém primitivas geográficas que aumentam sua capacidade
semântica
C. Não contém primitivas geográficas suficientes para modelação
D. Não traduz as relações topológicas e espaciais em restrições de
integridade espaciais

3. A redução da distância entre o modelo mental do espaço a ser


modelado e o modelo de representação que se observa no modelo
GEO-OTM significa que:

A. há menos generalização do espaço modelado


B. há mais generalização do espaço modelado
C. a realidade se distancia bastante da representação com modelo
D. não fornece uma visão integrada do espaço modelado

4. As classes do tipo Geo-Campo representam objetos distribuídos


continuamente pelo espaço. A seguir o exemplo de geo-campo é:

A. Lotes
B. Postes
C. Rios
D. Tipos de clima

5. Diferentemente das classes do tipo geo-campo, as classes do tipo


Geo-Objecto representam objetos geográficos individualizáveis, que
possuem identificação com elementos do mundo real como por
exemplo:

A. Número de habitantes
B. Montanhas
C. Teor em minerais
D. Tipos de vegetação

1B, 2B, 3A, 4D, 5B.

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. Uma classe georreferenciada descreve um conjunto de atributos que


não possuem representação espacial e estão associados a regiões da
superfície da terra.

78
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

a. Verdade
b. Falso

2. A classe Geo - Campo serve para representar a distribuição espacial


contínua de um fenómeno geográfico sobre o espaço, e qualquer
posição no espaço geográfico considerado.
a. Verdade
b. Falso

3. O Modelo GEO-OMT apresenta como principais conceitos as classes


georreferenciadas e classes convencionais
a. Verdade
b. Falso

4. Na modelação do mundo real o Modelo GEO-OMT é considerado o


mais vantajoso quando comparado com os outros modelos.
a. Verdade
b. Falso

5. A representação de relações no modelo GEO-OMT é considerada


como sendo muito relevante.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1V, 2V, 3V, 4V, 5V.

Exercícios do TEMA
1. Os objectos correspondentes a classe geo-objectos são:
A. Capital de Moçambique e Portos de Moçambique
B. Capital de Moçambique e clima
C. Portos de Moçambique e Vegetação
D. Vegetação e Clima

2. A classe do modelo convencional tem como objecto o seguinte:


A. Capital Provincial
B. Savana
C. Sede de Posto
D. Titulares de terra

3. Quanto aos níveis de abstração, qual é o nível em que podem ser


contempladas as características reais dos objectos?
A. Nível do mundo real
B. Nível conceitual
C. Nível de representação
D. Nível de implementação

79
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

4. Dos quatro níveis de abstração, podemos considerar sendo de maior


abstração o nível correspondente a:
A. Nível do mundo real
B. Nível conceitual
C. Nível de representação
D. Nível de implementação

5. As diferentes representações geométricas podem variar conforme a


escala, a projeção cartográfica escolhida ou a visão do usuário. Isto
ocorre em:
A. Nível do mundo real
B. Nível conceitual
C. Nível de representação
D. Nível de implementação

Respostas: 1A; 2D; 3A; 4D; 5C.

Faça a correspondência entre os elementos.

Classes do modelo Objectos


A. Geo-Campo 1.Clima
B. Geo-Objecto 2.Capital de Moçambique
C. Convencional 3. Portos de Moçambique
4. Titulares de terras
5. Vegetação

Respostas: A-1,5; B-2,3; C-4

Referências Bibliográficas

BORGES, K. e DAVIS, C. (s/d) Modelagem de Dados Geográficos: Bancos


de Dados Geográficos.

CÂMARA, G., CASANOVA, M., HEMERLY, A., MAGALHÃES, G.,


MEDEIROS, C. (1996). Anatomia de Sistemas de Informação Geográfica.
Campinas: Instituto de Computação, UNICAMP, Brasil.

ELMASRI, R., NAVATHE, S. (1991). Fundamental of database systems.


2nd Edition. Menlo Park, CA: Addison-Wesley.

FITZ, P. R. (2008). Geoprocessamento sem complicações. São Paulo,


Brasil.

80
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

FRANK, A. U., GOODCHILD, M.l F. Two perspectives on geographical


data modeling. Santa Barbara, CA: National Center for Geographic
Information and Analysis (NCGIA), 1990. Technical Report 90-11.

KEMP, K. K. (1992). Environmental modeling with GIS: a strategy for


dealing with spatial continuity. Santa Barbara: University of California,
USA.

LISBOA F., Jugurta. (1997). Modelos conceituais de dados para sistemas


de informações geográficas. Porto Alegre: CPGCC da UFRGS.

NEVES, N. S. (2010). Dados Espaciais. Sustainable Geographic


Information Knowledge Transfer for Postgraduate Education.

81
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

TEMA – V: OBTENÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

UNIDADE TEMÁTICA 5.1. Obtenção de Dados com Recurso ao GPS

UNIDADE TEMÁTICA 5.2. Sensoriamento Remoto

UNIDADE TEMÁTICA 5.3. Colecta de Dados em Geoprocessamento

UNIDADE TEMÁTICA 5.1. Obtenção de Dados com Recurso ao GPS

Introdução

No Geoprocessamento, a existência de dados constitui uma condição


fundamental, pois, todas as operações passiveis de serem realizadas
dependem da disponibilidade dos dados. Neste contexto, para a
geração de dados espaciais a nível digital, existem basicamente quatro
processos: digitalização, fotogrametria, sensoriamento remoto e
levantamentos de campo, onde se destaca o Sistema de
Posicionamento Global (GPS) que são apresentados a seguir.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Conhecer o funcionamento do receptor GPS;
▪ Conhecer as funcionalidades do receptor GPS; e
Objectivos ▪ Identificar as aplicações do receptor GPS.
específicos

5.1.1. Utilização do aparelho receptor de GPS

O receptor GPS decodifica as transmissões de sinal dos satélites, realiza


a triangulação e calcula a posição exata do usuário. Os receptores
podem ser classificados de acordo com a precisão oferecida pelo
equipamento: a) os receptores geodésicos são os mais acurados, com
precisão de milímetros, capazes de captar duas frequências emitidas
pelos satélites (L1 e L2); b) os topográficos têm características de
trabalho semelhantes ao anterior, porém somente captam a frequência
L1 e possuem precisão em centímetros.

Ambas as categorias têm aplicações técnicas e características próprias


como o pós-processamento, o que significa que geralmente não
informam o posicionamento instantaneamente; c) o receptor de
navegação, embora possua menor precisão (5 m), tem como vantagens
o baixo preço de aquisição e o
82
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

posicionamento instantâneo do usuário. o sinal enviado por satélite


para o receptor GPS é o sistema de referência World Geodetic System
of 1984 (WGS-84).

Antes de utilizar um receptor GPS de navegação, o usuário deve


configurar o aparelho escolhendo a unidade métrica, o sistema de
coordenadas e o sistema de referência. Geralmente o usuário comum
utiliza a configuração dada por latitude, longitude em graus, a altitude
em metros e as coordenadas geodésicas referentes ao sistema WGS-84.
Contudo, quando se utiliza um mapa de localização ou uma carta
topográfica, é importante configurar o GPS com o mesmo sistema de
referência descrito no mapa. Na figura seguinte são ilustradas as
principais páginas de um receptor GPS comum.

Figura 14. Páginas de um receptor GPS (Fonte: INPE).

5.1.2. Funcionalidades do Receptor GPS

A principal função do GPS é a navegação.


O aparelho GPS disponibiliza várias informações, tais como:
 Waypoints: são coordenadas que representam lugares
específicos representados sob forma de pontos como por
exemplo sede de distritos, praças, pontes, cruzamentos, etc.;
 Trilhas: Sequência de coordenadas que registam um caminho

percorrido pelo utilizador;

83
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

 Rotas: Sequência de waypoints que formam um percurso


planeado de viagem;
 Go To: indica um ponto de destino e ele fornece a direcção a ser
seguida para se chegar a esse ponto;
 Distância entre dois pontos: esta função permite que o GPS
calcule a distância entre quaisquer waypoints que estejam
gravados; e
 Track Back: voltar ao ponto de origem seguindo a trilha inicial
ou pedindo ao GPS para criar uma rota de retorno, que também
levará ao ponto inicial, mas economizará alguns contornos;
Na figura a seguir pode se observar um receptor GPS.

Fonte: INPE.

Para a recepção do sinal de satélite por parte do recetor GPS, deve se


tomar em consideração algumas condições para a melhor receção,
dentre elas as seguintes:
 Não estar em locais fechados como dentro de edifícios;
 Ter visibilidade de pelo menos 4 satélites (3 para determinação
da posição e um para o problema do sincronismo dos relógios);
 Inexistência de alta actividade ionosférica (tempestade solar);
 Condições ideais:
 Local de céu aberto (ausência de obstruções prédios, árvores,
etc);
 Visibilidade do maior número de satélites possíveis; e

84
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

5.1.3. Aplicações do GPS


Apesar do GPS ter sido inicialmente desenvolvido para ir ao encontro
das necessidades militares, logo foram desenvolvidas técnicas capazes
de o tornar útil para a comunidade civil. A seguir estão apresentadas
algumas aplicações no intuito de dar uma visão global das
potencialidades do GPS:

 Transportes e Deslocamentos – Para o transporte aéreo,


marítimo ou terrestre em locais de difícil reconhecimento como
é o caso de florestas ou desertos, são múltiplas as possibilidades
do GPS, como traçar rotas, conhecer a distância real percorrida,
estabelecer trajetos de ida e volta, marcar determinado local e
retornar a ele a qualquer momento.

 No transporte terrestre, a rota pode ser monitorada


continuamente durante a viagem. Na sede de uma
transportadora, as posições dos veículos são conhecidas a
qualquer momento e qualquer desvio ou desaparecimento do
sinal pode ser entendido como possível acidente, roubo da carga
ou até mesmo desobediência do motorista em manter-se na
rota preestabelecida. Isto possibilita agilidade na tomada de
decisão para as devidas providências cabíveis a cada situação.

 Nos Estados Unidos, empresas já trabalham com mapas digitais


para automóveis sincronizados com GPS, de modo a permitir ao
motorista verificar em uma tela de monitor o melhor caminho
para o seu destino e ainda a posição instantânea do seu veículo
no mapa exibido na tela.

 Área Militar - Na área militar, que na verdade foi de onde


nasceu a motivação para a implantação do sistema pelo
Departamento de Defesa dos EUA, o GPS serve para navegação
e orientação dos mísseis "inteligentes" até o alvo. Foi
justamente por causa dessa capacidade de envios de misseis
que o Departamento de Estado norte-americano optou por
embaralhar, de certa forma, os sinais GPS. Assim, com o uso de
interferência proposital, denominada Selective Availability ou
código S/A, as posições estabelecidas pelo GPS são degradadas,
gerando erros aleatórios na frequência dedicada ao uso civil.
Deste modo, muitas das maravilhas do GPS ficam reservadas
apenas aos militares norte-americanos.

 Mapeamento e Geoprocessamento - Hoje, o uso do GPS é


muito requisitado nos serviços de Mapeamento e
Geoprocessamento, ou seja, na coleta de dados (coordenadas)
de posicionamento dos diversos objetos a serem mapeados

85
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

(analógicos ou digitais), como postes de redes elétricas,


edificações em geral, limites de propriedades rurais, etc.

 Suas aplicações são intensas nos serviços de Cadastro e


Manutenção que visam elaborar e monitorar cartas temáticas,
assim como na captura de dados para Monitoramento
Ambiental, Prevenção de Acidentes ou Ajuste de Bases
Cartográficas distintas, especialmente se utilizadas em SIG. Esta
afirmação baseia-se na característica de SIG que associa o
posicionamento geográfico com informações alfanuméricas,
permitindo integração, cruzamento e disponibilidade, através
de diversos meios de armazenamento. Uma das características
importantes de um SIG é a velocidade na manipulação, porém a
obtenção de dados, depende dos sistemas de aquisição.

 O GPS nasceu para obter a posição geográfica de uma entidade


(elemento da superfície da Terra) com velocidade e exatidão
altas a ponto de provocar a maior revolução que a Geodésia
(ciência que se ocupa das medições sobre a face da Terra) já
experimentou. Assim, o uso do GPS em atividades de SIG veio a
co-existir de forma cada vez mais interdependente. Esta
possibilidade oferecida pelo GPS, de armazenar também dados
alfanuméricos em cada estação, tem extremo valor na coleta de
dados para mapeamento. Incomparáveis são as vantagens sobre
as técnicas utilizadas sem o uso do GPS, em termos de tempo,
facilidade e confiabilidade na obtenção dos dados.

 Outras aplicações são possíveis, por exemplo, na locação de


obras na construção civil, como estradas, barragens, pontes,
túneis, etc. O GPS é um importante aliado nos serviços que
exigem informações de posicionamento confiáveis, dada a
rapidez e segurança nos dados que fornece. Antes do advento
do GPS, para estas atividades o que se usava eram os
equipamentos e técnicas da Topografia convencional, os quais,
apesar de fornecerem bons resultados estão sendo
gradativamente substituídos e/ou complementados
(dependendo do caso) pelo GPS. O uso de equipamentos
convencionais como teodolito, estação total, nível, trena, exige
para estes serviços, muito mais tempo e portanto, maiores
custos. Alguns casos atendidos pelo GPS são impossíveis através
da Topografia, como o monitoramento contínuo de veículos
(automóveis, aviões ou navios). Dentre muitas, outra grande
vantagem do GPS é a não necessidade de intervisibilidade entre
as estações.

 Defesa civil - Alguns serviços de proteção civil já estão também


utilizando GPS. Receptores de GPS são colocados em

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ambulâncias com o objetivo de guiar os helicópteros de serviços


médicos até elas muito mais rapidamente e em situações onde
a visibilidade é reduzida.
 Topografia e Geodésia - Os avanços tecnológicos da informática
e da eletrotécnica vieram revolucionar o modo de praticar
topografia. Primeiro com o aparecimento dos instrumentos
eletrónicos de medição de distâncias e agora mais
recentemente com os receptores GPS. O GPS é hoje em dia
utilizado em todas as aplicações topográficas, a sua precisão
milimétrica permite utiliza-lo para determinar ângulos,
distâncias, áreas, coordenadas de pontos, efetuar
levantamentos, etc.
 Desportos e Lazer - O GPS é ainda muito utilizado nas atividades
como navegação, pesca, alpinismo, exploração de caminhos
ecológicos e pontos turísticos, etc. Para qualquer atividade que
necessite conhecer a posição real do local, o GPS é um grande
auxílio. Por outro lado, GPS tem-se tornado cada vez mais
popular entre os ciclistas, balonistas, pescadores, ecologistas e
até mesmo por turistas que querem apenas orientação durante
as suas viagens (alguns aparelhos têm bússola, altímetro,
velocímetro).

Sumário
Nesta Unidade Temática 5.1. estudamos e discutimos
fundamentalmente acerca do receptor GPS. O receptor GPS é um
dispositivo com diversas funcionalidades sendo a principal a navegação
e a obtenção da posição geográfica. Ele também pode ser aplicado em
diversos âmbitos desde transportes e deslocamentos, área militar,
mapeamento e geoprocessamento, na locação de obras na construção
civil, defesa civil, topografia e geodésia, desportos e Lazer. Também
vimos que antes da sua utilização requer configuração para adequar as
tarefas do usuário para além de tomar em consideração as condições
para a recepção do sinal.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Uma das fontes primárias de obtenção de dados espaciais em SIG é:
A. o arquivo de cadastro
B. o levantamento de campo
C. o atlas
D. cartas

2. Um dos instrumentos indispensáveis para o georreferenciamento de


dados no campo é:
A. a bússola
B. o mapa

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C. o sextante
D. o receptor GPS

3. Não constitui condição mínima para a recepção do sinal de satélite:


A. A concentração de nuvens na atmosfera
B. Inexistência de alta actividade ionosférica
C. A intensidade do vento
D. Local de céu aberto

4. Qual dessas condições não interfere negativamente na recepção do


sinal pelo receptor GPS?
A. Visibilidade de 2 satélites
B. Tempestade solar
C. Posicionamento dentro de um edifício
D. Visibilidade do maior número de satélites possíveis

5. Quantos satélites no mínimo são necessários para determinar a


posição relativa do receptor?
A. 1 satélite
B. 2 satélites
C. 3 satélites
D. 4 satélites

Respostas: 1. B; 2. D; 3. C; 4. D; 5. C.

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Os receptores GPS podem ser classificados de acordo com o seu grau
de precisão, sendo de menor precisão os:
A. Receptores geodésicos
B. Receptores topográficos
C. Receptores de navegação
D. Nenhuma opção está certa

2. Um receptor GPS de navegação quanto a especificação referente a


sua precisão, é aquele que apresenta:
A. Precisão milimétrica
B. Precisão na ordem de centímetros
C. Precisão na ordem de metros
D. Todas opções estão certas

3. A seguir, escolha a configuração correcta das coordenadas num


receptor GPS.
A. Segundos - Minutos - Graus
B. Minutos – Segundos - Graus
C. Graus – Minutos - Segundos
D. Segundos – Graus – Minutos
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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

4. A que função do receptor GPS deve-se recorrer para chegar a um


lugar com coordenadas conhecidas?
A. Go To
B. Rotas
C. Trilhas
D. Waypoints

5. Das afirmações seguintes, selecione aquela que não constitui


aplicação do GPS.
A. Levantamento topográfico de alta precisão
B. Monitoramento da intensidade da radiação solar
C. Sistemas para aterragens de aviões com visibilidade zero
D. Monitoramento de rotas de transportes

Respostas: 1C; 2C; 3C; 4A; 5B.

UNIDADE TEMÁTICA 5.2. Sensoriamento Remoto

Introdução

Uma das importantes fontes de obtenção de dados para o


Geoprocessamento é o sensoriamento remoto ou também conhecido
por detecção remota. Nesta unidade temática veremos as aplicações do
Sensoriamento remoto, os Componentes de um sistema de
sensoriamento remoto, as principais divisões ou regiões do espectro
eletromagnético, alguns endereços para obtenção de dados do
Sensoriamento Remoto, a reflectância dos principais elementos da
superfície terrestre, os padrões espectrais e por fim aspectos
relacionados com a resolução das imagens de satélite.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Conhecer o conceito sensoriamento remoto e suas aplicações;
▪ Identificar componentes de um sistema de sensoriamento remoto; e
Objectivos ▪ Conhecer os padrões espectrais.
específicos

Sensoriamento Remoto
O Sensoriamento Remoto também conhecido por Deteção Remota é
geralmente definido como a ciência de obter informação sobre um
objeto, área ou fenómeno, através da
89
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

análise de dados adquiridos sem o contato direto com o objeto, área ou


fenómeno em estudo (Lillesand, 2001, p.1).
Figura a seguir ilustra o esquema simplificado do sensoriamento remoto

Figura 15. Esquema representando o sensoriamento remoto.

O sensoriamento remoto também pode ser definido como o processo


de obter informação sobre um objecto sem estar em contacto directo
com ele, e inclui medições de energia eléctrica, magnética,
electromagnética e vibracional (acústica) (Horler e Barber, 1981).

Sensoriamento remoto é, por definição, um termo muito geral e pode


incluir processos como a visão humana, fotografia, radar e sismologia.
Contudo, o termo sensoriamento remoto ou detecção remota é
normalmente associado a sistemas baseados em energia
electromagnética, e que registam informação sobre a Terra com
sensores montados em aviões ou satélites. Nesse sentido, detecção
remota já foi definida como “a ciência de aquisição, processamento e
interpretação de imagens adquiridas por aviões ou satélites que gravam
a interacção entre a matéria e a energia electromagnética” (Sabins,
1987).
Lillesand (2000, p.1) caracterizam a complexidade da disciplina quando
fazem a conotação desta com o processo de leitura. Isto é, os dados são
adquiridos por um determinado sensor, processados e analisados, por
forma a produzir conhecimento. A comparação pode ser entendida no
processo de leitura, com os olhos enquanto sensores, que transmite
quantidades e variações de energia ao cérebro, que os analisa.

90
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Da mesma forma que os nossos olhos registam a energia, ou seja, a


radiação eletromagnética (REM), também os sensores em deteção
remota registam esta energia para a produção de informação.
A radiação eletromagnética e geralmente descrita, por duas ondas (uma
elétrica e a outra magnética) transversais ao movimento da onda
eletromagnética, e perpendiculares entre si. A distância entre os picos
de duas ondas sucessivas designa-se por cumprimento de onda. A
frequência da onda é dada pelo número de vezes, por segundo, que um
pico passa por um ponto fixo.
O olho humano e sensível apenas a parte do espetro eletromagnético
denominada por visível, que inclui o azul, o verde e o vermelho, com
comprimento de onda (λ) entre 0,4 e 0,7μm. No sensoriamento remoto,
além do visível também são registadas ondas com λ superiores, como
por exemplo o infravermelho próximo, medio e térmico. As
quantidades de energia registadas pelos sensores são o resultado da
interação da energia com a matéria, sendo neste caso o sol a principal
fonte emissora de energia incidente na superfície terrestre.

5.2.1. Aplicações do Sensoriamento remoto

Desde o lançamento do primeiro satélite de observação da Terra na


década de 70, a detecção remota por satélite tem vindo a ser utilizada
em diversas áreas de conhecimento. Quanto mais distante da Terra
estiver o satélite, mais extensa é a área da superfície coberta por uma
imagem; quanto mais próximo dela, menos extensa é a área coberta,
porém maior é a riqueza de detalhes da imagem captada. O mesmo
ocorre quando os nossos olhos observam um objeto de longe e
enxergam apenas um vulto ou uma mancha indefinida − à medida que
nos aproximamos desse objeto, podemos ver seus detalhes. Na Tabela
1 apresentam-se exemplos de aplicações de detecção remota por
satélite.

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Aplicações Área de Aplicação


Meteorologia Modelação climática a diferentes
escalas.
Análise de massas nebulosas e sua
evolução
Previsão de desastres naturais de
origem meteorológica
Agricultura e Florestas Cartografia de espécies vegetais
Avaliação do estado da vegetação
Determinação da biomassa
Estatísticas agrícolas
Caracterização biométrica de
povoamentos florestais Cartografia de
risco de incêndio
Cartografia e Planeamento Classificação do uso do solo
Cartografia e actualização de mapas
Separação de áreas urbanas e rurais
Cartografia das redes de transporte
Meio Ambiente Cartografia e controle da poluição da
água
Determinação da poluição do ar e seus
efeitos
Caracterização dos efeitos dos
desastres naturais
Controle ambiental das actividades
humanas
Monitorização de incêndios florestais e
dos seus efeitos Avaliação de modelos
de escorrimento superficial
Geologia Cartografia de unidades geológicas
principais
Revisão de mapas geológicos
Guia de reconhecimento de superfícies
minerais
Oceanografia e Recursos Avaliação de modelos de turbidez e
circulação da água
Cartografia de superfícies geladas para
a navegação Estudo das marés e ondas
Recursos Hídricos Determinação do limite, área e volume
de superfícies, Cartografia de
inundações
Determinação da área e limite de zonas
geladas, Avaliação de rupturas glaciares
Avaliação de modelos de sedimentação
Determinação da profundidade da água

Fonte: Caetano, 2010.

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O recurso do Sensoriamento remoto para a aquisição de dados


espaciais apresenta diversas vantagens como:
• Baixo custo das imagens, quando comparado com trabalho de
campo ou fotografia aérea;
• Aquisição de dados em áreas mais inacessíveis ou inóspitas;

• Disponibilidade em formato digital - as imagens de satélite já são


adquiridas em formato digital, podendo por isso ser processadas
por computador. A fotografia aérea tradicional não é adquirida
em formato digital e a sua incorporação num computador
requer conversão de formatos, o que é bastante dispendioso.
• Velocidade do processamento dos dados - esta vantagem está
relacionada com o formato digital das imagens. O automatismo
associado com muitas técnicas de processamento digital de
imagens permite uma análise e uma resposta rápidas.

• Periodicidade de aquisição de dados - os satélites são


concebidos para aquisição periódica de imagens de uma mesma
área com condições semelhantes de observação. Por exemplo,
o satélite Landsat-5 TM adquire imagens de uma mesma área de
16 em 16 dias. Esta vantagem tem, por exemplo, sido utilizada
na monitorização de áreas sujeitas a secas ou cheias, já que
permite a comparação de imagens antes e depois do evento. Por
outro lado, esta periodicidade conhecida permite, ao contrário
do trabalho de campo e da fotografia aérea, aquisição de dados
sem um planeamento prévio. Por exemplo, podemos comprar
uma imagem de satélite de 1980 da área de um lugar para fazer
a cartografia do uso de solo nesse ano, sem que tenha sido
necessário planear em 1980 a aquisição de uma imagem.

5.2.2. Componentes de um sistema de Sensoriamento


Remoto
O sistema de Sensoriamento remoto incluí as seguintes componentes:
 fonte de energia ou iluminação (1) – o primeiro requisito para
um sistema de detecção remota é a existência de uma fonte de
energia, a qual ilumina ou disponibiliza energia aos objectos de
interesse;
 radiação e atmosfera (2) – a energia, depois de sair da sua fonte
e antes de atingir os objectos na superfície da Terra, atravessa a
atmosfera interagindo com ela. Esta interacção pode ocorrer
novamente quando a energia “viaja” do objecto para o sensor;
 interacção da radiação com os objectos (3) – a interacção da
radiação com o objecto depende do comprimento de onda da
radiação e das características do objecto;

93
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 gravação da energia pelo sensor (4) – o sensor (que não está em


contacto com o objecto) recolhe e grava a radiação reflectida
(e/ou emitida) pelo objecto;
 transmissão, recepção e processamento (5) – a energia gravada
pelo sensor é transmitida para uma estação receptora onde os
dados são processados e compilados numa imagem;
 interpretação e análise (6) - extracção de informação da
imagem;
 aplicação (7) – a informação extraída da imagem é utilizada na
resolução dos problemas que motivaram a sua aquisição.

A figura a seguir ilustra um sistema de sensoriamento remoto

Figura 16. Sistema de sensoriamento remoto.

Os satélites (sensores) se diferenciem entre eles basicamente pelas


seguintes características: fonte de energia (passivo quando depende da
energia solar, ativo quando possui energia própria), região do espectro
eletromagnético, formato do dado produzido, sistema de varredura e
resoluções do sensor. A seguir e ilustrado o espetro eletromagnético e
suas regiões.

5.2.4. Principais divisões ou regiões do espectro


eletromagnético
Divisão Limites (comprimento de onda)
Raios gama < 0.03 nm
Raios X 0.03 nm– 0.03 μm
Radiação ultravioleta 0.03 – 0.38 μ
Visível 0.38 – 0.72 μm
Infravermelho próximo 0.72 – 1.30 μm
Infravermelho médio 1.30 – 7.00 μm

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Infravermelho longo 7.00 – 1000 μm


Microondas 1 mm – 30 cm
Rádio > 30 cm
Fonte: Caetano, 2010.

A figura a seguir ilustra regiões do espectro eletromagnético

Figura 17. Regiões do espectro eletromagnético.

O sol é a principal fonte de energia natural em sensoriamento remoto.


O sol emite radiação praticamente em todos os comprimentos de onda
da energia eletromagnética, mas 99% da radiação emitida pertence às
regiões do ultravioleta, visível e infravermelho. Refira-se que qualquer
matéria com uma temperatura superior ao zero absoluto (0° K ou – 273°
C) emite continuamente radiação eletromagnética. Assim, também a
Terra é uma fonte de energia natural que pode ser detectada por
sensores. A quantidade de energia emitida por um determinado objecto
depende, entre outras coisas, da sua temperatura, tal como expresso
pela Lei de Stefan - Boltzman.
A temperatura ambiente da Terra tem um valor aproximado de 300° K
(27° C). Segundo a Lei de Wien, que estabelece relações entre a
composição espectral da radiação emitida por um elemento e a sua
temperatura, a radiação emitida pelo Terra terá um valor máximo para
o comprimento de onda de 9.7 μm, o qual se situa no infravermelho
térmico. Refira-se, desde já, que existem sensores em satélites
especialmente concebidos para captar a radiação nesta região do
espectro electromagnético emitida pela superfície da Terra.

Os sensores que captam a radiação naturalmente disponível (radiação


solar reflectida pela superfície da Terra e/ou atmosfera e radiação
emitida pela Terra) são designados por sensores passivos. Por outro
lado, os sensores activos têm a sua própria fonte de energia que é
enviada para o alvo e que, depois de interagir com este, é captada pelo
sensor. Um exemplo de sensor activo é o SAR, Radar de Abertura
Sintética, que opera na região das microondas.

Em todo o espectro eletromagnético, os nossos olhos só detetam a zona


do visível, o qual cobre uma parte muito pequena de todo o espectro.

95
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O visível compreende três zonas principais (i.e., azul, verde e vermelho)


e é a única região do espectro que se pode associar com o conceito de
cor. Azul, verde e vermelho são designadas por cores (ou comprimentos
de onda) primárias do espectro visível, uma vez que nenhuma delas
pode ser criada a partir das outras duas, mas todas as outras cores
podem ser produzidas com combinações de azul, verde e vermelho em
diferentes proporções.

5.2.5. Fontes para obtenção de dados do Sensoriamento


Remoto
Existe actualmente uma série de recursos disponíveis na Internet
relacionados com informação geográfica e com imagens de satélite, de
onde se destacam os seguintes:
EROS Home Page
Eurimage - Earth Observation Products and Services in Europe
GeoConnections
GeoGratis
ImageNet: Spatial Data Search Engine
Maps at National Geographic
Microsoft TerraServer
NASA Observatorium
NASA Spacelink - An Aeronautics & Space Resource for
Educators
NASA Ames Research Center's Landsat Pages
National Snow and Ice Data Center
Satellite Imagery Available through the Internet
The Geography Network
USGS Global Land Information System - Earth Science Data
Search Engine

5.2.6. Reflectância dos principais elementos da superfície


terrestre
Na figura seguinte observam-se as curvas de reflectância espectral dos
principais elementos da superfície terrestre nomeadamente a água,
vegetação e solo, para as zonas do espectro electromagnético mais
utilizadas em detecção remota (visível, infravermelho próximo e
infravermelho médio).

96
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Figura 18. curvas de reflectância espectral (Fonte: Adaptado de


Richards, 1986).

A água caracteriza-se por reflectir muito pouco da radiação da energia


electromagnética, sobretudo na parte do infravermelho. Quer isto dizer
que a identificação de corpos de água numa imagem de satélite é feita
mais facilmente em zonas do infravermelho do que no visível. Contudo
a caracterização de corpos de água deve ser feita sobretudo na parte
do visível. A reflectância de um corpo de água é bastante afectada pelos
materiais nela existentes. Por exemplo, um aumento de concentração
de clorofila é acompanhado por um aumento de reflectância no verde
e uma diminuição no azul. Esta relação pode ser utilizada para
monitorizar a presença de algas em corpos de água. Por outro lado, para
uma determinada região geográfica, água com elevada concentração de
sedimentos resultantes da erosão dos solos, tem uma maior
reflectância no visível do que água sem sedimentos.

A curva da reflectância espectral da vegetação apresenta valores baixos


nas regiões do vermelho e do azul do espectro visível e um pico na
banda espectral do verde. Este comportamento deve-se à absorção de
radiação azul e vermelha pela clorofila e outros pigmentos. Plantas em
stress podem ter uma menor produção de clorofila, conduzindo a uma
menor absorção de azul e vermelho. Muitas vezes, a reflectância na
zona do vermelho aumenta tanto que fica ao nível do verde, fazendo
com que as plantas se tornem amareladas (combinação de verde e
vermelho).
A reflectância da vegetação aumenta drasticamente na região dos 0.75
μm (a qual é chamada de red edge), e mantém-se elevada na região do
infravermelho próximo entre os 0.75 e 1.35 μm. Nesta zona do espectro
electromagnético, a reflectância da vegetação resulta sobretudo da
estrutura interna das folhas. Uma vez que diferentes espécies de
plantas se podem distinguir pela estrutura interna das folhas, esta zona
do espectro electromagnético pode ser utilizada para distinguir
diferentes espécies.
Por outro lado, muitos tipos de stress afectam a reflectância nesta zona
do espectro, pelo que a podemos utilizar para identificar comunidades
vegetais em stress. Acrescente-se que nesta gama de comprimento de

97
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onda, a absorção de radiação pelas folhas é praticamente nula. Quer


isto dizer que a energia que não é reflectida é transmitida.
A partir dos 1.35 μm, a transmitância das folhas diminui drasticamente
e a radiação é sobretudo reflectida e absorvida. A reflectância passa
então a ser essencialmente controlada pelo teor de água no interior dos
tecidos vegetais. Observam-se depressões na curva de reflectância nos
1.4, 1.9 e 2.7 μm, as quais se devem ao facto de a água existente nas
folhas absorver fortemente a radiação nestes comprimentos de onda
(Jensen, 1983).
A curva da reflectância espectral do solo apresenta menos variações do
que a da vegetação e caracteriza-se por um aumento da reflectância
com o comprimento de onda. Alguns dos factores que controlam a
reflectância dos solos são: humidade, textura, rugosidade, conteúdo em
matéria orgânica e presença de óxido de ferro. Por exemplo, a
reflectância do solo diminui com o aumento de humidade. Este efeito
torna-se maior nas bandas de absorção de água que ocorrem nos
comprimentos de onda 1.4, 1.9 e 2.7 μm. A rugosidade da superfície e
o teor em matéria orgânica provocam também a diminuição da
reflectância do solo.

5.2.7. Padrões espectrais


Há pouco fez-se a caracterização dos principais elementos da superfície
terrestre, tendo-se chegado à conclusão que eles são espectralmente
separáveis. No entanto, também se concluiu que a separabilidade pode
ser possível numa determinada zona do espectro e não noutra. Por
exemplo, água e vegetação podem ter características espectrais
semelhantes na zona do visível, e bastante diferentes no infravermelho
próximo. Assim, para separar estes tipos de elementos numa imagem é
melhor usar o infravermelho do que qualquer zona do visível.

Como as características espectrais dos elementos podem permitir


identificar o tipo de elemento e/ou a sua condição, estas características
têm sido designadas na literatura por assinatura espectral. O termo
assinatura pressupõe um padrão que é absoluto e único. Contudo, não
é isto que se passa no mundo real já que a resposta espectral de um
determinado elemento pode variar bastante, dependendo quer de
condições intrínsecas quer extrínsecas ao próprio elemento.

Esta variabilidade espectral pode conduzir a problemas na identificação


de elementos, mas também é a razão pela qual podemos usar
características espectrais para distinguir a condição de um determinado
elemento. Por exemplo, pode-se utilizar imagens de satélite para
identificar vegetação sujeita a um determinado stress. Assim, é mais
correcto utilizar o termo padrão espectral em vez de assinatura
espectral.

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O padrão espectral de um determinado tipo de elemento pode ser


afectado por:
♦ Ângulo de iluminação;
♦ Topografia;
♦ Atmosfera;
♦ Contaminação por outros elementos dentro do mesmo pixel;
♦ Contaminação por outros elementos não pertencentes ao mesmo
pixel;
♦ Variações ambientais no próprio elemento: associação com outras
superfícies, homogeneidade, estado fenológico, etc.;
♦ Substrato edáfico ou litológico

5.2.8. Resoluções
Alguns dos aspetos chaves sobre os satélites em sensoriamento remoto
estão relacionados com as suas respectivas resoluções e que variam de
satélite para satélite. O aspecto resolução esta directamente ligado a
quantidade de informação contida numa imagem. A resolução de uma
imagem pode ser definida em 4 dimensões: espacial, espectral,
radiométrica e temporal. A seguir são descritas as quatro resoluções.

5.2.8.1. Resolução espacial


A resolução espacial corresponde ao mais pequeno elemento que pode
ser detectado por um determinado sensor, e define o detalhe espacial
de uma imagem. A resolução espacial depende primariamente do
campo instantâneo de visão do sensor, normalmente designado por
IFOV (Instantaneous Field of View). O IFOV é o cone angular de
visibilidade de um sensor e determina a área de terreno que, na teoria,
é observada pelo sistema posicionado a uma dada altitude e num dado
instante de tempo. As unidades do IFOV são micro-radianos (1 mrad =
10-3 rad).
O tamanho da área, normalmente designada por GFOV (Ground Field
of View), que é observada pode ser determinada pela multiplicação do
IFOV pela distância do sensor ao solo. Esta área no solo é designada por
célula de resolução e determina a resolução máxima do sensor. Para
que um determinado objecto possa ser detectado, o seu tamanho tem
que ser igual ou superior à célula de resolução. Contudo repare-se que,
por vezes, objectos mais pequenos que a célula de resolução podem ser
detectados, se a sua reflectância dominar a reflectância de outros
elementos existentes no mesmo pixel.
A resolução espacial pode variar desde 1 m do IKONOS, passando por
30 m do Landsat TM, 250 m de algumas bandas do EOS-MODIS até 1.1
Km do NOAA/AVHRR. A seguir podem ser observadas duas imagens

99
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referentes a mesma área (Cidade da Beira) com diferente resolução


espacial.
Figura: Vista do Hospital Central da Beira (imagem de satélite do
IKONOS com 1m de resolução espacial)

Figura 19. Imagem de satélite Ikonos.

5.2.8.2. Resolução temporal


A resolução temporal será medida em um intervalo de tempo entre dois
vôos idênticos sobre a mesma área, também pode ser chamada de taxas
de repetição. A resolução temporal é determinada pela altitude e órbita
do satélite, bem como as características do sensor (ângulo de visão).
A taxa de repetição e a resolução temporal dos satélites de observação
da Terra é de 14 - 16 dias (14 dias IKONOS, LANDSAT 7: 16 dias, SPOT:
26 dias). Satélites meteorológicos como METEOSAT 8 com 15 min têm
taxas de repetência extremamente curtos.
A resolução temporal de sensores passivos pode ser "esticada" através
de cobertura de nuvens. Essas áreas não podem ser representativas
quando um satélite passa sobre elas.
As imagens de uma área tomadas em momentos diferentes
(mensalmente, anualmente, e por década) podem ser usado para a
análise multitemporal. Elas permitem as seguintes análises: mudanças
sazonais da vegetação; a expansão das cidades ao longo de décadas;
documentação de desmatamento na floresta tropical etc.

5.2.8.3. Resolução radiométrica


A resolução radiométrica consiste na capacidade do sensor registar
variações na intensidade da radiação para um dado comprimento de
onda, e define o número de níveis digitais usados para exprimir os
dados recolhidos pelo sensor. Quanto maior for a resolução
radiométrica de um sensor, maior é a capacidade do sensor para
detectar e registar pequenas diferenças na energia reflectida. Os dados
de imagens podem ser representados por um número digital positivo
de 0 até uma determinada potência de 2. Este valor corresponde ao

100
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

número de bits utilizados para codificar números em formato binário.


Cada bit grava uma potência de 2. Por exemplo se um sensor usa 8 bits
para gravar dados, então existem 256 (28) níveis disponíveis, e os
números digitais (ND) variam de 0 a 255. Mas se um sensor utiliza
apenas 4 bits para gravar os dados, então só existem 16 (24) níveis
disponíveis, e os ND variam de 0 a 15.

5.2.8.4. Resolução espectral


A resolução espectral refere-se à dimensão e ao número de intervalos
de comprimento de onda específicos (canais espectrais) do espectro
electromagnético que o sensor é capaz de distinguir. De acordo com a
resolução espectral, os sensores podem ser classificados em multi-
espectrais e hiper-espectrais. Os sensores multi-espectrais gravam a
energia num pequeno número de regiões do espectro
electromagnético. Os sensores hiperespectrais gravam a energia num
grande número de estreitas regiões do espectro electromagnético.
Alguns autores ainda distinguem sensores com banda larga e sensores
com banda estreita. Os vários sensores montados em satélites têm
resoluções espectrais bastante diferentes. No que respeita ao número
de bandas, temos por exemplo o SPOT-HRV com 4 bandas, o TM com 7
bandas, e o EOS-MODIS com 36 bandas.
Enquanto o olho humano reconhece somente o espectro da luz visível,
um satélite pode, dependendo do tipo, descrever a luz de forma
diferente em várias áreas espectrais. A maioria dos satélites de
observação da Terra têm entre 3-8 bandas e por isso são chamados
multispectral como por exemplo o satélite americano LANDSAT e o
francês SPOT.
Quanto maior a resolução espectral, quanto mais estreita for o
comprimento de onda para uma banda específica, consequentemente
mais bandas existem. Com uma maior resolução espectral objetos
individuais podem ser percebidos melhor e espectralmente
distinguidos.
A luz visível: na área da luz visível sensores de satélites passivos são tão
sensíveis quantos os olhos humanos. Satélites vêm o mesmo que uma
pessoa iria ver quando se olha para a Terra de uma altitude de cerca de
1.000 Km. Os satélites, no entanto, capturam apenas o que está sendo
iluminado pelo sol.
Sensores infravermelhos medem diferentes graus de calor no próximo,
médio e distante (térmico) de infravermelho. Eles medem, por
exemplo, a temperatura superficial das nuvens e podem contribuir com
informação sobre as dimensões de nuvens.
Dados pancromáticos designam geralmente a sensibilidade espectral
de um sensor. Os valores de reflexão são dados em escalas de cinza
diferenciados (em preto e branco).

101
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Exemplo de resoluções do Satélite Landsat 8

Sumário
Nesta Unidade Temática 5.2. estudamos e discutimos
fundamentalmente que o sensoriamento remoto constitui uma
excelente fonte de obtenção de dados espaciais, designadamente as
imagens de satélite que dependendo da sua resolução, podem fornecer
informações com aplicação em diversas áreas como agricultura e
florestas, cartografia e planeamento, meio ambiente, geologia,
oceanografia e recursos, recursos hídricos, meteorologia, entre outras
áreas associados ao baixo custo para sua obtenção. Também foram
identificados os Componentes de um sistema de Sensoriamento
Remoto bem como as principais divisões ou regiões do espectro
eletromagnético. E por fim, a escolha de um determinado produto
provindo do sensoriamento remoto deve ter em conta a finalidade e as
características do sensor.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Constituem componentes do sensoriamento remoto os seguintes:
A) radiação e atmosfera; fonte de energia ou iluminação; transmissão,
recepção e processamento.
B) aplicação; interacção da radiação com os objectos; mapeamento.
C) digitalização; interpretação e análise; gravação da energia pelo
sensor.
D) transmissão, recepção; integração de componentes e
processamento.

102
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2. O sensoriamento remoto é definido como sendo:


A. Área de conhecimento que faz o Georreferenciamento de dados
espaciais.
B. Ciência ou procedimento para obtenção de informação sobre
objecto, área ou fenómeno através da análise dos dados adquiridos sem
contacto com o objecto, área ou fenómeno.
C. Ciência para obtenção de informação sobre objecto, área ou
fenómeno através da análise dos dados adquiridos pelo contacto com
o objecto, área ou fenómeno.
D. Ciência centrada na análise espacial.

3. O olho humano não é sensível a todo espectro electromagnético,


sendo apenas sensível na banda:
A. do microondas
B. do térmico
C. do visível
D. Infravelmelho

4. A área no solo designada por célula de resolução e que determina a


resolução máxima do sensor, relaciona-se com que tipo de resolução?
A. Espacial
B. Espectral
C. Radiométrica
D. Temporal

5. Alguns Satélites meteorológicos como METEOSAT 8 tem taxas de


repetência extremamente curtos. Esta descrição corresponde a
resolução:
A. Espacial
B. Espectral
C. Radiométrica
D. Temporal

6. Numa imagem de satélite, para melhor analise da água e vegetação


recomenda-se a zona do:
A) visível,
B) infravermelho próximo
C) microondas
D) raios X

Respostas: 1. A; 2. B; 3. C; 4. A; 5. D; 6. B.

103
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Exercícios para AVALIAÇÃO


Atribua o valor lógico de cada proposição (V SE for verdadeira e F se for
falsa).

1. O olho humano tem a mesma sensibilidade que um sensor de satélite.


a. Verdade
b. Falso

2. O olho humano não é sensível em todo espectro eletromagnético.


a. Verdade
b. Falso

3. O infravermelho é notável pelo olho humano.


a. Verdade
b. Falso

4. O olho humano é sensível aos raios X.


a. Verdade
b. Falso

5. a irradiância representa a intensidade do fluxo radiante, proveniente


de todas as direções, que atinge uma dada superfície.
a. Verdade
b. Falso

6. a irradiância representa a intensidade do fluxo radiante, proveniente


de todas as direções, que não atinge uma dada superfície.
a. Verdade
b. Falso

7. O fluxo radiante quando atinge uma superfície, ele sofre três


fenómenos: reflexão, transmissão e absorção.
a. Verdade
b. Falso

8. Todo sensor possui uma abertura pela qual a energia eletromagnética


refletida ou emitida pelos objetos passa em direção ao chamado
“detetor”, que é o elemento que realmente “sente” a mesma.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1F; 2V; 3F; 4F; 5V; 6F; 7V; 8V.

104
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

UNIDADE TEMÁTICA 5.3. Colecta de Dados em Geoprocessamento

Introdução
Quando se lida com coordenadas obtidas a partir de trabalhos de
campo, seja por levantamentos topográficos ou com a utilização de
sistemas de posicionamento por satélites, deve-se num primeiro
momento, avaliar a precisão dos trabalhos realizados. Esta vai depender
da acurácia do equipamento e da competência do operador. Não se
pode esquecer, igualmente, a finalidade do levantamento, pois os
deslocamentos de alguns milímetros, em certos trabalhos, podem
implicar resultados desastrosos.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Caracterizar os levantamentos topográficos;
▪ Conhecer os Sistemas de Posicionamento por Satélite; e
Objectivos ▪ Conhecer o Sistema de Posicionamento Global (GPS).
específicos

5.3.1. Levantamentos Topográficos

Os levantamentos topográficos tradicionais trazem um conjunto de


coordenadas de pontos obtidas com a utilização de equipamentos de
precisão excecional. Os levantamentos topográficos são próprios para
gerar cartas topográficas de escalas maiores que 1/5.000, sendo
exageradamente minuciosos, entretanto, para mapear áreas pequena.
Dessa forma, a relação custo-benefício, ditada principalmente pelo
valor dos equipamentos e da mão-de-obra do pessoal envolvido, ficaria
sobremaneira prejudicada.
Esse sistema faz uso de dezenas de satélites que descrevem órbitas
circulares inclinadas em relação ao plano do equador, com duração de
12 horas siderais. Os satélites estão posicionados numa altura de cerca
de 20.200 Km em relação a superfície terrestre e enviam sinais que são
capturados por um ou mais receptores GPS no terreno.

As coordenadas geográficas e da altitude de um ponto são lidas por


meio de um processo semelhante a triangulação. Para isso, são
selecionados, no mínimo, os quatro satélites melhor posicionados em
relação aos aparelhos situados na superfície terrestre. As coordenadas
adquiridas por GPS podem ser lidas de duas formas básicas:

a) Como um posicionamento absoluto, em que se utiliza apenas um

105
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

receptor GPS para a realização das leituras, de forma isolada, quando a


precisão exigida é fixada pela acurácia do aparelho. Essa maneira de
posicionamento e utilizada nos processos de navegação em geral; por
exemplo, em embarcações, automóveis e levantamentos expeditos
realizados em campo.
b) Com um posicionamento relativo, quando no processo de leitura são
utilizadas pelo menos duas estações que fazem a leitura simultânea dos
mesmos satélites. Se forem usados dois aparelhos, um deve estar
situado sobre um ponto ou uma estação de referência onde as
coordenadas são conhecidas e serve para corrigir os erros provocados
pelas interferências geradas nas transmissões, enquanto o outro é
utilizado para a realização das leituras necessárias ao levantamento.
Como os dois receptores leem os mesmos dados ao mesmo tempo, é
possível estabelecer uma relação entre as leituras e de seguida fazer
ajuste ou correção diferencial, com recurso a certos programas. Esta
forma e utilizada quando os trabalhos requerem grande precisão
(recorre-se aos GPS geodésicos - até na ordem dos mm) (FITZ, 2008).

Figura 20. Exemplo de um receptor para levantamentos topográficos.

5.3.2. Sistemas de Posicionamento por Satélite

Outra forma de obtenção de coordenadas geográficas em campo se dá


com o uso de sistemas de posicionamento por satélite. Os sistemas em
operação utilizados para esse fim - Global Position System (GPS), Global
Navigation Satélite System (Glonass) e Galileo- são baseados no
recebimento de dados dedos em terra via satélite.
Dada a crescente evolução de tais sistemas verifica-se que estes, aos
poucos, tendem a subir, em boa parte dos casos, os levantamentos
topográficos tradicionais. Para além

106
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

dos três sistemas de posicionamento por satélite acima referidos,


existem um recém-estreado, o sistema chinês, designado por Beidou ou
BDS, que colocou em órbita o último satélite em 2020.

5.3.2.1 Sistema de Posicionamento Global (GPS)

Atualmente o sistema de posicionamento por satélite mais utilizado no


mundo é o GPS e foi concebido nos Estados Unidos com fins militares.
Entretanto, por causa da crescente demanda, acabou se disseminado
pelo mundo, constituindo-se atualmente, como uma ferramenta de
enorme utilidade para os mais diversos fins. Na tabela a seguir, observe
algumas características dos receptores GPS de acordo com o grau de
precisão.

Algumas características de receptores GPS


Tipo Características Precisão
Principais Planimétrica
Navegação Método absoluto de Maior do que 10m
busca
Métrico Método relativo de Entre 1m e 10m
busca
Submétrico Método relativo de Entre 0,1m e 1,0m
busca
Geodésico Método relativo de Entre 0,1m e
busca 0,001m

Sumário
Nesta Unidade Temática 5.3. estudamos e discutimos
fundamentalmente que levantamentos topográficos e Sistemas de
Posicionamento por Satélite com destaque para o Sistema de
Posicionamento Global (GPS) são excelentes fontes para a obtenção de
dados em Geoprocessamento. Os levantamentos topográficos têm a
vantagem de gerar cartas topográficas de escalas maiores conferindo
maior precisão, mas para mapear áreas pequena. As aquisições de
coordenadas por GPS podem ser lidas como um posicionamento
absoluto (menor precisão) e como um posicionamento relativo (com
maior precisão). Existem muitos sistemas de posicionamento por
satélite, contudo, o GPS é o sistema mais usado na actualidade.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. O levantamento topográfico pode ser entendido como:

A. A recolha de dados necessários à elaboração de um mapa de uma


determinada superfície terrestre.
B. A recolha de dados necessários à elaboração de uma planta ou carta
topográfica de uma dada parcela da superfície terrestre.
C. A recolha de dados necessários à elaboração de um mapa altimétrico
uma determinada superfície terrestre.
D. A recolha de dados necessários à elaboração de um mapa
planimétrico uma determinada superfície terrestre.

2. A aquisição da informação topográfica para a elaboração de cartas ou


plantas é feita com o recurso a métodos como:
A. o método cartográfico
B. método estatístico
C. o método matemático
D. método fotogramétrico

3. No levantamento topográfico, para a escolha do método mais


adequado deve-se tomar em conta:
A. a área e as suas características geográficas
B. escala do levantamento e a finalidade
C. a área e a sua localização
D. a área e a escala do levantamento

4. Qual é o principal sistema de posicionamento por satélite em uso?


A. BDS
B. Global Position System (GPS)
C. Global Navigation Satélite System (Glonass)
D. Galileo

5. O sistema de navegação por satélite Galileu pertence:


A. China
B. USA
C. União Europeia
D. Rússia

Respostas: 1B, 2D, 3D, 4B, 5C.

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. O levantamento topográfico é um conjunto de operações com a
finalidade de determinar a posição relativa de pontos na superfície
terrestre.
a. Verdade
b. Falso

108
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

2. O levantamento topográfico tem por objetivo representar na planta


ou na carta, todos os acidentes geográficos e todas as medidas entre
pontos notáveis existentes em uma extensa área.
a. Verdade
b. Falso

3. O levantamento topográfico planimétrico se caracteriza pela


medição das projeções horizontais que definem uma área.
a. Verdade
b. Falso

4. O levantamento topográfico altimétrico consiste na definição das


alturas ou grau de declividade de um terreno.
a. Verdade
b. Falso

5. O método topográfico apresenta uma limitação quando se trata de


levantamentos topográficos de áreas de menor extensão.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1V, 2F, 3V, 4V, 5F.

Exercícios do TEMA
1. Quais os sistemas de posicionamento por satélite estão em uso na
actualidade?
A. Global Position System (GPS), Global Navigation Satélite System
(Glonass), GPRS
B. Global Position System (GPS), GPRS e Galileo
C. Global Position System (GPS), Global Navigation Satélite System
(Glonass), Galileo e BDS
D. Navistar, Global Position System (GPS), Global Navigation Satélite
System (Glonass)

2. Um condutor com receptor GPS integrado num automóvel, a que


segmento pertence?
A. Controle
B. Espacial
C. Usuário
D. Nenhuma opcão está certa.

3. O objetivo de monitorar, corrigir e garantir o funcionamento do


sistema GPS pertence ao segmento:
A. de Controle
B. Espacial
C. Usuário
109
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

D. Tanto do controle como espacial

Quanto à resolução espacial dos sistemas eletro-ópticos, marque com


V/F a seguir.

4. À medida que o tamanho do pixel aumenta, a imagem resultante


apresenta-se mais definida.
a. Verdade
b. Falso

5. À medida que o tamanho do pixel diminui, a imagem resultante


apresenta-se menos definida.
a. Verdade
b. Falso

6. À medida que o tamanho do pixel aumenta, a imagem resultante


apresenta-se menos definida.
a. Verdade
b. Falso

7. À medida que o tamanho do pixel diminui, a imagem resultante


apresenta-se mais definida.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1C; 2C; 3A; 4F; 5F; 6V; 7V.

Referências Bibliográficas

ALBUQUERQUE, P. C. G.; SANTOS, C. C. (2005). GPS para iniciantes. Mini


curso XII SBSR. Goiânia, 16-21 de Abril. São José dos Campos: INPE.
Disponível em:
<http://mtcm12.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/jeferson/2003/06.02.09.16
/doc/ m12.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/jeferson/2003/06.02.09.16/doc/

Direção do Sensoriamento Remoto. Instituto Nacional de Pesquisas


Espaciais. http://www.dsr.inpe.br/vcsr/files/Apresentacao_GPS.pdf

FITZ, P. R. (2008). Geoprocessamento sem complicações. São Paulo,


Brasil.

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TEMA – VI: ELABORAÇÃO DE MAPAS EM SIG

Introdução

Para além da utilização de mapas diversos para a condução dos


trabalhos com o uso de SIG, outros mapas podem ser obtidos como
produtos derivados desses sistemas. Esses mapas geralmente se
vinculam a um tema específico, sendo, em decorrência, denominados
de mapas temáticos.
A utilização do geoprocessamento propicia facilidades quanto a
confeção de mapas, o que pode vir a gerar tanto bons produtos quanto
tantos desastrosos. A geração de mapas temáticos necessita de outros
mapas como base. O objetivo básico dos mapas temáticos é o de
fornecer uma representação dos fenómenos existentes sobre a
superfície terrestre fazendo uso de uma simbologia específica. Com
certos cuidados, pode-se afirmar que qualquer mapa que apresente
outra informação, distinta da mera representação da porção analisada
pode ser enquadrado como temático.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Conhecer os princípios para a elaboração de mapas em Sistemas de
Informação Geográfica.
▪ Conhecer os elementos que compõe um mapa e o papel de cada um.
Objectivos
específicos

6.1. A Base Cartográfica


Quando se quer elaborar qualquer mapa temático, deve-se ter
primeiramente um documento cartográfico que contenha informações
concernentes à superfície do terreno que esta sendo estudado. É o que
se chama de mapa-base ou base cartográfica. Esta base não deve ser
encarada como uma informação isolada do tema a ser representado,
mas como parte dele, sendo o pano de fundo sobre o qual se passa o
fenómeno ou fato analisado. Deve fornecer, assim, indicações precisas
sobre os elementos do terreno, tanto geográficos como antrópicos,
sendo que estes últimos devem ser os mais atualizados possíveis.

Quem vai produzir um determinado mapa deve aproveitar cartas e/ou


mapas já existentes, com a possibilidade de modificá-los de acordo com
o tema que esteja sendo estudado. A quantidade e os detalhes das
indicações da base irão variar de acordo com a escala de trabalho, além
do tema a ser representado. Por outro lado, deve haver um equilíbrio
entre a representação das informações do terreno e a das informações

111
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

temáticas, pois a base não deve diminuir a legibilidade do mapa e


mascarar os dados temáticos, o que comprometeria o seu objetivo. De
acordo com o tema e o objetivo do mapa, a base pode ser planimétrica,
planialtimétrica, hidrográfica, administrativa, entre outros elementos.

De acordo com o influente pesquisador dos SIG Michael F. Goodchild foi


apresentada uma lista de “questões-chave” para SIG que inclui: 1.
Coleta e medição de dados; 2. Captura de dados; 3. Estatística espacial;
4. Modelagem de dados e teorias de dados espaciais; 5. Estruturas de
dados, algoritmos e processos; 6. Exibição; 7. Ferramentas analíticas; e,
8. Questões institucionais, gerenciais e éticas.

6.2. Elementos Constituintes de um Mapa Temático

Entre os variados elementos passíveis de estarem presentes em um


mapa temático, merecem destaque:
 O título do mapa: realçado, preciso e conciso;
 As convenções utilizadas;
 A base de origem (mapa - base, dados, etc.);
 As referências (autoria, responsabilidade técnica, data de
confeção, fontes, etc.);
 A indicação da direção norte;
 A escala;
 O sistema de projeção utilizado;
 O (s) sistema (s) de coordenação utilizado (s).

Estes elementos são vitais num mapa, e ainda, deve-se destacar que, se
tratando de mapas digitais, todas as informações listadas tornam-se
praticamente indispensáveis, já que sua omissão impediria trabalhos
com a utilização das técnicas do Geoprocessamento.
Os mapas temáticos gerados a partir do uso das técnicas de
Geoprocessamento devem apresentar determinadas características
básicas para que possam ser facilmente entendidos por qualquer
usuário profissional ou leigo. Nesse sentido, deve -se lembrar que as
cartas são representações do terreno elaboradas com a finalidade de
apresentar as características do terreno o mais fielmente possível.

6.3. Símbolos Convencionais e Legendas

Um mapa é um desenho que retrata um lugar ou uma determinada


porção do espaço, em um certo momento. A finalidade dos mapas é

112
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

facilitar a orientação no espaço e aumentar nosso conhecimento sobre


ele. Ou seja, os mapas nos permitem conhecer melhor uma área, uma
cidade, uma região, um país. Os elementos ou fenómenos ou objetos,
são representados em um mapa através de símbolos ou desenhos
especiais chamados de convenções cartográficas. Precisamos criar as
convenções cartográficas porque não podemos desenhar as coisas
exatamente como elas são na realidade. Os objetos são representados
de um único ângulo, ou seja, como se fossem vistos de cima. A
explicação das convenções cartográficas utilizadas se encontra na
legenda do mapa. Um mapa é um meio de informação, é como se fosse
um livro, feito de figuras e palavras, que podemos "ler", interpretando
sua legenda.
E, a partir das informações que ele nos fornece, conseguimos descobrir
alguns fatos da área mapeada. Os mapas fornecem uma visão gráfica da
distribuição e das relações espaciais. Mais precisa do que um relato
verbal, a linguagem dos mapas baseia-se no uso de símbolos. Cada
símbolo precisa satisfazer quatro requisitos fundamentais:
 Ser uniforme em um mapa ou em uma série de mapas;
 Ser compreensível, sem dar margens a suposições;
 Ser legível; e
 Ser suficientemente preciso

Preenchendo tais requisitos, os símbolos possibilitam o estudo


adequado da localização e da distribuição dos fenómenos
representados nos mapas, permitindo sua identificação e classificação.
Por exemplo, quanto aos aspectos hidrográficos, os símbolos devem
permitir ao leitor distinguir os diferentes tamanhos dos rios, sua
perenidade ou não, se existem cursos que sofreram canalização e
distingui-los dos naturais, etc.

Em relação aos transportes, deve-se observar os diferentes tipos de


estradas, se existem obras arquitetónicas, o tipo de piso, etc. É
importante observar a maneira como estão escritos as palavras e os
nomes das localidades nos mapas. O tamanho das letras empregadas
(maiúsculas ou minúsculas) indica, muitas vezes, diferença em uma
mesma categoria de fenómenos, como, por exemplo, entre vilas,
cidades e capitais. A área representada no mapa deve ter localização
em relação as coordenadas geográficas, escala, título e outros
elementos.

6.4. As Variáveis da Retina

A linguagem gráfica é formada por variáveis da retina. Por ser a retina


o órgão sensível do olho, todas as variações percebidas por ela são
chamadas variáveis da retina, a saber:

113
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

 Tamanho - é usado para representar dados quantitativos,


traduzindo a proporção entre as classes dos diversos elementos
cartográficos. Para a sua representação, usam-se as formas
básicas (círculos, quadrados, retângulos, triângulos),
conferindo-lhe tamanhos proporcionais ao valor dos dados.
Varia do grande, médio, pequeno. Ex. total de população por
distritos.
 Valor - é usado para representar dados ordenativos, através da
variação de tonalidade do branco ao preto, passando pelos tons
cinza ou vermelho, ou de verde, ou de azul. O branco representa
ausência (0 %) e o preto a totalidade (100 %), e os outros níveis
representam valores intermediários, indo do claro
(percentagens menores) ao escuro (percentagens maiores). Ex.
profundidades do mar, altitudes, etc.
 Granulação - também usado para representar dados
ordenativos, porém em substituição ao valor. Consiste na
variação da repartição de preto no branco, onde a proporção de
preto e branco permanece.
 Cor - é usada para representar dados qualitativos (seletivos).
Consiste na variação das cores do arco-íris, sem variação de
tonalidade, tendo as cores a mesma intensidade. Por exemplo:
usar o azul, o vermelho e o verde é usar a variável da retina
"cor". O uso do azul claro, do azul médio e do azul escuro,
corresponde a variável da retina "valor".
 Orientação - também usada para representar dados qualitativos
(seletivos) em substituição à cor. Orientação são as variações de
posição entre a vertical, o oblíquo e a horizontal.
 Forma - usada para representar dados qualitativos
(associativos). Agrupa todas as variações geométricas ou não.
Elas são múltiplas e diversas, podem ser geométricas (círculo,
quadrado, triângulo, etc.) ou pictóricas. As formas não devem
ser muito variadas, se possível, devem ser limitadas a no
máximo seis. Esses mapas são de fácil representação e leitura. A
forma é um ponto, e, portanto, indica a localização.

As tonalidades, hachuras – constituem métodos de representação que


utilizam traços cruzados ou paralelos de igual espaçamento para dar
ideia de densidade ou para a representação da estrutura de um relevo
- ou aos coloridos utilizados, que, para uma boa representação, devem
ser de fácil e imediata compreensão.

As execuções de um mapa com informações quantitativas devem


possuir tons diferenciados, do mais claro (ou hachuras mais espaçadas),
para valores menores, até tons mais escuros (ou hachuramento mais
denso) para valores maiores. Um mapa hipsométrico, por exemplo,
representa o relevo por meio da utilização de cores para as diferentes
altitudes; em geral, as áreas baixas são representadas por tons de verde

114
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

passando para amarelo; as medias altitudes, por tons amarelados ate


avermelhados; e as maiores altitudes, por tons de vermelho ate
marrom. Muitas vezes, acrescenta- se em tons de cinza claro, uma área
correspondente a linha de neve presente em grandes altitudes. A seguir
são apresentadas algumas formas de representação.

 Objectos em forma de linha contínua ou não, exemplos:


estradas, rios, etc.;
 Forma pontual: utilizada para as informações cuja
representação pode ser traduzida por pontos ou figuras
geométricas. Exemplos: cidades, casas, indústrias, etc.;
 Forma zonal: usada para representar as informações que
ocupam uma determinada extensão sobre a área a ser
trabalhada. Essa representação e feita a utilização de polígonos.
Exemplos: vegetação, solos, clima, geologia, etc.

Assim, em um mapa hipsométrico, utiliza- se duas ou três cores básicas


e variações tonais intermediárias entre elas, a fim de representar
melhor as diferenças de altitude. Já em mapas políticos, por exemplo,
as divisões administrativas deverão apresentar cores bem distintas
umas das outras, a fim de facilitar a localização das fronteiras. Tais
cuidados são necessários na medida em que, em meio digital, cada cor
apresentada no mapa esta associada a um valor numérico, o qual, por
sua vez, pode estar relacionado a um base de dados específico.
A forma do símbolo utilizado é outra característica fundamental para
uma informação precisa e objetiva. As informações existentes na
realidade da superfície devem ser, como já foi dito, de fácil
compreensão.

A seguir pode se observar uma visão geral de um SIG e suas


potencialidades.

Figura 21. Potencialidades de um SIG.

115
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Sumário
Nesta Unidade Temática 6. estudamos e discutimos
fundamentalmente sobre a elaboração de mapas com recurso aos
sistemas de informação geográfica (SIG). Os mapas são constituídos por
elementos para facilitar o seu entendimento, nomeadamente o título
do mapa: realçado, preciso e conciso; as convenções utilizadas; a base
de origem (mapa - base, dados, etc.); as referências (autoria,
responsabilidade técnica, data de confeção, fontes, etc.); a indicação da
direção norte; a escala; o sistema de projeção utilizado; e o (s) sistema
(s) de coordenação utilizado (s). Também falamos da linguagem gráfica
que é formada por variáveis da retina.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

1. Uma das vantagens de uso dos SIGs na elaboração dos mapas


prende-se com:
A. A facilidade na aquisição de dados
B. Facilidade na elaboração de mapas
C. Disponibilidade de geoinformação
D. Existência de programas livres

2. Um mapa é constituído de vários elementos. O responsável pela


leitura e interpretação da informação representada no mapa é
designado por:
A. Corpo do mapa
B. Fonte
C. Legenda
D. Orientação

3. A relação entre medidas reais dos objectos e fenómenos


representados e as medidas dos mesmos no mapa é estabelecida pela:
A. Base de origem
B. Escala
C. Fonte
D. Legenda

4. Qual é a variável de retina usada para representar dados


qualitativos que consiste na variação das cores, sem variação de
tonalidade, tendo as cores a mesma intensidade?
A. Cor
B. Forma
C. Granulação
D. Orientação

116
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

5. A que variável de retina se recorre para representar os efectivos de


bovinos por cada província de Moçambique?
A. Forma
B. Granulação
C. Tamanho
D. Valor

6. A produção de um mapa contendo as localidades de um distrito o


mapa – base seria de natureza:
A. Administrativa
B. Hidrográfica
C. Planimétrica
D. Planialtimétrica

Respostas: 1. B; 2. C; 3. B; 4. A; 5. C; 6A.

Exercícios para AVALIAÇÃO

1. Na produção de mapas a informação designada de mapa-base ou


base cartográfica é a informação que representa o tema do mapa.
a. Verdade
b. Falso

2. A quantidade e os detalhes das indicações da base irão variar de


acordo com a escala de trabalho, além do tema a ser representado.
a. Verdade
b. Falso

3. Os fenómenos ou objetos são representados em um mapa através


de símbolos ou desenhos especiais chamados de convenções
cartográficas que se parecem com a realidade.
a. Verdade
b. Falso

4. A explicação das convenções cartográficas utilizadas se encontra na


legenda do mapa.
a. Verdade
b. Falso

5. Nas variáveis de retina o valor é usado para representar dados


quantitativos, traduzindo a proporção entre as classes dos diversos
elementos cartográficos.
a. Verdade
b. Falso

Respostas: 1F, 2V, 3F, 4V, 5F.

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Exercícios do TEMA

1. Para representar a forma de relevo de uma determinada área pode-


se recorrer a:
A. Hachuras
B. Orientação
C. Tamanho
D. Valor

2. O DEM (Modelo Digital de Elevação) é um modelo frequentemente


recorrido para representar:
A. Densidade Populacional
B. Hipsometria
C. Limites administrativos
D. Redes

3. Qual é o elemento relacionado com o tema que será tratado no

mapa?
A. Escala
B. Orientação
C. Legenda
D. Título

4. Como poderia representar os aspectos geográficos dos distritos de


uma província (clima, hidrografia e população)? Indique as variáveis de
retina correspondentes.
A. Tamanho. Forma, cor
B. Forma, cor, tamanha
C.T amanho, cor, forma
D. Cor, forma, tamanho

5. O processo de representação de objectos e fenómenos em um mapa


ocorre por meio de transformações que resultam em generalizações.
Neste caso, o maior ou menor número de detalhes no mapa esta
relacionado com:
A. Escala
B. Fonte de dados
C. Legenda
D. Título

Respostas: 1A; 2B; 3D; 4D; 5A.

Referências Bibliográficas

118
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

FITZ, P. R. (2008). Geoprocessamento sem complicações. São Paulo,


Brasil.

ROSA, R. (2013). Introdução ao Geoprocessamento Universidade


Federal de Uberlândia, Instituto de Geografia Laboratório de
Geoprocessamento.

WINTHER, Rasmus Gronfeldt. Kinds in GIS and Cartography. University


of California, Santa Cruz January UCSC | Division of Humanities
Mapping, 2016. at:
https://www.researchgate.net/publication/279538337

119
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

TEMA – VII: UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES DE GEOPROCESSAMENTO

Introdução
Esta unidade temática versa sobre softwares de Geoprocessamento
que podem ser distintos em dois grupos designadamente os softwares
livres (alguns contendo dados também grátis) e os softwares
comerciais. Nesta abordagem, dará se enfase aos softwares livres pela
facilidade da sua obtenção e utilização por parte dos estudantes. Os
objetivos desta unidade temática são identificar os softwares de
Geoprocessamento; e caracterizar os softwares de Geoprocessamento.

Softwares de Geoprocessamento podem ser entendidos como sistemas


de informação Geográfica ou programas que desempenham as funções
de importação, tratamento e apresentação de informações espaciais.
Eles definem relações espaciais entre os elementos de base de dados.
São numerosos e podem abranger inúmeros aplicativos – Geodésia,
Cartografia, Estatística, Geoestatística, Processamento Digital de
imagens, CAD, etc. A seguir são apresentados alguns softwares
utilizados em Geoprocessamento.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Identificar os principais softwares usados em Geoprocessamento;
▪ Conhecer as características de cada software usado em Geoprocessamnto;
Objectivos
específicos

120
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7.1. ArcGis
O ArcGIS é um sistema de informação geográfica (Geographic
Information System - GIS) utilizado para criar, gerenciar,
compartilhar e analisar dados espaciais. O sistema fornece uma
infraestrutura para criar mapas e buscar informações geográficas e
inclui os seguintes softwares para o desktop do Windows:
ArcReader, que permite visualizar e consultar mapas criados com os
outros produtos do ArcGIS e ArcGIS para Desktop, que está licenciado
sob três níveis de funcionalidades:

1) Desktop Básico (anteriormente conhecido como ArcView), que


permite visualizar dados espaciais, criar mapas em camadas, e realizar
análise espacial de base;

2) Desktop Standard (anteriormente conhecido como ArcEditor), que,


além da funcionalidade do ArcView, inclui ferramentas mais avançadas
para manipulação de arquivos de forma e geodatabases;

3) Advanced Desktop (anteriormente conhecido como ArcInfo), que


inclui capacidades de manipulação de dados, edição e análise.
De seguida são ilustrados alguns softwares livres para
Geoprocessamento, que podem ser baixados e usados sem
complicações. Exemplos de softwares livres para Geoprocessamento.

7.2. QGIS

Ainda chamado por muitos de Quantum GIS, seu nome anterior, o QGIS
é um dos mais conhecidos softwares livres de SIG. Ele
permite visualizar, analisar e editar dados espaciais
georreferenciados.Foi iniciado por Gary Sherman, em meados de 2002
em C++ (linguagem de programação) e é totalmente multiplataforma,
sendo instalado nos Sistemas Operacionais Windows, Linux, Mac OS X
e sistemas UNIX.

O QGIS está disponível em vários idiomas, dentre os quais, o Português.


Uma de suas principais características, típicas de softwares livres, é a
possibilidade de suporte à plugins, que podem complementar suas
funções, aumentando a capacidade deste software SIG.Os plugins
podem ser desenvolvidos por qualquer pessoa, desde que saibam
programar em C++ ou Python. Ambas as linguagens de programação
também são incluídas para criação de funções dentro do software SIG,
assim como a linguagem SQL para manipulação de parâmetros do base
de dados do QGIS.
Além disso, o QGIS permite integração com outros softwares, como o
Grass GIS e o Post GIS. Como um software livre, o seu programa
principal pode ser editado, sendo,
121
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

devido à isso, bastante atualizado pela comunidade. Alternativa de


peso para os softwares SIGs, o gvSIG tem a sua disposição todo tipo de
ferramentas para analisar e gerenciar informações geográficas, sendo
totalmente livre, o que permite livre edição de seus códigos.

7.3. gvSIG
O gvSIG permite a aquisição, armazenamento, gerenciamento,
manipulação, processamento, exibição e publicação de dados e
informações geográficas, podendo trabalhar com diferentes formatos
vetoriais e raster, bases de dados e serviços remotos. Os dados
suportados pelo gvSIG são shapefile, arquivos CAD (DXF e DWG),
arquivos de textos com coordenadas separadas por vírgula (csv),
tabelas DBASE, ACCESS e outras com coordenadas, bancos de dados
ARCSDE, além de muitos outros.
Ele também permite trabalhar com formatos de imagens diversos como
TIFF, IMG, LAN, BIL, ECW, MrSID, BIP, BSQ. O gvSIG tem versões desktop
e mobile disponíveis em português, podendo ser instalado nos Sistemas
Operacionais Windows, Linux (incluindo Android), Mac OS X, IOS e
permite, ainda, a emulação em Java no Sistema Operacional FreeBSD e
sistemas Unix.

7.4. SPRING
Desenvolvido pela Divisão de Processamento de Imagens do INPE, o
SPRING é um software gratuito que foi tornado open source a partir de
maio de 2018, sendo atualizado e mantido pela própria DPI do INPE e
agora estendendo as contribuições para comunidade de software livre
para melhoria do software.

Ele permite a análise, edição, manipulação e gerenciamento de dados


espaciais, com destaque para ferramentas de Processamento Digital de
Imagens. O SPRING pode ser instalado nos Sistemas Operacionais
Windows, Linux e Mac OS X, podendo ser baixado a partir de um
cadastro gratuito no site.

7.5. TerraView

O TerraView manipula dados vectoriais (pontos, linhas e polígonos) e


matriciais (grades e imagens), ambos armazenados
em SGBDs relacionais ou geo-relacionais de mercado. O TerraView é
um software SIG gratuito, totalmente em português e foi desenvolvido
pela Divisão de Processamento de Imagens do INPE, a mesma que
desenvolveu o Software SIG SPRING, listado acima. Ele permite, assim
como como o Udig e QGIS, a instalação de plugins, que são
desenvolvidos pela própria DPI do INPE
122
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

ou por terceiros, aumentando suas funções. O Terraview também


possui uma série de tutoriais gratuitos disponibilizados pelo DPI-INPE.

7.6. SAGA GIS


Ou Sistema de Análises Geocientíficas Automatizado, O SAGA GIS é um
programa SIG totalmente livre, usado para editar dados espaciais em
diversos formatos, que foi desenvolvido pelo departamento de
Geografia Física da Universidade de Göttingen, na Alemanha. SAGA GIS
é encontrado apenas em inglês e executável nos Sistemas Operacionais
Windows, Linux e FreeBSD. Assim como o Udig e GRASS, possui
integração com o software SIG QGIS.

7.7. DIVA GIS


É um software SIG para mapeamento e análise de dados geográficos
totalmente gratuito, podendo ser utilizado autonomamente ou
integrado em outros softwares SIGs. É instalável no Sistema
Operacional Windows e encontrado na versão em inglês.

NB. Se deseja baixar os softwares livres pode acessar este endereço:


https://www.geoaplicada.com/blog/softwares-sig-gratuitos/

Sumário
Nesta Unidade temática 1.1 estudamos e discutimos
fundamentalmente ……

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Que aplicativos podem ser encontrados num software de
Geoprocessamento?
A. Estatística, Geoestatística, Processamento Digital de imagens,
Matemática
B. Telemetria, Geodésia, Cartografia
C. Geoestatística, Processamento Digital de imagens
D. Geoestatística, Processamento Digital de imagens, Matemática

2. Qual é uma das características de um software de


Geoprocessamento?
A. Integra funções de exportação, tratamento e visualização de
informação.
B. Integra funções de importação, apresentação e visualização da
informação.
C. Integra funções de importação, exportação, tratamento e
apresentação de informação.

123
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

D. Integra funções de importação, tratamento e apresentação de


informação espacial.

3. O Desktop Básico, Desktop Standard e o Advanced Desktop


representam três níveis de um software de Geoprocessamento, que é
o:
A. ArcGIS
B. QGIS
C. Spring
D. TerraView

4. Um dos softwares livre de Geoprocessamento mais conhecidos que


permite visualizar, analisar e editar dados espaciais georreferenciados,
iniciado por Gary Sherman, 2002, e que é totalmente multiplataforma
é o:
A. gvSIG
B. QGIS
C. Spring
D. TerraView

5. Os softwares de Geoprocessamento frequentemente são


configurados em inglês constituindo muitas vezes uma limitação para
iniciantes sem domínio da referida língua. No entanto, esta limitação
pode ser com recurso a softwares disponíveis totalmente em
português, como os casos de:
A. ArcGIS e Spring
B. ArcGIS e QGIS
C. Terraview e ArcGIS
D. Spring e Terraview

6. Uma das desvantagens das diversas versões de software livre de


Geoprocessamento se prende com:
A. A falta de dados disponíveis
B. O elevado custo para a sua aquisição
C. A limitação das funcionalidades e extensões dos softwares
D. A necessidade de uso de dispositivos avançados pela exigência dos
softwares
Respostas: 1C; 2D; 3A; 4B; 5D; 6C.

Exercícios para AVALIAÇÃO


Existem diversos softwares que podem ser usados no âmbito de
Geoprocessamento. Faça a correspondência entre os softwares (coluna
A) e as suas características (coluna B).
Softwares de Características do software
Geoprocessamento

124
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

A. É um dos mais conhecidos


1. ARCGIS softwares livres de SIG. Ele
permite visualizar, analisar e
editar dados espaciais
georreferenciados.
B. Permite mapeamento e análise
2. QGIS de dados geográficos totalmente
gratuito.
C. Software comercial utilizado
3. SPRING para criar, gerenciar,
compartilhar e analisar
dados espaciais.
D. Permite a análise, edição,
4.DIVA GIS manipulação e gerenciamento de
dados espaciais, com destaque
para ferramentas de
Processamento Digital de
Imagens.
Respostas: 1B; 2D; 3A; 4C.

Referências Bibliográficas

ROSA, R. (2013). Introdução ao Geoprocessamento Universidade


Federal de Uberlândia, Instituto de Geografia Laboratório de
Geoprocessamento, Brasil.

WINTHER, R. G. Kinds in GIS and Cartography. University of California,


Santa Cruz January UCSC | Division of Humanities Mapping, 2016. at:
https://www.researchgate.net/publication/279538337

125
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

TEMA – VIII: APLICAÇÕES DE GEOPROCESSAMENTO

Introdução

O Geoprocessamento por apresentar um caracter interdisciplinar e


transversal ele é aplicado em várias áreas. O Geoprocessamento pode
ser aplicado em estudos de impacto ambiental, na prevenção de
desastres naturais, na análise da ocupação de solos, no monitoramento
de áreas de conservação, no controlo do trânsito, na avaliação do
impacto de projectos na sua dimensão espacial, na propagação espacial
de certas doenças, na análise para instalação de infraestruturas de
saúde, educação, bancárias, entre outras que são detalhadas a seguir.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


▪ Conhecer as aplicações do Geoprocessamento.

Objectivos
específicos

Um exemplo clássico é o caso de epidemia de Cólera amenizada pelo


Dr. John Snow em 1854. Snow teorizou que a bactéria da cólera se
reproduzia no corpo humano e se disseminava através da água
contaminada. Sua teoria foi comprovada com a criação de um mapa
temático de Soho, que é um distrito de Londres, na Inglaterra,
localizado na cidade de Westminster. Neste mapa, círculos azuis
indicavam os poços de abastecimento de água da região e pontos
vermelhos indicavam as residências onde havia casos de cólera, como
se observa na figura seguinte.

126
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

Figura 22. Localização dos poços e residências com casos de cólera.


(Fonte: Silva et al. 2015).

Com base na análise da informação espacial, observou-se uma


aglomeração dos casos ao redor de um dos 13 poços marcados (Broad
Street) e tendo sido proibida a utilização desse poço, os casos de cólera
diminuíram. Este é um exemplo típico de aplicação do
Geoprocessamento, onde apenas a análise visual das informações e a
relação espacial entre tais informações foram capazes de esclarecer um
problema concreto.
Outras aplicações do Geoprocessamento podem ser resumidas em:
 Planeamento e gestão urbana – inclui actuação nas redes de
infraestruturas como água, luz, telecomunicações, gás e esgoto.
Planeamento e supervisão de limpeza urbana, cadastramento
territorial urbano e mapeamento eleitoral;

 Saúde e Educação – Gestão da rede hospitalar, rede de ensino,


saneamento básico e controle epidemiológico;

 Transporte – supervisão de malhas viárias, roteamento de


veículos, controle de tráfego e sistemas de informações
turísticas;

 Uso da terra - Planeamento agropecuário, estocagem e


escoamento da produção, classificação de solos e vegetação,
gestão de bacias hidrográficas, planeamento de barragens,
cadastramento de propriedades rurais, levantamento
topográfico e planimétrico, e mapeamento do uso da terra;

127
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

 Uso de recursos naturais – controle de extrativismo vegetal e


mineral; classificação dos poços petrolíferos; planeamento de
gasodutos e oleodutos; distribuição de energia elétrica;
identificação de mananciais e gerenciamento costeiro e
marítimo;
 Meio ambiente – controle de queimadas; estudos de
modificações climáticas; monitoramento de poluentes,
gerenciamento florestal de desmatamento e reflorestamento;
 Actividades económicas – planeamento de marketing; pesquisas
socio-economicas; distribuição de produtos e serviços;
transporte de matéria-prima e insumos;

A Gestão Municipal é uma das aplicações clássicas das tecnologias de


informação geográfica, estima-se que cerca de 80% das atividades
efetuadas em uma administração municipal (prefeitura) sejam
dependentes do fator localização. Para as ações de planeamento
urbano, os SIGs são capazes de relacionar o mapa da cidade ao base de
dados com as informações de interesse do planeador, por exemplo, é
possível relacionar a localização dos postos de saúde e a população
atendida, a localização das escolas e os endereços dos alunos em
potencial, a pavimentação e as ruas com maior movimento, ou
quaisquer outros cruzamentos de dados que dependam da
componente espacial.
Áreas de saúde pública podem mapear ocorrências de endemias e agir
diretamente nos locais onde estas ocorrem, aumentando as chances de
sucesso. Para o cadastro imobiliário, é possível relacionar cadastros
urbanos com sua localização espacial, com valores cobrados e situação
do contribuinte.
Em Meio Ambiente as tecnologias de informação geográfica são muito
usadas no monitoramento de regiões remotas e distantes, como o caso
da região amazônica, na detecção de focos de queimadas/incêndios,
nos estudos de impactos ambientais principalmente quando da
construção de grandes obras e na fiscalização de áreas desmatadas, etc.

No Planeamento Estratégico de Negócios os recursos oferecidos pelas


tecnologias de informação geográfica possibilitam mapear vários
factores fundamentais para o sucesso de um negócio, respondendo a
questões como: onde estão os clientes, onde estão os fornecedores,
onde estão os concorrentes, entre outros, de forma a permitir às
empresas agir e decidir com informações muito mais precisas sobre
seus negócios. É crescente a utilização de aplicativos de localização e
roteirização para o gerenciamento de pessoas em campo por grandes,
médios e pequenos empreendedores, de forma a criar estratégias de
competitividade minimizando os custos e ter um controle de todo o
processo de logística.
No Agronegócio são várias as aplicações das tecnologias de informação
geográfica. O uso de imagens de satélites e softwares específicos

128
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

permite monitorar e prever safras, da mesma forma, o domínio da


componente geográfica permite o melhor planeamento no uso da terra,
na gestão de bacias hidrográficas e na detecção de pragas. Podem ter
também aplicações na agricultura de precisão, através do uso de
equipamentos GPS e sistemas SIG, para tratar e analisar os dados
coletados no campo, relacionados à avaliação de produtividade
agrícola, colocação diferenciada de insumos (pesticidas, herbicidas,
fertilizantes e sementes), etc.
No que se refere a Concessionárias e Redes, os serviços públicos de
saneamento, energia elétrica e telecomunicações se utilizam das
tecnologias de informação geográfica para relacionar as suas redes de
distribuição às demais informações de seus bancos de dados.
Particularmente, o mercado de telecomunicações está se aproximando
muito da Geomática, criando um novo segmento, chamado de LBS
(Location Based Services), que pode ser definido como sendo uma
solução para um problema dependente de localização (ou o fator
localização agregando valor a outros serviços), colocado à disposição
em equipamento portátil ou móvel. As soluções de LBS, porém, são
projetadas para serem acessíveis através de conexões com ou sem fio,
através de web browsers, celulares e pagers.
Cada aplicação apresenta características próprias e requer soluções
específicas, pois envolve aspectos diferenciados na produção de dados
geográficos, nas metodologias de análise e nos tipos de informações
necessárias, no entanto, a maioria destas aplicações são desenvolvidas
com algum dos seguintes softwares: ArcGIS, ArcInfo, ArcView, AutoCAD
Map, ENVI, ERDAS, GRASS, IDRISI, MAPINFO e SPRING.

Figura 23. Exemplo da aplicação do Geoprocessamento na Agricultura


de precisão.

Sumário
Nesta Unidade Temática 8. estudamos e discutimos
fundamentalmente que pelas suas características

129
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

interdisciplinares o Geoprocessamento tem aplicação em várias


áreas com destaque para actividades económicas (como por
exemplo agronegócio), gestão autárquica, gestão do meio
ambiente, planeamento e gestão urbana, saúde e educação,
transporte, uso da terra, uso de recursos naturais,
concessionárias e Redes (como serviços públicos de
saneamento, energia elétrica e telecomunicações) entre outras
aplicações que visam resolver problemas de natureza espacial.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Uma das aplicações do Geoprocessamento no uso da terra e meio
ambiente consiste em na:
A. detecção de focos de queimadas/incêndios, nos estudos de impactos
ambientais principalmente quando da construção de grandes obras e
na fiscalização de clientes.
B. resposta das questões como onde estão os clientes, onde estão os
fornecedores, onde estão os concorrentes.
C. detecção de focos de queimadas nos estudos de impactos ambientais
na construção de grandes obras e na fiscalização de áreas desmatadas.
D. resposta das questões como onde estão os clientes, onde estão os
fornecedores, onde estão os concorrentes, e que soluções possíveis.

2. Uma das aplicações do Geoprocessamento no Planeamento


Estratégico de Negócios que pode destacar é:
A. detecção de focos de queimadas/incêndios, nos estudos de impactos
ambientais resultantes da construção de grandes obras.
B. resposta das questões como onde estão os clientes, onde estão os
fornecedores, onde estão os concorrentes, onde ocorrem incêndios.
C. detecção de focos de queimadas nos estudos de impactos ambientais
na construção de grandes obras e na fiscalização de áreas desmatadas.
D. resposta das questões como onde estão os clientes, onde estão os
fornecedores, onde estão os concorrentes.

3. A agricultura é uma das actividades económicas largamente praticada


em países em desenvolvimento. O Geoprocessamento pode contribuir
para a melhoria na prática agrícola com base:
A. na avaliação da produção agrícola
B. na avaliação da produtividade agrícola
C. na criação de estratégias de competitividade minimizando os custos
D. no controle de todo o processo de logística

4. Uma determinada empresa vocacionada no transporte pode


recorrer ao Geoprocessamento para:
A. levantamento topográfico
B. a otimização de rotas de veículos
C. o controle epidemiológico
D. o controle de tráfego aéreo
130
UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

5. O monitoramento da concentração de poluentes numa cidade


enquadra-se em uma das aplicações do Geoprocessamento, que é na
área de:
A. gestão autárquica
B. gestão do meio ambiente
C. planeamento e gestão urbana
D. uso de recursos naturais

Respostas: 1C, 2D, 3B, 4B, 5B.

Exercícios para AVALIAÇÃO


Atribua o valor lógico a cada proposição (V se for verdade e F se for
falso).
1. O Geoprocessamento é aplicado em várias áreas devido ao seu
caracter interdisciplinar.
a. Verdade
b. Falso

2. O Geoprocessamento é aplicado na análise epidemiológica.


a. Verdade
b. Falso

3. A aquisição de matéria-prima numa empresa é um exemplo de


aplicação do Geoprocessamento.
a. Verdade
b. Falso

4. O Geoprocessamento representa uma ótima opção para o


monitoramento ambiental em áreas remotas.
a. Verdade
b. Falso

5. O Geoprocessamento tem aplicações na agricultura de precisão,


através do uso de equipamentos GPS e sistemas SIG, para tratar e
analisar os dados coletados no campo, relacionados à avaliação de
produtividade agrícola.
a. Verdade

b. Falso

6. Faça a correspondência entre os elementos da coluna A com os da


coluna B.
Coluna A Coluna B

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UNISCED CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA; 20 Ano Módulo: GEOPROCESSAMENTO

i. Agricultura A. Monitoramento da concentração de


poluentes
ii. Educação A. Otimização de rotas

iii. Meio B. Análise de potenciais clientes da


ambiente banca

iv. Saúde C. Mapeamento de endereços de


alunos e escolas
v. Serviços D. Mapeamento de endemias
vi. Transportes F. Previsão da produtividade em safras
Respostas: 1V; 2V; 3F; 4V; 5V; 6. i-F; ii-E; iii-A; iv-F; v-D; vi-C.

Referências Bibliográficas
FITZ, P. R. (2008). Geoprocessamento sem complicações. São Paulo,
Brasil.

ROSA, R. (2013). Introdução ao Geoprocessamento Universidade


Federal de Uberlândia, Instituto de Geografia Laboratório de
Geoprocessamento.

132

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