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Aspectos éticos

referentes ao
ABORTO
Disciplina: Bioética | 2023.2
Karen Cassano, Letícia Mata, Sávio Sales
DESAFIO DA BIOÉTICA

SERES HUMANOS, INDIVIDUALMENTE OU VINCULADOS A


INSTITUIÇÕES, COM IDEIAS ESTAGNADAS DE MODO RADICAL
OU IDEOLÓGICO, TENDEM A NÃO ADMITIR PERSPECTIVAS
QUE CONTRARIEM SUAS CONVICÇÕES.
ABORTAMENTO
X
aborto

OMS, 2022
ABORTAMENTO:
A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define abortamento como
interrupção da gravidez antes
das 22 semanas de gestação, ou
um feto < 500g, ou 16,5 cm.

OMS, 2022
ENTÃO...

O que é o aborto?
Aborto é o produto da
concepção, liminado no
abortamento.
Classificações de abortamento:
ameaça de abortamento;
abortamento completo;
abortamento inevitável/incompleto;
abortamento retido;
abortamento infectado;
abortamento habitual;
abortamento eletivo previsto em lei.
Classificações de abortamento:
Útero

Colo

Ameaça de Abortamento Abortamento Abortamento


abortamento inevitável incompleto retido
Bioética é a prática de um
discurso baseado na concretude
humana discutindo sobre a ética
aplicada à vida. Neste sentido, a
vida intrauterina se relaciona
ao aborto, então há relação
com a bioética.
PRINCIPIOS DA BIOÉTICA

Autonomia Beneficência

Justiça Não maleficência


PRINCIPIOS DA BIOÉTICA
Não se aplica
ao embrião

Autonomia Beneficência
Em direção ao
feto, no sentido
de beneficiá-lo e
Se emprega na não prejudica-lo.
distribuição dos
benefícios da
biomedicina em Justiça Não maleficência
relação ao ser
humano.
Panorama da Legislação do
Aborto no Brasil e no mundo
No mundo...
Texas, EUA
Lei Heartbeat (SB8) - 2021
Lei do batimento cardíaco - proíbe o aborto assim
que se pode detectar o batimento cardíaco do feto
(aproximadamente 6 semanas).

El salvador
Código Penal, Capítulo II - Artigo 133 a 137 (1997)
Não é permitido nenhum tipo de aborto, cujas penas podem
variar de 6 meses a 5 anos dependendo do delito.
No mundo...
Argentina
Lei No. 27.610 - 15/01/2021
Lei que regula o acesso voluntário à interrupção a
gravidez, até a decima quarta semana de gravidez.

portugal
Lei No. 16/2007
Permite o aborto a mulheres a partir de 16 anos, até a décima semana
de vida intrauterina, porém a mulher deve passar por 3 dias de
reflexão acompanhada de profissional de psicologia.
A tendência da Legislação é
carrear para os textos legais
o código moral da população.
Essa tendência se explica pela
representatividade política
que emerge do seio do povo,
por isso carrega consigo,
cada qual, a força da sua
cultura.
No Brasil...
O aborto é legalizado em 3 situações:

1. Se a gravidez é decorrente de estupro


2. Se a gravidez representar risco de
vida à mulher
3. Se for caso de anencefalia fetal (não
formação do cérebro do feto)

(Artigo 128 Código Penal)


O Código Penal Brasileiro pune o aborto
provocado na forma do auto-aborto ou com
consentimento da gestante em seu artigo 124; o
aborto praticado por terceiro sem o
consentimento da gestante, no artigo 125; o aborto
praticado com o consentimento da gestante no
artigo 126; sendo que o artigo 127 descreve a forma
qualificada do mencionado delito.
Aborto no Brasil x Aborto no Mundo
Aborto no Brasil x Aborto no Mundo

Segundo a OMS, aproximadamente 55 milhões de abortos ocorreram


entre 2010 e 2014 no mundo;

45% destes considerados abortos inseguros;

África, Ásia e América Latina concentram 97% dos abortos inseguros.


A pesquisa realizada pela ong
responsável pelo mapa do aborto
legal obteve que de 132 hospitais
contatados, 73 afirmaram que
realizam o procedimento de
interrupção de gestações em casos
de estupro, risco de vida à pessoa
gestante e anencefalia fetal.
Aborto e
Religião
Aborto e Religião Idealmente, a busca de valores
comuns;

Desafio: não se arrogar do direito de


intromissão para ditar regras e
normas de moralidade para a
sociedade civil, plural e democrática;

A bioética pode se somar ao


movimento de diálogo inter-religioso
colaborando para a transformação
de paradigmas de pensamento e a
revisão de conclusões práticas à luz
de novos dados, porém sem impor
exclusivamente interpretações sobre
o sentido da vida e da morte, a dor, a
saúde e a enfermidade.
Aborto e Saúde Pública
Aborto e Saúde Pública
Entre 2006 e 2015, o aborto não especificado se manteve como a causa
básica mais frequente entre os óbitos por aborto no período avaliado, com
média de 56,5% dos casos. Entre os 770 óbitos com causa básica declarada
como aborto, apenas 7 (0,9%) óbitos foram devidos a aborto por razões
médicas e legais, 115 (14,9%) foram declarados como abortos espontâneos,
117 (15,2%) como outros tipos de aborto e 96 (12,5%) como falha de
tentativa de aborto.
Educação em
Saúde sobre
Aborto
Educação em Saúde
sobre Aborto
Participação e acesso da população a estratégias voltadas a
saúde reprodutiva e ao planejamento familiar;

Informações adequadas em relação à gravidez indesejada e


ao aborto provocado;

Orientações sobre contracepção, cuidados para a


fertilização e auxílio no processo de planejamento familiar,
refletem na saúde e no bem-estar da construção familiar;

Ética de respeito à vida e respeito à dignidade da pessoa


humana.
Feminismo e o aborto
A bioética feminista

autonomia
Direito da mulher de decidir
sobre as questões relacionadas
ao seu corpo e à sua vida
A bioética feminista

beneficência não maleficência


a ação deve sempre causar o menor
obrigação ética de se maximizar
prejuízo à paciente, reduzindo os
o benefício e minimizar o dano
efeitos adversos ou indesejáveis de
(fazer o bem);
suas ações (não prejudicar)
A bioética feminista

justiça
O profissional de saúde deve atuar com
imparcialidade, evitando que aspectos
sociais, culturais, religiosos, morais ou
outros interfiram na relação com a mulher.
ética
profissional
Código de Ética Médica
“é vedado ao médico revelar segredo profissional referente à paciente menor de
idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha
capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para
solucioná-los, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente”
(artigo 74 – resolução CFM no 1.931, de 17 de setembro de 2009).

“o médico deve exercer a profissão com ampla autonomia, não sendo obrigado a
prestar serviços profissionais a quem ele não deseje, salvo na ausência de outro
médico, em casos de urgência, ou quando sua negativa possa trazer danos
irreversíveis ao paciente” (art. 7o).
é seu direito “indicar o procedimento adequado ao paciente observado as
práticas reconhecidamente aceitas e respeitando as normas legais vigentes no
país” (art. 21)

“recusar a realização de atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam
contrários aos ditames de sua consciência” (art. 28).

é vedado “descumprir legislação específica nos casos de transplante de órgãos


ou tecidos, esterilização, fecundação artificial e abortamento” (art. 43)

e “efetuar qualquer procedimento médico sem o esclarecimento e o


consentimento prévios do paciente ou de seu responsável legal, salvo em
iminente perigo de vida” (art. 48).
Em caso de omissão, o(a) médico(a) pode ser responsabilizado(a) civil e criminalmente pela
morte da mulher ou pelos danos físicos e mentais que ela venha a sofrer, pois podia e devia agir
para evitar tais resultados (Código Penal, art. 13).

É dever do(da) médico(a) informar à mulher sobre suas condições e direitos e, em


caso que caiba a objeção de consciência, garantir a atenção ao abortamento por
outro(a) profissional da instituição ou de outro serviço. Não se pode negar o pronto
atendimento à mulher em qualquer caso de abortamento, afastando-se, assim,
situações de negligência, omissão ou postergação de conduta que violem os
direitos humanos das mulheres.
por fim ...
Os principios bioéticos são parciais em defesa
da vida, podendo ser empregados por analogia a
vida embrionária, não contemplando uma
posição que sustente o abortamento.
Os principios bioéticos são parciais, por isso não
diminuem as divergências na relação entre religião
e bioética. No entanto, os princípios constituem um
dos caminhos para o diálogo pois colaboram com o
justo modo de agir da bioética a partir de um ponto
de vista que proteja a vida humana.
Referências Bibliográficas
1. Organização Mundial da Saúde. Diretriz sobre cuidados no aborto: resumo. Genebra: 2022
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Protocolo para utilização de
misoprostol em obstetrícia. 1. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde,2012.
3. Brasil. ministério da saúde. secretaria de atenção à saúde. departamento de ações
Programáticas estratégicas. atenção humanizada ao abortamento: norma técnica / ministério da
saúde, secretaria de atenção à saúde, Área técnica de saúde da mulher. – 2. ed. – Brasília :
ministério da saúde, 2011.
4. Aborto no Brasil - BREVE HISTÓRICO DO ABORTO (1library.org)
5. Santos, José dos Reis. Aborto, Bioética e direito: tensão entre religião e ciência. 1 ed. Campinas:
Editora Alínea. São Paulo, 2023.
6. Aborto no Brasil: o que dizem os dados oficiais? Cardoso, B. B.; Vieira, F.M.S.B.; Saraceni, V. Cad.
Saúde Pública, N:36; 2020.
7. OMS. Abortamento seguro: Orientação técnica e de políticas para sistemas de saúde, 2011.
8. BRASIL. Ministério da saúde. Atenção humanizada ao abortam ento. Brasíl ia – DF, 2005.
9. Aborto no Brasil: o que é, tipos, quando é permitido pela lei - Toda Política (todapolitica.com)

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