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INTRODUÇÃO

Aborto ou interrupção da gravidez é a interrupção deuma gravidez resultante


da remoção de um feto ou embrião antes de este ter a capacidade de
sobreviver fora do útero. Um aborto que ocorra de forma espontânea
denomina-se aborto espontâneo ou "interrupção involuntária da gravidez". Um
aborto deliberado denomina-se "aborto induzido" ou "interrupção voluntária da
gravidez". O termo "aborto", de forma isolada, geralmente refere-se a abortos
induzidos. Nos casos em que o feto já é capaz de sobreviver fora do útero, este
procedimento denomina-se "interrupção tardia da gravidez
1.1 Aborto induzido
O aborto induzido, também denominado aborto provocado ou interrupção
voluntária da gravidez, é o aborto causado por uma ação humana deliberada.
Ocorre pela ingestão de medicamentos ou por métodos mecânicos. O aborto
induzido possui as seguintes subcategorias:

1.2 Aborto terapêutico


 aborto provocado para salvar a vida da gestante
 para preservar a saúde física ou mental da mulher
 para dar fim à gestação que resultaria com problemas con-
gênitos que seriam fatais ou associados com enfermi-
dades numa criança graves
 para reduzir seletivamente o número de fetos para diminuir
a possibilidade de riscos associados a gravidez múltipla.
 Aborto eletivo: aborto provocado por qualquer outra moti-
vação.
1.3 Aborto espontâneo
Um aborto espontâneo, ou interrupção involuntária da gravidez, é a
expulsão não intencional de um embrião ou feto antes das 24 semanas
de idade gestacional. Uma gravidez que termine antes das 37 semanas de
gestação é denominada parto pré-termo ou prematuro. Quando o feto morre
no útero após a data de viabilidade fetal ou durante o parto, denomina-se morte
fetal. Os partos prematuros e as mortes fetais geralmente não são
considerados abortos espontâneos, embora os termos por vezes se
sobreponham.

Causas do aborto espontâneo


 Idade acima de 35 anos.
 Abortos espontâneos em gestações anteriores (abortos espontâneos
repetidos. ...
 Anomalias estruturais dos órgãos reprodutores, tais como miomas. ...
 Tabagismo. ...
 Uso de substâncias, como cocaína. ...
 Ferimentos graves.
 Infecções durante a gravidez. ...
 Uma tireoide hipoativa (hipotireoidismo.

Apenas 30 a 50% das gravidezes avançam para além do primeiro


trimestre. A grande maioria dos abortos espontâneos acontece antes da mulher
se aperceber da gravidez e muitas gravidezes são perdidas antes de os
médicos detetarem um embrião. Entre as gravidezes diagnosticadas, 15 a 30%
terminam em aborto espontâneo, dependendo da idade e estado de saúde da
grávida. Cerca de 80% dos abortos espontâneos acontecem antes das
primeiras doze semanas de gravidez.

A causa mais comum de aborto espontâneo durante o primeiro trimestre


de gravidez são anomalias cromossómicas no embrião ou no feto. Esta causa
é responsável por cerca de 50% dos abortos espontâneos. Entre outras
possíveis causas estão doenças vasculares como o lúpus, a diabetes, outros
problemas hormonais, infeções e anomalias no útero. O risco de aborto
espontâneo aumenta em função da idade materna avançada (> 35 anos) e
antecedente de outros abortos espontâneos. Um aborto espontâneo pode
ainda ser causado por trauma acidental. No entanto, um trauma intencional ou
indução deliberada de stresse na grávida é considerado aborto induzido.

1.4 Quanto ao tempo de duração da gestação:

 Aborto subclínico: abortamento que acontece antes de quatro sem-


anas de gestação
 Aborto precoce: entre quatro e doze semanas
 Aborto tardio: após doze semanas
1.5 Aborto farmacológico
Também conhecido como aborto médico, químico ou não-cirúrgico, é o
aborto induzido por administração de fármacos que provocam a interrupção da
gravidez e a expulsão do embrião. O aborto farmacológico é aplicável apenas
no primeiro trimestre da gravidez.

Tornou-se um método alternativo de aborto induzido com o surgimento


no mercado dos análogos de prostaglandina no início dos anos 1970 e
do antiprogestágeno mifepristona (RU-486) nos anos 1980.

Os regimes de aborto mais comuns para o primeiro trimestre utilizam


mifepristona em combinação com um análogo de prostaglandina (misoprostol)
até 9 semanas de idade gestacional, metotrexato em combinação com um
análogo de prostaglandina até 7 semanas de gestação, ou um análogo de
prostaglandina isolado. Os regimes de mifepristona–misoprostol funcionam
mais rápido e são mais efetivos em idades gestacionais mais avançadas do
que os regimes combinados de metotrexato-misoprostol, e os regimes
combinados são mais efetivos que o uso do misoprostol isolado.

Em abortos muito precoces, com até 7 semanas de gestação, o regime


combinado de mifepristona-misoprostol é considerado mais efetivo do que o
aborto cirúrgico (aspiração à vácuo). Os regimes de aborto médico precoce que
utilizam 200 mg de mifepristona, seguido por 800 mcg de misoprostol vaginal
ou oral 24-48 horas após apresentam efetividade de 98% até as 9 semanas de
idade gestacional. Nos casos de falha do aborto farmacológico, é necessária a
complementação do procedimento com o aborto cirúrgico.
Os abortos farmacológicos precoces são responsáveis pela maioria dos
abortos com menos de 9 semanas de gestação na Grã-
Bretanha, França, Suíça, e nos países nórdicos. Nos Estados Unidos, o
percentual de abortos farmacológicos precoces é menor.

Regimes de aborto farmacológico usando mifepristona em combinação


com um análogo de prostaglandina são os métodos mais comumente usados
para abortos de segundo trimestre no Canada, maior parte da Europa, China e
Índia, ao contrário dos Estados Unidos, onde 96% dos abortos de segundo
trimestre são realizados cirurgicamente com dilatação e esvaziamento uterino.

1.6 Aborto cirúrgico


Os procedimentos no primeiro trimestre podem geralmente ser
realizados usando anestesia local, enquanto os realizados no segundo
trimestre podem necessitar de sedação ou anestesia geral.

Aspiração uterina a vácuo


Um aborto realizado por aspiração a vácuo com

equipamento elétrico em uma gestação de oito semanas (seis semanas após a


fertilização).1: Bolsa amniótica2: Embrião3: Endométrio4: Espéculo5: Cureta
de aspiração6: Saída para a bomba à vácuo

No procedimento de aspiração uterina a vácuo o médico realiza vácuo no útero


da gestante para remover o feto. São utilizados equipamentos manuais ou
elétricos para a realização do vácuo. Geralmente são realizados em gestações
de até doze semanas (primeiro trimestre).

A aspiração manual intrauterina (AMIU) consiste em uma aspiração cujo


vácuo é criado manualmente utilizando-se uma cânula flexível acoplada a
uma seringa. Foi desenvolvida para ser realizada ambulatorialmente
sem anestesia geral, não necessitando ser realizada em bloco cirúrgico. Não é
necessária a dilatação cervical.
O procedimento também pode ser utilizando um aparelho de vácuo
eléctrico. Neste tipo de aspiração o conteúdo do útero é sugado pelo
equipamento.

Ambos os procedimentos são considerados não-cirúrgicos e são


realizados em cerca de dez minutos. São eficazes e seguros, pois apresentam
um baixo risco para a mulher (0,5% de casos de infecção).

Dilatação e curetagem uterina

Em gestações mais avançadas, nas quais o material a ser removido do


útero é muito volumoso, recorre-se à curetagem. Ao contrário da aspiração
uterina à vácuo, que pode ser realizada em consultórios ou clínicas, a dilatação
e curetagem é um procedimento cirúrgico, devendo ser realizado em um
hospital com bloco cirúrgico. Inicialmente o médico alarga o colo do útero da
paciente com dilatadores, para permitir a passagem da cureta a seguir.
A cureta é um instrumento cirúrgico cortante, em forma de colher, que é
introduzida no útero para realizar a raspagem. Servindo-se da cureta, o médico
retira todo o conteúdo uterino, incluindo o endométrio.

Uma das principais complicações da curetagem é a perfuração


uterina causada pela cureta.

Evita-se a realização da curetagem uterina em gestações com mais de


12-16 semanas sem antes realizar a expulsão fetal.

Dilatação e evacuação

O procedimento de curetagem é aplicável ainda no começo do segundo


trimestre, mas se não for possível terá de recorrer-se a métodos como
a dilatação e evacuação. Neste procedimento o médico promove primeiro a
dilatação cervical (um dia antes).

Na intervenção que é feita sob anestesia é inserido um aparelho


cirúrgico na vagina para cortar o material intra-uterino em pedaços, e retirá-los
de dentro do útero. No final é feita a aspiração. O feto é remontado no exterior
para garantir que não há nenhum pedaço no interior do útero que poderia levar
a infecção séria. Em raríssimas situações (0,17% das IVGs realizadas nos
Estados Unidos em 2000) o feto é removido intacto.

Eliminação ou expulsão fetal (indução do trabalho de parto)

A eliminação ou expulsão fetal geralmente é reservada para gestações


com mais de doze semanas. Consiste em forçar prematuramente o trabalho de
parto com o uso do análogo de prostaglandina misoprostol. Pode-se associar o
uso de ocitocina ou injeção no líquido amniótico de soluções hipertônicas com
solução salina ou ureia.

Após a expulsão fetal, pode ser necessária a realização de curetagem.

Aborto por dilatação e extração

O aborto por esvaziamento craniano intrauterino (ECI), também


conhecido como aborto com "nascimento parcial", é uma técnica utilizada para
provocar o aborto quando a gravidez está em estágio avançado, entre 20 e 26
semanas (cinco meses a seis meses e meio), suas indicações mais comuns
são: morte do feto, risco de morte para a mãe, risco para a saúde da mãe e
más formações fetais que inviabilizem a vida extra-uterina. Guiado por
ultrassom, o médico segura a perna do feto com um fórceps, puxa-o para o
canal vaginal, e então retira o feto do útero, com exceção da cabeça.

Faz então uma incisão na nuca, inserindo depois um cateter para sugar
o cérebro do feto e então o retira por inteiro do corpo da mãe. Em alguns
países, essa prática é proibida em todos os casos, sendo
considerada homicídio e punida severamente. Esta técnica tem sido alvo de
intensas polêmicas nos Estados Unidos.

Em 2003, sua prática foi proibida em todo o país, gerando revoltas de


movimentos pró-aborto.

Outros métodos

No passado, diversas ervas já foram consideradas portadoras de


propriedades abortivas e foram usadas na medicina popular. No entanto, o uso
de ervas com a intenção abortiva pode causar diversos efeitos adversos graves
e até mesmo letais, tanto para a mãe quanto para o feto, e não é recomendado
pelos médicos.
O aborto, às vezes, é tentado através de trauma no abdômen. O grau da
força, se intensa, pode causar diversas lesões internas graves sem
necessariamente induzir com sucesso a perda fetal. No Sudeste da Ásia, há
uma tradição antiga de se tentar o aborto através de forte massagem
abdominal.

Métodos utilizados em abortos autoinduzidos não seguros incluem o uso


incorreto de misoprostol e a inserção de materiais não cirúrgicos como agulhas
e prendedores de roupas no útero. A utilização destes métodos não seguros
raramente é observada em países desenvolvidos, onde o aborto cirúrgico é
legal e disponível.

1.7 Complicações do aborto do aborto


As complicações do aborto são raras quando ele é realizado por um
profissional de saúde qualificado, em um hospital ou clínica. Ainda, as
complicações ocorrem com muito mais frequência após um aborto do que
após o parto de um bebê a termo. Complicações graves ocorrem em menos
de 1% das mulheres que fizeram um aborto. A morte após um aborto ocorre
muito raramente. Aproximadamente seis de cada milhão de mulheres que
fizeram um aborto morrem, em comparação com aproximadamente 140 de
cada milhão de mulheres que dão à luz um bebê a termo.

Quanto mais avançada a gestação, maior é o número de complicações.

O risco de complicações está relacionado ao método utilizado.

 Evacuação cirúrgica: Complicações são raras quando os


abortos cirúrgicos são feitos por profissionais treinados. Uma
laceração (perfuração) no útero por um instrumento cirúrgico
ocorre em menos de um em cada mil abortos. Lesão ao intestino
ou a outro órgão é ainda mais rara. Hemorragia grave durante ou
imediatamente após o procedimento ocorre em seis em cada dez
mil abortos. Muito raramente, o procedimento ou uma infecção
posterior causa a formação de tecido cicatricial no revestimento
do útero, resultando em infertilidade. Esse distúrbio se chama
síndrome de Asherman.
 Medicamentos: A mifepristona e a prostaglandina misoprostol
têm efeitos colaterais. Os mais comuns são dor pélvica tipo
cólica, sangramento vaginal e problemas gastrointestinais, como
náusea, vômito e diarreia.
 Qualquer um dos métodos: Hemorragia ou infecção pode
ocorrer se parte da placenta permanecer no útero. Se ocorrer
hemorragia ou houver suspeita de infecção, o profissional de
saúde usa uma ultrassonografia para determinar se parte da
placenta permanece no útero.
Posteriormente, especialmente se a mulher estiver inativa, é possível que
surjam coágulos sanguíneos nas pernas.
Se o feto tiver sangue Rh positivo, uma mulher com sangue Rh
negativo pode produzir anticorpos Rh, como em qualquer gravidez, aborto
espontâneo ou parto. Esses anticorpos podem prejudicar gestações
seguintes. Administrar à mulher injeções de imunoglobulina Rho(D) previne o
desenvolvimento de anticorpos. A imunoglobulina pode ser opcional para
gestações com menos de oito semanas de duração.
Existe uma probabilidade maior de haver problemas psicológicos após um
aborto caso os fatores a seguir estejam presentes

 Sintomas psicológicos antes da gravidez

 Apoio social limitado ou sentimento de rejeição pelo sistema de


apoio

Além da talidomida, exemplos de medicamentos que causam


malformação fetal são:
 Metotrexato;
 Isotretinoína;
 Lítio;
 Valproato;
 Tetraciclina;
 Inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA), como o
enalapril e captopril;
 Antifúngicos azólicos, como o fluconazol e tioconazol.

CONCLUSÃO

Concluimos que o aborto espontâneo ocorre no o corpo da mulher


expulsando naturalmente o feto e o tecido associado ao útero. No entanto, em
alguns casos, parte do tecido fetal pode permanecer no útero, não sendo
completamente eliminado. Esse tecido residual é conhecido como resto de feto
ou restos ovulares

Também conhecido como aborto médico, químico ou não-cirúrgico, é o


aborto induzido por administração de fármacos que provocam a interrupção da
gravidez e a expulsão do embrião. O aborto farmacológico é aplicável apenas
no primeiro trimestre da gravidez.

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