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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CÂMPUS-CERES

BACHARELADO EM ENFERMAGEM

LUCAS CORREIA GONÇALVES

SITUAÇÕES E DILEMAS ÉTICOS / ASPECTOS ÉTICOS NA


ENFERMAGEM

CERES-GOIÁS
2017
LUCAS CORREIA GONÇALVES

SITUAÇÕES E DILEMAS ÉTICOS / ASPECTOS ÉTICOS NA


ENFERMAGEM

Trabalho apresentado a disciplina de Legislação e Ética


em Enfermagem como requisito parcial para obtenção da
nota do segundo bimestre N2, 7º período do curso
Bacharel em Enfermagem na Universidade Estadual de
Goiás Câmpus-Ceres.

Orientadora: Prof.ª Enf.ª Fernanda Medeiros

CERES-GOIÁS
2017
SUMÁRIO

SITUAÇÕES E DILEMAS ÉTICOS


1 ABORTO................................................................................................................................3
2 EUTANÁSIA (MORTE ASSISTIDA) E DISTANÁSIA....................................................6
3 TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS............................................................................................8
4 PENA DE MORTE...............................................................................................................10
5 ALIMENTOS TRANSGÊNICOS ......................................................................................14
5.1 O QUE É UM RELATÓRIO DE CONSENSO EXPERT? ................................................15
5.2 MENSAGENS-CHAVE.....................................................................................................16
6 BIOPIRATARIA..................................................................................................................18

ASPECTOS ÉTICOS NA ENFERMAGEM


7 SIGILO PROFISSIONAL...................................................................................................20
7.1 DIREITOS ..........................................................................................................................20
7.2 RESPONSABILIDADES E DEVERES ............................................................................21
7.3 PROIBIÇÕES .....................................................................................................................21
8 RESPEITO AOS DIREITOS DO PACIENTE..................................................................21
8.1 DO DESCUMPRIMENTO AO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL.........................23
8.1.1 Das Infrações e Penalidades...........................................................................................23
9 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM............................................................25
9.1 CRISTIANISMO E RENASCENÇA..................................................................................25
9.2 A DESCOBERTA DA ENFERMAGEM...........................................................................26
9.3 PERÍODO FLORENCE NIGHTINGALE..........................................................................27
9.4 PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM..................................................................28
10 PAPEL SOCIAL DO ENFERMEIRO..............................................................................28
11 PERFIL PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO.............................................................30
12 REFERÊNCIAS.................................................................................................................31
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SITUAÇÕES E DILEMAS ÉTICOS

1 ABORTO

O aborto consiste na interrupção da gravidez, seja por remoção ou expulsão prematura


do embrião ou feto, provocada pela morte ou causando a morte. Existe o aborto de forma
espontânea, que ocorre naturalmente ou devido a uma ocorrência acidental e o aborto induzido,
que é provocado pela ingestão de medicamentos ou por métodos mecânicos.
Para não ser considerado crime, existem duas exceções para a prática do aborto
induzido: estupro e risco de vida materno. Em 2012 o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu
que as grávidas de bebês anencéfalos (má formação que causa a falta de cérebro, calota craniana
e couro cabeludo) podem interromper a gravidez com ajuda médica.
A nova redação proposta para o Código Penal altera todos os três itens:
Art. 128. Não constitui crime o aborto praticado por médico se:
I - não há outro meio de salvar a vida ou preservar a saúde da gestante;
II - a gravidez resulta de violação da liberdade sexual, ou do emprego não consentido de
técnica de reprodução assistida;
III - há fundada probabilidade, atestada por dois outros médicos, de o nascituro apresentar
graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais.
Parágrafo 1º: Nos casos dos incisos II e III e da segunda parte do inciso I, o aborto deve ser
precedido de consentimento da gestante, ou quando menor, incapaz ou impossibilitada de
consentir, de seu representante legal, do cônjuge ou de seu companheiro;
Parágrafo 2º: No caso do inciso III, o aborto depende, também, da não oposição justificada do
cônjuge ou companheiro.
Mas essa nova proposta pode dar margem para diferentes interpretações. Os argumentos
contra o aborto defendem a ideia de que a vida humana tem início na fecundação e, a partir
desse momento, todos possuem direito à vida, ainda mais um ser humano indefeso que não
possui escolha. Mas alguns defendem que um feto gerado por violação tem o mesmo direito à
vida como um gerado voluntariamente. Portanto, o que é certo ou errado?
Outros dizem que legalizando ou não o aborto, as mulheres continuarão a realizá-lo;
porém seria melhor oficializar, para que tenham melhores condições ao invés de fazer abortos
que colocam em risco a vida da mulher, pois muitas fazem em locais precários, de modo
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incorreto e acabam contraindo graves infecções. Mas esse caminho gera dúvidas porque alguns
acreditam que será maior a taxa de aborto na gravidez indesejada.
Baseando-se no Princípio de Não Agressão (PNA) proposto pelo
economista e filósofo americano Murray Rothbard em seu livro: The Ethics of Liberty (A Ética
da Liberdade) de 1982,
“Toda pessoa é a proprietária de seu próprio corpo físico assim como
todos os recursos naturais que ela coloca em uso através de seu corpo
antes que qualquer um o faça; esta propriedade implica no seu direito
de empregar estes recursos como lhe convém até o ponto que isto afete
a integridade física da propriedade de outro ou delimite o controle da
propriedade de outro sem seu consentimento. ”

Resumidamente, o PNA costuma ser enunciado como: é ilegítimo iniciar a agressão


contra indivíduos pacíficos. Ou ainda, em forma contra positiva: todos os inocentes têm o
direito absoluto de estar "livres" da agressão de terceiros.
Neste sentido dado que está bem documentado que há um coração batendo após um mês
e meio e que a formação de ondas cerebrais já ocorre após 18 dias de fertilização (tenha em
mente também que a maioria dos abortos ocorre bem depois desses desenvolvimentos).
Longe de ser apenas uma "bolha de carne" ou um acessório sem vida dentro de uma
mulher, os defensores do aborto cada vez mais estão sendo confrontados com a inerente
humanidade do feto em desenvolvimento. Tentar determinar um tempo preciso para o início da
vida ignora várias evidências científicas que mostram justamente que todos os ingredientes
necessários para isso já são apresentados logo no início da gravidez.
A ideia comumente aceita para se decretar o status de vida é aquela que compara o feto
a um humano completamente desenvolvido (ou, utilizando o argumento mais extremo dos pró-
aborto, que a vida começa realmente apenas quando o bebê já saiu completamente do corpo da
mãe durante o parto). Isso é uma irresponsabilidade. Não sendo somente um aglomerado de
tecidos biológicos enxertados, ou uma simples forma de vida análoga a uma bactéria ou a uma
fruta em crescimento, uma abordagem moral e filosófica mais responsável seria ver aquilo que
está dentro do útero como sendo aquilo que realmente é: um ser humano em desenvolvimento.
Considerando-se tudo isso, a sanção estatal do aborto nada mais é do que uma troca de
direitos. Lembre-se que, como foi dito, o aborto é defendido por alguns como um caminho para
a liberação da mulher. O argumento é que nem o estado nem qualquer outro ser humano
(especialmente os homens) têm o direito de dizer a uma mulher o que fazer com seu próprio
corpo. Parece correto, certo? Nem tanto.
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Tal postura convenientemente ignora o fato de que dentro da mãe jaz uma entidade que
é completamente distinta dela. (O argumento de que o aborto é legítimo porque a criança
depende da mãe para sua sobrevivência não precisa ser limitado ao útero; ele pode facilmente
ser estendido a crianças recém-nascidas e até mesmo a incapacitados e idosos). Portanto, está
havendo uma troca de liberdades e direitos. A mãe está ganhando direitos e privilégios
especiais ao mesmo tempo em que a criança está perdendo seus direitos. Um lado está ganhando
à custa do outro. Esse arranjo em nada difere das várias outras invenções esquerdistas e
estatistas que prejudicam alguns para o benefício de outros.
É de se pensar como exatamente esse arranjo é libertário e pró-liberdade. Ao dar às
mulheres o direito aprovado pelo estado de terminar uma gravidez está-se ignorando os direitos
e interesses das outras partes envolvidas na questão. Primeiro, essa medida anula
completamente o poder de decisão do homem na questão (ainda que reconhecidamente a
maioria dos homens que engravidam essas mulheres nada mais são do que "doadores de
esperma", por assim dizer, mas esse nem sempre é o caso). Segundo, há uma anulação completa
da vida da criança em gestação, em meio a evidências cada vez mais conclusivas de que aquilo
que está no útero é de fato uma vida. Mas como esse bebê foi concebido em um momento
inoportuno, azar o dele. Ele simplesmente não tem direitos. Esse não parece ser um conceito
muito libertário.
E quanto à liberdade pessoal e à responsabilidade? Mais uma vez, percebe-se que
aqueles que defendem o aborto em termos da liberdade pessoal estão vendo apenas um lado da
história. Eles não têm qualquer problema em negar o direito à vida e à liberdade da criança que
está no útero — baseando-se, atenção, não em filosofia, ciências biológicas ou na razão moral,
mas apenas em argumentos políticos e sociológicos.
Já é hora de os defensores da liberdade e da responsabilidade pessoal colocarem mais
pressão sobre as pessoas promíscuas e sexualmente irresponsáveis para que elas tomem
medidas adequadas para evitar a gravidez. Um feto não surge magicamente em um útero como
uma acne brota na testa. Querer liberdade individual para se fazer o que quiser, mas sem ter de
arcar com as consequências disso é libertinagem. Querer exterminar uma vida que surge em
consequência de um ato impulsivo é a negação máxima da responsabilidade individual. É a
irresponsabilidade hedonística levada ao paroxismo.
É moral e intelectualmente injusto fazer com que uma criança indesejada carregue o
fardo pelas ações irresponsáveis de terceiros. Ao passo que os libertários diriam corretamente
que não é função do estado tentar corrigir o comportamento e as atitudes equivocadas dos
outros, também não faz sentido que o estado sancione leis agressivas e contra a vida que irão
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punir inocentes pelos erros de seus pais. Isso não é nada libertário. Trata-se de uma liberdade
seletiva, que utiliza agressão contra crianças indefesas.
Isso nos leva à consideração final: o aborto viola o princípio da não-agressão. A mãe
(ou os pais), normalmente como resultado da própria irresponsabilidade, toma (tomam) a
decisão unilateral de acabar com uma vida. A criança obviamente não tem voz nessa questão.
Os pais abortistas e o estado tomam a decisão pela criança, e prematuramente terminam sua
vida, sem qualquer chance de defesa para ela.

2 EUTANÁSIA (MORTE ASSISTIDA) E DISTANÁSIA

O termo eutanásia, de origem grega, significa "boa morte", “morte apropriada” ou


"morte piedosa". O termo foi proposto por Francis Bacon em 1623 como sendo “um tratamento
adequado às doenças incuráveis”.
Entende-se como eutanásia a conduta em que alguém, deliberadamente é movido por
fortes razões de ordem moral, causa a morte de outrem, vítima de uma doença incurável em
avançado estado e que está parecendo de grande sofrimento e dores. A eutanásia seria
justificada como uma forma de libertação do sofrimento acarretado por um longo período de
doença.
Já a morte assistida, também conhecida como suicídio assistido, consiste na promoção
de meios para que o paciente terminal, por conta própria, ponha fim a sua vida. Não se trata de
eutanásia, pois a decisão e a execução do ato partem do próprio paciente. Os terceiros,
normalmente familiares e pessoas próximas, apenas colocam ao seu alcance os meios
necessários para que o paciente se suicide de forma digna e indolor.
Para a morte assistida, portanto, pressupõe-se que o consentimento e o ato executório
partam do próprio paciente, enquanto que a eutanásia, dependendo do estado em que se encontre
o paciente (ex. inconsciente há bastante tempo), poderá ser realizada por meio do consentimento
de terceiros, a exemplo dos familiares.
O ato de promover a morte antes do que seria de esperar, por motivo de compaixão e
diante de um sofrimento penoso e insuportável, sempre foi motivo de reflexão por parte da
sociedade. Esta discussão torna-se cada vez mais presente na medida em que é aprofundado o
estudo dos direitos fundamentais sob a perspectiva constitucional.
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Ademais, sempre surgem novos tratamentos e recursos que permitem prolongar em


muito a expectativa de vida do enfermo, o que pode levar a um demorado e penoso processo de
morrer caracterizando a distanásia.
A medicina, na medida em que avança na possibilidade de salvar mais vidas, cria,
também, inevitavelmente, dilemas éticos complexos que permitem maiores dificuldades para
um conceito ajustado do fim da existência humana.
Por fim, a eutanásia é proibida na maioria dos países, bem como condenada por diversas
religiões, a exemplo do Catolicismo, sendo, portanto, um assunto capaz de gerar profundas
discussões éticas e morais.
No Brasil a eutanásia é tipificada como homicídio privilegiado pelo Código Penal:
“Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena:
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um terço. ”
Na exposição de motivos do Código Penal elenca, dentre os exemplos de homicídio
privilegiado, a prática de eutanásia, a morte assistida, por sua vez, é considerada crime de
induzimento, instigação ou auxílio a suicídio:
“Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos,
se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. ”
O Código de Ética Médica, por fim, estabelece o seguinte:
“Art. 6º. O médico deve guardar absoluto respeito pela vida humana, atuando sempre em
benefício do paciente. Jamais utilizará seus conhecimentos para gerar sofrimento físico ou
moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua
dignidade e integridade.
É vedado ao médico: (...)
Art. 66. Utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que
a pedido deste ou de seu responsável legal. ”
A eutanásia e a morte assistida são técnicas de pôr fim a vida de pacientes em estado
terminal e que padecem de dores crônicas e insuportáveis. Estas modalidades de morte digna
não são novidades, eram muito praticadas por povos pré-históricos e na antiguidade. Na
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verdade, remontam ao início da civilização, decorrentes, talvez, do sentimento mútuo de


compaixão e solidariedade humana.
Atualmente, muito se discute sobre a eutanásia, sendo certo que a legislação da maioria
dos países civilizados condena tal prática, apesar da mesma ser uma realidade social. No Brasil
a eutanásia é proibida, sendo taxada inclusive como crime. Em outros países, notadamente na
Holanda, a prática já é regulada pela lei, sendo utilizada em vários casos, para minimizar o
sofrimento de pacientes muito doentes.
Devido aos avanços da medicina, começaram a surgir questionamentos procedimentos
distanásicos que antes inexistiam, a exemplo do dever moral do médico manter vivo
indefinidamente um paciente que se encontra em estado vegetativo, sem a menor condição de
recuperação.
Partindo do PNA formulado pela ética da liberdade de Rothbard que estabelece que o
indivíduo é soberano sobre si, podemos concluir que se não houver coerção em acordos
estabelecidos entre médicos e pacientes lúcidos ou familiares representantes daqueles que se
encontram inconscientes e que mediante explicita manifestação prévia expressaram a escolha
pelo processo de morte assistida, tendo em vista que a liberdade individual de escolher e fazer
associações consentidas é um direito natural inerente dos seres humanos, os contratos
consolidados por indivíduos livres são legítimos e está dentro dos padrões da racionalidade, não
há ilegalidade alguma nisso, independente do que diz a legislação de um país ou a opinião de
terceiros.

3 TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

Se o preço máximo da comida no Brasil fosse zero, quem ofertaria comida? Ficaríamos
todos na fila da caridade, morrendo de fome. É isso que acontece com a demanda por órgãos.
É permitido transacionar órgãos e sangue no Brasil, desde que o preço seja zero. Ao mesmo
tempo, as filas de doentes à espera de doadores demoram para andar; pacientes morrem na
espera. Não é coincidência.
Todo mundo paga dinheiro para cortar cabelo; alguns vendem cabelo. Muitos furam
suas orelhas para pendurar adereços, ou injetam tinta sob a pele. Paga-se altas somas para esticar
superfícies, sugar gordura, implantar silicone, corrigir narizes. Vende-se sexo e trabalho braçal.
Por que o corpo pode ser objeto de comércio para esses usos, e não quando vidas estão em jogo?
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Imagine se a necessidade de transplantes fosse tão universal quanto a de comida ou água, e


continuássemos com a nobre prática do preço zero, com a moralíssima proibição de venda desse
bem tão valioso. Comida e água também podem ser vistos como sagrados, como diretamente
ligados à vida; não seria também um sacrilégio submetê-los ao sistema de preços? Pagaríamos
a suposta pureza moral com a morte de fome e sede.
Todo mundo aceita que não há nada de errado em se tirar os órgãos de um morto para
salvar vidas. E muito embora doar órgãos depois de morto seja uma decisão sem custos
reais, mesmo assim muita gente não doa, por decisão própria ou da família. Famílias que não
se dão ao trabalho de permitir a doação interessariam em permitir a venda.
A mesma autonomia sobre si deveria valer para quem decide doar órgãos ainda vivo. Já
é permitido tirar órgãos não-vitais, desde que a preço zero. Por que não permitir também a
venda? Quem dá um órgão, vivo ou morto, dá um valor enorme a quem o recebe. Não há nada
de injusto que essa pessoa (ou seus herdeiros) receba esse valor. Isso serviria até como um
incentivo para as pessoas se cuidarem. Sei que meus órgãos têm valor e que podem me render
uma grana quando eu precisar, e que serão parte do patrimônio deixado quando eu morrer; mais
um motivo para mantê-los em bom estado.
Com o comércio legal de órgãos, teríamos mais doadores. Há uma demanda
consistentemente maior do que a oferta, que é mantida artificialmente baixa graças à política
do preço zero. Permita que os preços subam, que doadores sejam recompensados pelo valor que
ofertam, e mais vidas serão salvas.
Muita gente é contra a ideia por se dizer preocupada com os pobres, que não teriam
dinheiro para comprar um órgão. Mas quem precisa de transplante e não tem dinheiro
continuaria na fila do SUS — agora mais curta —, que compraria os órgãos e os repassaria de
graça, como já faz com tantos outros tratamentos.
O mercado de órgãos não elimina doação voluntária e nem o repasse gratuito, assim
como o mercado de comida não elimina a doação de comida. Há fundos de doação para ajudar
vítimas de desastres ou crianças com câncer; haverá fundos para comprar órgãos para quem
precisa.
A lógica da fila, favorita de uma ética irracional e pouco preocupada com a realidade,
dará lugar à lógica do valor, sem por isso proibir a fila. O saldo final é mais órgãos doados, e,
portanto, mais vidas salvas.
Outros olham para o lado da oferta: não seriam os mais pobres justamente os que teriam
mais incentivo para vender seus órgãos? Talvez. Agora eu é que pergunto: isso seria ruim? Ao
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se permitir que a pessoa venda seus órgãos, não se a está obrigando a nada; apenas dando-
lhe mais uma opção para aliviar sua pobreza.
É ruim viver com um rim a menos. Pior ainda é morrer pela falta do transplante. Se um
lado quer o rim e tem o dinheiro, e o outro quer o dinheiro e está disposto a ficar sem o rim,
deixe que se ajudem.
Muitos pobres venderiam seus órgãos? É possível. Mas se eles próprios preferem alguns
milhares de reais ao órgão funcionando (e aí cabe difundir a informação correta sobre os efeitos
futuros), é porque julgam que estão melhor assim. E não precisamos ser tão radicais: muita
gente gostaria, por exemplo, de dar sangue periodicamente para complementar a renda. Privá-
los de uma opção de ganhar dinheiro não ajuda em nada; só agrava sua pobreza.
Cabe lembrar que estamos falando de um mercado que já existe. O comércio de órgãos
opera ilegalmente e, como toda atividade que é empurrada para a ilegalidade, tende para a
violência e falta de informação. Legalizar o comércio é tirá-lo das mãos de criminosos, de
pessoas que são boas em coagir, defraudar e matar e não em prestar serviços que atendam a
necessidade de seus clientes.
Em 2012, um chinês pobre e menor de idade, do meio rural, vendeu um rim para
comprar um iPad. Péssimo negócio; talvez ele nem estivesse ciente do que estava abrindo mão.
Mesmo assim, mesmo com a insegurança do mercado atual, dado que a venda voluntária é uma
realidade difundida e duradoura, conclui-se que muitas vezes ela beneficia o vendedor; são os
milhões de casos que não viraram notícia.
Se um indivíduo em dificuldade pode melhorar de vida via transplante de uma parte que
não lhe é necessária, ou melhor, que vale menos para ele do que o dinheiro a ser recebido, é
ótimo que ela possa optar.
Por fim, para você que permanece indignado com a ideia da venda de órgãos, que acha
que trocá-los por dinheiro viola a dignidade humana (embora dá-los de graça seja legítimo e
até admirável), e que tem certeza de que nada justifica essa profanação do corpo, a solução é
fácil: não venda. E quando você ou um ente querido estiver na longa fila de doações,
aguardando a morte chegar, não compre.

4 PENA DE MORTE

Nos últimos anos, poucos assuntos geraram tanta comoção entre o público geral do que
a questão da pena de morte. Por todo o país, e principalmente nas áreas urbanas, uma crescente
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onda de crimes violentos, assaltos e homicídios geraram uma efervescente pressão popular pela
restauração da pena de morte para os homicídios.
Mesmo que unicamente por essa razão, o movimento libertário deve abordar
diretamente a questão da pena capital, pois somente se abordarmos honesta e diretamente os
assuntos do dia é que poderemos tornar o libertarianismo relevante para o público. Não há
dúvidas de que a esmagadora maioria das pessoas, independente de credo ou ocupação, apoia
veementemente o retorno da pena de morte, pondo um fim à abolição que havia sido
implementada por intelectuais de esquerda e seus simpatizantes judiciais.
Mesmo a altiva Suprema Corte dos Estados Unidos já oscilou. Em 1972 ela baniu toda
e qualquer pena capital com base na nova e curiosa doutrina constitucional de que isso violava
a proibição imposta pela Oitava Emenda de “punição cruel e atípica”. Em 1976 e 1977,
entretanto, ela recuou a ponto de autorizar a pena de morte para homicídios apenas (e não para
estupro ou sequestro), mas somente onde sua imposição não havia sido tornada compulsória
pela legislatura local. Atualmente, trinta e três estados americanos possuem estatutos para a
pena de morte, os quais continuam sendo testados nos tribunais.
O Partido Libertário, vem tentando se esquivar da questão da pena de morte até que um
consenso mais amplo sobre a teoria da punição seja obtido dentro do movimento libertário. As
opiniões dentro do movimento variam ampla e abertamente, indo desde a visão ultra pacifista
de que todo o tipo de punição deve ser abandonado, até a posição do “juiz carrasco”, que diz
que qualquer violação da propriedade privada de alguém, por menor que seja, demonstra que o
criminoso não possui qualquer respeito pelos direitos de propriedade e que, portanto, esse
pequeno agressor deve ser executado. Independente das opiniões, o fato é que não podemos nos
dar ao luxo de continuar adiando um posicionamento acerca da questão da pena de morte. Esta
tornou-se uma questão premente na vida política, deixando de ser apenas mais um fascinante
problema da eminente teoria libertária. Precisamos antes resolver esse problema dentro de
nossos quadros para, só então, promovermos nossa visão no debate público.
Não se trata de uma mera casualidade o fato de haver muito pouco apoio entre o público
para a pena de morte que não seja para o crime de homicídio — ainda que na Inglaterra do
século XVIII, por exemplo, a pena de morte tenha sido empregada com prestimosa naturalidade
para vários tipos crimes. Creio que os instintos do público estejam corretos quanto a esse
quesito: ou seja, que a punição deve ser de acordo com o crime; que a punição deve ser
proporcional ao crime praticado. A justificativa teórica para tal é que um agressor perde seus
direitos à medida que ele viola os direitos de outro ser humano. Se A rouba $10.000 de B, então
ele não apenas deveria ser obrigado a devolver esses $10.000 (sendo essa a posição
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“restitucionista”, com a qual a maioria dos libertários concordaria), como também deveria
perder o direito de ter $10.000 para si próprio; ou seja, ele deveria ser forçado a pagar à vítima
$10.000 por sua agressão.
Porém, se A perde seu direito de ter $10.000, deveria B, a vítima, também ter o direito
de executar A pelo seu crime? É claro que não, pois desta forma a punição seria grosseiramente
desproporcional. O criminoso perderia, desta forma, uma importante parte de seus próprios
direitos, e B — a vítima anterior — e seus cúmplices estariam agora cometendo seu próprio ato
de agressão contra A.
É relativamente fácil determinar punições monetárias no caso de roubo. Mas e quanto a
crimes como homicídio? Neste caso, o assassino perde precisamente o direito do qual ele privou
outro ser humano: o direito de ter sua vida preservada e protegida da violência de outra pessoa.
O assassino, portanto, merece ser morto em troca. Ou, colocando de forma mais exata, a vítima
— neste caso seu representante, na forma de herdeiro ou testamenteiro — deveria ter o direito
de executar o assassino em troca. Os libertários não podem mais se dar ao luxo de adiar uma
abordagem quanto à pena de morte. A questão tornou-se um problema urgente demais.
A tese esquerdista de que a pena de morte é brutal porque é condescendente com o
assassinato é falaciosa porque tira do contexto o isolado ato de matar o assassino: o contexto
do assassinato anterior que o agressor cometeu. Já estamos familiarizados com o fato de que os
esquerdistas, ao derramarem lágrimas pelo assassino condenado, deliberadamente ignoram a
violência muito mais trágica que este assassino cometeu contra sua vítima.
Outra reclamação comum dos esquerdistas é a de que a pena de morte não desestimula
novos homicídios de serem cometidos. Todas as estatísticas são seguidamente torturadas na
tentativa de “provar” ou refutar essa alegação. Embora seja impossível provar seu grau de
dissuasão, parece ser incontestável o fato de que alguns homicídios seriam desencorajados pela
pena de morte. Algumas vezes o argumento esquerdista aproxima-se perigosamente da
alegação de que nenhuma punição pode impedir crime algum — uma visão manifestamente
absurda que poderia ser facilmente testada: remova todas as punições legais para o não
pagamento do imposto de renda e observe se haveria alguma redução nos impostos pagos.
Ademais, o próprio assassino certamente será “dissuadido” de repetir seu crime — e de modo
bem permanente.
Porém, em todo caso, observe que não formulei meu argumento em termos utilitaristas,
como a dissuasão de futuros crimes; meu argumento foi baseado em direitos básicos e na
exigência de justiça. O libertário posiciona-se a favor dos direitos individuais não simplesmente
tendo por base suas consequências sociais, mas mais enfaticamente tendo por base a justiça que
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é devida a cada indivíduo. Alguns estados americanos autorizam a pena de morte apenas para
assassinos de policiais ou guardas penitenciários, e não para quaisquer outros casos de
homicídios. Ao libertário resta apenas considerar tais estatutos uma obscenidade. Impor a pena
de morte exclusivamente para assassinos de funcionários do governo, e não também para os
assassinos de cidadãos comuns, é algo que pode ser considerado no mínimo uma grotesca
caricatura de justiça. Afinal, isso significa que o propósito do governo é o de proteger
integralmente apenas os direitos de seus próprios membros e os de mais ninguém?
Até aqui estive ao lado dos proponentes da pena de morte, aliando-me aos instintos do
público em geral e contra os sofismas da elite intelectual esquerdista. Porém, há uma importante
diferença. Enfatizei durante todo esse tempo o direito da vítima, e não o da “sociedade” ou do
estado. Em todos os casos, deveria ser a vítima — e não a “sociedade” ou “seu” promotor
público — quem deveria fazer as acusações e decidir se irá ou não exigir alguma punição. A
“sociedade” não tem direito algum e, portanto, não tem o que palpitar no caso em questão. O
estado hoje monopoliza a oferta dos serviços de defesa, de justiça e de punição. Enquanto
continuar fazendo isso, ele deveria agir como nada mais nada menos que um agente voltado
para a guarda e cumprimento dos direitos do cada indivíduo — nesse caso, os da vítima.
Se, portanto, um crime for cometido, deveria ser função da vítima prestar queixas ou
decidir se a restituição ou punição devida a ela deve ser impingida pelo estado. A vítima deveria
ter a possibilidade de dizer ao estado para não prestar queixas ou para não punir a vítima na
totalidade em que tem direito. Assim, suponha que A pratique uma agressão contra B; porém,
se B for um pacifista ou não acreditar em punições por algum motivo qualquer, então o estado
não deveria poder, como pode hoje, continuar processando A em nome da “sociedade”, mesmo
com a vítima insistindo para que isso não ocorra. Ou, de modo similar, o criminoso deveria
poder negociar com a vítima um preço para não ser processado ou punido. Pois, neste caso, a
vítima concordou voluntariamente em permitir que o criminoso pague a ela uma restituição
monetária em lugar de outras sanções contra ele.
Em suma, dentro dos limites de seu direito proporcional à punição, a vítima deveria ser
a única a decidir o quanto de seu direito ela quer exercer — e se ela quer exercê-lo. Porém, e
isso já foi dito, como podemos deixar a decisão para a vítima no caso de assassinato,
precisamente o único crime que remove a vítima totalmente do cenário? Podemos realmente
confiar que seu herdeiro ou testamenteiro irá cumprir total e sinceramente os interesses da
vítima, especialmente se permitirmos ao criminoso pagar pela anulação da punição, ao lidar
diretamente com o herdeiro?
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Este, entretanto, não é um problema insuperável. A resposta para esse impasse é lidar
com o problema da mesma maneira que os desejos de uma pessoa falecida são cumpridos: por
meio de um testamento. O falecido pode instruir herdeiros, tribunais e terceiros em como ele
gostaria que um eventual assassino seu fosse tratado. Nesse caso, pacifistas, intelectuais
esquerdistas e afins poderiam deixar cláusulas em seus testamentos instruindo as autoridades a
não matar, ou até mesmo a não processar um criminoso na eventualidade de seu assassinato; e
as autoridades seriam obrigadas a obedecer.
Como uma questão prática, aqui e agora, e até que tais desejos se tornem uma prática
comum, os libertários podem entrar na arena política com a seguinte e bem definida posição,
uma posição que não apenas endossa os ardorosos instintos do público em geral, mas que
também os instrui ainda mais nos princípios libertários, a saber: defendemos a pena de morte
para todos os casos de homicídio, exceto para aqueles casos em que a vítima deixou um
testamento instruindo seus herdeiros a não impor a pena capital em qualquer possível assassino
seu. Desta forma, aqueles que possuem uma consciência pacifista, progressista ou complacente
podem descansar em paz sabendo que nunca tomaram parte da pena de morte. Enquanto isso,
o resto de nós pode usufruir a pena capital que gostaríamos de aplicar em assassinos, livres da
interferência de esquerdistas inoportunos e intrometidos.

5 ALIMENTOS TRANSGÊNICOS

A engenharia genética é uma das tecnologias mais recentes disponíveis para produzir
traços desejáveis em plantas e animais utilizados para alimentação, mas não apresenta riscos
únicos para a saúde que também não podem surgir de métodos de reprodução convencional e
outros métodos de alteração genética. Qualquer um desses métodos pode resultar em mudanças
não intencionais na composição dos alimentos. O relatório conclui que todos os alimentos
alterados devem ser avaliados caso a caso antes de serem vendidos ao público para determinar
se mudanças involuntárias na composição dos alimentos podem prejudicar a saúde humana. A
vigilância após um alimento no mercado também pode ser necessária em alguns casos.
Cada relatório é produzido por um comitê de especialistas selecionado pela Academia
para abordar uma declaração específica de tarefa e está sujeito a uma revisão rigorosa e
independente por pares; enquanto os relatórios representam pontos de vista do comitê, eles
também são aprovados pela Academia.
15

5.1 O QUE É UM RELATÓRIO DE CONSENSO EXPERT?

É um relatório elaborado por um comitê de especialistas convocado pelas Academias


Nacionais (na maioria das vezes em nome do Conselho Nacional de Pesquisa, mas também em
nome do Instituto de Medicina, o Transportation Research Board [outra divisão do Conselho
Nacional de Pesquisa], A Academia Nacional de Engenharia e ocasionalmente a Academia
Nacional de Ciências) para estudar uma questão científica ou tecnológica específica de
importância nacional.
Esses especialistas trazem o leque de expertise e equilíbrio de perspectivas para resolver
o problema. Eles servem pro bono e são examinados por conflitos de interesse para garantir que
o comitê possa fornecer conselhos imparciais e objetivos.
Através destes comitês, as academias produzem anualmente cerca de 200 a 250
relatórios de consenso. Esses relatórios são vistos como credíveis e autoritários por causa de
sua independência e da habilidade única das Academias para recrutar os melhores especialistas
do mundo para servir nessas comissões e por causa do processo de estudo exclusivo.
Como um exame final sobre a qualidade e a objetividade de cada estudo, todos os relatórios de
consenso das academias são submetidos a uma rigorosa revisão por pares por especialistas
independentes. Como resultado, esses relatórios não só representam a visão de consenso do
comitê, mas também possuem uma assinatura formal de academias que indica que o relatório
aborda adequadamente a declaração de tarefa, não vai além da tarefa e que todas as questões
importantes levantadas na revisão pelos pares foram adequadamente abordadas.
Qualidades do especialista em academias, relatórios de consenso incluem:
 Independência. Livre de pressão externa, as Academias são capazes de examinar questões
controversas sem referência ou respeito a políticas ou interesse especial. Eles não fazem parte
do governo federal.
 Perícia. As Academias têm acesso aos principais especialistas científicos e técnicos do país e
do mundo para produzir seus relatórios.
 Objetividade. O rigoroso processo do comitê para equilibrar pontos de vista e evitar conflitos
de interesses assegura um conselho imparcial e imparcial.
 Integridade. Cada um dos relatórios segue um processo de estudo meticuloso para garantir que
os resultados correspondam às evidências e são submetidos a uma revisão externa independente
por especialistas anônimos antes da publicação, salvaguardando assim a credibilidade das
descobertas.
16

 Baseado em evidências. Todas as conclusões, conclusões e recomendações são baseadas nos


melhores dados disponíveis.
 Eles são produzidos por não interessados. Os relatórios de consenso das academias são
baseados nas evidências disponíveis para abordar as questões em estudo. Quando os relatórios
são completados, os relatórios são divulgados e distribuídos às partes interessadas e os comitês
de autoria são dissolvidos. As Academias não se tornam partes interessadas sobre os problemas
nos relatórios e pressionam suas conclusões.
 Quase todos os relatórios são feitos a pedido de outros. Estudos de consenso de academias
são feitos a pedido do governo federal, governos estaduais e algumas fundações. Apenas alguns
são feitos por sua própria iniciativa (tipicamente em tópicos que são tão urgentes que devem
ser feitos sem demora, como um relatório sobre a capacidade da ciência e da engenharia para
abordar a segurança interna que foi iniciada logo após 11 de setembro de 2001 ou são tópicos
importantes que provavelmente não serão sujeitos a um pedido governamental, como diretrizes
para pesquisas com células-tronco.)
 Os líderes das academias aprovam todos os estudos. As Academias não são obrigadas a
abordar quaisquer questões que seus líderes não considerem apropriadas (por exemplo, são de
natureza técnica e objetiva e possuem informações adequadas para fazer descobertas).
 As Academias não produzem relatórios de consenso para empresas privadas com fins
lucrativos com interesses diretos em seus tópicos.

5.2 MENSAGENS-CHAVE

 Todas as novas variedades de culturas, raças de animais e cepas microbianas possuem DNA
modificado que difere das cepas parentais. Os métodos para modificar geneticamente plantas,
animais e micróbios são mecanicamente diversificados e incluem atividades naturais e
mediadas por seres humanos.
 Embora os métodos analíticos atuais possam fornecer uma avaliação detalhada da composição
dos alimentos, existem limitações na identificação de diferenças específicas na composição e
na interpretação de sua significância biológica.
 As técnicas de perfil analítico são apropriadas para estabelecer diferenças de composição entre
os genótipos, mas também devem levar em consideração a modificação do perfil obtido por
interações genótipos por meio do meio ambiente (a influência do meio ambiente na expressão
de um genótipo particular).
17

 As abordagens de avaliação de segurança voluntárias e obrigatórias atuais enfocam


principalmente os efeitos pretendidos e previsíveis de novos componentes dos alimentos da
GE. A introdução de novos componentes nos alimentos através da engenharia genética pode
representar problemas únicos na seleção de comparadores adequados para os procedimentos
analíticos que são cruciais para a identificação de mudanças de composição não intencionais.
 A bioinformática e ferramentas preditivas atualmente disponíveis são inadequadas para
correlacionar as análises de composição com os efeitos biológicos.
 Durante a última década, as metodologias analíticas para separar e quantificar os ácidos,
proteínas e metabolitos ribonucleicos mensageiros melhoraram acentuadamente. A aplicação
dessas metodologias à análise direcionada de nutrientes e tóxicos conhecidos melhorará a base
de conhecimento para esses constituintes de alimentos.
 Os resultados de saúde podem ser associados à presença ou ausência de substâncias específicas
adicionadas ou excluídas usando técnicas de modificação genética, incluindo engenharia
genética e com mudanças na composição não intencionais.
 As ferramentas preditivas para identificar o comportamento esperado de estruturas complexas
e compostas são limitadas e exigem um conhecimento a priori da sua estrutura química, sua
relevância biológica e seus potenciais alvos interativos.
 A base de conhecimento necessária para interpretar os resultados dos métodos de criação de
perfil, no entanto, é insuficientemente desenvolvida para prever ou avaliar diretamente os
efeitos potenciais para a saúde associados a mudanças na composição não intencional de
alimentos transgênicos, assim como a informação associativa necessária (por exemplo,
proteômica, metabolômica e redes de sinalização).
 O processo de identificação de mudanças de composição não intencionais nos alimentos é
melhor servido pela combinação de testes de pré-mercado com vigilância pós-comercialização,
quando as mudanças de composição indicam que isso está garantido, em um ciclo de feedback
que segue um novo produto transgênico ou produto alimentar a longo prazo, desde o
desenvolvimento até a utilização.
 Há uma necessidade, no julgamento do comitê, de uma ampla agenda de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico para melhorar métodos para prever, identificar e avaliar os efeitos
não intencionais da saúde a partir da modificação genética dos alimentos.
 Até à data, nenhum efeito adverso para a saúde atribuído à engenharia genética tem sido
documentado na população humana.
Podemos concluir diante do exposto que muito do que se diz a respeito dos males
provocados pelos alimentos geneticamente modificados são provenientes de informações
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falaciosas assim como os benefícios que foram engenhosamente projetados para estes alimentos
terem, também são superexpostos negligenciando os resultados não esperados, que em alguns
estudos que dão base as teorias conspiratórias, têm demonstrado a ligação muitas vezes indireta
de malefícios com a produção de alimentos transgênicos.
O fato conclusivo é que a essas modernas tecnologias agrícolas quando são utilizadas
de maneira irresponsáveis pelos meios de produção a qualidade dessas técnicas e o cultivo como
um todo acaba sendo comprometido. Logo o sistema político financeiro tem influenciado este
cenário através do corporativismo entre grandes produtores e o estado que cria restrições no
mercado competitivo de produção bem como monopólios de empresas lobbistas que estão cada
vez mais interessadas em promover o protecionismo político, que impede a livre concorrência
do que melhorar a qualidade de suas técnicas agrícolas, sem a participação do estado na
economia não haveria como estes produtores que utilizam os mecanismos políticos para
permanecerem no topo, pois em uma situação de livre mercado o incentivo é que apenas as
empresas que forneçam produtos com engenharia genética de qualidade e com um custo
benefício menor do que a concorrência para seus consumidores é que conseguiriam permanecer
liderando o mercado por um brilhante processo de qualis econômico por seleção natural dos
cliente aos melhores produtos como normalmente ocorre no setor de empreendimentos
desregulamentado que gera grande enriquecimento da população.

6 BIOPIRATARIA

A biopirataria é a exploração ou apropriação ilegal de recursos da fauna e da flora e do


conhecimento das comunidades tradicionais.
O conceito de biopirataria surgiu em 1992 com a “Convenção Sobre Diversidade
Biológica” apresentada na Eco92. Desde então, a biopirataria vem sendo tema de infindáveis
discussões sobre a apropriação indébita por parte de grandes laboratórios farmacêuticos
internacionais dos conhecimentos adquiridos por povos indígenas, quilombolas e outros, acerca
das propriedades terapêuticas ou comerciais de produtos da fauna e da flora de diversos países,
ou de seus princípios ativos utilizados para a confecção de medicamentos.
Existem normas internacionais, como os tratados sobre Aspectos dos Direitos de
Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio (OMC – Organização Mundial do
Comércio) que permitem aos pesquisadores patentear descobertas feitas através de pesquisas
em outros países desde que estes tenham participação nos lucros obtidos com as descobertas.
19

Entretanto, são inúmeros os casos em que a patente é feita, mas o país de origem sequer chega
a ver a cor do dinheiro.
A biopirataria acontece em qualquer país do mundo que possua recursos naturais com
potencial de comercialização e poucos investimentos em pesquisa e regulamentação,
principalmente relacionada a medicamentos. Mas no Brasil o tema ganha uma dimensão
enorme devido ao fato de este ser o país com a maior biodiversidade do planeta e de que aqui
ainda há um potencial muito grande e inexplorado. Estima-se que o Brasil perca cerca mais de
5 bilhões de dólares por ano com o tráfico de animais, produtos da flora e de conhecimentos
das comunidades tradicionais.
Geralmente associa-se a biopirataria com as indústrias farmacêuticas e princípios ativos
de medicamentos. Mas, embora esse comércio movimente as maiores cifras (o mercado de
remédios baseados em plantas medicinais lucra algo em torno de U$400 bilhões por ano; e do
Brasil saem anualmente e de forma ilegal, mais de 20 mil extratos de plantas nativas), ele não
é a única forma de exploração. A extração ilegal de madeira também figura como biopirataria.
A reação brasileira ainda é incipiente. Por enquanto há apenas uma Medida Provisória (N.
2.186) sobre o assunto, criada logo após a conclusão da CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) de 2003 que investigou a biopirataria no Brasil, porém sem grandes sucessos.
Entretanto, é difícil dizer se essa MP ajudou ou piorou ainda mais a situação. A biopirataria
ainda não é considerada como crime e a partir da MP o acesso a qualquer recurso genético
depende da autorização da União. Ou seja, a MP não pune os praticantes da biopirataria e ainda
tornou mais difícil o acesso dos pesquisadores brasileiros aos recursos genéticos.
Alguns dos recursos brasileiros pirateados por indústrias de outros países são os
seguintes: o caso mais clássico é o do açaí, que chegou a ser patenteado pela empresa japonesa
K. K. Eyela Corporation, mas que devido à pressão de diversas ONGs e da mídia, teve sua
patente caçada pelo governo japonês (isso depois de mais de um ano...); o segundo caso famoso
é o do veneno de jararaca que teve o princípio ativo descoberto por um brasileiro. Mas o registro
acabou sendo feito por uma empresa americana (Squibb) que usou o trabalho e patenteou a
produção de um medicamento contra a hipertensão (o Captopril) nos anos 70.
No primeiro caso houve sucesso (mesmo que demorado) porque a patente havia sido
feita recentemente, após a Convenção Sobre Diversidade Biológica. Mas, nos casos como o
segundo, em que as patentes são antigas as chances de que isso ocorra são praticamente nulas
e, como a maior parte dos recursos biopirateados vai para grandes e multimilionárias empresas
e ainda não há legislação no Brasil que defina a biopirataria como crime, recorrer acaba sendo
uma ação dispendiosa e quase sempre infrutífera.
20

Aqui é observado um caso clássico em que nesta estrutura social vigente a temática
biopirataria rende um debate inesgotável que não leva a absolutamente nada, é tempo e energia
desperdiçados pela simples razão de que a pauta sobre o assunto é abordada em cima de uma
premissa errada que modela o formato da sociedade, como as pessoas pensam e que está
consolidado a milênios como “correto”. O comercio ou apropriação da biodiversidade não vai
parar de acontecer porque uma classe política de burocrata ou “defensores” do meio ambiente
definem estas transações como erradas ou criminosas, na realidade o resultado disso é uma
selecionamento, vão permanecer apenas os piores envolvidos neste processo de oferta e
demanda, vale ressaltar que na perspectiva libertária os meios utilizados para conter a chamada
biopirataria de recursos naturais como fauna e flora são provenientes de uma estrutura até mais
imoral quanto a quilo que eles próprios estão combatendo.
No tocante aos “direitos” de propriedade intelectual fonte fundamental de boa parte
dessas controvérsias e dos problemas, e que gira em torno do desrespeito as convenções
internacionais que criam patente “proprietários” exclusivo para determinada ideia a questão é
que ao criar um proprietário exclusivo sobre algo que não é escasso como ideias é gerado um
conflito pois deliberadamente outros indivíduos vão fazer uso ou reprodução dessas ideias ainda
que exista uma rigorosa restrição ao uso o que provoca redução na qualidade e utilização das
mesmas além de retardar sua acessibilidade, porém restrições não impedem outros de usa-las,
vale salientar que por exemplo no caso das pesquisas farmacêuticas sobre princípios ativos eles
não são criados eles são descobertos pois estes já existiam como recurso natural o que ocorre
são replicações sintéticas desses elementos com propriedades terapêuticas, não faz sentido o
conceito de propriedade associado as coisas que são abundantes, quem é o proprietário do
oxigênio por exemplo? Ninguém, pois não é configurado como algo escasso, da mesma forma
acontece com as ideias, portanto não há um contexto antiético ou imoral presente e sim
interesses de diversas organizações principalmente empresas corporativistas e entidades
coercivas como o estado em se perpetuarem no poder mantendo o status quo ao invés de
resolverem de fato questões como estas.

ASPECTOS ÉTICOS NA ENFERMAGEM

7 SIGILO PROFISSIONAL

7.1 DIREITOS
21

Art. 81 - Abster-se de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão


de seu exercício profissional a pessoas ou entidades que não estejam obrigadas ao sigilo.

7.2 RESPONSABILIDADES E DEVERES

Art. 82 - Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão de sua
atividade profissional, exceto casos previstos em lei, ordem judicial, ou com o consentimento
escrito da pessoa envolvida ou de seu representante legal.
§ 1º - Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conhecimento público e em caso de
falecimento da pessoa envolvida.
§ 2º - Em atividade multiprofissional, o fato sigiloso poderá ser revelado quando necessário à
prestação da assistência.
§ 3º - O profissional de enfermagem, intimado como testemunha, deverá comparecer perante
a autoridade e, se for o caso, declarar seu impedimento de revelar o segredo.
§ 4º - O segredo profissional referente ao menor de idade deverá ser mantido, mesmo quando
a revelação seja solicitada por pais ou responsáveis, desde que o menor tenha capacidade de
discernimento, exceto nos casos em que possa acarretar danos ou riscos ao mesmo.
Art. 83 - Orientar, na condição de enfermeiro, a equipe sob sua responsabilidade, sobre o dever
do sigilo profissional.

7.3 PROIBIÇÕES

Art. 84 - Franquear o acesso a informações e documentos para pessoas que não estão
diretamente envolvidas na prestação da assistência, exceto nos casos previstos na legislação
vigente ou por ordem judicial.
Art. 85 - Divulgar ou fazer referência a casos, situações ou fatos de forma que os envolvidos
possam ser identificados.

8 RESPEITO AOS DIREITOS DO PACIENTE

Nas últimas décadas, de modo crescente, vem se observando problemas éticos na saúde
e nas ciências biológicas, não mais somente no âmbito dos grupos profissionais especializados,
22

mas como uma problemática que atinge toda a humanidade. A ética implica em “opção
individual, escolha ativa, requer adesão íntima da pessoa a valores, princípios e normas morais;
é ligada intrinsecamente à noção da autonomia individual. Visa a interioridade do ser humano,
solicita convicções próprias, que não podem ser impostas de fontes exteriores ao indivíduo.
Assim sendo, cada pessoa é responsável por definir sua ética”. Procura os fundamentos
que norteiam o comportamento, partindo da historicidade presente nos valores, como um
mecanismo de regulação das relações sociais do homem, visando garantir a coesão social e
harmonizar interesses individuais e coletivos, tornando-se, cada vez mais, parte fundamental
do exercício de qualquer profissão, em todas as épocas. A bioética, como parte da Ética
aplicada, dirige de modo mais específico a reflexão sobre valores relacionados à vida, à morte,
à saúde humana, com os múltiplos dilemas decorrentes, tendo em vista o direito de cidadania
dos usuários dos serviços de saúde.
O Código de Ética4 reúne normas e princípios, direitos e deveres, pertinentes à conduta
ética do profissional que necessitam ser assumidos por todos os trabalhadores da área, levando
em consideração, prioritariamente, a necessidade e o direito de Assistência de Enfermagem, os
interesses do profissional e de sua organização, bem como a luta por uma assistência de
qualidade sem riscos, nem discriminação, acessível a todos. A assistência prestada necessita ser
humanizada, respeitosa, justa, favorecendo a comunicação e a interação entre a equipe de
enfermagem e os pacientes, de modo que o respeito aos seus direitos como cidadãos seja
assegurado.
Todo paciente hospitalizado tem direito a um atendimento atencioso e respeitoso, à
dignidade pessoal, ao sigilo ou segredo profissional; de conhecer a identidade dos profissionais
envolvidos em seu tratamento; à informação clara, numa linguagem acessível sobre seu
diagnóstico, tratamento e prognóstico; de recusar tratamento e de ser informado sobre as
consequências dessa opção e, também, de reclamar do que discorda sem que a qualidade de seu
tratamento seja alterada.
A informação é um direito do cidadão, é um meio que o indivíduo dispõe para tomar
conhecimento e ter poder de determinação acerca da situação que está vivenciando. Sem a
informação, o cidadão não é capaz de reivindicar e/ou lutar pelos seus direitos, não tem
condições e nem argumentos para questionar, dificultando, dessa forma, o exercício de sua
autonomia: “A informação e o conhecimento são os meios que permitem a perpetuação das
relações democráticas. A falta de informação, caracterizada como ignorância, permite ações
abusivas, de exploração, subjugação e dominação. Para que as pessoas possam cuidar de si,
administrar o seu corpo, faz-se necessário manterem-se bem informadas e lutar pelos seus ideais
23

e crenças”. A informação, então, é a base da fundamentação das decisões autônomas do


paciente, necessária para que o paciente possa consentir ou recusar-se a medidas ou
procedimentos de saúde a ele propostos. Assim, todo e qualquer procedimento, seja considerado
simples ou complexo por parte dos profissionais da saúde, como a administração de
medicamentos, necessita ser realizado com o consentimento livre e esclarecido do paciente, a
partir da informação e esclarecimento do tipo de medicamento, indicação, e modo como será
administrado, dentre outros.

8.1 DO DESCUMPRIMENTO AO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL.

8.1.1 Das Infrações e Penalidades

Art.79º - A caracterização das infrações éticas e disciplinares e a aplicação das respectivas


penalidades regem-se por este Código, sem prejuízo das sanções previstas em outros
dispositivos legais.
Art.80º - Considera-se infração Ética a ação, omissão ou conivência que implique em
desobediência e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem.
Art.81º - Considera-se infração disciplinar a inobservância das normas dos Conselhos Federal
e Regionais de Enfermagem.
Art.82º - Responde pela infração quem a cometer ou concorrer para a sua prática, ou dela
obtiver benefício, quando cometida por outrem.
Art.83º - A gravidade da infração é caracterizada através da análise dos fatos e causas do
dano, suas conseqüências e dos antecedentes do infrator.
Art.84º - A infração é apurada em processo instaurado e conduzido nos termos deste Código.
Art.85º - As penalidades a serem impostas pelos Conselhos Federal e Regionais de
Enfermagem, conforme o que determina o art.18, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, são
as seguintes:
I-Advertência verbal.
II-Multa.
III-Censura.
IV-Suspensão do Exercício Profissional.
V-Cassação do direito ao Exercício Profissional
24

Parágrafo primeiro – A ADVERTÊNCIA VERBAL consiste numa admoestação ao infrator, de


forma reservada, que será registrada no Prontuário do mesmo, na presença de duas
testemunhas. Parágrafo segundo - A MULTA consiste na obrigatoriedade de pagamento de
01(um) a 10(dez) vezes o valor da anuidade da categoria profissional a qual pertence o
infrator, em vigor no ato do pagamento.
Parágrafo terceiro – A CENSURA consiste em repreensão que será divulgada nas publicações
oficiais dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem.
Parágrafo quarto – A SUSPENSÃO consiste na proibição do exercício da enfermagem por um
período não superior a 29(vinte e nove) dias e será divulgada nas publicações oficiais dos
Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem.
Parágrafo quinto – A CASSAÇÃO consiste na perda do direito ao exercício da enfermagem e
será divulgada nas publicações dos Conselhos Federal e Regionais de Enfermagem e em
jornais de grande circulação.
Art. 86º - As penalidades de advertência verbal, multa, censura e suspensão do exercício
profissional são da alçada dos Conselhos Regionais de Enfermagem; a pena de cassação do
direito ao exercício profissional é de competência do Conselho Federal de Enfermagem,
conforme o disposto no Art. 18, parágrafo primeiro, da Lei nº 5.905/73.
Parágrafo único – Na situação em que o processo tiver origem no Conselho Federal de
Enfermagem, terá como instância superior a Assembléia dos Delegados Regionais.
Art.87º - Para a graduação da penalidade e respectiva imposição consideram-se:
I – A maior ou menor gravidade da infração.
II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração.
III – O dano causado e suas conseqüências.
IV – Os antecedentes do infrator.
Art.88º - As infrações serão consideradas leves, graves ou gravíssimas, conforme a natureza
do ato e a circunstância de cada caso. Parágrafo primeiro – São consideradas infrações leves
as que ofendam a integridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar
debilidade. Parágrafo segundo – São consideradas infrações graves as que provoquem perigo
de vida, debilidade temporária de membro, sentido ou função em qualquer pessoa. Parágrafo
terceiro – São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem morte, deformidade
permanente, perda ou inutilização de membro, sentido, função ou ainda, dano moral
irremediável em qualquer pessoa.
Art.89º - São consideradas circunstâncias atenuantes:
25

I- Ter o infrator procurado, logo após infração, por sua espontânea vontade e com eficiência,
evitar ou minorar as conseqüências do seu ato.
II- Ter bons antecedentes profissionais.
III- Realizar atos sob coação e/ou intimidação. IV- Realizar atos sob emprego real de força
física.
V- Ter confessado espontâneamente a autoria da infração.
Art.90º - São consideradas circunstâncias agravantes:
I- Ser reincidente.
II- Causar danos irreparáveis.
III- Cometer infração dolosamente.
IV- Cometer a infração por motivo fútil ou torpe.
V- Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outra
infração.
VI- Aproveitar-se da fragilidade da vítima. Retirado do Site da ABEn/PE www.abenpe.com.br
VII- Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação do dever inerente ao cargo ou
função.
VIII- Ter maus antecedentes pessoais e/ou profissionais.

9 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ENFERMAGEM

9.1 CRISTIANISMO E RENASCENÇA

O cristianismo foi a maior revolução social de todos os tempos. Influiu positivamente


através da reforma dos indivíduos e da família. Os cristãos praticavam uma tal caridade, que
movia os pagãos: "Vede como eles se amam". Desde o início do cristianismo os pobres e
enfermos foram objeto de cuidados especiais por parte da Igreja. A prática de saúde, antes
mística e sacerdotal, passa agora a ser um produto desta nova fase, baseando-se essencialmente
na experiência, no conhecimento da natureza, no raciocínio lógico - que desencadeia uma
relação de causa e efeito para as doenças - e na especulação filosófica, baseada na investigação
livre e na observação dos fenómenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total de
conhecimentos anatômicos e fisiológicos. Essa prática individualista volta-se para o homem e
suas relações com a natureza e suas leis imutáveis. Este período é considerado pela medicina
grega como período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates que como já foi
26

demonstrado no relato histórico, propôs uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de
curar dos preceitos místicos e sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da inspeção
e da observação. Não há caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época.

9.2 A DESCOBERTA DA ENFERMAGEM

As práticas de saúde monástico-medievais focalizavam a influência dos fatores


socioeconômicos e políticos do medievo e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as
relações destas com o Cristianismo. Esta época corresponde ao aparecimento da Enfermagem
como prática leiga, desenvolvida por religiosos e abrange o período medieval compreendido
entre os séculos VI e XIV. Foi um período que deixou como legado uma série de valores que,
com o passar dos tempos, foram aos poucos legitimados a aceites pela sociedade como
características inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de serviço, a obediência e
outros atributos que dão à Enfermagem, não uma conotação de prática profissional, mas de
sacerdócio. As práticas de saúde pós-monásticas evidenciam a evolução das ações de saúde e,
em especial, do exercício da Enfermagem no contexto dos movimentos Renascentistas e da
Reforma Protestante. Corresponde ao período que vai do final do século XIV ao início do século
XVI. A retomada da ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a evolução das
universidades não constituíram fator de crescimento para a Enfermagem. Enclausurada nos
hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada durante muito tempo, vindo a
desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos de Reforma Religiosa e das conturbações da
Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes,
onde homens, mulheres e crianças utilizam as mesmas dependências, amontoados em leitos
coletivos.
O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na reorganização
da Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como principal responsável por esta
reordenação, que vamos encontrar as raízes do processo de disciplina e seus reflexos na
Enfermagem, ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então. Naquela época,
estiveram sob piores condições, devido a predominância de doenças infectocontagiosas e a falta
de pessoas preparadas para cuidar dos doentes. Os ricos continuavam a ser tratados em suas
próprias casas, enquanto os pobres, além de não terem esta alternativa, tornavam-se objeto de
instrução e experiências que resultariam num maior conhecimento sobre as doenças em
benefício da classe abastada. Sob exploração deliberada, considerada um serviço doméstico,
pela queda dos padrões morais que a sustentava, a prática de enfermagem tornou-se indigna e
27

sem atrativos para as mulheres de casta social elevada. Esta fase tempestuosa, que significou
uma grave crise para a Enfermagem, permaneceu por muito tempo e apenas no limiar da
revolução capitalista é que alguns movimentos reformadores, que partiram, principalmente, de
iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as condições do pessoal a serviço dos hospitais.
As práticas de saúde no mundo moderno analisam as ações de saúde e, em especial, as de
Enfermagem, sob a óptica do sistema político-econômico da sociedade capitalista. Ressaltam o
surgimento da Enfermagem como atividade profissional institucionalizada. Esta análise inicia-
se com a Revolução Industrial no século XVII e culmina com o surgimento da Enfermagem
contemporânea na Inglaterra, em pleno século XIX.

9.3 PERÍODO FLORENCE NIGHTINGALE

Nascida a 12 de maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía


inteligência fora do comum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança - o que lhe
permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer suas ideias.
Dominava com facilidade o inglês, o francês, o alemão, o italiano, além do grego e do latim.
No desejo de realizar-se como enfermeira, passa o inverno de 1844 em Roma, estudando
as atividades das Irmandades Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se a servir
a Deus, trabalhando em Kaiserswert, Alemanha, entre as diaconisas.
Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que julga ainda
insuficientes. Visita o Hospital de Dublin dirigido pela Irmãs de Misericórdia, Ordem Católica
de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo,
na Maison de la Providence em Paris.
Aos poucos vai se preparando para a sua grande missão. Em 1854, a Inglaterra, a França
e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da Crimeia. Os soldados acham-se no maior
abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%.
Florence partiu para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de
diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e
principalmente por indisciplina. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem
dela o seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de
lanterna na mão, percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e
ao retornar da Crimeia, em 1856, leva uma vida de inválida.
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Dedica-se, porém, com ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na Crimeia,


recebe um prémio do Governo Inglês e, graças a este prémio, consegue iniciar o que para ela é
a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem - uma Escola de Enfermagem em 1959.
Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas,
que passou a servir de modelo para as demais escolas que foram fundadas posteriormente. A
disciplina rigorosa, do tipo militar, era uma das características da escola nightingaleana, bem
como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso, de um ano de duração, consistia
em aulas diárias ministradas por médicos.
Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de facto a única pessoa qualificada
para ensinar. A ele cabia então decidir quais das suas funções poderiam ser colocadas nas mãos
das enfermeiras. Florence morre em 13 de agosto de 1910, deixando florescente o ensino de
Enfermagem. A Enfermagem surge, assim, não mais como uma actividade empírica
desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação assalariada que vem atender a
necessidade de mão-de-obra nos hospitais, constituindo-se como uma prática social
institucionalizada e específica.

9.4 PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM

Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar, devido
à incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, as escolas espalharam-
se pelo mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873.
Em 1877 as primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em New
York. As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola Florence Nightingale,
baseada em quatro ideias-chave:
A formação de enfermeiras deveria ser considerada tão importante quanto qualquer
outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público.
As escolas de formação deveriam ter uma estreita associação com os hospitais, mas
manter sua independência financeira e administrativa.
As enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de pessoas
não envolvidas em Enfermagem.
As estudantes deveriam, durante o período de formação, ter residência à disposição, que
lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo do hospital.
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10 PAPEL SOCIAL DO ENFERMEIRO

Profissionais de um não tão velho ramo de serviço hospitalar e social, que vêm sofrendo
evoluções de etapa em etapa, até a eclosão de sua atual raia universitária, importa conhecermos
de pleno a história da Enfermagem, através de suas origens, atuação, experiências e
controvérsias, conquistas e promoções, bem como da obra de suas expressões mais sim eiras,
que honraram a profissão, prestando à humanidade os mais relevantes e inestimáveis serviços.
Qualquer profissão, tomado o termo na acepção circulante de atividades especializadas,
permanentemente exercida e institucionalizada, no que diz respeito a funções e status social,
correlaciona-se com O tipo de estratificação social e com o grau de divisão do trabalho atingido
pela sociedade. Os padrões culturais e as interligações das diversas camadas componentes da
comunidade determinam as atribuições de cada profissão, podendo, através dos tempos, pelo
surto de novas condições de vida e advento de novas técnicas, desdobrar-se em novos ramos de
atividades, sugerindo a autonomia de novas profissões.
Bem o disse Ceccilia Sanioto Di Lascio (1) que a Enfermagem nasceu tateando, tão
incerta e desaparelhada quanto qualquer outra atividade humana e profissional. Era natural que
assim fosse: "natura non facit saltus" (a natureza não dá pulos). Ninguém nasce adulto. E os
grandes cursos fluviais também viveram sua origem em humildes filetes d’água, que ao depois
se foram enriquecendo até chegarem à' potência hidráulica que leva aos campos a fertilidade a
opulência!
A mesma autora distingue três fases na evolução da Enfermagem: a fase ativo-passiva,
da qual não participava o doente; a fase da orientação e cooperação, em que o doente podia
aceitar sugestões e tentava cooperar; e a fase da ajuda mútua, em que a recuperação é obra
comum e harmoniosa do paciente e da Enfermeira. O fato que o caminho foi longo, desde a
estreiteza da dimensão paliativa e curativa, passando depois pela ampliação profilática, até o
contexto atual de plena reabilitação, com as luzes da ciência e a ascensão a nível universitário,
que lhe garantiram desafogo, desembaraço e autonomia.
Hoje, nossas Escolas de Enfermagem já não conferem o grau a não ser após sérios
estudos propedêuticos, em currículos de disciplinas as mais variadas e diversas, entre as quais
não se dispensam Sociologia, a Antropologia e outras ciências sociais, uma vez que vamos lidar
com o homem como unidade biossocial e cultural, com ligações ao meio, o que importa
adentrarmo-nos também no estudo da Ecologia Social. Há relações, enfim, entre a Sociologia
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e a Saúde, sabido que problemas de Saúde têm suas implicações de grande vulto em problemas
sociais que afligem as modernas comunidades.
Nossa responsabilidade social na comunidade é, através dessa visão panorâmica, de
elevado teor. Temos que nos preparar convenientemente, harmonizando nosso bem-estar
individual com os interesses da coletividade em que vamos exercer nossa missão, qualquer que
seja o setor de atividades: hospital, casa de saúde, unidade sanitária, entidade pública ou
particular.

11 PERFIL PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO

O Profissional em Enfermagem, no exercício de sua função, necessita ter criatividade,


capacidade crítico-reflexiva, ser flexível, politicamente participativo, pesquisador-ativo, capaz
de atuar em equipe, ter domínio de conhecimentos e habilidades para desenvolver atividades
técnico-administrativa-assistencial.
Atributos de natureza humana, social e profissional, constituem referências básicas no
delineamento do perfil do enfermeiro, resguardando, na formação dos acadêmicos, requisitos
necessários para o futuro exercício de suas atividades.
É importante que o profissional participe das transformações do seu contexto social,
interagindo no processo de valorização do ser humano pelo atendimento de saúde prestado à
crianças, adolescentes e adultos, com ênfase ao idoso, em ações de prevenção, promoção e
recuperação da saúde, nos três níveis de atendimento à saúde, ou seja, setor primário, secundário
e terciário.
O envelhecimento, parte integrante do ciclo vital do ser humano, é enfatizada na
proposta curricular do curso de Enfermagem, não só pela sua repercussão epidemiológica, no
que se refere a questão de déficit de qualificação profissional e recursos estruturais para receber
esta demanda em constante crescimento, mas por constituir-se uma parcela significativa da
demanda regional na área da saúde.
Sendo assim, o acadêmico, poderá atuar nos diferentes cenários da prática profissional,
identificando as necessidades individuais e coletivas da população, intervindo no processo
saúde-doença de forma efetiva e qualificada.
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12 REFERÊNCIAS
Aborto. Disponível em: <http://etica-medica.info/principios-da-etica-medica/aborto.html>
Acesso em: 29 jun. 2017

A questão do Aborto: Não há Nada de Libertário em Querer Liberdade Individual Sem


Responsabilidade Própria Disponível em: <http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=241>
Acesso em: 29 jun. 2017

MARTINS, M. S. M. Direito à Morte Digna: Eutanásia e morte assistida. Disponível em:


<http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8765> Acesso em:
29 jun. 2017

FONSECA, J. P. O Livre Comércio de Órgãos Salvaria Inúmeras Vidas Disponível em:


<http://rothbardbrasil.com/o-livre-comercio-de-orgaos-salvaria-inumeras-vidas/> Acesso em:
29 jun. 2017

Segurança de Alimentos Geneticamente Engenharia: Abordagens para Avaliar Efeitos


não Desejados na Saúde (2004). Disponível em: <http://dels.nas.edu/Report/Safety-
Genetically-Engineered-Foods-Approaches/10977> Acesso em: 30 jun. 2017

FARIA, C. Biopirataria. Disponível em: <http://www.infoescola.com/biologia/biopirataria/>


Acesso em: 30 jun. 2017

BRASIL. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem Disponível em:


<http://novo.portalcofen.gov.br/wp-content/uploads/2012/03/resolucao_311_anexo.pdf>
Acesso em: 30 jun. 2017

Chaves PL, Costa VT, Lunardi VL A Enfermagem Frente Aos Direitos De Pacientes
Hospitalizados Texto Contexto Enferm 2005 Jan-Mar; 14(1):38-43.

MACHADO, C. Enfermagem - Evolução Histórica da Assistência à Saúde Disponível em:


<http://cantodaconchita.blogs.sapo.pt/17975.html> Acesso em: 30 jun. 2017

Josefina de Mello ' Papel Social da Enfermeira Rev. Bras.


Enferm. vol.25 no.4 Brasília July./Sept. 1972 p.171-177

Perfil Profissional Disponível em:


<https://www.unicruz.edu.br/site/cursos/enfermagem/perfil.php> Acesso em: 30 jun. 2017

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