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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:

Campo de Aplicação da Cartografia Digital

Nome do Estudante: Celma João

Código: 708224933

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Cadeira: Cartografia
Ano de frequência: 2º Ano

Nampula, Maio de 2023


Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 1

1.1. Objectivos......................................................................................................................... 1

1.1.1. Geral .......................................................................................................................... 1

1.1.2. Específicos ................................................................................................................ 1

1.2. Metodologia ..................................................................................................................... 1

2. Campo de Aplicação da Cartografia Digital............................................................................ 2

2.1. Descrição da cartografia ................................................................................................... 2

2.2. Cartografia Digital: domínio das geotcnologias e sua evolução ...................................... 3

2.3. Cartografia Digital: conceitos e práticas .......................................................................... 7

2.4. Estrutura de dados em Cartografia Digital ..................................................................... 12

2.5. Aplicação da cartografia digital ..................................................................................... 13

2.5.1. Cartografia digital na Educação .............................................................................. 14

2.5.2. A cartografia digital aplicada à investigação urbanística ....................................... 15

3. Considerações finais .............................................................................................................. 17

4. Bibliografia ............................................................................................................................ 18
1. Introdução

Ao longo do tempo, o mapa não tem sido apenas uma ferramenta de uso técnico ou profissional,
embora até neste âmbito tenha, com o advento da tecnologia, alcançado um avanço significativo
em suas formas de produção e utilização (Roberto & Carvalho, 2014).

Não obstante, paralelamente a este uso, a ciência cartográfica aliada a informática vem
projetando várias tecnologias que acopladas a dispositivos de uso cada vez mais popular como
telefones celulares e computadores, ou por meio da Internet (Roberto & Carvalho, 2014).

Portanto, a evolução da informática permitiu não só a criação novos mapas, mais precisos e bem
construídos, mas também integrar vários dados e mapas e analisá-los em conjunto, possibilitando
a realização de estudos complexos e a criação de bancos de dados georreferenciado (Tinfem,
2016). Por fim, segundo Santos (2016), aponta que a cartografia digital visa à representação
gráfica da realidade geográfica através da computação, fornecendo mais rapidez e precisão na
elaboração dos mapas finais.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral

• Descrever as principais das diversas áreas da Cartografia Digital.

1.1.2. Específicos

• Entender os princípios da Cartografia Digital;


• Compreender as diferentes abordagens da evolução digital na Cartografia;
• Explicar a atuação cartográfica em alguns campos de aplicação.

1.2. Metodologia

Para atingir o objectivo do presente trabalho e a sua materialização foi feita uma leitura e
pesquisa bibliográfica, utilizando artigos científicos, dissertações, livros, e páginas de instituições
públicas e privadas, para assim compilar o resumo teórico deste trabalho.

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2. Campo de Aplicação da Cartografia Digital
2.1. Descrição da cartografia

De acordo com Duarte (2002), a cartografia pode ser considerada uma ciência, pois está inserida
em um campo de atividade humana que requer o desenvolvimento de conhecimentos específicos,
aplicação sistemática de operações de campo e laboratório, planejamento dessas operações,
metodologia de trabalho e aplicação de técnicas, além do conhecimento de outras ciências.

A sensibilidade artística é própria, também, de todo trabalho cartográfico. Por ser caracterizado
como documento exclusivamente visual, o mapa está submetido a leis fisiológicas de percepção
da imagem (Cintra, 2017). Assim, para que a sensibilidade artística é própria, também, de todo
trabalho cartográfico. Por ser caracterizado como documento exclusivamente visual, o mapa está
submetido a leis fisiológicas de percepção da imagem (Cintra, 2017). Assim, para que se cumpra
corretamente sua função de transmitir a informação ao receptor (dentro da ótica de comunicação),
é essencial que haja harmonia entre cores, símbolos, boa disposição dos elementos (traçados,
legenda, letreiros), respeitando sempre as regras da semiologia gráfica, e primando pela estética.
Nesse sentido, Duarte (2002) afirma que o trabalho cartográfico deve objetivar o ideal da beleza.

Na representação cartográfica, o caráter artístico, juntamente com o científico, deve compor um


conjunto harmonioso, que satisfaça o leitor por meio da beleza, e garanta a qualidade e o nível de
informação fornecida (Pereira, 2013).

Atualmente, com a difusão das geotecnologias, em especial das ferramentas de


geoprocessamento, nas quais se inserem os sistemas de informações geográficas (SIG), a técnica
assume destacada relevância entre os três itens discutidos (Pereira, 2013).

A história da cartografia estende-se desde os primórdios da humanidade até a atualidade. Em


função de todo o tempo decorrido e das evoluções tecnológicas consequentes, organizou-se de
diversas formas, variando de acordo com o período e localização geográfica analisados (Pereira,
2013). Nessa linha temporal, o geoprocessamento pode ser inserido na fase mais atual, visto que
surgiu após o advento dos sistemas de computação (Tinfem, 2016).
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A nova forma de produzir e compartilhar mapas foi revolucionária. Os mapas em papel, ademais
de necessitarem de um grande espaço para armazenamento, cobrem uma área pequena e não
podem ser atualizados, apenas substituídos. Os digitais por sua vez, além de conterem uma
quantidade enorme de detalhes, normalmente são atualizáveis, dependendo apenas de uma
conexão do aparelho emissor com bancos de dados ou satélites (Roberto & Carvalho, 2014). A
evolução da informática permitiu não só a criação novos mapas, mais precisos e bem construídos,
mas também integrar vários dados e mapas e analisá-los em conjunto, possibilitando a realização
de estudos complexos e a criação de bancos de dados georreferenciados. Através do
Geoprocessamento é possível analisar características como relevo, fauna, flora, rotas comerciais e
limites políticos, simultaneamente (Tinfem, 2016).

É importante destacar que a cartografia convive com pluralismos epistemológicos, o que ocorre
em qualquer outra ciência. Compreender pontos de vista distintos nos permite visualizar o
assunto por outro ângulo, facilitando o entendimento dos "porquês" de diferentes abordagens. Ao
defender uma posição, é importante conhecê-la tão bem quanto suas antagônicas, para que as
críticas sejam baseadas em argumentos científicos concretos, e não em "achismos" do senso
comum. Desse modo, é de fundamental importância que você pesquise sobre as diversas
abordagens existentes na cartografia, assim como na Geografia em geral (Pereira, 2013).

Cartografia é a ciência que envolve a coleta, o tratamento, o armazenamento, a representação, a


manutenção, a atualização de dados cartográficos e a produção de mapas a partir destes dados.
(Roberto & Carvalho, 2014).

2.2. Cartografia Digital: domínio das geotcnologias e sua evolução

Desde a antiguidade o homem enxergou o imperativo de conhecer o espaço não somente com o
intuito de sobreviver em busca de um lugar para sua habitação, mas também para desenvolver e
administrar, territorializando e gerindo os recursos e potencialidades naturais que o entorno
poderia lhe proporcionar. Dentro deste contexto, os primeiros grupos nômades deram origem a
aglomerados populacionais em partes distintas do Globo, ocasionando mais tarde o aparecimento

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das primeiras civilizações Entretanto, com a massificação destas populações nos espaços de
habitação tendo em vista a adequação das atividades humanas (moradia, trabalho) e seus recursos
de sobrevivência, o homem viu a necessidade de elaborar meios que descrevessem mais
especificamente as características do espaço em busca de geri-lo mais organizadamente
atendendo as demandas e planejando seu território para o futuro.

Com o passar do tempo foram desenvolvidas técnicas para apresentar o espaço por meio de
representações que se aproximassem mais fielmente da realidade. Então com o advento das
navegações e do avanço científico, a partir da formulação destas primeiras representações
espaciais, caracterizou-se a evolução do mapa que ao longo do tempo e precisamente há poucas
décadas, tornou-se cada vez mais aprimorado devido ao avanço tecnológico e informacional
(Roberto & Carvalho, 2014).

A esta conjuntura dois conceitos sintetizam a cartografia e sua evolução no meio digital;
geomática e geotecnologia (Roberto & Carvalho, 2014).

No conceito de Gaspar (2008c, p.159) citado por Roberto e Carvalho (2014), a geomática
significa: “Neologismo que designa o grupo das ciências e áreas de atividades que se ocupam de
aquisição e gestão de informação georeferenciada bem como da sua representação” e na visão de
Fitz (2008, p.11) citado por Roberto e Carvalho (2014), o conceito de geotecnologia pode ser
entendido como: As novas tecnologias ligadas à geociência e correlatas, as quais trazem avanços
significativos no desenvolvimento de pesquisas, e ações de planejamento em processo de gestão,
manejo e tantos outros aspectos relacionados à estrutura do espaço geográfico.

Sobre o mesmo ponto de vista, percebe-se que a evolução tecnológica é algo que sempre esteve
presente na vida do homem, desde os primórdios até, e principalmente, os dias atuais, através da
utilização de diversas técnicas. Cada vez aumenta mais sua relação com o homem, bem como seu
ritmo de evolução. Além do que não somente delimita os novos usos de determinados objetos,
equipamentos e produtos, ela altera comportamentos na sociedade (Cintra, 2017).

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A difusão da ciência, tecnologia e informação tem conduzido diversas reações no meio científico,
principalmente no que diz respeito às questões epistemológicas. E atenção especial deve ser
direcionada ao desenvolvimento e uso das geotecnologias como ferramenta auxiliar para o
estudo, a análise e a interpretação do espaço geográfico. Uma vez que a observação e a
representação da superfície terrestre são imprescindíveis para a organização das sociedades
(Cintra, 2017).

Nesse sentido, é necessário que os professores de geografia, bem como outros profissionais,
busquem conhecer estas tecnologias, de forma a avaliar os aspectos práticos e teóricos de sua
utilização. Nada mais funcional que as instituições de ensino utilizarem maneiras elucidativas de
forma a difundir o conhecimento das geotecnologias, principalmente nos cursos de Geografia, o
que possibilitaria o ensino e a aprendizagem conduzindo ao aprender a ensinar Cartografia (figura
1) (Cintra, 2017).

Figura 1: Cartografia digital e construção do conhecimento: um apelo à contemporaneidade do


virtual. Fonte: (Cintra, 2017)

Ao longo desta evolução, não apenas a imagem estaria associada a sua caracterização, como
também informações específicas atribuídas em diversas vertentes o que originou os bancos de
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dados cartográficos que, na atualidade, com o auxílio da informática, acelerou o processo de
produção cartográfica e de armazenamento dos dados, multifacetando em seu campo de análise
estudos nas mais variadas linhas de pesquisa (Roberto & Carvalho, 2014).

As transformações cartográficas em consequência do desenvolvimento das TIC (figura 3), trazem


consigo o aproveitamento para o uso da CD e vantagens benéficas para o desenvolvimento da
produção de mapas (Roberto & Carvalho, 2014).

Figura 2: Transformações tecnológicas e a evolução da cartografia. Fonte: (Cintra, 2017)

A CD ou Cartografia Automatizada, de acordo com Rosa e Brito (1996, p. 7) citados por Cintra
(2017), “... pode ser entendida como sendo a tecnologia destinada “a captação, organização e
desenho de mapas”. Possibilita enfrentar o desafio nos estudos espaciais, além de, maior
agilidade na produção de diagnósticos e mais fácil atualização dos dados. Ainda sobre a
Cartografia Automatizada, Rosa e Brito (1996) citados por Cintra (2017), abordam uma CD
capaz de transmitir a ideia de automação de projetos auxiliados por computador e outros
equipamentos conexos, ou seja, esta pode ser impulsionada com a ajuda de programas
(softwares), além de outros equipamentos como GPS (Global Positioning System), que são

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orientados para a conversão para o formato digital de dados espaciais, bem como armazenamento
e visualização, tendo como foco a produção de mapas.

2.3. Cartografia Digital: conceitos e práticas

Há 20 anos, aproximadamente, assiste-se à difusão e à popularização das tecnologias de


Geoprocessamento como instrumentos de análise, visualização e interpretação do dado
geográfico. Pode-se definir Geoprocessamento, ou Sistemas de Informações Geográficas, como
conjunto de tecnologias, métodos e processos para entrada, manipulação, armazenamento e
análise de dados e informações geográficas. Essas tecnologias possuem abrangência
interdisciplinar, caracterizando-se como uma área de conhecimento multidisciplinar (Open Gis
Consortium, 1999; Pereira, 1999; 1997 citados por Carvalho & Silva, 2011).

Nesta conjuntura surge o conceito de Geoprocessamento, que traduz a dinamicidade da


cartografia em meio digital. Na tabela 1, a seguir, mostra-se o conjunto de tecnologias que se
enquadra na definição acima e sua área de atuação (Carvalho & Silva, 2011):

Tabela 1 – Conjunto de tecnologias associadas ao Geoprocessamento


Tecnologia Descrição
A Cartografia Digital refere-se a um sistema para construção,
confecção e visualização de mapas por computador com tratamento de
Cartografia Digital dados gráficos e alfanuméricos. Todas as etapas da construção do
mapa são executadas por computador, reduzindo a necessidade de
intervenção humana.
Fotogrametria é a tecnologia usada para gerar informação geométrica
de objetos geográficos com a ajuda de medidas de imagens. A
Fotogrametria introdução do computador na fotogrametria, no final dos anos 1950,
não apenas permitiu a automação de tarefas restituição, como também
adicionou acurácia aos processos de restituição
Global Position System O GPS é um sistema de satélites que transmitem sinais que são
(GPS) ou Sistema decodificados por receptores, especialmente projetados, para
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Global de determinar com precisão posições sobre a superfície terrestre.
Posicionamento
O GISWeb pode ser definido como uma ferramenta SIG especial que
usa a internet como meio de acessar e transmitir dados remotos,
Internet (GISWeb) realizar análises e fazer apresentações relacionadas a Sistemas de
Informações Geográficas, sem a necessidade de possuir software SIG
em sua máquina local.
O Modelo Digital de Terreno constitui-se da geração de modelos
Modelagem Digital de
tridimensionais digitais de terreno para análises visuais, cálculos e
Terreno (MDT)
cruzamento com outras bases de dados.
O PDI consiste no conjunto operações de processamento sobre
Processamento Digital imagens gráficas no computador. As operações consistem em controle
de Imagens (PDI) de contraste, proporção de cores, delineamento das feições, realce de
cores, classificação e filtragem.
O conceito de Sistema de Apoio à Decisão Espacial vem sendo
utilizado como arcabouço teórico para o desenvolvimento de sistemas
Sistema de Apoio a
computacionais, voltados para apoio a processos decisórios sobre
Decisão Espacial
problemas espaciais. Sua estrutura é composta por bancos de dados
(SADE)
espaciais e bancos de modelos que possibilitam simulações de
fenômenos espaciais e suas implicações.
Em Sensoriamento Remoto, os fundamentos básicos são as
propriedades de radiação eletromagnética e sua interação com as
substâncias (matéria). Essa radiação é recebida por sensores, em
plataformas, em forma digital ou analógica e resulta em imagens, as
Sensoriamento Remoto
quais são sujeitas a processamento. Com o advento dos sistemas de
satélite de alta resolução e considerando a teoria de fotogrametria
analítica, que transforma imagens de duas dimensões para três
dimensões, é de importância crescente junta
Sistema Gerenciador de GBD é constituído por um conjunto de módulos de software, cujas
Banco de Dados funções garantem organização, armazenamento, acesso, segurança e
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(SGBD) integridade dos dados numa estrutura de banco de dados, que atuam
como interface entre programas de aplicação, no caso o SIG, e o
sistema operacional.
Sistema automatizado usado para coletar, armazenar, analisar e
Sistema de
manipular dados geográficos. A visualização desses dados, no final do
Informações
processo de geração de informação geográfica, é outra importante
Geográficas (SIG)
função desses sistemas
Utilização de processos automatizados em levantamentos topográficos,
Topografia inclusive o uso de uma estação total, que é um sistema que coleta
Automatizada dados em campo com precisão e é compatível com software de
desenho.

Fonte: Silvana Carvalho, 2006 citado por Carvalho e Silva (2011)

Vale aqui ressaltar que essas tecnologias, mesmo que possuam definições próprias, trabalham
interdisciplinarmente, o que significa que programas (software) com tecnologia específica podem
apresentar funções de outros programas, o que favorece um tratamento mais integrado do dado
geográfico digital (Carvalho & Silva, 2011).

Por exemplo, um programa de SIG, geralmente contém funções de Cartografia Digital, e um


programa de Cartografia Digital possui algumas poucas funções de análise espacial que são
próprias do SIG. Existem, também, programas que abarcam quase todas as tecnologias que lidam
com dados digitais espaciais (Carvalho & Silva, 2011).

A expressão cartografia digital aglutina elementos relacionados às práticas cartográficas que


utilizam a computação. Em francês há um termo que é mais abrangente, mas que engloba essa
cartografia: géomatique. Para Guermond citado por Fonseca, Dutenkefer, Zoboli e Oliva (2016),
a geomática designa a análise de dados espaciais, onde o computador desempenha papel-chave
nos procedimentos de pesquisas. O autor alerta que esse termo engloba o Sistema de Informações
Geográficas (SIG), a utilização do GPS (Global Positioning System) e softwares diversos.
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Nos anos 1960 a revolução quantitativa na geografia foi terreno fértil para a experimentação de
técnicas computacionais na análise espacial. O geógrafo Waldo Tobler citado por Fonseca,
Dutenkefer, Zoboli e Oliva (2016 relata que nessa época, na Universidade de Washington, ele já
usava métodos quantitativos, com apoio de computadores. Na Universidade de Michigan (1961)
deparou-se com uma cartografia manual.

A Cartografia Digital ou Cartografia Assistida por Computador deve ser vista não apenas como
um processo de automação de métodos manuais, mas sim como um meio para se buscar ou
explorar novas maneiras de lidar com dados espaciais (Taylor, 1991 citado por Filho, 2000).

Um sistema de Cartografia Digital (CD) pode ser compreendido como um conjunto de


ferramentas, incluindo programas e equipamentos, orientado para a conversão para o meio
digital, armazenamento e visualização de dados espaciais. Um sistema de Cartografia Digital tem
como ênfase a produção final de mapas (Filho, 2000).

A Cartografia Digital pode ser vista como uma parte de um Sistema de Informações Geográficas
– SIG (Blatchford e Rhind, 1989, in Taylor, 1991 citado por Filho, 2000), tendo em mente que os
mapas são o centro para todos os SIGs (Fig. 1). Uma outra visão é que um SiG representa uma
superestrutura de um Sistema de Cartografia Assistida por Computador (Stefanovic et al., in
Taylor, 1991 citado por Filho, 2000).

Todos os SIGs têm componentes de CD, mas nem todos os sistemas de CD têm componentes de
um SIG, posto que os SIGs envolvem muito mais que a elaboração de mapas digitais, mas
verdadeiramente a habilidade de analisar dados com referência espacial (Taylor, 1991 citado por
Filho, 2000).

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Figura 3 – Esquema ilustrativo da composição de um Sistema de Informação Geográfica e seus
componentes, incluindo a Cartografia Digital. Fonte: Eastman (1992) citado por Filho (2000)

Algumas funções desejadas para um sistema de CD são (Filho, 2000):


• Entrada de dados, edição e manipulação.
• Operações básicas de desenho.
• Visualização de diagramas.
• Visualização de feições pontuais e lineares.
• Programa de hachuramento de áreas.
• Programa de desenho de contorno ou isolinhas.
• Suporte para projeções cartográficas, incluindo transformações de coordenadas e medidas
de distâncias entre dois pontos, considerando a curvatura da Terra.
• Apresentação de cartogramas variados.
• Facilidade para cópias em papel.
• Cálculo de área e perímetro.
• Ferramentas de limpeza, generalização de linhas e redução da complexidade de uma linha
ou limite de áreas.

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2.4. Estrutura de dados em Cartografia Digital

A cartografia digital tem uma visão do mundo real discriminada na forma de camadas, na qual
cada camada representa um aspecto da realidade (Burrogh, 1991 citado por Filho, 2000), vide
Figura 4.

Figura 4 – O conceito de camadas ou overlay do mundo real. Fonte: Burrough (1991) citado por
Filho (2000).

Portanto, as feições do mundo real de caracter geográfico - conhecidas por isso como feições
geográficas, para fins de representação na Cartografia Digital, são individualizadas e
armazenadas separadamente em níveis lógicos (Cintra, 2017). De acordo, a sua natureza espacial,
elas serão ainda implantadas através de três modos distintos, a saber: pontual, linear e zonal.
Portanto, serão estes elementos em conjunto com seus atributos (componente não espacial da
informação geográfica) que deverão ser traduzidos ou codificados para uma estrutura de dados
usada pela Cartografia Digital (Filho, 2000).

O mapa digital consiste em uma base de dados computacional finita e discreta, tornando-se
necessário converter a realidade geográfica complexa em número finito de registros de acordo
com um modelo de estrutura de dados (Goodchild, 1993 citado por Filho, 2000). Quanto aos

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modelos de estrutura de dados, os dois tipos básicos equivalem à representação raster ou matricial
e a representação vetorial.

A representação vetorial representa um conjunto georreferenciado de coordenadas que descrevem


a localização do objeto no espaço geográfico. Ou seja, um elemento único e distinto pode ser
representado por um conjunto de dados geométricos em um mapa (coordenadas e informação
topológica) e pelos seus atributos descritivos, os quais são informações referente às propriedades
não espaciais (Filho, 2000). Esta representação vetorial consiste então em uma coleção de
segmentos de linhas que identificam os limites de pontos, linhas e áreas (Figura 5).

Figura 5 – Os três modos de implantação da informação geográfica, em conjunto com seus


atributos ou rótulos.

2.5. Aplicação da cartografia digital

A cartografia digital é fundamental para o desenvolvimento de mapas geográficos que fornecem


informações detalhadas sobre as características do terreno, como relevo, densidade da vegetação,
fontes de água e outros recursos naturais (Mattos & Sampaio, 2020).

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Esses mapas também são importantes para os governos e empresas, pois podem ajudar a planejar
estratégias de desenvolvimento urbano e rural, além de fornecer informações sobre recursos
naturais e áreas de risco (Mattos & Sampaio, 2020).

Portanto, podemos concluir que a cartografia digital é extremamente importante para empresas
dos mais diversos campos, entre eles podemos citar (Cintra, 2017):

• Topografia
• Construção Civil
• Agricultura
• Mineração
• Engenharia ambiental
• Energia solar

Já que ela fornece informações cruciais para desenvolvimento dos mais diversos projetos, tem um
papel fundamental no planejamento urbanístico de cidades, monitoramento e conservação de
áreas de preservação ambiental, criação de usinas solares e muito mais (Cintra, 2017).

2.5.1. Cartografia digital na Educação


Basicamente, a cartografia dentro do universo educacional, sempre esteve atrelada ao ensino da
Geografia, mesmo que ocasionalmente fosse possível encontrar um mapa em livros de História,
Biologia, Língua Portuguesa ou até mesmo Matemática, as representações cartográficas presentes
na maioria das vezes, não faziam alusão significante na relação com os conteúdos de seus
respectivos assuntos, enquanto que na Geografia, até antes de sua denominação como ciência,
sempre teve um papel inseparável em sua conjuntura (Roberto & Carvalho, 2014).

Neste ínterim, é possível dizer que a ciência que possui como objeto de estudo o espaço, não
poderia funcionar tão bem se os mapas não estivessem vinculados às suas análises, no entanto a
importância da cartografia não se restringe somente à limitada compreensão de que ela é um meio

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exclusivo para se aprender Geografia e não é possível transpor seu significado na educação se
não a pautarmos junto à interdisciplinaridade (Roberto & Carvalho, 2014).

Na busca de usar o mapa como instrumento interdisciplinar mais atuante nas disciplinas
escolares, vistas aqui também como científicas, além da Geografia, é necessário observar o
caráter ainda mais interdisciplinar do núcleo de sua confecção; o próprio espaço, entendido aqui
não somente como objeto de estudo da Geografia (Roberto & Carvalho, 2014), mas como
receptáculo de todas as ações e objetos que impulsionam a ciência em geral, até porque a própria
ciência geográfica nasceu junto com a cartografia em seus primórdios, desta feita, o espaço sendo
estudado em sua expressão máxima de existência tornou-se um objeto de estudo tão vasto que no
contexto interdisciplinar já não é possível analisá-lo do ponto de vista das ciências, sem que para
isto seja necessário o emprego de um método que filtre para cada uma delas dados referentes à
suas áreas específicas de atuação. Neste momento então, nota-se a cartografia em um panorama
além do que pode ser utilizado na educação de nível fundamental e médio (Pereira, 2013).

Tendo em vista esta importância, a presença do mapa no cotidiano educacional recobre-se ainda
mais de simbolismo no universo vivencial do estudante, expandindo seu entendimento sobre a
cartografia, o que aos seus primeiros contatos, apenas com o conceito de mapa, faz com que
inúmeras situações sejam idealizadas através do seu uso, desde o caminho de casa aos locais de
vivencia (escola, trabalho, cinema, entre outros), até atribuições intrínsecas na relação entre estes
locais como o tempo gasto nos deslocamentos, paisagens naturais presentes, termos e nomes
relacionados a cada objeto e lugar dos trajetos (Pereira, 2013).

Em suma ocasiões que, ocorrendo dentro do espaço descrevem em um mapa informações que não
seriam percebidas apenas em uma visão cartesiana, uma vez que historicamente a compreensão
do conceito de mapa esteve fortemente ligada a formulações matemáticas (Roberto & Carvalho,
2014).

2.5.2. A cartografia digital aplicada à investigação urbanística


Em reflexão sobre a forma territorial e sua captura pela cartografia, Corboz (1983/ 2004) citado
por Mattos e Sampaio (2020), afirma o estatuto paradoxal do mapa, que busca exaustivamente a
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exatidão e, no entanto, necessita escolher os dados. Todo mapa é, portanto, um filtro, calibrado
em função de uma série de variáveis. Nesse sentido, cabe aqui refletir brevemente sobre aspectos
chaves para problematizar a utilização de mapas, de modo a estabelecer um lastro conceitual e
uma compreensão crítica sobre sua aplicação em investigação urbanística (Mattos & Sampaio,
2020).

Sobre o objeto a ser representado, o território, Corboz (1983/ 2004) também ilumina sua
compreensão, considerando sua ancestralidade, sobrecarregado com numerosos vestígios do
passado, o comparando com um palimpsesto, continuamente apto a ser reescrito. Compreender
sua estratificação é importante para saber intervir, para tanto é fundamental o aporte da
cartografia histórica cotejada com o cadastro atual.

Com a ampliação do acesso à informação cartográfica da cidade, com a digitalização de acervos e


da base cadastral atual, faz-se necessário a realização de estudos baseados nesse acervo
documental que articulem os nexos dos diferentes processos imbricados na cidade, cuja
documentação encontra-se pulverizada. Tal leitura demanda a contextualização não só da
conjuntura urbana, mas da documentação cartográfica propriamente (Farias, Paulino, Sales, &
Santos, 2016).

A linguagem cartográfica pode ser interpretada como um exercício de “conhecimento é poder”,


segundo Harley (1988/ 2001), ao investigar as imagens cartográficas em termos de sua influência
política na sociedade, a partir de uma perspectiva histórica. Ainda no final da década de 1980, o
autor enquadra a cartografia no mundo social, para além de sua corrente inscrição como ciências
exatas.

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3. Considerações finais
As aplicações nas geociências têm como objeto de estudo o espaço e os fenômenos a ele
relacionados. Para o profissional da geografia, a utilização dessa técnica é suporte para pesquisas,
contribuindo para a compreensão dos elementos e fatores socioambientais da superfície terrestre
(Cintra, 2017).

A cartografia digital é uma área de estudo em rápida evolução, que tem se tornado ainda mais
importante nos últimos anos. Estamos vivendo em um mundo cada vez mais digital, onde o
mapeamento com drones e os mapas digitais estão mudando a maneira como construímos,
interagimos e navegamos em nossos espaços. E ao contrário do que pode parecer, fazer parte
desse movimento de transformação e utilizar a cartografia digital em seus projetos topográficos é
muito simples (Cintra, 2017). Sem falar na infinidade de vantagens que essa tecnologia pode
trazer, como a agilidade, precisão, acurácia e qualidade de resolução. No entanto, são necessárias
ferramentas específicas para criar esses mapas. Por isso, neste artigo vamos discutir sobre o que é
cartografia digital, sua importância, os diversos tipos de mapas digitais que podem ser utilizados
e como criá-los com apenas alguns cliques! (Duarte, 2002)

Por fim, concluímos que a cartografia pode auxiliar na identificação e espacialização da realidade
urbana, em tempo real, contribuindo assim para o planejamento urbano e para prevenção da
violência (Tinfem, 2016).

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4. Bibliografia

Carvalho, S. S., & Silva, B.-C. (2011). Geoprocessamento: Conceitos e Aplicações. Brasil.

Cintra, G. V. (2017). Cartografia Digital na Formação de Professores de Geografia: O caso da


UEG, Brasil. Morrinhos/GO.

Farias, F. F., Paulino, P., Sales, L., & Santos, J. (2016). O Uso da Técnica de Cartografia Digital
para o Estudo do Espaço Geográfico. Brasil.

Filho, B. S. (2000). Curso de Especialização em Geoprocessamento. Brasil.

Fonseca, F. P., Dutenkefer, E., Zoboli, L., & Oliva, J. T. (2016). Cartografia digital geo-
histórica: mobilidade urbana de São Paulo de 1877 a 1930. Brasil.

Mattos, A. G., & Sampaio, B. A. (2020). A Cartografia Digital na Investigação Urbanística do


Patrimônio Cultural: a área central da cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro.

Pereira, L. H. (2013). Cartografia Temática. Batatais.

Roberto, M. R., & Carvalho, E. (2014). Interdisciplinaridade da Cartografia Digital na


Educação. Rio de Janeiro: Sociedade e Território, Natal.

Tinfem. (2016). Cartografia Digital/Geoprocessamento. Londrina.

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