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DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO EM ÉGUA

Otávio Vinícius PRADO1; Pietra Nunes BERGER2; Thiago de Sá Renard PIE3;


Vanessa Penha PÍCOLLI4

1 Discente do Curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Poços de Caldas
2 Discente do Curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Poços de Caldas
3 Discente do Curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Poços de Caldas
4 Discente do Curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Poços de Caldas

Palavra-chave: monitoramento gestacional em fêmeas; diagnostico


gestacional; feto

1 INTRODUÇÃO
O diagnóstico precoce da gestação é importante para o manejo
reprodutivo, pois permite o planejamento do parto e a identificação de
possíveis problemas gestacionais.
Os métodos tradicionais de diagnóstico de gestação em éguas
são: a palpação transretal, dosagens hormonais além dos avanços na
tecnologia de ultrassonografia que têm permitido o diagnóstico de
gestação em éguas cada vez mais precocemente.
A gestação na égua é um período de grande vulnerabilidade para
a mãe e para o feto. As alterações fisiológicas que ocorrem durante a
gestação podem predispor a égua a diversas patologias, que podem
afetar a saúde do feto e causar perdas gestacionais.
Outro ponto de relevâncias é o reconhecimento materno em
éguas é um processo complexo que ocorre durante a gestação e que é
fundamental para o estabelecimento do vínculo entre a mãe e o filhote. O
reconhecimento materno é caracterizado pela aceitação da égua do
potro após o parto.

2 PLACENTAÇÃO
A placenta é um órgão de extrema importância para a reprodução, é
através dela que nutrientes e oxigênio provenientes da mãe passam para o
feto, assim como também faz a eliminação de produtos fecais, ou seja, a
placenta é responsável pelo crescimento fetal (CAPELLINI, 2012). Isso torna a
placenta um dos fatores mais importantes para o sucesso da gestação, já que
alterações na mesma, implicam na função placentária, resultando em falhas na
gestação e também em outras complicações. Os parâmetros gestacionais
devem ser observados, como massa corporal neonatal, a duração da gestação
e o número de filhos por gestação. Para que seja entendido a evolução da
placenta, os dados anatômicos de desenvolvimento fisiológicos, genéticos e
epigenéticos devem ser avaliados juntos (WILDMAN, 2011).
O início da placentação é marcado pela implantação do concepto no
útero juntamente com as fases de aposição e adesão, e também pelo
alargamento da superfície de contato entre os epitélios. Esses eventos juntos,
irão garantir a nutrição e a firme ancoragem do concepto no útero (ABD-
ELNAEIM et al., 1999).
Na égua, a placenta é classificada como epitéliocorial, difusa,
microcotiledonária e adeciduada (ABD-ELNAEIM et al., 2006), e sua aderência
só ocorre em torno dos dias 24 a 40 (HAFEZ E HAFEZ, 2004). A classificação
de epitéliocorial, vem do fato de que o epitélio uterino está em contato direto
com a camada do córion, que apresenta seis camadas de tecido entre os
capilares da mãe e do feto, que são eles divididos em endotélio, tecido
conjuntivo e epitélio. Por esse motivo, nas éguas não acontece a passagem de
imunoglobulinas, fazendo com que seja ainda mais importante a administração
do colostro (GINTHER, 1992; GERSTENBERG et al., 1999).
A adesão da placenta vem de uma interdigitação entre a superfície
epitelial da vesícula embrionária e o revestimento uterino. Quando a placenta
vai se expandindo, os microvilos do córion e o epitélio uterino fazem com que
apareça estruturas microcotiledonárias que vão fixar a mesma (GINTHER,
1992; SHARP, 2000; ALLEN, 2001; ALLEN et al., 2002a; HAFEZ E HAFEZ,
2004).
No quinto mês de gestação, os microcotilédones são formados de maneira
completa. Cada microcotilédone é suprido por uma artéria de origem materna e
uma artéria equivalente da placenta fetal (ALLEN, 2001; WILSHER E ALLEN,
2003).
Na égua, a placenta consiste em tecidos fetais e materno, fazendo com
que ocorra trocas fisiológicas. Ela é difusa, não decídua e com ligação vilosa
superficial. Também é classificada como epiteliocorial, pois o epitélio do útero
está em contato com o trofoblasto. As vilosidades coriônicas são organizadas
em microcotilédones, que recobrem a superfície dessa estrutura e se encaixam
em criptas, que se localizam no endométrio (GINTHER, 1992).
A placenta é constituída por córion, alantóide, âmnion e cordão umbilical.
A parte coriônica do alantóide se liga ao endométrio pelos microcotilédones,
que recobrem a superfície uterina (TROEDSSON & SAGE, 2001).

3 FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO
a. Reconhecimento materno
É um processo fisiológico e essencial para que ocorra a gestação,
ocorre quando há concepção do feto, gerando a comunicação entre ele e o
organismo materno, e consequentemente fazendo a manutenção do corpo
lúteo primário e dos níveis de progesterona necessários para o
desenvolvimento e sobrevivência do embrião (KASTELIC et al.1987;
ALLEN,2001; SPENCER et al.,2004).

O embrião equino é coberto por uma capsula glicocálix resistente e


ajustada entre os dias 6,5 a 14 após a ovulação, fazendo com que o
trofoectoderma não possa se organizar e alongar entre os dias 10 e 14 após a
ovulação, ficando esférico e completamento solto dentro do lúmen uterino
(Fig.1) (ALLEN, 2000; ALLEN & STEWART, 2001), onde se move
constantemente de um lado para o outro dentro do útero. (GINTHER, 1983;
LEITH & GINTHER, 1984; GASTAL et al., 1998; ALLEN, 2000; ALLEN &
STEWART, 2001; STOUT & ALLEN, 2001, 2002). Esse processo é persistente
até os dias 16 a 17 após a ovulação, até que ocorre um acelerado aumento no
diâmetro do embrião e repentino espasmo que aumenta o tônus miometrial,
fixando o concepto no eventual local de implantação, na base de um dos
cornos uterinos (GINTHER, 1983; LEITH & GINTHER, 1984; ALLEN, 2000;
SHARP, 2000; ALLEN, 2001; STOUT & ALLEN, 2001, 2002). Esse movimento
do concepto é uma adaptação do embrião para que haja um sinal de
reconhecimento materno da gestação, por todo o útero, de modo que haja a
supressão na liberação cíclica de PGF-2α pelo endométrio, fazendo a
luteostase necessária para a manutenção da gestação (GINTHER, 1983;
SHARP, 2000; STOUT & ALLEN, 2001).

O movimento do concepto (Fig.2) auxilia no desenvolvimento,


possibilitando a captação de secreções uterinas, que são a única fonte de
nutrientes antes da formação da placenta definitiva, que começa aos 45 dias de
gestação na égua (SPENCER et al. 2004). Uma forma incomum do
reconhecimento de gestação é a capacidade dos embriões começarem o
transporte até o útero, mesmo já estando em desenvolvimento, já que os
óvulos não fertilizados ficam retidos na junção ampola-istmo do oviduto, onde
são lentamente degenerados (VAN NIEKERK et al. 1966; BETTERIDGE &
MITCHELL, 1982).

Fonte: SILVA, E.I.C. Estabelecimento da Gestação nos Animais. 14 dez. 2021. Fig.1. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/357033199_Estabelecimento_da_Gestacao_nos_Animais

A prostaglandina E2 (PGE2) começa a ser secretado no dia 5 (dia 0 =


dia da ovulação). Esse hormônio é responsável pelo relaxamento das fibras de
músculo liso na parede do oviduto, gerando a abertura do esfíncter da ampola,
permitindo que o embrião passe e introduza no útero. Em um tempo de 6 dias,
o embrião passa a maior parte do desenvolvimento no oviduto, já a passagem
para o istmo leva em torno de 35 horas (WEBER et al, 1991).

Para que o concepto tenha a migração uterina, é necessário que não


haja nenhuma barreira física que impeça ele de se movimentar. Como
patologias dentro do endométrio, como grandes cistos e septos endometriais,
podem fazer com que tenha o reconhecimento materno deficiente, não
ocorrendo a gestação (ALLEN, 2001).

Entre os dias 12 a 30 após a ovulação há uma probabilidade de 32% de


perder a gestação, ocorrendo por insuficiência na liberação do fator de
reconhecimento materno da gestação pelo concepto e impossibilitando a ação
cíclica da prostaglandina, o qual tem acesso à circulação periférica pela veia
uterina, e acidentalmente induz a luteólise do corpo lúteo (ALLEN E
STEWART, 2001).

O concepto secreta estrógeno a partir do 7º dia após a ovulação.


Somente o estrógeno não é suficiente para fazer o início da gestação, mas em
altas concentrações em conjunto ao aumento de progesterona geram um
aumento considerável na produção de uteroferrinas (ELLENBERGER et al.,
2008), e estas são proteínas responsáveis pelo reconhecimento materno da
gestação (SHARP, 2000).

Para que haja a gestação corretamente no início tem que ter a produção
do estradiol. As principais funções é ser mediador local nos tecidos e é
essencial para a comunicação materno-fetal na placenta epitéliocorial
(RAESIDE et al., 2002, 2004).

b. Endocrinologia de gestação
A gestação e o parto acorrem por diversos eventos hormonais, que tem
interações entre feto em desenvolvimento, a égua e a placenta. Nos dias
abaixo de 45 dias de gestação acontece um processo importante que é o
reconhecimento materno da gestação, ocorrendo por hormônios que a égua
possui (progesterona, estrógenos e gonadotrofinas) que são produzidos pelos
ovários, endométrio, cérebro e o embrião em crescimento (Mc KINNON, 2011).

A placenta começa a aumentar entre os dias 45 a 120 dias, que assume


um papel endócrino, ela começa a secretar Gonadotrofina Coriônica Equina
(eCG). A partir dos 70 dias o feto começa a evoluir junto com a placenta,
utilizando substratos ganhos na circulação placentária para sintetizar os
hormônios produzidos pelas gônadas fetais (progestágenos e estrógenos).
Esse processo endócrino é de extrema importância para a manutenção
da gestação, pois assegura o desenvolvimento fetal dentro de um ambiente
uterino controlado (MC KINNON, 2011).

c. Hormônios envolvidos na lactação


A progesterona (P4) e seus derivados são extremamente importantes
para a manutenção da gestação. Altas quantidades de progestágenos
bloqueiam a síntese de prostaglandina, que faria a luteólise (Corpo Lúteo) no
início da gestação (MC KINNON, 2011).

De acordo com DAWSON (1977), as concentrações plasmáticas de


progesterona atingem o seu pico entre 6 a 14 dias após a ovulação, sofrendo
um declinio na produção entre os dias 30 e 35. A partir dos 40 dias, a P4
começa a aumentar de novo, por consequencia da atividade da gonadotrofina
(eCG) secretada pelos cálices endometriais em desenvolvimento, que estimula
a ovulação/luteinização de folículos secundários (ALLEN, 2001 e GINTHER,
1992).

Ocorre um aumento adicional de P4, quando ocorre a evolução do


primeiro corpo lúteo acessório pelos dias 40 a 60, se mantendo estável até o
dia 150, quando o corpo lúteo primário e acessórios regridem (GORDON,
1992). Na segunda metade da gestação, as concentrações plasmáticas de
progesterona se mantêm baixo, mas aumentam durante os últimos dias de
gestação entre 30 a 50 o (BARNES et al, 1975) (Graf.1).

Fonte: MATTA, M.P. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE GESTAÇÃO DE ÉGUAS DA RAÇA MANGALARGA
MARCHADOR. 2013. Graf. 1. Disponível em: https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/5800/1/texto
%20completo.pdf. Acesso em: 14 nov. 2023.

Entre o segundo e terceiro trimestre de gestação, há quantidade


elevadas de precursores de esteroides, que são levados até o útero e
metabolizados dentro do tecido fetoplacentária, fazendo aumentar
gradativamente as concentrações de progestágenos (OUSEY et al, 2003). Mas
nas últimas semanas de gestação a concentração totais de progestágenos tem
um aumento repentino, alcançando o pico cerca de 2 a 3 dias antes do parto, e
então, diminui durante as últimas horas antes do parto (Mc KINNON, 2011).

As prostaglandinas são produzidas a partir do precursor ácido


araquidônico. As principais que têm durante o parto são as a prostaglandina
F2a (PGF2α) e prostaglandina E2 (PGE2). A PGE2 é luteolítica e na gestação
ela estimula as contrações do miométrio, aumentando os níveis de cálcio
intracelular 23 (LEADON et al. 1982; CHALLIS et al, 2000). Já a PGE2 faz o
amadurecimento do colo do útero e é utilizada clinicamente para relaxamento
da cérvix (RIGBY et al, 1998). Hormônios como progestágenos, estrógenos,
insulina e esteróides adrenais também são importantes para isso.

Na produção de leite os hormônios prolactina, juntamente com


estrogênios e progestágenos atuam, mas em contrapartida os progestágenos
em altas concentrações pode inibir a produção do leite. Para que a lactação
ocorra corretamente os hormônios do crescimento e prolactina são
extremamente importantes, se houver alguma falha na produção de um deles a
mama não cresce ou produz leite (COWIE et al, 1980).

4 MÉTODOS TRADICIONAIS DE DIANÓSTICO


A gestação na égua tem duração de 310 a 360 dias, sendo influenciada
por fatores como o tamanho da égua, o genótipo fetal e pela fase da estação
de monta quando houve a concepção (HAFEZ & HAFEZ, 2004). A importância
do diagnóstico precoce da gestação vale tanto para o manejo reprodutivo
quanto para a produção econômica. Podemos citar o não retorno ao cio, a
palpação transretal, dosagens hormonais e ultrassonografia (RICKETTS,
2008).

a. Palpação transretal

A palpação transretal é um método que detecta o aumento uterino, que


ocorre durante a gestação, com ele também é possível avaliar o feto e as
membranas fetais. Esse método deve ser realizado a partir de 25 dias após a
ovulação (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
b. Dosagens hormonais

Para o método de dosagens hormonais, os hormônios mais utilizados


são o sulfato de estrona e a progesterona. O potro produz sulfato de estrona,
que é o principal estrógeno produzido por ele e que pode ser medido no
plasma materno, no leite ou na urina dos animais. Por volta dos 40 dias de
gestação é possível encontrá-lo na égua (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Já a coleta
da progesterona pode ser realizada na égua entre os dias 16 e 22 após a
ovulação podendo ser avaliada por radioimunoensaio (RIA),
quimiluminescência ou pelo método de ELISA. Éguas prenhes devem
apresentar concentrações de progesterona superiores a 2ng/ml. Caso uma
égua que não esteja prenha tenha um prolongamento na fase luteínica do seu
ciclo, pode resultar em falso positivo; portanto este teste não é considerado
seguro e deve ser realizado no mínimo duas vezes (HAFEZ & HAFEZ, 2004).
Ela mede o nível de progesterona na égua, identificando uma gestação
ou não, podendo indicar também se a égua está produzindo hormônios
específicos (LH, FSH, ocitocina, progesterona, prostaglandina e estrógeno) em
níveis suficientes para a manutenção da prenhez. Outro exame hormonal
limitante é o do estrogênio, que na égua só é possível a partir dos 120 dias de
gestação. (LIRA et al, 2009).
c. Ultrassonografia transretal

É considerado o método mais confiável e o mais prático para o


diagnóstico da gestação. Ele pode ser realizado a partir de 10 dias após a
ovulação, onde são avaliados o tamanho do embrião e também sua taxa de
crescimento (BUCCA et al., 2005). A ultrassonografia é uma ferramenta que
auxilia na palpação transretal. Pelo exame, é possível detectar de forma direta
tanto alterações morfológicas como anatômicas, normais ou patológicas, dos
tecidos moles ou órgãos explorados, junto aos eventos fisiológicos que estão
acontecendo no trato reprodutor. Entre o 12º ao 70º dia da gestação, através
da assimetria dos cornos uterinos, medição da vesícula embrionária e
desenvolvimento do feto, é possível determinar o tempo de gestação. Para
avaliar o tamanho do feto, o diâmetro da órbita fetal, diâmetro da aorta e
espaço bi-parietal são os parâmetros mais usados (Bucca, 2014).

5 DESENVOLVIMENTO RECENTES EM DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO


a. Avanços na tecnologia de ultrassonografia
Ultrassonografia:
A utilização do ultrassom ter aplicação de pelo menos 6 funções como:
Avaliação ginecológica: Muito importante para a identificação de patologias
no trato reprodutivo (Peneumovagina; urovagina; endometrite equina; Fibrose
Peri glandular entre outros), podendo avaliar também o ciclo estral no qual o
animal se encontra. Condições uterinas, presença de secreções também pode
ser observadas.
Já nos ovários a ultrassonografia moderna permite avaliar com mais eficácia o
desenvolvimento folicular que o animal se encontra, sendo importante para
determinar com certeza qual o momento correto de realizar a monta natural ou
inseminação (ARRUDA et al., 2001).
Diagnóstico de gestação: É uma das aplicações mais comum da
ultrassonografia na área, pois fornece resultados rápidos, seguros e não
lesivos ao feto da mãe, sendo o método mais indicado para verificar gestação e
realizar uma avaliação precoce por meio da vesícula embrionária (BUCKRELL,
1988; ALVES et al, 1991), e se estiver em posse de um equipamento de
ultrassom com uma boa qualidade, pode-se observar a partir dos 20 dias após
a fecundação se já pode confirmar a gestação ou não.
Sexagem fetal: Por meio da ultrassonografia podemos identificar o sexo do
feto, sendo constituinte então por duas técnicas como:
A- identificação das gônadas genitais e genitália externa: Realizado com 90 a
220 dias de gestação da égua, O exame de imagem consegue identificar se
o potro é macho ou fêmea a partir da visualização do pênis, uretra,
testículos e saco escrotal ou vulva, mamas e ovários. Para as fêmeas com
mais tempo de gravidez, deve-se usar o método trans abdominal. Ele é
ideal pela menor aceitabilidade do toque no reto e também pelo fato de o
feto estar posicionado de outro modo. (DIAS, 2007).
B- 55 e 70 dias depois da fecundação, O tubérculo genital é a parte inicial do
pênis ou do clitóris no progresso do embrião e, a partir de sua exibição no
exame de imagem, é possível saber se é macho ou fêmea. (DIAS, 2007).

Transferência de embriões: Outra forma de benefício da tecnologia do


ultrassom é no auxílio para a transferência de embriões, que é uma técnica que
visa coletar embriões de uma femea geneticamente superior e implantar em
outra femea que atua como barriga de aluguel, produzindo embriões
geneticamente melhorados a partir de uma mesma doadora por anos (Squires,
2006). A ultrassonografia atua então no monitoramento do ciclo estral de
ambas as fêmeas, no acompanhamento da biotecnica e na confirmação da
gestação.
Exame andrológico: Em machos o ultrassom pode ser muito eficaz em um
conjunto de procedimentos que visa identificar se a fertilidade do garanhão está
adequada, como utilizar o ultrassom para observar as condições do aparelho
reprodutivo do macho, podendo observar se há problemas e evitar que um
macho não apresente as condições adequadas na monta, perdendo período
fértil da fêmea. (ABIEC, 2018).
Inseminação artificial: Com o objetivo de superar as deficiências da monta
padrão, pode permitir a fecundação, com isso o ultrassom irá agir na avaliação
e monitoramento do período fértil, mostrando ao veterinário a melhor hora de
prosseguir com a inseminação artificial, e verificar posteriormente o sucesso da
gestação (AURICH, 2011).
a. Novos métodos de diagnósticos emergentes
Há principais e mais comum situações emergentes na reprodução e gestação
equina em que necessita de métodos diagnóstico específicos como:
Gestação gemelar
A gestação gemelar é uma condição indesejável na fêmea equina por
usualmente resultar em aborto ou morte neonatal, na ocorrência do parto é
recomendado o seu monitoramento e intervenção imediata em casos de
distocia, além disso, é comum a ocorrência de complicações ao longo da
gestação, especialmente nos momentos que antecedem o parto ou após a sua
conclusão, como distocia, retenção de placenta, involução uterina retardada,
metrite, endo toxemia e laminite.
O diagnóstico é realizado pelo método de ultrassonografia sendo de
fundamental importância para um correto diagnóstico de gestação gemelar,
devendo, portanto, ser realizado o mais breve possível durante a estação de
monta. A presença de duas vesículas embrionárias pode ser facilmente
detectada no momento da avaliação por ultrassonografia, porém, caso elas
ainda não estejam fixadas, uma dessas vesículas pode ser esmagada
manualmente(SOUSA JUNIOR et al., 2016). O exame ultrassonográfico dos
ovários e da presença de corpos lúteos é importante devido à alta correlação
entre a ocorrência de múltiplas ovulações e a presença de múltiplas vesículas.
A utilização de ultrassonografia trans abdominal serve para identificar a
presença de gêmeos maiores do que 100 dias de idade.
Placentite
A placentite é consequência da ocorrência de um processo inflamatório
da placenta comumente ocasionado por contaminação bacteriana ascendente,
a também pode ocorrer por via hematógena (WYNN et al., 2018).
O diagnóstico é realizado com O exame ultrassonográfico do trato
reprodutivo caudal é utilizado como método importante de diagnóstico de
placentite (WYNN et al., 2018). Através dele é possível examinar a região da
estrela cervical, área mais comumente afetada por bactérias causadoras da
placentite. Além do exame direto da placenta, a ultrassonografia trans retal
permite realizar a avaliação da viabilidade fetal.
O ultrassom abdominal é considerado uma ótima ferramenta para
avaliação da saúde fetal e placentária em éguas. Além de avaliar a integridade
da placenta, é bastante utilizado para detectar viabilidade fetal após 90 dias de
gestação, sendo possível obter frequência cardíaca fetal, tamanho e atividade
músculo esquelética.
Separação prematura da placenta
A separação prematura da placenta pode ocorrer no meio da gestação
em decorrência de placentite, morte de um gêmeo fetal, anomalias de cordão
umbilical ou aborto iminente. É realizado exame ultrassonográfico trans retal e
ecográfico.
A avaliação ecográfica da placenta oferece informação em tempo real
acerca da integridade da placenta e da saúde fetal, as ecografias trans retais
em éguas no último trimestre de gestação, permitem uma avaliação da
corioalantóide no polo cervical. Sendo está a área mais frequentemente
afetada em placentites ascendentes, é a região ideal para monitorizar esta
patologia, Não obstante, estas ecografias possibilitam também avaliação da
atividade fetal, características do fluido fetal, medidas da órbita fetal e uma
avaliação amniótica subjetiva.
Torção uterina
Torções uterinas compõe o quadro das principais emergências
obstétricas na espécie equina. A rotação de um dos cornos uterinos ou do
útero ao longo do eixo longitudinal pode variar de leve a grave, conforme o
grau de rotação e comprometimento dos tecidos envolvidos.
Diagnóstico pode ser ajudado com a ultrassonografia trans retal, que em
casos de torção uterina pode evidenciar a ausência de um ovário sendo mais
comum do lado esquerdo, liquido alantoideano e amniótico intrauterino.

6 FATORESM QUE PODEM INTERFERIR NA ACURÁCIA O DIAGNÓSTICO


Realizar um bom diagnóstico gestacional em equinos pode ajudar muito
em relação se o animal está em época certa em casos para realizar a monta ou
inseminação artificial; avaliações da saúde hormonal e anatômicos
relacionados ao trato genital para que haja uma eficácia garantida na gestação.
Alguns fatores podem interferir nesse assunto.
Um bom profissional realizando o diagnóstico, é de suma importância na
eficácia gestacional. Um profissional não qualificado o suficiente pode levar o
animal a infertilidade, ou pode haver erros de análises de tempo e períodos
corretos para realizar a monta ou inseminação artificial. Um profissional
qualificado para também saber observar e interpretar exames de imagem, e
exames físicos é essencial para avaliar a eficácia da égua para sua gestação
efetiva. Estar ciente das doenças mais acometidas na região de atuação para
que possa fazer um diagnóstico mais preciso.
Equipamentos de qualidade é um outro fator que se pode levar em
consideração para realizar um bom diagnóstico, pois além da qualidade
profissional dos veterinários, se for um equipamento que não tenha os
requisitos essenciais para os exames, pode acabar implicando em um
diagnóstico incorreto.
A análise hormonal, apesar de ser um exame em que se tem uma
acurácia significativamente boa, deve ser realizado em épocas certas, pois os
hormônios ao longo que vai passando o tempo podem diminuir e aumentar
para a correta manutenção nos estágios de evolução da gestação, e se não for
realizado acompanhando as datas corretas dos estágios, pode haver
interferências em seu diagnóstico.
Na palpação retal, um mau conhecimento anatômico do médico
veterinário pode levar a um errado diagnóstico, sendo um fator negativo nesse
tipo de exame. Outro ponto negativo é quando ocorre a morte fetal, aborto ou
puerpério inicial onde o útero se encontra profundamente na cavidade
abdominal e não se palpa o feto (FERRIS, 2016).
Em relação a ultrassonografia, ela é um método moderno e não invasivo,
que garante maiores chances de acertos, possibilita detectar a gestação por
volta de 29 dias após a ovulação, constatar o número de fetos e ainda
confirmar a viabilidade fetal. Caso o veterinário opte por utilizar um
equipamento que possua o efeito doppler, esse diagnóstico pode ser ainda
mais precoce, por volta dos 19 dias após a fecundação porem esse exame é
indicado como diagnóstico precoce de gestação, não sendo efetivo então por
exemplo após 29 dias de gestação.

7 PERDAS GESTACIONAIS
As perdas gestacionais são problemas que acontecem com frequência
na equinocultura, o que gera grande preocupação entre os profissionais da
área, pois acarreta em prejuízos econômicos. Geralmente as perdas precoces
acontecem com maior frequência em relação as gestações tardias. Alguns
fatores estão relacionados como fatores maternais, ambientais e embrionários.
Os fatores que contribuem para que ocorram essas perdas na égua vem sendo
classificadas como intrínsecos, extrínsecos e embrionários (BALL, 1988).
Dentro dos fatores intrínsecos são observadas patologias endometriais, idade
materna, lactação, insuficiência de progesterona, cobertura no cio do potro, o
momento em que é feita a inseminação em relação a ovulação, local de fixação
intrauterina da vesícula embrionária e anormalidades cromossomais maternas.
Nos fatores extrínsecos, são incluídos nutrição, estação do ano, estresse,
temperatura ambiental, fatores iatrogênicos e a qualidade do sêmen do
garanhão. E por último, mas não menos importante, os fatores embrionários,
onde são observadas anormalidades cromossomais e outros fatores
relacionados ao próprio embrião (BALL, 1988).

8 CONCLUSÃO
O diagnóstico precoce da gestação é importante para o manejo
reprodutivo, pois permite o planejamento do parto e a identificação de
possíveis problemas gestacionais. Os métodos tradicionais de
diagnóstico de gestação em éguas são a palpação transretal, dosagens
hormonais além dos avanços na tecnologia de ultrassonografia que têm
permitido o diagnóstico de gestação em éguas cada vez mais
precocemente.
A gestação na égua é um período de grande vulnerabilidade para
a mãe e para o feto. As alterações fisiológicas que ocorrem durante a
gestação podem predispor a égua a diversas patologias, que podem
afetar a saúde do feto e causar perdas gestacionais.

REFERÊNCIA
MORAIS DE SOUZA, A.; ALEGRE, P. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM MEDICINA ANIMAL: EQUINOS ARQUITETURA E
ESTRUTURA DA PLACENTA EQUINA DURANTE A GESTAÇÃO
Doutorado. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/108169/000947901.pdf?
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‌ ANUELA PEREIRA DA MATTA AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE


M
GESTAÇÃO DE ÉGUAS DA RAÇA MANGALARGA MARCHADOR. [s.l: s.n.].
Disponível em: <https://www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/5800/1/texto
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Portable Document Format (PDF). Disponível em:
<http://revista.universo.edu.br/index.php?
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‌ L, I. S. C. ET. Parâmetros fisiológicos da placenta em éguas da raça


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