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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
ÁREA DE BIOCIÊNCIAS

DETERMINAÇÃO DO SEXO FETAL COM O USO


DA ULTRASSONOGRAFIA NA ESPÉCIE EQUINA

Orientanda: Amanda Cristina Santos Meucci


Orientador: Prof. Dr. Heder Nunes Ferreira

Número do projeto: 151327


INTRODUÇÃO
• A sexagem fetal é uma biotécnica promissora que tem um grande potencial lucrativo para o
agronegócio do cavalo, uma vez que essa atividade gera cerca de 3,2 milhões de empregos diretos
e indiretos, movimentando mais de R$ 7,5 bilhões anuais na economia, tendo uma tropa de 5,6
milhões de cabeças (Lima et al, 2012). E o crescimento da equinocultura fez com que a
necessidade do uso desse tipo de biotécnica aumentasse, uma vez que a técnica possibilita a
determinação do sexo do feto agregando valor à matriz prenhe do produto, aumentando a
estimativa orçamentária empregada na criação e a introdução ou não dos animais em leilões,
proporcionando uma maior margem de lucro e consequentemente, agregando ainda mais valor ao
concepto e melhorando o manejo (Oliveira et al, 2014).
Revisão de Literatura

O diagnóstico ultrassonográfico do gênero fetal equino iniciou-se na década de 1980, e em 1989 foi feita a primeira descrição de
identificação através do tubérculo genital e 11 anos depois foi relatada a identificação do sexo dos fetos através das gônadas (Renaudim, 2000).
Porém, a sexagem fetal ainda é pouco utilizada na rotina do médico veterinário de equinos, geralmente por falta de domínio da técnica ou por
desconhecimento do tema por parte dos profissionais que trabalham na área. Atualmente existem 2 técnicas para realização da sexagem fetal por
ultrassonografia em equinos, sendo elas a sexagem pelo tubérculo genital ou pelas gônadas e genitálias externas. O tubérculo genital é o processo
embrionário que dará origem ao pênis ou ao clitóris, e a morfologia ultrassonográfica em machos e fêmeas é idêntica, sendo uma estrutura
hiperecóica, bilobulada com formato oval e alongado (Oliveira et al., 2014).

A sexagem fetal realizada por meio das gônadas, caracteriza os testículos por uma esfera ecogênica que apresenta uma linha
hiperecogênica ao centro, representando o mediastino testicular, e os ovários são identificados por apresentarem duas estruturas esféricas, uma
dentro da outra, que caracterizam a região de cortical e medular ovariana. A diferença ultrassonográfica entre a gônada masculina e a feminina tem
uma melhor janela de diferenciação entre 100 e 130 dias nessa técnica. Nessa época, o feto é facilmente acessado, e seu tamanho e
posicionamento possibilitam um escaneamento completo do corpo. Para a melhor identificação e confirmação do sexo feminino, é necessária a
identificação da parte circular interna da gônada antes da visualização da glândula mamária e dos tetos, tornando possível que as fêmeas sejam
identificadas antes dos 118 dias de gestação. A posição das gônadas em ambos os sexos é similar em quase toda a gestação, sendo diferente
após 270 ou 300 dias nos machos, quando as gônadas começam a migrar para o canal inguinal e lá permanecem até o parto (Renaudim et al,
1997; Livini, 2010). A eficácia dessa técnica varia entre 84 e 100% (Renaudin, 2000; Carmo et al., 2008; Taveiros et al., 2008; Livini, 2010).
Objetivo
• O presente trabalho tem como objetivo apresentar a avaliação da sexagem fetal, seguindo a
metodologia das gônadas, através da utilização do ultrassom transretal, diferenciando as
características entre os gêneros e avaliar a acurácia do método escolhido através do experimento.
Metodologia
• Para o desenvolvimento do trabalho foram avaliadas 12 éguas prenhes da raça Mangalarga Marchador,
variando de 4 até 18 anos de idade, pertencentes ao Haras Doce e ao Haras União JE, localizados na
cidade de Taubaté/SP, sendo realizadas no período de 26/01/2023 a 11/04/2023, onde foi utilizado um
aparelho de ultrassonografia da marca Ultramedic®, modelo Infinity i3V, com um transdutor linear transretal
e com frequência de 5Mhz.
• Como melhor momento para realizar a cobertura ou a inseminação artificial é quando as éguas apresentam
um folículo pré-ovulatório (< 35 mm), que pode ser avaliado por meio da palpação retal e ultrassonografia,
foi iniciado o esquema de cobertura ou inseminação artificial em dias intercalados, até ser constatada a
ovulação do folículo dominante. E, após 15 dias da inseminação artificial ou monta natural, foi feito o
diagnóstico gestacional confirmando as gestações e em seguida foram feitas 2 avaliações de sexagem fetal
pelo método das gônadas, uma com 110 dias e outra com 140 dias, e por meio destas foi observado a
presença ou não da gônada e a possibilidade de diferenciação entre os sexos masculino ou feminino. E de
acordo com o que foi descrito por Resende et al. (2012), a gônada masculina é definida por apresentar
textura homogênea com presença de uma linha mais ecogênica ao centro, já a gônada feminina é
caracterizada por uma estrutura circular central ecogênica circundada por um halo externo hipoecogênico.
Todos os dados referentes às análises realizadas, tais como: A sexagem fetal, o dia da sexagem, as
estruturas visualizadas e as adversidades observadas, foram computados em planilha do Excel e expostos
de forma descritiva em tabelas e comparados entre si e após o nascimento para validação efetiva do que foi
determinado nos dias da sexagem fetal.
Resultados
• Nas avaliações foram avaliadas 7 éguas prenhes do Haras União JE com 110 a 140 dias de
gestação, cada uma com seu respectivo diagnóstico de sexagem fetal, realizado pelo método das
gônadas, sendo eles: 4 éguas com fetos diagnosticados para fêmea e 3 éguas com fetos
diagnosticados para macho. E foram avaliadas 5 éguas prenhes do Haras Doce com 110 a 140
dias de gestação, cada uma com seu respectivo diagnóstico de sexagem fetal, sendo 3 éguas com
embriões de fêmea e 2 éguas com embriões de macho e uma delas absorveu o feto.
• Após a avaliação, realizada dentro das datas estabelecidas no cronograma de avaliação (Figura 1),
todas as éguas pertencentes ao Haras União JE pariram, e os diagnósticos gestacionais feitos no
intervalo de 110 e 140 foram confirmados, sendo 4 potras e 3 potros. E em relação ao Haras Doce,
todas as éguas nasceram e foram confirmados os diagnósticos para 1 potra e 2 potros, uma das
éguas, que estava sexada para um feto de fêmea absorveu o embrião e a outra também sexada
para um feto do sexo feminino abortou aos 6 meses.
Resultados
Discussão
• De acordo com a técnica da sexagem fetal através da identificação das gônadas fetais através do uso de
ultrassom transretal, quando identificada uma estrutura homogênea com um linha fina central e
longitudinal ecogênica, que representa o mediastino testicular, temos um feto sexado para macho. E em
associação a essas estruturas, o diagnóstico fica ainda mais preciso ao identificar características fetais
masculinas como: gônadas, pênis e prepúcio, escroto e uretra. O pênis fica posicionado caudalmente à
base do cordão umbilical, completamente ou parcialmente dentro do prepúcio (Livini, 2010). Já a uretra,
com estrutura ecogênica com duas linhas paralelas, é facilmente identificada ao longo do eixo ventral. E o
escroto do feto possui uma ecogenicidade homogênea e áreas ovais menos ecogênicas (Bucca, 2005;
Livini, 2010).
• E em relação a identificação das fêmeas, ela é feita quando no ultrassom aparecem no interior da gônada
uma estrutura ecogênica circular circundada por outra estrutura circular hiperecogênica central,
representando a região de cortical e medular, localizada em região semelhante a do macho. E junto da
identificação dessas estruturas também podem ser identificadas: gônadas, clitóris e vulva, glândula
mamária e tetos. A glândula mamária geralmente é visualizada em região pubiana, com formato triangular
ou trapezoidal com ecogenicidade uniforme. Os tetos emergem das bordas ventrais da glândula,
formando dois pontos hiperecóicos. Diferente dos machos, onde a uretra se mostra desde o pênis até o
ânus, não há nenhuma estrutura de grande interesse no períneo ventral da fêmea. O clitóris se apresenta
hiperecóico e se estende para fora das nádegas (Bucca, 2005; Livini, 2010).
Discussão
• E essa identificação é feita a partir dos 100 dias, onde a janela de avaliação está em condição
satisfatória, uma vez que o feto aumenta de tamanho e está posicionado em região pélvica, e após
os 200 dias de gestação a identificação das estruturas mencionadas anteriormente se torna difícil
(Renaudim, 1997). Logo, a janela de avaliação de 110 a 140 dias escolhida para o estudo se
mostrou satisfatória e de acurácia relevante, uma vez que nesse intervalo a diferenciação de uma
gônada feminina para uma masculina é feita de forma mais eficaz (Livini, 2010; Renaudim, 1997).
E a eficácia da técnica escolhida varia entre 84 e 100% (Renaudin, 2000; Carmo et al., 2008;
Taveiros et al., 2008; Livini, 2010).
• A avaliação dura em média de 2 a 15 minutos, sendo dificultada em algumas ocasiões pela
mobilidade do feto (Bucca, 2005), porém em relação às avaliações realizadas, todas foram feitas
de forma tranquila com as éguas contidas em tronco de contenção adequado e tomando-se todos
os devidos cuidados.
Conclusão
• Com isso, podemos compreender que a realização da sexagem fetal em equinos é de extrema
importância, uma vez que, de acordo com a raça e o sexo do futuro potro, contribuirá para o
manejo e na tomada de decisão relacionada a questões comerciais. E mesmo que tenham se
passado bons anos alguns anos desde que as técnicas de sexagem por meio da ultrassonografia
foram descobertas, o tema é de grande relevância, tendo em vista que ainda é pouco realizado na
rotina do médico veterinário de equinos, pela falta de domínio da técnica e desconhecimento do
tema por parte dos profissionais da área.
Referências
• BUCCA S. Equine fetal gender determination from mid- to advanced- gestation by ultrasound.Theriogenology, v.64, p.568-571, 2005.
• Carmo MT, Oliveira JV, Almeida MT, Alvarenga MA. Avaliação ultrassonográfica da gônada fetal em equinos: uma nova alternativa
para sexagem. In: Conferência Anual da Abraveq e Congresso Internacional de Medicina Veterinária, 9, 2008, São Paulo. Anais
eletrônicos... São Paulo, SP: Abraveq, 2008. Disponível em:
http://www.itarget.com.br/newclients/abraveq2012/down/2012/ix_conf_08%20Sexagem_fetal_ABRAVEQ.pdf. Acesso em: 06 de outubro
de 2023
• Lima RAS, Oliveira RA, Mendes CQ. Perfil e tendências da equideocultura brasileira. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de
Zootecnia, 49, 2012, Brasília. Anais...Brasília, 2012. CD-ROM.
• Livini M. Determination of fetal gender by transrectal ultrasound examination: field´s experience. In: American Association of
Equine Practitioners Annual Convention, 56, 2010, Baltimore. Anais eletrônicos…Baltimore: Maryland, 2010. Disponível em:
http://www.cabi.org/cabdirect/FullTextPDF/2011/20113042293.pdf . Acesso em: 06 de outubro de 2023.
• OLIVEIRA et al. Sexagem fetal em equinos. Revista Brasileira Reprodução Animal, Belo Horizonte, v.38, n.1, p.37-42, jan./mar. 2014.
Disponível em: <www.cbra.org.br>. Acesso em: 25 de outubro de 2022.
• RENAUDIN, C.D. Ultrasonographic Determination of Equine Fetal Gender. In: Recent Advances in Equine Reproduction. 2000.
Disponivelem: https://www.ivis.org/library/recent-advances-equine-reproduction/ultrasonographic-determination-of-equine-fetal-gender
(Acessoem: 23 outubro, 2022).
• RENAUDIN C.D. et al. Transabdominal combined with transrectal ultrasonographic determination of equine fetal gender during
mid-gestation. In: Proceedings of the 43rd Annual Convention American Associate Equine Practionary 1997; 252-255.
• Taveiros AW, Freitas Neto LM, Aguiar Filho CR, Motta Melo PR, Silva ACJ, Santos MHB, Lima PF, Oliveira MAL. Utilização do
ultrassom para sexar fetos equinos da raça Mangalarga Machador pela visualização do tubérculo genital e da genitália. Med
Vet, v.2, p.35-40, 2008.
Agradeço pela atenção!

PIBIC UNITAU
PIBITI UNITAU

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