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1.

PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL


2. PRINCÍPIO POLUIDOR-PAGADOR
O princípio do poluidor-pagador foi usado pela primeira
vez na Organization et Coopération de Développemente
Economique – OCDE e consta no nosso ordenamento jurídico
pelo inciso VII do art. 4º da Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981:
“À imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização dos recursos ambientais com fins
econômicos”. (MACHADO, 2003).
Ora o direito ambiental é feito de princípios diversos que
devem ser seguidos na aplicação da lei, impondo deveres e
obrigações para assegurar a responsabilidade e o uso adequado
do meio ambiente.
Esse princípio é imprescindível para o sistema de
proteção jurídico do meio ambiente, Benjamin o conceitua
como “aquele que Impõe ao poluidor o dever de arcar com as
despesas de prevenção, reparação e repressão da poluição. Ou
seja, estabelece que o causador da poluição e da degradação
dos recursos naturais deve ser o responsável principal pelas
conseqüências de sua ação (ou omissão)”. (BENJAMIN,
1993).
Disto se definiu medidas preventivas contra os potenciais
poluidores e se concretiza com a obrigação do poluidor de
evitar e reparar danos ambientais.
Com relação ao alcance do princípio, é amplo, incluindo
os “custos de prevenção, de reparação e de repressão do dano
ambiental, assim como aqueles outros relacionados com a
própria utilização dos recursos ambientais (...)”. (BENJAMIN,
1993).
Além disso o princípio do poluidor pagador não trabalha
sozinho, deve estar alinhado e regulamentando um mesmo fim
juntamente com outros princípios como o da responsabilidade
e o da socialidade, onde o “nós” prevalece sobre o “eu”.
3. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO
Por definição do vocábulo a precaução é substantivo do
verbo precaver-se (do latim prae = antes e cavere = tomar
cuidado), e sugere cuidados antecipados, cautela para que uma
atitude ou ação não venha resultar em efeitos indesejáveis.
(MILARÉ, 2000).
No Brasil existem várias referências legais ao princípio
da precaução como o inciso IV do artigo 225 da Constituição
Federal, com efeito este princípio afirmado pela Constituição
Federal busca verificar os potenciais riscos de uma atividade
de desenvolvimento no contexto do meio ambiente, em
paralelo a isso afirma Derani “Precaução é cuidado (in dúbio
pro securitate). O princípio da precaução está ligado aos
conceitos de afastamento do perigo e segurança das gerações
futuras, como também da sustentabilidade ambiental das
atividades humanas. Este princípio é a tradução da busca da
proteção da existência humana, seja pela proteção de seu
ambiente como pelo asseguramento da integridade da vida
humana. A partir dessa premissa, deve-se também considerar
não só o risco iminente de uma determinada atividade como
também os riscos futuros decorrentes de empreendimentos
humanos, os quais nossa compreensão e o atual estágio de
Desenvolvimento da ciência jamais conseguem captar em toda
densidade”. (DERANI, 1997).
Em paralelo a isso podemos questionar os riscos dos
empreendimentos humanos no meio ambiente, levando em
conta os riscos futuros e presentes e seus impactos na
sociedade e no próprio meio ambiente.
É o contrário do princípio da prevenção que pretende
evitar o dano ambiental, o princípio da precaução tem como
escopo evitar o risco ambiental, assim a diferença está entre
risco e dano, ou risco e perigo, Derani explica o princípio
“precaução contra o risco, que objetiva prevenir já uma
suspeição de perigo ou garantir uma suficiente margem de
segurança da linha de perigo. Seu trabalho está anterior à
manifestação do perigo”. Assim a precaução é anterior a
prevenção, pois o risco é anterior ao perigo. (DERANI, 1997).
Este princípio também determina a inversão do ônus
probatório, passando ao empreendedor a necessidade de provar
que não existem riscos de sua conduta para com o meio
ambiente.
4. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO
Para definirmos o princípio da prevenção fiquemos com
o artigo 2°, incisos IV e IX da Lei de Política Nacional do Meio
Ambiente: “A Política Nacional do Meio Ambiente tem por
objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os
seguintes princípios: IV – proteção dos ecossistemas, com a
preservação de áreas representativas; IX – proteção de áreas
ameaçadas de degradação.”
A sua origem vem da Declaração do Meio Ambiente de
Estocolmo em 1972, e resumidamente é o dever jurídico de evitar
a consumação de danos ao meio ambiente ou uma política para
prevenir, reduzir ou eliminar a poluição já existente ou iminente.
Em relação ao princípio da precaução, os dois são parecidos
mas diferem, de acordo com Thomé: “O principio da prevenção
se apoia na certeza cientifica do impacto ambiental de
determinada atividade. Ao se conhecer os impactos sobre o meio
ambiente, impõe-se a adoção de todas as medidas Preventivas
hábeis a minimizar ou eliminar os efeitos negativos de uma
atividade sobre o ecossistema caso não haja certeza cientifica, o
principio a ser aplicado será o da precaução”. (THOME, 2016).
Assim o princípio da prevenção lida com situações de
certeza científica de prejuízos e perigos, podendo assim o poder
público tomar uma decisão sobre, além disso a importância do
princípio da prevenção para o direito ambiental é elevada já que
se constata freqüentemente que se consumada uma degradação
ambiental, a sua reparação é sempre incerta e, quando possível,
excessivamente custosa, a prevenção então pode impedir a
degradação, mantendo o meio ambiente íntegro.
5. TEORIA DO RISCO INTEGRAL
A teoria que vem prevalecendo no Brasil, Steigleder ao
estudar a teoria do risco integral evidencia sua essência, o agente
seria responsabilizado por todo ato que tivesse como resultado o
dano, não se admitindo excludentes de culpabilidade como
fortuito ou força maior.
Semelhante a isso Athias diz: “No caso de dano ambiental, a
titularidade da indenização, que há de ser a mais completa
possível, repousa na coletividade. Destarte, da mesma forma que
a apropriação do bônus decorrente da atividade potencialmente
Causadora de dano ambiental é feita por quem põe em jogo a
atividade, também o ônus que dela venha a decorrer deve ser por
ela arcado, sob modalidade do risco integral. Orientar a
jurisprudência de forma diversa, pela complexidade de que se
revestem as questões ambientais, será condenar a coletividade (e
o particular) à indenidade”. (ATHIAS, 1998)
O simples dano já seria condição suficiente para
indenização, dispensando nexo causal e excludentes de
causalidade como explícita Teixeira: “a obrigação de reparar
surge tão somente do dano, dispensando a comprovação da
conduta do agente e do nexo causal, não admitindo excludentes de
causalidade sendo esta a principal diferença entre ela e as demais
teorias do risco analisadas.” (TEIXEIRA, 2013).
Dessa maneira aquele que cria o risco deve indenizar, ainda
que a atividade que exerce não tenha sido a causa direta e
imediata do evento, o dever de indenizar está condicionada
somente a existência de dano.
6. REFERÊNCIAS
MACHADO, Paulo Antônio Leme. Direito ambiental brasileiro.

BENJAMIN, Antonio Herman V. O princípio do poluidor-


pagador e a reparação do dano ambiental.
In BENJAMIN, Antonio Herman V.(Org) Dano ambiental:
prevenção, reparação e repressão. 1993

MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente: doutrina, jurisprudência,


glossário. São Paulo: Revista
Dos Tribunais, 2000.

DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. 1997


THOME, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 6ª ed. Salvador:
JusPODIVM, 2016.

ATHIAS, Jorge Alex Nunes. Responsabilidade civil e meio-


ambiente: breve panorama do Direito
Brasileiro. In BENJAMIN, Antonio Herman V. (Org.) Dano
ambiental: prevenção, reparação e
Repressão,1998.

TEIXEIRA, Camila Cristina Azevedo Castro. A responsabilidade


civil ambiental e a aplicação da Teoria do risco integral. Revista
Eletrônica de Direito do Centro Universitário Newton Paiva, Belo
Horizonte, 2013.

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