Você está na página 1de 9

25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Aborto ou interrupção da gravidez é a interrupção de uma gravidez resultante da remoção de


um  feto  ou  embrião  antes de este ter a  capacidade de sobreviver fora do útero. Um aborto que
ocorra de forma espontânea denomina-se  aborto espontâneo  ou "interrupção involuntária da
gravidez". Um aborto deliberado denomina-se "aborto induzido" ou "interrupção voluntária da
gravidez". O termo "aborto", de forma isolada, geralmente refere-se a abortos induzidos. Nos casos
em que o feto já é capaz de sobreviver fora do útero, este procedimento denomina-se "interrupção
tardia da gravidez".[1]

Quando são  permitidos por lei, os abortos em  países desenvolvidos  são um dos procedimentos
médicos mais seguros que existem.[2][3]  Os métodos de aborto modernos
[4]
usam  medicamentos  ou  cirurgia.   Durante o primeiro e segundo trimestres de gravidez, o
fármaco  mifepristona  em associação com  prostaglandina  aparenta ter a mesma eficácia e
segurança que a cirurgia.[4][5]  Os  contraceptivos, como a  pílula  ou  dispositivos intrauterinos,
podem ser usados imediatamente após um aborto.[5]  Quando realizado de forma legal e em
segurança, um aborto induzido não aumenta o risco de problemas físicos ou mentais a longo
prazo.[6] Por outro lado, os abortos inseguros e clandestinos realizados por pessoas sem formação,
com equipamento contaminado ou em instalações precárias são a causa de 47  000  mortes
maternas e 5 milhões de admissões hospitalares por ano.[6][7]

Em todo o mundo são realizados 56 milhões de abortos por ano,[8]  dos quais cerca de 45% são
feitos de forma insegura.[9]  Entre 2003 e 2008 a prevalência de abortos manteve-se
estável,[10] depois de nas duas décadas anteriores ter vindo a diminuir à medida que mais famílias
no mundo tinham acesso a  planeamento familiar  e  contracepção.[11]  A  Organização Mundial de
Saúde recomenda que todas as mulheres tenham acesso a abortos legais e seguros.[12] No entanto,
em 2008 apenas cerca de 40% das mulheres em todo o mundo tinham acesso a abortos
legais.[13] Os países que permitem o aborto têm diferentes limites no número máximo de semanas
em que são permitidos.[13]

Ao longo da história, foi comum a prática de abortos com ervas medicinais, instrumentos aguçados,
por via da força ou com outros métodos tradicionais.[14]  A  legislação  e as perspetivas culturais e
religiosas sobre o aborto diferem conforme a região do mundo. Em algumas regiões, o aborto só é
legal em determinados casos, como violação, doenças congénitas, pobreza,[15] risco para a saúde da
mãe ou incesto.[16] Em muitos locais existe debate social sobre as questões morais, éticas e legais
do aborto.[17][18] Os grupos que se opõem ao aborto geralmente alegam que um embrião ou feto é
um ser humano com  direito à vida  e comparam o aborto a um  homicídio.[19][20]  Os grupos
que  defendem a legalização do aborto  geralmente alegam que  a mulher tem o direito de decidir
sobre o seu próprio corpo.[21]

Classificação
"Aborto" ou "interrupção da gravidez" é a interrupção de uma  gravidez  pela remoção de
um  feto  ou  embrião  antes de este ter a  capacidade de sobreviver fora do útero. Um aborto que
ocorra de forma espontânea denomina-se  aborto espontâneo  ou "interrupção involuntária da
gravidez". Um aborto deliberado denomina-se "aborto induzido" ou "interrupção voluntária da
gravidez". O termo "aborto", usado de forma isolada, geralmente refere-se a abortos induzidos. Nos
casos em que o feto já é capaz de sobreviver fora do útero, este procedimento denomina-se
"interrupção tardia da gravidez".[1]

Aborto induzido

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 1/9
25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

O aborto induzido, também denominado aborto provocado ou interrupção voluntária da gravidez, é


o aborto causado por uma ação humana deliberada. Ocorre pela ingestão de medicamentos ou por
métodos mecânicos. O aborto induzido possui as seguintes subcategorias:

Aborto terapêutico
aborto provocado para salvar a vida da gestante[22]
para preservar a saúde física ou mental da mulher[22]
para dar fim à gestação que resultaria numa criança com problemas congênitos que
seriam fatais ou associados com enfermidades graves[22]
para reduzir seletivamente o número de fetos para diminuir a possibilidade de riscos
associados a gravidez múltipla.[22]
Aborto eletivo: aborto provocado por qualquer outra motivação.[22]

Aborto espontâneo

Um aborto espontâneo, ou interrupção involuntária da gravidez, é a expulsão não intencional de


um embrião ou feto antes das 24 semanas de  idade gestacional.[23]  Uma gravidez que termine
antes das 37 semanas de gestação é denominada parto pré-termo ou prematuro.[24] Quando o feto
morre no útero após a data de viabilidade fetal ou durante o parto, denomina-se morte fetal.[25] Os
partos prematuros e as mortes fetais geralmente não são considerados abortos espontâneos,
embora os termos por vezes se sobreponham.[26]

Apenas 30 a 50% das gravidezes avançam para além do primeiro trimestre.[27] A grande maioria
dos abortos espontâneos acontece antes da mulher se aperceber da gravidez[28] e muitas gravidezes
são perdidas antes de os médicos detetarem um embrião.[29] Entre as gravidezes diagnosticadas, 15
a 30% terminam em aborto espontâneo, dependendo da idade e estado de saúde da
grávida.[30] Cerca de 80% dos abortos espontâneos acontecem antes das primeiras doze semanas
de gravidez.[31]

A causa mais comum de aborto espontâneo durante o primeiro trimestre de gravidez são anomalias
cromossómicas  no embrião ou no feto.[28][32]  Esta causa é responsável por cerca de 50% dos
abortos espontâneos.[33]  Entre outras possíveis causas estão  doenças vasculares  como o  lúpus,
a  diabetes, outros problemas  hormonais,  infeções  e anomalias no útero.[32]  O  risco  de aborto
espontâneo aumenta em função da idade materna avançada (> 35 anos) e antecedentes de outros
abortos espontâneos.[33] Um aborto espontâneo pode ainda ser causado por trauma acidental. No
entanto, um trauma intencional ou indução deliberada de stresse na grávida é considerado aborto
induzido.[34]

Outras classificações

Quanto ao tempo de duração da gestação:

Aborto subclínico: abortamento que acontece antes de quatro semanas de gestação


Aborto precoce: entre quatro e doze semanas
Aborto tardio: após doze semanas

Métodos de indução

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 2/9
25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Aborto farmacológico

Também conhecido como aborto médico, químico ou não-cirúrgico, é o aborto induzido por
administração de  fármacos  que provocam a interrupção da gravidez e a expulsão do  embrião. O
aborto farmacológico é aplicável apenas no primeiro trimestre da gravidez.

Tornou-se um método alternativo de aborto induzido com o surgimento no mercado dos análogos


de prostaglandina no início dos anos 1970 e do antiprogestágeno mifepristona (RU-486) nos anos
1980.[35][36][37]

Os regimes de aborto mais comuns para o primeiro trimestre utilizam mifepristona em combinação
com um análogo de prostaglandina (misoprostol) até 9 semanas de idade
gestacional,  metotrexato  em combinação com um análogo de prostaglandina até 7 semanas de
gestação, ou um análogo de prostaglandina isolado.[35]  Os regimes de mifepristona–misoprostol
funcionam mais rápido e são mais efetivos em idades gestacionais mais avançadas do que os
regimes combinados de metotrexato-misoprostol, e os regimes combinados são mais efetivos que o
uso do misoprostol isolado.[36]

Em abortos muito precoces, com até 7 semanas de gestação, o regime combinado de mifepristona-
misoprostol é considerado mais efetivo do que o aborto cirúrgico (aspiração à vácuo).[38]  Os
regimes de aborto médico precoce que utilizam 200 mg de mifepristona, seguido por 800 mcg de
misoprostol vaginal ou oral 24-48 horas após apresentam efetividade de 98% até as 9 semanas de
idade gestacional.[39] Nos casos de falha do aborto farmacológico, é necessária a complementação
do procedimento com o aborto cirúrgico.[40]

Os abortos farmacológicos precoces são responsáveis pela maioria dos abortos com menos de 9
semanas de gestação na Grã-Bretanha,[41][42] França,[43] Suíça,[44] e nos países nórdicos.[45]  Nos
Estados Unidos, o percentual de abortos farmacológicos precoces é menor.[46][47]

Regimes de aborto farmacológico usando mifepristona em combinação com um análogo de


prostaglandina são os métodos mais comumente usados para abortos de segundo trimestre no
Canada, maior parte da Europa, China e Índia,[37] ao contrário dos Estados Unidos, onde 96% dos
abortos de segundo trimestre são realizados cirurgicamente com dilatação e esvaziamento
uterino.[48]

Aborto cirúrgico

Os procedimentos no primeiro trimestre podem geralmente ser realizados usando anestesia local,


enquanto os realizados no segundo trimestre podem necessitar de sedação ou anestesia geral.[46]

Aspiração uterina a vácuo

No procedimento de aspiração uterina a vácuo o médico realiza  vácuo  no útero da gestante para
remover o feto. São utilizados equipamentos manuais ou elétricos para a realização do vácuo.
Geralmente são realizados em gestações de até doze semanas (primeiro trimestre).

A  aspiração manual intrauterina  (AMIU) consiste em uma aspiração cujo vácuo é criado
manualmente utilizando-se uma cânula flexível acoplada a uma seringa. Foi desenvolvida para ser
realizada ambulatorialmente sem  anestesia geral, não necessitando ser realizada em bloco
cirúrgico. Não é necessária a dilatação cervical.

O procedimento também pode ser utilizando um aparelho de vácuo eléctrico. Neste tipo de
aspiração o conteúdo do útero é sugado pelo equipamento.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 3/9
25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ambos os procedimentos são considerados não-cirúrgicos e são


realizados em cerca de dez minutos. São eficazes e seguros, pois
apresentam um baixo risco para a mulher (0,5% de casos de
infecção).

Dilatação e curetagem uterina

Em gestações mais avançadas, nas quais o material a ser


removido do útero é muito volumoso, recorre-se à curetagem.
Ao contrário da aspiração uterina à vácuo, que pode ser Um aborto realizado por aspiração a
realizada em consultórios ou clínicas, a dilatação e curetagem é vácuo com equipamento elétrico em
uma gestação de oito semanas
um  procedimento cirúrgico, devendo ser realizado em um
(seis semanas após a
hospital com bloco cirúrgico. Inicialmente o médico alarga
fertilização).1: Bolsa
o  colo do útero  da paciente com dilatadores, para permitir a
amniótica2: Embrião3: Endométrio4: 
passagem da cureta a seguir. A  cureta  é um instrumento
de aspiração6: Saída para a bomba
cirúrgico cortante, em forma de  colher, que é introduzida no
à vácuo
útero para realizar a raspagem. Servindo-se da cureta, o médico
retira todo o conteúdo uterino, incluindo o endométrio.

Uma das principais complicações da curetagem é a perfuração


uterina causada pela cureta.

Evita-se a realização da curetagem uterina em gestações com


mais de 12-16 semanas sem antes realizar a expulsão fetal.

Dilatação e evacuação

O procedimento de curetagem é aplicável ainda no começo do


segundo trimestre, mas se não for possível terá de recorrer-se a
Figura mostrando como é
métodos como a dilatação e evacuação. Neste procedimento o empregada a técnica da curetagem
médico promove primeiro a dilatação cervical (um dia antes).

Na intervenção que é feita sob anestesia é inserido um aparelho cirúrgico na vagina para cortar o
material intra-uterino em pedaços, e retirá-los de dentro do útero. No final é feita a aspiração. O
feto é remontado no exterior para garantir que não há nenhum pedaço no interior do útero que
poderia levar a infecção séria. Em raríssimas situações (0,17% das IVGs realizadas nos Estados
Unidos em 2000) o feto é removido intacto.

Eliminação ou expulsão fetal (indução do trabalho de parto)

A eliminação ou expulsão fetal geralmente é reservada para gestações com mais de doze semanas.
Consiste em forçar prematuramente o  trabalho de parto  com o uso do análogo de
prostaglandina misoprostol. Pode-se associar o uso de ocitocina ou injeção no líquido amniótico de
soluções hipertônicas com solução salina ou ureia.

Após a expulsão fetal, pode ser necessária a realização de curetagem.

Aborto por dilatação e extração

O aborto por esvaziamento craniano intrauterino (ECI), também conhecido como aborto com
"nascimento parcial", é uma técnica utilizada para provocar o aborto quando a gravidez está em
estágio avançado, entre 20 e 26 semanas (cinco meses a seis meses e meio), suas indicações mais
comuns são: morte do feto, risco de morte para a mãe, risco para a saúde da mãe e más formações
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 4/9
25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

fetais que inviabilizem a vida extra-uterina.[49] Guiado por ultrassom, o médico segura a perna do
feto com um fórceps, puxa-o para o canal vaginal, e então retira o feto do útero, com exceção da
cabeça.

Faz então uma incisão na nuca, inserindo depois um cateter para sugar o cérebro do feto e então o
retira por inteiro do corpo da mãe. Em alguns países, essa prática é proibida em todos os casos,
sendo considerada homicídio e punida severamente.[50][51] Esta técnica tem sido alvo de intensas
polêmicas nos Estados Unidos.

Em 2003, sua prática foi proibida em todo o país, gerando revoltas de movimentos pró-aborto.[52]

Outros métodos

No passado, diversas ervas já foram consideradas portadoras de propriedades abortivas e foram


usadas na medicina popular.[53] No entanto, o uso de ervas com a intenção abortiva pode causar
diversos efeitos adversos graves e até mesmo letais, tanto para a mãe quanto para o feto, e não é
recomendado pelos médicos.[54]

O aborto, às vezes, é tentado através de trauma no abdômen. O grau da força, se intensa, pode
causar diversas lesões internas graves sem necessariamente induzir com sucesso a perda
fetal.[55]  No  Sudeste da Ásia, há uma tradição antiga de se tentar o aborto através de forte
massagem abdominal.[56]

Métodos utilizados em abortos autoinduzidos não seguros incluem o uso incorreto de misoprostol e
a inserção de materiais não cirúrgicos como agulhas e prendedores de roupas no útero. A utilização
destes métodos não seguros raramente é observada em  países desenvolvidos, onde o aborto
cirúrgico é legal e disponível.[57]

Segurança
Os riscos para a saúde envolvidos no aborto induzido dependem de o procedimento ser realizado
com ou sem segurança.

Os abortos legais realizados nos países desenvolvidos  estão entre os procedimentos mais seguros
na medicina.[2][58] Nos Estados Unidos, a taxa de  mortalidade materna  em abortos entre 1998 e
2005 foi de 0,6 morte por 100 000 procedimentos abortivos, tornando o aborto cerca de 14 vezes
mais seguro do que o  parto, cuja taxa de mortalidade é de 8,8 mortes por 100 000 nascidos
vivos.[59][60]

O risco de mortalidade relacionada com o aborto aumenta com a idade gestacional, mas permanece
menor do que o do parto até pelo menos 21 semanas de gestação.[61][62]  Isso contrasta com
algumas leis presentes em alguns países que exigem que os médicos informem os pacientes que o
aborto é um procedimento de alto risco.[63]

A aspiração uterina a vácuo no primeiro trimestre é o método de aborto não-farmacológico mais


seguro, e pode ser realizado em uma clínica de atenção primária em saúde,  clínica de aborto  ou
hospital. As complicações são raras e podem incluir perfuração uterina, infecção pélvica e retenção
dos produtos da concepção necessitando de um segundo procedimento para evacuá-los.[64]

Geralmente são administrados antibióticos profiláticos (preventivos) (como


a  doxiciclina  ou  metronidazol) antes do aborto eletivo,[65]  pois acredita-se que eles diminuem
substancialmente o risco de infecção uterina pós-operatória.[46][66]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 5/9
25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Existe pouca diferença em termos de segurança e eficácia entre o aborto farmacológicos usando
regime combinado de mifepristona e misoprostol e o aborto não-farmacológico (aspiração a vácuo)
quando são realizados no início do primeiro trimestre (até 9 semanas de idade gestacional).[38] O
aborto farmacológico com o uso do análogo de prostaglandina misoprostol isolado é menos efetivo
e mais doloroso do que o aborto usando o regime combinado de mifepristona e misoprostol ou do
que o aborto cirúrgico.[67][68]

Aborto inseguro

A  Organização Mundial de Saúde  define como abortos inseguros aqueles que são realizados por
indivíduos sem formação, equipamentos perigosos ou em instalações sem condições de higiene e
segurança.[69] Em muitos casos, e principalmente quando existem limitações no acesso a abortos
legais e seguros, as mulheres que procuram terminar a gravidez vêm-se forçadas a recorrer a
métodos de aborto inseguros. Nestes casos, podem tentar realizar um  aborto autoinduzido  ou
confiar noutra pessoa sem formação médica adequada ou sem acesso a instalações seguras. A
prática de abortos sem condições de segurança pode resultar em complicações graves para a
mulher, entre as quais um aborto incompleto, sepse, hemorragias, infertilidade e lesões nos órgãos
internos.[70]

Os abortos inseguros são uma das principais causas de morte e incapacidade entre as mulheres em
todo o mundo. Embora os dados sejam imprecisos, estima-se que todos os anos sejam praticados
cerca de 20 milhões de abortos inseguros, 97% dos quais em  países em vias de
desenvolvimento.[2]  Os abortos inseguros resultam em 5 milhões de casos de incapacidade por
ano.[2][7][71]  Cerca de 24 milhões de mulheres são  inférteis  como resultado de um aborto
inseguro.[72] A estimativa do número de mortes causada por abortos inseguros varia conforme a
metodologia usada. A ONU estima que 70  000 mulheres perdem a vida anualmente em
consequência de abortos realizados em condições inseguras.[2][7][73][74] o que corresponde a 13%
de todas as  mortes maternas.[75][76]  A OMS estima que a mortalidade tenha diminuído desde a
década de 1990.[77] No entanto, entre 1995 e 2008 a proporção de abortos inseguros aumentou de
44% para 49%.[10] A incidência dos abortos inseguros pode ser difícil de quantificar com precisão,
uma vez que muitos casos são reportados como aborto espontâneo, "regulação menstrual", "mini-
aborto" ou "regulação de menstruação suspensa" ou "adiada".[78][79]

O principal fator que determina se o aborto é feito de forma segura ou insegura é a se é ou não
legal. Os países com leis proibitivas apresentam maior frequência de abortos inseguros e maior
frequência de abortos em geral, quando comparados com aqueles onde o aborto é permitido e de
fácil acesso.[7][10][72][80][81][82][83]  A falta de acesso a  contraceção  também contribui para o
número de abortos inseguros. Estima-se que a incidência de abortos inseguros pudesse ser
reduzida 75%, de 20 para 5 milhões anuais, se em todo o mundo estivessem disponíveis serviços
modernos de saúde materna e planeamento familiar.[84]

Apenas 40% das mulheres em todo o mundo têm acesso a abortos terapêuticos e eletivos dentro de
determinados limites gestacionais.[13] Cerca de 35% têm acesso a abortos legais quando cumprem
determinados critérios físicos, mentais ou socioeconómicos.[16] Entre as medidas para diminuir o
número de abortos inseguros, a generalidade das organizações de saúde pública defende a
legalização do aborto, a formação do pessoal médico, a garantia do acesso a serviços
de planeamento familiar e  contracetivos  e  educação sexual.[80][85]  Nos países onde o aborto tem
vindo a ser legalizado, tem-se observado uma diminuição acentuada da mortalidade
materna.[86][87][88]

Câncer de mama

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 6/9
25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Esta hipótese não é aceita pelo consenso científico das entidades ligadas ao câncer.[89][90][91] Bind


é um pesquisador com uma agenda enviesada e  pseudocientífica  para a promoção de suas
crenças religiosas através do do "Breast Cancer Prevention Institute".[92][93]

Dor do feto

As estruturas anatómicas envolvidas no processo de sensação da dor ainda não estão presentes
nesta fase do desenvolvimento. As ligações entre o tálamo e o córtex cerebral formam-se por volta
da 23ª semana.[94]  Existe também a possibilidade de que o feto não disponha da capacidade de
sentir dor, ligada ao desenvolvimento mental que só ocorre após o nascimento.[95]

Consequências a longo prazo para a criança não desejada

Muitos membros de grupos pró-escolha[96]  consideram haver um risco maior de crianças não
desejadas (crianças que nasceram apenas porque a interrupção voluntária da gravidez não era uma
opção, quer por questões legais, quer por pressão social) terem um nível de felicidade inferior às
outras crianças incluindo problemas que se mantêm mesmo quando adultas, entre estes problemas
incluem-se:

doença e morte prematura[97]


pobreza
problemas de desenvolvimento[97]
abandono escolar[98]
delinquência juvenil[99]
abuso de menores
instabilidade familiar e divórcio[100]
necessidade de apoio psiquiátrico[100]
falta de autoestima[101]

Uma opinião contrária, entretanto, apresentada por grupos pró-vida, seria que, mesmo que sejam
encontradas correlações estatísticas entre gravidez indesejáveis e situações consideradas
psicologicamente ruins para as crianças nascidas, esta situação não pode ser comparada com a de
crianças abortadas, visto que estas não estão vivas. Uma "situação de vida" não seria passível de
comparação com uma "situação de morte", visto a inverificabilidade desta enquanto situação
possivelmente existente (a chamada "vida após a morte") pelos métodos científicos disponíveis.
Como não se pode estipular se uma situação ruim de vida, por pior que fosse, seria pior que a
morte, o aborto, no caso, não poderia ser apresentado como solução, visto que não dá a capacidade
de escolha ao envolvido, enquanto ainda é um feto.[102][103][104]

Motivações
As razões que levam a mulher a optar por um aborto são diversas e diferentes em todo o
mundo.[105][106] Uma das razões mais comuns é o adiamento da gravidez para um momento mais
conveniente ou de forma a permitir focar energias e recursos nos filhos já nascidos. Entre outras
razões pessoais estão a incapacidade em sustentar a criança, quer em termos de custos diretos,
quer em termos de custos indiretos derivados da perda de rendimentos ao ter que tomar conta da
criança, a falta de apoio do pai, a vontade em proporcionar educação de qualidade aos filhos já
nascidos, problemas de relacionamento com o parceiro, a perceção de ser muito nova para tomar
conta de uma criança,  desemprego, e não estar disposta a educar uma criança que tenha sido
concebida como resultado de uma violação, incesto ou outras causas.[106][107]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 7/9
25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Alguns abortos são praticados como resultado de pressões sociais. Entre estas pressões estão a
preferência por crianças de determinado sexo ou raça,[108] a reprovação social de mães solteiras ou
de gravidez na adolescência, o estigma social em relação a pessoas com deficiências, falta de apoios
económicos às  famílias, falta de acesso ou rejeição de  métodos contracetivos  ou resultado de
controlo populacional. Estes fatores podem por vezes resultar em aborto compulsivo ou  aborto
seletivo.[109]

Em alguns países, em mais de um terço dos casos a principal razão apontada é o risco para a saúde
da mãe ou do bebé.[105][106] Em muitos casos, a motivação é a presença de um cancro e o aborto é
feito para proteger o feto durante o tratamento com quimioterapia ou radioterapia.[110]

Um estudo norte-americano de 2002 observou que cerca de metade das mulheres que realizaram
abortos tinham usado um método contracetivo no momento da concepção. No entanto, observou-
se inconsistência de uso em cerca de metade das que tinham usado preservativo e em três quartos
das que tinham usado  pílula contracetiva. Cerca de 42% das que tinham
usado preservativos reportaram que a falha se tinha devido ao deslizamento ou rutura.[111]

História
A história do aborto, segundo a Antropologia, remonta à Antiguidade.

Há evidências que sugerem que, historicamente, dava-se fim à gestação, ou seja, provocava-se o
aborto, utilizando diversos métodos, como ervas abortivas, o uso de objetos cortantes, a aplicação
de pressão abdominal entre outras técnicas.

Etimologia

A palavra aborto tem sua origem etimológica no latim abortacus, derivado de aboriri ("perecer"),


composto de ab ("distanciamento", "a partir de") e oriri ("nascer").

Sociedade e cultura

Debate sobre o aborto

O aborto induzido tem sido matéria de debate considerável. As questões éticas, morais, filosóficas,


biológicas, religiosas e  legais  do aborto são influenciadas pelos  sistemas de valores  dos
intervenientes. As opiniões sobre o aborto podem envolver os direitos da mulher, direitos fetais ou
legitimidade do governo. Tanto no debate público como privado, os argumentos a favor ou contra o
livre acesso aborto focam-se ou na legitimidade moral de um aborto induzido ou na legitimidade de
leis que permitam ou restrinjam o acesso ao aborto.[112]

A Declaração sobre Aborto Terapêutico da Associação Médica Mundial afirma que o debate sobre o
aborto resulta do conflito do interesse da mãe com o interesse do filho por nascer, que dá origem a
um  dilema moral  sobre se a gravidez deve ou não ser deliberadamente interrompida.[113]  Os
debates sobre o aborto, em particular aqueles que incidem sobre a legislação, são muitas vezes
encabeçados por grupos que advogam uma destas posições. Os grupos antiaborto intitulam-se
"pró-vida" e advogam maiores restrições legais ao aborto, em alguns casos a sua proibição total. Os
grupos a favor do aborto intitulam-se "pró-escolha  e advogam a liberdade da mulher em tomar
decisões sobre o seu próprio corpo.[114]

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 8/9
25/10/2022 16:32 Aborto – Wikipédia, a enciclopédia livre

A maioria dos movimentos antiaborto alega que qualquer feto humano é uma pessoa com direito à
vida, comparando em termos morais o aborto ao homicídio. A maioria dos movimentos a favor do
aborto alega que a mulher tem direitos reprodutivos e a liberdade de decidir sobre o seu próprio
corpo, especialmente se quer ou não levar uma gravidez a termo, e que os abortos clandestinos
representam um perigo de saúde pública. Nos países em desenvolvimento em que o aborto é
criminalizado, as taxas são centenas de vezes mais altas atingindo 330 mortes por cada 100 mil
procedimentos.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto 9/9

Você também pode gostar