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NASCIDO
INTRODUÇÃO A NEONATOLOGIA E CONCEITOS FUNDAMENTAIS
A Neonatologia é uma área de atuação da pediatria que visa à assistência ao Recém-Nascido (RN), da
sala de parto até o final do período neonatal (1º ao 28º dia de vida). Como os problemas do RN são
inseparáveis dos problemas fetais, é fundamental o conhecimento dos eventos gestacionais, da
fisiologia fetal e do processo adaptativo do nascimento, para a prática de neonatologia. O período
neonatal é particularmente vulnerável a riscos biológicos, ambientais, socioeconômicos e culturais,
tanto que 25% dos óbitos infantis concentram-se na primeira semana de vida.
Considera-se como Crescimento Intrauterino Adequado (CIU) quando o peso para determinada idade
gestacional se situa entre o percentil 10 e 90 da curva. A curva de crescimento não é uniforme durante
todo o período da gestação, e a velocidade de ganho ponderal apresenta quatro períodos, que são:
Fase inicial até 16ª semana: fase de crescimento lento, com uma média de ganho ponderal de 10
g/semana.
17ª até a 27ª semana: fase de crescimento acelerado, com uma média de ganho ponderal de 85
g/semana.
28ª até 37ª semana: fase de crescimento máximo, alcançado uma média de 200 g/semana.
A partir da 37ª semana: fase de desaceleração com um ganho ponderal reduzido para 70 g/semana.
A ultrassonografia é um exame muito útil para estimativa da idade gestacional e avaliação do peso fetal,
bem como para quantificação do líquido amniótico, análise morfológica da placenta e detecção de
malformações fetais. No primeiro trimestre, o parâmetro que melhor se correlaciona com a idade
gestacional é o comprimento cabeça-nádega. A partir do segundo trimestre, o diâmetro biparietal
passa a ser o índice mais fidedigno para esta função.
Várias curvas de crescimento têm sido desenvolvidas com dados antropométricos de populações de
crianças nascidas com diferentes idades gestacionais. Essas curvas são utilizadas para verificar se o peso
do RN se encontra dentro da faixa normal para determinada idade gestacional e, dessa forma, estimar se
o crescimento intrauterino foi normal. Atualmente, tem-se utilizado as curvas de Fenton que possuem
como vantagens a correlação de peso x idade gestacional, comprimento x idade gestacional e perímetro
cefálico x idade gestacional para neonatos a termo, pré-termos e pós-termo, e dos sexos feminino e
masculino.
Tipo I- Simétrico: É aquele em que o processo de doença atua sobre o feto desde o início da
gravidez. Geralmente o agente agressor está intrinsecamente relacionado ao bebê, interferindo
sobre ele desde a embriogênese. A multiplicação celular (hiperplasia) fica comprometida, resultando
em um feto que cresce proporcionalmente pouco desde o início da gestação, com peso,
comprimento e perímetro cefálico abaixo do percentil 10. As principais causas são as síndromes
genéticas, malformações, infecções congênitas, radiação e drogas. O CIUR tipo simétrico responde
por 10% a 20% dos casos e geralmente tem prognóstico ruim pela alta incidência de malformações
associadas
Tipo II- Assimétrico: É aquele em que o processo de doença atua a partir do 3º trimestre de
gravidez, na fase de aumento de volume celular (hipertrofia). Resulta em fetos que apresentam uma
restrição desproporcionada do crescimento, com a cabeça e os membros relativamente poupados
(acima do percentil 10) e tronco de tamanho comprometido (abaixo do percentil 10). As principais
causas implicadas no desenvolvimento do CIUR assimétrico são as doenças que cursam com
insuficiência placentária (ex.: cardiopatia, nefropatia, pneumopatia maternas, hipertensão,
colagenoses, diabetes, tabagismo, cocaína) e, em menor grau, doenças intrínsecas fetais. É o tipo
mais frequente de CIUR, sendo responsável por mais de 75% dos casos. Possui um prognóstico
melhor que o tipo anterior.
Tipo Intermediário: É aquele em que o agente agressor age no 2º trimestre de gravidez, afetando
tanto a fase de hiperplasia quanto de hipertrofia. Assim, produz-se um feto com tamanho
desproporcionado, mas de modo menos marcante que no tipo I. Sua identificação clínica é bastante
difícil. As principais causas são o álcool, tabagismo e determinados fármacos. O tipo intermediário
corresponde a 10% de todos os casos.
Morte fetal: causada por hipóxia prolongada, acidose metabólica, infecção ou anomalias congênitas.
Asfixia perinatal: a hipóxia crônica ligada à redução do fluxo uteroplacentário no momento do parto
predispõe à síndrome de aspiração meconial e à asfixia perinatal.
Hipoglicemia: os fetos com CIUR possuem estoques reduzidos de glicogênio, reduzida
gliconeogênese, hiperinsulinismo e aumento do consumo tissular de glicose pela hipóxia crônica,
todos fatores que predispõe à ocorrência de hipoglicemia no pós-parto.
Policitemia – hiperviscosidade: a hipóxia prolongada leva ao aumento dos níveis de eritropoetina,
que por sua vez estimula a proliferação do setor eritroide na medula óssea
Hipotermia: os neonatos com CIUR têm menor gordura subcutânea, fato que associado à
hipoglicemia e à hipóxia predispõe à hipotermia.
O melhor método para avaliação da idade gestacional é a regra de Naegelle, que utiliza a data da
última menstruação para o cálculo. Quando esta não é conhecida ou existem dúvidas acerca do dia
exato, pode-se usar a ultrassonografia como exame complementar para determinar a idade do
concepto. Quanto mais se aproxima do termo, menor é a acurácia destas medidas anatômicas em
determinar a idade fetal, aumentando sobremaneira o índice de erros. Uma terceira ferramenta para se
avaliar a idade gestacional é através do exame físico somático e neurológico do recém-nascido, cujos
achados apresentam correspondência com seu grau de maturidade. Observe a descrição de algumas
características clínicas neonatais e seu período de aparecimento e desaparecimento ao longo do tempo:
Escores Clínicos
Ao longo do tempo diversos escores clínicos foram confeccionados com o objetivo de se avaliar a idade
gestacional, sendo os mais utilizados os métodos de Dubowitz, Capurro e New Ballard. O escore de
Dubowitz (1970) utiliza 11 critérios físicos externos e 10 critérios neurológicos para estimar a idade
gestacional ao nascimento. Pode ser realizado até o 5º dia de vida e tem boa acurácia. Entretanto, sua
extensão limita seu emprego na prática clínica. Então, Capurro e colaboradores criaram outro método a
partir da simplificação do método de Dubowitz, utilizando para isso apenas cinco (Capurro Somático) ou
seis características clínicas (Capurro Somatoneurológico) que deveriam ser analisadas idealmente nas
4-6 primeiras horas de vida em neonatos a partir de 29 semanas de vida. O método de Capurro é
simples, fácil e difusamente empregado na prática clínica neonatal. Entretanto, devemos ressaltar que
não é um escore tão fidedigno quanto aquele que o originou, mas, na maioria das vezes, presta-se bem
à avaliação geral do bebê a termo.
Com a mesma intenção de criar uma forma de cálculo mais fácil, Ballard e colaboradores selecionaram
apenas seis características somáticas e seis neurológicas do método de Dubowitz para confeccionar
outro escore. O Ballard tem boa precisão e apresenta um grau de simplicidade intermediário. Em 1991
propôs-se uma modificação do Ballard original, através da atribuição de pontuação -1 e -2 para que
pudesse ser aplicável em bebês prematuros. O New Ballard é bastante preciso quando aplicado até 12-
20 horas após o nascimento, pode ser aplicado em prematuro extremo, requer pouca manipulação e
sofre pouca influência por depressão neurológica. Atualmente, é o escore de avaliação de idade
gestacional mais utilizado em prematuros e neonatos a termo
O método ou escore de Capurro, realizado idealmente nas 4-6 primeiras horas de vida em neonatos a
partir de 29 semanas de vida, avalia o desenvolvimento de cinco fatores para determinar a idade
gestacional do recém-nascido: textura da pele, pregas plantares, glândulas mamárias, formação do
mamilo e formação da orelha. Cada item possui um nível de desenvolvimento de acordo com a IG. O
escore de Capurro é utilizado para determinar a IG quando as mães desconhecem a data da última
menstruação (DUM) e não realizaram a ultrassonografia gestacional precoce (até 14 semanas). Os
métodos citados acima (DUM e USG transvaginal precoce) possuem uma precisão maior, sendo
preferíveis para essa análise.
b) Método Capurro Somatoneurológico
Neste método de cálculo não se considera a formação dos mamilos; por sua vez, incluem-se dois novos
parâmetros de avaliação: o sinal do cachecol ou xale (quando se tenta ultrapassar o braço pela linha
média na altura do pescoço) e a posição da cabeça ao se levantar o neonato pelas mãos ou pelos braços.
Para os recém-
nascidos com idade gestacional maior que 28 semanas, o método de Capurro tem sido amplamente
empregado, podendo ser realizado logo ao nascer (método somático). Para os RN saudáveis e com mais
de 6 hs, é feito o somático e neurológico. Ambas formas têm apresentado alta correlação com a DUM,
sendo menor para os RN pequenos para a idade gestacional. Nestes RN tem sido observado uma
subestimação da idade gestacional a partir da 35a semana.
c) Método de New Ballard
O New Ballard Score é um método rápido, aplicável e preciso de avaliação da Idade Gestacional de
recém-nascido, sendo um preditor significativo de sobrevivência e para isso disponibiliza uma
ferramenta precisa para avaliação da idade gestacional em recém-nascidos de muito baixo peso ao
nascer. Para obter um resultado com maior precisão, o exame físico do bebê deve ser realizado entre
12 e 20 horas após o nascimento. Para determinar a idade gestacional, o New Ballard avalia seis
parâmetros neurológicos e seis físicos. O profissional responsável pelo exame atribui uma nota para
cada indicador, conforme a tabela de parâmetros, cuja somatória determina a IG do recém-nascido.