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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Manual do Curso de
Licenciatura em
Engenharia Informática

1º Ano
Disciplina: Análise Matemática III
Código:
Total Horas/1o Semestre:
Créditos (SNATCA):
Número de Temas:

2022

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Direitos de autor (copyright)

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Agradecimentos

Universidade Aberta ISCED agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na


elaboração deste manual:

Autor Marcelino Caetano Luís

Direcção Académica da UnISCED


Coordenação
Universidade Aberta ISCED
Design
Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED)
Financiamento e Logística

Revisão Científica e XXXXX


Linguística

Ano de Publicação 2022

Local de Publicação UnISCED – BEIRA

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Indice

Visão geral 1
Benvindo à Disciplina/Módulo de Análise Matemática III ................................................. 1
Objectivos do Módulo ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo .................................................................................. 1
Como está estruturado este módulo .................................................................................. 2
Ícones de actividade.......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................... 6
Avaliação .......................................................................................................................... 6
TEMA – I: SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE FUNÇÕES....................................................... 9
UNIDADE Temática 1.1. SÉRIES NUMÉRICAS .......................................................... 9
Introdução .......................................................................................................................... 9
Convergência de uma série numérica .................................................................... 10
CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES DE TERMOS POSITIVOS ...................................... 14
SÉRIES ALTERNADAS: CRITÉRIO DE LEIBNIZ ....................................................................... 18
DICAS SOBRE ESTRATÉGIAS PARA ESTUDAR A CONVERGÊNCIA DE UMA SÉRIE .......................... 22
Sumário............................................................................................................................ 23
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 23
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................. 24
UNIDADE Temática 1.2. SÉRIES DE FUNÇÕES ....................................................... 25
Introdução ........................................................................................................................ 25
Convergencia Uniforme ........................................................................................ 28
Séries Majoráveis .................................................................................................. 29
CONDIÇÃO NECESSÁRIA E SUFICIENTE PARA A CONVERGÊNCIA UNIFORME ............................ 30
Séries de Potências ................................................................................................ 31
Sumário............................................................................................................................ 38
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 38
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................. 39
Exercícios do TEMA .......................................................................................................... 40
TEMA –II: SÉRIES DE FOURIER................................................................................ 43
Introdução ........................................................................................................................ 43
SÉRIE TRIGONOMÉTRICA............................................................................................... 45
SÉRIE DE FOURIER E COEFICIENTES DE FOURIER ................................................................. 46
Série de Fourier só de co-senos ou só de senos (extensões) ................................. 52
APLICAÇÃO DA SÉRIE DE FOURIER À SOMA DE UMA SÉRIE NUMÉRICA ..................................... 55
Sumário............................................................................................................................ 58
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 58
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................. 59
TEMA III EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM ............................ 60
UNIDADE Temática 3.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM EQUAÇÕES
DIFERENCIAIS ............................................................................................................. 60
Introdução ........................................................................................................................ 60
Noção de Equação Diferencial: Conceitos gerais ................................................. 60
Sumário............................................................................................................................ 65
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 65

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Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................. 66


UNIDADE Temática 3.2. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE 1a ORDEM .................. 68
Introdução ........................................................................................................................ 68
Equações diferenciais de variáveis Separáveis ..................................................... 69
Equações diferenciais homogéneas ....................................................................... 72
Equações diferenciais exactas ............................................................................... 75
Equações diferenciais Lineares de 1a ordem ......................................................... 78
Equações não lineares redutíveis a lineares .......................................................... 80
Sumário............................................................................................................................ 85
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................... 85
Exercícios para AVALIAÇÃO ............................................................................. 86
TEMA –IV: EQUAÇOES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM .... 88
UNIDADE Temática 4.1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA
ORDEM HOMOGÉNEAS E NÃO HOMOGÉNEAS ................................................... 88
Introdução ........................................................................................................................ 88
Equação linear homogénea de coeficientes constantes ......................................... 90
Equação linear não homogénea com coeficientes constantes ............................... 96
Sumário.......................................................................................................................... 102
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 102
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 104
UNIDADE Temática 4.2. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS HOMOGENEAS COM
COEFICIENTES VARIÁVEIS: EQUAÇÕES DE EULER-CAUCHY E DE BESSEL105
Introdução ...................................................................................................................... 105
Equação equidimensional de Euler-Cauchy ........................................................ 105
Equação diferencial de Bessel ............................................................................. 107
Sumário.......................................................................................................................... 111
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 111
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 111
UNIDADE Temática 4.3. INTRODUÇÃO À SISTEMAS DE EQUAÇÕES
DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS ................................................................................. 113
Introdução ...................................................................................................................... 113
Sistema de equações diferenciais de primeira ordem .......................................... 113
Resolução do sistema pelo Método de eliminação de variável ........................... 114
Sumário.......................................................................................................................... 119
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 119
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 120
TEMA –V: ELEMENTOS DE ANÁLISE COMPLEXA ............................................ 121
UNIDADE Temática 5.1. NÚMERO COMPLEXO .................................................... 121
Introdução ...................................................................................................................... 121
Forma algébrica de um número complexo .......................................................... 122
Operações com números complexos ................................................................... 123
Forma polar (ou trigonométrica) do número complexo ...................................... 124
Fórmula de Euler ................................................................................................. 125
Sumário.......................................................................................................................... 126
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 126
Exercícios para AVALIAÇÃO ......................................................................................... 127
UNIDADE Temática 5.2. SUCESSÕES E SÉRIES DE NÚMEROS COMPLEXOS 128
Introdução ...................................................................................................................... 128
Sucessões de números complexos ....................................................................... 128
Séries de números complexos ............................................................................. 129

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Sumário.......................................................................................................................... 132
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 132
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 133
UNIDADE Temática 5.3. FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA ....................... 134
Introdução ...................................................................................................................... 134
Limite de uma função complexa num ponto ....................................................... 136
Derivação de uma função complexa ................................................................... 138
Funções Complexas Elementares ........................................................................ 141
Sumário.......................................................................................................................... 142
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 143
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 143
UNIDADE Temática 5.4. INTEGRAÇÃO DE FUNÇÕES DE VARIÁVEL
COMPLEXA ................................................................................................................ 145
Introdução ...................................................................................................................... 145
FÓRMULA INTEGRAL DE CAUCHY ................................................................................. 150
SÉRIE DE LAURENT. RESÍDUOS ...................................................................................... 152
Cálculo do resíduo ............................................................................................... 158
Teorema dos resíduos........................................................................................... 159
Sumário.......................................................................................................................... 160
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 160
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 161
TEMA –VI: TRANSFORMADA DE LAPLACE ....................................................... 163
UNIDADE Temática 6.1. TRANSFORMADA DE LAPLACE DIRECTA E INVERSA163
Introdução ...................................................................................................................... 163
Transformada de Laplace .................................................................................... 163
Propriedades da Transformada de Laplace ......................................................... 168
Transformada inversa e convolução .................................................................... 172
Resolução de equações integrais usando o Teorema da convolução .................. 175
Sumário.......................................................................................................................... 178
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 178
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 179
UNIDADE Temática 6.2. APLICAÇÕES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE . 181
Introdução ...................................................................................................................... 181
Aplicação da transformada de Laplace na resolução de Equações Diferenciais
Ordinárias ............................................................................................................ 181
Aplicação da transformada de Laplace no estudo dos circuitos eléctricos ......... 185
Sumário.......................................................................................................................... 187
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 187
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 188
TEMA –VII: TRANSFORMADA DE FOURIER ....................................................... 189
Introdução ...................................................................................................................... 189
Integral de Fourier ............................................................................................... 189
Transformada de Fourier de uma função ............................................................ 192
Propriedades da transformada de Fourier ............................................................ 196
Transformada inversa de Fourier ........................................................................ 198
Aplicações da transformada de Fourier na resolução de equações diferenciais .. 201
Sumário.......................................................................................................................... 203
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 203
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 204

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TEMA –VIII: TRANSFORMÇÃO Z ........................................................................... 205


Introdução ...................................................................................................................... 205
Propriedades da transformada Z .......................................................................... 210
Transformada Z unilateral inversa ...................................................................... 213
Aplicação da transformada Z na resolução de Equações de diferenças .............. 217
Sumário.......................................................................................................................... 222
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO .................................................................. 222
Exercícios para AVALIAÇÃO ........................................................................... 223

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Visão geral

Benvindo à Disciplina/Módulo de Análise Matemática III

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Análise Matemática III o


estudante deverá ser capaz de fazer o estudo de convergência de
séries numéricas e série de Fourier, resolver equações diferenciais e
aplicar na interpretação e resolução de diferentes problemas da
engenharia informática; conhecer os conceitos e elementos
principais da Análise Complexa e das transformadas de Laplace,
Fourier e transformada Z, para poder interpretar os problemas da
engenharia que envolve esses conceitos e elementos, e aplicá-los na
sua resolução.

▪ Determinar a convergência de uma série numérica.


▪ Determinar o intervalo de convergência de uma série de
funções.
▪ Desenvolver uma função analítica em série de potências;
Objectivos
Específicos ▪ Calcular valores aproximados de integrais, através de séries
▪ Desenvolver uma função em série de Fourier;
▪ Resolver uma equação diferencial.
▪ Fazer operações que envolve a elementos da Análise Complexa
▪ Aplicar as transformadas de Laplace, de Fourier e transformada
Z na resolução de problemas da engenharia.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de


licenciatura em Engenharia Informática do ISCED. Poderá ocorrer,
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderão adquirir o
manual.

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Como está estruturado este módulo

Este módulo de Análise Matemática III, para estudantes do 2º ano


do curso de licenciatura em Engenharia Informática, à semelhança
dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros
exercícios teóricos/Práticos e Problemas não resolvidos.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos da UnISCED, pensando em


si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo
para você explorar. Para tal a UnISCED disponibiliza na biblioteca
do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com
o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para
além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca,
pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais
ainda as possibilidades dos seus estudos.

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados
apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso
é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos
algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante
possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como
se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou


as de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à
noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!?
Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler


e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das
actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim
ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em
insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões

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de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo,


estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página
trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR),
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta
participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante –
CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante,
tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR,
com tutores ou com parte da equipa central da UnISCED indigitada
para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode
apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou
administrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que lhe permite situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos

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programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática,


no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades


e auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante da UnISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/tutor! Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e consistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo
e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da


cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

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TEMA – I: SÉRIES NUMÉRICAS E SÉRIES DE FUNÇÕES

UNIDADE Temática 1.1. SÉRIES NUMÉRICAS

UNIDADE Temática 1.2. SÉRIES DE FUNÇOES.

UNIDADE Temática 1.1. SÉRIES NUMÉRICAS

Introdução

O estudo das séries numéricas complementa o estudo sobre sequências


numéricas. É importante para a compreensão do estudo das séries de
Fourier e para o estudo das soluções analíticas das equações diferenciais
ordinárias.

Nesta unidade o estudo é concernente à análise da convergência de uma


série numérica, através dos critérios de convergência.

Ao completar esta unidade temática, você deverá ser capaz de:

▪ Definir série numérica

▪ Estudar a convergência de uma série numérica de termos positivos usando


os critérios de convergência apropriados
Objectivos
específicos ▪ Estudar a convergência de uma série alternada

▪ Estudar a convergência de uma série de sinais arbitrários

Séries numéricas

Dada uma sequência de números reais ( a n )n≥1: a1 a2 a3 ... an ...

Definição 1.1.1: Chama-se série numérica a soma infinita

a1 + a2 + a3 + ... + an + ...

E é denotada por a
n =1
n ou simplesmente por a n .


Portanto, a
n =1
n = a a + a 2 + ... + a n + ...

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a n é o termo geral da série a n .

Exemplos:

n2 +1
1. A série  3 é a soma infinita
2 5 10 17 n2 +1
+ + + + ... + + ... (1)
3 3 3 3 3
1
2. A série 2 n
é a soma infinita

1 1 1 1 1 1 1
+ + + + + ... + n + ... (2)
2 4 8 16 32 64 2

A questão que se coloca é seguinte:

Faz sentido falar sobre soma infinita (soma de infinitos termos)?

Soma dos n Seria impossível encontrar uma soma infinita para a série (1) dos
n primeiros
termos
exemplos dados, porque se começarmos adicionando os termos, a
1 0.50000000 2 7 17 34
2 0.75000000 sucessão das somas cumulativas , , , , ... vão crescendo, onde
3 0.87500000 3 3 3 3
4 0.93750000
5 0.96875000 o n-ésimo termo se torna tão grande, cada vez que n aumenta.
6 0.98437500
7 0.99218750 Contudo, se começarmos a adicionar os termos da série (2) dos exemplos,
10 0.99902344
15 0.99996948 sendo ela soma de termos de uma progressão geométrica, obtemos
20 0.99999905
25 0.99999997 1 3 7 15 31 1
, , , , , ..., (1 − n ), ...
2 4 8 16 32 2
A tabela ao lado mostra que quando adicionamos mais e mais termos,
essas somas parciais se tornam cada vez mais próximos de 1.

Convergência de uma série numérica


Para determinarmos se uma série geral a n tem uma soma ou não,
consideremos as somas parciais
S1 = a1
S 2 = a1 + a 2
S 3 = a1 + a2 + a3
S 4 = a1 + a2 + a3 + a4
.

10
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.
.
e, em geral,
n
S n = a1 + a 2 + a3 + ... + a n =  S k
k =1

Estas somas parciais formam uma nova sucessão ( S n ), que pode ou não

ter um limite. Se lim S n = S existe (como um número), então, como no


n→

exemplo anterior, chamamos S de soma da série infinita a n .

Definição: Dada uma série a n = a1 + a2 + .a3 + ... , onde S n denota sua


soma parcial
n
S n =  a k = a1 + a 2 + ... + a n
k =1

Se o lim S n = S existir como um número real, então diz-se que a série


n→

a n é convergente, e escrevemos

a1 + a2 + a3 + ... + an + ... = S ou a
n =1
n =S

O número S é chamado de soma da série. Caso contrário (se o lim S n


n→

não existir), a série diz-se divergente.


Portanto, quando escrevemos a
n =1
n = S queremos dizer que adicionando

um número suficiente de termos da série podemos chegar tão próximo


quanto desejarmos do número S.

Note que
 n

a
n =1
n = lim  a k
n →
k =1

Exemplo1.1: Um exemplo importante de uma série infinita é a série


geométrica

a + ar + ar 2 + ar 3 + ... + ar n + ... =  ar n −1 ( a  0 )
n =1
onde cada termo é obtido a partir do termo anterior pela multiplicação
dele por uma razão em comum r.

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Se r = 1 então S n = a + a + a + a + ... + a = na →  , então lim S n não


n→
existe; e portanto, a série geométrica diverge neste caso.
Se r  1 temos
S n = a + ar + ar 2 + ar 3 + ... + ar n−1
e
rS n = ar + ar 2 + ar 3 + ar 4 + ... + ar n
Subtraindo estas duas equações obtemos

S n − rS n = a − ar n
De onde vem que
1− r n
Sn = a
1− r
Se r  1 , ou seja, − 1  r  1 , r n → 0 quando n →  , e assim

1− rn a a
lim S n = lim a = lim (1 − r n ) = .
n→ n→ 1 − r 1 − r n→ 1− r

Assim, podemos concluir que:


a
• a série geométrica é convergente se r  1 , e a sua soma é
1− r
, ou seja

a
 ar
n =1
n −1
=
1− r
• a série geométrica é divergente se r  1 ( r  −1 ou r  1 )

Exemplo 1.2: Encontre a soma da série


6 12 24
3− + − + ...
5 25 125
SOLUÇÃO: Dividindo cada termo pelo seu anterior obtemos a razão
2
constante r = − . Trata-se, portanto, de uma série geométrica, cujo o
5
primeiro termo a = 3 .
2
Como r =  1 , a série é convergente, e sua soma é
5
6 12 24 3 15
S = 3− + − + ... = =
5 25 125 1 − (− 5 ) 7
2

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Exemplo 1.3: A série 3 2 n 1−n


2 é convergente ou divergente?

SOLUÇÃO: Vamos rescrever o termo geral da série na forma ar n−1 .


9n 9.9 n−1
 9 n 21−n =  9 n 2 −(n−1) =  =  9.( 92 )
n −1
n −1
= n −1
2 2
Agora, facilmente reconhecemos esta série como uma série geométrica
9 9
com a = 9 e r = . Como r =  1 , a série é divergente.
2 2

Proposição 1.1: Se  a e  b forem séries convergentes, então:


n n

• a série  k.a é convergente (k é uma constante)


n

• a série  (a  b ) é convergente, e tem-se


n n

 (a  b ) =  a +  b
n n n n

Série harmónica

Uma série harmónica é do tipo



1 1 1 1
 n = 1 + 2 + 3 + 4 + ...
n =1

Pode-se provar que suas somas parciais de ordens 2n são maiores que
n  n
1 + ,  2 n  1 +  , o que mostra que S 2n →  quando n →  .
2  2
Conclusão: A série harmónica 1
 n é divergente

Condição necessária (não suficiente) de convergência de uma série

Se a série a n for convergente, então lim a n = 0


n →

Consequência: O Teste para Divergência:


se lim a n não existir ou se lim a n  0 , então a série
n → n →
a n é divergente.


n2
Exemplo 1.4: Mostre que a série  2 é divergente.
n =1 3n − 2

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n2 n2 1
SOLUÇÃO: lim a n = lim = lim =  0.
n → n → 3n − 2
2 n → n (3 −
2 2
) 3
n2

Logo, a série é divergente.

NOTA: Se tivermos lim a n  0 , temos a certeza de que a série


n →
a n é
divergente. Mas, se tivermos lim a n = 0 não podemos dizer nada sobre a
n →
convergência ou divergência da série. Ela pode convergir ou divergir.

CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES DE TERMOS POSITIVOS


Em geral é difícil encontrar a soma exacta de uma série. Conseguimos
fazer isso para as séries geométricas porque nesse caso podemos
encontrar uma fórmula simples para a n-ésima soma parcial S n . Mas,
geralmente não é fácil isso.

Neste ponto vamos estudar critérios que nos permite determinar se uma
série de termos não negativos é convergente ou divergente, sem
encontrar sua soma explicitamente.

Critério da Integral: Seja f uma função contínua, positiva e


decrescente em [1, [ e seja an = f (n) .

 
(i) Se  f ( x)dx for convergente, então a
n =1
n é convergente
1
 
(ii) Se  f ( x)dx for divergente, então a
n =1
n é divergente
1


1
Exemplo 1.5: Estude a convergência da série n
n =1
2
.

1
SOLUÇÃO: A função f ( x) = é claramente contínua, positiva e
x2
 
1 1
decrescente. O 1 x 2 dx é convergente (para 1). Logo, a série n
n =1
2
é

convergente, pelo critério da integral

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OS CRITÉRIOS DE COMPARAÇÃO
Nos critérios de comparação a ideia é comparar uma série dada com
uma série que é sabidamente convergente ou divergente.

Critério de comparação: Sejam a n e bn termos não negativos, tais


que an  bn
 
(i) Se  bn é convergente, então
n =1
a
n =1
n é convergente
 
(ii) Se a
n =1
n é divergente, então b
n =1
n é divergente


1
Exemplo 1.6: Analise-se a natureza da série  n(n + 1)
n =1

SOLUÇÃO: Procuremos uma sucessão bn já conhecida sua natureza, que


1
possa ser comparada com a n = .
n(n + 1)
1 1 1 1
Temos a n = = 2 . Mas 2  2 = bn
n(n + 1) n + n n +n n
 
1
Vimos, através do critério da integral que a série  bn = 
n =1 n =1 n
2
é

convergente.

1
Logo, a série  n(n + 1)
n =1
é convergente, pelo (i) do critério de

comparação.


1
Exemplo 1.7: Analise-se a natureza da série n
n =1
1/ 3

1 1 1
SOLUÇÃO: Tomemos a n = . Mas,  1 / 3 = bn
n n n

1
Sabemos que a série n
n =1
é divergente, pois é série harmónica. Logo, a

1
série dada nn =1
1/ 3
é divergente, pelo (ii) do critério de comparação.

Proposição 1.1

1
A série n
n =1
p
é convergente se p  1 , e divergente se p  1

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Critério de comparação do limite: Sejam a n e b n séries de


termos positivos.
an
Se lim = c  0 , então as séries  an e  bn têm a mesma
n→ b
n
natureza (ou ambas convergem ou ambas divergem)


1
Exemplo 1.8: Analise-se a natureza da série 2
n =1
n
−1
.

SOLUÇÃO: Usemos o critério de comparação do limite com


1 1
an = bn =
2 −1n
2n
an 2n 2n 1
e obtemos lim = lim n = lim n = lim =1 0
n → b n → 2 − 1 n → 2 (1 − 1 / 2 )
n n → 1 − 1 / 2 n
n


1
Como 2
n =1
n
é uma série geométrica convergente, pelo critério de

1
comparação do limite, a série dada 2
n =1
n
−1
é convergente.


2n 2 + 3n
Exemplo 1.9: Analise-se a natureza da série  .
n =1 5 + n5
SOLUÇÃO: A parte dominante do numerador é 2n 2 e a parte dominante
do denominador é n 5 = n 5 / 2 . Isso sugere tomar
2n 2 + 3n 2n 2 2
an = bn = 5/ 2
= 1/ 2
5 + n5 n n
3
2+
a 2n 2 + 3n n1 / 2 2n 5 / 2 + 3n 3 / 2 n 2+0
lim n = lim . = lim = lim = =1
n → b n →
5 + n5 2 n →
2 3 + n5 n →
5 2 0 +1
n
2 5 +1
n
2 1
Como b n
n
= 1/ 2
= 2
n 1/ 2
é divergente (pois, p = 12  1), a série

2n + 3n
2
dada  é divergente, pelo critério de comparação do limite.
n =1 5 + n5

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Critério de D’Alembert (Critério da Razão): Seja a
n =1
n uma série de

positivos, e suponha-se que existe


a n +1
lim =L
n → a
n

(i) Se L  1 então a série a
n =1
n é convergente

(ii) Se L  1 , então a série a
n =1
n é divergente.


n3
Exemplo 1.10: Analise-se a natureza da série  n
n =1 3

(n + 1) 3 3 n 1  n + 1 
3 3
a n +1 1 1 1
SOLUÇÃO: lim = lim +
. 3 =   = 1 +  =  1
n → a
n
n → 3 n 1
n 3 n  3 n 3

n3
Logo, pelo (i) do critério de D’Alembert, a série 
n =1 3
n
é convergente.


nn
Exemplo 1.11: Analise-se a natureza da série 
n =1 n!
.

a n +1 (n + 1) n +1 n! (n + 1)(n + 1) n .n!
SOLUÇÃO: lim = lim . n = lim
n → a n → ( n + 1)! n n → n!(n + 1).n n
n

 n + 1
n n
 1
= lim   = lim 1 +  = e  1 .
n→
 n  n→
 n

nn
Logo, pelo (ii) do critério de D’Alembert, a série  é divergente.
n =1 n!


Critério da Raiz: Seja a
n =1
n uma série de positivos, e suponha-se

que existe
lim n a n = L
n →

(i) Se L  1 então a série a
n =1
n é convergente

(ii) Se L  1 , então a série a
n =1
n é divergente.

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 2n + 5 
 n

Exemplo 1.12: Analise-se a natureza da série    .


n =1  5n + 1 

5
2+
+ +
n
 2 n 5  2 n 5 n = 2 1
SOLUÇÃO: lim n   = lim = lim
n →
 5n + 1  n → 5n + 1 n →
5+
1 5
n

 2n + 5 
 n

Logo, pelo (i) do critério da raiz, a série    é convergente.


n =1  5n + 1 

SÉRIES ALTERNADAS: CRITÉRIO DE LEIBNIZ


Os critérios de convergência que temos visto se aplicam apenas a séries
com termos positivos. Iremos agora aprender como lidar com séries cujos
termos não são necessariamente positivos.

Um caso de particular importância são as séries alternadas, cujos termos se


alternam no sinal.

Uma série alternada é uma série cujos termos são alternadamente


positivos e negativos.

Exemplos de séries alternadas

1 1 1 1 1 
(−1) n−1
1− + − + − + ... = 
2 3 4 5 6 n =1 n

1 2 3 4 5 n
− + − + − + ... =  (−1) n
2 3 4 5 6 n =1 n +1

A partir destes exemplos vemos que o n-ésimo termo de uma série


alternada é da forma

a n = (−1) n −1 bn ou an = (−1) n bn

onde bn é um número positivo, que é, de facto, igual a an .

18
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Critério de Leibniz: Se a série alternada


 (−1)
n =1
n −1
bn = b1 − b2 + b3 − b4 + ... bn  0

Satisfaz as condições
(i) Os termos bn são decrescentes ( bn+1  bn para todo n)
(ii) lim bn = 0
n →

Então, a série é convergente.

NOTA: Uma série alternada que verifica as condições do critério de


Leibniz, é muitas vezes denominada por série de Leibniz.

Exemplo 1.13: A série harmónica alternada


(−1) n−1 1 1 1 1 1 (−1) n−1

n =1 n
= 1 − + − + − + ... +
2 3 4 5 6 n
+ ...

Satisfaz as condições do critério de Leibniz, pois

1 1 1
bn+1 =  = bn , e lim bn = lim = 0 .
n +1 n n → n → n

(−1) n−1 
Assim, a série harmónica alternada  é uma série de Leibniz, e
n =1 n
portanto, é convergente.


(−1) n 3n
Exemplo 1.14: A série 
n =1 4n − 1
é alternada, mas

3n 3 3
lim = = 0
n → 4n − 1 1 4
4−
n
Assim, a condição (ii) do critério de Leibniz não é satisfeita, pelo que, a

(−1) n 3n
série 
n =1 4n − 1
é divergente.

A divergência desta série poderia ser provada pelo Teste para


Divergência. Com efeito,

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(−1) n 3n (−1) n 3 3
lim a n = lim = lim = lim (−1) n não existe (pois, oscila
n → n → 4n − 1 n → 1 4 n →
4−
n
entre -3/4 e 3/4).

SÉRIES DE SINAIS QUAISQUER: CONVERGÊNCIA ABSOLUTA E CONVERGÊNCIA

CONDICIONAL

Temos critérios de convergência para séries com termos positivos e para


séries alternadas. Mas o que acontece se os sinais dos termos ficam
trocando irregularmente?

O conceito de série absolutamente convergente, que se aborda nesta


secção, permite que os critérios de convergência de séries de termos não
negativos se podem aplicar nesses casos.

Dada qualquer série numérica a n , podemos considerar a série


correspondente

a n = a1 + a2 + a3 + ...

cujos termos são os valores absolutos dos termos da série original.

Definição 1.2: Uma série qualquer a n diz-se absolutamente

convergente se a correspondente série de valores absolutos a n

for convergente

Definição 1.3: Uma série qualquer a n diz-se condicionalmente


convergente se for convergente mas não absolutamente
convergente

Um exemplo em destaque de uma série que converge condicionalmente é

20
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III


(−1) n−1
a série harmónica alternada 
n =1 n
.

Com efeito, acabamos de ver que ela é uma série de Leibniz, portanto
convergente. Mas a correspondente série de valores positivos, é a série

1
harmónica  n , que é divergente.
n =1

Proposição 1.2: Se uma série a n for absolutamente convergente,


então ela é convergente

A proposição 1.2 permite fazer o estudo da natureza de qualquer série.


cos n
Exemplo 1.15: Estude a natureza da série 
n =1 n
2
.


cos n cos1 cos 2 cos 3
SOLUÇÃO: 
n =1 n
2
= 2 + 2 + 2 + ...
1 2 3

Esta série tem termos positivos e negativos, mas não é alternada. (O


primeiro termo é positivo, os próximos três termos são negativos e os três
seguintes são negativos. Os sinais trocam irregularmente).

Apliquemos o critério de comparação à série de valores absolutos

  cos n
cos n

n =1 n2
= 
n =1 n
2

cos n 1
Sabemos que cos n  1 para todo n. Então, 2
 .
n n2

1
Vimos que a série n
n =1
2
é convergente. Assim, pelo (i) do critério de


cos n
comparação, a série dada 
n =1 n2
é convergente.


cos n
Sendo a série 
n =1 n2
convergente, concluímos que a série dada

21
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III


cos n

n =1 n
2
é absolutamente convergente.


cos n
Logo, pela proposição 1.2, a série 
n =1 n
2
é convergente.

DICAS SOBRE ESTRATÉGIAS PARA ESTUDAR A CONVERGÊNCIA DE UMA SÉRIE


Agora que temos várias maneiras para estudar a convergência de uma
série, o problema é decidir qual critério usar diante de uma determinada
série. Não há uma regra certeira e rápida para isso, mas os conselhos
seguintes podem te ajudar.

A principal estratégia é classificar a série de acordo com a sua forma:


1
1. Se a série for da forma n p
(série p), então ela é convergente
se p  1 e divergente nos outros casos.

2. Se a série for da forma  ar n −1


ou  ar n
, então ela é série
geométrica; é convergente se r  1 , e divergente nos outros
casos.
3. Se a série tiver uma forma similar a uma série p ou a uma série
geométrica, então um dos critérios de comparação pode ser
considerado.

4. Se você vir que lim a n  0 , então o Teste para Divergência,


n →
deve ser usado.
5. Se a série for da forma  (−1) n −1
bn ou  (−1) n
bn , então o
critério de Leibniz é uma possibilidade óbvia.

6. Séries que envolvem factoriais e/ou potências de expoente n, são


com frequência estudadas convenientemente usando-se o critério
de D’Alembert.

7. Se a n for da forma ( bn )n, então o critério da Raiz pode ser útil.



8. Se an = f (n) , onde  f ( x)dx
1
é facilmente avaliada, então o

critério da integral é eficaz (assumindo a hipótese de esse critério


ser satisfeito).

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Sumário

Nesta Unidade temática 1.1 estudamos e discutimos fundamentalmente os


critérios de convergência de séries numéricas de termos positivos e série
alternada, nomeadamente, critérios de comparação, critério do integral,
critério de D’Alembert, critério da raiz, e critério de Leibniz para as séries
alternadas. Por fim abordamos a convergência absoluta, que permite
aplicar os critérios de convergência também no estudo de séries com
sinais que se trocam irregularmente.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
5n
1. Seja a n =
6n + 1
a) Determine se a sequência { a n } é convergente

b) Determine se a
n =1
n é convergente, e justifique.

2. Determine se a série é convergente ou divergente, justificando. Se


for convergente, calcule sua soma:


n
a) 4 + + 8
5
16
25 + 32
125 + ... b) 1 − + − 3
2
9
4
27
8 + ... c) n+5
n =1


d)  5(− 52 )
n −1

n =1
3. Determine a natureza de cada uma das seguintes séries,
mostrando todos os passos
n
1  
1 
 n2 +1  
n2 −1
a)  4 b)  2 c)   2  d)  2
n =1 n n =1 n − 1 n =1  2n + 1  n =1 n + n


(−1) n−1 
cos n 
n! 
(−1) n n
e)  f) 
n =1 n
5/ 4
g) 
n =1 n
n
h)  n −1
n =1 n n =1 4


sin 2n 
(−1) n−1 
(−1) n
i)  j)  k) 
n =1 n2 n =1 n n n =1 5 + n

Respostas: 1a) convergente; 1b) divergente; 2a) S = 20


3 ;
2b) divergente; 2c) diverge; 2d) S = 25 7 ; 3a) convergente 3b)
divergente; 3c) convergente; 3d) divergente; 3e) absolutamente
convergente;
3f) Absolutamente convergente 3g) Convergente; 3h) Absolutamente
convergente; 3i) Absolutamente convergente; 3j) Absolutamente
convergente; 3k) Condicionalmente convergente.

23
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Qual é a diferença entre sequência e série
2. O que é uma série convergente? O que é uma série divergente?

3. Explique o significado de se dizer que a
n =1
n = 4/5

4. Justifique que a série é convergente, e calcule sua soma:


a) 1 + 0,4 + 0.16 + 0,064 + ...

4 n +1
b) 
n =1 5
n

5. Analise a convergência de cada uma das seguintes séries:



3n 
n2 
2n 2 
(−1) n−1
a) 
n =1 1 + 3
2n
b) 
n =1 1 + e
n
c)  (−1) n
n =1 5n
d) 
n =1 3n − 1

Referencia bibliográica
Stwart, J. (2001), Calculo, Pioneira Thomson Learning, V. I

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UNIDADE Temática 1.2. SÉRIES DE FUNÇÕES

Introdução

Nesta unidade vamos aprender o desenvolvimento de uma função em


série de funções, permitindo o cálculo aproximado de integrais de
funções difíceis ou mesmo impossíveis de primitivação.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Definir série de funções

▪ Achar o intervalo de convergência de uma série de funções


Objectivos ▪ Estudar a convergência uniforme de uma série de funções
específicos
▪ Desenvolver uma função em série de potências

▪ Aplicar séries de potências para o cálculo aproximados de integrais de


funções de difícil primitivação

Caracterização das séries de funções

Definição 1.4: Chama-se série de funções a toda série da forma


f
n =1
n ( x) , na qual o termo geral é uma função f real de variável real

x , definida num conjunto   .

Portanto,

f
n =1
n ( x) = f1 ( x) + f 2 ( x) + f 3 ( x) + ... + f n ( x) + ...

As funções f 1 ( x) , f 2 ( x) , f 4 ( x) , f 5 ( x) , … são os termos da série.


xn x x2 x3
Exemplo: 
n =1 2n + 1
. = +
3 5
+
7
+ ...

Atribuindo a x diferentes valores numéricos do seu domínio , obtemos

25
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diferentes séries numéricas as quais podem tanto convergir assim como


divergir.


xn
Por exemplo, considerando a série do exemplo dado 
n =1 2n + 1
, no

conjunto  = [−1, 1] :


(−1) n
Para x = −1 , temos a seguinte série numérica 
n =1 2n + 1

(−1 / 2) n 
(−1) n
Para x = −1/ 2 , temos a série numérica  = n
n =1 2n + 1 n =1 2 ( 2n + 1)


1
Para x = 1 / 3 , temos a série numérica 3n =1
n
(2n + 1)


1
Para x = 1, temos a série numérica  2n + 1 .
n =1

Temos uma infinidade de séries numéricas que podem ser definidas no


conjunto  [−1, 1] , cada uma das quais pode ser convergente ou

divergente.

NOTA: Os critérios de convergência para séries de funções são os


mesmos das séries numéricas, pois em cada ponto x = a a série é uma
série numérica.

Definição 1.5: O conjunto de valores de x  E para os quais uma série



de funções f
n =1
n ( x) converge, chama-se domínio de convergência da

série.


xn
Exemplo 1.16: Determinar o domínio D de convergência da série 
n =1 n

SOLUÇÃO: Utilizando o critério de D’Alembert vem

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f n +1 x n +1 n x n .x n n
lim = lim . n = lim n . = x lim = x.
n → fn n →  n +1 x n →  x n +1 n →  n(1 + 1n )

De acordo com o critério, a série é convergente se x  1 , e divergente

se x  1 . Se x = 1 , isto é, se x = 1 , o critério nada permite esclarecer.



1
Mas, como para x = 1 a série dada converte-se na série numérica n
n =1

que é série harmónica, portanto divergente; para x = −1 converte-se em



(−1) n

n =1 n
que é convergente, conclui-se que a série dada é convergente

no intervalo − 1  x  1 .


xn
Portanto, o domínio D de convergência da série 
n =1 n
é [-1, 1[.

Soma de uma série convergente

No domínio D  E de convergência de uma série de funções, podemos


definir uma função f : D →  que a cada ponto x  D faz

corresponder a soma da série f
n =1
n ( x) .

Quer dizer, no seu domínio de convergência, uma série de funções


representa uma função f (x) ;

ou seja, para todo x  D


f
n =1
n ( x) = f ( x)

Exemplo 1.17: Estude a convergência e determine a função soma da


série


x2

n =1 (1 + x )
2 n
em 

SOLUÇÃO: Em x = 0 trata-se de série nula; logo convergente para 0.

Em x  0 podemos escrever

27
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   n
x2 1  1 

n =1 (1 + x )
2 n
= x 2

n =1 (1 + x )
2 n
=x 2
  2 
n =1  1 + x 

1
e esta é série de uma progressão geométrica de razão r = .
1+ x2

1
Como r =  1 , a série é convergente.
1+ x2

x2 1 1

n =1 (1 + x )
2 n
= x2
1 − 1+ x 2
1
= x 2 x2 = 1 + x 2
1+ x 2

Assim, a função soma é

1 + x 2 se x0

f ( x) = 
0 se x=0

Portanto, a cada ponto x do domínio D de convergência de uma série



de funções f
n =1
n ( x) fica definida uma função

f ( x ) = lim S n ( x )
n→

que é a soma da série em D.

Convergencia Uniforme

A velocidade com que uma série de funções f
n =1
n ( x) converge para

f (x) geralmente varia de ponto para ponto (a ordem n0 a partir da

qual os termos S n se aproximam da função soma f é diferente para


cada ponto x escolhido). Nesta hipótese, diz-se que a série converge
pontualmente.

Pode, no entanto, suceder que a velocidade de convergência seja a


mesma para todos os pontos x do domínio de convergência D da série
(a ordem n0 é a mesma para todo x escolhido). Nesta hipótese a série
diz-se uniformemente convergente.

28
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A convergência uniforme de uma série é de extrema importância, em


virtude de certas propriedades dos termos da série (como por exemplo,
a continuidade, a derivabilidade e a integrabilidade) se transmitirem à
sua função soma f .

Séries Majoráveis

Definição 1.6: Uma série de funções f
n =1
n ( x) diz-se majorável num

certo domínio    de variação de x , se existir uma série numérica


convergente de termos positivos
a1 + a2 + a3 + ... + an + ...
tal que se tenha para todo x considerado, e para todo n
f n ( x)  an

Por outras palavras: uma série é majorável se cada um dos seus termos
não for superior em valor absoluto ao termo correspondente de uma
série convergente de termos positivos.


cos nx
Exemplo 1.18: Mostre que a série 
n =1 n2
é majorável em .

SOLUÇÃO: Sabe-se que cos nx  1 para todo x . Então,

cos nx 1
2
 2 (n = 1, 2, …)
n n


1
Vimos que a série numérica de termos positivos n
n =1
2
é convergente.


cos nx
Logo, de acordo com a definição, a série  n =1 n2
é majorável.

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CONDIÇÃO NECESSÁRIA E SUFICIENTE PARA A CONVERGÊNCIA UNIFORME

Proposição 1.3: (Critério de Weierstrass). Uma série de funções é


absoluta e uniformemente convergente num dado domínio D se e só se
ela for majorável.

Exemplos 1.19:

cos nx
1. Acabamos de mostrar que a série 
n =1 n2
é majorável em . Então,

pelo critério de Weierstrass, esta série é absoluta e uniformemente


convergente em .


 1 
2. Estude a convergência da série  sen n
n =1
x2 +2
 em .

SOLUÇÃO: Sabe-se que sen( )   . Então,

 1  1 1 1
sen x 2 + 2   x 2 + 2 = x 2 2  2
n  n n n n


1 
 1 
A série 
n =1 n
2
é convergente; e portanto, a série  sen n
n =1
x2 +2
 é


 1 
majorável. Logo, pelo critério de Weierstrass, a série  sen n
n =1
x2 +2
 é

absoluta e uniformemente convergente.

1
3. Estude a convergência da série n
n =1
2
+ x2
em ]-2, -1[  ]1. 2[.

SOLUÇÃO: Pelos dados x ] − 2, −1[]1, 2[ , ou seja,

− 2  x  −1 ou 1  x  2 . Isto implica que que 1  x 2  4 .

Logo, n 2 + 1  n 2 + x 2  n 2 + 4 .

1 1 1
Invertendo, tem-se  2  2
n +4 n +x
2 2
n +1

1 1 1
Logo  2  2
n +x
2 2
n +1 n

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 
1 1
Já sabemos que a série 
n =1 n
2
é convergente, então a série n
n =1
2
+ x2
é

majorável em ]-2, -1[  ]1. 2[.



1
Logo, pelo critério de Weierstrass, a série n
n =1
2
+ x2
é absoluta e

uniformemente convergente em ]-2, -1[  ]1. 2[.

Séries de Potências
Definição 1.7: Chama-se série de potências de ( x − a) a uma série de

funções cujo termos geral é da forma a n ( x − a) n , isto é, a série

a
n =0
n ( x − a) n = a0 + a1 ( x − a) + a 2 ( x − a) 2 + ... + a n ( x − a) n + ...

Onde a 0 , a1 , …, a n são chamados coeficientes da série.

Se for a = 0 , então a série diz-se série de potências de x


a
n =0
n x n =a0 + a1 x + a 2 x 2 + ... + a n x n + ...

Proposição 1.4 (Teorema de Abel): Para cada série de potências


a
n =0
n ( x − a) n , existe R = [0, ] tal que:


(a) A série a
n =0
n ( x − a) n é absolutamente convergente se x − a  R , e

uniformemente convergente em cada intervalo fechado tal que


x − a  r  R , onde 0  r  R (i.e. uma série de potências e
uniformemente convergente em qualquer intervalo fechado inteiramente
contido no seu intervalo de convergência ]-R, R[ ).

(b) A série a
n =0
n ( x − a) n é divergente se x − a  R .

31
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O número R é designado por raio de convergência da série, e pode ser


calculado por

an 1
r = lim ou r =
n → a n +1 lim n a n
n →

NOTA: Para certas séries o intervalo de convergência se reduz a um ponto


(r = 0) e para outras estende-se a todo o eixo Ox (r = ∞).

Exemplo 1.20: Determine o intervalo de convergência absoluta da série


( 2 x) n

n =1 n

 
(2 x) n 2n n
SOLUÇÃO: Reescrevendo a série em 
n =1 n
= 
n =1 n
x , temos

2n
an = . Então,
n

an 2n n + 1 2n n + 1 1 n(1 + 1n ) 1
R = lim = lim . n +1 = lim n . = lim = .
n → a n → n 2 n → 2 2 n 2 n → n 2
n +1

Pelo teorema de Abel, o intervalo de convergência absoluta da série é


1 1 1
x , ou seja −  x  .
2 2 2

1 1 ( 2 x) n
Tomando, por exemplo r =  = R , a série
3 2

n =1 n
converge

uniformemente no intervalo [-1/3, 1/3],

Exemplo 1.21: Determinar o raio de convergência e o intervalo de



( x + 2) n
convergência absoluta da série de potências  (−1) n
n =1 n2 n
.

an 1 n2 n n
SOLUÇÃO: R = lim = lim . = 2. lim = 2.
n → a n → ( n + 1) 2 n +1 1 n →  n + 1
n +1

Então, pelo teorema de Abel, a série converge absolutamente em


x + 2  2 ; que equivale a − 2  x + 2  2 , ou seja − 4  x  0 . Portanto,

32
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o intervalo de convergência absoluta é ]-4, 0[.

Analisemos a natureza da série nos extremos:


(−2) n 
2n 
1
➢ Se x = −4 , a série  (−1) n
n =1 n2 n
= 
n =1 n2
n
= 
n =1 n
é série harmónica;

portanto divergente.


2n 
(−1) n
➢ Se x = 0 , a série  (−1) = n
é série de Leibniz; portanto
n =1 n2 n n=1 n
simplesmente convergente.

Portanto, a série é convergente em ]-4, 0]. E é uniformemente convergente


em, por exemplo, [-1, 1].

Exemplo 1.22: Encontre o raio e o intervalo de convergência da série


xn

n =1 n!
.

an 1 (n + 1)!
SOLUÇÃO: R = lim = lim . = lim (n + 1) = +
n → a n → n! 1 n →
n +1

O raio de convergência é +, quer dizer que a série converge em todo


ponto da recta real.

SÉRIE DE TAYLOR E DE MAC-LAURIN


Do exposto atrás conclui-se que no interior do seu intervalo de
convergência, uma série de potências representa uma função f (que é a
soma da série).

É igualmente de grande importância a questão de se saber se dada uma


função f num dado intervalo ela pode ser representada nesse intervalo
por uma série de potências. Se assim acontecer diz-se que f é uma função
analítica no intervalo considerado, e a série de potências correspondente
denomina-se o desenvolvimento em série de Taylor da função f .

33
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Definição 1.23: Seja f (x) uma função indefinidamente derivável num

ponto a   . Chama-se série de Taylor no ponto x − a , a série de


potências

f ( n ) (a)

n =0 n!
( x − a)

ou seja
f ' (a) f '' (a) f '''' (a) f ( n ) (0)
f (a) + ( x − a) + ( x − a) +
2
( x − a) + ... +
4
( x − a) n + ...
1! 2! 3! n!

Observação: No caso particular de a = 0 obtemos a série

f ' (0) f '' (0) 2 f ' ''' (0) 4 f ( n ) (0) n


f (0) + x+ x + x + ... + x + ...
1! 2! 3! n!

que se denomina por Série de Mac-laurin de f .

Proposição 1.4: Se f admite uma representação em série de potências

de ( x − a) tal que f ( x) =  an ( x − a) n para x − a  R , então a série

de Taylor gerada por f coincide com essa série (i.e. toda a série de
potências com raio de convergência não nulo é a série de Taylor da sua
soma).

A proposição 1.2.3 permite o desenvolvimento de f (x) , nos pontos x


próximos de a , em série de Taylor, ficando

f ' (a) f '' ( a ) f ( n ) (0)


f ( x) = f ( a ) + ( x − a) + ( x − a) 2 + ... + ( x − a) n + ...
1! 2! n!

No caso a = 0 , tem-se o desenvolvimento de f (x) em série de Mac-


Laurin

f ' (0) f '' (0) 2 f ' ''' (0) 4 f ( n ) (0) n


f ( x) = f (0) + x+ x + x + ... + x + ...
1! 2! 3! n!

Exemplo 1.24: Desenvolver f ( x) = e x em série de potências

34
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SOLUÇÃO: A função exponencial f ( x) = e x é indefinidamente

diferencial, e sua derivada de qualquer ordem é igual a e x ; ou seja,


f ( n) ( x) = e x para todo n.

Então, em x = a = 0 f ( n) (0) = e 0 = 1 ; e o desenvolvimento de f ( x) = e x


em a = 0 fica

x2 x3 x4 xn x
ex =1+ x + + + ... + + ... = 
2! 3! 4! n! n = 0 n!

Exemplo 1.25: Desenvolve f ( x) = cos x em série de potências

SOLUÇÃO: Vamos achar o desenvolvimento de cos x em x = 0 .

f ( x) = cos x ; logo f (0) = 1

f ' ( x) = −senx ; logo f ' (0) = 0

f ' ' ( x) = − cos x ; logo f ' ' (0) = −1

f ' ' ' ( x) = senx ; logo f ' ' ' (0) = 0

f ( 4) ( x) = cos x  f ( 4) (0) = 1

Observa-se que para n ímpar, f ( n) (0) = 0 , e para n par, f ( n) (0) = 1 .


Então

1 2 1 4 1 6 (−1) n 2 n 
(−1) n 2 n
cos x = 1 − x + x − x + ... + x + ... =  x
2! 4! 6! (2n)! n =0 (2n)!

Exemplo 1.26: Desenvolve f ( x) = ln x em série de potências de ( x − 1)


.

SOLUÇÃO: Tratando-se de potências de ( x − 1) , então a = 1 . Achemos

as derivadas f (k ) (1) da função ln x .

f (1) = ln 1 = 0 ;
1
f ' ( x) = (ln x)' =  f ' (1) = 1 ;
x
1
f ' ' ( x) = −  f ' ' (1) = −1 ;
x2

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2
f ' ' ' ( x) =  f ' ' ' (1) = 2 = 2!
x3
6
f ( IV ) ( x) = − 4
 f ( IV ) (1) = −6 = −3!;
x
24
f (V ) ( x) =  f ( v ) (1) = 24 = 4!
x5
Vemos que f ( k ) (1) = (−1) n+1 (k − 1)! para k  1 .

Tem-se

1 1 2 6 (n − 1)!
ln x = ( x − 1) − ( x − 1) 2 + ( x − 1) 3 − ( x − 1) 4 + ... + ( x − 1) n + ...
1! 2! 3! 4! n!

ou seja

1 1 1 1
ln x = ( x − 1) − ( x − 1) 2 + ( x − 1) 3 − ( x − 1) 4 + ... + ( x − 1) n + ...
2 3 4 n

Aplicação das séries ao cálculo aproximado de integrais


O cálculo de Integrais de funções como (sin x) / x ; e − x ;
2
1− k 2 sin 2 x ;
etc. não pode fazer-se através da fórmula de Newton-Leibniz, pois suas
primitivas não podem ser expressas através de funções elementares.
Pelo que, deve-se recorrer a outros métodos de cálculo.

O desenvolvimento da função dada em série de potências é um método


que permite que, por integração termo a termo da série resultante, se
resolva o problema, desde que, claro, o intervalo de integração se situe
no interior do intervalo de convergência uniforme da série (conforme (a)
do teorema de Abel).
2

e
− x2
Exemplo 1.27: Calcule dx a menos de 0.01
0

SOLUÇÃO: Achemos as derivada de f ( x) = e − x em x = 0 .


2

f (0) = 1 ;

f ' ( x) = −2 xe − x  f ' (0) = 0 ;


2

36
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f ' ' ( x) = −2e − x + 4 x 2 e − x  f ' ' (0) = −2 ;


2 2

f ' ' ' ( x) = 4 xe − x + 8 xe − x − 8 x 3 e − x  f ' ' ' (0) = 0


2 2 2

f ( IV ) ( x) = 4e − x − 8 x 2 e − x + 8e − x − 16 x 2 e − x − 24 x 2 e − x + 16 x 4 e − x
2 2 2 2 2 2

 f ( IV ) (0) = 12;...

Vemos que os sucessivos das derivadas f ( x) = e − x em x = 0 são iguais


2

a zero nas ordens k ímpares, e nas ordens pares os valores são


sucessivamente iguais a -2, 34; -456; 5678; 678910; …

Simplificados com os factores dos factoriais nos denominadores, tem-se

x2 x4 x6 x 2n
e −x = 1 − + − + ... + (−1) n + ...
2

1! 2! 3! n!
de onde vem
2
2 2
 x2 x4 x6 x 2n 
e dx =  1 − + ..
− x2
+ − + ... + (−1) n
0 0
0
1! 2! 3! n!
=
2
 x3 x5 x7  23 25 27
 x − + − + ... = 2 − + − + ...  −0.51
 1!.3 2!.5 3!.7 0 3 2!.5 3!.7

NOTA:
O erro que se comete ao somar apenas um número finito de termos da
série é, em valor absoluto, menor ou igual ao módulo do primeiro
termo desprezado.

1
sin x
Exemplo 1.28: Calcule 
0
x
dx a menos de 0.001

SOLUÇÃO: Achemos as derivadas de f ( x) = sin x em x = 0 .


f (0) = sin 0 = 0 ; f ' ( x) = cos x  f ' (0) = cos 0 = 1 ;
f ' ' ( x) = − sin x  f ' ' (0) = 0 ;

f ' ' ' ( x) = − cos x  f ' ' ' (0) = −1; f


( IV )
( x) = sin x  f ( IV ) (0) = 0 ;
f (V ) ( x) = cos x  f (V ) (0) = 1 ; …
Constata-se que as derivadas de ordem par são iguais a zero, e as de
ordem ímpar são iguais a 1. Então, vem

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x3 x5 x7 n +1 x 2 n−1
sin x = x − + − + ... + (−1) + ...
3! 5! 7! (2n − 1)!
Dividindo por x tem-se
sin x x2 x4 x6 n +1 x
2n
= 1− + − + ... + (−1) + ...
x 3! 5! 7! (2n)!
de onde vem
1
sin x
1
 x2 x4 x6 
0 x dx = 0  3! + 5! − 7! + ...dx
 1 −

1
 x3 x5 x7  1 1 1
= x − + − + ... = 1 − + − + ...
 3.3! 5.5! 7.7! 0 3.3! 5.5! 7.7!
Para se obter o valor aproximado a menos de 0.001 precisamos somar tantos
termos até que se fixem os primeiros 4 algarismos.

1
1− = 0.9444
3.3!

1 1
1− + = 0.946111 os 3 primeiros algarismos já se fixaram
3.3! 5.5!

1 1 1
1− + − = 0.946082766 já temos os 4 primeiros algarismos
3.3! 5.5! 7.7!
fixos.

Então, tem-se
1
sin x
0
x
dx  0.946

Sumário

Nesta Unidade temática 1.2 estudamos e discutimos fundamentalmente a


convergência absoluta e uniforme das séries de funções, o raio e o
intervalo de convergência de uma série de potências, o desenvolvimento
de uma função em série de Taylor, e a aplicação desta para o cálculo
aproximado de integrais de funções de difícil primitivação.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Use o critério de Weierstrass estude a convergência de cada série
no domínio dado:

38
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n2 xn 
(−1) n +1
a)  n
em ]-1, 1[ b) 
n =1 n( x + 2)
n
em x  0
n =1 2


c)  2 n sin 3xn em 
n =1

2. Determine o raio e intervalo de convergência absoluta, da série, e


indique um intervalo de sua convergência uniforme:

n( x + 1) n 
n2 (x −  )n
a) 
n =1 2 n −1
b) 
n =1 2n


(4 x + 1) n 
( x − 2) 3n
c)  n2
d)  n!
e)  n! x
n −1
n

n =1 n =1

3. Determine o desenvolvimento em série de Taylor na vizinhança de


1
a=-1, a função f ( x) = 2 .
x
1 x2

4. Use série para calcular o valor aproximado de  e 4
dx a
0
menos de 0.0001

Respostas: 1. Todas convergem absoluta e uniformemente


2a) R = 2 , ]-3, 1[ , [-2, 0]; 2b) R = 2 , ]-2, +2[, [2, 5];
2c) R = 1 , ]- 54 , 3
4 [, [1, 0] ; 2d) R =  , [a, b]; 2e) R = 0 , não tem;

3.  (n + 1)( x + 1)
n =1
n

4. 0.9226

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. O que é uma série de potências?
2. a) O que é o raio de convergência de uma série de potências?
Como se acha?
b) O que é o intervalo de convergência de uma série de
potências? Como se obtêm?

3. Usando o critério de Weierstrass, estude a convergência da série


no domínio dado:

sin nx
a) n
n =1
4
+ x4
em 


3n x n
b) 
n =1 n!
em ]-1, 1[

39
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(n 2 − cos n) x 2 n
c) 
n =1 n2 +1
em x  r  1

4. Ache o raio de convergência e o intervalo de convergência de


cada série, e indique um intervalo de sua convergência uniforme

(−1) n ( x + 2) n
a) 
n =1 n2 n


(3x − 2) n
b) 
n3n
c) 
n =1
n ( x − 1) n
n =1

5. Determine o desenvolvimento em série de Taylor, na vizinhança do


ponto dado, a função:
a) f ( x) = x cos x em a = 0
b) f ( x) = ln x em a = 2
0.5
6. Use série para achar o valor aproximado de  cos( x )dx a
2

0
menos de 0.01.

Exercícios do TEMA

1. Determine se a série é convergente au divergente. Se for convergente,


calcule sua soma
a) − 2 + 52 − 25
8 + 32 − ...
125

b) 1 + 0.4 + 0.16 + 0.064 + ...



3 
(−3) n−1 
1
c) n
n =1
d)  4n
e) e
n =0
2n
n =1

2. Use o critério da integral para determinar se a série é convergente ou


divergente

1  
5−2 n
a) 
n =1
4
n
b)  ne
n =1
−n
c) 
n =1 n3
1 1 1 1
d) 1+ + + + + ...
2 2 3 3 4 4 5 5
3. Use os critérios de comparação para determinar se a série é
convergente ou divergente
  
1 1 4 − 3n 
3
a)  2 b)  c)  d)  n2
n =1 n + n + 1 n =1 n − n
n
n =1 2n n =1

4. Determine se a série é absolutamente convergente, condicionalmente


convergente ou divergente

40
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(−1) n−1 (−3) n
 
1 
nn
a)  b)  3
c) 
n =1 ( 2n)!
d)  1+ 3 n
n =1 n n =1 n n =1 3

n

 n2 +1 
e)   2 
n =1  2n + 1 

5. Use o critério de Weierstrass para estudar a convergência das séries


 
cos nx 1
a) 
n =1 n + 1
4
em  b)  1 + (n + x)
n =1
2
em x  0


c)  ne
n =1
− n ( x 2 +1)
em 

6. Determine o raio de convergência e o intervalo de convergência de


cada série, e indique um intervalo de sua convergência uniforme


(−1) n x 2 n −1 
2 n ( x − 3) n xn
a)  b)  c) 
n =1 ( 2n − 1)! n+3 n
n =1 n =1 (ln n)


(5 x − 2) n
d) 
n =0 2n
7. Encontre a série de Taylor para a função no valor de a
1
a) f ( x) = x a = 4 b) f ( x) = a=0
1 + 2x
0.4
dx
8. Use séries para calcular o valor aproximado de 
0 1+ x
a menos de

0.00001

Respostas: 1a) Divergente; 1b) S = 53 ; 1c) Divergente; 1d) S = − 21


4
;

e2
1e) S = ; 2a) Divergente; 2b) Convergente para 2
;
e2 −1
e

2c) Convergente para 7


6 ; 2d) Convergente para 2; 3a) Converge;
3b) Diverge; 3c) Converge; 3d) Converge; 4a) Convergência condicional;
4b) Absolutamente convergente; 4c) Absolutamente convergente;
4d) Absolutamente convergente; 4e) Absolutamente convergente;
5a) Converge absoluta e uniformemente; 5b) Converge uniformemente;
5c) Converge absoluta e uniformemente; 6a) R =  ;
6b) R = 12 ; [ 52 , 7
2 [; …[ 114 , 13
4 ]; 6c) R = 0 ; 6d) R = 52 ; ] 0 , 4
5 ]; [ 15 , 3
5 ];
7a)
1 1 3 3.5
x = 2 + ( x − 4) − 2 ( x − 4) 2 + 3 2 ( x − 4) 3 − 4 3 ( x − 4) 4 +
4 4 .2.2! 4 .2 .3! 4 .2 .4!

41
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3.5.7 3.5.7.9
+ 5 4
( x − 4) 5 − 6 5 ( x − 4) 6 + ...
4 .2 .5! 4 .2 .6!
1 3 2 3.5 3 3.5.7 4 3.5.7.9 5
7b) = 1− x + x − x + x − x + ...
1+ x 2! 3! 4! 5!
7c) 0.36602

Referência bibliográfica
Beirão, J. C. (1993), Análise Matemática, ISP
Garcia, N. (1997), Do zero ao infinito, Escolar Editora

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TEMA –II: SÉRIES DE FOURIER.

Introdução

No tema I estudamos a série de Taylor de uma função f, a qual dá uma


boa aproximação para a função f nas vizinhanças de um ponto, mas há
uma exigência: que esta função f seja indeterminadamente derivável,
tanto no ponto como na vizinhança deste ponto. Deste modo, a
aproximação de Taylor é local, não global. Porém, em muitos sistemas
práticos da Matemática, da Engenharia, Computação, Música,
Ondulatória, Sinais Digitais, Processamento de Imagens, etc., o conceito
local de Taylor falha; e portanto necessita-se de um conceito global.
Uma série de Fourier funciona como um processo global. A série de
Fourier permite a análise de sinais periódicos. Para o efeito, ela envolve
funções periódicas integráveis.

Ao completar este tema II, você deverá ser capaz de:

▪ Achar os coeficientes de Fourier

▪ Desenvolver uma função periódica em série de Fourier


Objectivos ▪ Aplicar série de Fourier para o cálculo da soma de séries numéricas
específicos

Conceitos gerais sobre funções periódicas

Uma função f :  →  é periódica, se existe um número p   tal que


para todo x   :
f ( x + p) = f ( x)
O número p é um dos períodos de f . Às vezes existem vários números
com esta propriedade, mas o menor número real positivo com esta
característica é chamado período fundamental de f , que é simplesmente
denominado período.

Se uma função f tem período p , diz-se que f é p-periódica e

43
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

denotamos este facto por f ( x) = f ( x + p) .

O gráfico de uma função periódica é obtido pela repetição periódica de


seu gráfico num intervalo qualquer de comprimento p;

Se f (x) e g (x) têm período p , então C1 f ( x) + C 2 g ( x) , onde C1 e C 2


são constantes quaisquer, também tem o período p .

Exemplos 2.1: As funções f ( x) = sin x e g ( x) = cos x são periódicas de


período p = 2 .

Além do período 2 , as funções h( x) = sin nx , k ( x) = cos nx e


2
q( x) = A cos(nx) + B sin( nx) têm o período (fundamental) p = .
n

Propriedade 2.1 Se a   e f é uma função 2 L - periódica, então


a+ L L


a−L
f ( x)dx =  f ( x)dx
−L

Algumas Fórmulas trigonométricas importantes


1
cos(a). cos(b) = [cos(a + b) + cos(a − b)]
2
1
sen(a).sen(b) = [cos(a − b) − cos(a + b)]
2
1
sen(a). cos(b) = [ sen(a + b) + sen(a − b)]
2

Integrais trigonométricos
Se n , k   = {1, 2, 3,...}, então tem-se
  
1.  cos(nx)dx =  sen(nx)dx =  sen(nx). cos(kx)dx = 0
− − −

   se n = k
2. 
−
cos(nx ). cos(kx ) dx = 
−
sen( nx ).sen( kx ) dx = 
0 se n  k

44
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Funções integráveis
Uma função f diz-se integrável sobre um intervalo [a, b] se
b

 f (u )du = I  
a

Exemplo 2.2: As funções f ( x) = sen(nx) e g ( x) = cos(kx) são


integráveis em qualquer intervalo [a, b].

SÉRIE TRIGONOMÉTRICA
Na resolução de muitos problemas surge com frequência um tipo
particular de série que se denomina série trigonométrica.

Definição 2.2: Chama-se Série Trigonométrica a toda a série da forma

1
a0 + a1 cos x + b1 sin x + a 2 cos 2 x + b2 sin 2 x + ... + a n cos nx + bn sin nx + ...
2

Ou seja, a série

1
a0 +  (a n cos nx + bn sin nx)
2 n =1

na qual os coeficientes a n e bn são constantes.

Como as funções cos nx e sin nx são funções periódicas de período


comum 2 , se a série trigonométrica convergir num dado ponto x 0 ,

converge também em x0 + 2 ; e se convergir em todos os pontos dum


dado intervalo para uma função f , então a série representa a função
f periódica de período 2, isto é f ( x + 2 ) = f ( x) .

45
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SÉRIE DE FOURIER E COEFICIENTES DE FOURIER


Seja f uma função periódica de período 2 e integrável sobre o

intervalo [-, ] e n  . A série de Fourier de f é a série


trigonométrica

1
f (x)  a0 +  (a n cos nx + bn sin nx)
2 n =1

onde a 0 , a n e bn são os Coeficientes de Fourier de f definidos por



1
a0 =
  f ( x)dx
−


1
an =
  f ( x) cos(nx)dx
−


1
bn =
  f ( x)sen(nx)dx
−

O símbolo  foi usado aqui, pois nem sempre esta série de funções
converge para f , mas se f for 2-periódica e seccionalmente
diferenciável, obteremos a convergência da série trigonométrica, e dessa
forma poderemos substituir o sinal  pelo sinal de igualdade =.

Assim definida a série de Fourier de f , para se obter o desenvolvimento


em série de Fourier de uma função dada f precisamos primeiro

determinar os coeficientes de Fourier a 0 , a n e bn .

Exemplo 2.3: Obter o desenvolvimento em série de Fourier de


0 se −   x  0

f ( x) = 
 se 0  x  

46
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SOLUÇÃO: Calculemos os coeficientes de Fourier de f .


 0 
1 1 1
a0 =
 
−
f ( x)dx =
  0dx +
−
  dx + 
0

  
1 1  sen(nx) 
an =  f ( x) cos(nx)dx =   cos(nx)dx =   =0
 − 0  n 0
  
1 1  cos(nx)  cos(n ) − 1
bn =  f ( x) sen(nx)dx =   .sen(nx)dx = −  =−
 − 0  n 0 n

1 − cos(n )
=
n
Para n par, cos(n ) = 1 , e obtemos bn = 0 ; e para n ímpar,
2
cos(n ) = −1 , e obtemos bn = . Portanto, só temos os coeficientes bn
n
2
de ordens ímpares; isto é os b2 k −1 = .
2k − 1
Assim, a série de Fourier de f será dada por

 
sen(2k − 1) x
f (x)  + 2
2 k =1 2k − 1

ou seja
  sen(3x) sen(5 x) sen(7 x) 
f (x)  + 2 sen( x) + + + + ...
2  3 5 7 

Funções com simetria: função par e função ímpar

Definição 2.1: Uma função f é par se f (− x) = f ( x) para todo x do seu


domínio.

47
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Uma função f é ímpar se f (− x) = − f ( x) para todo x do seu domínio

Exemplos 2.2:

• A função co-seno é par, pois cos(− x) = cos(x) .


• A função seno é ímpar, pois sen(− x) = −sen( x)

• A função f ( x) = x 2 é par, pois f (− x) = (− x) 2 = x 2 = f ( x)


• A função f ( x) = x é ímpar, pois f (− x) = − x = − f ( x)

Propriedades das funções simétricas

1. O produto de duas funções pares é uma função par


2. O produto de duas funções ímpares é uma função par.
3. O produto de uma função par por uma função ímpar é uma
função ímpar.
a a
4. Se f é uma função par, então 
−a
f ( x)dx = 2 f ( x)dx
0

a
5. Se f é uma função ímpar, então  f ( x)dx = 0
−a

Propriedades dos Coeficientes de Fourier para funções simétricas

De acordo com as propriedades das funções simétricas, tem-se:

1. Se f é uma função par, então

bn = 0

2
an =
  f ( x) cos(nx)dx
0

2. Se f é uma função ímpar, então

an = 0

2
bn =
  f ( x)sen(nx)dx
0

48
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Exemplo 2.4: Ache o desenvolvimento em série de Fourier de


f ( x) = x (−   x   )

SOLUÇÃO: Como a função f ( x) = x é par, então, todos os coeficientes

bn são iguais a zero.

Segundo a propriedade 1. Dos coeficientes de Fourier para funções


simétrica, tem-se
 
xdx = x 
2 2 1 

 
a0 = f ( x)dx = 2
=
 
0
0 0

  
2 2  xsen(nx)  2 sen(nx)
a n =  x cos(nx)dx =   −  dx
0  n 0  0 n

0 para n par
=0+
2
n 2
cos(nx)0  2

= 2 (−1) − 1 =  4
n
n

− 2 para n impar
 n
Portanto, aqui só temos os coeficientes a n de ordens ímpares,

4
a 2 k −1 = − .
(2k − 1) 2 

Assim, a série de Fourier de f ( x) = x é

 4 
cos(2k − 1) x  4  cos 3x cos 5 x 
x 
2


 k =1 (2k − 1) 2
= −  cos x +
2  3 2
+
5 2
+ ...

Exemplo 2.5: Obter o desenvolvimento em série de Fourier de


f ( x) = x (−   x   )

49
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SOLUÇÃO: A função é ímpar. Assim, segundo a propriedade 2. dos


coeficientes de Fourier para funções simétricas, tem-se
an = 0 para todo n 
   
2 2 2  x. cos(nx)  2 cos(nx)
bn =
 
0
f ( x) sen(nx)dx =  x.sen(nx)dx = −
0  n  + 
0  0 n
dx

− 2. cos(n ) 2.(−1) n+1


= +0=
n n

(−1) n+1 sen(nx)
Logo, a série de Fourier de f ( x) = x é x  2
k =1 n

OBSERVAÇÃO 2.1: Com o objectivo de simplificar as operações, muitas


vezes é vantajoso tomar o período p = 2L e a função definida no
intervalo real simétrico [−L, L]. Para o efeito, basta tomar a mudança de
 .t
variável x = para se obter a nova função agora dependente de t ,
L
que será 2 L -periódica e integrável no intervalo [−L, L].

Definição 2.3: Se f (t ) é uma função 2 L − periódica e integrável no


intervalo [−L, L], a sua série de Fourier é dada por
1 
  nt   nt 
f (t )  a 0 +  a n cos  + bn sen 
2 n =1   L   L 
onde os coeficientes são dados por

 nt 
L
1
an = 
L −L
f (t ) cos
 L 
dt

 nt 
L
1
L −L
bn = f ( x ) sen dt
 L 

Exemplo 2.6: Determinar o desenvolvimento em série de Fourier de


0 se −2  t  0
t+t 
f (t ) = =
2 t se 0  t  2

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SOLUÇÃO:

Considerando a extensão periódica da função fora do intervalo ]-2, 2[


em que está definida, obtém-se uma função periódica de período
p = 2L = 4 . Donde vem que L = 2 .
Então,
2 2
1 1 1
a0 =  f (t )dt =  tdt = t 2
2
=1
2 −2 20 4 0

 nt 
 
2
1 2
a n =  t. cos dt = 2 2 (−1) − 1
n

20  2  n

 nt  2.(−1) n
2
1
bn =  t.sen dt = −
20  2  n
Logo
1 
 (−1) n − 1  nt  (−1) n  nt 
f (t )  + 2  2 2 cos − .sen .
2 n =1  n   2  n  2 

OBSERVAÇÃO 2.2: Se f é uma função de período 2 L , pode-se usar


como intervalo básico qualquer intervalo da forma c  x  c + 2L ; isto é,
qualquer intervalo de amplitude 2 L . Para um tal intervalo, o mesmo
raciocínio que se utilizou atrás, conduz à série de Fourier

1
a0 +  (a n cos nx + bn sin nx) , com os coeficientes de Fourier dados
2 n =1

c+2 L c+2 L
1 1
agora por a n =
 c
f ( x) cos(nx)dx bn =
  f ( x)sen(nx)dx
c

Exemplo 2.7: Obter a série de Fourier de


 x se 0  x  1
f ( x) = 
2 − x se 1  x  2

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SOLUÇÃO: O intervalo é 0  x  2 . Logo, 2 L = 2 , donde tem-se L = 1 .


1 2
1
2 1 2
x2  x2 
a0 =  f ( x)dx =  xdx +  (2 − x)dx = +  2 x −  = 1
10 0 1
2 0  2 1

 nx   nx 
 
1 2
1
a n =  x cos dx +  (2 − x) cos dx = 2 2 cos(nx) 0 − cos(nx) 1
1 2

0  1  1  1  n

1
= [cos(n ) − 1 − cos(2n ) + cos(n )]
n 22

2 cos(n ) − 2
=
n 2 2
0 para n par
=
2
n 2 2
 

(−1) n − 1 =  4
− 2 2 para n impar
 n
4
Então temos a 2 k −1 = −
(2k − 1) 2  2

 nx   nx 
1 2
bn =  xsen dx +  (2 − x) sen dx = 0 (verifique)
0  1  1  1 
A série de Fourier é
1 4 
cos(2k − 1)x
f (x)  −
2 2

n =1 (2k − 1) 2

Série de Fourier só de co-senos ou só de senos (extensões)


Sabemos que para uma função de simetria par ou ímpar, um dos
coeficientes de Fourier bn ou a n é igual a zero.

Então, se tivermos uma função 2L-periódica que está definida apenas


sobre o meio intervalo [0, L] , muitas vezes precisamos estender este
domínio ao intervalo completo [ − L , L ] para nos beneficiarmos da
simetria da função no intervalo simétrico.

Portanto, a ideia é estender o domínio [0, L] da função f = f (x) a

todo o intervalo [ − L , L ], de modo que a extensão f e seja uma função


par ou ímpar, e então construir a série de Fourier da extensão.

52
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Extensões de funções 2L-periódicas

1. A série de Fourier da extensão par f1 é denominada a série de


Fourier de cossenos da função f em [0, L], dada por:

 nx 
f (x)  a
n =1
n cos
 L 

sendo que para cada n  , os coeficientes de Fourier são:

 nx 
L
2
an =
L0 f ( x) cos
 L 
dx

2. A série de Fourier da extensão ímpar f 2 é denominada a série


de Fourier de senos da função f em [0, L], dada por:


 nx 
f (x)   b sen
n =1
n
L 

sendo que para cada n  , os coeficientes de Fourier são:

 nx 
L
2
bn =  f ( x) sen dx
L0  L 

Exemplo 2.8: Determinar a série de Fourier só de cossenos de

f ( x) = x (0  x   )
SOLUÇÃO: A função está definida apenas no intervalo [0, ]. Temos que
estendê-la ao intervalo [-, 0] de maneira sua extensão f1 seja par.

A extensão f1 é a função f ( x) = x que é, de facto, par.

53
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Agora, estendendo-a pela recta  de modo que ela seja 2-periódica,


temos bn = 0 e


2
a0 =
  xdx = 
0

 0 se n par
2 
a n =  x cos(nx)dx =  4
 0 − 2
 n

Ou seja

4
a 2 n −1 = − para todo n 
(2n − 1) 2 

A série de Fourier só de co-senos de f ( x) = x é

 4 
cos(2n − 1) x
x 
2


 n =1 (2n − 1) 2

Exemplo 2.8: Determinar a série de Fourier só de senos de

f ( x) = cos x x  [0,  ]

SOLUÇÃO: Para obtermos a série de Fourier só de senos, devemos


estender a função f ( x) = cos x à função ímpar f 2 definida por

− cos x se x  [− ,0[


f2 = 
cos x se x  [0,  ]

Como f 2 é ímpar, an = 0 e


2
bn =
  cos( x)sen(nx)dx
0

1
Usando a identidade sen(a). cos(b) = [ sen(a + b) + sen(a − b)] tem-se
2
  
2 1 1
bn =
  cos( x)sen(nx)dx =
0
  sen(n + 1) xdx +
0
  sen(n − 1) xdx
0

54
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 
1 1
=− cos(n + 1) x − cos(n − 1) x
 (n + 1) 0
 (n − 1) 0

1  (−1) n +1 − 1 (−1) n +1 − 1
=− +
  n + 1 n −1 

2n[1 + (−1) n ] 2n  1 + (−1) n 


= =  
 (n + 1)(n − 1)   n 2 − 1 

0 se n impar
2n  1 + (−1) n  
bn =   =  4n
  n 2 − 1   se n par
  ( n 2
− 1)

Tem-se então

8n
b2 n = para todo n  .
 (4n 2 − 1)

A série de Fourier só de senos de f ( x) = cos x é


8 n.sen(2n) x
cos x =

 n =1 4n 2 − 1

APLICAÇÃO DA SÉRIE DE FOURIER À SOMA DE UMA SÉRIE NUMÉRICA


Se a função f for 2 L -periódica e seccionalmente diferenciável,
obteremos a convergência da série trigonométrica, e dessa forma
poderemos substituir o sinal  na série de Fourier de f pelo sinal de
igualdade, i.e

a0    nx   nx  
f ( x) = +   cos  + sen  
2 n =1   L   L 

Definição 2.4: (função seccionalmente contínua). Uma função real


f = f (x) é seccionalmente contínua sobre  se, restrita a cada intervalo
limitado I   , possui no máximo um número finito de descontinuidades
de salto finito.

55
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Definição 2.5: (função seccionalmente diferenciável). Uma função f


2 L -periódica é seccionalmente diferenciável se satisfaz as seguintes duas
propriedades:
1. f = f (x) é seccionalmente contínua
2. A derivada de f = f (x) é seccionalmente contínua

Através das séries de Fourier de f 2 L -periódica e seccionalmente


diferenciável, podemos obter somas de séries numéricas reais onde é
difícil (ou até impossível) estabelecer a regra para definir a n-ésima
soma parcial.

Exemplo 2.8: No exemplo 2.4 obtivemos a série de Fourier de


f ( x) = x (−   x   )
Como em  f ( x) = x é 2 L -periódica e seccionalmente diferenciável,

então pode-se escrever a igualdade

 4 
cos(2k − 1) x
x=
2


 k =1 (2k − 1) 2

 4 
1
Tomando x = 0 , f (0) = 0 = 0 . Na série tem-se 0 =
2


 (2k − 1)
k =1
2
.

Desta igualdade podemos calcular o valor da série numérica



1 
1  4 
1 2

n =1 ( 2n − 1)
2
, de onde vem 
n =1 ( 2n − 1)
2
= : ou
2 

n =1 ( 2n − 1)
2
=
8
.

Exemplo 2.9: Obter a série de Fourier da função


−1 se x  [− ;0[

f ( x) = 
1 se x  [0;  [

(−1) n

e calcular a soma 
n =1 2n − 1

SOLUÇÃO: A função dada é ímpar

56
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Logo,
an = 0
  

bn =
2
  f ( x) sen(nx)dx =
2
  sen(nx)dx =
2
n
cos(nx) = −
2
n
( )
(−1) n − 1
0 0 0

4
b2 k −1 = .
(2k − 1)
Como f em  é seccionalmente diferenciável, obtemos a série de
Fourier
4 
sen(2n − 1) x
f ( x) =

 n =1 2n − 1

Tomando x = 
2 , f ( 2 ) = 1 e sen(2n − 1) 2 = (−1) n +1 . Logo tem-se a

4 
(−1) n +1 4  (−1) n
igualdade 1 = 
 n =1 2n − 1
, ou seja 1 = − 
 n =1 2n − 1
.


(−1) n+1 
De onde tem-se 
n =1 2n − 1
=− .
4

 x se 0  x  1
Exemplo 2.10: Obter a série de Fourier de f ( x) =  e
2 − x se 1  x  2

1
calcular a soma da série numérica  (2n − 1)
n =1
2
.

SOLUÇÃO: No exemplo 2.7 obtivemos a série de Fourier desta função,


1 4 
cos(2k − 1)x
que é f (x)  −
2 2

n =1 (2k − 1) 2
. Como f é 2 L -periódica e

seccionalmente diferenciável, então pode-se escrever a igualdade


1 4 
cos(2k − 1)x
f (x) = −
2 2

n =1 (2k − 1) 2

57
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Em x = 0 f (0) = 0 , cos(2k − 1) .0 = cos 0 = 1 , e, tem-se



1 4 1
0= − 2
2 
 (2n − 1)
n =1
2
. Resolvendo esta equação, resulta


1 2

n =1 ( 2n − 1)
2
=
8
.

Sumário

Neste Tema estudamos e discutimos fundamentalmente o desenvolvimento


em série de Fourier de uma função 2 L -periódica, e sua aplicação no
cálculo de somas de algumas séries numéricas, onde é difícil estabelecer
a regra para definir a sua n-ésima soma parcial.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Esboce o gráfico e determine o desenvolvimento em série de
2, −  x  0
Fourier de f ( x) = 
− 2, 0  x  
2. Desenvolve a função f ( x) = 2x + 1 em
a) Série de Fourier para −   x  
b) Série de Fourier de co-senos para 0  x  
c) Série de Fourier de senos para 0  x  
 x, 0  x  1
3. Desenvolve a função f ( x) =  em série de Fourier
2 − x, 1  x  2
de co-senos no intervalo ]0, 2[.
4. Desenvolve a função f ( x) = x 2 , −   x   , em série de

(−1) n
Fourier, e calcule a soma da série numérica 
n =1 n
2
.

8 
sen(2n − 1) x
RESPOSTAS: 1. −

 n =1 2n − 1
,


(−1) n sen(nx) 8  cos(2n − 1) x
2a) 1 − 4 , 2b) 1 +  −  ,
n =1 n  n=1 (2n − 1) 2
2 
1 − (−1) n (2n − 1) 1 4 
cos(2n − 1)x
2c) 
 n=1 n
sen(nx) , 3. − 2
2 
n =1 (2n − 1) 2

2 
(−1) n cos nx
4. + 4
3 n =1 n2

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Exercícios para AVALIAÇÃO


 + x se x  [− ;0[

1. Obtenha a série de Fourier de f ( x) = 
 − x se x  [0;  ]
2. Desenvolve f ( x) = 1 − x em:
a) Série de Fourier para − 2  x  2
b) Série de Fourier de co-senos para 0  x  2
c) Série de Fourier de senos para 0  x  2
3. Desenvolve f ( x) = sen( x) , −   x   em série de Fourier, e a

1
partir dela calcule a soma  4n
n =1
2
−1

Referência bibliográica
Beirão, J. C. (1993), Análise Matemática, ISP
Girão, P. M. (214), Introdução à Análise Complexa, Série de Fourier e
Equações Dierenciais, IST Press

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TEMA III EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE PRIMEIRA ORDEM


UNIDADE Temática 3.1. Conceitos fundamentais em
Equações Diferenciais
UNIDADE Temática 3.2. Equações diferencias de 1a ordem

UNIDADE Temática 3.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM EQUAÇÕES


DIFERENCIAIS

Introdução

Provavelmente você estudou a lei da gravitação universal de Newton, o


movimento dos planetas e a refracção da luz. Estes fenómenos são, pois,
exemplos importantes que podem ser expressos usando equações
diferenciais. Grande parte do nosso entendimento da natureza vem da
habilidade em resolver equações diferenciais.

Ao completar esta Unidade Temática 3.1, você deverá ser capaz de:

▪ Definir uma equação diferencial;


▪ Aplicar devidamente as terminologias das equações diferenciais;
▪ Verificar as soluções de uma equação diferencial;
Objectivos
específicos ▪ Resolver um problemas de valores iniciais;
▪ Definir uma equação diferencial de 1ª ordem;
▪ Esboçar uma curva integral

Noção de Equação Diferencial: Conceitos gerais

Muitas situações reais dos contextos naturais, sociais e económicas, tais


como o crescimento populacional das espécies animais, o movimento de
uma mola, a concentração de uma substância numa mistura, a circulação
da moeda, o decaimento radioativo, etc. são expressas por modelos
matemáticos que frequentemente têm o formato de uma equação
diferencial.

Não é difícil perceber porquê as equações diferenciais são muito


prontamentes nas ciências. Se y = f (x) é uma função, então a derivada

60
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df ( x)
y'= pode ser interpretada como a taxa de variação de f (x)
dx
com relação à variável x .

Em qualquer processo da natureza, as variáveis envolvidas estão


relacionadas com as suas taxas de variação, pelos princípios científicos
básicos que governam o processo; isto é, com as leis da natureza.
Quando essa relação é expressa em notação matemática, o resultado é
geralmente uma equação diferencial.

Definição 3.1.1 – Equação Diferencial


Equação Diferencial (ED) é uma equação que contém uma função y
desconhecida e algumas de suas derivadas (ou diferenciais)

ou melhor, uma Equação Diferencial é uma equação da forma

F ( x, y, y' , y' ' ,..., y ( n) ) = 0 (1)

envolvendo uma função incógnita y = y(x) e suas derivadas ou suas


diferenciais. x é a variável independente, y é a variável dependente e

o y (n) denota a derivada de ordem n da função y = y(x) .

Exemplos 3.1.1:

1. y' '+3 y'+6 y = sen( x) 4. y' = f ( x, y)

2. ( y' ' ) 3 + 3 y'+6 y = tg ( x) 5. M ( x, y)dx + N ( x, y)dy = 0

d2y dy
3. 2
+ 3y = ex
dx dx

Ordem e Grau de uma equação diferenciais ordinária

• A Ordem da equação diferencial é a ordem da mais alta


derivada da função incógnita que ocorre na equação.
• O Grau é o valor do expoente para a derivada mais alta da
equação, quando a equação tem a “forma” de um polinómio na
função incógnita e em suas derivadas.

61
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Exemplos 3.1.2:

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
1. y' '+3 y'+6 y = sen( x) e 𝑑𝑥 2 + 3𝑦 𝑑𝑥 = 𝑒 𝑥 têm ordem 2 e grau 1.
Assim, elas são Equações diferenciais da 2a ordem e 1o grau
2. ( y' ' ) 3 + 3 y'+6 y = tg ( x) tem ordem 2 e grau 3
Assim, ela é uma Equação diferencial da 2a ordem e 3o grau
3. y' = f ( x, y) e M ( x, y)dx + N ( x, y)dy = 0 têm ordem 1 e grau 1
Assim elas são Equações diferenciais da 1a ordem e 1o grau.

SOLUÇÃO DE UMA EQUAÇÃO DIFERENCIAL ORDINÁRIA

Uma função y = y(x) é chamada solução de uma equação diferencial


se a equação é satisfeita quando y = y(x) e suas derivadas são
substituídas na equação.

NOTA: Quando é pedido para resolver uma equação diferencial espera-


se encontrar a solução mais geral possível da equação, chamada solução
geral.

Exemplo 3.1.3: Verifique que y = Ce


2x
é solução a solução geral da
equação diferencial y  − 5 y  + 6 y = 0

SOLUÇÃO: Calculemos as derivadas y' e y ' ' substituamos na equação

y'= 2Ce 2 x e y' ' = 4Ce 2 x

Substituindo na equação obtemos

y' '−5 y'+6 y = 4Ce 2 x − 5.2Ce 2 x + 6Ce 2 x = (4 − 10 + 6)Ce 2 x = 0 Verifica.

Exemplo 3.1.4: Verifique que y = Ce


x2 / 2
é solução geral da equação
diferencial y' = xy .

SOLUÇÃO: y' = C( x / 2)' e = Cxe x = x(Ce x / 2 ) = xy Verifica.


2 x2 / 2 2
/2 2

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Existência e unicidade de solução para uma Equação Diferencial


Ordinária

• Três perguntas importantes sobre soluções, para uma Equação


Diferencial:

1. Dada uma equação diferencial, será que ela tem solução?

2. Se tiver solução, será que esta solução é única?

3. Existe uma solução que satisfaz a alguma condição especial?

Para responder a estas perguntas, existe o Teorema de Existência e


Unicidade de solução que nos garante resposta para algumas das
questões desde que a equação tenha algumas características.

• Descobrir uma solução para uma Equação Diferencial é algo

“similar” ao cálculo de uma integral, e nós sabemos que existem


integrais que não possuem primitivas, como é o caso das integrais
elípticas. Dessa forma, não é de se esperar que todas as equações
diferenciais possuam soluções.

Problema de valor inicial


Quando resolvemos uma equação diferencial geralmente não estamos
tão interessados em encontrar a solução geral, mas sobretudo encontrar
uma solução particular que satisfaz algumas condições adicionais,
chamadas condições iniciais.

Uma equação diferencial satisfazendo algumas condições adicionais é


denominado Problema de Valor Inicial (PVI).

NOTA: Se são conhecidas condições iniciais, podemos obter soluções


particulares para a equação diferencial e se não são conhecidas
condições adicionais poderemos obter a solução geral.

Exemplo 3.1.5: Encontre a solução da equação diferencial do exemplo


3.4, y' = xy , que satisfaz a condição inicial y0 = y(0) = 2 .

63
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SOLUÇÃO: Trata-se de um problema de valor inicial y0 = y(0) = 2 , ou


seja, de valores x = 0 e y = 2 .Vamos substituir estes valores na fórmula

da solução geral y = Ce
x2 / 2
.

Temos 2 = Ce0 / 2 = C , de onde tem-se C = 2 .


Assim, a solução do problema de valor inicial é y = 2e
x2 / 2
, que é uma
solução particular da equação diferencial y' = xy .

Representação gráfica das soluções: Curvas integrais

Como vimos, a solução geral de uma equação diferencial de 1a ordem é


uma função da forma y = f ( x, C) , onde C é uma constante arbitrária. E,

para cada problema de valor inicial y 0 , obtém-se um C 0 tal que

y = f ( x, C0 ) é solução particular da equação diferencial dada.

Assim, geometricamente:

• A solução particular y = f ( x, C0 ) representa uma curva,


denominada curva integral da equação diferencial.

• A solução geral y = f ( x, C) representa uma família de curvas


integrais.

dy y
Exemplo 3.2.3: Para a equação diferencial = − , sua solução geral
dx x
C
y= , com 𝐶 ∈ ℜ , representa a família de curvas integrais, que são
x
as hipérboles seguintes
y
4

x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1

-2

-3

-4

dy
Exemplo 3.2.4: A equação diferencial da primeira ordem = 2 x tem
dx
como solução y = x 2 + C , que representa geometricamente uma família

64
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de parábolas.

Representou-se na figura seguinte as curvas da família correspondente


aos quatro valores de C:
y
4 C = 2
C = 0
3

2  C = −1

1  C = −3

x
-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-1

-2

-3

-4

Sumário

Nesta Unidade temática 3.1 estudamos e discutimos fundamentalmente o


conceito de equação diferencial, a ordem e grau de uma equação
diferencial, o conceito de equação diferencial linear, solução de uma
equação diferencial, que se distingue em solução geral e solução
particular. Uma solução particular resulta da resolução de um problema
de valores iniciais. Finalmente abordamos sobre a representação gráfica
das soluções, que são uma família de curvas planas.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Classifique cada uma das seguintes equações diferenciais quanto
à ordem e linearidade:
a) (1 − x ) y  − 4 xy  + 5 y = cos x ;

b) xy' ' '−( y') + y = 0 ;


4

c) ( y 2 − 1)dx − xdy = 0 ;
a
d) y ' ' = −
y2
e) (sin t )y  − (cos t )y  = 2

2. Mostre que y = 2 + e − x é uma solução da equação diferencial


2

y'+3x 2 y = 6 x 2 .

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2 + ln x
3. Verifique que y = é uma solução para o problema de
x
valor inicial
x 2 y'+xy = 1 y(1) = 2

4. (a) Determine os valores não nulos de k para os quais a função


y = sen(kt ) é solução da equação diferencial y' '+9 y = 0 .

(b) Para tais valores de k , verifique que todo membro da família


de funções y = A.sen(kt ) + B. cos(kt ) é também solução.

1
5. A função y = é solução geral da equação diferencial
x+C
1
y' =
y

(a) Represente a família das curvas integrais para

C = {-2, -1, 0, 1, 2}

(b) Represente a curva integral para o problema de valor inicial


y(1) = 2 .

Respostas: 1a) Linear de 2a ordem; 1b) Não linear de 3a ordem;


1c) Não linear de 1a ordem; 1d) Não linear de 2a ordem;
1e) Linear de 3a ordem; 4a)  3

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Classifique as seguintes equações quanto à ordem e linearidade:
(a) (1 − x) y' '+3x 2 yy' = ln( x + 1)
2
d3y dy
(b) 2. 3  − 5t + 6y −1 = 0
 dt  dt
(c) ( y + x)dx + xdy = 0
2. Verifique que as seguintes funções, à esquerda, são soluções das
equações diferenciais correspondentes, à direita:
a) y = Cx 2 y = 2 y ;

b) y = Cekx y  = ky ;

c) y = C1e 2 x + C2 e −2 x x y  − 4 y = 0 ;

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xy
d) 2 y 2 ln ( y ) = x 2 y = .
x + y2
2

3. A função y = C1e x + C2 e − x é uma família de dois parâmetros de


soluções de y  − y = 0 . Encontre a solução particular para o
problema de valor inicial que consiste na equação diferencial e
nas condições iniciais seguintes:
a) y (− 1) = 5, y (− 1) = −5 ;

b) y (1) = 0, y (1) = e .

1
4. A função y = 2 x + c é solução da equação y ' = .
y

(a) Represente a família das curvas integrais para

C = {-2, -1, 0, 1, 2}

(b) Represente a curva integral para o problema de valor inicial


y(1) = 3 .

Referência bibliográfica

Stwart, J. (2001), Cálculo, V. II, Pioneira Thomson Learning

Girão, P. M. (2014), Introdução à Análise Complexa, Séries de Fourier e


Equações Diferenciais, IST Press

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UNIDADE Temática 3.2. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS DE 1a ORDEM

Introdução

Nesta unidade você vai aprender a resolver analiticamente as Equações


Diferenciais de 1ª Ordem, em particular as equações lineares e algumas
não lineares mas redutíveis a lineares

Ao completar esta Unidade Teática 3.2, você deverá ser capaz de:

▪ Definir as formas de uma equação diferencial da 1a ordem ;


▪ Resolver uma equação diferencial da 1a ordem de Variáveis Separáveis;
▪ Resolver uma equação diferencial homogénea
Objectivos
específicos ▪ Resolver uma equação diferencial exacta
▪ Resolver equações diferenciais lineares de 1a ordem
▪ Resolver algumas equações não lineares, redutíveis a lineares

Equação diferencial de 1a ordem


Uma grande quantidade de equações diferenciais de primeira ordem
pode ser definida na sua forma normal, dada por:
y' = f ( x, y)
Ou, quando a função f ( x, y) poder ser escrita como quociente de duas
outras funções M = M ( x, y) e N = N ( x, y) , a equação diferencial de 1a
ordem pode ser definida na forma diferencial
M ( x, y)dx + N ( x, y)dy = 0

Exemplos 3.2.1:
1. A equação diferencial y' = cos(x + y) está em sua forma normal.

x −1
2. A equação diferencial y ' = está em sua forma normal, mas
y + x2
dy
pode ser reescrita na forma diferencial. Com efeito, como y ' = , então
dx
dy x −1
a equação pode ser escrita na forma = , que corresponde à
dx y + x 2
forma diferencial ( y + x 2 )dy − ( x − 1)dx = 0 .

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OBSERVAÇÃO: Infelizmente não é possível ter uma fórmula explícita


para uma solução de equação diferencial. Mas iremos aqui examinar
alguns tipos de equações diferenciais que podem ser resolvidas
explicitamente.

Equações diferenciais de variáveis Separáveis


Se na equação diferencial da 1a ordem M ( x, y)dx + N ( x, y)dy = 0 , M
é uma função apenas da variável x , isto é M = M (x) e N é uma
função apenas da variável y , isto é N = N ( y) , então a equação dada
fica na forma

M ( x)dx + N ( y)dy = 0

que é chamada equação separável ou equação de variáveis


separáveis.

Ela é assim chamada pelo facto de ser possível separá-la de modo que
cada membro da igualdade possua uma função com apenas uma
variável N ( y)dy = −M ( x)dx

Desse modo, podemos realizar a integração de cada membro por um


processo “simples”

 N ( y)dy = −  N ( x)dx
x
Exemplo 3.2.2: A equação diferencial y ' = na sua forma normal, é de
y
dy x
variáveis separáveis, pois, pode ser reescrita em = , que resulta em
dx y

ydy = xdx
Integrando ambos membros tem-se
y2 x2
 ydy =  xdx 
2
+ C1 =
2
+ C2

Reunindo as constantes em uma constante C temos


y2 − x2 = C

69
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E esta é solução geral da equação diferencial dada, na forma implícita.

Exemplo 3.2.3: Resolva a equação y' = xy 2

dy
SOLUÇÃO: Reescrevendo a equação com diferenciais fica = xy 2 .
dx
Fazendo a separação de variáveis tem-se

dy
= xdx
y2

integrando ambos membro temos

dy
y 2
=  xdx

1 x2
− = +C
y 2

2
y=−
x +C
2

Exemplo 3.2.4:

dx 6t 2
(a) Resolva a equação =
dt 2 x + cos x

(b) Encontre a solução que satisfaz a condição inicial x(1) = 

SOLUÇÃO:

(a) Escrevendo a equação em uma forma diferencial e integrando


ambos os lados temos

(2x + cos x)dx = 6t 2 dt

 (2 x + cos x)dx =  6t
2
dt

x 2 + sin t = 2t 3 + C

que é a solução geral implícita

(b) Substituindo a condição inicial na solução geral temos

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 2 + sin  = 2(1) 2 + C
C =2 −2

Portanto, a solução particular é dada implicitamente por

x 2 + sin t = 2t 3 +  2 − 2

Exemplo 3.2.4: Resolve a equação y' = (1 − y)(2 − y) .

SOLUÇÃO: Reescrevendo a equação temos


dy
= (1 − y)(2 − y)
dx
Separando as variáveis tem-se
dy
= dx
(1 − y)(2 − y)
Integrando ambos os lados temos
dy
 (1 − y)(2 − y) =  dx

O lado esquerdo trata-se de integração de expressão racional.


Precisamos transformar a expressão em adição de duas fracções
1 A B
= +
(1 − y)(2 − y) 1 − y 2 − y
Determinemos os valores de A e B . Para o efeito, reduzimos as fracções
ao denominador comum
1 A B
= +
(1 − y)(2 − y) 1 − y 2 − y
(2-y) (1-y)
Obtemos a igualdade
1 = A(2 − y) + B(1 − y)  1 = 2 A + B − ( A + B) y
O que implica que

A + B = 0  A = −B − − −  A = −B A = 1
     
2 A + B = 1 B = 1 − 2 A  B = 1 + 2 B  B = −1  B = −1
Assim,
1 1 1
= −
(1 − y )(2 − y) 1 − y 2 − y
dy dy dy
 (1 − y)(2 − y) =  1 − y −  2 − y =  dx

71
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− ln 1 − y + ln 2 − y = x + C

2− y 2− y
ln = x + C1  = Ce x
1− y 1− y
Resolvendo esta ultima equação em ordem a y obtemos a seguinte
solução geral
Ce x − 2
y=
Ce x − 1

Equações diferenciais homogéneas


Função homogénea: Uma função f = f ( x, y) é denominada homogénea
de grau k se, para todo t   , vale a relação

f (tx, ty) = t k f ( x, y)

Uma função f = f ( x, y) é homogénea de grau 0 se, para todo t   ,


vale a relação

f (tx, ty) = f ( x, y)

Exemplos 3.3.5:

1. A função f ( x, y) = x 2 + y 2 é homogénea de grau 2; pois

f (tx, ty) = (tx) 2 + (ty) 2 = t 2 ( x 2 + y 2 ) = t 2 f ( x, y)

x2  y
2. g ( x, y ) = e h( x, y ) = arctng  são funções homogéneas de grau
x
2
y

(tx) 2 t 2 x 2 x 2
zero; pois g (tx, ty ) = = = = f ( x, y ) e
(ty ) 2 t 2 y 2 y 2

 ty   y
h(tx, ty ) = arctg   = artg   = h( x, y )
 tx  x

Uma forma simples de observar a homogeneidade de uma função


polinomial é constatar que todos os monómios da função possuem o

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mesmo grau. No caso de uma função racional (quociente de polinómios),


os membros do numerador devem ter um mesmo grau m e os membros
do denominador devem também ter um mesmo grau n , sendo que o grau
da expressão do denominador deve ser menor ou igual que o grau da
expressão do numerador.

Uma equação diferencial de primeira ordem na forma normal


y' = f ( x, y) é dita homogénea se a função f ( x, y) é uma função
homogénea de grau zero.

Exemplos 3.3.6:

x2 + y2 x2  y
y' = ; y' = ; y' = arctg 
xy y2 x

Resolução de uma equação diferencial homogénea


Pode-se resolver uma Equação diferencial homogénea, transformando-a
em uma equação de variáveis separáveis com a substituição

y = x.v( x)

ou, de uma forma mais simples y = xv , onde v = v(x) é uma nova função
incógnita.

Assim, y' = v + xv' (ou dy = vdx + xdv ), e, uma equação da forma


y' = f ( x, y) pode ser transformada em uma equação da forma

dv
xv'+v = f ( x, xv) (ou x + v = f ( x, xv) )
dx

E após simplificações obtemos uma equação com variáveis separáveis

x2 + y2
Exemplo 3.3.7: Resolve a equação diferencial homogénea y ' = .
xy

SOLUÇÃO: Seja y = xv . Então, y' = v + xv' e substituindo na equação


homogénea obtemos

73
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x 2 + x 2v 2
v + xv' =
x 2v
1+ v2
v + xv' =
v
Separando a fracção obtemos
1
v + xv' = +v
v
E cancelando os termos iguais v , obtemos
1
xv'=
v

dv
Como v' ( x) = , podemos escrever
dx
dv 1
x =
dx v
Assim,
dx
vdv =
x
Integrando ambos os membros, teremos
v 2 = 2 ln x + C
Sendo que y = xv , então

y 2 = x 2 (2 ln x + C) 2

dy x + 3 y
Exemplo 3.3.8: Resolve a equação diferencial =
dx 3x + y

SOLUÇÃO: Reescrevendo a equação temos

(3x + y)dy − ( x + 3 y)dx = 0

Usando a substituição y = xv  dy = vdx + xdv temos

(3x + xv)(vdx + xdv) − ( x + 3xv)dx = 0

Dividindo por x temos

(3 + v)(vdx + xdv) − (1 + 3v)dx = 0

Fazendo a multiplicação e agrupando os termos de dx , teremos

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3+v dx
(v 2 − 1)dx + x(3 + v)dv = 0  dv = − separadas as variáveis.
v −1
2
x

Ou seja

3+v dx
dv = −
(v + 1)(v − 1) x

Integrando os membros

2 ln v − 1 − ln v + 1 = − ln x + C

(v − 1) 2 x(v − 1) 2
ln = − ln x + C  ln =C
v +1 v +1

O que implica que

x(v − 1) 2
= e C = C1
v +1

y
x( − 1) 2
y x
Substituindo v = , temos = C1  ( y − x) = C1 ( y + x) .
2

x y
+1
x

Equações diferenciais exactas


M
Na sequência, utilizaremos a notação M y = para a derivada parcial
y

da função M = M ( x, y) em relação à variável 𝑦.

Uma equação na forma diferencial M ( x, y)dx + N ( x, y)dy = 0 será


exacta, se existir uma função F = F ( x, y) cuja diferencial exacta
dF = Fx dx + Fy dy coincide com Mdx + Ndy = 0 , isto é:

dF = M ( x, y)dx + N ( x, y)dy

Exigindo algumas propriedades de diferenciabilidade das funções M e


N , temos um outro critério para a garantia que esta equação é exacta.

75
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Proposição 3.1: Diremos que a equação Mdx + Ndy = 0 é exacta se


M y = Nx

Exemplos 3.3.9:

1. A forma diferencial 3x 2 y 2 dx + 2 x 3 ydy = 0 é exacta, pois existe uma

função diferenciável F ( x, y) = x 3 y 2 cuja diferencial exacta coincide com


o membro da esquerda na equação dada, isto é, dF = 0 . Outra forma
de verificar é usar a proposição 3.1, isto é, mostrar que
M N
My = = = 6 x 2 y . Neste caso, a solução da equação diferencial
y x

exacta é dada por F ( x, y) = C , isto é, x 3 y 2 = C .

2. A forma diferencial ydx + xdy = 0 é exacta.

3. A forma diferencial M ( x)dx + N ( y)dy = 0 é exacta.

4. A forma diferencial ydx − xdy = 0 não é exacta.

Resolução de uma equação diferencial exacta


Método de resolução: Para resolver uma equação diferencial ordinária
(EDO) da forma Mdx + Ndy = 0 , devemos verificar se ela é exacta, e,
em caso positivo, garantir que existe uma função F = F ( x, y) tal que

F F
= M ( x, y ) e = N ( x, y )
x y

Na sequência, tomamos a relação Fx = M ( x, y) e integramos em relação


à variável x para obter

F ( x, y ) =  M ( x, y )dx + g ( y )

Onde g = g (y) é uma função apenas da variável y .

Agora, derivamos parcialmente esta última função F = F ( x, y) em


relação à variável y :

76
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F 
y y 
= M ( x, y)dx + g ' ( y)

e identificamos esta derivada com a função N = N ( x, y) , para obter a


expressão de g = g (y) . A solução da equação diferencial ordinária
exacta será dada por
F ( x, y) = C

Exemplo 3.3.10: Resolver a equação diferencial

(3x 2 + 2 y)dx + (2x + 2 y)dy = 0 .

SOLUÇÃO: Mostremos que esta EDO é exacta. Identificamos então

M ( x, y) = 3x 2 + 2 y e N ( x, y) = 2x + 2 y

M y = 2 = N x , o que garante que a equação é exacta (de acordo com a


proposição 3.1), e portanto existe a função F = F ( x, y) tal que

F F
= 3x 2 + 2 y e = 2x + 2 y
x y

Integremos a primeira relação em relação à variável x para obter

F ( x, y ) =  (3 x 2 + 2 y )dx =x 3 + 2 yx + g ( y )

onde g = g (y) depende apenas da variável y e derivemos parcialmente


esta última função F = F ( x, y) com respeito a y , para obter

F  3
= ( x + 2 xy) + g ' ( y) = 2 x + g ' ( y)
y y

Identificamos agora esta derivada com N ( x, y) :

2 x + g ' ( y) = 2 x + 2 y

Então, temos g ' ( y) = 2 y , de onde segue que g ( y) = y 2 + K . Assim,

F ( x, y) = x 3 + 2xy + y 2 + k

E a solução da equação diferencial exacta será dada por

x 3 + 2xy + y 2 = C

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Equações diferenciais Lineares de 1a ordem


Uma equação diferencial linear de 1a ordem é aquela que pode ser
escrita na forma padrão

y'+ P( x) y = Q( x)

onde P e Q são funções contínuas em um dado intervalo.

Este tipo de equações ocorre frequentemente em vários ramos da ciência.

Exemplo 3.3.11:

1. A equação xy'+ y = 2x é linear de 1a ordem; pois, para x  0 esta


pode ser escrita na forma
1
y '+ y=2
x
1
onde P( x) = e Q( x) = 2 .
x
2. A equação ( x 2 − y)dx − 4 xdy = 0 é linear de 1a ordem; pois, ela
pode ser transformada para a forma padrão y'+ P( x) y = Q( x) :
Com efeito, dividindo-a por dx tem-se
dy
x 2 − y − 4x =0
dx
Passando para o segundo membro o x 2 e dividindo a equação por
− 4 x , tem-se, para x  0
dy 1 1
+ y= x
dx x 4
1 1
onde P( x) = e Q( x) = x .
x 4

Resolução de uma equação diferencial linear de 1a ordem

Factor integrante I ( x) = e 
P ( x ) dx

Para resolver a equação linear y'+ P( x) y = Q( x) , multiplique ambos os

lados da equação pelo factor Integrante I ( x) = e 


P ( x ) dx
e integre
ambos os lados

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N.B. A multiplicação da equação diferencial linear de 1a ordem pelo


factor integrante torna o lado esquerdo, derivada do produto y.I ( x)

Exemplo 3.3.12: Resolva a equação diferencial y'+3x 2 y = 6 x 2

SOLUÇÃO: A equação dada é linear com P( x) = 3x 2 e Q( x) = 6 x 2 .

Um factor integrante é

I ( x) = e 
3 x 2 dx
= ex
3

3
Multiplicando ambos os lados da equaçao por e x , obtemos

y' e x + 3x 2 y = 6 x 2 (o lado esquerdo é derivada do produto y.e x )


3 3

( y.e x )' = 6 x 2 .
3
ou seja
Integrando ambos os lados temos

e x y =  6 x 2 e x dx = 2e x + C
3 3 3

y = 2 + Ce − x
3

Portanto, a solução geral da equação diferencial linear


y'+ P( x) y = Q( x) é dada por

y = y ( x) = e    e  .Qdx + C 
− Pdx Pdx

 

Exemplo 3.3.13: Encontre a solução para o problema de valor inicial


dy
x2 + xy = 1 x0 y(1) = 2
dx
SOLUÇÃO: Devemos primiro dividir a equação por x 2 para colocar a
equação na forma padrão
dy 1 1
+ y= 2 x0
dx x x
1 1
que é equivalente a y'+ y= 2
x x
O factor integrante é

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I ( x) = e 
(1 / x ) dx
= e ln x = x
Vamos usar directamente a fórmula para a solução geral da equação
linear dada.

Sendo I = e  , então e  = I −1 .
Pdx − Pdx

A solução geral é dada por

  ln x + c
y = y ( x) = e    e  .Qdx + C  = x −1   x. 2 dx + C )  =
− Pdx Pdx 1
   x  x

ln x + C
Isto é y=
x

Como y(1) = 2 , temos

ln 1 + C
2= =C
1

Portanto, a solução para o problema de valor inicial é

ln x + 2
y=
x

Equações não lineares redutíveis a lineares


Resolver equações diferenciais não lineares é muito difícil, mas existem
algumas delas que mesmo sendo não lineares, podem ser transformadas
em equações lineares. Os principais tipos de tais equações são:

Equação de Bernoulli

A Equação de Bernoulli é da forma

y'+ ( x) y =  ( x) y n

onde  e  são funções contínuas.

Para resolver a equação de Bernoulli, a ideia é realizar uma substituição


na equação, de modo a transformá-la em uma equação linear.

80
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1o passo: Dividimos ambos os membros da equação de Bernoulli por y n ,


para obter:

y −n . y'+ ( x) y1−n =  ( x)

2o passo: Agora multipliquemos por (1 − n) , para obtermos

(1 − n) y −n . y'+(1 − n) ( x) y1−n = (1 − n) ( x)

3o passo: Fazendo z = y1−n e derivando z em relação a x , temos

z' = (1 − n) y −n y'

4o passo: E substituindo na igualdade do 2o passo, temos

z'+(1 − n) ( x) z = (1 − n) ( x)

que é uma equação linear da forma y'+ P( x) y = Q( x)

onde P( x) = (1 − n) ( x) e Q( x) = (1 − n) ( x) .

A solução desta equação é a função. Ao final, devemos voltar à variável


1
original, com y = z 1− n
.

Exemplo 3.3.14: Resolve a equação y'+ y = e x y 2 .

SOLUÇÃO: Como se pode ver, esta equação está na forma


y'+ ( x) y =  ( x) y n , onde  ( x) = 1 e  ( x) = e x ; ou seja, é uma
equação de Bernoulli com n = 2 .

A substituição adequada é z = y1−2 = y −1 . Assim, y = 1 / z , e temos

y' = (−1 / z 2 ).z' . Substituindo esta relação na equação dada teremos

(−1 / z 2 ) z'+1 / z = e x (1 / z 2 )

Multiplicando esta igualdade por − z 2 temos a seguinte equação linear

z'− z = −e x

com P( x) = −1 e Q( x) = −e x .

I ( x) = e 
−1dx
= e−x .

81
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Multiplicando a equação linear obtida pelo factor integrante e − x temos


e − x z'−e − x z = −1  (e − x z)' = −1
Integrando ambos os lados tem-se
e − x z = −  dx + C

z = −e x ( x + C )
1 1 e−x
Logo, y= =− x =−
z e (x + C) x+C

Equações de Lagrange e Clairaut


As equações diferenciais que podem ser escritas na forma
y = xf ( y' ) + g ( y' )
São chamadas equações de Lagrange (onde f e g são funções
diferenciáveis).

Quando f ( y' ) é uma identidade, isto é f ( y' ) = y' , a equação toma a


forma y = xy'+ g ( y' ) , denominada equação de Clairaut.

Método de Resolução de uma equação de Lagrange

1o passo: Façamos y' = t .


E substituímos na equação de Lagrange y = xf ( y' ) + g ( y' ) . Teremos
y = xf (t ) + g (t )
2o passo: Derivar esta equação em relação a x (e tendo em conta que
y' = t ). Tem-se
t = f (t ) + xf ' (t )t '+ g ' (t )t '
dt
Sendo que t ' = , a expressão t = f (t ) + xf ' (t )t '+ g ' (t )t ' pode ser
dx
escrita na forma
dt dt
t − f (t ) − xf ' (t ) = g ' (t )
dx dx
dx
3o passo: Multiplicar por . Temos
dt
(t − f (t )) dx − xf ' (t ) = g ' (t )
dt
4 passo: Dividir por (t − f (t ) ) . Temos
o

dx f ' (t ) g ' (t )
− x=
dt t − f (t ) t − f (t )

82
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Esta é uma equação linear onde x é uma função que depende de t

x(t ) = e    e  Qdt + C 
− Pdt Pdt

 

f ' (t ) g ' (t )
onde P = − e Q=
t − f (t ) t − f (t )

Portanto, temos a seguinte solução paramétrica da equação de


Lagrange.
 x = x (t )

 y = xf (t ) + g (t )

Exemplo 3.3.15: Resolve a equação y = 2 xy'+( y' ) 2


SOLUÇÃO: Temos uma equação de Lagrange, com f ( y' ) = 2 y' .
Fazendo y' = t e substituindo na equação temos
y = 2 xt + t 2

Derivando em relação a x tem-se


t = 2t + 2xt '+2t.t '
Reorganizando tem-se
dt dt
t − 2t − 2 xt ' = 2t.t '  −t − 2 x = 2t
dx dx
dx
Multiplicando por temos
dt
dx
−t − 2 x = 2t
dt

Dividindo por − t obtemos


dx 2
+ x = −2
dt t
2
que é uma equação linear, onde x é uma função de t , e P = e
t
Q = −2 .
Logo,

 e  Pdt Qdt + C  = e −  t dt  e  t dt (−2)dt + C 


2 2

x(t ) = e 
− Pdt
   
   

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

( ) ( )  2 
x(t ) = e − 2 ln t − 2 e 2 ln t dt + C = t − 2 − 2 t 2 dt + C = t − 2  − t 3 + C 
 3 

A solução paramétrica da equação de Lagrange dada é


 −2  2 3 
x = t  − 3 t + C 
  

 y = 2t −1  − 2 t 3 + C  + t 2
  3 

N.B. Observe que a expressão y = 2t −1  − t 3 + C  + t 2 foi obtida


2
 3 
substituindo a expressão de x(t ) na equação y = 2 xt + t 2 .

Exemplo 3.3.16: Resolve a equação y = xy'+ 1 + ( y ' ) 2

SOLUÇÃO: Trata-se de uma equação de Clairaut, pois f ( y' ) = y' .

Fazendo y' = t e substituindo na equação temos

y = xt + 1 + t 2
Derivando em relação a x tem-se
t
t = t + xt '+ t'
1+ t 2
Reorganizando temos
 t 
0 =  x + .t '

 1+ t2 
Segundo a lei de anulação de produto, isto implica que
t
t '= 0 ou x + =0
1+ t 2
Para t '= 0 , sendo y' = t , implica que y' = t = C , que corresponde a uma

família de rectas y = Cx + 1 + C .
t t
Para x + = 0, x = − (que graficamente é uma envoltória).
1+ t 2
1+ t 2
A solução paramétrica da equação de Clairaut dada é

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 t
 x(t ) = −
 1+ t2

 y (t ) = − t .t + 1 + t 2
 1+ t2

Sumário

Nesta Unidade temática 3.2 estudamos e discutimos fundamentalmente a


resolver as equações diferenciais de 1a ordem, nomeadamente, de
variáveis separáveis, homogéneas, exactas e lineares; e as equações de
Bernoulli, e de Lagrange e Lairaut, que são não lineares redutíveis a
lineares.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Indique quais das seguintes equações diferenciais de 1a ordem
são de variáveis separáveis, homogéneas, exactas, lineares, de
Bernoulli, de Lagrange, ou de Clairaut:
a. (1 + x 2 ) y'+ xy = −(1 + x 2 ) 5 / 2 l. y' = y / x + cos 2 ( y / x)
b. y' = (cos 2 x)(cos2 2 y) m. y' = ( x + 3 y) /( x − y)
n. e x+ y dx + 2 ye x+ y dy = 0
2 2

c. xy' = y + x 2 + y 2
d. y(6x 2 y 2 − x + 1) + 2 xy' = 0 o. xy = 23 x 2 y '− x( y ' ) 2
e. (2x + sin y)dx + x(cos y)dy = 0 p. y + 7 xy' = 1 + y'
f. y = 2 xy'+(2 y' ) 3
q. 2x 3 y' = y( y 2 + 3x 2 )
g. y = xy'+ ln x r. ( x + 3 y) − xy' = 0
h. y' sin x + y cos x = 1 s. ( y / x + 6x)dx = −(ln x − 2)dy
i. xy ' = 1 − y 2 t. xy'− y = e y
j. x 2 y 2 y' = 1 + x 2 u. y = xy'+( y' ) 3
k. x 2 y'+2xy − y 3 = 0

2. Resolve as seguintes equações diferenciais de variáveis


separáveis:
a) y' = y 2 b) 3x 2 y' = 2 y( y − 3) c) x 2 y 2 y' = 1 + x 2
3. Obtenha as soluções gerais das seguintes equações diferenciais
homogéneas
x+ y
a) y ' = b) xy' = y + xe y / x c) 2 y − xy' = 0
x
4. Obtenha as soluções gerais das seguintes equações diferenciais
lineares e problemas de valor inicial

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a) ( x + 3 y) − xy' = 0 b) xy'+ y = 3x cos(2x)

c) y'− y = 2 xe 2 x , y(0) = 1 d) x 2 y'+2 xy = cos x , y( ) = 0


5. Resolve as seguintes equações diferenciais exactas
a) ( x + y)dx + xdy = 0 b) ( y − x 3 )dx + ( y 3 + x)dy = 0

3x 2 − y
c) y ' =
x − 3y 2
6. Obtenha as soluções das seguintes equações de Bernoulli e de
Lagrange/Clairaut.
a) y' = y + e −3 x y 4 b) y = 3xy + ( y' ) 3 c) y' = y − y 2

d) − xy'+ y = ( y'+1) 2

RESPOSTAS:
1. Separáveis: b. i. j.; Lineares: a. h. r.; Bernoulli: d. k. q.
Homogéneas: c. l. m.; Exactas: e. n. s.; Lagrange: f. o. P.; Clairaut: g. t. u.

1 3 3x 2 − 3 − Cx
2a) y = , 2b) y = , 2c) y = 3 ,
C−x 1 − Ce −2 / x x
3a) y = x ln | x | +Cx , 3b) e − y / x = − ln | x | +C , 3c) y = Cx 2
x C 3 cos(2 x) 3sen(2 x)
4a) y = Cx 3 − , 4b) y = + +
2 x 4x 2
sen( x)
4c) y = 3e x + 2( x − 1)e 2 x , 4d) y = 2
, 5a) x 2 + 2 xy = C ,
x
ex
5b) 4xy − x 4 + y 4 = C , 5c) x 3 + y 3 − xy = C , 6a) y = ,
3
C − 3x
 3 2 −3 / 2
 x = − 7 t + C.t 1  x = 2(t + 1)
6b)  6c) y = , 6d) 
 y = − 2 t 3 + C.t −1 / 2 1 − Ce − x  y = (t + 1)(3t + 1)
 3

Exercícios para AVALIAÇÃO


Obtenha as soluções das equações diferenciais ou problemas de valor
inicial, seguintes:

86
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1. dx + cos( y)dy = 0 x2
5. y ' =
y 2 + 2 xy 1+ y2
2. y' =
x2 6. y' = 2 y + e 2
3. y'+2 y = xe −2 x ,
7. y'−2 xy = xy 2
y(1) = 0
8. y = xy'+ ln y
x2
4. y ' = ,
y (1 + x 3 )
y(0) = 1

Referência bibbliográfica
Stwart, J. (2001), Cálculo, V. II, Pioneira Thomson Learning

Girão, P. M. (204), Introdução à Análise Complexa, Séries de Fourier e


Equações Diferenciais, IST Press

87
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

TEMA –IV: EQUAÇOES DIFERENCIAIS LINEARES DE SEGUNDA


ORDEM
UNIDADE Temática 4.1. Equações diferenciais lineares homogénea e
não homogénea de coeficientes constantes
UNIDADE Temática 4.2. Equações de Euler e de Bessel
UNIDADE TEMÁTICA 4.3. Sistemas de equações diferenciais

UNIDADE Temática 4.1. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS


LINEARES DE SEGUNDA ORDEM HOMOGÉNEAS E NÃO
HOMOGÉNEAS

Introdução

As equações diferenciais de segunda ordem têm uma variedade de


aplicações na ciência e na engenharia. Os modelos das vibrações
elásticas, o modelo da variação da carga e da corrente eléctrica em um
circuito eléctrico, por exemplo, são dados por equações diferenciais
lineares de segunda ordem.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Resolver uma equação diferencial linear de segunda ordem homogénea e


de coeficientes constantes

Objectivos ▪ Resolver uma equação diferencial linear de segunda ordem não


específicos homogénea e de coeficientes constantes

Equação diferencial linear de segunda ordem: Conceitos gerais

Em geral, uma equação diferencial linear de segunda ordem tem a


seguinte forma padrão
y' '+ A( x) y'+ B( x) y = C( x)
ou

d2y dy
+ A( x) + B( x) y = C ( x)
dx dx
onde A(x) , B(x) e C (x) são funções contínuas.

88
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Se C( x) = 0 para todo x , a equação diz-se equação linear


homogénea, e toma a forma

y' '+ A( x) y'+ B( x) y = 0

No caso em que C( x) = 0 para todo x , e as funções A e B são reais


constantes, a equação chama-se equação linear homogénea de
coeficientes constantes, e tem a forna

y' '+ay'+by = 0

onde a e b são números reais constantes, chamados coeficientes. É esta


equação que é objecto de estudo nesta lição.

Exemplos de equações diferenciais de segunda ordem:


Linear homogénea (em geral) (1 − x 2 ) y' '−2xy'+6 y = 0
Linear homogénea de y' '+4 y' = 0
coeficientes constantes
Linear não-homogénea (em
y' '+2( x − 1) y' = e − x senx
geral)
Linear não-homogénea de
y' '+4 y' = e − x senx
coeficientes constantes
x( y' ' y + y' 2 ) + 2 y' y = 0 ;
Não Linear
y' ' = y ' 2 +1

Uma solução de uma equação diferencial de segunda ordem (linear ou


não-linear) é uma função y(x) que tem derivadas y' e y ' ' e que
satisfazem aquela equação diferencial para todo o x ; quer dizer, se
substituirmos a função y e as suas correspondentes derivadas, a
equação diferencial torna-se uma identidade.

Teorema de Existência e Unicidade de solução de um problema de


valor inicial (PVI)

O teorema de existência e unicidade de solução garante que a equação


diferencial linear de segunda ordem com duas condições adicionais
dadas abaixo:

y' '+ A( x) y'+ B( x) y = C( x) , y( x0 ) = y0 , y' ( x0 ) = y1

89
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

possui uma única solução, desde que as funções A(x) , B(x) e C (x)
sejam contínuas, e A(x) seja não identicamente nula num intervalo real
que contenha o ponto x 0 .

Equação linear homogénea de coeficientes constantes


Para se resolver uma equação diferencial linear homogénea de
coeficientes constantes y' '+ay'+by = 0 , primeiro deve-se obter a
equação característica associada à ela, dada por

r 2 + ar + b = 0

A solução de uma equação diferencial linear de segunda ordem


homogénea e de coeficientes constantes é obtida a partir das raízes da
equação característica.

Proposição 4.1. Solução da equação y' '+ay'+by = 0

• Se a equação característica r + ar + b = 0 tem duas raízes reais


2

diferentes r1 e r2 , então a solução geral da equação


y' '+ay'+by = 0 é

y = c1e r1x + c2 e r2 x

• Se a equação característica r 2 + ar + b = 0 tem a única raíz r, então


a solução geral da equação y' '+ay'+by = 0 é

y = c1e rx + c2 xe rx

• Se a equação característica r + ar + b = 0 tem raízes complexos


2

r =   i , então a solução geral da equação y' '+ay'+by = 0 é

y = ex (c1 cos x + c2 senx)

Exemplo 4.1: Resolve a equação diferencial 3 y' '+12 y = 12 y' .

SOLUÇÃO: Esta equação não está na sua forma padrão y' '+ay'+by = 0 .
Passando o 12y' para o primeiro membro, e dividindo a equação por 3,

90
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ficamos com y' '−4 y'+4 y = 0 .

Sua equação característica é r 2 − 4r + 4 = 0 .

Resolvendo esta equação caracteristica (que é uma equação quadrática,


com incógnita é r ) obtemos a única raíz r = 2 .

De acordo com a proposição 4.1, a solução geral desta equação

diferencial é a função y = c1e 2 x + c2 xe2 x .

Exemplo 4.2: Resolve a equação diferencial y' '− y'−12 y = 0 .

SOLUÇÃO: Esta equação já está na forma padrão. Sua equação


característica é r 2 − r − 12 = 0 . Tem duas raízes distintas r1 = −3 e r2 = 4

. A solução geral desta equação diferencial é a função y = c1e −3x + c2 e 4 x

Exemplo 4.3: Resolva a equação y' '−2 y'+5 y = 0 .

SOLUÇÃO: A equação característica é r 2 − 2r + 5 = 0 . Então,

 = 4 − 20 = −16 . − 16 = 4i .

2  4i
As raízes são números complexos r = = 1  2i .Portanto, =1 e
2
=2.

Assim, a solução geral da equação diferencial é a função

y = e x (c1 cos 2x + c2 sen2x) .

NOTA: observe que toda a solução geral de uma equação diferencial


linear homogénea é da forma

y = c1 y1 + c 2 y 2

onde as funções y1 e y 2 são soluções básicas linearmente independentes

da equação dada.

Ora vejamos: No exemplo 4.1 temos a solução y = c1e 2 x + c2 xe2 x ; de

91
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onde extraímos as seguintes funções básicas y1 = e 2 x e y2 = xe 2 x .

Verifiquemos que cada uma destas funções básicas é solução da equação


diferencial dada 3 y' '+12 y = 12 y' .

Substituindo y1 temos

3( y1 )' '+12 y1 = 3.4e 2 x + 12e 2 x = 24e 2 x = 12(2e 2 x ) = 12( y1 )' verifica!

Substituindo y 2 temos

( )
3( y2 )' '+12 y2 = 3 4e 2 x + 4xe 2 x + 12xe 2 x = 12e 2 x + 24xe 2 x

= 12(e 2 x + 2 xe 2 x ) Verifica!

=12 ( y 2 )'

Problemas de Valores Iniciais e de Contorno

(a) Problema de Valores Iniciais (PVI)

Para uma equação diferencial linear homogénea de segunda ordem, o


problema de Valores Inciais consiste em determinar uma solução
particular y da equação diferencial y' '+ay'+by = 0 que satisfaça as

seguintes duas condições iniciais

y ( x0 ) = y 0 e y' ( x0 ) = y1

onde y 0 e y1 são, respectivamente, valores da função y e da derivada

y' , especificadas em um ponto x 0 .

Exemplo 4.4: Resolva o problema de Valores Inciais

y' '−2 y'−3 y = 0 ; y(1) = 3 , y' (1) = 1

SOLUÇÃO: A equação característica de y' '−2 y'−3 y = 0 é

r 2 − 2r − 3 = 0 que tem as raízes r1 = −1 e r2 = 3 . A solução geral é

y = c1e − x + c2 e 3 x .

92
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Agora, precisamos determinar os valores dos coeficientes c1 e c 2 , usando


as condições iniciais dadas y(1) = 3 , y' (1) = 1 .

−x
Derivando a função y tem-se y' = −c1e + 3c2 e .
3x

Para as condições iniciais dadas, exige-se que

y(1) = c1e −1 + c2 e 3 = 3

y' (1) = −c1e −1 + 3c2 e 3 = 1


As duas equações formam o seguinte sistema de duas equações a duas
incógnitas c1 e c 2

 −1
c1e + c 2 e = 3
3


 −1
− c1e + 3c 2 e = 1
3

−3
que tem a solução c1 = 2e e c2 = e .

Substituindo os valores de c1 e c 2 na equação da solução geral

y = c1e − x + c2 e 3 x , temos a seguinte solução do problema de valores


1− x 3 x −3
iniciais: y = 2e + e .

(b) Problema de Valor de Contorno (PVC)


Quando o problema consiste em resolver uma equação diferencial no
qual a variável dependente y ou suas derivadas são especificadas em

pontos diferentes x 0 e x1 estamos perante um problema de valor de


contorno, ou simplesmente, problema de contorno

Um problema de contorno, para equação deferencial homogénea de


segunda ordem, consiste em resolver a equação y' '+ay'+by = 0 sujeita às

condições y( x0 ) = y 0 e y ( x1 ) = y1 , onde x0  x1 ; ou seja, resolver o


sistema

93
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 y ' '+ ay'+by = 0



 y ( x0 ) = y 0
 y( x ) = y
 1 1

y ( x0 ) = y 0 e y ( x1 ) = y1 são as condições de contorno.

O gráfico da solução de um problema de contorno passa pelos pontos


( x0 , y0 ) e ( x1 , y1 ) .
Contrariamente ao PVI que tem uma única solução, um problema de
contorno pode ter muitas, uma, ou, nenhuma solução.

Exemplos 4.5: Resolva os seguintes problemas de contorno (onde x é


função da variável t ):
a) x' '+16x = 0 , x(0) = 0 , x( / 8) = 0

b) x' '+16x = 0 , x(0) = 0 , x( / 2) = 0

c) x' '+16x = 0 , x(0) = 0 , x( / 2) = 1

SOLUÇÕES:
a) A equação característica de x' '+16x = 0 é r + 16 = 0 , cujo
2

determinante é  = -16. As raízes são os números complexos


r = 4i . A solução geral é x = c1 cos 4t + c2 sen4t .
Substituindo as condições de contorno nesta equação da solução geral,
obtém-se o sistema

c1 = 0

c 2 = 0

Substituindo os valores de c1 e c 2 na equação da solução geral, temos a


solução única x(t ) = 0 .

b) Substituindo as condições de contorno x(0) = 0 , x( / 2) = 0 na

solução geral x = c1 cos 4t + c2 sen4t , tem-se o sistema

94
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c1 = 0

c 2 sen2 = 0

A segunda equação c2 sen2 = 0 é satisfeita por qualquer valor de c 2


escolhido. Assim, o problema de contorno x' '+16x = 0 , x(0) = 0 ,
x( / 2) = 0 tem um número infinito de soluções.

c) Substituindo as condições de contorno x(0) = 0 , x( / 2) = 1 na

solução geral x = c1 cos 4t + c2 sen4t , tem-se o sistema

c1 = 0

0 = 1

Logo, o problema de contorno x' '+16x = 0 , x(0) = 0 , x( / 2) = 1 não


tem solução.

Exemplo 4.6: Resolve o problema de contorno

y' '+2 y'+ y = 0 , y(0) = 1, y(1) = 3

SOLUÇÃO: A equação característica é

r 2 + 2r + 1 = 0 ou (r + 1) 2 = 0

cuja raiz é r = −1 . A solução geral é y = c1e − x + c2 xe − x .

As condições de contorno são satisfeitas se

 y (0) = c1 = 1 c1 = 1
 −1 −1
  −1
 y (1) = c1e + c 2 e = 3 (c1 + c 2 )e = 3

Substituindo o valor de c1 na segunda equação e em seguida


multiplicando-a por e , obtém-se

1 + c2 = 3e , de onde tem-se c2 = 3e − 1 .

Assim, a solução do problema de contorno é

y = e− x + (3e − 1) xe− x .

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Equação linear não homogénea com coeficientes constantes


Como vimos, uma equação diferencial linear não homogénea com
coeficientes constantes, é da forma

y' '+ay'+by = G( x)

Onde a e b são constantes, e G(x) é uma função contínua.

Para resolver uma equação linear não-homogénea y' '+ay'+by = G( x)


precisamos conhecer primeiro a solução da sua correspondente equação
homogénea, y' '+ay'+by = 0 , denominada solução complementar e
denotada por y C .

Proposição 4.2:
A solução geral de uma equação diferencial linear de segunda ordem
não-homogénea y' '+ay'+by = G( x) é da forma
y ( x) = y p ( x) + y c ( x)

onde y C é a solução complementar e y p é uma solução particular.

Existem 2 métodos para determinar a solução partícula y C , o método dos


coeficientes a serem determinados e o método das variações dos parâmetros.

Método dos Coeficientes a serem determinados

Sendo y' '+ay'+by = G( x) uma igualdade de duas expressões, o Método


dos Coefientes a Determinar consiste em tentantiva, tomando uma solução
particular y p uma função do mesmo tipo de G(x), substituir na equação
diferencial e determinar os coeficientes.

Vamos ilustrar o Método dos Coeficientes a Determinar através de um


exemplo.

−2 x
Considere a equação diferencial y' '−4 y'+3 y = 10e .

A correspondente equação homogénea é y' '−4 y'+3 y = 0 . A equação

caracteristica é r − 4r + 3 = 0 cujas raízes são r1 = 1 e r2 = 3 . Logo, a


2

96
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solução complementar é y c = c1e + c2 e .


x 3x

Na equação dada y' '−4 y'+3 y = 10e −2 x a função G( x) = 10e −2 x é

exponencial. Uma vez que esta função tem derivadas múltiplas de e −2 x ,


é razoável pensar que uma solução particular seja uma expressão geral
−2 x
do mesmo tipo. Então, tenta-se com y p = Ce .
Achando as suas primeira e segunda derivadas temos
y 'p = −2Ce −2 x ; y 'p' = 4Ce −2 x . Substituindo na equação diferencial tem-se

4Ce −2 x + 8Ce −2 x + 3Ce −2 x = 10e −2 x  15Ce −2 x = 10e −2 x .


2
O valor do coeficiente C que satisfaz esta igualdade é C = . Logo, uma
3
2 −2 x
solução particular é y p = e .
3
A solução geral é dada pela expressão y ( x) = y p ( x) + y c ( x) . Portanto,
−2 x
a solução geral da equação diferencial y' '−4 y'+3 y = 10e é
2 −2 x
y ( x) = e + c1e x + c2 e 3 x .
3
2 −2 x
Observe que a função solução particular y p = e não é uma solução
3
2 −2 x
da equação complementar y c = c1e + c2 e , pois
x 3x
e nunca pode ser
3
igual a um dos termos da equação complemetar.

Exemplo 4.6: Resolva a equação diferencial y' '+4 y = 8x .


2

A equação caraterística da correspondente equação homogénea é


y' '+4 y = 0 , e tem as raízes r = 2i (  = 0,  = 2 ). A solução
complementar é yc = c1 cos(2 x) + c2 sen * 2 x) .

Para a escolha de y p , sendo G( x) = 8x 2 um polinómio, a tabela sugere

y p = A2 x 2 + A1 x + A0 . Achando as derivadas de yp tem-se

y 'p = 2 A2 x + A1 e y 'p' = 2A2 . Substituindo na equação diferencial dada


obtemos

97
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2 A2 + 4( A2 x 2 + A1 x + A0 ) = 8 x 2 que corresponde a

4 A2 x 2 + 4 A1 x + (2 A2 + 4 A0 ) = 8 x 2 ; de onde vem o sistema

4 A2 = 8

4 A1 = 0
2 A + 4 A = 0
 2 0

o que resulta em A1 = 0, A2 = 2, A0 = −1 . Então, y p = 2 x 2 − 1 .

A solução geral da equação diferencial é


y = c1 cos(2x) + c2 sen(2x) + 2x 2 − 1.

REGRA BÁSICA de escolha de solução particular y p do Método dos


Coeficientes a Determinar:
Termo em G(x) Escolha para y p

kex Cex

kx n (n = 0, 1, 2, …) An x n + An−1 x n −1 + ... + A1 x + A0

k cos(x) 
ksen(x)  A cos(x) + Bsen(x)

kex cos(x)  x
x
 Ce [ A cos(x) + Bsen(x)]
ke sen(x) 

REGRA 2: Quando a tentativa recomendada y p resulta ser uma solução

da equação complementar, multiplicamo-la por x (ou x 2 se necessário)


tal que nenhum termo em yp seja uma solução da equação
complementar.

Exemplo 4.7: Resolve a equação y' '+ y = sen( x)

SOLUÇÃO: A equação característica é r + 1 = 0 , cujas raízes são r = i


2

. Assim,  = 0 e  = 1. Logo, a solução complementar é

98
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yc = c1 cos x + c2 senx .

Sendo G( x) = sen( x) , para a tentativa recomendada tomaríamos, em

geral, y p = A cos( x) + Bsen( x) ; mas esta é uma solução da equação

complementar.

Nestes casos, tentamos, multiplicando o membro direito por x . Portanto,


tomamos y p = Ax cos( x) + Bxsen( x) .

Derivando tem-se, y p = A cos(x) − Axsen( x) + Bsen( x) + Bx cos( x)


'

y 'p' = −2 Asen( x) − Ax cos(x) + 2B cos(x) − Bxsen( x)

Substituindo na equação diferencial dada temos

y 'p' + y p = sen( x)  − 2 Asen( x) + 2B cos(x) = sen( x) ;

1 1
deonde vem A = − , B = 0 ; o que implica y p = − x cos( x) .
2 2

1
A solução geral é y = c1 cos( x) + c2 sen( x) − x cos( x) .
2

REGRA 3: Se G(x) é uma soma de duas funções na tabela da regra


básica– primeira coluna – então, escolhe-se para y p a soma de funções
nas linhas correspondentes da segunda coluna.

Exemplo 4.8: Resolva o problema de valores iniciais


y' '−2 y'+ y = e x + x , y(0) = 1, y' (0) = 0 .

A equação característica r 2 − 2r + 1 = 0 tem raíz dupla r = 1 . Assim,


y c = (c1 + c2 x)e x .

Agora determinemos uma solução y p particular . Pela tabela da regra

básica, o termo x de G(x) indica a escolha de solução particular

A1 x + A0 .

Também pela mesma tabela, o termo e x de G(x) indica uma escolha

99
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Ce x . Por outro lado, como a equação característica tem uma raíz dupla,
a proposição 4.1 pede a multiplicação por x ¸ ficando Cx2ex.
Assim, pela regra 3, a uma solução particular é dada pela soma. Obtém-

se y p = A1 x + A0 + Cx e .
2 x

Achando as derivadas de y p tem-se y p = A1 + 2Cxe + Cx e


' x 2 x

y 'p' = 2Ce x + 2Cxe x + 2Cxe x + Cx 2 e x = 2Ce x + 4Cxe x + Cx 2 e x


Substituindo y p e as suas derivadas na equaçaõ diferencial dada
obtêm-se
(2Ce x + 4Cxe x + Cx 2 e x ) − 2( A1 + 2Cxe x + Cx 2 e x ) + ( A1 x + A0 ) = e x + x
Simplificando a expressão tem-se
2Ce x + A1 x − 2 A1 + A0 = e x + x ; de onde resulta

1
C= , A1 = 1 e A0 = 2 .
2
1 2 x
Assim, a solução particular é y p = x + 2 + x e .
2
A solução geral y = y c + y p da equação diferencial dada é

1 2 x
y = (c1 + c2 x)e x + x e + x+2.
2
Agora, achemos a solução do PVI, entrando com os valores inciais
y(0) = 1 e y' (0) = 0 . Assim, y (0) = c1 + 2 = 1  c1 = −1

Derivando a solução geral y obtêm-se


1 2 x
y' = [c1 + c2 (1 + x)]e x + xe x + x e +1
2
 y(0) = c1 + c2 + 1 = 0 . De onde c 2 = 0 .

Assim, a solução para o problema de valores iniciais y' '−2 y'+ y = e + x ,


x

1 2 x
y(0) = 1, y' (0) = 0 é y = −e x + x e +x+2
2

Método de variação dos parâmetros

Suponha que após resolver a equação homogénea y' '+ay'+by = 0

escrevamos a solução na forma

100
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

y( x) = c1 y1 ( x) + c2 y 2 ( x)
onde y1 e y 2 são soluções linearmente independentes.

O Método de Variação dos Parâmetros consiste em procurar uma solução


particular da equação não homogenea y' '+ay'+by = G( x) da forma

y p = u ( x) y1 ( x) + u ( x) y 2 ( x)

onde u e v são funções variáveis contínuas.

Para encontrar a solução particular basta achar as funções u(x) e v(x) ,


resolvendo o seguinte sistema

u ' y1' + v' y 2' = G ( x)



u ' y1 + v' y 2 = 0

(onde y1 e y 2 são soluções linearmente independentes na solução


complementar y ( x) = c1 y1 ( x) + c2 y 2 ( x) ) e substituir as expressões de u e v
na expressão y p = u ( x) y1 ( x) + v( x) y 2 ( x) .

Exemplo 4.9: Resolva a equação diferencial y"−2 y'+ y = e pelo método


2x

de variação dos parâmetros.

A solução complementar é y c = c1e + c2 xe (Verifique, por favor).


x x

Comparando-a com a expressão geral yc = c1 y1 + c2 y2 , conclui-se que

y1 = e x e y 2 = xe x . Diferenciando y1 e y 2 e fazendo as devidas


substituições no sistema tem-se o sistema


u ' e + v' (e + xe ) = e
x x x 2x

 x

u ' e + v' xe = 0
x

resolvendo o sistema pelo método de redução, obtemos

u ' e x + v' (e x + xe x ) = e 2 x



− u ' e x − v' xe x = 0
+
v' e x = e 2 x

101
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v' = e x  v =  e x dx = e x

Substituindo a espressão de v na segunda equação do sistema, tem-se

u' = − xe x  u = −  xe x dx (verifique).

Usando integração por partes, obtemos u = − xe + e = (1 − x)e .


x x x

Ento, substituindo u e v na expressão y p = u ( x) y1 ( x) + v( x) y 2 ( x) , a

solução particular procurada, é y p = (1 − x)e e + e xe ; ou seja


x x x x

y p = (1 − x)e 2 x + xe 2 x  y p = e 2 x ..

A soulção geral y = y c + y p da equação diferencial y"−2 y'+ y = e


2x

y = c1e x + c2 xe x + e 2 x .

Sumário

Nesta Unidade temática 4.1 estudamos e discutimos fundamentalmente a


resolução de equações diferenciais lineares homogénea e não
homogénea. A solução de uma equação homogénea é obtida das raízes
de sua equação característica. Para se resolver uma equação diferencial
linear de segunda ordem não-homogénea, você precisa primeiro achar a
solução complementar, que é a solução da correspondente homogénea, e
depois, achar uma solução particular. A solução particular é achada por
um dos métodos: de coeficientes a determinar ou de variação dos
parâmetros. A solução geral é dada pela soma da solução complementar
com a solução particular.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
I. Resolva o problema de contorno
y' '+4 y'+13 y = 0 , y(0) = 2 , y( / 2) = 1
II. Resolva a equação diferencial ou problema de valor inicial usando o
método dos Coeficientes a Determinar
1. y"−2 y' = sen(4 x)

102
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

−x
2. y"−4 y'+5 y = e

3. y"+ y = e x + x 3 y (0) = 2, y ' (0) = 0

4. y"− y = xe 3 x y (0) = 0, y ' (0) = 1

III. Escreva uma tentativa para o método dos coeficientes a determinar.


Não determine os coeficientes
1. y"+2 y'+6 y = x e
4 2x

2. y"−2 y'+2 y = e cos(x)


x

IV. Resolva a equação diferencial usando o método de variação dos


parâmetros

1. y"+ y = sec( x) 0  x   / 2
1
2. y"−3 y'+2 y =
1+ ex
1
3. y"− y =
x

Respostas:
Exercício I. y = e −2 x (cos 3x − e sen(3x))

Exercícios II.
1 1
1. y = c1 + c2 e 2 x + cos(4 x) − sen(4 x)
40 20
1
2. y = e 2 x [c1 cos( x) + c2 sen( x)] + e − x
10
3 11 1 x
3. y = cos( x) + sen( x) + e + x 3 − 6 x
2 12 2
5 17
4. y = e x − e − x + e 3 x [ 18 x − 323 ]
8 32

Exercícios III.
1. y p = ( A4 x + A3 x + A2 x + A1 x + A0 )e
4 3 2 2x

2. y p = xe [ A cos( x) + Bsen( x)]


x

Exercícios IV
1. y = (c1 + x) sen( x) + [c2 + ln cos( x)] cos( x)

103
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

−x −x −x
2. y = [c1 + ln(1 + e )] + [c2 − e + ln(1 + e )]e
2x

y = [c1 − 12  (e x / x)dx]e − x + [c 2 + 1
2  (e
−x
/ x)dx]e x

Exercícios para AVALIAÇÃO


I. Resolva o problema de contorno
y' '+4 y'+4 y = 0 , y(0) = 0 , y(1) = 3
II. Resolva a equação diferencial ou problema de valor inicial
usando o método dos Coeficientes a Determinar
a) y' '+3 y'+2 y = x 2
b) y' '−4 y = e x cos x , y(0) = 1, y' (0) = 2
III. Escreva uma tentativa para o método dos coeficientes a
determinar. Não determine os coeficientes
a) y' '+6 y'+2 y = x 3 + e x sen(2x)
b) y' '+3 y' = 1 + xe −3 x
IV. Resolva a equação diferencial usando o método de variação
dos parâmetros
a) y' '+3 y'+2 y = sen(e x )

e −2 x
b) y' '+4 y'+4 y =
x3

Referência bibliográica
Stwart, J. (2001), Cálculo, V. II, Pioneira Thomson Learning

Girão, P. M. (2014), Introdução à Análise Complexa, Séries de Fourier e


Equações Diferenciais, IST Press

104
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

UNIDADE Temática 4.2. EQUAÇÕES DIFERENCIAIS HOMOGENEAS COM


COEFICIENTES VARIÁVEIS: EQUAÇÕES DE EULER-CAUCHY E DE BESSEL

Introdução

As equações diferenciais de Euler-Cauchy (também chamadas equações


equidimensional de Euler-Cauchy) e equações diferenciais de Bessel têm
importância na engenharia, sobretudo quando estamos procurando
soluções para as equações diferenciais parciais de Laplace de segunda
ordem sobre regiões circulares.
O nosso estudo vai se restringir às equações homogéneas de segunda
ordem

Ao completar esta unidade temática 4.2, você deverá ser capaz de:

▪ Resolver uma equação equidimensional de Euler

▪ Resolver uma equação diferencial de Bessel


Objectivos
específicos

Equação equidimensional de Euler-Cauchy


Uma equação equidimensional de Euler-Cauchy é uma equação
diferencial ordinária (EDO) linear da forma
a n x n y ( n ) + a n −1 x n−1 y ( n−1) + ... + a1 xy'+ a0 y = g ( x)

onde n é um número natural que fornece a ordem da equação com


an  0 , os a k são números reais para k = 0, 1, 2, ..., n e a função g =
g(x) é contínua sobre um intervalo aberto real.

Trataremos aqui apenas o caso de equações de Euler-Cauchy


homogéneas de segunda ordem ( n = 2 ); ou seja, a equação da forma
ax 2 y' '+bxy'+cy = 0
Substituindo a função y = x r com as suas derivadas, obteremos

ar 2 + (b − a)r + c = 0
Denominada equação indicial.
A solução da equação de Euler-Cauchy depende das raízes da equação
indicial.

105
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Proposição 4.2.1.

Solução da equação de Euler-Cauchy ax 2 y' '+bxy'+cy = 0

• Se a equação indicial ar 2 + (b − a)r + c = 0 tem duas raízes reais

diferentes r1 e r2 , então a solução geral da equação de Euler-

Cauchy é y = c1 x r1 + c2 x r2
• Se a equação indicial ar 2 + (b − a)r + c = 0 tem raiz dupla
r1 = r2 = r , então a solução geral da equação de Euler-Cauchy é

y = c1 x r + c z x r ln x

• Se as raízes da equação indicial ar 2 + (b − a)r + c = 0 são números


complexos r =   i , então a solução geral da equação de Euler-
Cauchy é
y = x [c1 cos( ln x) + c2 sen( ln x)]

Exemplo 4.2.1: Resolve a equação x 2 y' '−2 xy'−4 y = 0

SOLUÇÃO: Trata-se de uma equação de Euler-Cauchy, com a = 1 ,


b = −2 e c = −4 .

Sua equação indicial ar 2 + (b − a)r + c = 0 é

r 2 − 3r − 4 = 0

 = 9 + 16 = 25 >0. Logo, a equação indicial tem duas raizes r1 = 4 e


r2 = −1.

A solução geral é y = c1 x 4 + c2 x −1 .

Exemplo 4.2.2: Resolve a equação 4 x 2 y' '+8xy'+ y = 0


SOLUÇÃO: Temos a = 4 , b = 8 e c = 1 .
A equação indicial é 4r 2 + 4r + 1 = 0 .  = 16 − 16 = 0 . Portanto, tem uma
b 1
raíz dupla r1 = r2 = − =− .
2a 2
A solução geral é y = c1 x −1 / 2 + c2 x −1 / 2 ln x .

106
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Exemplo 4.2.3: Resolve a equação x 2 y' '+3xy'+2 y = 0

SOLUÇÃO: A sua equação indicial é r 2 + 2r + 2 = 0 .


 = 4 − 8 = −4  0 . Logo, as raizes são números compexos
− 2  2i
r= = −1  i . Temos  = −1 e  = 1 .
2
A solução geral é y = x −1[c1 cos(ln x) + c2 sen(ln x)]

Equação diferencial de Bessel


Começaremos por abordar a função gama, que vai aparecer na solução
da equação de Bessel

A função gama, denotada pelo símbolo  , é definida por


+

x
t −1 − x
(t ) = e dx para t  0
0

Uma das propriedades importantes da função é a seguinte


(t + n) = (t + n − 1).(t + n − 2)...(t + 1).t.(t )
que permite reduzir sempre o cálculo da função gama ao caso em que é
1  t  2 , e existem tabelas da função gama para valores de t deste
intervalo.

Por exemplo, usando esta propriedade, determinemos (4,56) .

(4,56) = (1,56 + 3) = 3,56  2,56 1,56  (1,56)

Calculando ou usando a tabela da função gama, tem-se


(1,56) = 0,88964

Equação de Bessel
A equação de Bessel é uma equação diferencial linear homogénea da
forma
x 2 y' '+ xy'+( x 2 −  2 ) y = 0
com x  0 e    é um parâmetro.
Suas soluções são conhecidas como funções cilíndricas e, entre estas, as
mais conhecidas são as chamadas funções de Bessel.

107
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

1
Para  =  as soluções da equação de Bessel são funções conhecidas
2
cos x sen( x)
y1 = , y2 =
x x
Porém, para valores gerais de    as soluções da equação de Bessel
não são funções conhecidas da Análise Matemática; ou seja, não se
reduzem a funções racionais, trigonométricas, exponenciais, logaritmos e
suas composições. Aparecem as funções de Bessel de primeira espécie ou
de segunda espécie.

Solução da equação de Bessel


A equação de Bessel admite a solução geral sob a forma de uma série
de potências:

y ( x) =  a n x n + s
n =0

Após substituir as séries y(x) , y' ( x) e y' ' ( x) na equação de Bessel,


obtém-se uma equação indicial com as raízes

s = + e s = −

e a seguinte fórmula de recorrência


1
an = .a n − 2
(n + s ) 2 −  2

Para determinar a série y ( x) =  a n x n + s , devemos encontrar seus
n =0

coeficientes (que só dependem de  , pois s =  ).

▪ Para valores de  não inteiros (    ), a fórmula de recorrência


gera uma série explícita para a solução, que é representada pela
equação,


(−1) n
J  ( x) =  2 n +
x 2 n +
n =0 2 n!  (1 +  + n ).

chamada função de Bessel de primeira espécie de ordem  .

108
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

A série J  (x) converge (pelo teste da razão) para todos os valores de


x , não importa qual o valor de  .

Figura 1 – Funções de Bessel J 0 , J 1 e J 2 .

Para a raiz positiva s = − , raciocínio análogo pode ser realizado para


se obter:

(−1) n
J − ( x) =  2 n − x 2 n −
n =0 2 n!(1 −  + n)
Temos assim, um par de soluções para a equação diferencial de Bessel.
Essas funções constituem um par linearmente independente para

valores de  não inteiros (    ).

A solução geral da equação de Bessel é dada por:

y( x) = c1 J ( x) + c2 J − ( x) Para todo   

▪ Para valores inteiros de, as funções J  e J − são linearmente


dependentes. A função de Bessel de segunda espécie é dada por

J ( x). cos( ) − J − ( x)
N ( x) =
sen( )

109
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Para  → m número inteiro, o seguinte limite está bem definido


N m ( x) = lim N v ( x)
 →m

E a solução geral é
y( x) = c1 J ( x) + c2 N m ( x) Para todo   

Exemplo 4.2.4: Resolve a equação diferencial x 2 y ' '+ xy'+ x 2 −  y = 0 .


1
 9
1
SOLUÇÃO: Trata-se de uma equação de Bessel com  = .
3
1
Como  = não é inteiro, a solução geral é
3
y ( x) = c1 J 1 ( x) + c 2 J − 1 ( x)
3 3

Onde

(−1) n 
(−1) n
J 1 ( x) =  =
2 n + 13 2 n + 13
2 n + 13
x 2 n + 13
x
3
n =0 2 n!(1 + 13 + n) n =0 2 n!( 43 + n)

e

(−1) n 
(−1) n
J − ( x) =  =
2 n − 13 2 n − 13
x x
2n− 3 2n− 3
3
n =0 2 n!(1 − 13 + n) n =0 2 n!( 23 + n)

Exemplo 4.2.5: Resolve a equação diferencial x 2 y' '+ xy'+( x 2 − 9) y = 0 .


SOLUÇÃO: Nesta equação de Bessel temos  = 3 inteiro.
Assim, a solução geral é
y( x) = c1 J 3 ( x) + c2 N 3 ( x) .
onde.

(−1) n 
(−1) n
J 3 ( x) =  2 n +3
x 2 n +3
=  2 n +3
x 2 n +3
n =0 2 n!(1 + 3 + n) n =0 2 n!(4 + n)

e
J 3 ( x). cos( ) − J −3 ( x)
N 3 ( x) = lim N  ( x) = lim
 →3  →3 sen( )

110
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Sumário

Nesta Unidade temática 4.2 estudamos e discutimos fundamentalmente as


soluções das equações diferenciais de Euler-Cauchy e de Bessel.
A equação diferencial de Euler-Cauchy tem a forma padrão
ax 2 y' '+bxy'+cy = 0 e sua solução geral é obtida conforme as raízes da
correspondente equação indicial ar 2 + (b − a)r + c = 0 .

A equação de Bessel tem a forma padrão x 2 y' '+ xy'+( x 2 −  2 ) y = 0 ,


cuja solução geral é y( x) = c1 J ( x) + c2 J − ( x) para valores de  não

inteiros, e y( x) = c1 J ( x) + c2 N m ( x) para valores de  inteiros.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Determine:
a) (5,07)
b) ( 103 )
2. Resolva as seguintes equações diferenciais de Euler-Cauchy, problema
de valor inicial e problema de contorno
a) x 2 y' '−5xy'+9 y = 0

b) x 2 y' '+ xy'+ y = 0 , y(1) = 1, y' (1) = 2

c) 16x 2 y' '+8xy'+ y = 0 , y(1) = 1, y(e) = 0


3. Resolva as seguintes equações de Bessel

a) x 2 y ' '+ xy'+ x 2 −  y = 0


1
 16 

b) 4 x 2 ( y' '+ y) + 4xy'−9 y = 0

c) x 2 y' '+ xy'+( x 2 − 1) y = 0


Respostas: 1a) 26,6828; 1b) 2,768495; 2a) y = (c1 + c2 ln x).x 3 ;

2b) y = cos(ln x) + 2sen(ln x) ; 2c) y = (1 − ln x).x1 / 4


3a) y ( x) = c1 J 1 ( x) + c 2 J − 1 ( x) ; 3b) y ( x) = c1 J 3 ( x) + c 2 J − 3 ;
4 4 2 2

3c) y( x) = c1 J 1 ( x) + c2 N1 ( x)

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Resolva as seguintes equações diferenciais de Euler-Cauchy e
problema de valores iniciais

111
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

a) 2 x 2 y' '+5xy'−2 y = 0 , x  0

b) x 2 y' '−7 xy'+16 y = 0 , y(1) = 1, y' (1) = 0

c) x 2 y' '−3xy'+ y = 0 , x  0
2. Resolva as equações de Bessel
a) x 2 y' '+ xy'+(x 2. − 14 )y = 0

b) x 2 y' '+ xy'+ x 2 y = 0

Referencia bibliográfica

Stwart, J. (2001), Cálculo, V. II, Pioneira Thomson Learning

Girão, P. M. (2014), Introdução à Análise Complexa, Séries de Fourier e


Equações Diferenciais, IST Press

112
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

UNIDADE Temática 4.3. INTRODUÇÃO À SISTEMAS DE EQUAÇÕES


DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS

Introdução

Não existem métodos gerais para resolver equações diferenciais de


ordem superior. Contudo, toda equação de ordem superior ( n  2 ) pode
ser reduzida a um sistema de equações diferenciais ordinárias, daí que é
importante saber resolver um sistema de equações diferenciais. Nesta
unidade temática vamos introduzir a resolução de sistemas de equações
diferenciais ordinárias, abordando apenas um método simples de
resolução.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Resolver um sistema de duas equações diferenciais pelo método de


eliminação de variável.

Objectivo
específico

Sistema de equações diferenciais de primeira ordem


Um sistema de equações diferenciais de primeira ordem é um conjunto de
duas ou mais equações que envolvem as variáveis dependentes, suas
derivadas de primeira ordem, e a variável independente, e que pode ser
representada na forma

 x1 ' = f1 (t , x1 , x 2 ,..., x n )
 x ' = f (t , x , x ,..., x )
 2 2 1 2 n

:
 x n ' = f n (t , x1 , x 2 ,..., x n )

onde x1 , x2 ,..., xn são variáveis dependentes da varável independente t .

Vamos tratar aqui apenas o caso de sistema de duas equações


diferenciais lineares com coeficientes constantes, onde x1  x e x 2  y ,
da forma

113
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

 x' = f (t , x, y )

 y ' = g (t , x, y )

ou
 dx
 dt = f ( x, y, t )

 dy = g ( x, y, t )
 dt

em que x = x(t ) e y − y(t ) são variáveis dependentes da variável


independente t .

Resolução do sistema pelo Método de eliminação de variável

Um sistema de equações diferenciais ordinárias pode ser resolvido como


o sistema de equações algébricas, utilizando o método de eliminação de
variável.

Para o efeito, usemos a notação de operador diferencial D para


representar as derivadas x' e y' ; isto é

Dx  x'

Dy  y'

onde D é o operador que deriva, em função de t , a função que estiver à


sua direita.

Observe que, sendo Dx  x' , então, aplicando pela segunda vez o


operador D , temos D( Dx) = D 2 x  x' ' . De igual modo tem-se

D 2 y  y' ' .

O operador é um operador linear, i.e, D( x + y) = Dx + Dy

A melhor forma de explicar o método é através de um exemplo.

Exemplo 4.3.1: Resolve o problema de valor inicial


 x' = 2 x − y

 y' = x

114
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

SOLUÇÃO:
Reescrevendo o sistema com o operador D e passando para o primeiro
membro, temos
 Dx − 2 x + y = 0

− x + Dy = 0
Colocando em evidência x reescrevemos a primeira equação, ficando
( D − 2) x + y = 0

− x + Dy = 0

Passo 1: Eliminemos a variável y .


Aplicamos o operador D na primeira equação, e depois multipliquemo-
la por -1; obtemos
− ( D 2 − 2 D) x − Dy = 0

− x + Dy = 0
+ ___________________
Adicionando as equações: − ( D 2 − 2D) x − x + 0 = 0
Ou seja
− D 2 x + 2Dx − x = 0
que é
x' '−2x'+ x = 0
Esta é uma equação diferencial linear de segunda ordem, homogénea.
Vamos resolvê-la
Sua equação característica r 2 − 2r + 1 = 0 tem a raiz dupla r = 1 .
A solução geral da equação diferencial x' '−2x'+ x = 0 é
x(t ) = c1e t + c2t.e t
Passo 2: Eliminar a variável x .
( D − 2) x + y = 0
A partir de  para eliminar x temos que multiplicar a
− x + Dy = 0
segunda equação por ( D − 2).
Isto é
( D − 2) x + y = 0

− ( D − 2) x + ( D − 2) Dy = 0
+ _______________________
Adicionando as equações: 0 + ( D − 2) Dy + y = 0

Isto é D 2 y − 2Dy + y = 0

115
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Ou seja
y' '−2 y + y = 0
Que é também uma equação linear de segunda ordem homogénea, cuja
equação característica é r 2 − 2r + 1 = 0 com raiz dupla r = 1 .
A solução geral de y' '−2 y + y = 0 é
y(t ) = c3 e t + c4 t.e t
A solução geral do sistema é
x(t ) = c1e t + c2t.e t
y(t ) = c3 e t + c4 t.e t

Passo 3: Expressar os coeficientes c3 e c 4 em termos de c1 ou c 2 :


Derivemos y(x) e, substituímos na segunda equação (que esta mais
simples) y' (t ) e x(t ) . Obtemos
c3 e t + c4 e t + c4 te t = c1e t + c2 t.e t  (c3 + c4 )e t + c4 t.e 4 = c1e t + c2 t.e t
De onde tem-se
c3 + c 4 = c1 c3 = c1 − c 2
 
c 4 = c 2 c 4 = c 2
Assim, a solução geral do sistema é
x(t ) = c1e t + c2t.e t
y(t ) = (c1 − c2 )e t + c2 t.e t

Exemplo 4.3.2: Resolver o problema de valor inicial


 x' = − y + t
 , x(0) = 2 , y(0) = 1
 y' = x − t

SOLUÇÃO:

Vamos reescrever o sistema usando a notação do operador D .

 Dx = − y + t

 Dy = x − t

Passo 1: Eliminemos a variável x , para obtermos y(t ) .

Na segunda equação passando x para o primeiro membro, e Dy para o


segundo membro, temos

116
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

 Dx = − y + t

− x = − Dy − t
Apliquemos o operador D na segunda equação, temos
 Dx = − y + t

− Dx = − D y − 1
2

+ ___________________

Adicionando as equações, resulta 0 = − y − D 2 y + t − 1

ou seja, D 2 y + y = t − 1  y' '+ y = t − 1

A equação y' '+ y = t − 1 diferencial linear de segunda ordem não


homogénea. Vamos resolvê-la:

A correspondente homogénea é y' '+y = 0 , cuja equação característica é

r 2 + 1 = 0 que tem as raízes complexas r = i (portanto, =0 e =1).

A solução complementar da equação y' '+ y = t − 1 é (com e .t = e 0.t = 1 )

yc = c1 cos(t ) + c2 sen(t ) .

Pelo método dos coeficientes a determinar, uma solução particular de


y' '+ y = t − 1 tem a forma y p = A.t + B . Derivando-a temos y p ' = A e

y p ''= 0

Substituindo na equação y' '+ y = t − 1, temos A.t + B = t − 1 , resultando


A = 1 e B = −1 .

Portanto, uma solução particular de y' '+ y = t − 1 é


y p = t −1
A solução geral y = y c + y p da equação y' '+ y = t − 1 é

y(t ) = c1 cos(t ) + c2 sen(t ) + t − 1

Passo 2: Agora, do sistema eliminemos a variável y , para obtermos x(t )


Para o efeito, na primeira equação do sistema trocando de membros y e
x' , e multiplicando-a por -1, tem-se
− y = Dx − t

 Dy = x − t

117
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Aplicando o operador D nesta primeira equação, temos


−𝐷𝑦 = 𝐷2 𝑥 − 1
{
𝐷𝑦 = 𝑥 − 𝑡
+_________________
Adicionando obtém-se a equação 0 = D 2 x + x − t − 1
ou seja x' '+ x = t + 1
Sua equação homogénea é similar à da equação anterior y' '+ y = t − 1,

portanto, r 2 + 1 = 0 que tem também as raízes r = i .

Assim, uma solução complementar é


xc (t ) = c3 cos(t ) + c4 sen(t )
Usando o método dos coeficientes a determinar, analogamente
obteremos a solução geral

x(t ) = c3 cos(t ) + c4 sen(t ) + t + 1

A solução para o sistema dado é


x(t ) = c3 cos(t ) + c4 sen(t ) + t + 1

y(t ) = c1 cos(t ) + c2 sen(t ) + t − 1


Passo 3: Precisamos expressar os coeficientes c3 e c 4 em termos de c1

e/ou c 2 .
Derivando x(t ) temos

x' = −c3 sen(t ) + c4 cos(t ) + 1


Substituindo na primeira equação do sistema, obtemos
− c3 sen(t ) + c4 cos(t ) + 1 = −c1 cos(t ) − c2 sen(t ) − t + 1 + t
Reduzindo os termos semelhantes, com relação às constantes c , tem-se
(c1 + c4 ) cos(t ) + (c2 − c3 )sen(t ) = 0
Ora bem, a igualdade a zero, implica
(c1 + c4 ) = 0  c4 = −c1 e (c2 − c3 ) = 0  c3 = c2

 x' = − y + t
Assim, a solução geral do sistema  é
 y' = x − t
x(t ) = c2 cos(t ) − c1 sen(t ) + t + 1
y(t ) = c1 cos(t ) + c2 sen(t ) + t − 1

118
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Para os valores x(0) = 2 e y(0) = 1 obtemos

c 2 .1 + c1 .0 + 1 = 2 c 2 = 1
  
c1 .1 + c 2 .0 − 1 = 1 c1 = 2
A solução do problema de valor inicial é
x(t ) = cos(t ) − 2sen(t ) + t + 1
y(t ) = 2 cos(t ) + sen(t ) + t − 1

Sumário

Nesta Unidade temática 4.3 estudamos apenas a resolver um sistema de


equações diferenciais lineares de primeira ordem, com coeficientes
constantes, através do método de eliminação de variável. Vimos que
eliminando uma das variáveis, resulta numa equação linear de segunda
ordem, cuja resolução aplicamos os métodos estudados na unidade
temática 4.2

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
Resolve os seguintes sistemas de equações diferenciais e problemas de
valores iniciais

 x' = − x + 3 y 
 x' = 2 x + y + e
2t
a)  c) 
 y' = 2 y − x 
 y ' = x + 2 y + 3e
2t

 x ' = x − 5 y x ( 0) = 1  x' = x − 5 y + cos t x(0) = 1


b)  d) 
 y ' = x − 3 y y ( 0) = 1  y' = x − 3 y y ( 0) = 2

Respostas:
1
1a) 𝑥(𝑡) = 𝑒 2𝑡 (𝑐1 𝑐𝑜𝑠√3𝑡 + 𝑐2 𝑠𝑒𝑛√3𝑡),
1
𝑦(𝑡) = 𝑒 2𝑡 [(32𝑐1 − √3𝑐2 )𝑐𝑜𝑠√3𝑡 + (32𝑐2 + √3𝑐1 )𝑠𝑒𝑛√3𝑡],

1b) 𝑥(𝑡) = 𝑒 −𝑡 (𝑐𝑜𝑠𝑡 − 3𝑠𝑒𝑛𝑡)

𝑦(𝑡) = 𝑒 −𝑡 (𝑐𝑜𝑠𝑡 − 𝑠𝑒𝑛𝑡),

1c) 𝑥(𝑡) = 𝑐1 𝑒 3𝑡 + 𝑐2 𝑒 𝑡 − 3𝑒 2𝑡

𝑦(𝑡) = 𝑐1 𝑒 3𝑡 − 𝑐2 𝑒 𝑡 − 𝑒 2𝑡

119
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

27 −𝑡
1d) 𝑥(𝑡) = − 𝑒 𝑠𝑒𝑛𝑡 + 𝑐𝑜𝑠𝑡 + 𝑠𝑒𝑛𝑡
5

9 18 1 2
𝑦(𝑡) = 𝑒 −𝑡 (− 5 𝑐𝑜𝑠𝑡 + 𝑠𝑒𝑛𝑡) + 5 𝑐𝑜𝑠𝑡 + 5 𝑠𝑒𝑛𝑡
5

Exercícios para AVALIAÇÃO


Resolve os sistemas de equações diferenciais e problema de valor inicial
 x' = 6 x − y  x' = 5 x − y  x' = −4 x − y + t x(1) = 1
3.  2.  3. 
 y' = 5x + 2 y  y' = 4 x − 1  y ' = x − 2 y + t y (1) = 2
2

Referencia bibliográfica

Girão, P. M. (204), Introdução à Análise Complexa, Séries de Fourier e


Equações Diferenciais, IST Press

120
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

TEMA –V: ELEMENTOS DE ANÁLISE COMPLEXA


UNIDADE Temática 5.1. NÚMERO COMPLEXO
UNIDADE Temática 5.2. SUCESSÕES E SÉRIES DE NÚMEROS
COMPLEXOS
UNIDADE Temática 5.3. FUNCÕES DE NÚMEROS COMPLEXOS
UNIDADE Temática 5.4. INTEGRAÇÃO. RESÍDUOS

UNIDADE Temática 5.1. NÚMERO COMPLEXO

Introdução

Como acabamos de ver no tema 4, que as soluções de uma equação


diferencial podem ser números complexos. Nesta unidade temática 5.1
iremos definir os números complexos a partir do plano xy (denotado por
 2), as representações de um número complexo, o valor absoluto de um
número complexo e as operações com os números complexos.
Terminaremos pela representação do número complexo através das
chamadas fórmulas de Euler.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Escrever um número complexo nas suas diversas representações

▪ Determinar o valor absoluto de um número complexo


Objectivos ▪ Resolver as operações com números complexos
específicos
▪ Representar um número complexo pelas fórmulas de Euler

Conjunto dos números complexos. Definição e formas


de representação de um número complexo

Definição 5.1.1: Designa-se por conjunto dos números complexos, e


representa-se por C , o conjunto  2 dos pares ordenados de números
reais com a soma vectorial e multiplicação por um escalar usuais, i.e.,
(a, b) + (c, d ) = (a + c, b + d )
 (a, b) = (a, b)

121
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

e a multiplicação de números complexos definida por


(a, b).(c, d ) = (a.c − bd , a.d + b.c)
Observação 5.1.1. Consideremos o eixo y como eixo imaginário.

b (a, b)

v
(0,1)  i -

0 a x

Então:
1. O par (a, 0) é identificado com o número real a , i.e.,

( a , 0)  a

por outras palavras, temos que   C .


2. Ao par (0, 1) vamos atribuir o símbolo i, i.e.,

(0, 1) ≡ i
3. O número complexo (a, b) representa o vector v , ou seja
(a, b) = v = (a,0) + (0, b) .
Mas (0, b) = b.i , e, sendo (a,0) = a , concluí-se que
(a, b) = a + bi

Forma algébrica de um número complexo


Todo o número complexo z = (a, b) tem a seguinte forma algébrica

a + bi
O número real a denomina-se parte real, e denota-se por Re(z).
O número b denomina-se parte imaginária, e denota-se por Im(z)
Exemplo: Para o numero complexo z = 3 – 2i temos
Re(z) = 3 e Im(z) = -2
4. Da multiplicação na definição 5.1.1 resulta na seguinte relação
i 2 = −1
isto implica que
i = −1

122
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Complexos conjugados

Dois números complexos são conjugados quando têm as partes reais iguais
e as partes imaginárias simétricas

O conjugado do complexo z = a + bi , que é representado por z , é o


complexo
z = a − bi

Exemplo: os complexos 1− 3i e 1+ 3i são conjugados.

Módulo de um complexo
O módulo (ou valor absoluto) de um número complexo z = a + bi é um
número real definido por

z = a2 + b2

Exemplo: Seja z1 = 2 − i . Então, z = 2 2 + (−1) 2 = 5

Operações com números complexos

1. Adição
• (a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d )i
• (a + bi) − (c + di) = (a + c) − (b + d )i
2. Multiplicação
(a + bi).(c + di) = (a.c − b.d ) + (b.c + a.d )i
3. Divisão
a + bi (a + bi)(c − di) (ac + bd ) + (bc − ad )i ac + bd bc − ad
= = = 2 + i
c + di (c + di)(c − di) c2 + d 2 c + d 2 c2 + d 2
a + bi ac + bd bc − ad
= +
c + di c 2 + d 2 c 2 + d 2

Exemplos 5.1.2:
Sejam z = 2 − 5i e  = −3 + 2i .

123
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

• z +  = (2 − 5i) + (−3 + 2i) = [2 + (−3)] + (−5 + 2)i = −1 − 3i

• z −  = (2 − 5i) − (−3 + 2i) = [2 − (−3)] + (−5 − 2)i = 5 − 7i

• z. = (2 − 5i).(−3 + 2i) = [2.(−3) − (−5).2] + [(−5).(−3) + 2.2] = 4 − 11i

z 2.(−3) + (−5).2 (−5).(−3) − 2.2 16 11


= + =− + i
•  (−3) + 2
2 2
(−3) + 2
2 2
13 13

Forma polar (ou trigonométrica) do número complexo

Da figura, deduz-se que a forma polar de um número complexo


z = a + bi é
z = z (cos( ) + isen( ))

Onde z = a 2 + b 2 e  é o argumento, satisfazendo a = z cos( ) e


𝑎 𝑏
b = z sen( ) ; ou seja, cos(𝜃) = |𝑧| e 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = |𝑧|

Exemplo 5.1.3: Para escrever o número z = 2 − 2i na forma polar,

calculamos o módulo z = 2 2 + (−2) 2 = 8 = 2 2 e o argumento  ,

a 2 2 b −2 2
que satisfaz cos( ) = = = e sen( ) = = =− .
z 2 2 2 z 2 2 2

7
O argumento  que possui estes valores de seno e co-seno é  = .
4
Logo, z = 2 2 (cos(7 / 4) + isen(7 / 4) )

124
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Fórmula de Euler
Para todo    , é válida a igualdade seguinte, denominada fórmula
de Euler

e i = cos( ) + i.sen( )

o que implica que


e −i = cos( ) − i.sen( )

Então, todo o número complexo z pode ser escrito na forma


exponencial
z = z e i

Exemplo 5.1.4: Na forma exponencial o número z = 2 − 2i fica


z = 2 2.ei ( 7 / 4)

Potência de um número complexo: fórmula de Moivre

zn = z
2
(cos(n ) + i.sen(n ) )

Exemplo 5.1.5: Sendo z = 1 + i 3 , calcular z 3


1 3
SOLUCO: z = 12 + ( 3 ) 2 = 4 = 2 , cos = e sen( ) = . Logo,
2 2

= .
3
ssim, z = 2.(cos( 6 ) + i.sen( 6 )) Logo z 3 = 8.(cos( ) + i, sen( ))

Raiz de um número complexo


  + 2k  + 2k  𝑘 = 1, 2, 3, … , 𝑛 − 1
n
z = n z  cos + i.sen 
 n n 

Exemplo 5.1.6: Determine


4
−1 .

SOLUCÃO: z = −1 ; z = 1, cos = −1 e sen( ) = 0 .


De onde tem-se  =  .
Logo

125
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

 + 2k  + 2k
4
− 1 = cos + i.sen
4 4
Fazendo k = 0, 1, 2, 3, obtém-se as raízes
2 2
Para k = 0 tem-se cos( 4 ) + i.sen( 4 ) = + ;
2 2
2 2
Para k = 1 tem-se cos( 34 ) + i.sen( 34 ) = − + ;
2 2
2 2
Para k = 2 tem-se cos( 54 ) + i.sen( 54 ) = − − i;
2 2
2 2
Para tem-se cos( 74 ) + i.sen( 74 ) = − + i
2 2

Sumário

Nesta Unidade temática 5.1 estudamos e discutimos fundamentalmente o


número complexo e suas propriedades. Vimos as suas representações na
forma algébrica, forma polar e forma exponencial. Terminamos pelo
cálculo de sua potência e sua raiz.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Sendo 𝑧1 = 1 + 3𝑖 e 𝑧2 = −2 + 𝑖, calcule:
a) 𝑧1 + 𝑧2
b) 𝑧1 − 𝑧2
c) 𝑧1 . 𝑧2
𝑧2
d) 𝑧1

e) (1 + 2𝑖)−1 + 𝑖 −1
−3
√3+𝑖
f) ( 1+𝑖 )

2. Resolve a equaçõo 𝑧 2 + 2𝑖𝑧 + 3 = 0


3. Calcule
a) (−1 + √3)5
6
b) √64

c) √−1 + √3𝑖
1 7
Respostas: 1a) −1 + 4𝑖; 1b) 3 + 2𝑖; 1c) −5 − 5𝑖; 1d) 10 +10𝑖;

𝟐. 𝑧1 = 𝑖; 𝑧2 = −3𝑖; 3a) 64(cos(8𝜋) + 𝑖𝑠𝑒𝑛(8𝜋))

126
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

3b) ±2; ±(1 + √3𝑖); ±(1 − √3𝑖)


√2 √6 √2 √6
3𝑐) − + ; + 𝑖
2 2 2 2

Exercícios para AVALIAÇÃO


Calcule, e escreva o resultado na forma algébrica
a) (−4 + 3𝑖). (5 − 6𝑖) + (4 − 3𝑖)
8−2𝑖
b) 1+𝑖

c) (2 − 2𝑖)6
3
d) √−1 + √3𝑖

Referência bibliográfica
Beirão, J. C. (1993), Funções de variável complexa, ISP
Girão, P. M. (204), Introdução à Análise Complexa, Séries de Fourier e
Equações Diferenciais, IST Press

127
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

UNIDADE Temática 5.2. SUCESSÕES E SÉRIES DE NÚMEROS


COMPLEXOS

Introdução

Nesta unidade tematica vamos fundamentalmente determinar o limite de


uma sucessao de numeros complexos e estudar a natureza (convergencia
ou divergencia) de uma serie numerica complexa

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Calcular o limite de uma sucessao de numeros complexos

▪ Estudar a convergencia de uma serie de numeros complexos, usando os


Objectivos criterios de convergencia
específicos

Sucessões de números complexos


Definição 5.2.1: Uma sucessão de números complexos é uma sequência
(ordenada) infinita

𝒛𝟏 , 𝒛𝟐 , 𝒛𝟑 , … . , 𝒛𝒏 , …
de números complexos (também consideramos sucessões que começam
num inteiro 𝑘 ≥ 1 ).

N.B. Formalmente, uma sucessão é uma função 𝑧: ℕ → ℂ na variável


independente 𝑛 ∈ ℕ e tomando valores em ℂ.

𝑧𝑛 é o termo geral da sucessão.

Denotamos a sucessão 𝑧1 , 𝑧2 , 𝑧3 , … . , 𝑧𝑛 , … por (𝑧𝑛 ).

A sucessão (𝑧𝑛 ) diz-se limitada se existir um número real 𝑀 ∈ ℜ tal que

|𝑧𝑛 | ≤ 𝑀, para todo 𝑛 ∈ ℕ

𝑖𝑛
Por exemplo, a sucessão de termo geral 𝑧𝑛 = 2𝑛 é limitada, pois para
todo o número natural n temos

128
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

𝑖𝑛 1
| 𝑛| = 𝑛 ≤ 1
2 2

LIMITE DE UMA SUCESSÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS

Definição 5.2.2. Uma sucessão (𝑧𝑛 ) tem limite 𝒛 ∈ ℂ, e escrevemos

lim 𝑧𝑛 = 𝑧 ou 𝑧𝑛 → 𝑧
𝑛→∞

se a partir de certa ordem os termos 𝑧𝑛 estão arbitrariamente próximos


de 𝑧.

Se existir um número complexo 𝑧 nestas condições dizemos que a sucessão


converge; caso contrário diremos que a sucessão diverge.

Proposição 5.2.1: Uma sucessão converge para o limite 𝑧 se e só se

𝐥𝐢𝐦 𝑹𝒆(𝒛𝒏 ) = 𝑹𝒆(𝒛) e 𝐥𝐢𝐦 𝑰𝒎( 𝒛𝒏 ) = 𝑰𝒎(𝒛)


𝒏→∞ 𝒏→∞

Exemplo 5.2.1: Estudar a convergência da sucessão de termo geral


2
3 𝑛
𝑛
√𝑛! 2
𝑧𝑛 = + 𝑖 (𝑛 + 2 )
𝑒 𝑛
𝑛
√𝑛! 1
SOLUÇÃO: Como lim 𝑅𝑒(𝑧𝑛 ) = lim =𝑒 e
𝑛→∞ 𝑛→∞ 𝑒

2
3 𝑛
lim 𝐼𝑚( 𝑧𝑛 ) = lim (𝑛2 + 𝑛2 ) = 𝑒 3 , então, da proposição 4.2.1
𝑛→∞ 𝑛→∞

conclui-se que a sucessão é convergente, sendo

2
3 𝑛
𝑛
√𝑛! 1
lim 𝑧𝑛 = lim { + 𝑖 (𝑛 + 2 ) } = + 𝑖𝑒 3
2
𝑛→∞ 𝑛→∞ 𝑒 𝑛 𝑒

Séries de números complexos


Definiçao 5.2.3: Chama-se série numérica complexa de termo geral 𝑧𝑛
a soma formal infinita dos termos da sucessão, isto é, a expressão

𝑧1 + 𝑧2 + 𝑧3 + ⋯ + 𝑧𝑛 + ⋯

Que se representa simbolicamente por ∑∞


𝑛=1 𝑧𝑛 , ou simplesmente ∑ 𝑧𝑛 .

Uma série numérica complexa ∑ 𝑧𝑛 é convergente se e só se a sua


sucessão de somas parciais for convergente, isto é, se e só se

129
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

lim 𝑆𝑛 = 𝑆
𝑛→∞

Ao número complexo S chama-se então o valor ou soma da série,


escrevendo-se

∑ 𝑧𝑛 = 𝑆

Se a sucessão das somas parciais não for convergente a série diz-se


divergente.

Corolário: É condição necessária (mas não suficiente) para que uma série
seja convergente que o seu termo geral 𝑧𝑛 tenha limite zero
(𝑧𝑛 → 0)

Proposição 5.2.2: ∑ 𝑧𝑛 = 𝑆 se e só se ∑ 𝑅𝑒(𝑧𝑛 ) = 𝑅𝑒(𝑆) e ∑ 𝐼𝑚(𝑧𝑛 ) =


𝐼𝑚(𝑠)

Definição 5.2.4. Uma série ∑ 𝑧𝑛 diz-se absolutamente convergente quando


e convergente a correspondente serie dos módulos ∑|𝑧𝑛 |.

Proposição 5.2.3. Série absolutamente convergente é convergente

CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA DAS SERIES

Os critérios de convergência estudados para as séries reais são também


validos para as séries de números complexos. Façamos a revisão e
apliquemo-nas para o teste de convergência de uma série de complexos.

Critério de Comparação

Se ∑ 𝑧𝑛 e ∑ 𝑤𝑛 são duas séries numéricas complexas tais que a partir de


certa ordem |𝑧𝑛 | ≤ |𝑤𝑛 |, então, se a série ∑|𝑤𝑛 | for convergente, a série
∑ 𝑧𝑛 é absolutamente convergente

130
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Critério de D’Alembert (ou critério da Razão)

Seja ∑ 𝑧𝑛 uma série numérica complexa. Se existir

𝑧𝑛+1
lim | |=𝜆
𝑛→∞ 𝑧𝑛

Então, a série é absolutamente convergente se λ < 1, e divergente se λ >


1.

Critério de Cauchy

Seja ∑ 𝑧𝑛 uma série numérica complexa. Se existir

𝑛
lim √|𝑧𝑛 | = 𝜆
𝑛→∞

Então, a série é absolutamente convrrgente se λ < 1, e


divergente se λ > 1.

Exemplos 5.2.2: Determinar a natureza das séries de termo geral

(1+𝑖)𝑛−1 (1+𝑖)𝑛 (𝑛!)2 𝑛(𝑛+2)


a) 𝑧𝑛 = (𝑛+1)3 .4𝑛 b) 𝑧𝑛 = c) 𝑧𝑛 = {(2𝑛)!}2 + 𝑖
2𝑛 3𝑛+1

SOLUÇÕES:

a) Pelo critério de D’Alembert tem-se


𝑧𝑛+1 (𝑛 + 1)3 (1 + 𝑖)𝑛 4𝑛
lim | | = lim | |=
𝑛→∞ 𝑧𝑛 𝑛→∞ (𝑛 + 2)3 (1 + 𝑖)𝑛−1 4𝑛+1

1 𝑛+1 3 1 √2
= |1 + 𝑖| lim ( ) = √2. 1 =
4 𝑛→∞ 𝑛 + 2 4 4
√2
Temos λ = < 1. Logo, a série é absolutamente convergente.
4

b) Pelo critério de Cauchy tem-se


𝑛 𝑛 (1+𝑖)𝑛 |1+𝑖| √2
lim √|𝑧𝑛 | = lim √| |= = < 1. Logo, a série é
𝑛→∞ 𝑛→∞ 2𝑛 2 2

absolutamente convergente.

131
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

c) Aplicando o critério de D’Alembert às séries ∑ 𝑅𝑒(𝑧𝑛 ) e


∑ 𝐼𝑚(𝑧𝑛 ), tem-se

𝑅𝑒(𝑧𝑛+1 ) {(𝑛 + 1)!}2 {(2𝑛)!}2


lim | | = lim | |=
𝑛→∞ 𝑅𝑒(𝑧𝑛 ) 𝑛→∞ {(2𝑛 + 2)!}2 (𝑛!)2

(𝑛!)2 (𝑛 + 1)2 {(2𝑛)!}2


= lim | |
𝑛→∞ {(2𝑛)!}2 (2𝑛 + 2)2 (𝑛!)2
𝑛+1 2 1
= lim (2𝑛+2) = 4 < 1
𝑛→∞

𝐼𝑚(𝑧𝑛+1 ) (𝑛 + 1)(𝑛 + 3) 3𝑛+1


lim | | = lim | |
𝑛→∞ 𝐼𝑚(𝑧𝑛 ) 𝑛→∞ 3𝑛+2 𝑛(𝑛 + 2)

1 (𝑛+1)(𝑛+3) 1
= 3 lim =3<1
𝑛→∞ 𝑛(𝑛+2)

Logo, de acordo com a proposição 4.2.2, a série dada é


convergente.

Sumário

Nesta Unidade temática 5.2 estudamos fundamentalmente que o cálculo


de limite de uma sucessão de números complexos faz-se calculando o
limite da parte real e o limite da parte imaginaria do termo geral. E a
natureza de uma série numérica complexa é estudada pelos mesmos
critérios de convergência aprendidos no estudo das séries reais

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Determine o limite, caso exista, de cada uma das seguinte
sucessões:
2𝑛+1 1 2𝑛
a) 𝑧𝑛 = + 𝑖 (1 + 𝑛)
𝑛+1
2
𝑛+1 𝑛 𝑛
b) 𝑧𝑛 = ( ) + √𝑛+1 𝑖
𝑛

𝑛.𝑖
c) 𝑧𝑛 = 𝑛2+1
2. Determine a natureza de cada serie
(2+3𝑖)2𝑛−1 (1+2𝑖)𝑛 (1+𝑖)𝑛
a) ∑ (2𝑛−1)!
b) ∑ c) ∑
𝑛! 2𝑛

132
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Respostas: 1a) 2 + 𝑒 2 𝑖; 1b) diverge; 1c) 0; 2a) absolutamente


convergente; 2b) absolutamente convergente; 2c) Divergente

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Determine, caso exista, o limite da sucessão
√𝑛
𝑧𝑛 = (√𝑛 + 1 − √𝑛 − 3) +
𝑛+1
2. Determine a natureza de cada série
𝑛(2+𝑖)𝑛 𝑛𝑛
a) ∑ (𝑛−1)!
b) ∑ (2𝑖)𝑛

Referência bibliográfica
Beirão, J. C. (1993), Funções de variável complexa, ISP
Girão, P. M. (204), Introdução à Análise Complexa, Séries de Fourier e
Equações Diferenciais, IST Press

133
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

UNIDADE Temática 5.3. FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA

Introdução

Nesta unidade tematica vamos aprender a determinar o limite e a


derivada de funcoes de variavel complexa.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Determinar o limite de uma funçao de variavel complexa, num ponto

▪ Achar a derivada de uma funçao de variavel complexa


Objectivos
específicos

Funçao de uma variavel complexa: funçoes elementares

Definição 5.3.1. Chama-se função complexa de uma variável complexa


a toda a aplicação 𝑓: 𝐸 → 𝐶, em que E e um subconjunto do espaço
complexo C.

Para representar a função, além da notação 𝑓: 𝐸 → 𝐶, utilizam-se


também as notações

𝑓: 𝑧𝜖𝐸 → 𝑓(𝑧)𝜖𝐶
ou
𝑤 = 𝑓(𝑧)

O conjunto E, na qual está definida a aplicação denomina-se o domínio


da função, e a parte de ℂ igual a {𝑓(𝑧): 𝑧 ∈ ℂ} é o seu contradomínio,
e representa-se abreviadamente por 𝑓(𝐸).

Se 𝑤 = 𝑓(𝑧) é uma função definida em E ℂ, então a cada ponto 𝑧 =


𝑥 + 𝑖𝑦 de E faz corresponder um ponto 𝑤 = 𝑢 + 𝑖𝑣 do contradomínio.
Assim, tanto 𝑢 = 𝑅𝑒(𝑤) como 𝑢 = 𝐼𝑚(𝑤) dependem de 𝑥 e de 𝑦, isto é,
são ambas funções de 𝑥 e 𝑦, o que se pode traduzir escrevendo

𝑢 = 𝑢(𝑥, 𝑦)
𝑣 = 𝑣(𝑥, 𝑦)

134
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Uma função de vaiável complexa é, portanto, equivalente a duas


funções reais de duas varáveis reais 𝒖(𝒙, 𝒚) e 𝒗(𝒙, 𝒚). Por exemplo,
para a função 𝑤 = 𝑧 2 tem-se

𝑤 = 𝑢 + 𝑖𝑣 = (𝑥 + 𝑖𝑦)2 = (𝑥 2 + 𝑦 2 ) + 2𝑥𝑦𝑖

E por consequência

𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 + 𝑦 2

𝑣(𝑥, 𝑦) = 2𝑥𝑦

Portanto, uma função complexa 𝑤 = 𝑓(𝑧) é da forma

𝑤 = 𝑢(𝑥, 𝑦) + 𝑖𝑣(𝑥, 𝑦)
1
Exemplo 5.3.1. Decomponha a função 𝑓(𝑧) = nas suas partes real e
𝑧

imaginária.

1 1 𝑥−𝑖𝑦 𝑥−𝑖𝑦 𝑥 𝑦
SOLUÇÃO: 𝑓(𝑍) = = = = = −𝑖
𝑍 𝑥+𝑖𝑦 (𝑥+𝑖𝑦)(𝑥−𝑖𝑦) 𝑥 2 −𝑦 2 𝑥 2 −𝑦 2 𝑥 2 −𝑦 2

Chama-se zero (ou raiz) de uma função 𝑤 = 𝑓(𝑧) a todo o ponto 𝑧0 no


qual a função toma valor nulo, isto é, 𝑓(𝑧0 ) = 0.

Exemplos 5.3.2: Ache o domínio das funções:

1. 𝑓(𝑧) = 𝑧 2 + 3
𝑧
2. 𝑓(𝑧) = 𝑧 2+1

SOLUÇOES:

1. 𝑓(𝑥 + 𝑖𝑦) = (𝑥 + 𝑖𝑦)2 + 3 = 𝑥 2 + 2𝑖𝑥𝑦 − 𝑦 2 + 3 =


(𝑥 2 − 𝑦 2 + 3) + 2𝑥𝑦𝑖

Logo, 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 − 𝑦 2 + 3 e 𝑣(𝑥, 𝑦) = 2𝑥𝑦

O domínio de 𝑓 é todo o conjunto ℂ.

2. O denominador não pode ser nulo. Achemos os valores de 𝑧 que


anulam o denominador.
𝑧 2 + 1 = 0  𝑧 2 = −1
Logo,

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𝑧 = ±√−1 = ±𝑖
Portanto, o domínio de 𝑓 é ℂ ∖ {−𝑖, 𝑖}

Limite de uma função complexa num ponto


Diz-se que o número complexo 𝑙 = 𝑎 + 𝑖𝑏 é o limite de 𝑓(𝑧), ao tender 𝑧
para 𝑧0 quando para cada 𝜀 > 0 existe um número positivo 𝛿
(geralmente dependente de 𝜀 e 𝑧0 ) tal que é

|𝑓(𝑧) − 𝑙| < 𝜀

Para todo o 𝑧 de E tal que 0 ≤ |𝑧 − 𝑧0 | ≤ 𝛿.

Se as condições atrás são satisfeitas, escreve-se

lim 𝑓(𝑧) = 𝑙
𝑧→𝑧0

A noção de limite de uma função em um ponto z0 diz respeito ao


comportamento da função nos pontos próximos a z0 e não
necessariamente no próprio z0.

√1+𝑧−√1+𝑧
Exemplo 5.3.3. Calcule lim
𝑧→0 𝑧

SOLUÇÃO: Substituindo 𝑧 = 0 na expressão temos uma indeterminação


0
do tipo 0. Vamos levantar a indeterminação.

√1 + 𝑧 − √1 + 𝑧 (√1 + 𝑧 − √1 − 𝑧)(√1 + 𝑧 + √1 − 𝑧)
lim = lim
𝑧→0 𝑧 𝑧→0 𝑧(√1 + 𝑧 + √1 − 𝑧)

(√1 + 𝑧)2 − (√1 − 𝑧)2 2𝑧 2


= lim = lim = =1
𝑧→0 𝑧(√1 + 𝑧 + √1 − 𝑧) 𝑧→0 𝑧(√1 + 𝑧 + √1 − 𝑧) 1+1

𝑧 2 +4
Exemplo 5.3.4. Determine lim
𝑧→2𝑖 𝑧 2 −3𝑖𝑧−2

136
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SOLUÇÃO: Substituindo 2𝑖 na expressão teremos

(2𝑖)2 +4 −4+4 0
= −4+6−2 = 0 que é uma indeterminação.
(2𝑖)2 −3𝑖2𝑖−2

Precisamos levantar a indeterminação.

O polinômio no numerador 𝑧 2 + 4 pode ser reescrita como 𝑧 2 − (−4). O


número −4 no conjunto dos números complexos pode se escrito como
(2𝑖)2 (pois 𝑖 2 = −1).

Assim, 𝑧 2 + 4 = 𝑧 2 − (2𝑖)2 = (𝑧 − 2𝑖)(𝑧 + 2𝑖).

Para factorizar o polinômio no denominador 𝑧 2 − 3𝑖𝑧 − 2, sendo uma


expressão do segundo grau, apliquemos a fórmula resolvente de
equação quadrática para achar as suas raízes.

−(−3𝑖) ± √(−3𝑖)2 − 4. (−2) 3𝑖 ± √−9 + 8 3𝑖 ± √−1 3𝑖 ± 𝑖


= = =
2 2 2 2

3𝑖+𝑖 3𝑖−𝑖
A primeira raiz é = 2𝑖 A segunda raiz é = 𝑖.
2 2

Então, podemos escrever 𝑧 2 − 3𝑖𝑧 − 2 = (𝑧 − 2𝑖)(𝑧 − 𝑖).


Assim,
𝑧 2 +4 (𝑧−2𝑖)(𝑧+2𝑖) 𝑧+2𝑖 2𝑖+2𝑖 4𝑖
lim = lim = lim = = =4
𝑧→2𝑖 𝑧 2 −3𝑖𝑧−2 𝑧→2𝑖 (𝑧−2𝑖)(𝑧−𝑖) 𝑧→2𝑖 𝑧−𝑖 2𝑖−𝑖 𝑖

Proposição 5.3.1.

Sejam 𝑧 = 𝑥 + 𝑖𝑦, 𝑧0 = 𝑥0 + 𝑖𝑦0 , 𝑓(𝑧) = 𝑢(𝑥, 𝑦) + 𝑖𝑣(𝑥, 𝑦) e

𝑙 = 𝑎 + 𝑖𝑏.

Uma condição necessária e suficiente para que lim 𝑓(𝑧) = 𝑙 = 𝑎 + 𝑖𝑏 é


𝑧→𝑧0
que

𝐥𝐢𝐦 𝑹𝒆(𝒇(𝒛) = 𝒂 e 𝒛→𝒛


𝒙→𝒙𝟎
𝐥𝐢𝐦 𝑰𝒎(𝒇𝒛) = 𝒃
𝟎
𝒚→𝒚𝟎 𝒚→𝒚𝟎

Exemplo: Calcule lim (3𝑥𝑦 + 𝑖(𝑥 − 𝑦 2 ))


𝑧→−1+2𝑖

SOLUÇÃO: Observa-se que 𝑢(𝑥, 𝑦) = 3𝑥𝑦 e 𝑣(𝑥, 𝑦) = 𝑥 − 𝑦 2 . Então,

137
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lim (3𝑥𝑦 + 𝑖(𝑥 − 𝑦 2 )) = lim 3𝑥𝑦 + 𝑖. lim (𝑥 − 𝑦 2 )


𝑧→−1+2𝑖 𝑥→−1 𝑥→−1
𝑦→2 𝑦→2

= 3. (−1). 2 + (−1 − 22 )𝑖 = −6 − 5𝑖

Derivação de uma função complexa


Definição 5.3.2. Diz-se que 𝑓(𝑧) é derivável no ponto 𝑧0 ∈ 𝐷 ∁
quando existe o limite

𝑓(𝑧) − 𝑓(𝑧0 )
lim
𝑧→𝑧0 𝑧 − 𝑧0

o qual se denomina derivada da função no ponto 𝒛𝟎 .

Para representar a derivada de 𝑓(𝑧) no ponto 𝑧0 utilizam-se as seguintes


notações

𝑑𝑓
𝑓′(𝑧0 ) ou (𝑧0 )
𝑑𝑧

Pondo ∆𝑧 = 𝑧 − 𝑧0 e ∆𝑓 = 𝑓(𝑧) − 𝑓(𝑧0 ), a definição pode também


traduzir-se por qualquer das formas

𝑓(𝑧0 + ∆𝑧) − 𝑓(𝑧0 )


𝑓 ′ (𝑧0 ) = lim
∆𝑧→0 ∆𝑧
ou

∆𝑓
𝑓 ′ (𝑧0 ) = lim
∆𝑧→0 ∆𝑧

É claro que só há derivada se o limite da definição não depende do


modo como 𝑧 tende para 𝑧0 , isto e, do caminho seguido para se
aproximar de 𝑧0 . Se a caminhos distintos corresponderem valores
diferentes, então o limite não existe e, portanto, não há derivada.

Para achar a derivada de uma função complexa valem as regras para


funções reais.

1+(2−𝑖)𝑧
Exemplo: Ache a derivada de 𝑓(𝑧) = 2𝑧+9

138
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1+(2−𝑖)𝑧 1+2𝑧−𝑖𝑧
SOLUÇÃO: 𝑓(𝑧) = = Pela regra de derivada de
2𝑧+9 2𝑧+9

quociente tem-se

[1 + 2𝑧 − 𝑖𝑧]′ (2𝑧 + 9) − (2𝑧 + 9)′[1 + 2𝑧 − 𝑖𝑧]


𝑓 ′ (𝑧) =
(2𝑧 + 9)2

(2 − 𝑖)(2𝑧 + 9) − 2[1 + 2𝑧 − 𝑖𝑧] 16 − 9𝑖


= 2
=
(2𝑧 + 9) (2𝑧 + 9)2

Equações de Cauchy-Riemann

Embora a definição de derivada de um função de variável complexa


seja semelhante à da derivada das funções de variável real, as condições
para a existência da derivada são, no casos das funções de vaiável
complexa, mais exigentes do que para as funções de variável real.

Proposição 5.2.2. Seja 𝑓(𝑧) = 𝑢(𝑥, 𝑦) + 𝑖. 𝑣(𝑥, 𝑦) uma função complexa


definida no domínio 𝐷 𝐶 e 𝑧0 = 𝑥0 + 𝑖𝑦0 um ponto de 𝐷.

Uma condição necessária para que 𝑓(𝑧) seja derivável em 𝑧0 é que


𝑢(𝑥, 𝑦) e 𝑣(𝑥, 𝑦) admitam derivadas parciais de primeira ordem em
(𝑥0 , 𝑦0 ) que satisfaçam neste ponto as equações

𝝏𝒖 𝝏𝒗 𝝏𝒖 𝝏𝒗
= 𝝏𝒚 e = − 𝝏𝒙
𝝏𝒙 𝝏𝒚

chamadas Equações de Cauchy-Riemann.

Proposição 5.2.3. Se as funções 𝑢(𝑥, 𝑦) e 𝑣(𝑥, 𝑦) admitem derivadas


parciais de primeira ordem contínuas no ponto (𝑥0 , 𝑦0 ) e essas derivadas
verificam neste ponto as equações de Cauchy-Riemann, então a função
𝑓(𝑧) = 𝑢(𝑥, 𝑦) + 𝑖𝑣(𝑥, 𝑦) tem derivada em 𝑧0 = 𝑥0 + 𝑖𝑦0 .

Exemplo: A função 𝑓(𝑧) = |𝑧|2 é derivável em 𝑧 = 0.

De facto, como

2
𝑓(𝑧) = |𝑧|2 = |𝑥 + 𝑖𝑦|2 = (√𝑥 2 + 𝑦 2 ) = 𝑥 2 + 𝑦 2 = 𝑢(𝑥, 𝑦),

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tem-se

𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕𝑣 𝜕𝑣
= 2𝑥, = 2𝑦, = 0, 𝜕𝑦 = 0 (pois, 𝑣(𝑥, 𝑦) = 0)
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑥

Em 𝑧 = 0 estas derivadas são continuas e verificam as equações de


Cauchy-Riemann (substituindo por 𝑥 = 0 e 𝑦 = 0, pois 𝑧 = 0 ≡ 0 + 𝑖. 0),
pelo que, a função tem derivada neste ponto.

Funções Analíticas

Uma função de variável complexa 𝑓(𝑧) diz-se analítica (regular ou


holomorfa) num ponto 𝑧0 se tem derivada não só em 𝑧0 mas também em
todos os pontos de uma vizinhança de 𝑧0 .

Exemplo: A função 𝑓(𝑧) = |𝑧|2 não é analítica em 𝑧 = 0.

Com efeito, vimos que 𝑓(𝑧) = |𝑧|2 tem derivada em 𝑧 = 0, porque


verifica as condições da proposição 5.2.3. Mas, para 𝑧 ≠ 0, as equações
de Cauchy-Riemann já não são sempre satisfeitas, pelo que não há
derivada em todos os pontos distintos de 𝑧 = 0. Logo, a função não é
analítica em 𝑧 = 0.

𝑧̅
Exemplo: Verifique se a função 𝑓(𝑧) = |𝑧|2 é analítica em ℂ ∖ {0}

𝑧̅ 𝑥−𝑖𝑦 𝑥 𝑦
SOLUÇÃO: 𝑓(𝑧) = |𝑧|2 = 𝑥 2 +𝑦 2 = 𝑥 2 +𝑦 2 − 𝑥 2 +𝑦 2 𝑖.

𝑥 𝑦
Observa-se que 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 +𝑦 2 e 𝑣(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 +𝑦 2

𝜕𝑢 𝑥 2 +𝑦 2 𝜕𝑣 𝜕𝑢 2𝑥𝑦 𝜕𝑣
= (𝑥 2+𝑦 2)2 = 𝜕𝑦 e = − (𝑥 2 +𝑦 2)2 = − 𝜕𝑥
𝜕𝑥 𝜕𝑦

Portanto, as equações de Cauchy-Riemann são satisfeitas em todos os


pontos de ℂ ∖ {0}. Pela proposição 5.2.3 esta função tem derivada em
todos os pontos de ℂ ∖ {0}.
𝑧̅
Assim, a função 𝑓(𝑧) = |𝑧|2 é analítica em ℂ ∖ {0}.

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Regra de L’Hospital

Se 𝑓(𝑧0 ) = 𝑔(𝑧0 ) = 0 mas 𝑓(𝑧) e 𝑔(𝑧) são analíticas em 𝑧0 e 𝑔′(𝑧0 ) ≠


0, então
𝒇(𝒛) 𝒇′(𝒛)
𝐥𝐢𝐦 = 𝐥𝐢𝐦
𝒛→𝒛𝟎 𝒈(𝒛) 𝒛→𝒛𝟎 𝒈′(𝒛)

N.B. Mediante modificações apropriadas, a regra de L’Hospital pode


frequentemente ser aplicada ao calculo dos limites representados pelas

chamadas formas indeterminadas ∞ , 0. ∞, ∞ − ∞, ∞0 e 1∞ .

𝑧 2 +1
Exemplo: Calcular lim 𝑧 6+1
𝑧→𝑖

SOLUÇÃO: Pondo 𝑓(𝑧) = 𝑧 2 + 1 e 𝑔(𝑧) = 𝑧 6 + 1, verifica-se que


𝑓(𝑖) = 𝑔(𝑖) = 0. Mas como 𝑓(𝑧) e 𝑔(𝑧) são analíticas em 𝑧 = 𝑖 e
𝑔′(𝑖) ≠ 0, da regra de L’Hospital resulta

𝑧2 + 1 (2𝑧)𝑧=𝑖 2𝑖 1
lim = = =
𝑧→𝑖 𝑧 6 + 1 (6𝑧 5 )𝑧=𝑖 6𝑖 3

Funções Complexas Elementares


Função Exponencial

Sendo 𝑧 = 𝑥 + 𝑖𝑦, a função exponencial 𝑓(𝑧) = 𝑒 𝑧 é definida por

𝒆𝒛 = 𝒆𝒙 (𝐜𝐨𝐬 𝒚 + 𝒊. 𝒔𝒆𝒏 𝒚)

Em que o número 𝑦 se expressa em radianos.

Sabe-se, das fórmulas de Euler, que 𝑒 𝑖𝑦 = cos 𝑦 + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛 𝑦

Então, tem-se 𝑒 𝑧 = 𝑒 𝑥+𝑖𝑦 = 𝑒 𝑥 . 𝑒 𝑖𝑦

Como cos 2𝑘𝜋 = 1 e 𝑠𝑒𝑛 2𝑘𝜋 = 0 para todo 𝑘 inteiro, resulta

𝑒 2𝑘𝜋𝑖 = 1

E, portanto,

𝑒 𝑧+2𝑘𝜋𝑖 = 𝑒 𝑧

141
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O que mostra que a função 𝑓(𝑧) = 𝑒 𝑧 é periódica, com período 𝟐𝝅𝒊.

As partes real e imaginária de 𝑒 𝑧 , 𝑢 = 𝑒 𝑥 cos 𝑦 e 𝑣 = 𝑒 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑦,


verificam as equações de Cauchy-Riemann em todos os pontos de ℝ2 .
Potanto, a função exponencial 𝑒 𝑧 é analítica em todo o plano complexo;
sendo

𝒅 𝒛 𝜕𝑢 𝜕𝑣
(𝒆 ) = +𝑖 = 𝑒 𝑥 cos 𝑦 + 𝑖𝑒 𝑥 𝑠𝑒𝑛 𝑦 = 𝒆𝒛
𝒅𝒛 𝜕𝑥 𝜕𝑦

Funções Trigonométricas cosseno e seno

A partir das fórmulas de Euler se deduz que para todo o numero real 𝑦 é

𝒆𝒊𝒚 +𝒆−𝒊𝒚 𝒆𝒊𝒚 −𝒆−𝒊𝒚


𝐜𝐨𝐬 𝒚 = e 𝒔𝒆𝒏 𝒚 =
𝟐 𝟐

Isto sugere que o seno e o cosseno da variável complexa 𝑧 de definam


pelas equações

𝒆𝒊𝒛 + 𝒆−𝒊𝒛
𝐜𝐨𝐬 𝒛 =
𝟐

𝒆𝒊𝒛 − 𝒆−𝒊𝒛
𝒔𝒆𝒏 𝒛 =
𝟐𝒊
Destas formulas resulta por adição a formula de Euler para valores
complexos

𝒆𝒊𝒛 = 𝐜𝐨𝐬 𝒛 + 𝒊𝒔𝒆𝒏 𝒛

A partir das derivadas das funções exponenciais, nas expressões de


cos 𝑧 e 𝑠𝑒𝑛 𝑧, deduzem-se as derivadas
𝑑 𝑑
(𝑠𝑒𝑛 𝑧) = cos 𝑧, (cos 𝑧) = −𝑠𝑒𝑛 𝑧
𝑑𝑧 𝑑𝑧

Sumário

Nesta Unidade temática 5.3 estudamos e discutimos fundamentalmente o


calculo do limite e da derivada de uma funçao complexa. Vimos que uma
funçao que tem derivada num ponto satisfaz as equaçoes de Cauchy-
Riemann. Em seguida definimos funçao analitica, de grande importancia
fundamental no estudo da integração em ℂ. Por ultimo vimos as funções
elementares 𝑒 𝑧 , 𝑠𝑒𝑛 𝑧 e cos 𝑧 em ℂ.

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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Decomponha nas suas partes real e imaginária as funções
a) 𝑓(𝑧) = 𝑧 2 − 3𝑖𝑧
1−𝑧
b) 𝑓(𝑧) = 1+𝑧
2. Determine
(2𝑧+3)(𝑧−1)
a) lim
𝑧→−2𝑖 𝑧 2 −2𝑧+4

b) lim 𝑧𝑧̅
𝑧→−𝑖
𝑧(𝑧 2 +1)
c) lim
𝑧→𝑖 𝑧−𝑖

𝑧 2 +9
d) lim
𝑧→3𝑖 2𝑧 2 +(5−6𝑖)𝑧−15𝑖

3. Calcule as derivadas das seguintes funções


a) 𝑓(𝑧) = 2𝑧 4 − 𝑧 3 + 10𝑖𝑧
b) 𝑔(𝑧) = (2𝑧 + 3)4
1+(2+𝑖)𝑧
c) ℎ(𝑧) = 2𝑧+9
1
d) 𝑘(𝑧) = 𝑧 + 𝑧
4. Utilize as equações de Cauchy-Riemann para achar os pontos em
que são analíticas as seguintes funções
a) 𝑓(𝑧) = 𝑧 2 − 5𝑖𝑧 + 3 − 𝑖
b) 𝑓(𝑧) = 𝑧 2
𝑧+𝑧̅
c) 𝑓(𝑧) = 𝑧

Respostas: 1a) 𝑢(𝑥, 𝑦) = 𝑥 2 − 𝑦 2 + 3𝑦, 𝑣(𝑥, 𝑦) = 𝑥(2𝑦 − 3);


1−𝑥 2 −𝑦 2 −2𝑦 1 11
1b) 𝑢(𝑥, 𝑦) = (1+𝑥)2 +𝑦 2, 𝑣(𝑥, 𝑦) = (1+𝑥)2 +𝑦 2, 2a) − 2 + 𝑖;
4
36 30
2b) 1 ; 2c) −2; 2d) 61 + 61 𝑖; 3a) 8𝑧 3 − 3𝑧 2 + 20𝑖; 3b) 8(2𝑧 + 3)3;
16−9𝑖 1
3c) (2𝑧+9)2; 3d) 1 − 𝑧 2; 4a) em todo 𝑧 4b) em todo 𝑧; 4c) Nenhum

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Decomponha nas suas partes real e imaginária a função
𝑧+1
𝑓(𝑧) =
𝑧−1
2. Determine

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𝑧 3 −5
a) lim
𝑧→1+𝑖 𝑖𝑧

𝑧 2 −2𝑖𝑧−1
b) lim 𝑧 4+2𝑧 2+1
𝑧→𝑖

√𝑧−1−𝑖
c) lim
𝑧→0 𝑧

3. Calcule as derivadas das seguintes funções


𝑧−1
a) 𝑓(𝑧) = 𝑧𝑖+1

b) (3𝑧 2 − 2𝑧𝑖)5
4. Utilize as equações de Cauchy-Riemann para achar os pontos em
que são analíticas as seguintes funções
1
a) 𝑓(𝑧) = 𝑧 2
𝑧̅
b) 𝑔(𝑧) = 𝑧

Referência bibliográfica
Beirão, J. C. (1993), Funções de variável complexa, ISP
Girão, P. M. (204), Introdução à Análise Complexa, Séries de Fourier e
Equações Diferenciais, IST Press

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UNIDADE Temática 5.4. INTEGRAÇÃO DE FUNÇÕES DE VARIÁVEL


COMPLEXA

Introdução

Nesta unidade temática 5.4 vamos aprender a calcular o integral de uma


função complexa, pela definição, pela primitivação, e, aplicando a
fórmula integral de Cauchy e o teorema dos resíduos. Vamos também
aprender a determinar o desenvolvimento de uma função complexa em
série de Laurent
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Determinar o integral de uma função de variável complexa pela definição


e pela primitivação

Objectivos ▪ Aplicar a fórmula integral de Cauchy para achar o integral de uma função
específicos de variável complexa

▪ Determinar o desenvolvimento de uma função complexa em série de


Laurent

▪ Aplicar o teorema dos resíduos para achar integrais curvilineos

Integração em ℂ

A teoria da integração no plano complexo reveste-se de importância


especial no estudo das funções de variável complexa, n medida em que
várias questões relativas ao cálculo diferencial complexo só podem ser
resolvidas recorrendo à integração

Nesta unidade temática 5.3 vamos saber achar a integral de uma função
complexa ao longo de uma curva no plano complexo ℂ. Veremos também a
relação entre a integração complexa e a integração real bem como algumas
das propriedades da integração complexa

Integral curvilíneo no plano complexo

Definição 5.4.1: Sejam 𝑓(𝑧) uma função complexa definida e contínua


em 𝐷 ℂ, e C um arco liso contido em 𝐷 com extremidades A e B e
representação paramétrica

𝑧(𝑡) = 𝑥(𝑡) + 𝑖𝑦(𝑡), 𝑎≤𝑡≤𝑏

O integral de 𝑓(𝑧) ao longo do caminho liso 𝐶 é dado por

145
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∫ 𝒇(𝒛)𝒅𝒛 = ∫ 𝒇(𝒛(𝒕)). 𝒛′ (𝒕)𝒅𝒕


𝑪 𝒂

Exemplo 5.4.1. Calcule o integral da função 𝑓(𝑧) = 𝑧 2 ao longo do


caminho 𝐶 que liga os pontos 𝐴(0, 0) e 𝐵(2, 3) do espaço ℂ.

SOLUÇAO: Vamos estabelecer a


representação paramétrica do caminho 𝐶
(com parâmetro 𝑡).

Existem infinitos caminhos que ligam os


pontos A e B. Tomemos o caminho mais curto,
o segmento de recta. Sua equação
cartesiana é da forma 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏.

Pelo ponto (0, 0) tem-se 0 = 𝑎. 0 + 𝑏 ⇒ 𝒃 = 𝟎


𝟑
Pelo ponto (2, 3) tem-se 3 = 𝑎. 2 + 𝑏. Mas como 𝑏 = 0, resulta 𝒂 = .
𝟐
3
Assim, 𝑦 = 2 𝑥

3
Para parametrizar 𝐶 façamos 𝑥 = 𝑡. Logo, 𝑦 = 2 𝑡. Como de (0, 0) para

(2, 3), 𝑥 varia de 0 a 2, e sendo 𝑥 = 𝑡, então tem-se 0 ≤ 𝑡 ≤ 2


3
Então, o caminho 𝐶 tem a parametrização 𝑧(𝑡) = 𝑡 + 𝑖 2 𝑡, 0 ≤ 𝑡 ≤ 2.

3
𝑧 ′ (𝑡) = 1 + 𝑖
2

3 2 5
𝑓(𝑧(𝑡)) = [𝑧(𝑡)]2 = (𝑡 + 𝑖 𝑡) = − 𝑡 2 + 𝑖3𝑡 2
2 4
5 3 23 9
𝑓(𝑧(𝑡)). 𝑧 ′ (𝑡) = (− 𝑡 2 + 𝑖3𝑡 2 ) (1 + 𝑖 ) = − 𝑡 2 + 𝑖 𝑡 2
4 2 4 8
2 2
23 2 9
∫ 𝑓(𝑧)𝑑𝑧 = ∫ 𝑧 2 𝑑𝑧 = ∫ 𝑓(𝑧(𝑡)). 𝑧 ′ (𝑡)𝑑𝑡 = ∫ [− 𝑡 + 𝑖 𝑡 2 ] 𝑑𝑡 =
4 8
𝐶 𝐶 0 0

2
23 3 3
= [− 𝑡 + 𝑖3𝑡 ]
12 0

46
=− + 3𝑖
3

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1
Exemplo 5.4.2. Calcular ∮𝑐 𝑓(𝑧) = 𝑧 sendo 𝑐 a circunferência |𝑧| = 1
percorrida no sentido positivo.

SOLUÇAO: 𝑐 tratando-se de uma


circunferência de raio 1, tem-se

𝑧(𝑡) = cos(𝑡) + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝑡)

E sendo percorrida no sentido positivo,


como mostra a figura, tem-se 𝑡 ∈ [0, 2𝜋]

Sabemos que cos(𝑡) + 𝑖𝑠𝑒𝑛(𝑡) = 𝑒 𝑖𝑡 .


Logo,

𝑧(𝑡) = 𝑒 𝑖𝑡 , 𝑡 ∈ [0, 2𝜋]

𝑧 ′ (𝑡) = 𝑖𝑒 𝑖𝑡

1 1
𝑓(𝑧(𝑡)) = = 𝑖𝑡 = 𝑒 −𝑖𝑡
𝑧(𝑡) 𝑒

𝑓(𝑧(𝑡)). 𝑧 ′ (𝑡) = 𝑒 −𝑖𝑡 𝑖𝑒 𝑖𝑡 = 𝑖

2𝜋 2𝜋
1
∫ 𝑓(𝑧)𝑑𝑧 = ∫ 𝑑𝑧 = ∫ 𝑓(𝑧(𝑡)). 𝑧 ′ (𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑖𝑑𝑡 = 2𝜋𝑖
𝑧
𝐶 𝐶 0 0

𝑑𝑧
Exemplo 5.4.2. Calcular ∮𝐶 sendo 𝑛 um número inteiro, 𝑧0 uma
(𝑧−𝑧0 )𝑛

constante e 𝐶 a circunferência com centro em 𝑧0 e raio 𝑟 (ou seja, C:


|𝑧 − 𝑧0 | = 𝑟).

SOLUÇAO: Representando a circunferência


𝐶 pela forma

𝑧(𝑡) = 𝑧0 + 𝑟𝑒 𝑖𝑡 , 0 ≤ 𝑡 ≤ 2𝜋

obtém-se
2𝜋 2𝜋 2𝜋
𝑑𝑧 𝑧 ′ (𝑡)𝑑𝑡 𝑖𝑟𝑒 𝑖𝑡 𝑒 −𝑖𝑛𝑡
∮ =∫ =∫ 𝑑𝑡 = 𝑖 ∫ 𝑒 𝑖(1−𝑛)𝑡 𝑑𝑡
(𝑧 − 𝑧0 )𝑛 𝑟𝑒 𝑖𝑛𝑡 𝑟
𝐶 0 0 0

Daqui fica que se for 𝑛 = 1, tem-se

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2𝜋
𝑑𝑧
∮ = 𝑖 ∫ 𝑑𝑡 = 2𝜋𝑖
𝑧 − 𝑧0
𝑐 0

Mas quando, porém, for 𝑛 ≠ 1, o valor do integral é

2𝜋 2𝜋
𝑑𝑧 𝑖(1−𝑛)𝑡
𝑒 𝑖(1−𝑛)𝑡 𝑒 2𝜋𝑖(1−𝑛) − 1
∮ = 𝑖∫ 𝑒 𝑑𝑡 = | | = =0
(𝑧 − 𝑧0 )𝑛 𝑖(1 − 𝑛) 0 𝑖(1 − 𝑛)
𝐶 0

Porque 𝑒 2𝜋𝑖(1−𝑛) − 1 = [cos(2𝜋(1 − 𝑛)) + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(2𝜋(1 − 𝑛))] − 1 =


1+0−1= 0

Portanto, conclui-se que

𝒅𝒛 𝟐𝝅𝒊 𝒔𝒆 𝒏 = 𝟏
∮ = {
(𝒛 − 𝒛𝟎 )𝒏 𝟎 𝒔𝒆 𝒏 ≠ 𝟏
𝑪

Domínios simplesmente conexo e multiplamente conexo

𝐷 ⊆ ℂ é simplesmente conexo se seus dois pontos quaisquer podem ser


ligados por um arco inteiramente contido nele

Um conjunto/domino 𝐷 ⊆ ℂ é multiplamente conexo se for simplesmente


conexo, mas possui buracos

Exemplo de um domínio Exemplo de um domínio


simplesmente conexo multiplamente conexo

As seguintes propriedades são de extrema importância para o cálculo


com funções complexas

Teorema integral de Cauchy-Goursat


Se 𝑓(𝑧) e analítica no interior e sobre um contorno fechado 𝐶, então

∮𝑪 𝒇(𝒛)𝒅𝒛 = 𝟎.

148
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Proposição 5.4.1: Se 𝑓(𝑧) é analítica no domínio no domino simplesmente


conexo 𝐷, 𝒂 e 𝒃 são dois pontos interiores a 𝐷, então o integral
𝑏

∫ 𝑓(𝑧)𝑑𝑧
𝑎

é independente do caminho que em 𝐷 liga esses dois pontos.

Proposição 5.4.2: Se 𝑓(𝑧) é analítica no domínio simplesmente conexo 𝐷,


𝒂 e 𝒃 são dois pontos de 𝐷 e 𝐹(𝑧) é uma primitiva contínua de 𝑓(𝑧) em
𝐷, então
𝒃

∫ 𝒇(𝒛)𝒅𝒛 = 𝑭(𝒃) − 𝑭(𝒂)


𝑪𝒂

qualquer que seja 𝐶 contido em 𝐷.

Exemplo 5.4.3: Calcular


1+𝑖

∫ 𝑧 2 𝑑𝑧
𝑖
SOLUÇÃO: Como 𝑧 2 é analítica em todo o plano complexo, o integral é
independente do caminho que lida 𝑖 a 1 + 𝑖, podendo, portanto, aplicar-
se a proposição 5.3.2.

𝑧3
Uma primitiva de 𝑓(𝑧) = 𝑧 2 é 𝐹(𝑧) = , e então, tem-se
3

1+𝑖 1+𝑖
2
𝑧3 (1 + 𝑖)3 − 𝑖 3 2
∫ 𝑧 𝑑𝑧 = [ ] = =− +𝑖
3 𝑖 3 3
𝑖

Exemplo 5.4.3: Calcular


𝑖

∫ 𝑒 𝜋𝑧 𝑑𝑧
0
SOLUÇÃO: Pela mesma razão do exemplo anterior, tem-se
𝑖 𝑖
𝑒 𝜋𝑖 − 1
𝜋𝑧
2
∫ 𝑒 𝑑𝑧 = [ ] =−
𝜋 0
𝜋
0

149
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

FÓRMULA INTEGRAL DE CAUCHY


Se 𝑓(𝑧) é analítica no interior em todos os pontos situados no interior e
sobre um contorno fechado 𝐶, e 𝑧0 é um ponto interior a 𝐶, então

𝟏 𝒇(𝒛)
𝒇(𝒛𝟎 ) = ∮ 𝒅𝒛
𝟐𝝅𝒊 𝒛 − 𝒛𝟎
𝑪

Exemplos de aplicação da formula integral de Cauchy

Exemplo 5.4.3. Calcule

𝑧𝑑𝑧

𝑧−2
|𝑧−1|=2

sendo o contorno percorrido no sentido anti-horario.

SOLUÇÃO: O contorno |𝑧 − 1| = 2 é uma circunferência com centro em


(0, 1) e raio 2. Portanto, o contorno 𝐶 é fechado.

Usando a fórmula integral de Cauchy, temos 𝑓(𝑧) = 𝑧 é analítica dentro


e na circunferência

O ponto 𝑧0 = 2 é interior à circunferência


|𝑧 − 1| = 2.
𝑓(𝑧0 ) = 𝑓(2) = 2

1 𝑓(𝑧) 𝑓(𝑧)
𝑓(𝑧0 ) = ∮ 𝑑𝑧 ⇔ ∮ 𝑑𝑧 = 2𝜋𝑖𝑓(𝑧0 )
2𝜋𝑖 𝑧 − 𝑧0 𝑧 − 𝑧0
𝐶 𝐶
Então,

𝑓(𝑧)
∮ 𝑑𝑧 = 2𝜋𝑖. 2 = 4𝜋𝑖
𝑧−2
𝐶

Exemplo 5.4.4. Calcule

𝑑𝑧

𝑧2−1
|𝑧|=2

150
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

SOLUÇÃO: O contorno |𝑧| = 2 é uma circunferência com centro em (0, 0)


e raio 2. Portanto, o contorno 𝐶 é fechado.

Reescrevendo o integral tem-se

𝑑𝑧 𝑑𝑧
∮ = ∮
𝑧2 −1 (𝑧 + 1)(𝑧 − 1)
|𝑧|=2 |𝑧|=2

Os dois pontos 𝑧1 = −1 e 𝑧2 = 1 são interiores a circunferência |𝑧| = 2.


Observemos que aqui temos 𝑓(𝑧) = 1.

Existem, neste caso, dois métodos para a resolução deste integral:

1o método: Método de integração por decomposição em fracções


parciais.

1 𝐴 𝐵
= +
(𝑧 + 1)(𝑧 − 1) 𝑧 + 1 𝑧 − 1

⇒ 1 = 𝐴(𝑧 − 1) + 𝐵(𝑧 + 1)
1
Para 𝑧 = 1 tem-se 1 = 2𝐵 ⇒ 𝐵 = 2

1
Para 𝑧 = −1 obtemos 1 = −2𝐴 ⇒ 𝐴 = − 2

Logo,

𝑑𝑧 𝑑𝑧 1 𝑑𝑧 1 𝑑𝑧
∮ = ∮ =− ∮ + ∮
𝑧2−1 (𝑧 + 1)(𝑧 − 1) 2 𝑧+1 2 𝑧−1
|𝑧|=2 |𝑧|=2 |𝑧|=2 |𝑧|=2

1 1
= − 2𝜋𝑖. 1 + 2𝜋𝑖. 1 = 0
2 2

2o método: considerando um ponto interior 𝑧0 fazendo parte de 𝑓(𝑧).


1 1
O integral fica decomposto em dois, com 𝑓1 (𝑧) = 𝑧+1 e 𝑓2 (𝑧) = 𝑧−1

1 1
𝑑𝑧 (𝑧 + 1) (𝑧 − 1 )
∮ = ∮ 𝑑𝑧 + ∮ 𝑑𝑧
(𝑧 + 1)(𝑧 − 1) 𝑧−1 𝑧+1
|𝑧|=2 |𝑧|=2 |𝑧|=2

= 2𝜋𝑖. 𝑓1 (1) + 2𝜋𝑖. 𝑓2 (−1)

1 1
= 2𝜋𝑖. + 2𝜋𝑖. (− ) = 0
2 2

151
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Singularidades de uma função complexa

Sejam 𝐷 ℂ um aberto conexo, 𝑓: 𝐷 → ℂ uma função complexa e 𝑧0 ∈


𝐷.

Definição 5.4.2: Dizemos que 𝑧0 é um ponto singular ou singularidade


de 𝑓(𝑧) se e somente se 𝑓(𝑧) não é analítica em 𝑧0 .

Definiçao 5.4.3: Diz-se que 𝑧0 é um ponto singular isolado ou


singularidade isolada se e somente se existe uma vizinhança de 𝑧0 tal
que 𝑧0 é único ponto singular de 𝑓(𝑧) que pertence a essa vizinhança.
Quer dizer: um ponto 𝑧0 ∈ 𝐷 diz-se ponto singular isolado ou
singularidade isolada duma função 𝑓(𝑧) se 𝑓(𝑧) é analítica numa
vizinhança reduzida de 𝑧0 , mas não em 𝑧0 , isto é, se é analítica num
domínio 0 < |𝑧 − 𝑧0 | < 𝑟.

Observação: Pontos singulares são extremamente importantes na Análise


Complexa, pois dizem muito do comportamento local da função complexa

SÉRIE DE LAURENT. RESÍDUOS


Tal como acontece com funções reais, toda a função analítica num disco
aberto pode ser aí representada univocamente por uma série de
potências (a sua série de Taylor). Todavia, a representação duma função
complexa através de uma série de potências é válida apenas em
domínios circulares e não pode, por isso, utilizar-se quando a função é
analítica num domínio que não seja desse tipo. É o que acontece, por
exemplo, se a função for analítica num domínio 𝐷 excepto num ponto
𝑧0 ∈ 𝐷. Nesse caso a função não admite um desenvolvimento em série de

Taylor relativamente ao ponto singular 𝑧0 e há, por isso, que procurar


outra forma de representação da função

152
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Teorema de Laurent:

Se 𝑓(𝑧) é analítica na coroa circular 𝑟1 < |𝑧 − 𝑧0 | < 𝑟2 , então em cada


ponto 𝑧 dessa coroa admite uma única representação em série
convergente de potências de expoentes positivos e negativos de (𝑧 − 𝑧0 )
∞ ∞ ∞
𝒏 −𝒏
𝒇(𝒛) = ∑ 𝒂𝒏 (𝒛 − 𝒛𝟎 ) = ∑ 𝒂−𝒏 (𝒛 − 𝒛𝟎 ) + ∑ 𝒂𝒏 (𝒛 − 𝒛𝟎 )𝒏
𝒏=−∞ 𝒏=𝟏 𝒏=𝟎

cujos coeficientes 𝑎𝑛 são dados por

1 𝑓(𝑤)
𝑎𝑛 = ∮ 𝑑𝑤 (𝑛 = 0, ±1, ±2, … )
2𝜋𝑖 (𝑤 − 𝑧0 )𝑛+1
𝛾

Sendo 𝛾 qualquer contorno fechado que envolve 𝑧0 e situado no interior


da coroa circular.

A série denomina-se série (ou representação) de Laurent da função 𝑓 e é


uniformemente convergente em 𝑟1 < 𝑘1 ≤ |𝑧 − 𝑧0 | ≤ 𝑘2 < 𝑟2.

Na figura ao lado, 𝑓 é analítica em todos os


pontos situados tanto sobre as
circunferências 𝐶1 e 𝐶2 como na coroa
circular 𝑟1 < |𝑧 − 𝑧0 | < 𝑟2 por elas limitada
e, portanto, o seu valor em qualquer ponto 𝑧
desta coroa é de acordo com a formula
integral de Cauchy.

Parte analítica e parte principal da série de Laurent


Parte analítica: 𝑓1 (𝑧) = ∑∞
𝑛=0 𝑎𝑛 (𝑧 − 𝑧0 )
𝑛

Parte principal: 𝑓2 (𝑧) = ∑∞


𝑛=1 𝑎−𝑛 (𝑧 − 𝑧0 )
−𝑛

Podemos apresentar a série de Laurent na seguinte forma:


+∞

𝒇(𝒛) = ∑ 𝒂𝒏 (𝒛 − 𝒛𝟎 )𝒏
𝒏=−∞
𝒂 𝒂 𝒂
= ⋯ + (𝒛−𝒛−𝟑 )𝟑 + (𝒛−𝒛−𝟐 )𝟐 + 𝒛−𝒛
−𝟏
+
𝟎 𝟎 𝟎

+𝒂𝟎 + 𝒂𝟏 (𝒛 − 𝒛𝟎 ) + 𝒂𝟐 (𝒛 − 𝒛𝟎 )𝟐 + 𝒂𝟑 (𝒛 − 𝒛𝟎 )𝟑 + ⋯

153
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

1
Exemplo 5.4.5. A função 𝑓(𝑧) = (𝑧−1)(𝑧−3) é analítica na coroa circular

1 < |𝑧| < 3 (𝑧0 = 0). Com efeito, como

1 1
1
= 2 − 1
(𝑧 − 1)(𝑧 − 3) 𝑧 − 3 𝑧 − 1
𝑧
para |𝑧| < 3 ⇔ |3| < 1 obtém-se

1 1 1 1 1
= 𝑧 =−
𝑧 − 3 3 ( − 1) 3 (1 − 𝑧 )
3 3
1 1
Observando que é a soma de uma progressão geométrica de
3 (1−𝑧)
3

𝑧 𝑧
razão 3 (com |3| < 1); e portanto, tem-se

∞ ∞
1 1 𝑧 𝑛 𝑧𝑛
= − ∑ ( ) = − ∑ 𝑛+1
𝑧−3 3 3 3
𝑛=0 𝑛=0

1
E para 1 < |𝑧| ⇔ |𝑧| < 1, obtém-se a seguinte progressão geométrica

∞ ∞ ∞ ∞
1 1 1 1 1 1 1
= = ∑ 𝑛 = ∑ 𝑛+1 = ∑ 𝑛 = ∑ 𝑧 −𝑛
𝑧−1 𝑧1−1 𝑧 𝑧 𝑧 𝑧
𝑛=0 𝑛=0 𝑛=1 𝑛=1
𝑧
O desenvolvimento em série de Laurent da função dada é pois
∞ ∞
1 1 1 1 1 1
𝑓(𝑧) = − ∑ 𝑧 −𝑛 − ∑ 𝑛+1 𝑧 𝑛 = ⋯ − 𝑧 −3 − 𝑧 −2 − 𝑧 −1 +
2 2 3 2 2 2
𝑛=1 𝑛=0

1 1 1 1
− 2.3 − 2.32 𝑧 − 2.33 𝑧 2 − 2.34 𝑧 3 − ⋯

Exemplo 5.4.6. Determine o desenvolvimento em série de Laurent a


1
função 𝑓(𝑧) = 𝑧(𝑧−1) na coroa 1 < |𝑧 − 2| < 2.

SOLUÇÃO: A função𝑓 é analítica na coroa, e os pontos 𝑧 = 0 e 𝑧 = 1


são pontos singulares de 𝑓 e estão sobre os contornos

154
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Decompondo 𝑓 em fracções parciais temos

1 𝐴 𝐵
= +
𝑧(𝑧 − 1) 𝑧 𝑧 − 1

De onde, vem 1 = 𝐴(𝑧 − 1) + 𝐵

Para 𝑧 = 0 resulta 1 = −𝐴 ⇔ 𝐴 = −1

Para 𝑧 = 1 resulta 𝐵 = 1
Logo,
1 1 1
=− +
𝑧(𝑧 − 1) 𝑧 𝑧−1
Estamos, pois, na região (coroa circular) 1 < |𝑧 − 2| < 2; ou seja
1
1 < |𝑧 − 2| ⇔ <1
|𝑧 − 2|
e
|𝑧 − 2|
|𝑧 − 2| < 2 ⇔ <1
2
Desenvolvendo a primeira fracção na região obtemos
∞ ∞
1 1 1 1 1 𝑧−2 𝑛 1
= = = ∑( ) = ∑ 𝑛+1 (𝑧 − 2)𝑛
𝑧 2 + 𝑧 − 2 21 + 𝑧 −2 2 2 2
𝑛=0 𝑛=0
2
1
Pois, 𝑧−2 é valor da soma da progressão geométrica de razão
1+
2

|𝑧−2|
< 1.
2

Agora, desenvolvendo a segunda fracção na região temos

1 1 1 1
= =
𝑧 − 1 𝑧 − 2 + 1 𝑧 − 21 + 1
𝑧−2
∞ ∞
1 1 𝑛 1
= ∑ ( ) =∑
𝑧−2 𝑧−2 (𝑧 − 2)𝑛
𝑛=0 𝑛=1

1
Logo, o desenvolvimento de 𝑓(𝑧) = 𝑧(𝑧−1) em serie de Laurent na coroa

1 < |𝑧 − 2| < 2 é

155
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

∞ ∞
1 1 1
𝑓(𝑧) = =∑ + ∑ (𝑧 − 2)𝑛
𝑧(𝑧 − 1) (𝑧 − 2)𝑛 2𝑛+1
𝑛=1 𝑛=0

1 1 1
= ⋯ + (𝑧−2)3 + (𝑧−2)2 + 𝑧−2 +

1 1 1
+ 2 + 22 (𝑧 − 2) + 23 (𝑧 − 2)2 + ⋯

Polo de ordem n e singularidade essencial

A forma da série de Laurent


𝑓(𝑧) = ∑ 𝑎𝑛 (𝑧 − 𝑧0 )𝑛
𝑛=−∞

conduz à classificação das singularidades isoladas em três tipos


fundamentais:

1o Tipo. Não há potências de expoente negativo de 𝑧 − 𝑧0 .

O desenvolvimento de Laurent reduz-se a uma serie de Taylor


𝑓(𝑧) = ∑ 𝑎𝑛 (𝑧 − 𝑧0 )𝑛
𝑛=0

A singularidade diz-se singularidade removível porque existe o


lim 𝑓(𝑧) = 𝑎0 .
𝑧→𝑧0

Exemplo.

𝑠𝑒𝑛(𝑧) 𝑧2 𝑧4 𝑧6
Em 𝑧 = 0 a função 𝑓(𝑧) = = 1− + − + ⋯ não está
𝑧 3! 5! 7!

definida, e portanto 𝑧 = 0 é uma singularidade isolada da função. Mas


como existe lim 𝑓(𝑧) = 1, a singularidade pode ser removida
𝑧→0

redefinindo a função pela forma

𝑠𝑒𝑛(𝑧)
𝑓(𝑧) = { 𝑧 𝑠𝑒 𝑧 ≠ 0
1 𝑠𝑒 𝑧 = 0

2o Tipo. Há um número finito de potências de 𝑧 − 𝑧0 de expoente


negativo de

O desenvolvimento de Laurent tem, portanto, a forma

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

𝑎−𝑛 𝑎−1
𝑓(𝑧) = 𝑛
+ ⋯+ + 𝑎0 + 𝑎1 (𝑧 − 𝑧0 ) + 𝑎2 (𝑧 − 𝑧0 )2 + ⋯
(𝑧 − 𝑧0 ) 𝑧 − 𝑧0

com 𝑛 ≥ 1 e 𝑎−𝑛 ≠ 0

Neste caso o ponto singular 𝑧0 denomina-se um polo de ordem n. Se n=1º


polo diz-se simples.

Um ponto singular 𝑧0 de uma função 𝑓(𝑧) é um polo se for

lim 𝑓(𝑧) = ∞.
𝑧→𝑧0

O polo é de ordem n se existe um inteiro positivo n tal que

lim (𝑧 − 𝑧0 )𝑛 𝑓(𝑧) = 𝐴 ≠ 0
𝑧→𝑧0

Por exemplo, a função

𝑧−2
𝑓(𝑧) =
(𝑧 + 1)(𝑧 − 1)2

tem um polo simples em 𝑧 = −1 e um polo de segunda ordem em 𝑧 = 1.

3o Tipo. Há uma infinidade de potências de expoente negativo de 𝑧 − 𝑧0

Neste caso lim 𝑓(𝑧) é indeterminado e 𝑧0 diz-se um ponto singular


𝑧→𝑧0

essencial ou singularidade essencial.


1
Por exemplo, a função 𝑓(𝑧) = 𝑒 𝑧 tem em 𝑧 = 0 uma singularidade
essencial visto que que a sua representação de Laurent relativa a esse
ponto é
1 1 1 1
𝑒𝑧 = 1 + + 2
+ ⋯+ +⋯
𝑧 2! 𝑧 𝑛! 𝑧 𝑛

RESÍDUOS

Se uma função é analítica num ponto 𝑧0 , então existe uma vizinhança de


𝑧0 na qual a função e analítica é, portanto, para qualquer circunferência
𝐶 com centro em 𝑧0 e situada no interior da vizinhança tem-se, de acordo
com o teorema de Cauchy-Goursat

157
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

∮ 𝑓(𝑧)𝑑𝑧 = 0
𝐶

Se, todavia, o ponto 𝑧0 for uma singularidade isolada da função, a


conclusão anterior não é válida e o integral pode ter um valor diferente
de zero. A esse valor, dividido por 2𝜋𝑖, chama-se então o resíduo de
𝑓(𝑧) no ponto 𝑧0 (finito) e representa-se por 𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 𝑧0 , isto é

𝟏
𝑹𝒆𝒔[𝒇(𝒛), 𝒛𝟎 ] = ∮ 𝒇(𝒛)𝒅𝒛
𝟐𝝅𝒊
𝑪

Nota: o resíduo no infinito é definido como −𝑎−1.

Proposição 5.4.3:
O resíduo duma função 𝑓(𝑧) num ponto singular isolado 𝑧0 é o
coeficiente 𝑎−1 do desenvolvimento de Laurent da função relativamente a
esse ponto.

Exemplo 5.4.7: Determinar o resíduo no ponto 𝑧 = 0 da função 𝑓(𝑧) =


1
𝑧(𝑧−1)

SOLUÇÃO: o Desenvolvimento de Laurent em 1 < |𝑧 − 2| < 2, feito no


exemplo anterior, é

1 1 1 1 1 1
= ⋯+ + + + + (𝑧 − 2)
𝑧(𝑧 − 1) (𝑧 − 2)3 (𝑧 − 2)2 𝑧 − 2 2 22
1
+ 3
(𝑧 − 2)2 + ⋯
2

Com 𝑎−1 = 1, como se pode ver na série. Logo 𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 𝑧 = 0] = 1

Cálculo do resíduo
Quando de antemão não se conhece o desenvolvimento de Laurent da
função, pode-se calcular o resíduo usando as seguintes regras:

158
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Regra 1. Se 𝑧0 e um polo de ordem n da função 𝑓(𝑧), então

𝟏 𝒅𝒏−𝟏
𝑹𝒆𝒔[𝒇(𝒛), 𝒛𝟎 ] = 𝐥𝐢𝐦 [(𝒛 − 𝒛𝟎 )𝒏 𝒇(𝒛)]
(𝒏 − 𝟏)! 𝒛→𝒛𝟎 𝒅𝒛𝒏−𝟏
𝑔(𝑧)
Regra 2. Se 𝑓(𝑧) = ℎ(𝑧) e 𝑔(𝑧) ≠ 0, ℎ(𝑧) = 0, ℎ′ (𝑧) ≠ 0, então a

função 𝑓 tem um polo simples em 𝑧0 e


𝒈(𝒛𝟎 )
𝑹𝒆𝒔[𝒇(𝒛), 𝒛𝟎 ] =
𝒉′(𝒛𝟎 )
𝑒𝑧
Exemplo 5.4.8: A função 𝑓(𝑧) = (𝑧−1)2 tem um polo da segunda ordem

no ponto 𝑧 = 1. Usamos a regra 1.

𝑑 2
𝑒𝑧 𝑑
𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 1] = 𝑎−1 = lim (𝑧 − 1) 2
= lim (𝑒 𝑧 ) = 𝑒
𝑧→1 𝑑𝑧 (𝑧 − 1) 𝑧→1 𝑑𝑧

Exemplo 5.4.8: Calcular o resíduo de 𝑓(𝑧) = 𝑐𝑜𝑡𝑔(𝑧) em 𝑧 = 0


cos (𝑧)
SOLUCÃO: Como 𝑐𝑜𝑡𝑔(𝑧) = , e 𝑠𝑒𝑛(0) = 0, aplicamos a regra 2.
𝑠𝑒𝑛(𝑧)

𝑐𝑜𝑠(0)
𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 0] = 𝑎−1 = =1
𝑐𝑜𝑠(0)

Teorema dos resíduos.


Se 𝑓(𝑧) é analítica sobre um contorno fechado 𝐶 e em todo o seu interior
excepto num numero finito de pontos singulares isolados 𝑧1 , 𝑧2 , … , 𝑧𝑘
interiores a 𝐶 nos quais os resíduos da função são, respectivamente,
𝑅1 , 𝑅2 , … , 𝑅𝑘 , então

∮ 𝒇(𝒛)𝒅𝒛 = 𝟐𝝅𝒊 ∑ 𝑹𝒋
𝑪 𝒋=𝟏

Exemplo de aplicação do teorema dos resíduos

Calcular

𝑒𝑧
∮ 𝑑𝑧
𝑧 2 (𝑧 − 1)
|𝑧|=2

159
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

SOLUCÃO: No interior da circunferência |𝑧| = 2 a função integranda tem


um polo simples em 𝑧 = 1 e um polo de segunda ordem em 𝑧 = 0. Os
resíduos da função nestes pontos são

𝑒𝑧
𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 1] = lim (z − 1) 2 =𝑒
𝑧→1 𝑧 (𝑧 − 1)

𝑑 2 𝑒𝑧 𝑒 𝑧 (𝑧 − 1) − 𝑒 𝑧
𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 0] = lim (𝑧 ) 2 = lim = −2
𝑧→0 𝑑𝑧 𝑧 (𝑧 − 1) 𝑧→0 (𝑧 − 1)2

Portanto, de acordo com o teorema dos resíduos, é

𝑒𝑧
∮ 2 𝑑𝑧 = 2𝜋𝑖(𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 1] + 𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 0]) = 2𝜋𝑖(𝑒 − 2)
𝑧 (𝑧 − 1)
|𝑧|=2

Sumário

Nesta Unidade temática 5.4. estudamos e discutimos fundamentalmente a


integraçao em ℂ. Vimos o calculo de integrais sobre um contorno, vimos a
formula integral de Cauchy e sua aplicaçao no calculo de integrais
curvilineos, vimos o desenvolvimento de uma funçao com singularidades
em serie de Laurent, e finalmente vimos o teorem dos residuos e sua
aplicaçao no calculo de integrais curvilineos fechados.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Calcule os seguintes integrais

a) ∫𝑐 (3𝑥𝑦 + 𝑖𝑦 2 )𝑑𝑧 ao longo do segmento que une os pontos


𝑧 = 𝑖 e 𝑧 = 2 − 𝑖.
1+𝑖
b) ∫0 (𝑧 + 1)𝑑𝑧 ao longo da parábola 𝑦 = 𝑥 2
𝑧
c) ∮𝐶 𝑑𝑧 sendo 𝐶 a circunferência |𝑧| = 2
𝑧 2 +1

2. Calcule utilizando a formula integral de Cauchy


𝑧+7
a) ∮𝐶 𝑑𝑧 sendo 𝐶 a circunferência |𝑧| = 4
(𝑧−1)(𝑧+3)

2𝑧+3
b) ∮𝐶 𝑑𝑧 sendo 𝐶 a circunferência |𝑧| = 3
𝑧 2 +3𝑧+2
2𝑧 2 −𝑧+1
c) ∮𝐶 𝑑𝑧 sendo 𝐶 a circunferência |𝑧| = 2
𝑧(𝑧−1)(𝑧+1)

𝑒𝑧
d) ∮|𝑧|=2 (𝑧−1)(𝑧+1)2 𝑑𝑧 sendo 𝐶 a circunferência |𝑧| = 2

160
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

3. Determine os desenvolvimentos em série de Laurent das seguintes


funções
1
a) 𝑓(𝑧) = (𝑧−1)(𝑧−4) em 1 < |𝑧| < 4
1
b) 𝑔(𝑧) = 𝑧 2−3𝑧+𝑧 em 1 < |𝑧| < 2
𝑒 2𝑧
c) ℎ(𝑧) = (𝑧−1)3 em 1 < |𝑧 − 1| < 2

4. Calcule utilizando o teorema dos resíduos


2𝑧
a) ∮|𝑧|=2 𝑧 2+1 𝑑𝑧
3𝑧−1
b) ∮|𝑧|=4 𝑧 2−2𝑧−3 𝑑𝑧
𝑒𝑧
c) ∮|𝑧|=5 (𝑧−1)(𝑧+3)2 𝑑𝑧

4 8
Respostas: 1a) 3 + 3 𝑖; 1b) 1 + 2𝑖; 1c) 2𝜋𝑖; 2a) 2𝜋𝑖; 2b) 4𝜋𝑖; 2c) 0;
𝜋𝑖(𝑒 2 −3) 1 𝑧𝑛 1 1
2d) ; 3a) − 3 ∑∞ ∞
𝑛=0 4𝑛+1 − 3 ∑𝑛=1 𝑧 𝑛
2𝑒
𝑧𝑛 1 𝑒2 2𝑒 2 2𝑒 2 4𝑒 2
3b) − ∑∞ ∞
𝑛=0 2𝑛+1 − ∑𝑛=1 𝑧 𝑛 ; 3c) (𝑧−1)3 + (𝑧−1)2 + 𝑧−1 + + ⋯;
3

𝜋𝑖(𝑒−5𝑒 −3 )
4a) 4𝜋𝑖; 4b) 6𝜋𝑖; 4c) 8

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Calcule os seguintes integrais

a) ∫𝑐 (𝑧 2 + 3𝑧)𝑑𝑧 ao longo da circunferencia |𝑧| = 2 desde o ponto


(2, 0) ate o ponto (0, 2)
𝑑𝑧
b) ∮𝐶 ao longo da circunferência |𝑧 − 2| = 4
𝑧−2

2. Calcule utilizando a formula integral de Cauchy


2𝑧 2 −2𝑧+1
a) ∮|𝑧|=2 𝑑𝑧
𝑧 2 (𝑧−1)2

𝑧𝑒 𝑖𝑧
b) ∮𝐶 𝑑𝑧 sendo 𝐶 a circunferência |𝑧| = 3
(𝑧−2)(𝑧+1)

3. Determine os desenvolvimentos em série de Laurent das seguintes


funções
1
a) ℎ(𝑧) = 𝑧(𝑧+2) em 1 < |𝑧| < 2

𝑧𝑒 𝑖𝑧
b) 𝑘(𝑧) = (𝑧−2)(𝑧+𝑖) 𝑑𝑧 em 1 < |𝑧| < 2

4. Calcule utilizando o teorema dos resíduos

161
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

𝑧3 𝑒𝑧
a) ∮|𝑧|=2 𝑧 4−1 𝑑𝑧 b) ∮|𝑧|=2 𝑧(𝑧−1)2 𝑑𝑧

162
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

TEMA –VI: TRANSFORMADA DE LAPLACE


UNIDADE Temática 6.1. TRANSFORMADA DE LAPLACE DIRECTA E
INVERSA
UNIDADE Temática 6.2. APLICAÇÕES DA TRANSFORMADA DE
LAPLACE.

UNIDADE Temática 6.1. TRANSFORMADA DE LAPLACE DIRECTA


E INVERSA

Introdução

A transformada de Laplace é uma ferramenta importante de resolução


de equações, em particular, as equações diferenciais ordinárias lineares
com coeficientes constantes que envolvem condições iniciais e de contorno.
O método consiste em transformar equações diferenciais em equações
algébricas que, em muitos casos, são mais simples de resolver. Aqui
iniciaremos pela definição e propriedades de Transformada de Laplace,
em seguida faremos estudo de transformada inversa e produto
convolução, e sua aplicação na resolução de equações integrais.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Calcular a transformada de Laplace de uma função

▪ Calcular a transformada inversa usando proriedades e tabela


Objectivos ▪ Aplicar o teorema da convolução para resolver equações integrais
específicos

Transformada de Laplace

Definição Básica: Uma transformada integral é da forma


𝑏

∫ 𝑘(𝑠, 𝑥)𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑎

onde, 𝑘(𝑠, 𝑥) é uma função chamada de núcleo da transformada. Os


limites de integração e o núcleo da transformada são dados. A
transformada de Laplace de uma função 𝑓(𝑥), denotada por ℒ{𝑓(𝑥)},
trata de um integral com 𝑓(𝑥) definida em 𝑥 > 0 e com o núcleo
𝑘(𝑠, 𝑥) = 𝑒 −𝑠𝑥 . Isto é,

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+∞ 𝑏
−𝑠𝑥
ℒ{𝑓(𝑥)} = ∫ 𝑒 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = lim ∫ 𝑒 −𝑠𝑥 𝑓(𝑥)𝑑𝑥
𝑏→∞
0 0

Quando o limite existir para apenas alguns valores da variável 𝑠,


diremos que o integral impróprio converge, e quando não existir, diremos
que o integral impróprio diverge.

Definição 6.1: (Transformada de Laplace). Dada uma função 𝑓(𝑥)


definida em [0, +∞[, definimos a sua transformada de Laplace, 𝐹(𝑠),
por
+∞

𝑭(𝒔) = 𝓛{𝒇(𝒙)} = ∫ 𝒆−𝒔𝒙 𝒇(𝒙)𝒅𝒙


𝟎

supondo que o integral convirja pelo menos para algum valor de 𝑠.

Vamos obter algumas transformadas de Laplace básicas:

Exemplo 6.1: Calcular ℒ{1}

SOLUÇÃO:
+∞ 𝑏
−𝑠𝑥 (1)𝑑𝑥
ℒ{1} = ∫ 𝑒 = lim ∫ 𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥
𝑏→∞
0 0

−𝑒 −𝑠𝑥 𝑏 −𝑒 −𝑠𝑏 + 1 1
= lim ] = lim = 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑠 > 0
𝑏→∞ 𝑠 0 𝑏→∞ 𝑠 𝑠

Por outas palavras, a transformada de Laplace de 𝑓(𝑥) = 1 existe


somente quando 𝑠 > 0, e tem-se

𝟏
𝓛{𝟏} =
𝒔

Exemplo 6.2. Calcular ℒ{𝑥}

SOLUÇÃO: Pela definição tem-se


+∞ 𝑏
−𝑠𝑥
ℒ{𝑥} = ∫ 𝑒 𝑥𝑑𝑥 = lim ∫ 𝑥𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥
𝑏→∞
0 0

Vamos resolver pela integração por partes.

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−𝑒 −𝑠𝑥
Seja 𝑢 = 𝑥 ⇒ 𝑑𝑢 = 𝑑𝑥 𝑒 𝑑𝑣 = 𝑒 −𝑠𝑥 ⇒ 𝑣 = . Então
𝑠

𝑏 𝑏
−𝑠𝑥
𝑒 −𝑠𝑥 𝑏 1
∫ 𝑥𝑒 𝑑𝑥 = −𝑥 ] + ∫ 𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥
𝑠 0 𝑠
0 0

Então,
+∞ +∞
−𝑠𝑥
𝑒 −𝑠𝑏 1
∫ 𝑥𝑒 𝑑𝑥 = lim (−𝑏 ) + ∫ 𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥
𝑏→∞ 𝑠 𝑠
0 0
−𝑠𝑏
𝑒 1
= lim (−𝑏 ) + ℒ{1}
𝑏→∞ 𝑠 𝑠

𝑒 −𝑠𝑏
O limite do produto −𝑏 é igual a zero, pois lim 𝑒 −𝑠𝑏 = 0 e 𝑏 é
𝑠 𝑏→∞

limitada. Então, tem-se


+∞
1 1 1
∫ 𝑥𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥 = . = 2
𝑠 𝑠 𝑠
0

Portanto

𝟏
𝓛{𝒙} =
𝒔𝟐

Exemplo 6.3: Para calcular a transformada de Laplace da função


𝑓(𝑥) = 𝑥 𝑛 usamos a ideia introduzida no exemplo 6.2, e escrevemo-la
em termos da transformada de 𝑥 𝑛−1 . Observe primeiro a transformada
de 𝑥 2 e 𝑥 3 .
∞ ∞ ∞
2} 2 −𝑠𝑥
𝑥 2 𝑒 −𝑠𝑥 𝑒 −𝑠𝑥
ℒ{𝑥 = ∫𝑥 𝑒 𝑑𝑥 = − | − ∫ (−2𝑥 ) 𝑑𝑥
𝑠 0
𝑠
0 0


2 2 2 1 2
= ∫ 𝑥𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥 = ℒ{𝑥} = . 2 = 3
𝑠 𝑠 𝑠 𝑠 𝑠
0

∞ ∞ ∞
𝑥 3 𝑒 −𝑠𝑥 𝑒 −𝑠𝑥
ℒ{𝑥 3 } = ∫ 𝑥 3 𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥 = − | − ∫ (−3𝑥 2 ) 𝑑𝑥
𝑠 0
𝑠
0 0

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3 3 3 2 3!
= ∫ 𝑥 2 𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥 = ℒ{𝑥 2 } = . 3 = 4
𝑠 𝑠 𝑠 𝑠 𝑠
0

Agora, intuindo podemos concluir, por indução, que

𝒏!
𝓛{𝒙𝒏 } =
𝒔𝒏+𝟏

Exemplo 6.4: A transformada de Laplace de 𝑓(𝑡) = 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡) pode ser


obtida integrando por parte duas vezes.

ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)} = ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑒 −𝑠𝑡 𝑑𝑡


0

∞ ∞
𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑒 −𝑠𝑡 1
=− | − ∫ (𝜔. 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡))(−𝑒 −𝑠𝑡 )𝑑𝑡
𝑠 0
𝑠
0


𝜔
= ∫ cos (𝜔𝑡)𝑒 −𝑠𝑡 𝑑𝑡
𝑠
0

∞ ∞
𝜔 cos (𝜔𝑡)𝑒 −𝑠𝑡 1
= (− | − ∫ (−𝜔. 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡))(−𝑒 −𝑠𝑡 𝑑𝑡)
𝑠 𝑠 0
𝑠
0


𝜔 1 𝜔
= ( − ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑒 −𝑠𝑡 𝑑𝑡)
𝑠 𝑠 𝑠
0

𝜔 𝜔2
= − ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)}
𝑠2 𝑠2

Obtemos uma equação para ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)}:

𝜔 𝜔2
ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)} = − ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)}
𝑠2 𝑠2
Resolvendo esta equação, obtemos

𝜔2 𝜔
ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)} (1 + 2
)= 2
𝑠 𝑠

Isto é
𝝎
𝓛{𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕)} = , 𝑠>0
𝒔𝟐 + 𝝎𝟐

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Exemplo 6.4: Agora vamos calcular a transformada de Laplace ℒ{𝑓(𝑥)}


de uma função 𝑓(𝑥) descontínua definida por partes

0, 𝑠𝑒 0 ≤ 𝑥 ≤ 4
𝑓(𝑥) = {
5, 𝑠𝑒 𝑥 > 4
∞ 4 ∞
−𝑠𝑥 −𝑠𝑥
ℒ{𝑓(𝑥)} = ∫ 𝑓(𝑥)𝑒 𝑑𝑥 = ∫ 𝑓(𝑥)𝑒 𝑑𝑥 + ∫ 𝑓(𝑥)𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥
0 0 4

∞ ∞
5𝑒 −𝑠𝑥 ∞ 5𝑒 −4𝑠
= ∫ 0. 𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥 + ∫ 5𝑒 −𝑠𝑥 𝑑𝑥 = − | =
𝑠 4 𝑠
0 0

Condições suficientes para existência da Transformada de Laplace de


uma função.

Nem sempre o integral irá convergir, logo, nem sempre existirá a


Transformada de Laplace de uma função. As seguintes condições
garantem a existência da transformada de Laplace:

• 𝑓(𝑥) é contínua por partes em qualquer intervalo limitado de


[0, +∞[; e

• 𝑓(𝑥) é de ordem exponencial para 𝑥 > 𝑇.

Definição 6.2: (Função continua por partes) Uma função é contínua por
partes ou seccionalmente contínua sobre um intervalo [𝑎, 𝑏] se pudermos
dividir [𝑎, 𝑏] num número finito de subintervalos em que 𝑓(𝑥) é continua
no interior de cada um desses subintervalos, e a função 𝑓(𝑥) tende a um
limite finito quando 𝑥 tende para as extremidades desses subintervalos.

Observação: 𝑓(𝑥) ser contínua, implica que é seccionalmente contínua.

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Exemplo de uma função seccionalmente continua

Definição 6.3: (função de ordem exponencial) Dizemos que uma função


𝑓(𝑥) é de ordem exponencial 𝑘 sobre [0, +∞[, se existem números
𝑀, 𝑇 > 0 e tais que
|𝑓(𝑥)| ≤ 𝑀𝑒 𝑘𝑥
para todo 𝑥 > 𝑇.
Exemplo: As funções 𝑓(𝑡) = 𝑡 2 , 𝑔(𝑡) = 5cos (𝑡), ℎ(𝑡) = 𝑒 −𝑡 são de
ordem exponencial, pois
|𝑡 2 | ≤ 𝑒 𝑡 , 𝑡>0
|5cos (𝑡)| ≤ 𝑒 𝑡 , 𝑡>2
|𝑒 −𝑡 | ≤ 𝑒 𝑡 , 𝑡>0

Teorema 6.1: (Condições Suficientes de Existência) Se 𝑓(𝑥) é uma


função seccionalmente contínua em [0, +∞[ e de ordem exponencial 𝑘,
então, a transformada de Laplace existe para todo 𝑠 > 𝑘

Propriedades da Transformada de Laplace


Proposição 6.1: (Linearidade) Se 𝑓 e 𝑔 são duas funções que possuem
transformadas de
Laplace, então
𝓛{𝒂𝒇(𝒙) + 𝒃𝒈(𝒙)} = 𝒂𝓛{𝒇(𝒙) + 𝒃𝓛{𝒈(𝒙)}
com 𝑎 e 𝑏 constantes.

Exemplo 6.5: Calcule a Transformada de Laplace de 𝑓(𝑥) = 𝑎 + 𝑏𝑥

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com 𝑎 e 𝑏 constantes.
SOLUÇÃO:
ℒ{𝑓(𝑥)} = ℒ{𝑎 + 𝑏𝑥}
= ℒ{𝑎} + ℒ{𝑏𝑥}
1 1
= 𝑎ℒ{1} + 𝑏ℒ{𝑥) = 𝑎 + 𝑏 2
𝑠 𝑠

Proposição 6.2. (Transformada das Derivadas) Se 𝑓(𝑥)


𝑓 ′ , 𝑓 ′′ , 𝑓 ′′′ , … , 𝑓 (𝑛−1) são contínuas em [0, +∞[ e de ordem exponencial,
e 𝑓 (𝑛) (𝑥) é seccionalmente contínua em [0, +∞[, então

𝓛{𝒇(𝒏) (𝒙)} = 𝒔𝒏 𝓛{𝒇(𝒙)} − 𝒔𝒏−𝟏 𝒇(𝟎) − 𝒔𝒏−𝟐 𝒇′(𝟎) − 𝒔𝒏−𝟑 𝒇′′ (𝟎) − ⋯
− 𝒇(𝒏−𝟏) (𝟎)

Nota: Segundo esta proposição:

Para 𝑛 = 1 tem-se

𝓛{𝒇′ (𝒙)} = 𝒔𝓛{𝒇(𝒙)} − 𝒇(𝟎)

Para 𝑛 = 2 tem-se

ℒ{𝑓 ′ ′(𝑥)} = 𝑠 2 ℒ{𝑓(𝑥)} − 𝑠𝑓(0) − 𝑓′(0)

Para 𝑛 = 2 tem-se

ℒ{𝑓 ′ ′′(𝑥)} = 𝑠 3 ℒ{𝑓(𝑥)} − 𝑠 2 𝑓(0) − 𝑠𝑓′(0) − 𝑓′′(0)

Exemplo 6.6: Calcular a transformada de Laplace de 𝑓(𝑥) = cos (𝑥)


utilizando a propriedade da proposição 6.2.

Observe as derivadas:

𝑓(𝑥) = cos(𝑥), 𝑓 ′ (𝑥) = −𝑠𝑒𝑛(𝑥), 𝑒 𝑓 ′′ (𝑥) = −cos (𝑥)

Logo,

𝑓 ′′ (𝑥) = −𝑓(𝑥)

Aplicando a transformada de Laplace nesta igualdade, tem-se


ℒ{𝑓 ′′ (𝑥)} = −ℒ{𝑓(𝑥)}

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E, aplicando a proposição 6.2 sobre o membro esquerdo, tem-se

𝑠 2 ℒ{𝑓(𝑥)} − 𝑠𝑓(0) − 𝑓 ′ (0) = −ℒ{𝑓(𝑥)}

Usando o facto que 𝑓(0) = cos(0) = 1 e 𝑓 ′ (0) = −𝑠𝑒𝑛(0) = 0,


obtemos

𝑠 2 ℒ{𝑓(𝑥)} − 𝑠 = −ℒ{𝑓(𝑥)}

Ou seja
𝑠
ℒ{𝑓(𝑥)} =
𝑠2 +1
Portanto,
𝒔
𝓛{𝒄𝒐𝒔(𝒙)} =
𝒔𝟐 +𝟏

Exemplo 6.7: Calcular a transformada de Laplace de 𝑔(𝑥) = 𝑥. cos (𝑥)


utilizando a propriedade da proposição 6.2.

Observe as derivadas
𝑔′ (𝑥) = cos(𝑥) − 𝑥. 𝑠𝑒𝑛(𝑥)
e

𝑔′ (𝑥) = −sen(x) − 𝑠𝑒𝑛(𝑥) − 𝑥𝑐𝑜𝑠(𝑥)
Ou seja

𝑔′ (𝑥) = −2𝑠𝑒𝑛(𝑥) − 𝑔(𝑥)
Aplicamos a transformada de Laplace e usamos a propriedade da
proposição 6.2:
𝑠 2 ℒ{𝑔(𝑥)} − 𝑠𝑔(0) − 𝑔′ (0) = −2ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝑥)} − ℒ{𝑔(𝑥)}
Usando o facto que 𝑔(0) = 0. cos(0) = 0, 𝑔′ (0) = cos(0) −
0. 𝑠𝑒𝑛(0) = 1 e
1
ℒ{𝑠𝑒𝑛(𝑥)} = 𝑠2 +1 (obtido no exemplo 6.4, com 𝜔 = 1), obtemos
2
𝑠 2 ℒ{𝑔(𝑥)} − 1 = − − ℒ{𝑔(𝑥)}
𝑠2 + 1
ou seja
𝑠2 − 1
ℒ{𝑔(𝑥)} = 2
(𝑠 + 1)2
Portanto,

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𝑠2 − 1
ℒ{𝑥𝑐𝑜𝑠(𝑥)} =
(𝑠 2 + 1)2

Tabela das principais Transformadas de Laplace

Tabela 6.1

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Transformada inversa e convolução


Transformada inversa de Laplace
Se 𝐹(𝑠) = ℒ{𝑓(𝑥)} é a transformada de Laplace de 𝑓(𝑥), então
dizemos que
𝓛−𝟏 {𝑭(𝒔)} = 𝒇(𝒙)
é a transformada inversa de Laplace

Por exemplo, calculamos anteriormente a transformada de 𝑓(𝑥) = 𝑥, ou


1
seja, ℒ{𝑥} = 𝑠2 , se 𝑥 > 0. Então, pela transformada inversa de Laplace
1
temos ℒ −1 {𝑠2 } = 𝑥.

Proposição 6.3 (linearidade da transformada inversa).


A transformada inversa de Laplace é uma transformação linear, isto é
𝓛−𝟏 {𝒂𝑭(𝒔) + 𝒃𝑮(𝒔)} = 𝒂𝒇(𝒙) + 𝒃𝒈(𝒙)
sendo 𝑎 e 𝑏 constantes.

3 5
Exemplo 6.8. Calcular ℒ −1 {𝑠 − 𝑠2 }.
SOLUÇÃO: Da proposição 6.3 segue que
3 5 1 1
ℒ −1 { − 2 } = 3. ℒ −1 { } − 5. ℒ −1 { 2 }
𝑠 𝑠 𝑠 𝑠
= 3.1 − 5. 𝑥 = 3 − 5𝑥

Para encontrar a transformada inversa de Laplace vamos usar a tabela


6.1.
1
Exemplo 6.9. Calcule ℒ −1 {𝑠2 +49}.

SOLUÇÃO: Utilizamos a linha (e) da tabela 6.1, com 𝑘 = 0, e linearidade


para resolvermos. Verificamos que 𝜔2 = 49 = 72 . Para termos 7 no
numerador, e sem alterar o valor, multiplicamos por 7 e dividimos por 7;
e temos

1 1 7 1
ℒ −1 { } = ℒ −1 { 2 } = 𝑠𝑒𝑛(7𝑥)
𝑠2 + 49 7 𝑠 +7 2 7

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1
Exemplo 6.10. Calcule ℒ −1 {𝑠30 }

SOLUÇÃO: Temos 𝑛 = 30. Utilizamos a linha (l) da tabela 6.1, com 𝑘 =


0, e obtemos

−1
1 𝑥 30−1 𝑒 0.𝑥 𝑥 29
ℒ { 30 } = =
𝑠 (30 − 1)! 29!

Exemplo 6.11. Calcular a transformada inversa de Laplace da função


2 4 1
𝐹(𝑠) = 𝑠 + 𝑠2 − 𝑠−1.

SOLUÇÃO: Usamos a propriedade de linearidade e as linhas (a), (b) e


(d) respectivamente da tabela 6.1:

2 4 1 1 1 1
ℒ −1 { + 2 − } = 2ℒ −1 { } + 4ℒ −1 { 2 } − ℒ −1 { }
𝑠 𝑠 𝑠−1 𝑠 𝑠 𝑠−1

= 2 + 4𝑥 − 𝑒 𝑥

Produto Convolução

Definição 6.4: Dadas duas funções seccionalmente contínuas em [0, +∞[,


a convolução de 𝑓 e 𝑔 denotada por 𝑓 ∗ 𝑔 é definida pelo integral
𝒙

(𝒇 ∗ 𝒈)(𝒙) = ∫ 𝒇(𝝉)𝒈(𝒙 − 𝝉)𝒅𝝉


𝟎

Exemplo 6.12. Dadas 𝑓(𝑥) = 𝑒 𝑥 e 𝑔(𝑥) = sen (𝑥). Vamos calcular 𝑓 ∗


𝑔:
𝑥

(𝑓 ∗ 𝑔)(𝑥) = 𝑒 𝑥 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝑥) = ∫ 𝑒 𝜏 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑑𝜏


0

Vamos usar a integração por partes:


Fazendo 𝑢 = 𝑒 𝜏 ⇒ 𝑑𝑢 = 𝑒 𝜏 𝑑𝜏 e 𝑑𝑣 = 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑑𝜏 ⇒ 𝑣 = cos (𝑥 −
𝜏)
Então, tem-se

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𝑥 𝑥

∫ 𝑒 𝜏 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑑𝜏 = 𝑒 𝜏 cos (𝑥 − 𝜏)|0𝑥 − ∫ cos (𝑥 − 𝜏)𝑒 𝜏 𝑑𝜏


0 0
𝑥

= 𝑒 − cos(𝑥) − ∫ cos(𝑥 − 𝜏) 𝑒 𝜏 𝑑𝜏
𝑥
(𝟏)
0

Apliquemos mais uma vez integração por partes, porém, agora para o
segundo integral:
Fazendo 𝑢 = 𝑒 𝜏 ⇒ 𝑑𝑢 = 𝑒 𝜏 𝑑𝜏 e 𝑑𝑣 = cos(𝑥 − 𝜏) 𝑑𝜏 ⇒ 𝑣 =
−𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏). Logo,
𝑥 𝑥

∫ cos(𝑥 − 𝜏) 𝑒 𝜏 𝑑𝜏 = −𝑒 𝜏 𝑠𝑒𝑛 (𝑥 − 𝜏)|0𝑥 + ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑒 𝜏 𝑑𝜏


0 0
𝑥

= 𝑠𝑒𝑛(𝑥) + ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑒 𝜏 𝑑𝜏 (𝟐)


0

Substituindo (2) em (1), obtemos


𝑥 𝑥

∫ 𝑒 𝜏 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑑𝜏 = 𝑒 𝑥 − cos(𝑥) − 𝑠𝑒𝑛(𝑥) − ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑒 𝜏 𝑑𝜏


0 0

O que resulta em
𝑥

2. ∫ 𝑒 𝜏 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑑𝜏 = 𝑒 𝑥 − cos(𝑥) − 𝑠𝑒𝑛(𝑥)


0

ou seja
𝑥
1
∫ 𝑒 𝜏 𝑠𝑒𝑛(𝑥 − 𝜏)𝑑𝜏 = [𝑒 𝑥 − cos(𝑥) − 𝑠𝑒𝑛(𝑥)]
2
0

Portanto,
1 𝑥
𝑒 𝑥 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝑥) = [𝑒 − cos(𝑥) − 𝑠𝑒𝑛(𝑥)]
2

Exemplo 6.13. Dadas 𝑓(𝑥) = 𝑒 𝑥 e 𝑔(𝑥) = cos (x). Vamos calcular 𝑓 ∗


𝑔:

Usando duas vezes a integração por partes, como no exemplo anterior,


obtemos
𝑥

(𝑓 ∗ 𝑔)(𝑥) = 𝑒 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝑥) = ∫ 𝑒 𝜏 𝑐𝑜𝑠(𝑥 − 𝜏)𝑑𝜏


𝑥

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1
= [𝑒 𝑥 − cos(𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(𝑥)]
2
Portanto,
1
𝑒 𝑥 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝑥) = [𝑒 𝑥 − cos(𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(𝑥)]
2

Proposição 6.3. (Teorema da convolução) Se 𝐹(𝑠) = ℒ{𝑓(𝑥)} e 𝐺(𝑠) =


ℒ{𝑔(𝑥)}, então
𝓛{(𝒇 ∗ 𝒈)(𝒙)} = 𝑭(𝒔)𝑮(𝒔)
ou
𝓛−𝟏 {𝑭(𝒔)𝑮(𝒔)} = (𝒇 ∗ 𝒈)(𝒙)

𝑠
Exemplo 6.14. Calcular ℒ −1 {(𝑠−1)(𝑠2 +1)}.

SOLUÇÃO: A expressão pode ser escrita como um produto de duas


funções tabelas:

𝑠 1 𝑠
2
= . 2
(𝑠 − 1)(𝑠 + 1) 𝑠 − 1 𝑠 + 1
1 𝑠
onde ℒ −1 {𝑠−1} = 𝑒 𝑥 = 𝑓(𝑥) e ℒ −1 {𝑠2 +1} = cos(𝑥) = 𝑔(𝑥). Usando o
Teorema da convolução, temos
𝑥
𝑠
ℒ −1 { } = (𝑓 ∗ 𝑔)(𝑥) = ∫ 𝑒 𝜏 cos(𝑥 − 𝜏) 𝑑𝜏
(𝑠 − 1)(𝑠 2 + 1)
0

Esta convolução foi calculada no exemplo 6.13, logo

𝑠 1 𝑥
ℒ −1 { } = [𝑒 − cos(𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(𝑥)]
(𝑠 − 1)(𝑠 2 + 1) 2

Resolução de equações integrais usando o Teorema da convolução


Exemplo 6.15: Vamos resolver a seguinte equação integral
𝑡

𝑦(𝑡) = 4 + 9 ∫ 𝑦(𝜏)(𝑡 − 𝜏)𝑑𝜏


0

𝑡
Segundo a definição da convolução, o integral ∫0 𝑦(𝜏)(𝑡 − 𝜏)𝑑𝜏 =

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𝑓(𝑡) ∗ 𝑔(𝑡) = 𝑦(𝑡) ∗ 𝑡. Portanto, nesta equação temos

𝑓(𝑡) = 𝑦(𝑡) 𝑒 𝑔(𝑡) = 𝑡

Aplicando a transformada de Laplace na equação integral, tem-se


𝑡

ℒ{𝑦(𝑡)} = ℒ{4} + ℒ {9 ∫ 𝑦(𝜏)(𝑡 − 𝜏)𝑑𝜏}


0

Pela propriedade de linearidade tem-se


𝑡

ℒ{𝑦(𝑡)} = ℒ{4} + 9ℒ {∫ 𝑦(𝜏)(𝑡 − 𝜏)𝑑𝜏}


0

𝑡
Sendo que ∫0 𝑦(𝜏)(𝑡 − 𝜏)𝑑𝜏 = 𝑦(𝑡) ∗ 𝑡, segundo o teorema da
convolução tem-se

ℒ{𝑦(𝑡)} = ℒ{4} + 9ℒ{𝑦(𝑡)}ℒ{𝑡}

Ou seja

𝑌(𝑠) = ℒ{4} + 9𝑌(𝑠). ℒ{𝑡}


4
Pela tabela 6.1, na linha (a) obtemos ℒ{4} = 𝑠 , e na linha (b), obtemos
1
ℒ{𝑡} = 𝑠2 . Substituindo temos

4 1
𝑌(𝑠) = + 9𝑌(𝑠) 2
𝑠 𝑠

Isolando 𝑌(𝑠) tem-se

𝑠2 4 4𝑠
𝑌(𝑠) = 2 . = 2
𝑠 −9 𝑠 𝑠 −9
4𝑠
Da tabela 6.1, linha (h) obtemos ℒ −1 {𝑌(𝑠)} = ℒ −1 {𝑠2 −9} = cosh (3𝑡)

Portanto,

𝑦(𝑡) = 4cosh (3𝑡)

Exemplo 6.16: Use o teorema da convolução para resolver a seguinte


equação integral

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𝑦(𝑡) = 𝑡𝑒 − 2𝑒 ∫ 𝑒 −𝜏 𝑦(𝜏)𝑑𝜏
𝑡 𝑡

SOLUÇÃO: Introduzindo 𝑒 𝑡 no integral, temos


𝑡

𝑦(𝑡) = 𝑡𝑒 𝑡 − 2 ∫ 𝑒 𝑡−𝜏 𝑦(𝜏)𝑑𝜏


0

Assim, 𝑓(𝑡) = 𝑦(𝑡) e 𝑔(𝑡) = 𝑒 𝑡

Aplicando a transformada de Laplace, tem-se


𝑡

ℒ{𝑦(𝑡)} = ℒ{𝑡𝑒 𝑡 } − 2ℒ {∫ 𝑒 𝑡−𝜏 𝑦(𝜏)𝑑𝜏}


0

Pelo teorema da convolução tem-se

ℒ{𝑦(𝑡)} = ℒ{𝑡𝑒 𝑡 } − 2ℒ{𝑒 𝑡 }ℒ{𝑦(𝑡)}

Ou seja

𝑌(𝑠) = ℒ{𝑡𝑒 𝑡 } − 2ℒ{𝑒 𝑡 }𝑌(𝑠)


1 1
Da tabela 6.1 obtemos ℒ{𝑡𝑒 𝑡 } = (𝑠−1)2 (linha (k)), e ℒ{𝑒 𝑡 } = 𝑠−1 (linha

(d)). Substituindo tem-se

1 1
𝑌(𝑠) = 2
−2 𝑌(𝑠)
(𝑠 − 1) 𝑠−1

Isolando 𝑌(𝑠), temos

𝑠−1 1 1 1
𝑌(𝑠) = . 2
= = 2
𝑠 + 1 (𝑠 − 1) (𝑠 + 1)(𝑠 − 1) 𝑠 − 1
1
Logo, da tabela 6.1, linha , otemos ℒ −1 {Y(s)}=ℒ −1 {𝑠2 −1} = 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑡)

Portanto,

𝑦(𝑡) = 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑡)

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Sumário

Nesta Unidade temática 6.1 estudamos e discutimos fundamentalmente o


cálculo da transformada de Laplace e da sua transformada inversa

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Usando a definição calcule a transformada de Laplace das
seguintes funções

a) 𝑓(𝑥) = 3𝑥

b) 𝑓(𝑥) = 2𝑥

0, 0 ≤ 𝑥 < 2
c) 𝑓(𝑥) = {2, 2 ≤ 𝑥 ≤ 3
0, 𝑥>3

d) 𝑓(𝑥) = cos (𝜔𝑥)

2. Use a propriedade de linearidade para calcular a transformada


de Laplace de cada uma das seguintes funções

a) 𝑓(𝑥) = −8𝑥 + 2𝑠𝑒𝑛(5𝑥)

b) 𝑓(𝑥) = (2𝑥 − 3)3

3. Use a propriedade de linearidade para calcular a transformada


inversa de Laplace de

2𝑠 − 8
𝐹(𝑠) =
𝑠2 + 4
4. Use a tabela 6.1 para achar a transformada inversa de Laplace
das seguintes funções
1
a) 𝐹(𝑠) = 𝑠2 +4

𝑠
b) 𝐹(𝑠) = 𝑠2 −4

𝑠 1
c) 𝐹(𝑠) = 𝑠2 +2𝑠+1 − 𝑠2 +2𝑠+1

5. Encontre, por integração

a) 1 ∗ 1 b) 1 ∗ cos (3𝑥) c) 𝑥 ∗ 𝑒 𝑥

178
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6. Use o teorema da convolução para calcular

1
ℒ −1 {
(𝑠 + 1)(𝑠 2 + 1)

7. Use o teorema da convolução para resolver os seguintes integrais


𝑡
a) 𝑦(𝑡) = 𝑡 + ∫0 𝑦(𝜏)𝑠𝑒𝑛(𝑡 − 𝜏)𝑑𝜏

𝑡
b) 𝑦(𝑡) = 1 − ∫0 𝑦(𝜏)(𝑡 − 𝜏)𝑑𝜏

Respostas
3 1 2
1a) 𝐹(𝑠) = 𝑠2 ; 1b) 𝐹(𝑠) = 𝑠−𝑙𝑛2; 1c) 𝐹(𝑠) = 𝑠 𝑒 −2𝑠 (1 − 𝑒 −𝑠 );
𝑠
1d) 𝐹(𝑠) =
𝑠2 +𝜔2
8 10 48 27 54 27
2a) 𝐹(𝑠) = − 𝑠2 + 𝑠2 +25; 2b) 𝑠4 − 𝑠3 + 𝑠2 − ;
𝑠

3. 𝑓(𝑥) = 2 cos(2𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(2𝑥);


1 1
4a) 𝑓(𝑥) = 2 𝑠𝑒𝑛(2𝑥); 4b) 𝑓(𝑥) = 2 𝑠𝑒𝑛ℎ(2𝑥); 4c) 𝑓(𝑥) = 𝑒 −𝑥
1 1
5a) 𝑥; 5b) 3 𝑠𝑒𝑛(3𝑥); 5c) 𝑒 𝑥 − 𝑥 − 1; 6. 2 (𝑠𝑒𝑛(𝑥) − cos(𝑥) + 𝑒 −𝑥 ) ;
1
7a) 𝑦(𝑡) = 2 (𝑠𝑒𝑛(𝑡) − cos(𝑡) + 𝑒 −𝑡 ); 7b) 𝑦(𝑡) = cos (𝑡)

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Use a definição para calcular as transformadas das seguintes
funções

a) 𝑓(𝑥) = 𝑥𝑒 2𝑥
0, 0≤𝑥<3
b) 𝑓(𝑥) = {1, 3≤𝑥≤5
0, 𝑥>5

2. Use a propriedade de linearidade para calcular a transformada


de Laplace de

𝑓(𝑥) = −3𝑥 2 (𝑥 − 2)

3. Use a linearidade e calcule a transformada inversa de Laplace de

1 1
𝐹(𝑠) = 2𝑠 ( + )
𝑠2 2
− 4 𝑠(𝑠 − 4)

179
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4. Use a tabela para achar a transformada inversa de:


𝑠
a) 𝐹(𝑠) = 𝑠2 −9

1
b) 𝐹(𝑠) = (𝑠2 +2𝑠+1)(𝑠+1)

5. Encontre, por integração

𝑒 2𝑥 ∗ 𝑒 −2𝑥

6. Use o teorema da convolução para resolver a seguinte equação


integral
𝑡

𝑦(𝑡) = 1 + ∫ 𝑦(𝜏)𝑑𝜏
0

Referência bibliográica
Amaral, L. L. (2016), Um estudo de transformadas de Laplace
aplicados à equações diferenciais, UFA
Luiz, N. R. (2014), Séries-transformadas. Notas de aulas,
utpr.edu.brrudiarnos, UTPR

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UNIDADE Temática 6.2. APLICAÇÕES DA TRANSFORMADA DE


LAPLACE

Introdução

Nesta unidade temática iremoa aplicar a transformada de Lalace na


resolução de equações diferenciais e de problemas de circuitos eléctricos.
O método consiste em transformar equações diferenciais em equações
algébricas que, em muitos casos, são mais simples de resolver.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Resolver um equação diferencial aplicando a transformação de Laplace

▪ Resolver problemas de circuitos eléctricos usando a transformada de


Objectivos Laplace
específicos

Aplicação da transformada de Laplace na resolução de Equações Diferenciais


Ordinárias
A propriedade da transformada da derivada (proposição 6.2),
juntamente com a propriedade da linearidade (proposição 6.3), são
importantes para resolver problemas de valor inicial. A ideia é aplicar a
transformada de Laplace à equação diferencial e, usando as condições
iniciais escrever uma equação algébrica para transformada de Laplace
da solução, que é chamada equação subsidiária. Em seguida, resolvemos
a equação algébrica e calculamos a transformada inversa para obter a
solução do problema.

Por exemplo, considere o seguinte problema de valor inicial de segunda


ordem

𝑦 ′′ (𝑥) + 𝑎𝑦 ′ (𝑥) + 𝑏𝑦(𝑥) = 𝑓(𝑥)


{ 𝑦(0) = 𝑦0
𝑦 ′ (0) = 𝑦0′

com 𝑎, 𝑏, 𝑦0 e 𝑦0′ constantes.

1O Aplicando a transformada de Laplace sobre a equação e a


propriedade de linearidade, tem-se

181
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ℒ{𝑦 ′′ (𝑥)} + 𝑎ℒ{𝑦 ′ (𝑥)} + 𝑏ℒ{𝑦(𝑥)} = ℒ{𝑓(𝑥)}

2O Usando a propriedade da transformada da derivada sobre


ℒ{𝑦 ′′ (𝑥)} e {𝑦 ′ (𝑥)}, obtemos a equação subsidiária

𝑠 2 ℒ{𝑦(𝑥)} − 𝑠𝑦(0) − 𝑦 ′ (0) + 𝑎. 𝑠ℒ{𝑦(𝑥)} − 𝑎𝑦(0) + 𝑏ℒ{𝑦(𝑥)}


= ℒ{𝑓(𝑥)}

ou seja,

(𝑠 2 + 𝑎𝑠 + 𝑏)ℒ{𝑦(𝑥)} = ℒ{𝑓(𝑥)} + 𝑠𝑦(0) + 𝑦 ′ (0) + 𝑎𝑦(0)

Isolando ℒ{𝑦(𝑥)} e substituindo 𝑦(0) e 𝑦′(0) pelos seus respectivos


valores 𝑦0 e 𝑦0′ , obtemos

ℒ{𝑓(𝑥)} + 𝑠𝑦𝑜 + 𝑦0′ + 𝑎𝑦0


ℒ{𝑦(𝑥)} =
𝑠 2 + 𝑎𝑠 + 𝑏

Fazendo ℒ{𝑦(𝑥)} = 𝑌(𝑠) e ℒ{𝑓(𝑥)} = 𝐹(𝑠), esta expressão é

𝐹(𝑠) + 𝑠𝑦𝑜 + 𝑦0′ + 𝑎𝑦0


𝑌(𝑠) =
𝑠 2 + 𝑎𝑠 + 𝑏

A solução do problema de valor inicial é 𝑦(𝑥) = ℒ −1 {𝑌(𝑠)}.

Exemplo 6.15: Resolve o seguinte problema de valor inicial de segunda


ordem

𝑦 ′′ (𝑥) + 𝑦(𝑥) = 2𝑥
{ 𝑦(0) = 2
𝑦 ′ (0) = 1

SOLUÇÃO:

1o Aplicando a transformada de Laplace sobre a equação e a


propriedade de linearidade

ℒ{𝑦 ′′ (𝑥)} + ℒ{𝑦(𝑥)} = 2ℒ{𝑥}

2o Usando a propriedade da transformada da derivada sobre ℒ{𝑦 ′′ (𝑥)}

𝑠 2 ℒ{𝑦(𝑥)} − 𝑠𝑦(0) − 𝑦 ′ (0) + ℒ{𝑦(𝑥) = 2ℒ{𝑥}


1
Agora, usando a notação ℒ{𝑦(𝑥)} = 𝑌(𝑠) e o facto que ℒ{𝑥} = 𝑠2 , a
expressão fica

182
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2
𝑠 2 𝑌(𝑠) − 𝑠𝑦(0) − 𝑦 ′ (0) + 𝑌(𝑠) =
𝑠2

Substituindo os valores de 𝑦(0) e 𝑦′(0) obtemos a equação subsidiária

2
𝑠 2 𝑌(𝑠) − 2𝑠 − 1 + 𝑌(𝑠) =
𝑠2
ou seja

2
(𝑠 2 + 1)𝑌(𝑠) = + 2𝑠 + 1
𝑠2
o que conduz a

2 2𝑠 1
𝑌(𝑠) = + + 2
𝑠 2 (𝑠 2 + 1) 𝑠2+1 𝑠 +1

A solução do problema de valor inicial dado pode ser escrita como

2 2𝑠 1
𝑦(𝑥) = ℒ −1 { } + ℒ −1 { } + ℒ −1 { 2 }
𝑠 2 (𝑠 2 + 1) 𝑠2 +1 𝑠 +1
Pela propriedade de linearidade, tem-se
1 𝑠 1
𝑦(𝑥) = 2ℒ −1 { } + 2ℒ −1 { 2 } + ℒ −1 { 2 }
𝑠 2 (𝑠 2 + 1) 𝑠 +1 𝑠 +1
Na tabela 6.1 encontramos
𝑠
ℒ −1 {𝑠2 +1} = cos (𝑥), linha (f), com 𝜔 = 1 e 𝑘 = 0
1
ℒ −1 {𝑠2 +1} = 𝑠𝑒𝑛(𝑥), linha (e), com 𝜔 = 1 e 𝑘 = 0
1
Para ℒ −1 {𝑠2 (𝑠2 +1)} precisamos decompor a fracção em fracções parciais
1 𝐴 𝐵
= 𝑠2 + 𝑠2 +1 ⇒ 1 = 𝐴𝑠 2 + 𝐴 + 𝐵𝑠 2 que conduz à 𝐴 = 1 e 𝐵 =
𝑠2 (𝑠2 +1)
−1
Logo,
1 1 −1
= + 2
𝑠 2 (𝑠 2 + 1) 𝑠 2 𝑠 +1
Então,
1 1 1
ℒ −1 { } = ℒ −1
{ } − ℒ −1
{ }
𝑠 2 (𝑠 2 + 1) 𝑠2 𝑠2 + 1
Da tabela temos
1 1
ℒ −1 {𝑠2 } = 𝑥 (ou, do exemplo 6.2), e já sabemos que ℒ −1 {𝑠2 +1} =
sen (𝑥).

183
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Logo,
1
ℒ −1 { } = 𝑥 − 𝑠𝑒𝑛(𝑥)
𝑠 2 (𝑠 2 + 1)
A solução do problema de valor inicial é, portanto

𝑦(𝑥) = 2𝑥 − 2𝑠𝑒𝑛(𝑥) + 2 cos(𝑥) + 𝑠𝑒𝑛(𝑥)

Ou seja

𝑦(𝑥) = 2𝑥 − 𝑠𝑒𝑛(𝑥) + 2cos (𝑥)

Exemplo 6.16: Resolve o seguinte problema de valor inicial de primeira


ordem

𝑥 ′ − 3𝑥 = 𝑒 2𝑡
{
𝑥(0) = 1

SOLUÇÃO:

1o Aplicando a transformada de Laplace sobre a equação e a


propriedade de linearidade

ℒ{𝑥 ′ (𝑡)} − 3ℒ{𝑥(𝑡)} = ℒ{𝑒 2𝑡 }

2o Usando a propriedade da transformada da derivada sobre ℒ{𝑥′(𝑡)},


obtemos

𝑠ℒ{𝑥(𝑡)} − 𝑥(0) − 3ℒ{𝑥(𝑡)} = ℒ{𝑒 2𝑡 }


1
Sendo ℒ{𝑥(𝑡)} = 𝑋(𝑠) e o facto que 𝑥(0) = 1 e ℒ{𝑒 2𝑡 } = 𝑠−2 (tabela

6.1, linha (d), 𝑘 = 2), obtemos a equação subsidiária

1
𝑠𝑋(𝑠) − 1 − 3𝑋(𝑠) =
𝑠−2
ou seja

𝑠−1
𝑋(𝑠) =
(𝑠 − 2)(𝑠 − 3)

Decompondo em fracções parciais, tem-se

𝑠−1 𝐴 𝐵
= +
(𝑠 − 2)(𝑠 − 3) 𝑠 − 2 𝑠 − 3

O que implica a expressão 𝑠 − 1 = 𝐴(𝑠 − 3) + 𝐵(𝑠 − 2).

Fazendo 𝑠 = 3 e depois 𝑠 = 2, obtemos 𝐴 = −1 e 𝐵 = 2.

184
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Portanto,
2 1
𝑋(𝑠) = −
𝑠−3 𝑠−2
A solução do problema de valor inicial pode ser escrita como
2 1
𝑥(𝑡) = ℒ −1 {𝑋(𝑡)} = ℒ −1 { } − ℒ −1 { }
𝑠−3 𝑠−2
Ou seja,
1 1
𝑥(𝑡) = 2ℒ −1 { } − ℒ −1 { }
𝑠−3 𝑠−2
E, segundo a tabela 6.1 (linha (d), obtemos
𝑥(𝑡) = 2𝑒 3𝑡 − 𝑒 2𝑡

Aplicação da transformada de Laplace no estudo dos circuitos eléctricos


• Circuito RLC
Um circuito RLC e composto de um resistor 𝑅, um capacitor 𝐶 e uma
bobina (indutor) 𝐿, ligados a uma fonte de carga elétrica (gerador),
conforme a figura ao lado.
Após o fechamento da chave temos um circuito fechado. Para
resolvermos, vamos utilizar a Lei das malhas de Kirchoff, que diz que a
Figura 6.2: Circuito RLC
soma das diferenças de potencial para qualquer circuito fechado é nula,
ou seja, a soma das tensões positivas é igual à soma das tensões
negativas. Representamos como:

𝑣𝑅 + 𝑣𝐿 + 𝑣𝐶 = 𝑣𝐺

onde,
𝑣𝑅 = 𝑅. 𝑖(𝑡) é Tensão do Resistor
𝑑𝑖(𝑡)
𝑣𝐿 = 𝐿 é Tensão da bobina (indutor)
𝑑𝑡
𝑡
1
𝑣𝐶 = ∫ 𝑖(𝜏)𝑑𝑡 é Tensão do Capacitor
𝐶
0

𝑣𝐺 = 𝐸 (constante) é Tensão do Gerador

Substituindo as tensões 𝑣𝐺 , 𝑣𝑅 , 𝑣𝐶 e 𝑣𝐿 , obtemos a seguinte equação


diferencial.

185
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𝒅𝒊(𝒕) 𝟏 𝒕
𝑹𝒊(𝒕) + 𝑳 + 𝑪 ∫𝟎 𝒊(𝝉)𝒅 𝝉 = 𝑬 (1.6)
𝒅𝒕

1
Problema: Sejam 𝑅 = 2Ω, 𝐿 = 1 𝐻 e 𝐶 = 10 F. Determinar a corrente

𝑖(𝑡) no circuito eléctrico, após o fechamento da chave, sendo que no


momento inicial 𝑖(0) = 0 e 𝑖 ′ (0) = 𝑣(0) = 0.

SOLUÇÃO: Substituindo os dados na equação (1.6) obtemos


𝑡
𝑑𝑖(𝑡)
2𝑖(𝑡) + + 10 ∫ 𝑖(𝜏)𝑑𝜏 = 𝐸
𝑑𝑡
0

Para resolvermos esta equação, apliquemos a transformada de Laplace


𝑡
𝑑𝑖(𝑡)
ℒ {2𝑖(𝑡) + + 10 ∫ 𝑖(𝜏)𝑑𝜏} = ℒ{𝐸}
𝑑𝑡
0

Pela propriedade de linearidade temos


𝑑𝑖(𝑡) 𝑡
2ℒ{𝑖(𝑡)} + ℒ { } + 10ℒ {∫0 𝑖(𝜏)𝑑𝜏} = ℒ{𝐸} (2.6)
𝑑𝑡

Sendo ℒ{𝑖(𝑡)} = 𝐼(𝑠), da tabela 6.1 das transformadas de Laplace


𝐸 𝑑𝑖(𝑡)
obtemos: da linha (a) resulta ℒ{𝐸} = ; da linha (m) resulta ℒ { }=
𝑠 𝑑𝑡

𝑠ℒ{𝑖(𝑡)} − 𝑖(0) = 𝑠𝐼(𝑠) (pois, 𝑖(0) = 0); da linha (q) resulta


𝑡 1 1 0 𝐼(𝑠)
ℒ {∫0 𝑖(𝜏)𝑑𝜏} = 𝑠 𝐼(𝑠) − 𝑠 ∫0 𝑖(𝜏)𝑑𝜏 = . Substituindo na equação (2.6)
𝑠

tem-se
𝐼(𝑠) 𝐸
2𝐼(𝑠) + 𝑠𝐼(𝑠) + 10 = (3.6)
𝑠 𝑠

Como queremos calcular o valor da corrente 𝐼(𝑠), vamos explicitar 𝐼(𝑠)


na equação (3.6) e encontrar 𝑖(𝑡) pela Transformada de Laplace inversa
de 𝐼(𝑠).
Pondo em evidencia 𝐼(𝑠), no membro esquerdo, tem-se
10 𝐸
𝐼(𝑠) (2 + 𝑠 + )=
𝑠 𝑠

Agora, isolando 𝐼(𝑠), resulta

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𝐸
𝐼(𝑠) =
𝑠 2 + 2𝑠 + 10

Para obtermos a corrente 𝑖(𝑡), precisamos calcular a transformada


inversa de 𝐼(𝑠), isto é,

𝐸 1
𝑖(𝑡) = ℒ −1 {𝐼(𝑠)} = ℒ −1 { } = 𝐸ℒ −1
{ }
𝑠 2 + 2𝑠 + 10 𝑠 2 + 2𝑠 + 10
1 1
Para calcularmos ℒ −1 {𝑠2 +2𝑠+10} temos que decompor a fracção 𝑠2 +2𝑠+10

em fracções parciais

1 1 1
= 2 =
𝑠2 + 2𝑠 + 10 (𝑠 + 2𝑠 + 1) + 9 (𝑠 + 1)2 + 32

Da tabela 6.1, linha (e), com 𝑘 = −1 e 𝜔 = 3, obtemos que


1
ℒ −1 {(𝑠+1)2+32} = 𝑒 −𝑡 𝑠𝑒𝑛(3𝑡). Logo, a corrente no circuito dado é

𝒊(𝒕) = 𝑬. 𝒆−𝒕 𝒔𝒆𝒏(𝟑𝒕)

Sumário

Nesta Unidade temática 6.2 estudamos e discutimos a applicação da


transformada de Laplace na resolução de equações diferenciais e em
estudo dos circuitos eléctricos.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Aplicando a transformada de Laplace, resolva os seguintes
problemas de valor inicial
𝑦 ′ + 2𝑦 = 1
a) {
𝑦(0) = 3
𝑦 ′′ − 2𝑦 ′ + 𝑦 = 𝑒 −𝑡
b) { 𝑦(0) = −1
𝑦 ′ (0) = 1
𝑦 ′′ + 𝑦 = 2cos (𝑡)
c) { 𝑦(0) = 3
𝑦 ′ (0) = 4
2. Dado o circuito LC da figura. Sendo 𝐿 = 1𝐻 e 𝐶 = 1𝐹, e
assumindo que 𝑖(0) = 0, encontre a corrente 𝑖(𝑡)

187
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

3. Dado um circuito RLC com 𝑅 = 4Ω, 𝐶 = 1𝐹 e 𝐿 = 1𝐻, encontre a


corrente 𝑖(𝑡) assumindo que 𝑖(0) = 0.

Respostas
5 1
1a) 𝑦(𝑡) = 2 𝑒 −2𝑡 ; 1b) 𝑦(𝑡) = 2 𝑒 −𝑡 (𝑡 2 − 2); 1c) 𝑦(𝑡) = 𝑡𝑠𝑒𝑛(𝑡) +

3 cos(𝑡) + 4𝑠𝑒𝑛(𝑡);

2. 𝑖(𝑡) = 𝐸. 𝑠𝑒𝑛(𝑡); 3. 𝑖(𝑡) = √3𝐸. 𝑒 −2𝑡 𝑠𝑒𝑛ℎ(√3𝑡)

Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Aplicando a transformada de Laplace, resolva os seguintes
problemas de valor inicial
𝑦 ′ + 3𝑦 = 𝑒 𝑡
a) {
𝑦(0) = 2
𝑦 ′′ + 7𝑦 ′ + 12𝑦 = 12𝑒 3𝑡
b) { 𝑦(0) = 3.5
𝑦 ′ (0) = −10
2. Dado um circuito RLC com 𝑅 = 2Ω, 𝐿 = 1𝐻 e 𝐶 = 0.5𝐹. Encontre
a corrente 𝑖(𝑡) assumindo que 𝑖(0) = 0.

Referência bibliográica
Amaral, L. L. (2016), Um estudo de transformadas de Laplace
aplicados à equações diferenciais, UFA
Luiz, N. R. (2014), Séries-transformadas. Notas de aulas,
utpr.edu.brrudiarnos, UTPR

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TEMA –VII: TRANSFORMADA DE FOURIER

Introdução

A transformada de Fourier permite analisar de forma adequada funções


não periódicas. A transformada de Fourier compete em algumas
aplicações com a transformada de Laplace. Entretanto, a transformada
de Fourier é mais útil que a transformada de Laplace em algumas
aplicações relacionadas com problemas de comunicações e
processamento de sinais.

Ao completar este Tema, você deverá ser capaz de:

▪ Calcular a transformada de Fourier de uma função dada aplicando a


definição, a tabela e as propriedades

Objectivos ▪ Calcular a transformada de Fourier inversa usando a tabela, as


específicos propriedades e a decomposição em fracções parciais

▪ Aplicar a transformada de Fourier para resolver equações diferenciais

Integral de Fourier
As séries de Fourier constituem um instrumento precioso para o estudo de
vários problemas que envolvem funções periódicas. Todavia, muitos
problemas práticos não envolvem funções desse tipo, sendo, por isso,
desejável alargar o método das series de Fourier de modo a incluir
funções não periódicas.

Os resultados sobre as condições em que uma função periódica pode ser


representada por uma serie convergente de Fourier, podem, em certas
condições, ser estendidas a funções não periódicas, de modo a obter uma
representação da função, não mediante uma serie, mas mediante um
integral, que se denomina integral de Fourier.

Definição 7.1: chama-se Integral de Fourier o integral de uma 𝑓(𝑡) não


periódica, da forma

∫ (𝑨𝝎 𝐜𝐨𝐬(𝝎𝒕) + 𝑩𝝎 𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕)𝒅𝝎


𝟎
onde os coeficientes 𝐴𝜔 e 𝐵𝜔 são calculados pelas seguintes formulas

189
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𝟏
𝑨𝝎 = ∫ 𝒇(𝒕) 𝐜𝐨𝐬(𝝎𝒕) 𝒅𝒕
𝝅
−∞

𝟏
𝑩𝝎 = ∫ 𝒇(𝒕)𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕)𝒅𝒕
𝝅
−∞

Seja 𝑓(𝑡) uma função não periódica. Então, 𝑓(𝑡) pode ser representada
pelo integral de Fourier, ou seja

𝒇(𝒕) = ∫ (𝑨𝝎 𝐜𝐨𝐬(𝝎𝒕) + 𝑩𝝎 𝒔𝒆𝒏(𝝎𝒕)𝒅𝝎 (𝟏. 𝟕)


𝟎

Proposição 7.1. Condições necessárias a validade de (1.7)

Se 𝑓 é absolutamente integrável em toda a recta real e possui em cada


ponto derivada a esquerda e a direita, então 𝑓 pode ser representada
por um integral de Fourier. O integral e igual a 𝑓(𝑥) nos pontos 𝑥 de
continuidade da função e a 𝑓(𝑥+0)+𝑓(𝑥−0)
2
nos pontos de descontinuidade.

Exemplo 7.1: Determine o integral de Fourier que representa a função

1 𝑠𝑒 |𝑥| ≤ 1
𝑓(𝑡) = {
0 𝑠𝑒 |𝑥| > 1

SOLUÇÃO: Calculemos os coeficientes 𝐴𝜔 e 𝐵𝜔 .


∞ 1
1 1 2𝑠𝑒𝑛(𝜔)
𝐴𝜔 = ∫ 𝑓(𝑡) cos(𝜔𝑡) 𝑑𝑡 = ∫ cos(𝜔𝑡) 𝑑𝑡 =
𝜋 𝜋 𝜔𝜋
−∞ −1

1
1 1
𝐵𝜔 = ∫ 𝑓(𝑡)𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝑡 = 0
𝜋 𝜋
−1
Logo,
∞ ∞
2𝑠𝑒𝑛(𝜔). cos (𝜔𝑡)
𝑓(𝑡) = ∫ (𝐴𝜔 cos(𝜔𝑡) + 𝐵𝜔 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝜔 = ∫ 𝑑𝜔
𝜔𝜋
0 0


2 𝑠𝑒𝑛(𝜔). cos (𝜔𝑡)
= ∫ 𝑑𝜔
𝜋 𝜔
0

190
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Proposição 7.2 (Identidade de Parseval). Seja 𝑓(𝑡) uma função real ou


complexa e 𝐹(𝜔) sua transformada de Fourier, então vale a identidade:
∞ ∞
𝟏
∫ |𝒇(𝒕)|𝟐 𝒅𝒕 = ∫ |𝑭(𝝎)|𝟐 𝒅𝝎
𝟐𝝅
−∞ −∞

Observação 7.1: o integral do membro direito está associado ao conceito


de energia total de um sinal.

Exemplo 7.2: Considere a função 𝑓(𝑡) = 𝑒 −𝑎|𝑡| , e sua transformada de


2𝑎
Fourier 𝐹(𝜔) = 𝜔2+𝑎2.
A energia associada a essa função pode ser calculada de duas maneiras
distintas:
∞ ∞
2
∫ |𝑓(𝑡)|2 𝑑𝑡 = ∫ |𝑒 −𝑎|𝑡| | 𝑑𝑡
−∞ −∞
∞ ∞

= ∫ 𝑒 −2𝑎|𝑡| 𝑑𝑡 = 2 ∫ 𝑒 −2𝑎𝑡 𝑑𝑡
−∞ 0

1 −2𝑎𝑡 ∞ 1
= 2 [− 𝑒 ] =
2𝑎 0 𝑎

Ou
∞ ∞ ∞
2
−𝑎|𝑡| 2
1 2
1 2𝑎
∫ |𝑒 | 𝑑𝑡 = ∫ |𝐹(𝜔)| 𝑑𝜔 = ∫( 2 ) 𝑑𝜔
2𝜋 2𝜋 𝜔 + 𝑎2
−∞ −∞ −∞

2𝑎2 1
= ∫ 2 𝑑𝜔
𝜋 (𝜔 + 𝑎2 )2
−∞

4𝑎2 1
= ∫ 2 𝑑𝜔
𝜋 (𝜔 + 𝑎2 )2
−∞
∞ 1 𝜋
Da tabela 7.1 de integrais impróprios, tem-se ∫−∞ (𝜔2+𝑎2)2 𝑑𝜔 = 4𝑎3

(com 𝑚 = 0).
Logo,
∞ ∞
−𝑎|𝑡| 2
4𝑎2 1 4𝑎2 𝜋 1
∫ |𝑒 | 𝑑𝑡 = ∫ 2 𝑑𝜔 = =
𝜋 (𝜔 + 𝑎2 )2 𝜋 4𝑎3 𝑎
−∞ −∞

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Transformada de Fourier de uma função

Definição 7.2: (Transformada de Fourier). Seja 𝑓(𝑡) uma função real (ou
complexa). Define-se a transformada de Fourier 𝐹(𝜔) de 𝑓(𝑡) como
+∞

𝑭(𝝎) = 𝓕{𝒇(𝒕)} = ∫ 𝒇(𝒕)𝒆𝒊𝝎𝒕 𝒅𝒕


−∞

Observação 7.2: na Física e na engenharia tem sido costume usar a


variáveis 𝑘 na transformada de Fourier de função em 𝑥, isto é
+∞

𝐹(𝑘) = ℱ{𝑓(𝑥)} = ∫ 𝑓(𝑥)𝑒 𝑖𝜔𝑥 𝑑𝑥


−∞
+∞
1
𝑓(𝑥) = ℱ −1 {𝐹(𝑘)} = ∫ 𝐹(𝑘)𝑒 𝑖𝜔𝑥 𝑑𝑘
2𝜋
−∞
Os pares das variáveis 𝜔_𝑡 e 𝑘_𝑥 são chamados pares de variáveis
reciprocas. 𝑘 representa o numero de onda, conceito análogo ao conceito
2𝜋 2𝜋
de frequência angular 𝜔. Enquanto 𝜔 = , 𝑘= , onde 𝜆 é o
𝑇 𝜆
comprimento de onda.

Exemplo 7.3: Calcular a transformada de Fourier de

𝑒𝑡, 𝑡 < 0
𝑓(𝑡) = {
𝑒 −3𝑡 𝑡 > 0

Figura 7.1: Gráfico de 𝑓(𝑡) = 𝑒 𝑡 𝑠𝑒 𝑡 < 0 ou 𝑓(𝑡) = 𝑒 −3𝑡 𝑠𝑒 𝑡 > 0

SOLUÇÃO: Sabe-se que 𝑒 𝑖𝜔𝑡 = cos(𝜔𝑡) + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡) e 𝑒 −𝑖𝜔𝑡 =


cos(𝜔𝑡) − 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡).

Logo,
+∞

𝐹(𝜔) = ℱ{𝑓(𝑡)} = ∫ 𝑓(𝑡)𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝑡


−∞

192
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0 +∞
𝑡 𝑖𝜔𝑡
= ∫𝑒 𝑒 𝑑𝑡 + ∫ 𝑒 −3𝑡 𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝑡
−∞ 0

= ∫ 𝑒 𝑡 (cos(𝜔𝑡) + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡))𝑑𝑡
−∞

+ ∫ 𝑒 −3𝑡 (cos(𝜔𝑡) + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡))𝑑𝑡


0

= ∫ 𝑒 −𝑡 (cos(𝜔𝑡) − 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡))𝑑𝑡
0

+ ∫ 𝑒 −3𝑡 (cos(𝜔𝑡) + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡))𝑑𝑡


0
∞ ∞

= ∫ 𝑒 −𝑡 cos ( 𝜔𝑡)𝑑𝑡 − 𝑖 ∫ 𝑒 −𝑡 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝑡


0 0

+ ∫ 𝑒 −3𝑡 cos ( 𝜔𝑡)𝑑𝑡


0

+ 𝑖 ∫ 𝑒 −3𝑡 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝑡
0
1 𝑖𝜔 3 𝑖𝜔
= 𝜔2+1 − 𝜔2+1 + 𝜔2+32 + 𝜔2+32 da tabela 7.1

1 3 𝜔 𝜔
= + + 𝑖 ( − )
𝜔2 + 1 𝜔2 + 9 𝜔2 + 9 𝜔2 + 1

Exemplo 7.4: Calcular a transformada de Fourier de 𝑓(𝑡) = 𝑒 −|𝑡| .


−𝑡 𝑠𝑒 𝑡 < 0
SOLUÇÃO: Sabe-se que |𝑡| = { . Vamos usar isto dividindo o
𝑡 𝑠𝑒 𝑡 ≥ 0
integral em dois.

+∞ +∞
𝑖𝜔𝑡
𝐹(𝜔) = ℱ{𝑓(𝑡)} = ∫ 𝑓(𝑡)𝑒 𝑑𝑡 = ∫ 𝑒 −|𝑡| 𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝑡
−∞ −∞
0 0

= ∫ 𝑒 𝑡 𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝑡 + ∫ 𝑒 −𝑡 𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝑡
−∞ −∞
0 ∞

= ∫ 𝑒 𝑡(1+𝑖𝜔) 𝑑𝑡 + ∫ 𝑒 −𝑡(1−𝑖𝜔) 𝑑𝑡
−∞ 0

193
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0 ∞
𝑒 𝑡(1+𝑖𝜔) 𝑒 −𝑡(1−𝑖𝜔) 1 1
= | − | = +
1 + 𝑖𝜔 −∞ 1 − 𝑖𝜔 0 1 + 𝑖𝜔 1 − 𝑖𝜔
2
=
1 + 𝜔2

Tabela 7.1: Integrais impróprios

Exemplo 7.5: Calcular a transformada de Fourier da função

𝑓(𝑡) = 𝑒 −𝑎𝑡 𝑢(𝑡), 𝑎>0

1 𝑡>0
onde 𝑢(𝑡) = {
0 𝑡<0
SOLUÇÃO: Observe que para 𝑡 < 0, 𝑢(𝑡) = 0. Logo 𝑒 −𝑎𝑡 𝑢(𝑡) = 0, 𝑡 <
0

Pela definição da transformada de Fourier, tem-se

194
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ℱ{𝑒 −𝑎𝑡 𝑢(𝑡)} = ∫ 𝑒 −𝑎𝑡 𝑢(𝑡). 𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝑡


−∞

0 ∞

= ∫ 0. 𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝑡 + ∫ 𝑒 −𝑎𝑡 . 1𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝑡


−∞ 0

= ∫ 𝑒 −(𝑎−𝑖𝜔)𝑡 𝑑𝑡
0


𝑒 −(𝑎−𝑖𝜔)𝑡
=− |
𝑎 − 𝑖𝜔 0

1
=
𝑎 − 𝑖𝜔
Portanto

𝟏
𝓕{𝒆−𝒂𝒕 𝒖(𝒕)} =
𝒂 − 𝒊𝝎

Exemplo 7.6: Calcular a transformada de Fourier da função

1 𝑠𝑒 |𝑥| < 3
𝑓(𝑥) = {
0 𝑠𝑒 |𝑥| ≥ 3

SOLUÇÃO: No intervalo correspondente a |𝑥| ≥ 3 a função é nula, logo


o integral é zero. |𝑥| < 3 ⇔ −3 < 𝑥 < 3.
+∞ 3

𝐹(𝑘) = ℱ{𝑓(𝑥)} = ∫ 𝑓(𝑥)𝑒 𝑖𝑘𝑥 𝑑𝑥 = ∫ 𝑒 𝑖𝑘𝑥 𝑑𝑥


−∞ −3
3

= ∫(cos(𝑘𝑥) + 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥))𝑑𝑥
−3
3

= 2 ∫ cos(𝑘𝑥) 𝑑𝑥
0
2 2𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥)
= 𝑠𝑒𝑛(𝑘𝑥)|30 =
𝑘 𝑘

195
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Propriedades da transformada de Fourier


Propriedade 7.3 (Linearidade). Dadas duas funções 𝑓(𝑡) e 𝑔(𝑡) com
transformadas de Fourier 𝐹(𝜔) e 𝐺(𝜔), respectivamente; e 𝛼 e 𝛽 duas
constantes reais ou complexas, então

𝓕{𝜶𝒇(𝒕) + 𝜷𝒈(𝒕)} = 𝜶𝓕{𝒇(𝒕)} + 𝜷{𝒈(𝒕)}

= 𝜶𝑭(𝝎) + 𝜶𝑮(𝝎)

Exemplo 7.7: As transformadas de Fourier das funções 𝑓(𝑡) = 𝑒 −|𝑡| e


𝑡2
1 − 2 2
𝑔(𝑡) = 2 𝑒 4 são respectivamente 𝐹(𝜔) = 𝜔2+1 e 𝐺(𝜔) = 𝑒 −𝜔
√𝜋

(Exemplo 7.4 e Exemplo 7.6).

Logo

ℱ{5𝑓(𝑡) − 3𝑔(𝑡)} = 5𝐹(𝜔) − 3𝐺(𝜔)

2 −𝜔 2
10 2
= 5. 2
− 3𝑒 = 2
− 3𝑒 −𝜔
𝜔 +1 𝜔 +1

Propriedade 7.4 (Teorema de modulação). Dada uma função 𝑓(𝑡) e sua


transformada de Fourier 𝐹(𝜔), então

𝟏 𝟏
𝓕{𝒇(𝒕) 𝐜𝐨𝐬(𝝎𝟎 𝒕)} = 𝑭(𝝎 − 𝝎𝟎 ) + 𝑭(𝝎 + 𝝎𝟎 )
𝟐 𝟐

para 𝜔0 ∈ ℝ.

Exemplo 7.8: Considere a função 𝑓(𝑡) = cos(𝜔0 𝑡) . 𝑒 −|𝑡| .

Podemos obter a transformada de Fourier de 𝑓(𝑡) a partir da


transformada de Fourier da função 𝑔(𝑡) = 𝑒 −|𝑡| . Basta aplicar o teorema
da modulação a função 𝑔(𝑡), cuja transformada de Fourier é já
2
conhecida, 𝐺(𝜔) = 𝜔2+1. Logo

1 1
ℱ{𝑔(𝑡) cos(𝜔0 𝑡) = 𝐹(𝜔 − 𝜔0 ) + 𝐹(𝜔 + 𝜔0 )
2 2
1 2 1 2
= +
2 (𝜔 − 𝜔0 ) + 1 2 (𝜔 + 𝜔0 )2 + 1
2

196
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1 1
= +
(𝜔 − 𝜔0 )2 + 1 (𝜔 + 𝜔0 )2 + 1

Propriedade 7.5 (Simetria ou dualidade). Dada uma função 𝑓(𝑡) e sua


transformada de Fourier 𝐹(𝜔), então

𝟏
𝒇(−𝝎) = 𝓕{𝑭(𝒕)}
𝟐𝝅

Propriedade 7.6 (transformada da derivada). Dada uma função


diferençável 𝑓(𝑡) tal que
lim 𝑓(𝑡) = 0
𝑡→±∞

e sua transformada de Fourier 𝐹(𝜔), então


𝓕{𝒇′ (𝒕)} = 𝒊𝝎𝑭(𝝎)

Exemplo 7.9: Determine a transformada de Fourier da derivada da


2
função 𝑓(𝑡) = 𝑒 −𝑎𝑡 , 𝑎 > 0.

SOLUÇÃO: Do integral 8 na tabela 7.1 (fazendo 𝑎 ≡ √𝑎 ), obtém-se sua


𝜔2
√𝜋 −
transformada de Fourier 𝐹(𝜔) = 𝑒 4𝑎 .
√𝑎

Aplicando a propriedade 7.6 de transformada da derivada, tem-se


𝜔2
−𝑎𝑡 2 √𝜋
ℱ{𝑓 ′ (𝑡)}
= ℱ{−2𝑎𝑡𝑒 } = 𝑖𝜔𝐹(𝜔) = 𝑖𝜔 𝑎 𝑒 − 4𝑎 .

Agora, vamos aproveitar este resultado para determinar:


𝟐
A transformada de Fourier de 𝒈(𝒕) = 𝒕𝒆−𝒂𝒕 .

Dado que
−𝑎𝑡 2 √𝜋 −𝜔 2
ℒ{−2𝑎𝑡𝑒 } = 𝑖𝜔𝐹(𝜔) = 𝑖𝜔 𝑒 4𝑎
√𝑎
aplicando no membro esquerdo a linearidade, temos
2 √𝜋 −𝜔 2
−2𝑎ℒ{𝑡𝑒 −𝑎𝑡 } = 𝑖𝜔 𝑒 4𝑎
√𝑎
O que conduz a

197
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2 √𝜋 −𝜔 2
ℒ{𝑡𝑒 −𝑎𝑡 } = −𝑖𝜔 𝑒 4𝑎
2𝑎 √𝑎

Observação 7.3: As derivadas de ordem superior são calculadas a partir


da propriedade 7.6:
𝑑 ′
ℱ{𝑓 ′′ (𝑡)} = ℱ { (𝑓 (𝑡))}
𝑑𝑡
= 𝑖𝜔ℒ{𝑓 ′ (𝑡)} = 𝑖𝜔(𝑖𝜔𝐹(𝜔)) = (𝑖𝜔)2 𝐹(𝜔)
Portanto, de modo geral

𝓕{𝒇(𝒏) (𝒕)} = (𝒊𝝎)𝒏 𝑭(𝝎)

Transformada inversa de Fourier


Definição 7.3: (Transformada inversa de Fourier). Seja 𝐹(𝜔) uma
função real (ou complexa). Define-se a transformada inversa de Fourier
𝑓(𝑡) de 𝐹(𝜔) como
+∞
−𝟏 {𝑭(𝝎)}
𝟏
𝒇(𝒕) = 𝓕 = ∫ 𝑭(𝝎)𝒆−𝒊𝝎𝒕 𝒅𝝎
𝟐𝝅
−∞

Exemplo 7.10: Calcular a transformada inversa de Fourier de 𝐹(𝜔) =


2
𝑒 −𝜔 .

SOLUÇÃO:
+∞
−1 {𝐹(𝜔)}
1
𝑓(𝑡) = ℱ = ∫ 𝐹(𝜔)𝑒 −𝑖𝜔𝑡 𝑑𝜔
2𝜋
−∞

+∞
1 2
= ∫ 𝑒 −𝜔 (cos(𝜔𝑡) − 𝑖. 𝑠𝑒𝑛(𝜔))𝑑𝜔
2𝜋
−∞

+∞ +∞
1 2 𝑖 2
= ∫ 𝑒 −𝜔 cos (𝜔𝑡)𝑑𝜔 − ∫ 𝑒 −𝜔 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝜔
2𝜋 2𝜋
−∞ −∞

A função integranda no segundo integral é ímpar, pois é produto da


2
função seno, que é ímpar, com a função par 𝑒 −𝑎𝜔 . Assim, o segundo

198
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integral é igual a zero.

2
Figura 7.2: gráfico de 𝑓(𝑥) = 𝑒 −𝑥

A função integranda no primeiro integral é par, pois é produto de duas


funções pares. Logo
+∞ +∞
1 2 1 2
𝑓(𝑡) = ∫ 𝑒 −𝜔 cos (𝜔𝑡)𝑑𝜔 = 2. ∫ 𝑒 −𝜔 cos (𝜔𝑡)𝑑𝜔
2𝜋 2𝜋
−∞ 0

𝑡2 𝑡2
1 √𝜋 1
=𝜋 𝑒− 4 = 𝑒− 4
2 2√ 𝜋

(integral 8 da tabela 7.1)

Cálculo da transformada inversa de Fourier por decomposição


em fracções parciais
Exemplo 7.11: Seja

10(4 − 𝑖𝜔)
𝐹(𝜔) =
𝜔 2 + 8𝑖𝜔 − 6

Determine ℱ −1 {𝐹(𝜔)}

SOLUÇÃO: Vamos primeiro factorizar o denominador

−8𝑖 ± √−40
𝜔2 + 8𝑖𝜔 − 6 = 0 ⇒ 𝜔 = = −4𝑖 ± √10𝑖
2
= (−4 ± √10)𝑖

40 − 10𝑖𝜔
𝐹(𝜔) =
[𝜔 − (−4 + √10)𝑖][𝜔 − (−4 − √10)𝑖]

Decompor a fracção em fracções parciais

40 − 10𝑖𝜔
𝐹(𝜔) =
[𝜔 − (−4 + √10)𝑖][𝜔 − (−4 − √10)𝑖]
𝐴 𝐵
= +
𝜔 − (−4 + √10)𝑖 𝜔 − (−4 − √10)𝑖

199
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40 − 10𝑖𝜔 = 𝐴[𝜔 − (4 − √10)𝑖] + 𝐵[𝜔 − (−4 + √10)𝑖]

40 − 10𝑖𝜔 = (4 + √10)𝑖𝐴 + (4 − √10)𝑖𝐵 + (𝐴 + 𝐵)𝜔

𝐴 + 𝐵 = −10𝑖
{ ⇒ 𝐴 = −5𝑖, 𝐵 = −5𝑖
(4 + √10)𝑖𝐴 + (4 − √10)𝑖𝐵 = 40

Substituindo nas fracções parciais, tem-se

5𝑖 5𝑖
𝐹(𝑧) = − −
𝜔 − (−4 + √10)𝑖 𝜔 − (−4 − √10)𝑖

Multiplicando e dividindo cada fracção por i (para eliminar o i no


numerador), tem-se

5 5
𝐹(𝑧) = +
(−4 + √10) + 𝑖𝜔 (−4 − √10) − 𝑖𝜔

5 5
𝐹(𝑧) = − −
(4 − √10) − 𝑖𝜔 (4 + √10) − 𝑖𝜔

1 1, 𝑡 > 0
Sabe-se que ℱ{𝑒 −𝑎𝑡 𝑢(𝑡)} = 𝑎−𝑖𝜔, 𝑅𝑒(𝑎) > 0, 𝑢(𝑡) = { .
0, 𝑡 < 0

Aplicando a transformada de Fourier inversa, e empregando-se de


1
ℱ{𝑒 −𝑎𝑡 𝑢(𝑡)} = 𝑎−𝑖𝜔, chega-se a

𝑓(𝑡) = ℱ −1 {𝐹(𝜔)}
1 5
= −5ℱ −1 { } − 5ℱ −1 { }
(4 − √10) − 𝑖𝜔 (4 + √10) − 𝑖𝜔

= −5𝑒 −(4−√10)𝑡 𝑢(𝑡) − 5𝑒 −(4+√10)𝑡 𝑢(𝑡)

= −5[𝑒 −(4−√10)𝑡 + 5𝑒 −(4+√10)𝑡 ]𝑢(𝑡)

= −5𝑒 −4𝑡 [𝑒 √10𝑡 + 𝑒 √10𝑡 ]𝑢(𝑡)

200
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Aplicações da transformada de Fourier na resolução de equações diferenciais


Exemplo 7.12: Aplicando a transformada de Fourier, resolva a seguinte
equação diferencial

𝑦 ′′ − 𝑦 = 𝑒 −|𝑡|

SOLUÇÃO: Aplicando a transformada de Fourier a ambos os membros


da equação diferencial, tem-se

ℱ{𝑦 ′′ (𝑡)} − ℱ{𝑦(𝑡)} = ℱ{𝑒 −|𝑡| } (2.7)

Como lim 𝑒 −|𝑡| = 0, vamos aplicar a propriedade 7.6, de transformada


𝑡→∞

da derivada.

ℱ{𝑦 ′′ (𝑡)} = (𝑖𝜔)2 ℱ{𝑦(𝑡)} = −𝜔2 𝑌(𝜔) (3.7)


2
Substituindo (3.7) em (2.7), sendo ℱ{𝑒 −|𝑡| } = 𝜔2+1 (exemplo 7.4), tem-se
2
−𝜔2 𝑌(𝜔) − 𝑌(𝜔) =
𝜔2 + 1
Ou seja
2
−𝑌(𝜔)(𝜔2 + 1) =
𝜔2 +1
Isolando 𝑌(𝜔) temos
2
𝑌(𝜔) = −
(𝜔 2 + 1)2
Segundo a definição 7.3 (transformada inversa),
∞ ∞
1 1 𝑒 𝑖𝜔𝑡
𝑦(𝑡) = ∫ 𝑌(𝜔)𝑒 𝑖𝜔𝑡 𝑑𝜔 = − ∫ 2 𝑑𝜔
2𝜋 𝜋 (𝜔 + 1)2
−∞ −∞
∞ 𝑒 𝑖𝜔𝑡
O integral ∫−∞ (𝜔2+1)2 𝑑𝜔 é calculado por método dos resíduos.

Os pontos singulares são os que anulam o denominador; ou seja 𝜔2 +


1 = 0 ⇒ 𝜔 = ±𝑖.
∞ 𝑒 𝑖𝑧𝑡
Fazendo 𝜔 ≡ 𝑧 vamos resolver o ∫−∞ (𝑧 2+1)2 𝑑𝑧 cujos pontos singulares
são 𝑧 = 𝑖 e 𝑧 = −𝑖.
Consideremos uma circunferência centrada na origem e de raio 𝑟, com
𝑟 → ∞.
𝑒 𝑖𝑧𝑡 𝑒 𝑖𝑧𝑡
Calculemos os resíduos de 𝑓(𝑧) = (𝑧 2+1)2 = (𝑧−𝑖)2 (𝑧+𝑖)2 em cada um dos
pontos singulares. O polo é de ordem 2, então:
Em 𝑧 = 𝑖 tem-se

201
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1 𝑑 2−1
𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), 𝑖] = lim 2−1 [(𝑧 − 𝑖)2 𝑓(𝑧)]
(2 − 1)! 𝑧→𝑖 𝑑𝑧
𝑑 𝑒 𝑖𝑧𝑡
= lim [(𝑧 − 𝑖)2 ]
𝑧→𝑖 𝑑𝑧 (𝑧 − 𝑖)2 (𝑧 + 𝑖)2
𝑑 𝑒 𝑖𝑧𝑡
= lim [ ]
𝑧→𝑖 𝑑𝑧 (𝑧 + 𝑖)2

𝑖𝑡𝑒 𝑖𝑧𝑡 (𝑧 + 𝑖)2 − 2(𝑧 + 𝑖)𝑒 𝑖𝑧𝑡


= lim
𝑧→𝑖 (𝑧 + 𝑖)4
𝑖(𝑡 + 1)𝑒 −𝑡
=−
4
Em 𝑧 = −𝑖 tem-se
𝑑 𝑒 𝑖𝑧𝑡
𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧), −𝑖] = lim [(𝑧 + 𝑖)2 ]
𝑧→−𝑖 𝑑𝑧 (𝑧 − 𝑖)2 (𝑧 + 𝑖)2
𝑑 𝑒 𝑖𝑧𝑡
= lim [ ]
𝑧→−𝑖 𝑑𝑧 (𝑧 − 𝑖)2

𝑖𝑡𝑒 𝑖𝑧𝑡 (𝑧 − 𝑖)2 − 2(𝑧 − 𝑖)𝑒 𝑖𝑧𝑡


= lim
𝑧→−𝑖 (𝑧 − 𝑖)4
𝑖(𝑡 − 1)𝑒 𝑡
=−
4

Então, pelo teorema dos resíduos, tem-se



𝑒 𝑖𝑧𝑡
∫ 2 𝑑𝑧 = 2𝜋𝑖 ∑ 𝑅𝑒𝑠[𝑓(𝑧)]
(𝑧 + 1)2
−∞

𝑖(𝑡 + 1)𝑒 −𝑡 𝑖(𝑡 − 1)𝑒 𝑡


= 2𝜋𝑖 (− − )
4 4

𝜋(𝑡+1)𝑒 −𝑡 𝜋(𝑡−1)𝑒 𝑡
= +
2 2

Logo

1 𝑒 𝑖𝜔𝑡 (𝑡 + 1)𝑒 −𝑡 (𝑡 − 1)𝑒 𝑡
𝑦(𝑡) = − ∫ 2 𝑑𝜔 = − −
𝜋 (𝜔 + 1)2 2 2
−∞

Portanto, a solução da equação diferencial dada é


(𝑡 + 1)𝑒 −𝑡 (𝑡 − 1)𝑒 𝑡
𝑦(𝑡) = − −
2 2

202
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Sumário

Nete Tema 7 estudamos e discutimos fundamentalmente o cálculo da


transformada de Fourier, a transformada de Fourier, da sua inversa, e a
aplicação da transformada de Fourier na resolução de equações
diferenciais.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1. Determine a transformada de Fourier das seguintes funções
3 𝑠𝑒 |𝑥| < 2
a) 𝑓(𝑥) = {
0 𝑠𝑒 |𝑥| > 0
1 − 𝑥2 𝑠𝑒 |𝑥| < 1
b) 𝑔(𝑥) = {
0 𝑠𝑒 |𝑥| > 1
−(1+2𝑖)𝑡
c) ℎ(𝑡) = {𝑒 𝑠𝑒 𝑡 > 0
0 𝑠𝑒 𝑡 < 0
2. Use uma transformada de Fourier conhecida e as propriedades
operacionais para calcular
ℱ{𝑡 2 𝑒 −|𝑡| }
3. Calcule
ℱ{(1 − 𝑡)2 𝑒 −|𝑡| }
4. Através da decomposição em fracções parciais, e sabendo que
2 −1, 𝑡 < 0
ℱ{𝑠𝑔𝑛(𝑡)} = 𝑖𝜔, onde 𝑠𝑔𝑛(𝑡) = { , calcule
1, 𝑡 > 0
2
} ℱ −1 {
− 3𝑖𝜔 𝜔2
5. Aplique a transformada de Fourier para resolver a seguinte
equação diferencial
𝑦 ′′ − 2𝑦 = 3𝑒 −|𝑡|

Respostas
6𝑠𝑒𝑛(2𝜔) 𝜔cos (𝜔)−𝑠𝑒𝑛(𝜔) 1−(2+𝜔)𝑖 4(3𝜔 2 −1)
1a) ; 1b) 2 ; 1c) 1+(2+𝜔)2; 2. ;
𝜔 𝜔2 (𝜔 2 +1)3

𝟐 𝟖𝒊𝝎 4(3𝜔 2 −1) 1 2


3. 𝟐 − (𝜔 2 2 −
4. 𝑠𝑔𝑛(𝑡) + 𝑒 −3𝑡 5. 𝑦(𝑡) = 𝑒 −𝑡 + 𝑒 𝑡 +
𝝎 +1) (𝜔 2 +1)3 3 3

𝑒 2𝑡 −𝑒 −2𝑡
2

203
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Exercícios para AVALIAÇÃO


1. Determine a transformada de Fourier de
𝑒 −4𝑡 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 > 0
𝑓(𝑡) = {
0 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡 < 0
𝑒 −𝑎𝑥 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑥 > 0
2. Seja 𝑓(𝑥) = { 𝑎𝑥 . Determine ℱ{𝑓 ′′ (𝑡)}.
𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑥 < 0
3. Usando a decomposição em fracções parciais, calcule
5
ℱ −1 { }
−𝜔 2
+ 8𝑖𝜔 + 15
4. Aplique a transformada de Fourier para resolver a seguinte
equação diferencial
𝑦 ′′ + 𝑦 = 𝑒 −2|𝑡|

Referência bibliográica

Luiz, N. R. (2014), Séries-transformadas. Notas de aulas,


utpr.edu.brrudiarnos, UTPR
Análise de Fourier. Um livro colaborativo (2022)
https://www.ufrgsbr/reamat

204
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TEMA –VIII: TRANSFORMÇÃO Z

Introdução

A Transformada Z é bastante utilizada para a análise de sistemas em


tempo discreto. Pode ser aplicada no processamento digital de sinais, por
exemplo, para obtenção do comportamento de sinais digitalizados e
para a criação de filtros digitais.
Também é possível aplicar tal transformada em equações diferença
lineares, que quando convertidas para o domínio z tornam-se equações
algébricas de mais fácil resolução. Neste caso, a resposta final e obtida
pela utilização da transformada Z inversa após os cálculos. Do mesmo
modo, pode-se obter funções de transferência de sistemas em função da
variável z, utilizadas para verificação da resposta do sistema a uma
entrada arbitraria. A transformada Z e o equivalente para sinais e
sistemas discretos da transformada de Laplace, usada no caso continuo.

Ao completar este Tema 8, você deverá ser capaz de:

▪ Calcular a transformada Z unilateral de uma sucessão

▪ Calcular a transforada Z unilateral inversa usando aa definição, as


Objectivos propriedades, a decomposição em fracções parciais e por expansão em
específicos série de potências

▪ Aplicar a transormada Z na resolução de equações de dierenças

Transformada Z
A transformada Z faz a mudança do domínio do tempo discreto para o
domínio da variável z. É uma alternativa mais adequada que a
transformada de Laplace quando a variável tempo não e continua.
Seja 𝑥[𝑛] uma sequência de números reais ordenados segundo valores
crescentes de n.
Neste caso, n = 0, ± 1, ± 2, ± 3, …
Em casos práticos, 𝑥[𝑛] é obtida através da amostragem de 𝑥(𝑡) a
intervalos regulares Δ𝑡, ou seja, 𝑥[𝑛] = 𝑥(𝑛. 𝛥𝑡), como ilustrado na
Figura 8.1.

205
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Figura 8.1: Exemplo de amostragem de um sinal analógico

Definição 8.1 (Transformada Z unilateral). A transformada Z unilateral


de uma sequência 𝑓𝑛 é definida como

𝒁{𝒇𝒏 } = 𝑭(𝒛) = ∑ 𝑓𝑛 𝒛−𝒏


𝒏=𝟎
com 𝑧 = 𝑥 + 𝑖𝑦 é um número complexo e 𝑓0 , 𝑓1 , 𝑓2 , 𝑓3 , … são os
coeficientes da série de potências negativas de 𝑧, os quais representam
os valores que o sinai assume nos diversos instantes discretos de tempo

Isto é

𝐹(𝑧) = ∑ 𝑓𝑛 𝑧 −𝑛 = 𝑓0 + 𝑓1 𝑧 −1 + 𝑓2 𝑧 −2 + 𝑓3 𝑧 −3 + ⋯
𝑛=0

𝑓1 𝑓2 𝑓3
= 𝑓0 + + + +⋯
𝑧 𝑧2 𝑧2
A notação mais empregue na definição da transformada Z é a seguinte

𝑍{𝑥[𝑛]} = 𝑋(𝑧) = ∑ 𝑥[𝑛]𝑧 −𝑛 = 𝑥[0] + 𝑥[1]𝑧 −1 + 𝑥[2]𝑧 −2 + ⋯


𝑛=0

Exemplo 8.1: Seja o sinal dado por


2, 𝑛=0
−1, 𝑛 = 1
1, 𝑛 = 2
𝑥[𝑛] = −2, 𝑛 = 3
3, 𝑛 = 4
−3, 𝑛 = 5
{0, 𝑐𝑎𝑠𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟á𝑟𝑖𝑜

A transformada Z do sinal é

206
UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

𝑍{𝑥[𝑛]} = 𝑋(𝑧) = ∑ 𝑥[𝑛]𝑧 −𝑛 = 2 − 𝑧 −1 + 𝑧 −2 − 2𝑧 −3 + 3𝑧 4 − 3𝑧 5


𝑛=0
1 1 2 3 3
= 2− + 2− 3+ 4− 5
𝑧 𝑧 𝑧 𝑧 𝑧

Exemplo 8.2: A transformada Z da função de delta de Dirac (na versão


dicreta)
1, 𝑛 = 0
𝛿(𝑛) = {
0, 𝑛 ≠ 0

𝛿(1) 𝛿(2)
𝑍{𝛿(𝑛)} = ∑ 𝛿(𝑛)𝑧 −𝑛 = 𝛿(0) + + 2 +⋯
𝑧 𝑧
𝑛=0

= 1+0+0+⋯ =1
Portanto,

𝒁{𝜹(𝒏)} = 𝟏

Exemplo 8.3: Calcular a transformada Z de 𝑥[𝑛] = 𝑒 𝑎𝑛 , 𝑎 constante,


𝑛 ≥ 0.

SOLUÇÃO:
∞ ∞
𝑎𝑛 ] 𝑎𝑛 −𝑛
𝑒𝑎 𝑛 𝑒 𝑎 𝑒 2𝑎 𝑒 3𝑎
𝑍{𝑒 = ∑𝑒 𝑧 = ∑( ) = 1+ + 2 + 3 +⋯
𝑧 𝑧 𝑧 𝑧
𝑛=0 𝑛=0

𝑒𝑎 𝑒𝑎
Esta é uma série geométrica, de razão que converge se | 𝑧 | < 1 ⇒
𝑧

|𝑧| > |𝑒 𝑎 |

Assim,

𝑎𝑛 }
𝑒𝑎 𝑛 1 𝑧
𝑍{𝑒 = ∑( ) = 𝑎 = ; |𝑧| > |𝑒 𝑎 |
𝑧 𝑒 𝑧 − 𝑒 𝑎
𝑛=0 1− 𝑧

Figura 8.2: Região de convergência de 𝑍{𝑒 𝑎𝑛 }.


Região fora da circunferência de raio 𝑒 𝑎

207
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Portanto,
𝒛
𝒁{𝒆𝜶𝒏 } =
𝒛 − 𝒂𝜶

De modo análogo, define-se Transformada Z bilateral, que neste caso


trata-se de série de Laurent

𝒁{𝒇𝒏 } = 𝑭(𝒛) = ∑ 𝑓𝑛 𝒛−𝒏


𝒏=−∞

Exemplo 8.4: Calcule a transformada Z do degrau unitário discreto,


mostrado na Figura 8.3:

Figura 8.3: Função degrau unitário discreto,


1 𝑠𝑒 𝑛 > 0
Correspondente a 𝑥[𝑛] = 𝑢[𝑛] = {
0 𝑠𝑒 𝑛 < 0

SOLUÇÃO: Trata de uma transformada Z bilateral, então,


∞ 0 ∞
−𝑛 −𝑛
𝑍{𝑓𝑛 } = 𝐹(𝑧) = ∑ 𝑓𝑛 𝑧 = ∑ 0. 𝑧 + ∑ 1. 𝑧 −𝑛
𝑛=−∞ 𝑛=−∞ 𝑛=0

1 1 1
𝐹(𝑧) = ∑ 𝑧 −𝑛 = 1 + + 2 + 3 + ⋯
𝑧 𝑧 𝑧
𝑛=0
1
𝐹(𝑧) é soma de uma progressão geométrica de razão 𝑟 = 𝑧.
1 1 𝑧
Se |𝑧| < 1, ou seja |𝑧| > 1, 𝑋(𝑧) é convergente para 1 = 𝑧−1.
1−
𝑧

Logo,
𝑧
𝐹(𝑧) = ; |𝑧| > 1
𝑧−1
𝐹(𝑧) possui um polo em z = 1 (valor que anula o denominador). A Região
de Convergência (região do plano complexo para a qual |𝐹(𝑧)| < ∞)
fica sendo |𝑧| > 1, o interior de uma circunferência de raio 1 centrada na
origem do plano complexo, como mostra a seguinte figura 8.5.

208
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Figura 8.4

Exemplo 8.5: Calcule a transformada Z da sequência 𝑓𝑛 = 𝑎𝑛 𝑢𝑛 , onde


0 < 𝑎 < 1.

SOLUÇÃO: Como se ficou a se saber do exemplo anterior, 𝑢[𝑛] =


1 𝑠𝑒 𝑛 > 0
{ .
0 𝑠𝑒 𝑛 < 0

𝑎𝑛 𝑠𝑒 𝑛 > 0
Logo, 𝑓𝑛 = 𝑎𝑛 𝑢[𝑛] = { . Então,
0 𝑠𝑒 𝑛 < 0
∞ 0 ∞
−𝑛 −𝑛
𝑍{𝑓𝑛 } = 𝐹(𝑧) = ∑ 𝑥[𝑛]𝑧 = ∑ 0. 𝑧 + ∑ 𝑎𝑛 𝑧 −𝑛
𝑛=−∞ 𝑛=−∞ 𝑛=0


𝑛 −𝑛
𝑎 𝑎2 𝑎3
𝐹(𝑧) = ∑ 𝑎 𝑧 =1+ + 2+ 3 +⋯
𝑧 𝑧 𝑧
𝑛=0
𝑎
𝐹(𝑧) é soma de uma progressão geométrica de razão 𝑟 = 𝑧 .
𝑎 1 𝑧
Se |𝑧 | < 1, ou seja |𝑧| > 𝑎, 𝐹(𝑧) é convergente para 𝑎 = 𝑧−𝑎. Logo,
1−
𝑧
𝑧
𝐹(𝑧) = ; |𝑧| > 𝑎
𝑧−𝑎
A Região de Convergência é |𝑧| > 𝑎, fora da circunferência de raio 𝑎
centrada na origem do plano complexo, como mostra a seguinte figura
8.5

Figura 8.5

209
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Do Exemplo 8.5 resulta que a transformada Z unilateral da sucessão 𝑓𝑛 =


𝑧
𝑎𝑛 é ; ou seja
𝑧−𝑎
𝒛
𝒁{𝒂𝒏 } =
𝒛−𝒂

Existência e domínio de definição da transformada Z unilateral

Pode-se reescrever a transformada Z unilateral como


∞ ∞ ∞
−𝑛
1 𝑛 1 𝑛
𝐹(𝑧) = ∑ 𝑓𝑛 𝑧 = ∑ 𝑓𝑛 ( ) = ∑ 𝑓𝑛 ( − 0)
𝑧 𝑧
𝑛=0 𝑛=0 𝑛=0

1 1
Então, para que esta série de potências convirja, |𝑧| < 𝑅 ⇒ |𝑧| > 𝑅.

Logo,
1
• A série da transformada Z converge em |𝑧| > 𝑅
1
• A série da transformada Z converge em |𝑧| < 𝑅

Propriedades da transformada Z
P1: Linearidade

𝒁{𝜶𝒇𝒏 + 𝜷𝒚𝒈𝒏 } = 𝜶𝑭(𝒛) + 𝜷𝑮(𝒛)

Exemplo 8.6: A transformada Z de 𝑓𝑛 = 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑛)


𝑒 𝑖𝑧 −𝑒 −𝑖𝑧
SOLUÇÃO: Sabemos que 𝑠𝑒𝑛(𝑧) = . Então, 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑛) =
2𝑖
𝑒 𝑖𝜔𝑛 −𝑒 −𝑖𝜔𝑛
2𝑖

Logo, pela propriedade de linearidade, tem-se


1
𝑍{𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑛)} = (𝑍{𝑒 𝑖𝜔𝑛 } − 𝑍{𝑒 −𝑖𝜔𝑛 })
2𝑖
𝑧 𝑧
Do exemplo 8.2 tem-se 𝑍{𝑒 𝑖𝜔𝑛 } = 𝑧−𝑒 𝑖𝜔 e 𝑍{𝑒 −𝑖𝜔𝑛 } = 𝑧−𝑒 −𝑖𝜔.
Substituindo tem-se
1 𝑧 𝑧
𝑍{𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑛)} = ( − )
2𝑖 𝑧 − 𝑒 𝑖𝜔 𝑧 − 𝑒 −𝑖𝜔
1 𝑧(𝑧 − 𝑒 −𝑖𝜔) − 𝑧(𝑧 − 𝑒 𝑖𝜔 )
=
2𝑖 𝑧 2 − 𝑧𝑒 −𝑖𝜔 − 𝑧𝑒 𝑖𝜔 + 1

210
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1 𝑧 2 − 𝑧𝑒 −𝑖𝜔 − 𝑧 2 + 𝑧𝑒 𝑖𝜔
=
2𝑖 𝑧 2 − 𝑧(𝑒 𝑖𝜔 + 𝑒 −𝑖𝜔 ) + 1
1 𝑧(𝑒 𝑖𝜔 − 𝑒 −𝑖𝜔 )
=
2𝑖 𝑧 2 − 2𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜔) + 1
𝑠𝑒𝑛(𝜔)
=
𝑧 2 + 1 − cos (𝜔)

P2: Translação (ou Deslocamento)


𝒌−𝟏
𝑭(𝒛)
𝒁{𝒇𝒏+𝒌 } = 𝒛𝒌 [𝑭(𝒛) − ∑ 𝒇𝒏 𝒛−𝒏 ] 𝒆 𝒁{𝒇𝒏−𝒌 } =
𝒛𝒌
𝒏=𝟎

𝑧
Exemplos 8.7: Já conhecemos que 𝑍{𝑒 𝛼𝑛 } = 𝐹(𝑧) = 𝑧−𝑒 𝛼. (note que

aqui, 𝑓𝑛 = 𝑒 𝛼𝑛 ).
𝑧 𝑧 𝑓
1o 𝑍{𝑒 𝛼(𝑛+2) } = 𝑧 2 [𝑧−𝑒 𝛼 − ∑1𝑛=0 𝑓𝑛 𝑧 −𝑛 ] = 𝑧 2 [𝑧−𝑒 𝛼 − 𝑓0 − 𝑧1 ]

𝑧 𝑒𝛼
= 𝑧2 [ − 1 − ]
𝑧 − 𝑒𝛼 𝑧

𝑧 2 − 𝑧(𝑧 − 𝑒 𝛼 ) − 𝑒 𝛼 (𝑧 − 𝑒 𝛼 )
= 𝑧2
𝑧(𝑧 − 𝑒 𝛼 )

𝑧𝑒 𝛼
=
𝑧 − 𝑒𝛼
𝐹(𝑧) 𝑧 1
2o 𝑍{𝑒 𝛼(𝑛−2) } = = 𝑧 2(𝑧−𝑒 𝛼) = 𝑧−𝑒 𝛼
𝑧2

P3. Convolução. Se 𝑍{𝑓𝑛 } = 𝐹(𝑧) e 𝑍{𝑔𝑛 } = 𝐺(𝑧), então

𝒁{𝒇𝒏 ∗ 𝒈𝒏 } = 𝑭(𝒛)𝑮(𝒛)

P4. Derivada da transformada Z. Seja 𝑍{𝑓𝑛 } = 𝐹(𝑧). Então

𝒅
𝒁{𝒏𝒇𝒏 } = −𝒛 𝑭(𝒛)
𝒅𝒛

211
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Exemplos 8.8:
𝑑 𝑧 𝑧−1−𝑧 𝑧
1o 𝑍{𝑛} = 𝑍{𝑛. 1} = −𝑧 𝑑𝑧 [𝑧−1] = −𝑧 (𝑧−1)2 = (𝑧−1)2

𝑎𝑛
O raio de convergência da série é 𝑅 = lim |𝑎 | = 1.
𝑛→∞ 𝑛+1

1
Logo, a serie converge para |𝑧| > 𝑅 = 1

𝑑 𝑧 (𝑧−1)2 −2𝑧(𝑧−1) 𝑧(𝑧+1)


2o 𝑍{𝑛2 } = 𝑍{𝑛. 𝑛} = −𝑧 𝑑𝑧 [(𝑧−1)2] = −𝑧 (𝑧−1)4
= (𝑧−1)3

P5. Valor inicial. Se 𝑍{𝑓𝑛 } = 𝐹(𝑧), então

𝒇𝟎 = 𝐥𝐢𝐦 𝑭(𝒛)
𝒏→∞

Exemplos 8.9:

(1−𝑧 −1 )2
1o 𝐹(𝑧) = 1−0.5𝑧 −1 lim 𝐹(𝑧) = 1 ⇒ 𝑓0 = 1
𝑛→∞

(𝑧−1)2
2o 𝐹(𝑧) = lim 𝐹(𝑧) = ∞ ⇒ F(z) não é transformada Z de
𝑧−0.5 𝑛→∞

uma sequência 𝑓𝑛 .

Tabela de Transformadas Z unilaterais de funções discretas elementares

212
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Transformada Z unilateral inversa


Se 𝑍{𝑓𝑛 } = 𝐹(𝑧), então

𝒇𝒏 = 𝒁−𝟏 {𝑭(𝒛)}

• Determinação da transforada inversa 𝒁−𝟏 {𝑭(𝒛)} usando a


transformada Z unilateral e suas proriedades

Exemplos 8.10:
2 6
1o Determinar a transformada Z inversa de 𝐹(𝑧) = 3 + 𝑧 + 𝑧 2

Singularidades: 𝑧 = 0 (polo de ordem 4)

1 1
𝑍 −1 {𝐹(𝑧)} = 3𝑍 −1 {1} + 2𝑍 −1 { } + 6𝑍 −1 { 4 } (𝑨)
𝑧 𝑧
𝐹(𝑧)
Pela propriedade de translação 𝑍{𝑓𝑛−𝑘 } = , resulta
𝑧𝑘

𝐹(𝑧) 𝐹(𝑧)
𝑍{𝑓𝑛−1 } = e 𝑍{𝑓𝑛−4 } =
𝑧 𝑧4

E lembrando-se que 𝑍{𝛿(𝑛)} = 1, logo 𝑍 −1 {1} = 𝛿(𝑛).

Substituindo isto em (A) obtém-se

𝑍 −1 {𝐹(𝑧)} = 𝑓𝑛 = 3𝛿(𝑛) + 2𝛿(𝑛 − 1) + 6𝛿(𝑛 − 4), 𝑛 ≥ 0

1, 𝑛 = 1 1, 𝑛 = 4
Como 𝛿(𝑛 − 1) = { e 𝛿(𝑛 − 4) = { tem-se
0, 𝑛 ≠ 1 0, 𝑛 ≠ 4

𝑓𝑛 = 3𝛿(𝑛) + 2𝛿(𝑛 − 1) + 6𝛿(𝑛 − 4)

𝑓0 = 3.1 + 2.0 + 6.0 = 3


𝑓1 = 3.0 + 2.1 + 6.0 = 2
𝑓2 = 3.0 + 2.0 + 6.0 = 0
𝑓3 = 3.0 + 2.0 + 6.0 = 0
𝑓4 = 3.0 + 2.0 + 6.1 = 6
𝑓5 = 3.0 + 2.0 + 6.0 = 0
𝑓𝑘 = 0, 𝑘≥5
A sucessão transformada Z unilateral inversa 𝑓𝑛 é {𝑓𝑛 } =
{3, 2, 0, 0, 6, 0, 0, 0, … }
3𝑧
2o Determinar a transformada Z inversa de 𝐹(𝑧) = 2 − 𝑧−4

213
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Singularidades: 𝑧 = 4 (polo de ordem 1)


𝑧
𝑍 −1 {𝐹(𝑧)} = 2𝑍 −1 {1} − 3𝑍 −1 { }
𝑧−4
𝑧 𝑧
Lembrando-se que 𝑍{𝑎𝑛 } = 𝑧−𝑎, então, 𝑍 −1 {𝑧−4} = 4𝑛 .

Logo

𝑓𝑛 = 2𝛿(𝑛) − 3. 4𝑛
𝑓0 = 2.1 − 3. 40 = −1
𝑓1 = 2.0 − 3. 41 = −12
𝑓2 = 2.0 − 3. 42 = −48
𝑓3 = 2.0 − 3. 43 = −192

• Determinação da transformada Z unilateral inversa por


decomposição em fracções parciais

Exemplos 8.11:
𝑧−1
1o Determinar a transformada Z inversa de 𝐹(𝑧) = (𝑧+1)(𝑧−0.5)

Singularidades: 𝑧 = −1 e 𝑧 = 0.5

Decompor a fracção em fracções parciais

𝑧−1 𝐴 𝐵
= +
(𝑧 + 1)(𝑧 − 0.5) 𝑧 + 1 𝑧 − 0.5

Determinemos os valores de A e B que satisfazem a igualdade

𝑧 − 1 = 𝐴(𝑧 − 0.5) + 𝐵(𝑧 + 1)

𝑧 − 1 = (𝐴 + 𝐵)𝑧 − 0.5𝐴 + 𝐵

Para que se verifique esta igualdade,

𝐴+𝐵 =1 4 1
{ ⇒𝐴= 𝑒 𝐵=−
−0.5𝐴 + 𝐵 = −1 3 3
Logo,

𝑧−1 4 1 1 1
𝐹(𝑧) = = . − .
(𝑧 + 1)(𝑧 − 0.5) 3 𝑧 + 1 3 𝑧 − 0.5

214
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Como não temos transformadas Z com uma constante no numerador, mas


sim, com z, então vamos rescrever 𝐹(𝑧), multiplicando cada fracção por z
e dividindo por z, para não alterar seu valor.

𝑧−1 4 𝑧 1 𝑧
𝐹(𝑧) = = . − .
(𝑧 + 1)(𝑧 − 0.5) 3 𝑧(𝑧 + 1) 3 𝑧(𝑧 − 0.5)

4 1 𝑧 1 1 𝑧
𝑓𝑛 = 𝑍 −1 {𝐹(𝑧)} = 𝑍 −1 { . } − 𝑍 −1 { . }
3 𝑧 𝑧+1 3 𝑧 𝑧 − 0.5
𝐹(𝑧) 𝑧
Lembremos que 𝑍{𝑓𝑛−1 } = , e 𝑍{𝑎𝑛 } = 𝑧−𝑎. Então, 𝑓𝑛 pode-se
𝑧

escrever como

4 1
𝑓𝑛 = (−1)𝑛−1 − (0.5)𝑛−1 , 𝑛 ≥ 1
3 3
Pela propriedade de Valor inicial,

𝑧−1
𝑓0 = lim 𝐹(𝑧) = lim =0
𝑧→∞ 𝑧→∞ (𝑧 + 1)(𝑧 − 0.5)

Tem-se

0 𝑛=0
𝑓𝑛 = { 4 1
(−1)𝑛−1 − (0.5)𝑛−1 , 𝑛 ≥ 1
3 3
3 5 11 21
A sucessão 𝑓𝑛 é {0, 1, − 2 , 4 , − , 16 , … }
8

𝑧(𝑧−1)
2o Determinar a transformada Z inversa de 𝐹(𝑧) =
(𝑧+1)(𝑧−0.5)

Singularidades: 𝑧 = −1 e 𝑧 = 0.5
𝑧(𝑧−1) 𝐹(𝑧) 𝑧−1
Observe que 𝐹(𝑧) = (𝑧+1)(𝑧−0.5) ⇔ = (𝑧+1)(𝑧−0.5)
𝑧

𝑧−1 4 1 1 1
Já que (𝑧+1)(𝑧−0.5) = 3 . 𝑧+1 − 3 . 𝑧−0.5, então

𝐹(𝑧) 4 1 1 1
= . − .
𝑧 3 𝑧 + 1 3 𝑧 − 0.5
De onde vem que

4 𝑧 1 𝑧
𝐹(𝑧) = . − .
3 𝑧 + 1 3 𝑧 − 0.5

215
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Logo,

4 𝑧 1 𝑧
𝑓𝑛 = 𝑍 −1 { } − 𝑍 −1 { }
3 𝑧+1 3 𝑧 − 0.5
𝑧
Lembrando-se que 𝑍{𝑎𝑛 } = 𝑧−𝑎. Então,

4 1
𝑓𝑛 = (−1)𝑛 − (0.5)𝑛 𝑛≥0
3 3
3 5 11 21
A sucessão 𝑓𝑛 é {1, − , , − , ,…}
2 4 8 16

Observe que 𝑓0 = 1 verifica a propriedade de valor inicial

𝑧(𝑧 − 1)
𝑓0 = lim =1
𝑧→∞ (𝑧 + 1)(𝑧 − 0.5)

• Determinação da transformada Z unilateral inversa por


expansão em série de potências

Exemplo 8.12: Determinar a transformada Z inversa de 𝐹(𝑧) =


10𝑧
.
(𝑧−1)(𝑧−2)

Vamos escrever a fracção de 𝐹(𝑧) com potências de 𝑧 −𝑛 , 𝑛 ≥ 0.

10𝑧 10𝑧
𝐹(𝑧) = = 2
(𝑧 − 1)(𝑧 − 2) 𝑧 − 3𝑧 + 2

Para obtermos potencias de 𝑧 −𝑛 dividimos o numerador e o denominador


pela maior potencia de z que está no denominador. No nosso caso é 𝑧 2 .
Obtém-se

10𝑧 −1
𝐹(𝑧) =
1 − 3𝑧 −1 + 2𝑧 −2

Para obtermos a expansão em serie de potencias basta efectuarmos esta


divisão de polinómios pelo procedimento usual. O resultado da divisão é
a transformada Z unilateral da sucessão 𝑓𝑛 .

216
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10𝑧 −1 1 − 3𝑧 −1 + 2𝑧 −2
−(10𝑧 −1 − 30𝑧 −2 + 20𝑧 −3 ) 10𝑧 −1 + 30𝑧 −2 + 70𝑧 −3 + 150𝑧 −4 +
−5
310𝑧 +⋯
30𝑧 −2 − 20𝑧 −3

−(30𝑧 −2 − 90𝑧 −3 + 60𝑧 −4 )

70𝑧 −3 − 60𝑧 −4

−(70𝑧 −3 − 210𝑧 −4 140𝑧 −5 )

150𝑧 −4 − 140𝑧 −5

−(150𝑧 −4 − 450𝑧 −5 + 300𝑧 −6 )

310𝑧 −5 − 300𝑧 −6

−(310𝑧 −5 − 930𝑧 −6 + 620𝑧 −7)

630𝑧 −6 − 620𝑧 −7
.
.
.

O processo continua infinitamente.

Então,
𝐹(𝑧) = 10𝑧 −1 + 30𝑧 −2 + 70𝑧 −3 + 150𝑧 −4 + 310𝑧 −5 + ⋯
Como

𝑓𝑛 = ∑ 𝑓𝑛 𝑧 −𝑛 = 𝑓0 + 𝑓1 𝑧 −1 + 𝑓2 𝑧 −2 + 𝑓3 𝑧 −3 + ⋯
𝑛=0

Logo,
𝑍 −1 {𝑓𝑛 } = 𝑓𝑛 = {0, 10, 30, 70, 150, 310, … }
𝑓𝑛 = 10. 2𝑛 − 10 = 10(2𝑛 − 1), 𝑛 ≥ 0

Aplicação da transformada Z na resolução de Equações de diferenças

Definição 8.3. (Equação de diferenças). Uma equação de diferenças (ou


uma fórmula de recorrências) é uma relação entre os termos de uma
sucessão (𝑦𝑛 ).

Exemplo 8.12:

(𝑛 + 2)𝑦𝑛+1 − 3𝑦𝑛 = 𝑛2 + 2
{
𝑦0 = 0

217
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Esta é uma equação linear não homogénea, com coeficiente variável,


sujeita à condição inicial 𝑦0 = 0.

𝑛 = 0 ⇒ 2𝑦1 − 3𝑦0 = 2 ⇒ 𝑦1 = 1
𝑛 = 1 ⇒ 3𝑦2 − 3𝑦1 = 3 ⇒ 𝑦2 = 2
𝑛 = 2 ⇒ 4𝑦3 − 3𝑦2 = 6 ⇒ 𝑦3 = 3
𝑛 = 3 ⇒ 5𝑦4 − 3𝑦3 = 11 ⇒ 𝑦4 = 4
𝑛 = 4 ⇒ 6𝑦5 − 3𝑦4 = 18 ⇒ 𝑦5 = 6
.
.
.
𝑦𝑛 = 𝑛

A solução 𝑦𝑛 = 𝑛 é uma soluçõo particular. A solução geral desta equaçao


de diferenças é dada por

3𝑛
𝑦𝑛 = 𝑛 + 𝑦0
(𝑛 + 1)!

A questão é:

Como determinar a solução particular ou a solução geral de uma


equação de diferenças linear?

Ordens das equações de diferenças

1a ordem: 𝑎𝑛 𝑦𝑛+1 + 𝑏𝑛 𝑦𝑛 = 𝑓𝑛
2a ordem: 𝑎𝑛 𝑦𝑛+2 + 𝑏𝑛 𝑦𝑛+1 + 𝑐𝑛 𝑦𝑛 = 𝑓𝑛
3a ordem: 𝑎𝑛 𝑦𝑛+3 + 𝑏𝑛 𝑦𝑛+2 + 𝑐𝑛 𝑦𝑛+1 + 𝑑𝑛 𝑦𝑛 = 𝑓𝑛
.
.
.

Se 𝑓𝑛 = 0 a equação de diferenças linear é homogénea, caso contrário é


não homogénea.

Solução de equações a diferenças lineares por intermédio da


transformada Z unilateral

Propriedade de translação:
𝑘−1
𝐹(𝑧)
𝑍{𝑓𝑛+𝑘 } = 𝑧 𝑘 [𝐹(𝑧) − ∑ 𝑓𝑛 𝑧 −𝑛 ] 𝑒 𝑍{𝑓𝑛−𝑘 } =
𝑧𝑘
𝑛=0

218
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Exemplos 8.12: Resolve as seguintes equações de diferenças aplicando a


transformada Z unilateral

𝑦𝑛+2 + 3𝑦𝑛+1 + 2𝑦𝑛 = 3𝑛


1o { 𝑦0 = 1
𝑦1 = 0

Usemos a notação 𝑍{𝑦𝑛 } = 𝑌(𝑧)

Aplicando a transformada Z unilateral à equação de diferenças linear de


segunda ordem, tem-se

𝑍{𝑦𝑛+2 } + 3𝑍{𝑦𝑛+1 } + 2𝑍{𝑦𝑛 } = 𝑍{3𝑛 }


𝑧
Usando a propriedade de translação, lembrando-se que 𝑍{𝑎𝑛 } = 𝑧−𝑎,
obtém-se
𝑦1 𝑧
𝑧 2 [𝑌(𝑧) − 𝑦0 − ] + 3𝑧[𝑌(𝑧) − 𝑦0 ] + 2𝑌(𝑧) =
𝑧 𝑧−3
𝑧
𝑧 2 𝑌(𝑧) − 𝑧 2 𝑦0 − 𝑧𝑦1 + 3𝑧𝑌(𝑧) − 3𝑧𝑦0 + 2𝑌(𝑧) =
𝑧−3
Substituindo as condições iniciais, resulta
𝑧
𝑧 2 𝑌(𝑧) − 𝑧 2 + 3𝑧𝑌(𝑧) − 3𝑧 + 2𝑌(𝑧) =
𝑧−3
𝑧
(𝑧 2 + 3𝑧 + 2)𝑌(𝑧) = 𝑧 2 + 3𝑧
𝑧−3
𝑧 𝑧(𝑧 + 3)
𝑌(𝑧) = +
(𝑧 + 1)(𝑧 + 2)(𝑧 − 3) (𝑧 + 1)(𝑧 + 2)

𝑌(𝑧) 1 𝑧+3
= +
𝑧 (𝑧 + 1)(𝑧 + 2)(𝑧 − 3) (𝑧 + 1)(𝑧 + 2)

Decompondo-se as fracções à direita em fracções parciais, tem-se:

Decomposição da primeira fracção:

1 𝐴 𝐵 𝐶
= + +
(𝑧 + 1)(𝑧 + 2)(𝑧 − 3) 𝑧 + 1 𝑧 + 2 𝑧 − 3

As singularidades são 𝑧 = −1, 𝑧 = −2 𝑒 𝑧 = 3

Determinemos A, B e C através de limites tendendo para cada


singularidade

219
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1(𝑧 + 1)
lim
𝑧→−1 (𝑧 + 1)(𝑧 + 2)(𝑧 − 3)

𝐴(𝑧 + 1) 𝐵(𝑧 + 1) 𝐶(𝑧 + 1)


= lim + lim + lim
𝑧→−1 𝑧 + 1 𝑧→−1 𝑧 + 2 𝑧→−1 𝑧 − 3

1 1
= 𝐴 + 0 + 0 ⇒ 𝐴 = −4
−4

1(𝑧 + 2)
lim
𝑧→−2 (𝑧 + 1)(𝑧 + 2)(𝑧 − 3)

𝐴(𝑧 + 2) 𝐵(𝑧 + 2) 𝐶(𝑧 + 2)


= lim + lim + lim
𝑧→−2 𝑧 + 1 𝑧→−2 𝑧 + 2 𝑧→−2 𝑧 − 3

1 1
= 0+𝐵+0 ⇒𝐵 = 3
3

1(𝑧 − 3)
lim
𝑧→3 (𝑧 + 1)(𝑧 + 2)(𝑧 − 3)

𝐴(𝑧 − 3) 𝐵(𝑧 − 3) 𝐶(𝑧 − 3)


= lim + lim + lim
𝑧→3 𝑧 + 1 𝑧→3 𝑧 + 2 𝑧→3 𝑧 − 3

1 1
= 0 + 0 + 𝐶 ⇒ 𝐶 = 20
20

Então,

1 1 1 1 1 1 1
=− . + . + .
(𝑧 + 1)(𝑧 + 2)(𝑧 − 3) 4 𝑧 + 1 3 𝑧 + 2 20 𝑧 − 3

Decomposição da segunda fracção:

𝑧+3 𝐷 𝐸
= +
(𝑧 + 1)(𝑧 + 2) 𝑧 + 1 𝑧 + 2

𝑧+3 𝐷(𝑧 + 1) 𝐸(𝑧 + 1)


lim (𝑧 + 1) = lim + lim
𝑧→−1 (𝑧 + 1)(𝑧 + 2) 𝑧→−1 𝑧 + 1 𝑧→−1 𝑧 + 2

2
=𝐷+0 ⇒𝐷 =2
1
𝑧+3 𝐷(𝑧 + 2) 𝐸(𝑧 + 2)
lim (𝑧 + 2) = lim + lim
𝑧→−2 (𝑧 + 1)(𝑧 + 2) 𝑧→−2 𝑧 + 1 𝑧→−2 𝑧 + 2

1
= 0 + 𝐸 ⇒ 𝐸 = −1
−1
Então,

𝑧+3 2 1
= −
(𝑧 + 1)(𝑧 + 2) 𝑧 + 1 𝑧 + 2

220
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Portanto,

𝑌(𝑧) 1 1 1 1 1 1 2 1
=− . + . + . + −
𝑧 4 𝑧 + 1 3 𝑧 + 2 20 𝑧 − 3 𝑧 + 1 𝑧 + 2
Ou seja,

𝑌(𝑧) 7 1 4 1 1 1
= . − . + .
𝑧 4 𝑧 + 1 5 𝑧 + 2 20 𝑧 − 3
7 𝑧 4 𝑧 1 𝑧
𝑌(𝑧) = . − . + .
4 𝑧 + 1 5 𝑧 + 2 20 𝑧 − 3
Aplicando-se a transformada Z unilateral inversa, obtém-se

7 𝑧 4 𝑧 1 𝑧
𝑍 −1 {𝑌(𝑧)} = 𝑍 −1 { } − 𝑍 −1 { } + 𝑍 −1 { }
4 𝑧+1 5 𝑧+2 20 𝑧−3
𝑧
Lembrando-se que 𝑍{𝑎𝑛 } = 𝑧−𝑎, pode-se escrever

7 4 1
𝑦𝑛 = (−1)𝑛 − (−2)𝑛 + 3𝑛 , 𝑛≥0
4 5 20

A sucessão é (𝑦𝑛 ) = {1, 0, −1, 6, … }

𝑢𝑛+3 − 𝑢𝑛+2 − 𝑢𝑛+1 + 𝑢𝑛 = 0


𝑢0 = 0
2o {
𝑢1 = 1
𝑢2 = 2

Notação: 𝑍{𝑢𝑛 } = 𝑈(𝑧)

Aplicando a transformada Z unilateral à esta equação de diferenças


linear de terceira ordem, e usando as condições iniciais, tem-se

𝑍{𝑢𝑛+3 } − 𝑍{𝑢𝑛+2 } − 𝑍{𝑢𝑛+1 } + 𝑍{𝑢𝑛 } = 𝑍{0}

Usando a propriedade de translação, tem-se


2 1
3 −𝑛
𝑧 [𝑈(𝑧) − ∑ 𝑢𝑛 𝑧 ] − 𝑧 [𝑈(𝑧) − ∑ 𝑢𝑛 𝑧 −𝑛 ]
2

𝑛=0 𝑛=0
0

− 𝑧 [𝑈(𝑧) − ∑ 𝑢𝑛 𝑧 −𝑛 ] + 𝑈(𝑧) = 0
𝑛=0

𝑢1 𝑢2 𝑢1
𝑧 3 [𝑈(𝑧) − 𝑢0 − − 2 ] − 𝑧 2 [𝑈(𝑧) − 𝑢0 − ] − 𝑧𝑈(𝑧) − 𝑧𝑢0
𝑧 𝑧 𝑧
+ 𝑈(𝑧) = 0

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

Substituindo as condições iniciais e computando, tem-se

𝑧 3 𝑈(𝑧) − 𝑧 2 − 2𝑧 − 𝑧 2 𝑈(𝑧) + 𝑧 − 𝑧𝑈(𝑧) + 𝑈(𝑧) = 0

(𝑧 3 − 𝑧 2 − 𝑧 + 1)𝑈(𝑧) = 𝑧 2 + 𝑧

(𝑧 − 1)(𝑧 2 − 1)𝑈(𝑧) = 𝑧(𝑧 + 1)

𝑧(𝑧 + 1)
𝑈(𝑧) =
(𝑧 − 1)(𝑧 − 1)(𝑧 + 1)
𝑧
𝑈(𝑧) =
(𝑧 − 1)2

𝑧 = 1 é polo de ordem 2 de U(z)

Aplicando a transformada Z unilateral inversa, tem-se


𝑧
𝑍 −1 {𝑈(𝑧)} = 𝑢𝑛 = 𝑍 −1 {(𝑧−1)2} = 𝑛 (resultado do exemplo 8.8)

Portanto, a solução da equação de diferença dada é 𝑢𝑛 = 𝑛, 𝑛 ≥ 0.

A sucessão é 𝑢𝑛 = {0, 1, 2, 3, … }

Sumário

Neste Tema 8 estudamos e discutimos fundamentalmente o cálculo da


transformada Z unilateral, da transformada Z unilateral inversa através
de suas propriedades, por decomposição em fracções parciais e por
expansão em série de potencias. Estudamos também a resolver equações
de diferenças aplicando a transformada Z.

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO
1 𝑛
1. Seja 𝑥𝑛 uma sucessão definida por 𝑥𝑛 = 2. (4) , 𝑛 > 0.

Determine 𝑍{𝑥𝑛 }.
2. Seja 𝑦𝑛 uma sucessão definida por 𝑦𝑛 = 𝑛 − 2. 3𝑛 , 𝑛 ≥ 0.
Determine 𝑍{𝑦𝑛 }.
3. Seja 𝑓𝑛 uma sucessão definida por 𝑓𝑛 = 𝑛. 𝑠𝑒𝑛(𝛽𝑛), 𝑛 ≥ 0.
Determine 𝑍{𝑓𝑛 }.
4. Determine a transformada Z unilateral inversa de
10𝑧
𝐹(𝑧) =
𝑧2 − 3𝑧 + 2
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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

pelo método de fracções parciais


5. Determine a transformada Z unilateral inversa de
2𝑧 2 − 7𝑧 + 7
𝐹(𝑧) =
(𝑧 − 1)2 (𝑧 − 2)
pelo método de fracções parciais
6. Determine a transformada Z unilateral inversa de
𝑧 2 − 2𝑧
𝐹(𝑧) =
(𝑧 = 1)(𝑧 2 + 3)
pelo método de expansão em série de potências.
7. Usando a transformada Z unilateral resolve as equações de
diferenças
𝑦𝑛+2 − 6𝑦𝑛+1 + 5𝑦𝑛 = 3
(a) { 𝑦0 = 0
𝑦1 = 1
(b) 3𝑦𝑛 + 27𝑦𝑛−1 = 3𝑛

8𝑧 𝑧 2𝑧 (𝑧 3 −𝑧)𝑠𝑒𝑛(𝛽)
Respostas: 1. 4𝑧−1; 2. − (𝑧−1)2 − 𝑧−3; 3. 𝑧 2−2𝑧𝑐𝑜𝑠(𝛽)+1;

4. 10(2𝑛 − 1), 𝑛 ≥ 0;

0, 𝑛=0
5. 𝑓𝑛 = { 𝑛−1 ; 6. 𝑓𝑛 = {0, 1, −2, −4, 2, 11, … };
3 − 2𝑛 + (2𝑛) , 𝑛 ≥ 1
7 3 7 1 1−𝑖
7a) 𝑦𝑛 = 16 5𝑛 − 4 𝑛 − 16 , 𝑛 ≥ 0; 7b) 𝑦𝑛 = 6 3𝑛 + (3𝑖)𝑛 +
12
1+𝑖
(3𝑖)𝑛
12

Exercícios para AVALIAÇÃO


1 𝑛
1. Seja 𝑥𝑛 uma sucessão definida por 𝑥𝑛 = 3. (− 2) , 𝑛 ≥ 0.

Determine 𝑍{𝑥𝑛 }.
2. Seja 𝑓𝑛 uma sucessão definida por 𝑓𝑛 = 𝑛. cos (𝛽𝑛), 𝑛 ≥ 0.
Determine 𝑍{𝑓𝑛 }.
3. Determine a transformada Z unilateral inversa de
𝑧(𝑧 + 3)
𝐹(𝑧) =
1 2
(𝑧 + 2) (𝑧 + 3)
pelo método de fracções parciais.

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UnISCED CURSO: ENGENHARIA INFORMÁTICA; 20 Ano Disciplina/Módulo: Análise Matemática III

4. Determine a transformada Z unilateral inversa de


3𝑧
𝐹(𝑧) =
(𝑧 − 1)(3𝑧 + 2)
pelo método de expansão em série de potências
5. Usando a transformada Z unilateral resolve as equações de
diferenças
𝑦𝑛+2 − 4𝑦𝑛 = 2𝑛
(a) { 𝑦0 = 0
𝑦1 = 1
(b) 𝑦𝑛 − 4𝑦𝑛−1 + 3𝑦𝑛−2 = 2𝑛

Referência bbibliográfica
Júnior, W. A. A. & Cruz, R. R. W. (2010), Introdução à transformada Z,
www.eletr.ufpr.r
Luiz, N. R. (2014), Séries-transformadas. Notas de aulas,
utpr.edu.brrudiarnos, UTPR

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