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das
Obrigações
Professor Henrique Sousa Antunes
Introdução
1. Conceito de obrigação
c. Sujeição
• É uma situação inelutável. Significa suportar na esfera jurídica as
consequências de uma determinada conduta.
• Quando uma pessoa está num estado de sujeição, não tem a possibilidade
de violar nada. A sua posição é irrelevante.
• Para o sujeito passivo não há possibilidade de impedir a realização do efeito
que o direito potestativo prossegue
o ex.: a situação do mandatário quanto ao direito do mandante de
revogar o mandato – sujeição
• Exemplo: servidão de passagem. A tem o direito de constituir uma servidão
de passagem para chegar à via pública, este tem um direito potestativo. B
está numa situação de sujeição. Não há forma de impedir a satisfação do
direito.
• Uma obrigação nasce, normalmente, pelo contrato (principal fonte das
obrigações).
o Temos 5 fontes de obrigações:
1. Contratos:
• Não têm de ser típicos.
Obrigação pode ser entendia como uma relação una/simples ou complexa:
Ø Argumentos normativos
Doutrina da eficácia relativa à tese clássica
Defesa da eficácia externa das obrigações à eficácia das obrigações ser oponível a
terceiros
Não haveria confiança e haveria também incompatibilidade de direitos
Eva Brás Pinho 27
Admitir a eficácia externa das obrigações diz a doutrina clássica seria uma
limitação da liberdade das pessoas devido ao medo de estarem a entrar em
crédito/direito alheio
Contrato é diferente de obrigação, o contrato é fonte de obrigações, mas as
obrigações podem ter outra fonte.
Há normas do cc que vêm mostrar que o legislador reconheceu as obrigações
apenas de forma relativa:
Argumentos da doutrina da eficácia relativa:
1º argumento normativo
• art 406 nº2 à em relação a terceiros o contrato so produz efeitos nos
casos especialmente previstos na lei
o Logo a regra seria de que nos casos normais então as obrigações
têm apenas eficácia relativa
• Mediante contrato não é possível fazer para terceiro um dever de prestar,
mas é possível fazer nascer um dever de crédito para terceiro
Art 413º e 421º à normas que permitem atribuir eficácia real a contratos
promessa ou a um pacto e preferência
• Em que medida estas normas são uteis para a defesa da doutrina clássica?
• A eficácia real é um instrumento que a lei dá as partes para permitir que os
direitos que a lei dá as partes tenha uma eficácia acrescida
o Bem móvel ou imóvel sujeito a registo + partes acordarem a
eficácia real + eficácia real estar explicita no registo
o Ex: A prometeu vender a B terreno com contrato promessa de
eficácia real; A vendeu também a C
§ Se não existisse eficácia real o direito seria de C
§ Existindo o direito é de B porque a eficácia real consta do
registo, logo, havendo publicidade, C saberia
• Critica-se este argumento tese clássica dizendo que não são estes artigos
que afastam a eficácia externa
o Apenas afastam a eficácia real sem ser naqueles casos e não da
eficácia externa
o Isto porque a eficácia real e a eficácia externa não têm os mesmos
efeitos
Ø Estes dois argumentos não são plenamente eficazes
Em bom rigor, há 3 planos:
1. Eficácia Relativa
o B ( credor) pede uma indemnização a A ( devedor
o
• nã o há uma relaçã o directa entre o terceiro e o credor, este vai fazer vale o
seu cré dito pelo devedor que foi atrá s de terceiro. Eu uma relaçã o indirecta
entre credor e terceiro.
Exemplo de alguém que não pode ter a coisa mas pode ficar com o dinheiro
do seguro
Artigo 1306º
• Só estamos aqui a dizer que vedamos a eficácia real, não significa que não
possa haver eficácia externa
Ø A tese clássica utiliza a figura do abuso de direito para permitir a eficácia
externa dizendo que esta é uma exceção a eficácia relativa por serem
situações muito gravosas
Ø O Professor Henrique Sousa Antunes diverge do prof Almeida Costa e admite a
existência da eficácia
Eva Brás Pinho 29
Argumento:
• A doutrina clássica esta fundada numa abordagem histórica
• A riqueza há 100 anos atras estava na propriedade e portanto pretendia-se
proteger os imóveis, os direitos reais no fundo, devendo estes ser absolutos
• Hoje em dia a riqueza esta essencialmente o crédito, logo, a ideia de que
devemos procurar proteger mais onde está a riqueza leva-nosa perceber
que devemos proteger também outras esferas hoje em dia
Eticização dos comportamentos jurídicos à os comportamentos jurídicos
devem ser sempre éticos. Logo, se há alguém que celebra um contrato em relação a
um patrimonio que já se sabia alvo de contrato c outrem deve ser penalizado
Art. 483 º argumento normativo
• Este artigo não distingue entre os direitos subjetivos
• Exigir-se um dever de respeito
• Se eu posso ir atras da coisa quando há a violação de um direito absoluto,
porque é que posso quando há violação de um direito de crédito?
• So no podemos ir completamente atras da coisa num direito de rédito e se
pode num direito real devido há existência de publicidade nos direitos reais
• Este artigo deve casar-se com o artigo 490º
• Diz esta doutrina que a negligência inconsciente não pode servir para
responsabilidade em situação de direito de crédito
1) Patrimonialidade da obrigação
• A prestação não tem de ser suscetível de avaliação pecuniária à art 398º
nº2
• Portanto quando falamos da patrimonialidade da obrigação falamos não do
seu conteúdo mas sim as consequências que surgem no caso de existir
violação da obrigação.
o O que responde pela violação de uma prestação é o património do
devedor, não é o devedor que vai preso
2) Autonomia da obrigação
• Uma vez que existem obrigação autónomas e não autónomas, a autonomia
não é característica das obrigações
• Vínculos ( obrigações) que não pressupõem direitos pre existentes
o Ex: um acidente sem culpa ( alguém encadeado pelo sol), surge um
dever de indemnizar sem ter havido qualquer relação jurídica
anterior
• Ms também existem obrigações não autónomas
Ø Normalmente, vamos pensar que quem deverá merecer tutela é quem tem um
dever e, portanto, seria o devedor o protegido
• Na verdade, não é assim – embora se desconheça o interesse do devedor, o
Direito das Obrigações está estruturado para prosseguir o interesse do
credor
Ø O interesse do credor é o interesse primário que o DO das prossegue
• Esta foi uma opção tomada pelo legislador, que se traduz no conjunto de
normas que permitem identificar esta ideia
• Podemos agrupar estas normas em função dos vários momentos da vida da
obrigação
1. Constituição da obrigação
o ex.: art. 398º/2 CC – patrimonialidade da obrigação
§ não é característica da obrigação, na medida em que se exija para a
obrigação de conteúdo de natureza patrimonial, pois o que diz a lei é que
a obrigação pode ser validamente constituída desde que
corresponda a um interesse do credor digno de proteção legal
o Logo, no momento da constituição da obrigação, percebemos que o
legislador vem trabalhar uma temática pensando no interesse do
credor, por isso não há uma exigência de prestação de natureza
patrimonial
§ a única coisa relevante é que essa prestação corresponda a um interesse
do credor digno de proteção legal
2. Extinção da obrigação
Eva Brás Pinho 31
o Art. 767º CC – cumprimento e não cumprimento das obrigações
§ Art. 767º/1 – retiramos desta norma que o objectivo do legislador é
satisfazer o interesse do credor (desde que o cumprimento não seja feito
pelo devedor, pode ser feito por outra pessoa)
ð O que é relevante é que o interesse do credor seja
satisfeito
§ Art. 767º/2 – mais uma evidência da prevalência do interesse do credor
ð ex.: se contracto o Toy, tenho legitimidade para recusar
o Drake que o vem substituir (lol quem é este)
Mora do devedor versus Mora do credor
Mora à atraso no cumprimento da obrigação
• É mais uma prova de que o interesse do credor prevalece, pois as
consequências da mora do credor são menos gravosas para este, do que as
consequências da mora do devedor para este
• Ou seja, o regime da mora do devedor é mais gravoso
o Isto porque o credor não tem um dever, mas sim um direito e a sanção
tem de pesar sobre o dever
2. Mora do devedor – art. 804º e ss.
• O devedor fica obrigado a pagar todos os danos que sejam consequência
do seu incumprimento
• Se o devedor não cumprir na data devida, vai ser obrigado a indemnizar o
credor pelo atraso no cumprimento da obrigação
• Art. 804º CC
• Art. 804º/1 – se houver danos, há uma norma que diz que os danos têm
de ser pagos
• Art. 804º/2 – fala de mora
• Art. 806º CC
• Art. 806º/1 – presunção: não é preciso demonstrar danos
Princípio da boa-fé – art. 816º (credor vai indemnizar os danos sofridos pelo
devedor)
• Vale quer para o credor quer para o devedor
• Boa-fé em sentido objectivo
• Nota: quando falamos de relações obrigacionais complexas, vemos que a boa-
fé surge como um dos deveres laterais de conduta
(Noção)
A obrigaçã o diz-se natural, quando se funda num mero dever de ordem moral ou
social, cujo cumprimento nã o é judicialmente exigı́vel, mas corresponde a um
dever de justiça.
Obrigações naturais:
• Universo de vínculos jurídicos que no entanto não se convertem no direito
de exigir uma prestação
• Não se autorga ao credor o regime coativo do cumprimento da prestação
• 402º do CC "a obrigação diz-se natural, quando se funda num mero dever
de ordem moral ou social, cujo cumprimento não é judicialmente
exigível, mas corresponde a um dever de justiça.”
Requisitos positivos:
o 1. Funda-se num mero dever de ordem moral ou social
§ Compete à jurisprudência, de harmonia com as concepções
predominantes e nas circunstâncias concretas de cada situação,
averiguar primeiro, se existe um dever moral ou social...
o 2. Corresponde a um dever de justiça
§ ...De seguida, tem que averiguar se esse dever moral ou social é
tão importante que o seu cumprimento envolve um dever de
justiça
Nota:
Portanto, nã o é que a declaraçã o unilateral no caso de jogo e aposta, seja invalida,
ela é invalida e produz um efeito, que é inverter o ó nus da prova. Ou seja, a
promessa de cumprimento ou reconhecimento de divida, tem algum valor no
â mbito das obrigaçõ es naturais, pois da mesma forma que acontece com as
obrigaçõ es civis, inverte o ó nus da prova e o credor nã o tem de provar que essa
obrigaçã o existe, mas a questã o está em saber se nas obrigaçõ es naturais ainda
tem outro efeito(que já falamos), que é o de converter aquilo que é uma obrigaçã o
natural numa civil.
Ex: Há um reconhecimento de uma divida e a prestaçã o é paga, isto significa que se
o devedor vier a tribunal, o credor va- lhe dizer que há uma promessa de
cumprimento ou reconhecimento de uma divida, que pelo menos vale como a
presunçã o da existê ncia de uma obrigaçã o natural. Portanto, ele nã o tem de provar
que houve aquela aposta, como o outro prometeu cumprir ou reconheceu a
existê ncia da divida, tem de ser ele a demonstrar que essa divida agora nã o existe.
1. Prof. AC
• muito discutida se apresenta a integração do fenómeno numa categoria
técnica adequada para exprimir sinteticamente a respetiva disciplina
legal
3. Prof. HSA
• o termo é ON, logo, presume-se que há obrigação logo antes do
cumprimento
o Argumentos
§ Princípio da equiparação
§ O vínculo jurídico da obrigação natural não é coercível
4. Prof. Carnelutti
7. Orientação clássica
• Ex: quando alguém entra no metro está a indicar que quer contratar
• Antunes Varela demomina-as de Relações Contratuais abreviadas
• Situações as quais não se justifica aplicar o processo formativo clássico do
contrato
• Realidades que não se adequam ao modelo tradicional de contrato
• Temos de averiguar em face do direito português se é verdade que
precisamos de criar uma figura nova para dar acolhimento para estas
situações que não estão em total congruência com o modelo tradicional
3 Categorias essenciais de situações:
a. Tráfico massificado de bens e serviços
o surge no âmbito das novas civilizações de massas, e segundo as concepções
do tráfico jurídico, existem condutas geradoras de vínculos
obrigacionais, fora da emissão de declarações de vontade que se dirijam
à produção de tal efeito, antes derivadas de simples ofertas e aceitações de
facto
o Metro, autocarro, vending machines
o O nosso sistema jurídico resolve bem esta situação especifica através da
aceitação da figura da declaração tácita à 234º
b. Situação de contacto social
• Situações que, precedendo a celebração de negócios e mesmo que estes não
se cheguem a celebrar, emergem do contacto social
• Há um conjunto de contactos entre duas ou mais pessoas que não
chegaram a acordo quanto aos aspectos essenciais do negócio, mas não
deixa de ser um contacto com relevância jurídica
ARTIGO 405
(Liberdade contratual)
Dentro dos limites da lei, as partes tê m a faculdade de fixar livremente o conteú do
dos contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos neste có digo ou incluir
nestes as claú sulas que lhes aprouver.
ARTIGO 219º
(Liberdade de forma)
• Estes negócios definem-se por exclusão de partes, mas podemos usar uma
formulação positiva
o São aqueles que (não dependendo de forma legal especial) valem
pela simples manifestação da vontade das partes
Negócios formais/solenes – a lei impõe um determinado modo específico de forma
(comunicação/exteriorização da declaração negocial)
• É a excepção – forma legal especial – art. 221º CC
o Está sujeito a uma forma especial imposta pela lei, sob pena de cair
em nulidade (art. 220º CC)
§ A forma específica é condição de validade destes negócios
ARTIGO 409º
(Reserva da propriedade)
o Divergência doutrinária quanto a esta questão
o Prof. Antunes varela e Menezes leitão à doutrina maioritária
§ Se nos bens não registáveis não há forma de dar publicidade à
clausula de propriedade, então temos de tutelar o credor
§ Situação em que o A, credor, tem clausula, e o B, devedor que não
pagou as prestações vendeu a coisa a um terceiro
Ø No sistema brasileiro não vigora o principio do consensualismo, para a
perfeição do contrato exige-se sempre a entrega da coisa
Situação em que há falta de pagamento do preço ( art 886º) por parte do devedor,
quais as opções do credor?
ARTIGO 801º
(Impossibilidade culposa)
ARTIGO 808º
(Perda do interesse do credor ou recusa do cumprimento)
• Caso de uma noiva a quem o vestido não foi entregue à data do casamento
Ø Se for incumprimento definitivo pelo art 808º aplicamos o art 801º nº2
• Se uma destas se aplica então o credor não pode resolver o contrato e fica
limitado à manutenção do contrato
• Nunca perde contudo o direito à prestação em falta e os juros de mora
• Poder contudo perder o beneficio do prazo como se verifica no art 934º
ARTIGO 886º
(Falta de pagamento do preço)
ARTIGO 934º
(Falta de pagamento de uma prestação)
886º + 934º
1.
• A vendeu a B um automóvel por 9000€ preço divido por 9 prestações mensais
iguais
• O Automóvel foi entregue de imediato ao comprador
• Que direitos tem o credor se o devedor falhar o pagamento da quinta prestação
o Temos de averiguar se o A pode resolver ou tem de manter o contrato
o Se optar pela manutenção trem direito:
§ |à prestação em falta 817º + juros de mora 804º + 806º
§ Perda de beneficio do prazo 781º
§ Contudo temos aqui uma norma impeditiva que é o art 934º
ARTIGO 227º
(Culpa na formação dos contratos)
1. Quem negoceia com outrem para conclusã o de um contrato deve, tanto nos
preliminares como na formaçã o dele, proceder segundo as regras da boa fé , sob
pena de responder pelos danos que culposamente causar à outra parte.
• Quando falamos em boa fé falamos nos deveres laterais ou acessórios
o Dever de lealdade
o Dever de segurança
o Dever de informação
• O que é que acontece se houver violação de um destes deveres? à
Responsabilidade Pré – Contratual
Elemento histórico: Trabalhos preparató rios, o professor Vaz serra propunha que
à responsabilidade pré contratual se aplicasse o regime da responsabilidade
contratual, embora admitindo que à responsabilidade pré contratual fundada na
ruptura arbitrá ria, se aplicassem as normas do regime da responsabilidade
contratual, se elas fossem mais gravosas para o lesante.
b. Responsabilidade contratual :
Esta tese tem muito por base o facto do conceito de obrigaçã o ser uma relaçã o
complexa, que é preenchida por deveres primá rios, secundá rios e laterais.
Portanto, quando a obrigaçã o se alarga desta forma, é fá cil defender que na
responsabilidade contratual embora nã o haja deveres primá rios de prestaçã o,
possa haver já uma relaçã o obrigacional, portanto defender-se a aplicaçã o do
regime da responsabilidade contratual. Se aplicarmos a responsabilidade
contratual presume-se a culpa, como resulta do artigo 799/1. Quando falamos de
rotura de negociaçõ es falamos da liberdade de celebraçã o e de nã o celebraçã o. Se
essa liberdade está a ser exercida de forma censurá vel ou nã o, é outra questã o,
mas está a agir no â mbito da sua liberdade, logo nã o se deverá presumir culpada.
Claro que se deve demonstrar que no caso concreto ele deve responder pelos
danos que causou, mas nã o faria sentido presumir a sua culpa.
• colocar o lesado na situaçã o em que estaria se por nã o haver confiado nã o
houvesse iniciado as negociaçõ es
• Dano de confiança.
• quer danos emergentes, quer lucros cessantes,
Ø Agora, quer os danos emergentes, quer os lucros cessantes que têm de ser
vistos na perspectiva da finalidade de cada tipo de indemnização em
causa:
ARTIGO 406º
1. Pontualidade
• Nº1 art 406º
• Não significa apenas ser cumprido atempadamento
• Significa ser integralmente cumprido, ponto por ponto
• Pacta sunt servanda – o contrato constitui a lei privada das partes, tem de
ser cumprido integralmente sob pena de violar o direito e interesse que o
credor tinha quando pensou executar e celebrar este contrato
TGNJ
a. Resolução
2. Teoria da imprevisão
• Acrescenta à teoria anterior que as alterações têm de ser imprevisíveis
• Vem restringir a anterior
• Tem de haver por isso uma alteração das circunstâncias imprevisível
3. Teoria da pressuposição
• Qualquer declaração de vontade negocial pode ser feita na plena convicção
de que se manterá determinado estado de coisas ao tempo existente, ou de
se haverem produzido ou virem a produzir-se certos factos que de outro
modo não se realizaria o negócio ou teria sido em termos diversos
• “ eu vi por x mas eu pressuponha que não ia haver aqui um parque da
Disney, porque nesse caso teria vendido por muito mais
• No fundo tem de ser a alteração de uma circunstância fundamental
• Essa pressuposição de aquela circunstância seria fundamental para a
outra parte tinha de ser conhecida ou cognoscível
• Exemplo:
4. Teoria da base do negócio
Em todos os acó rdã os se adopta o conceito da teoria da base negocial e em todos eles se
fala da bilateralidade. A bilateralidade vem dizer que nã o tê m de ser circunstâ ncias
fundamentais para ambas as partes mas tê m de ser circunstâ ncias que sendo
fundamentais para uma das partes a outra parte soubesse ou devesse e aceitasse ou
devesse aceitar.
O Professor Henrique Antunes tem uma opiniã o diferente da dos acó rdã os e da
generalidade da jurisprudê ncia alargando as circunstâ ncias mais à Teoria da Clausula
Rebus Sic Standibus, baseia este alargamento da sua opiniã o no facto de no nosso Có digo
Civil nã o haver uma norma que permita que quando há incumprimento por dificuldade
pessoal ou econó mica grave de uma das partes possa ser possı́vel a modificaçã o, por
exemplo nã o cantar num dia em que se tinha vinculado para um concerto porque foi ao
ARTIGO 437º
(Condições de admissibilidade)
1. Se as circunstâ ncias em que as partes fundaram a decisã o de contratar
tiverem sofrido uma alteraçã o anormal, tem a parte lesada direito à resoluçã o
do contrato, ou à modificaçã o dele segundo juı́zos de equidade, desde que a
exigê ncia das obrigaçõ es por ela assumidas afecte gravemente os princı́pios da
boa fé e nã o esteja coberta pelos riscos pró prios do contrato.
1. A alteração tem de dizer respeito às circunstâncias em que se alicerçou a
decisão de contratar
o As circunstâncias anormalmente alteradas têm de ter servido de base à
decisão de contratar – características supra na teoria 5 – têm de se
verificar todas para que haja uma verdadeira alteração das
1. Fenómeno de representação:
• Neste caso alguém age em favor de outrem sem agir em nome desse
outrem.
• No caso do mandato o que acontece de diferente é que é preciso um ato
posterior para transferir os direitos para a esfera do mandante.. Na
representaçã o nã o é necessá rio este ato, os direitos transferem-se logo
imediatamente para a esfera do representado. No contrato a favor de terceiro
os direitos nascem logo imediatamente na esfera de terceiro
• Contrato de prestação por terceiro – o terceiro não é credor, mas sim devedor da
prestação
• Não é uma excepção à relatividade pois não há nada na lei que preveja um
contrato pelo qual se possa criar deveres para um terceiro
• Só pode existir com consentimento
B) Contrato para pessoa a nomear
5. Contratos mistos
1. Combinados ou múltiplos
• sã o contratos em que uma das partes fica adstrita a duas ou mais
prestações principais respeitantes a diversos tipos de contratos e a
contraparte vincula-se a uma ú nica prestaçã o.
• Exemplo à contrato de locação de casa mobilada pois neste tipo de
contrato uma das partes entrega a outra um imó vel em arrendamento e
moveis de mobiliá rio em aluguer que estã o na casa, sã o prestaçõ es
correspondestes e principais de dois tipos contratuais diferentes e a outra
parte vai apenas pagar o preço, é um só prestaçã o que em contrapartida
abrange duas prestaçõ es de tipo contratual diferente.
2. Contratos acopulados ou de duplo tipo
• prestação única de cada uma das partes mas a essa prestação vai
corresponder uma contra prestação de um tipo contratual diferente.
• Por regra, estes contratos irão ser regidos pela Teoria da
Cisão/Combinação (2) – Prof. GT e ML
• Exemplo -à em que se dá a uma certa pessoa habitaçã o em troca de
desempenho de funçõ es de porteiro, uma das partes está no tipo contratual
de arrendamento e a outra está numa prestaçã o de atividade ú nico mas o
tipo de contrato vai ser um contrato de serviço
3. Contratos mistos em sentido estrito
• Ocorre quando se utiliza um certo tipo contratual para se prosseguir
um fim diferente desse tipo contratual.
• Por regra, estes contratos irão ser regidos pela Teoria da Absorção (1) –
Prof. GT e ML
• Exemplo à venda com um preço favor, uma coisa que vale 50000 euros e
eu vendo por 10000 euros, de modo a por uma compra e venda tentar na
realidade doar essa coisa.34
A doutrina diverge..
2) Professor Almeida Costa
o Nã o iremos por isso aplicar a teoria da combinaçã o neste caso como
é sugerido pelos professores Galvã o Teles e Menezes Leitã o.
1. Teoria da absorção
2. Teoria a combinação
3. Segundo os ditames da boa fé
• há dois contratos distintos que estão ligados entre si de alguma forma
• há uma coligaçã o, mas cada um preserva a sua individualidade
• esta figura tem vá rias modalidades:
o contratos mutuamente pendentes entre si
o situaçõ es em que um contrato está dependente de outro
o situaçõ es de uniã o alternativa
5. Contrato-promessa
Artigos relevantes:
6.1. Noção
ARTIGO 410º
(Regime aplicável)
1. A† convençã o pela qual algué m se obriga a celebrar certo contrato sã o aplicá veis
as disposiçõ es legais relativas ao contrato prometido, exceptuadas as relativas à
forma e as que, por sua razã o de ser, nã o se devam considerar extensivas ao
contrato-promessa.
6.2. Disciplina jurídica
(Regime aplicável)
ð 879º à no contrato promessa não se gera a obrigação de
entregar a coisa nem de pagar o preço
ð 892º
6.3. Disposições respeitantes à forma e à substância
1ª Excepção à disposições do contrato-prometido que pela própria natureza do
contrato-promessa não se devam considerar extensivas ao mesmo
• Para se apurar se uma determinada norma é ou não aplicável, haverá que
atender ao seu fundamento
o O contrato-prometido tem uma natureza específica pois é provisório
e antecede a celebração de outro contrato, enquanto que o contrato
definitivo tem uma eficácia definitiva
• Exemplos:
o art. 892º – pode-se prometer vender uma coisa que ainda não
sou o proprietário porque, no contrato-promessa, mesmo que não
tenha as coisas no momento da sua criação, posso vir a ter à data da
celebração do contrato definitivo
o art. 1682º/1/a e art. 1682º/2 – com o casamento, os cônjuges ficam
sujeitos a limitações em matéria de disposição de certo tipo de bens
imóveis: se quiser um cônjuge quiser arrendar a morada da família é
preciso o consentimento de ambos os cônjuges
2ª Excepção à disposições relativos à forma à art. 410º/2 e art. 410º/3
i. Direito à execução
específica – art. 830º
+ indemnização
• Art. 830º/1 –consistem em pedir a um tribunal judicial que emita uma
declaração negocial que substitua a declaração negocial que a parte
incumpriu o contrato-promessa se recusa a emitir e devia emitir
• + indemnização moratória à ao pedido da execução específica pode
cumular-se o pedido da indemnização moratória correspondente aos
danos sofridos pelo atraso no cumprimento da promessa
o O juiz supre a declaração negocial do faltoso ao considerar o
contrato prometido como realizado
§ por força duma sentença, decreta diretamente o efeito
fundamental do contrato prometido, como se requerente e
demandado o tivessem celebrado = vale como seu título
constitutivo
§ ex.: A prometeu vender uma coisa a B e depois recusa-se. B
pode ir a tribunal para que seja emitida uma declaração
negocial que se substitua à vontade de A. A respetiva sentença
possui a eficácia que teria a escritura pública por aquela
suprida, inclusive os efeitos do registo
• Em regra, a ação de execução específica é permitida
Excepto (art. 830º/1 e 830º/2):
• Diz que não há razão para que relativamente a um contrato promessa com
sinal, se estabeleça um regime diferente do regime geral dos contratos
o porque embora essa seja inviabilizada pelo 808º, esse 808º que está
no 442º/3 refere-se apenas à perda do interesse do credor,
portanto só quando se vai transformar a mora em incumprimento
definitivo pela fixaçã o de um prazo adicional e transformada a mora
em incumprimento definitivo é possı́vel resolver pela indemnizaçã o
actualizada sem a parte faltosa se opor.
o Se o credor ainda tiver interesse então o outro pode oferecer-
se para cumprir a promessa, caso contrário já não pode.
6. Pacto de preferência
• Arts. 414º a 423º
ARTIGO 414º
(Noção)
O pacto de preferê ncia consiste na convençã o pela qual algué m assume a obrigaçã o
de dar preferê ncia a outrem na venda de determinada coisa.
• Pacto de Preferência vs. Contrato-Promessa:
§ Pacto de Preferência à a vinculação do promitente está sujeita
aos pressupostos mencionados abaixo (exemplo: arts. 1235º)
§ Contrato-Promessa à resulta para o promitente uma
verdadeira obrigação de realizar o negócio prometido
Eva Brás Pinho 148
7.1. Noção
o à letra da lei
o nada diz sobre a necessidade de designar a identidade
o Questão de privacidade
• Prof MC e GT e HSA
o para haver transparência deve haver a comunicação de quem é a pessoas
o Ex: se existirem duas empresas concorrentes
o O professor Henrique entende que seja me que circunstância for, a
revelação da identidade do 3º deve ser sempre exigência de devida
comunicação pelos princípios da boa fé.
Renúncia antecipada
• Isto é nestas situações em que as pessoas dizem que não exercem o seu
direito de preferência
• no fundo fazendo extinguir o seu direito de preferê ncia
• mas sem que tenha havido uma comunicação correctamente efectuada,
ou que não tenha havido de todo comunicação.
• Em qualquer dos casos o que diz o Professor Almeida Costa é que há
que distinguir dois tipos :
1) Alcance genérico ou indiscriminado
o no fundo o titular da preferê ncia diz que sejam quais for as
condições para a realização que é objecto a preferência, ele
não vai exercer a preferência.
o Eu admitida relativamente aos direitos convencionais de
preferência, mesmo aqueles que tê m eficá cia real.
o Porem, já não é possível relativamente aos direitos legais de
preferência, porque aı́ entra um interesse publico.
2) Alcance concreto
o quer em relaçã o ao direito convencional de preferê ncia, quer em
relaçã o ao real é possível a renúncia de um concreto projecto de
negócio
o Não querendo isso dizer que se outro fosse o projecto o
renunciante não aceitasse.
Exemplo:
Exceções:
1. Quando do próprio pacto resulta outro prazo
2. Ao notificá-lo, o obrigado lhe conceda um prazo mais longo do que o
convencionado:
• Pode exercer-se o direito à preferência ainda que o seu titular tenha
conhecimento do projeto do negócio através de um meio diverso da
comunicação imposta pela lei
3. Quando é definido por lei a título supletivo
• Não se efetuando a declaração de preferência dentro do prazo devido à
o direito caduca
• Art. 416º/2 àresulta de uma atitude passiva do titular do direito
de preferência, que, em face de uma comunicação correta do
projeto do contrato com terceiro, nada declara do prazo devido –
renúncia tácita
ð Galvão Telles
Ø Tal caducidade tem de entender-se referida a um
determinado projeto de negócio.
Eva Brás Pinho 153
Ø Se este se frustra, renasce o direito de
preferência relativamente a outro que o
obrigado a ela pretenda realizar.
Ø Salienta-se que a declaração de preferência
deve ser recebida pelo obrigado à
preferência e não apenas expedita pelo seu
beneficiário, dentro do prazo respetivo
§ A prestação básica a que o promitente se encontra
vinculado consiste em:
ð Apresentar ao beneficiário do direito de preferência
uma proposta de contrato, nos termos indicados
ð O caráter assume a comunicação prevista no art.
416º - embora o prazo, via de regra, seja de oito dias e
não de cinco – art. 228º
§ Declaração de preferência à aceitação
• Observância da forma legal
o O contrato pode ficar desde logo concluído, se as partes manifestarem
a vontade de uma vinculação definitiva
• Inobservância da forma legal
o Neste caso, a notificação e a declaração de preferência
consubstanciam um contrato-promessa, desde que satisfeita a forma
exigida
o Contudo, mesmo fora deste regime de aplicação, o obrigado à
preferência e o preferente ficam vinculados à celebração do negócio
ARTIGO 417º
(Venda da coisa juntamente com outras)
• Neste caso, o beneficiário da preferência pode restringi-la à coisa sobre
o seu direito incide, com redução proporcional do preço
• É lícito ao obrigado exigir que a preferência abranja todas as restantes,
desde que a separação lhe acarrete juízo apreciável – art. 417º/1
o O regime indicado subsiste quando o direito de preferência tenha
eficácia erga onmes e se reúnam os pressupostos (art. 417º/2):
1) O direito de preferência ter eficácia real
+
2) A coisa ter sido vendida a terceiro juntamente com
outra ou outras
4. Prestação acessória – art. 418º
Eva Brás Pinho 155
ARTIGO 418º
(Prestação acessória)
2. Se a prestaçã o acessó ria tiver sido convencionada para afastar a preferê ncia, o
preferente nã o é obrigado a satisfazê -la, mesmo que ela seja avaliá vel em dinheiro.
• Hipótese do obrigado à preferência receber do terceiro que deseja a coisa a
promessa de uma prestação acessória que o titular da preferência não pode
satisfazer (ex: prestação de facto)
o Se tiver sido convencionada de forma fraudulenta apenas para
afastar a preferência, considera-se irrelevante – art. 418º
o Compensar-se-á em dinheiro
o Caso não é suscetível de avaliação pecuniária à exclui-se a
preferência.
o Exceto se:
§ Se mostre lícito presumir que, mesmo sem a prestação
estipulada, se não deixaria de efetuar o contrato
§ Se haja estabelecido essa prestação somente como obstáculo à
preferência
5. Unidade/Pluralidade de preferentes
ARTIGO 419º
(Pluralidade de titulares)
1. Pluralidade de preferentes à vários titulares
o Art. 419º/1 - Só pode ser exercida por todos em conjunto,
acrescendo aos outros o direito que se extinga quanto a algum deles ou
que algum não queira exercer
o Direito atribuído simultaneamente a diversas pessoas e exercido por
todos em conjunto
2. Unidade de preferentes à exercida apenas por um deles
• Art. 419º/2 – Procede-se a licitação entre todos, ficando ao alienante o
excesso.
• Exceto quando:
o Se tenha fixado uma ordem de preferentes ou
o Um outro critério para a sua escolha (ex: indicação de terceiros)
• Direito atribuído simultaneamente a diversas pessoas, mas os
contitulares encontram-se numa posição alternativa
ARTIGO 421º
(Eficácia real)
1. O direito de preferê ncia pode, por convençã o das partes, gozar de eficá cia real
se, respeitando a bens imó veis, ou a mó veis sujeitos a registo, forem observados os
requisitos de forma e de publicidade exigidos no artigo 413o.
2. Eu aplicá vel neste caso, com as necessá rias adaptaçõ es, o disposto no artigo 141ºº
• Atribuição de eficácia real quando:
o Recaia sobre bens imóveis ou móveis registáveis, mediante a
observância dos requisitos de forma e de publicidade estabelecidos para
o contrato-promessa – art. 421º/1
o Aplica-se com as necessárias adaptações – regime das
preferências legais – art. 421º/1
• O direito convencional de preferência mesmo que dotado de eficácia
real nunca prevalece contra os direitos legais de preferência
o fundados no interesse de ordem pública à art. 422º
o A referida restrição imposta aos preferentes convencionais cujos direitos
tenham mera eficácia obrigacional visa impedir o prejuízo dos
credores
o A sua admissão nesses casos seria suscetível de afastar
eventuais interessados na aquisição dos bens, e, inclusive,
dispensar o preferente, sem adequado motivo, da competição
direta com os vários candidatos a tal aquisição.
Contrato-Promessa vs. Pacto Preferência
• Contrato-Promessa – também dotado de eficácia real (art. 413º)
• Na promessa da alienação, se o promitente não cumpre e transmite a
coisa a terceiro, o beneficiário da promessa aproveita a ineficácia
desse ato para conseguir a transmissão da coisa nos termos prometidos
2. Pacto Preferência – erga onmes
• Se o obrigado, a dar preferência aliena a coisa a um terceiro sem
observar o disposto no art. 416º, o preferente pode substituir-se ou sub-
rogar-se ao adquirente
o Exercendo o seu direito potestativo de ficar com a coisa em igualdade
de condições.
Execução especifica vs pacto de preferência
Execução especifica à vou buscar nos termos em que eu acordei; adquiro nos
termos em que foram acordados
II – Negócios unilaterais
1. Noção e sua admissibilidade como fonte de obrigações
É uma fonte das obrigações. Existe apenas uma manifestação de vontade ou,
havendo várias declarações de vontade, todas elas têm o mesmo conteúdo, são
concorrentes ou paralelas.
Deve-se aceitar que as obrigações possam ser constituídas por negócio
jurídico unilateral?
4 objeções:
1. O direito das obrigações é marcado pela inter-subjetividade.
o A inter-subjetividade é um argumento contrário à admissibilidade dos
negócios jurídicos unilaterais como sendo uma fonte de obrigações.
o Inter subjetividade acontece depois da obrigação ser constituída, e aqui
estamos a tratar um panorama anterior que é a de saber se a obrigação
pode ser constituída pela vontade de apenas uma pesoa
2. “Invito beneficium non datur”: a constituição de um direito de crédito
depende do acordo do seu beneficiário, do seu titular.
3. Se admitirmos o negócio jurídico unilateral com fonte de obrigações, podemos
estar a criar um risco de vinculações que são assumidas
precipitadamente
NÃO USAR O ART 458º COMO ARGUMENTO NESTE ASSUNTO, TRATA NEGOCIOS
JURIDICOS UNILATERAIS MAS QUE NÃO SÃO FONTE DE OOBRIGAÇÕES
A obrigação nasce da relação fundamental, mas se essa relação fundamental é
destruída ou é ineficaz, então a obrigação cai
2. Modalidades
• 4 negocios tipificados :
• SABER ESTES 4
o Promessa Pública à art 459º e segs
§ Ex: perdi o meu carro e ofereço 500€ num jornal para quem o
encontrar.
o Concurso Público – 463º
§ Tem de haver admissão de concorrentes + seleção ( escolha)
+ concessão do prémio ( escolher qem ganha)
§ Por isso é que tem de haver prazo para os concorrentes
o Doação pura feita a incapaz à 951º/2
§ Doação livre de encargos
§ receito diz que as doaçõ es deste tipo nã o requerem aceitaçã o, ou
seja, estabelece que a doaçã o ao produzir efeitos
independemente da aceitaçã o produz efeitos.
o Ato entre vivos de constituição de uma fundação à 185º nº2
§ “ torna-se irrevogável”
ARTIGO 458º
(Promessa de cumprimento e reconhecimento de dívida)
• . Ainda que possam ter um efeito prá tico idê ntico ou igual uma coisa é
prometer cumprir outra é reconhecer a divida.
o como sendo negó cios que já pressupõ e uma obrigaçã o pré -existente,
ou seja, nã o geram novas obrigaçõ es, é isto que esta
inequivocamente expresso no artigo 458º
ARTIGO 459º
(Promessa pública)
1. Aquele que, mediante anú ncio pú blico, prometer uma prestaçã o a quem se
encontre em determinada situaçã o ou pratique certo facto, positivo ou negativo,
fica vinculado desde logo à promessa.
2.3. Concurso público
ARTIGO 463º
(Concursos públicos)
1. A oferta da prestaçã o como pré mio de um concurso só é vá lida quando se fixar
no anú ncio pú blico o prazo para a apresentaçã o dos concorrentes.
463º nº1
463º nº2
1. Noção e enquadramento geral do instituto
Dá -se a gestã o de negó cios, quando uma pessoa assume a direcçã o de negó cio
alheio no interesse e por conta do respectivo dono, sem para tal estar autorizada.
3. Institutos afins
4. Relações entre o gestor e o dono do negócio
5. Obrigações do gestor
ARTIGO 465º
(Deveres do gestor)
O gestor deve:
ARTIGO 466º
(Responsabilidade do gestor)
1. O gestor responde perante o dono do negó cio, tanto pelos danos a que der
causa, por culpa sua, no exercı́cio da gestã o, como por aqueles que causar com
a injustificada interrupçã o dela.
• O gestor deve prosseguir a gestão inciaida, a qual só pode ser interrompida
por justa causa ou determinação do “ dominus”
2. Se a gestã o nã o foi exercida nos termos do nú mero anterior, o dono do negó cio
responde apenas segundo as regras do enriquecimento sem causa, com
ressalva do disposto no artigo seguinte.
ARTIGO 469º
(Aprovação da gestão)
Aprovação da gestão
• Art 469º
• Respeita a atos materiais ou jurídicos e situa-se no plano das relações
do dono do negócio com o gestor
• Três consequências:
1. O dono do negócio renúncia ao direito de indemnização pelos danos
devidos a culpa do gestor
Gestão representativa:
• Situação em que o gestor agiu em nome do dono do negócio
• Vigora a disciplina da representação sem poderes ( art 471º e 268º)
• O ato resulta originariamente ineficaz e só produz efeitos com a sua
ratificação
Gestão não representativa:
• O gestor atua em nome próprio
• Aplicam-se as disposições sobre o mandato sem representação ( art 471º,
1180º e 1184º)
• Os direitos e obrigações do negócio produzem-se imediatamente com
referência ao gestor
• Uma vez aprovada a gestão haverá que transferi-los para a esfera jurídica
do “ dominus” e não pode este substituir-se ao gestor no exercício dos
créditos resultantes de tal negócio´
Sintese:
1. Requisitos
2. Relações internas
a. Regular
o Se a ação do gestor trouxe beneficio para o dono do negócio
o Deve o gestor ser pago do que gastou
o Quando o gestor age em cumprimento do art 465 a)
o Efeitos:
1) 468º1 à reembolso das despesas + juros legais + indemnização
do prejuízo que o gestor tenha sofrido no exercício da sua gestão
ð Despesas que sejam fundadamente indispensáveis
IV – Enriquecimento sem causa
1.Noção e pressupostos
ARTIGO 473ª
(Princípio geral)
Requisitos cumulativos:
1) A existência de enriquecimento
2) Que esse enriquecimento se obtenha à custa de outrem
3) A falta de causa justificativa
1) Enriquecimento
3) Ausência de preceito legal que negue o direito à restituição ou atribua
outros efeitos ao enriquecimento à saber dar exemplos para a oral
a) Não haverá lugar ao enriquecimento se causa quando a lei recuse esse
direito
• Ex: prescrição do direito a recorrer ao instituto do enriquecimento sem
causa
• Exemplos:
o frutos na posse de boa fé à se a pessoa utilizou de boa fé, os frutos
percebidos são seus à nega a possibilidade do dono do terreno
recorrer ao enriquecimento sem causa
o alimentos provisórios à art 2007º nº2
o usucapião àart 1287º e segs
b) o art 494º também impede o recurso ao instituto quando a lei “atribui
outros efeitos ao enriquecimento” :
SABER ISTO
• tratam-se de casos em que a ordem jurídica regula as consequências
económicas de uma atribuição patrimonial impondo ao beneficiado uma
obrigação com objeto diverso da fundada
• Exemplos:
o modificação do contrato por alteração das circunstâncias à
instituto que tempera o enriquecimento
o Benfeitoriais úteis que possam ser levantadas ( art 1273 nº1)
o Especificação de má fe 1337º
§ esta norma garante que 1/3 pertence ao dono da matéria
prima e o que resto ficava para o esculturo que usou o bloco
de pedra do dono da pedra
§ no enriquecimento sem causa, tinha de ser tudo restituído
pelo dono da matéria ao escultor
1.3 O problema da capacidade do enriquecido e do que
suporta o enriquecimento
Duas teses a respeito da medida de restituição:
1. Teoria tradicional do duplo limite
• Parte do conceito de enriquecimento patrimonial
• Porque há esse duplo limite, a restituição não pode exceder o valor do
empobrecimento patrimonial à expresso no 479º nº2
o Os dois valores não têm necessariamente que coincidir
o A gasta 6.000€ em benfeitorias no prédio X de B
o O prédio sofre uma valorização de 8.500€ ou apenas de 5.000€
o O que decide é o valor, do enriquecimento ou do empobrecimento,
que se presume sempre mais baixo
o Logo, B terá de restituir a A 6.000€ ou 5.000€
• Defendida pelo Prof. Almeida Costa
• Dano real do lesado à correção inserida nesta teoria
ARTIGO 481º
(Obrigação de restituir no caso de alienação gratuita)
2. Se, poré m, a transmissã o teve lugar depois da verificaçã o de algum dos factos
referidos no artigo anterior, o alienante è responsá vel nos termos desse artigo, e o
adquirente, se estiver de má fé , é responsá vel nos mesmos termos.
(Prescrição)
Prescrição normal à os 3 anos decorrem depois do conhecimento ( ainda que
desconhecendo o responsável)
Prescrição do enriquecimento à os 3 anos só se contam depois de se saber
também quem é a pessoa responsável
Significa que pode a prescrição pro responsabilidade civil prescrever antes da
possibilidade de recorrer à prescrição do recurso ao enriquecimento sem causa
• Se nos primó rdios da histó ria nã o havia a distinçã o entre o que é responsabilidade
penal e o que é responsabilidade civil, hoje em dia tal está bem demarcado.
Ø Quanto à culpa:
Penal à regra geral só há responsabilidade quando o agente praticar um facto
dolosamente (també m há casos em que a negligencia fundamenta a
responsabilidade penal, crimes por negligencia).
• Há vá rias normas que assentam na culpa para responsabilizar, e embora
tanto o dolo como negligê ncia sã o razõ es de indemnizaçã o, ao contrá rio da
penal, no artigo 494º temos uma distinçã o entre ambas.
• Dizer-se que a responsabilidade civil olha apenas para o lesado e nã o para o
lesante nã o é verdade em absoluto.
• També m a jurisprudê ncia tem dito que quando se fixa a indemnizaçã o por
danos nã o patrimoniais, artigo 496º, pensa-se no dano do lesado e no grau
de censurabilidade da acçã o do agente. Esta atenção ao grau de
censurabilidade da acção do agente tem uma função punitiva, sendo
nesse sentido também um ponto de contacto da responsabilidade civil
com a responsabilidade penal
Ø Dito tudo isto, é importante ainda ter presente que a responsabilidade civil
não se confunde com a responsabilidade moral e que a responsabilidade
civil també m nã o se confunde com a segurança social.
• Alé m da responsabilidade moral não ser coercitiva há no plano dos
fundamentos de cada responsabilidade, na responsabilidade moral o
fundamento é a violação de deveres éticos ao passo que na
Responsabilidade contratual:
• A responsabilidade é obrigacional.
• Traduz-se no dever de indemnizar pela violação de um direito de
crédito ou de uma obrigação (nos termos do artigo 397º).
• Este direito de crédito pode nascer:
o de um contrato
o de um negócio jurídico unilateral
o de uma gestão de negócios
o de um enriquecimento sem causa
o da própria responsabilidade civil quando há dever de indemnizar.
Responsabilidade extracontratual:
• Trata do dever de indemnizar pela violação de um dever geral de
respeito.
• Há um dever geral de respeito fundamentalmente em 2 situações, nos
termos do artigo 483º:
o Quando há direitos absolutos.
o Quando há disposições legais que, sem atribuírem direitos, se
destinam diretamente à proteção de certos interesses.
Normas comuns aos dois tipos de responsabilidade:
• 562º - 572º:
o Tratam da obrigação de indemnização.
Distinção entre responsabilidade civil contratual e extracontratual:
1. Avaliação da culpa:
o Responsabilidade civil contratual:
Exemplo: A é motorista de táxi, e, ao transportar o seu cliente, causa um acidente,
que provoca graves ferimentos, pessoais e materiais neste último.
• À primeira vista, diríamos que estamos perante um caso de
responsabilidade extracontratual, porque há a violação de direitos
absolutos (direito à integridade física).
• No entanto, quando a pessoa entrou no táxi, celebrou um contrato. Pelo que
os danos são a consequência do incumprimento de uma obrigação.
Estamos perante um facto danoso: acidente de viação causado por excesso de
velocidade.
Qual o regime aplicável? Há duas abordagens possíveis:
1) Sistema do cúmulo:
o Admite-se convocar os dois tipos de responsabilidade.
o 3 teorias:
§ Teoria da ação híbrida:
• Conjuga normas da responsabilidade extracontratual e
contratual. Vai-se buscar a presunção de culpa da
contratual, e a solidariedade da extracontratual.
• A resposta parece ser negativa quanto à
admissibilidade desta teoria.
o Quando o legislador consagrou as duas
responsabilidades, fê-lo de uma forma
equilibrada. Recorrendo apenas a parcelas do
regime, desequilibra-se o regime.
§ Teoria da duplicação de ações:
• Poderia haver 2 caminhos processuais e depois
aproveitar-se-ia aquele que tivesse o resultado mais
vantajoso.
• Há uma ação fundada na responsabilidade
extracontratual, e outra fundada na responsabilidade
contratual.
• Isto não faz sentido, já que há apenas um facto danoso.
§ Teoria da opção:
Facto voluntário:
• significa que só há responsabilidade quando haja um comportamento
dominável pela vontade do homem
• o homem tem de poder controlar a ação causadora do dano
5.2 Ilicitude
5.2.1 Formas de ilicitude
2 modalidades principais de ilicitude previstos no art 483º nº1:
1. Violação do direito de outrem
• Tradicionalmente, entendia-se que apenas estavam contidos os
direitos absolutos – reais e de personalidade
• A doutrina moderna, entende que adicionalmente estã o contidos os
direitos de cré dito
o Doutrina da eficá cia externa das obrigaçõ es, dado que a
expressã o direito de outrem é suficientemente ampla para
integrar todos
2. Violação de disposições legais destinadas a proteger interesses
alheios
• São normas de proteção à normas que não atribuem direito
subjetivos mas que prescrevem condutas que sendo cumpridas
geram responsabilidade putativa
• Ex: violação das regras do código da estrada
o Estas normas têm como objetivo salvaguardar a segurança de
todos e a violação destas normas pode gerar danos para o
outro e por essa razão protege interesse alheio
• Pressupõe que o ato lesivo dos direitos de outem tenha sido praticado
com base na permissão do lesado
• Poré m, o consentimento do lesado nã o exclui a ilicitude do acto, quando
esta se mostre contrá ria à proibiçã o legal ou bons costumes
• Exemplo:
o Vejo uma pessoa a desmaiar e para a levar a um hospital mais
facilmente, arrombo o carro da pessoa que desmaio e vou no carro
dele ate ao hospital.
o Imagine-se que essa pessoa que desmaiou vai pedir indemnização
pelos danos que eu causei no carro ao arrombar
o O que afasta aqui o Estado de Necessidade?
o É que a reação não é a um bem de terceiro, mas sim do que usufrui
o Há aqui consentimento presumido do lesado
• Consentimento:
a. Expresso à quando digo claramente
Ø A lei exige que a violaçã o ilı́cita dos direitos ou interesses de outrem esteja
ligada a uma certa pessoa, de maneira a que se verifiquem dois pressupostos:
• Imputabilidade
• Censurabilidade
• Desculpabilidade
5.3.1 Imputabilidade
ARTIGO 488º
(Imputabilidade)
1. Nã o responde pelas consequê ncias do facto danoso quem, no momento em que o
facto ocorreu, estava, por qualquer causa, incapacitado de entender ou querer,
salvo se o agente se colocou culposamente nesse estado, sendo este transitó rio.
5.3.2 Censurabilidade
Olhando para o caso concreto, nã o há motivo/justificaçã o para justificar o
afrouxamento da diligê ncia
• O agente nã o só sabia o que deveria ter feito, como fez exatamente o
contrá rio
• Como é apreciada? – culpa em abstrato – art. 287º
a. Culpa grave – omissã o dos mı́nimos de diligê ncia, a qual só ocorre por um
homem especialmente desleixado
• ex.: B adormece a conduzir
b. Culpa leve – situaçõ es em que o agente adotou um padrã o de conduta que nã o
está em conformidade com o padrã o de conduta que o homem mé dio adotaria,
mas nã o se pode falar de um comportamento desleixado
• ex.: B vai em excesso de velocidade
c. Culpa levíssima – nem o bom pai de famı́lia teria estes nı́veis de diligê ncia, e
como tal já nã o há culpa
• Nota: o ú nico caso do ordenamento jurı́dico que sanciona este tipo é o
art. 493º/2 porque o ilı́cito é causado por uma atividade perigosa
Art. 487º/1 – cabe ao lesado provar a culpa do autor da lesão, excepto nos
casos em que há presunção de culpa
ARTIGO 491º
ARTIGO 492º
(Danos causados por edifícios ou outras obras)
1. O proprietário ou possuidor de edifício ou de outra obra que ruir, no todo ou
em parte, por vício de construção ou defeito de conservação, responde pelos
danos causados, salvo se provar que não houve culpa da sua parte ou que,
mesmo com a diligência devida, se não teriam evitado os danos.
2. A pessoa obrigada, por lei ou negócio jurídico, a conservar o edifício ou obra
responde, em lugar do proprietário ou possuidor, quando os danos forem devidos
exclusivamente a defeito de conservação.
ARTIGO 493º
(Danos causados por coisas, animais ou actividades)
1. Quem tiver em seu poder coisa móvel ou imóvel, com o dever de a vigiar, e bem
assim quem tiver assumido o encargo da vigilância de quaisquer animais,
responde pelos danos que a coisa ou os animais causarem, salvo se provar que
nenhuma culpa houve da sua parte ou que os danos se teriam igualmente
produzido ainda que não houvesse culpa sua.
2. Quem causar danos a outrem no exercício de uma actividade, perigosa por sua
própria natureza ou pela natureza dos meios utilizados, é obrigado a repará-
los, excepto se mostrar que empregou todas as providências exigidas pelas
circunstâncias com o fim de os prevenir.
• Há uma presunção legal de culpa
• Adicionalmente, tem també m o reconhecimento negativo de causas virtuais
• Coisas = circunstâncias muito diversas
Estupefacientes
5.4 Dano
• Art 483º nº1 “ obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes
da violação”
• Não existe correlação entre a amplitude dos danos e o grau de culpa (
um dano pequeno pode surgir de uma situação de dolo e um dano
grande pode surgir de uma situação de mera culpa)
Dano à ofensa de bens ou interesses que são protegidos pela ordem jurídica
Há vários tipos de danos:
d. Patrimoniais à suscetíveis de avaliação pecuniária
e. Não patrimoniais à não suscetíveis de avaliação pecuniária
Danos patrimoniais indiretos à quando os dois acontecem. Ex: difamação do
qual resultam danos morais mas também perdas económicas pela diminuição da
clientela profissional. A compensação abrangerá tanto a compensação do puro
dano não patrimonial como ainda a indemnização pelos seus reflexos materiais.
f. Danos materiais àObjeto da ofensa é a coisa
g. Danos pessoais à Objeto da ofensa é a pessoa
Há danos que podem figurar vários tipos de danos ao mesmo tempo:
Ø Alguém que vai para o hospital e deixou de trabalhar, tem danos pessoais no
corpo, tem danos patrimoniais porque deixa de trabalhar e de ganhar dinheiro
Ø Se um amigo meu parte uma jarra que era passado há anos em gerações da
minha família então há um dano material porque a jarra se parte, á dano
(os danos patrimoniais muitas vezes sã o ressarcı́veis - nem sempre; os danos nã o-
patrimoniais só podem ser compensá veis)
Nota:
Acordão 8.09.2016 ( processo nº1952/13) à Danos económicos puros à ver
hipótese XXV
• Há uma perda económica que ocorre sem ter havido uma violação de um
direito absoluto
• Quando é que estes danos económicos puros são ressarciveis?
o Quando se conseguir de identificar uma outra modalidade ilicitude,
nomeadamente:
§ quando se encontrar uma disposição legal destinada a proteger
interesses alheios
§ quando aconteça uma situação por exemplo de abuso direito
• Imagine-se que há uma interrupção da energia elétrica e isso faz com que o
trabalho que eu estou a fazer no meu computador se perca e isso leva a um
dano económico grande porque tinha de entregar dali a uma hora e já não
consigo
o Aqui há um dano económico puro porque há um prejuízo apesar de
não haver um direito violado.
Dano morte – lesã o que corresponde à morte de uma pessoa, sabemos que é um
dano autó nomo.
• Há uma dú vida, que ainda subsiste, que é se essas pessoas que estã o indicadas
no art.496/2
• recebem relativamente aos danos sofridos pela vitima, a titulo pró prio ou a
titulo sucessó rio. Imaginando que o senhor A morreu, e se lhe for atribuı́da
uma indemnizaçã o, essa vai integrar
• a herança e depois vai ser atribuı́da a essas pessoas por tı́tulo sucessó rio – o
reflexo prá tico que isto tem, é que se integrar a herança, sendo essa um
patrimó nio autó nomo, essa indemnizaçã o vai ter de responder pelas dividas
da herança.
• Por isso, há quem defenda e o Professor Henrique Antunes concorda, que esta
indemnização deve ser atribuída autonomamente por direito próprio às
pessoas que vêm no art.496/2.
• Mas questã o pré via a esta, é saber o que indemnizamos quando uma
pessoa morre
o há vá rios argumentos para se poder dizer que se a morte é imediata,
nã o haveria lugar a indemnizaçã o por danos sofridos pelo falecido.
o Portanto, basicamente o sofrimento está nas pessoas que ficam,
essas sã o indemnizadas nos termos do 496/2.
• Se o imediata nã o haveria. Embora a questã o tenha razã o de ser, hoje está
resolvida pacificamente – é incontestável que a perda da vida é uma lesão
autónoma que é susceptível de ressarcimento.
o O problema está nos valores do ressarcimento.
• Quando algué m morre há o ressarcimento da perda da vida, e há o
ressarcimento dos danos nã o patrimoniais sofridos pelas pessoas indicadas
no 496º(depois havendo a duvida se recebem por via sucessó ria ou directa).
ARTIGO 563º
(Nexo de causalidade)
Teorias seletivas:
5.6. Prescrição
Art 498º nº1 determina 2 prazos para a prescrição do direito à
indemnização:
a) 3 anos a contar da data em que o lesado tenha conhecimento desse direito
ARTIGO 500º
(Responsabilidade do comitente)
3 Requisitos para se aplicar o art 500º, para que o comitente seja
responsabilizado:
1. relação de comissão à alguém ter encarregado outrem de executar
determinada tarefa que é realizada por conta e interesse do primeiro
• art 500 nº1
• esta relação é uma relação que se caracteriza genericamente
mas que pressupõem um vínculo de autoridade e
subordinação .
• não é só encarregar um amigo de fazer algo, tem de haver um
vínculo jurídico do qual se possa retirar que a pessoa que
encarrega tem a possibilidade de dar ordens, instruções e
fiscalizar a conduta do comissário
• dai que a responsabilidade do comitente muitas vezes se
confunda com a responsabilidade que existe da entidade
empregadora relativamente ao danos causados pelo seu
empregador
• ex: contrato de trabalho é uma relação de autoridade e de
subordinação
2. Obrigação de indemnizar o comissário
• art 500º nº1
• o próprio comissário tem de ser obrigado a indemnizar
• divergência doutrinal:
o saber se indemnizar pode ter apenas fundamento em culpa ou se
pode ter outros fundamentos como responsabilidade licita ou por
risco
1) Professor Antunes Varela
§ o art 500 nº3 à diz “ também” culpa à dá a entender que para
haver esta obrigação de indemnizar pelo comissário tem de
haver culpa da sua parte e portanto responsabilidade civil por
factos ilícitos quanto ao comissário
ð ou seja, para o comitente indemnizar o comissário
tinha de ter culpa
2) Prof Almeida Costa
§ Admite que haja obrigação de indemnizar do comissário, mesmo
que não seja por factos ilícitos ( imagine-se uma situação de
responsabilidade por factos lícitos)
§ Funda este argumento no art 165º ( responsabilidade civil das
pessoas coletivas)
ARTIGO 502º
(Danos causados por animais)
Quem no seu pró prio interesse utilizar quaisquer animais responde pelos danos
que eles causarem, desde que os danos resultem do perigo especial que envolve
a sua utilizaçã o.
ARTIGO 503º
3. Aquele que conduzir o veı́culo por conta de outrem responde pelos danos que
causar, salvo se provar que nã o houve culpa da sua parte; se, poré m, o conduzir
fora do exercı́cio das suas funçõ es de comissá rio, responde nos termos do no 1
I. Pessoas responsáveis
ARTIGO 504º
(Beneficiários da responsabilidade)
ARTIGO 505º
(Exclusão da responsabilidade)
1) Se o acidente resultar de facto do próprio lesado, culposo ou não.
• Pressupõem-se qee para a exclusão da responsabilidade pelo risco o
facto causado pelo lesado seja causa única do acidente, ou seja, que
a culpa seja exclusivamente do lesado
• Ex: o peão que, desatento, atravessa a via pública em local onde não
podia fazê-lo
• Se não for causa única, aplica-se o art 570º e pode haver ponderação no
montante da indemnização
2)Se o acidente se dever a facto de terceiro, com ou sem culpa sua
• Simples problema de ligação causal dos danos verificados ao facto de terceiro,
ou seja, dever-se o acidente tão só a este terceiro
o Ex: um atropelamento porque o condutor fica encadeado com as
luzes provocadas pela imprudência de quem dirige outro veículo
• Havendo concorrência de culpas entre o condutor e o terceiro respondem
solidariamente ( art 497º)
o O mesmo acontece quando há concorrência de culpas entre o
terceiro e o lesado ( 570+497º)
3)Se o acidente se dever a causa de força maior estranha ao funcionamento do
veículo
• Devemos distinguir acidentes devido a casos fortuitos e casos de força maior
o Casos fortuitos à riscos inerentes ao funcionamento das coisas
ou maquinismos que o agente utiliza ( ex: rebentamento de um
pneu)
o Causa força maior à força da natureza estranha a essas coisas
ou maquinismos
§ Ex:uma faísca ou um ciclone
§ A responsabilidade objetiva nos termos do 505º só é
afastada nos acidentes causados por estas causas
• Havendo culpa do condutor + uma causa de força maior à não se exclui a
responsabilidade mas é fundamento para efeitos de limitação equitativa
da indemnização por hipótese de mera culpa ( art 494º)
V. Colisão de veículos
ARTIGO 506º
(Colisão de veículos)
Exemplo:
• X e Z colidiram
• X sofreu 500; Z sofreu 1.600
• Para os danos X contribuiu em 2/3 e Z apenas 1/3 sem culpa de qualquer dos
condutores
• Somas os danos derivados da colisão ( 500+1600)
• Repartir o montante global de responsabilidade ( 2100) proporcionalmente à
participação dos veículos na produção desses danos
• Assim, 2/3= 1400€ e 1/3=700€
• Assim, o responsável pelo veiculo X suporta o prejuízo de 500€ nele
ocasionado e deve satisfazer 900€ ao dono do veiculo Z
Supondo que A sofreu mais danos, porque tinha um mini e B uma carrinha –
considera o juiz que em resultado da dimensã o do veı́culo B, a contribuiçã o para os
danos é a maior pois é maior o veiculo.
Relativamente a C nã o se aplica este crité rio, imaginando que sofreu 500 de
danos pessoais e 100 de danos materiais. C é transportado por B, e é um terceiro
relativamente a A. Ele tem relativamente A e a B dois tı́tulos de responsabilidade -
A norma que fundamenta a responsabilidade do A e do B, para com C é o 503o/1
só que para saber em que medida ele é beneficiá rio da responsabilidade:
1) O A vai responder perante o C nos termos do 503/1 e 504/1( norma que fala de
terceiros)
Artigo 508º
Limites máximos
7. Responsabilidade por factos lícitos
Ø Excecionalmente a obrigação de indemnização pode resultar de uma conduta
lícita do agente
• O princípio da responsabilidade civil por factos lícitos na esfera jurídica
alheia não está explicitamente formulado no CC
8. Obrigação de indemnização
8.1 Danos compreendidos na indemnização
8.2 Principais doutrina
8.2.1 Doutrina da equivalência das condições
8.2.2 Doutrinas seletivas
8.2.3 Doutrina da causalidade adequada
8.2.4 Problema da causa virtual ou hipotética
8.3 Formas e cálculo de indemnização
8.3.1 Formas de indemnização
Eva Brás Pinho 245
Quando a reconstituição natural não é possível ( art 566º nº1)?
Ø Indemnização em dinheiro calculada pela teoria da diferença
Ø Quando a reconstituição natural não é possível
Ø Quando a reconstituição natural não consegue reparar integralmente os danos
sofridos pelo credor
Ø Quando é excessivamente onerosa para o devedor
ð Indemnização em dinheiro
Indemnização em dinheiro:
• Faz-se de acordo com a teoria da diferença:
o Artigo 566º.
o A indemnização calcula-se pela diferença entre a situação patrimonial
atual do lesado e a situação patrimonial hipotética do lesado, se a
lesão não tivesse ocorrido, na data mais recente que puder ser
atendida pelo tribunal.
• Exceções à teoria da diferença:
o A doutrina vem dizer que a responsabilidade civil não pode ser vista
nestes termos, porque existe um comportamento responsabilizante que
causou um dano.
o Ou seja, a doutrina não reconhece, na teoria da diferença, relevância
negativa à causa virtual.
§ Isto seria reconhecer que a responsabilidade civil tem uma função
punitiva.
o Há casos em que a indemnização não é calculada pela teoria da diferença,
mas sim por outros critérios, nomeadamente pelo critério da
equidade.
o Exemplos:
§ Indemnização por danos não patrimoniais.