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Faculdade De Minas BH

Isabela Silva Pereira

Karen Cristiny Garcia de Oliveira Ribeiro

Madalena Fernandes de Almeida

Rebeca Guedes dos Santos

Thalya Vitória da Silva Santos

A UTILIZAÇÃO DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS


CIENTÍFICAS (ADIN 3510)

Belo Horizonte

2023

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SUMÁRIO

1. RESUMO: ............................................................................................................. 3
2. INTRODUÇÃO: .................................................................................................... 3
3. A VIDA NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO: .................................... 5
4. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ARTIGO 5º DA LEI Nº 11.105/2005: .................. 6
5. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3510: ..................................... 6
6. JULGAMENTO DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3510: ..... 7
7. CONCLUSÃO: ..................................................................................................... 8

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1. Resumo:
O presente trabalho pretende analisar a Ação Direta de Inconstitucionalidade
3510, apresentada pelo ex-Procurador-Geral da República, Dr. Claúdio Lemos
Fonteles. Essa ação tem como alvo o Artigo 5° da Lei Federal n°11.105, de março
de 2005, que autoriza a utilização de células-tronco provenientes de embriões
humanos para fins de pesquisa e terapia. Segundo Fonteles, tal preceito legal
representa uma contrariedade aos princípios fundamentais da Constituição Federal
Brasileira, com ênfase no direito à vida e à dignidade da pessoa humana.

A iniciativa da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) desencadeou um


intenso debate no Supremo Tribunal Federal, abordando sobre a constitucionalidade
das pesquisas com células- tronco embrionárias. Dentro desse contexto, surgem
perspectivas distintas, uma delas encara a utilização de células-tronco em pesquisas
como uma afronta aos princípios fundamentais da Constituição Federal Brasileira.
Os defensores desse ponto de vista argumentam que a vida humana tem início na
fecundação e, portanto, o embrião deve ser considerado um ser humano desde o
seu estado embrionário, e não ser visto como um embrião prestes a se tornar um ser
humano.

2. Introdução:
Pesquisas envolvendo células-tronco embrionárias regulamentadas no Brasil
pela Lei de Biossegurança têm gerado debates controversos nos âmbitos bioético,
moral e jurídico devido à implicação na destruição de embriões. As principais
questões de natureza bioética que cercam as pesquisas com células-tronco
concentram-se no estabelecimento do status do embrião humano, ou seja, em que
estágio de seu desenvolvimento o embrião pode ser considerado uma entidade
moral. Para entender melhor esse debate, é importante mencionar que as células-
tronco se diferenciam das outras células do corpo humano por sua capacidade de se
auto renovar e também de se diferenciar em diversas outras células especializadas.

As células-tronco embrionárias são aquelas presentes no embrião humano,


que tem a capacidade de se transformar em qualquer tecido do corpo. Essas células
são altamente valorizadas pela ciência por sua versatilidade, o que significa que elas
podem ser usadas para tratar uma ampla gama de doenças. No entanto, a obtenção
dessas células é um processo muito controverso, pois envolve a destruição do
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embrião. Isso levantou dúvidas e debates éticos sobre a utilização dessas células
em pesquisas científicas e a sua validade para tratamentos médicos. As teorias
sobre o momento em que a personalidade do embrião surge variam de acordo com
avaliações morais, religiosas, biológicas ou legais, e essas avaliações influenciam a
aceitação ou rejeição das pesquisas que envolvem células-tronco embrionárias.

A discussão em torno da aplicação das células-tronco embrionárias ganhou


um fervor renovado no contexto brasileiro, especialmente após a promulgação, em
março de 2005, da Lei de

Biossegurança. Essa lei, que abrange uma série de questões, incluiu a


autorização para a utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas e
terapias. Isso permitiu o uso de embriões excedentes provenientes de técnicas de
reprodução assistida. A concessão dessa permissão gerou intensos debates em
diversos setores da sociedade, como cientistas, líderes religiosos, juristas, políticos e
a comunidade em geral discutindo a natureza ética dessa medida, uma vez que as
pesquisas envolvem a degradação do embrião.

Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-


tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por
fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendidas
as seguintes condições:

I – Sejam embriões inviáveis; ou


II – Sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da
publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da publicação desta
Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de
congelamento.
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.

§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa


ou terapia com células-tronco embrionárias humanas deverão submeter
seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês de ética
em pesquisa.

§ 3º É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este


artigo e sua prática implica o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de
4 de fevereiro de 1997.

As células-tronco derivadas de embriões têm a capacidade de gerar todos os


tipos de células encontradas no corpo adulto. Contudo, o cerne da controvérsia
bioética reside no fato de que as células-tronco embrionárias têm sua origem nos
blastocistos humanos excedentes resultantes de técnicas de fertilização in vitro
(FIV), o que suscita considerações éticas e morais devido à necessidade de

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destruição desses embriões. Sob a perspectiva jurídica, o epicentro da discussão e


a controvérsia no uso das células-tronco embrionárias giram em torno do estatuto
do embrião. Este embate de ideias se desenrola entre aqueles que consideram o
embrião como um "objeto" de direito, desprovido, portanto, de status de "entidade"
até uma determinada etapa do seu desenvolvimento, e os defensores da visão de
que o embrião é, de fato, desde o início, um sujeito detentor de direitos. Para eles,
a vida, mesmo nos estágios iniciais do desenvolvimento, traz consigo a marca da
singularidade e da dignidade intrínseca.

3. A vida no ordenamento jurídico brasileiro:


A concepção e entendimento da vida no ordenamento jurídico brasileiro são
questões complexas que abrangem diversas esferas do direito, como o civil, o
constitucional e o penal. A abordagem sobre a vida humana envolve princípios
éticos, morais e científicos, refletindo a evolução da sociedade e das perspectivas
jurídicas ao longo do tempo.

A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu artigo 5º, o direito à vida


como um dos direitos fundamentais, colocando-a em posição central na proteção da
dignidade humana. Ainda que o texto constitucional não defina explicitamente o
início da vida, esse artigo é frequentemente invocado como alicerce para a defesa
da vida desde a concepção. No âmbito do direito civil, o Código Civil Brasileiro
estabelece que a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida
(teoria natalista), conferindo direitos e deveres ao indivíduo desde esse momento.
Isso implica que, legalmente, o nascituro (feto ainda no útero) não é considerado
sujeito de direitos até o nascimento, exceto para fins de herança, conforme
preceitua o Código Civil.
A complexidade da temática da vida também se estende às questões
envolvendo a reprodução assistida e a pesquisa científica, especialmente no que diz
respeito ao uso de células- tronco embrionárias. A Lei de Biossegurança de 2005
regulamentou o uso dessas células para fins terapêuticos e de pesquisa,
estabelecendo critérios específicos para sua utilização, com base na proteção da
dignidade humana. A vida no ordenamento jurídico brasileiro, portanto, é abordada
de forma multifacetada, considerando princípios constitucionais, legislações
específicas e a complexidade das questões éticas, morais e científicas que a
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envolvem. A interpretação e aplicação dessas normas continuam a evoluir à medida


que a sociedade e a ciência avançam, buscando um equilíbrio entre a proteção da
vida e outros direitos e interesses.

4. Considerações sobre o artigo 5º da Lei nº 11.105/2005:


O artigo 5º da Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005) estabelece as
diretrizes e limitações para o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas e
terapias no Brasil. Através desse artigo, a legislação busca equilibrar os avanços
científicos com as considerações éticas e morais em relação ao uso de embriões
humanos. O artigo em questão autoriza a pesquisa e terapia com células-tronco
embrionárias, desde que cumpridos alguns requisitos rigorosos.
Essas células podem ser utilizadas em projetos de pesquisa e
procedimentos terapêuticos, contanto que os embriões utilizados sejam inviáveis,
desde que estejam congelados por mais de três anos a partir da data da
promulgação da lei, ou sejam embriões excedentes de técnicas de reprodução
assistida e contem com o consentimento dos genitores para sua utilização. No
contexto do artigo 5º, a busca pelo equilíbrio entre a promoção da saúde humana e
a consideração moral da vida é crucial. As abordagens variam desde a busca de
alternativas de pesquisa para evitar o uso de células-tronco embrionárias até a
busca por regulamentações mais flexíveis que permitam a pesquisa responsável e
controlada. Em última análise, o artigo 5º da Lei de Biossegurança reflete uma
questão complexa e multifacetada que transcende as fronteiras da ciência e do
direito, alcançando os domínios mais profundos da moralidade e da filosofia.

5. Ação Direta de Inconstitucionalidade 3510:

No cerne da ADIN 3510, tem-se o desígnio de verificar a constitucionalidade


da Lei nº 11.105/2005, intitulada Lei de Biossegurança, em específico o Artigo 5º,
que favoreceu o uso de células-tronco embrionárias. Em 31 de maio de 2005, o ex-
Procurador-Geral da República CláudioLemos Fonteles protocolou a Ação Direta de
Inconstitucionalidade e fez a seguinte afirmação em sua fundamentação:

[...] os biólogos empregam diferentes termos – como por zigoto, embrião,


feto etc., para caracterizar diferentes etapas da evolução do óvulo
fecundado. Todavia, esses diferentes nomes não conferem diferentes
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dignidades a essas etapas [...] não se trata de um amontoado de células.


O embrião é vida humana. (EXORDIAL, p. 4).

Fonteles afirma que o início da vida acontece no momento da fecundação,


quando o espermatozoide penetra no óvulo, e que o uso de embriões congelados
para fins de pesquisa terapêutica, que resultam na destruição desses embriões,
contraria dois princípios fundamentais da Constituição Federal do Brasil, a
dignidade da pessoa humana e o direito à vida. Por conseguinte, o texto
constitucional não aborda quando exatamente a vida se inicia.

Os defensores da utilização de células-tronco embrionárias argumentam


que a inviolabilidade do direito à vida não é absoluta, uma vez que a vida humana
está intrinsecamente ligada ao processo de desenvolvimento do embrião no útero
materno, indo além da fecundação. Na ocasião do julgamento da ADIN 3510,
diversos cientistas, médicos e pesquisadores compareceram com o intuito de
embasar o ponto de partida da vida humana. Sustentaram a perspectiva de que
essa se inicia após a fecundação, apontando que, no âmbito das células-tronco
embrionárias, essas não podem ser categorizadas como vida humana.
Argumentaram ainda que, embora exista uma presença humana em termos
morais, ela não é ainda amparada pelo escopo legal, até que ocorra a implantação
no útero da mulher.

6. Julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3510:


Por uma maioria de votos, os Ministros determinaram a rejeição do pedido e
a validação constitucional do Artigo 5º da Lei de Biossegurança. A fundamentação
da maioria dos votos na ADIN em questão, especialmente do relator, não se
restringiu ao âmbito das ciências sociais aplicadas, mas adentrou em áreas como
biologia, antropologia, entre outras.

A posição da doutrina e da jurisprudência quanto à teoria adotada para


determinar o início da vida é pacífica que o nascituro já é titular de direitos da
personalidade, adotando a teoria concepcionista. No entanto, em conformidade com
o entendimento majoritário da doutrina civilista, a teoria natalista prevalece. De
acordo com essa teoria, a personalidade jurídica de um indivíduo começa no
momento do nascimento com vida, pois o feto que está em desenvolvimento é visto

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como um ser em potencial, uma vez que ele adquire direitos somente após o
nascimento.

7. Conclusão:
Posto isso, é notório que a utilização de células-tronco embrionárias em
pesquisas científicas é uma temática complexa e controversa que envolve questões
éticas, legais e científicas. Essas células, porém, são de extrema importância para
a área da medicina, uma vez que elas têm capacidade de se destacar em
diferentes tipos de células no corpo humano, sendo consideradas células
pluripotentes.

Tendo em vista que as células-tronco embrionárias não utilizadas são,


geralmente, descartadas, entende-se que a utilização dessas em pesquisas
científicas é válida, desde que tenha a autorização dos pais. Em alguns casos, os
pais optam por armazená-las para, futuramente, utilizar em uma nova gravidez. É
comum, também, o armazenamento dessas para uma nova tentativa caso o
tratamento inicial não seja bem-sucedido, gerando, assim, um grande acúmulo de
embriões congelados no Brasil.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 3510 foi uma decisão crucial


para a ciência e a medicina brasileira. A pesquisa com células-tronco embrionárias
pode ser o grande avanço na cura de diversas doenças, inclusive patologias graves,
como o câncer. A tecnologia a partir dessas células é bastante versátil e pode
permitir a criação de tecidos e órgãos sintéticos, por exemplo, o que proporcionaria
enormes benefícios para a saúde humana. Mais do que isso, a decisão favorável à
ADI 3510 abre caminho para tratamentos sistêmicos personalizados e mais
efetivos. Dessa maneira, a utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas
científicas pode representar um grande impulso para a inovação em saúde, para o
desenvolvimento socioeconômico e para a melhoria da qualidade de vida dos
brasileiros.

O artigo 5º da Lei de Biossegurança não viola o direito à vida e à dignidade


da pessoa humana; pelo contrário, ele promove a ampliação desses direitos. As
pesquisas permitidas por essa legislação possuem o potencial de transformar a
qualidade de vida de muitos brasileiros que enfrentam doenças degenerativas.
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Atribuir ao embrião inviável o status de ser humano resulta na marginalização do


sofrimento de milhares de seres humanos.

É pertinente enfatizar que o Artigo 24 da Lei nº 11.105/2005 desempenha um


papel de grande importancia ao estabelecer penalidades para aqueles que decidem
utilizar células-tronco embrionárias de forma contrária às diretrizes estabelecidas no
Artigo 5º da mesma legislação. Esse artigo estabelece consequências legais
substanciais, incluindo a possibilidade de detenção por um período que varia de 1 a
3 anos, além da aplicação de uma multa. Dessa forma, o Artigo 24 age como um
mecanismo de dissuasão, com o propósito de assegurar que as práticas de
pesquisa e utilização de células-tronco embrionárias estejam sempre em
conformidade com os princípios e critérios éticos delineados no Artigo 5º da
mencionada lei.

Essa abordagem enfatiza a importância que o legislador atribui à pesquisa e


terapia com células-tronco embrionárias, dentro dos limites estabelecidos pela lei,
ao mesmo tempo em que busca proteger a dignidade humana e a integridade dos
embriões. O Artigo 24 não apenas estabelece as penalidades para o não
cumprimento desses requisitos, mas também age como um mecanismo de
regulamentação e controle, garantindo que o uso dessas células esteja de acordo
com as diretrizes legais. É de extrema importância evitar que a interpretação
constitucional seja influenciada por convicções que não estejam relacionadas ao
seu conteúdo. A Constituição não contém disposições que equiparem o embrião
aos direitos das pessoas nascidas ou mesmo dos nascituros.

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REFERENCIAS

https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=611723

https://saocamilo-sp.br/assets/artigo/bioethikos/57/celulas_tronco_embrionarias.pdf

https://www.scielo.br/j/hcsm/a/HpHtsFVjQLN8RTVBFWzzZMh/

https://www.scielo.br/j/ramb/a/VsGsYS8MvHY4kKDkRvSnKbg/

https://ufmg.br/comunicacao/noticias/celulas-tronco-do-conceito-a-questao-etica

https://www.scielo.br/j/ea/a/NFkHMXDmVxdqtzQKmVLpYGf/

https://saocamilo-sp.br/assets/artigo/bioethikos/57/celulas_tronco_embrionarias.pdf

https://www.scielo.br/j/csc/a/Jxx3B5stXPw4L9t5LVrxszq/?lang=pt

file:///C:/Users/veron/Downloads/paradigma,+52-189-1-SM.pdf

https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-vida-no-ordenamento-juridico-
brasileiro/250864671#:~:text=Ressalta%2Dse%20que%2C%20para%20o,estar%2
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