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Abortar significa interromper qualquer coisa.

Abortar qualquer coisa é


interromper um processo dinâmico, de uma forma definitiva e irreversível. 

O aborto pode ser compreendido, de acordo com a Organização Mundial


da Saúde (OMS, 2005), como a extrusão ou morte do feto de modo
espontâneo ou induzido antes da 22ª à 28ª semana de gestação.

A interrupção da gravidez, também conhecida como aborto, é caracterizada


pela retirada de um embrião ou feto antes que chegue a termo (cerca de 40
semanas), o que resulta na sua morte.
O aborto pode ser de dois tipos:
 Aborto espontâneo: aquele que ocorre de maneira natural.
 Aborto induzido: aquele que ocorre quando o final da gestação é feito
por meio da ingestão de remédios ou da curetagem, um procedimento
cirúrgico em que há a raspagem da parede uterina para a retirada do
embrião ou feto.

O aborto no Brasil
Em nosso país, o aborto induzido é considerado crime contra a vida humana
previsto pelo Código Penal Brasileiro desde 1984.
Fazer um aborto induzido pode acarretar em detenção de um a três anos para
a mãe que causar o aborto ou que dê permissão para que outra pessoa o
cometa. Neste último caso, a pessoa que realizou o procedimento pode pegar
de um a quatro anos de prisão.
Quando o aborto induzido é provocado sem o consentimento da mãe, a
pessoa que o provocou pode pegar de três a dez anos de reclusão.

Aborto Clandestino
Por ser considerado crime previsto de reclusão, muitas mulheres procuram
clínicas clandestinas que apresentam condições precárias e profissionais sem
a qualificação necessária para conduzir o procedimento.
Por isso, a prática realizada fora do ambiente hospitalar e nas condições
descritas acima é responsável por cerca de pouco mais de 70 mil mortes de
mulheres ou lesões permanentes por ano em todo o mundo.
Mesmo sendo considerada crime em muitos países, a prática do aborto
totaliza aproximadamente 44 milhões anuais.

Situações em que o aborto não é considerado crime contra a vida


humana
O aborto no Brasil somente não é qualificado como crime em três situações:
 Quando a gravidez representa risco de vida para a gestante.
 Quando a gravidez é o resultado de um estupro.
 Quando o feto for anencefálico, ou seja, não possuir cérebro. Esse
último item foi julgado pelo STF em 2012 e declarado como parto
antecipado com fins terapêuticos.
As gestantes que se enquadrarem em uma dessas três situações tem
respaldo do governo para obter gratuitamente o aborto legal através do SUS
(Sistema Único de Saúde).

As vítimas de estupro podem, pela lei, interromper a gravidez até a 20ª


semana de gestação e o feto deve pesar até 500g. Não é necessário fazer
exame de delito ou apresentar boletim de ocorrência. É direito da mulher
receber atendimento imediato, médico e psicológico, em uma unidade da rede
pública de saúde. No caso de uma violência recente, além de receber
tratamento e medicamentos contra doenças sexualmente transmissíveis, a
mulher toma a pílula do dia seguinte e tem informações sobre seus direitos e
os serviços de saúde que tem à sua disposição.

Quando a gestante corre risco de vida, deve receber atendimento e informação


do serviço público de saúde sobre as complicações da gravidez e suas
consequências. É a gestante quem avalia e decide se continua ou não com
a gravidez, informando sua decisão por escrito.
Por último, se for constatada a anencefalia, a gestante tem direito à
antecipação terapêutica do parto, já que se trata de uma doença sem
tratamento e fatal em 100% dos casos. Assim mesmo, a gestante pode decidir
se continua com a gravidez ou não. Se decidir interrompê-la, não é necessário
apresentar autorização judicial.
O CFP tem ainda como diretriz-base o Código de Ética Profissional do Psicólogo
que determina, segundo os seus Princípios Fundamentais, que:

I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade,


da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos
valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

E ainda, de acordo com o Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:

a) praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência,


discriminação, exploração, violência, crueldade ou opressão;

b) induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de


orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de
suas funções profissionais;

O CFP luta pela promoção da saúde da mulher, tanto física quanto mental, e
pelo reconhecimento e integração dos diversos momentos e vivências na
subjetividade da mulher, entre eles a decisão de ter filhos. Defendemos,
sobretudo, o acolhimento e escuta para as mulheres em situação de aborto!

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