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Aula 5 – Bioética

ESTERILIZAÇÃO HUMANA:
 Considerações:
 Um dos principais objetivos dos seres vivos durante a passagem pela terra é a
reprodução
 A reprodução permite perpetuar a raça humana
 Científica
 Religiosa
 Código de Ética Médica:
 Capítulo I – Princípios fundamentais:
 I – A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e
será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.
 Capítulo V – Relação com pacientes e familiares:
É vedado ao médico:
 Art. 42. Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre método
contraceptivo, devendo sempre esclarecê-lo sobre indicação, segurança, reversibilidade
e risco de cada método.
 Conceito geral:
 A esterilização pode ser entendida como o ato ou efeito de esterilizar (-se), ou seja, de
tornar infértil, infecundo, improdutivo (o animal, a planta, a terra).
 Humanos:
 A esterilização consiste no ato de empregar técnicas especiais, cirúrgicas ou não, no
homem e na mulher, para impedir a fecundação.
 Classificação:
 Acidental: aquela que ocorre por erro.
 Voluntária: tem o objetivo de impedir a fecundação
 Ex: planejamento familiar
 Outra classificação da EH:
 Eugênica
 Cosmetológica
 Terapêutica
 Limitação da Natalidade
 Esterilização eugênica:
 Tem por finalidade impedir a transmissão de doenças hereditárias indesejáveis
 Evitar prole inválida ou inútil
 Prevenir a reincidência de pessoas que cometeram crimes sexuais (castração)
 Esterilização cosmetológica:
 Destina-se apenas a evitar a gravidez
 Não é precedida de nenhuma indicação médica relacionada com a saúde
 “prevenir a modificação do corpo – estética – desejo pessoal – vaidade”
 Esterilização terapêutica:
 Está relacionada aos casos de necessidade.
 Ocorre nos casos em que a mulher não pode engravidar devido a determinadas doenças,
como cardiopatia, certos tipos de câncer, tuberculose grave e outras.
 Se o casal preferir, o homem é quem pode ser o esterilizado (vasectomia) para não
engravidar a mulher.
 Esterilização por limitação da natalidade:
 Os pais não tem condições sócio econômicas de criar os filhos.
 Quando os pais não têm as mesmas condições, recursos para providenciar a educação.
 Exemplo: a China onde existe a lei de apenas um filho por casal.
 Esterilização e implicações religiosas:
 É de conhecimento geral o repúdio da Igreja Católica aos métodos anticoncepcionais,
referente a esterilização humana.
 Em 1930, por intermédio da encíclica Casti Connubii, o Papa Pio XI afirmou que aqueles
que desviam o casamento da concepção de crianças agem contra a natureza e fazem
uma coisa vergonhosa e intrinsecamente desonesta.
 Pio XII, por sua vez, admitiu que os casais poderiam ser dispensados de procriar por
muito tempo, até pela duração inteira do casamento, na hipótese de indicação médica.
 Hoje, a Igreja Católica permite a esterilização nas seguintes condições:
 Deve-se ter o consentimento do paciente
 Deve estar ordenado ao bem próprio do organismo sobre o qual se intervém, pelo
menos deve considerar e compreender também o bem da totalidade do organismo
sobre o qual se intervém;
 Deve ser uma intervenção necessária, ou seja, que não apresente alternativas válidas
 A necessidade deve ser a atual no momento da intervenção
 A intervenção direta deve ser feita na parte doente para retirá-la, se daí resulta uma
esterilização, esta deve ser indireta
 Pode-se extrair a parte sadia somente quando é a causa real de uma patologia não
eliminável de outro modo. É o caso da retirada do útero de uma mulher (histerectomia)
que por via de consequência, torna-se estéril a partir daquele momento.
 Esterilização humana – evolução legal no Brasil:
 Esterilização cirúrgica passou a se difundir no Brasil a partir da década de 70.
 Nessa época, a legislação pátria não proibia expressamente a esterilização, mas proibia
a mutilação física.
 A esterilização era considerada como uma lesão corporal em que ocorria a perda ou
inutilização de membro, sentido ou função passível de ser punida com pena de reclusão
de dois a oito anos.
 Em 1988 a constituição federal abriu caminho para a legalização da esterilização em
nosso país.
 O planejamento familiar tornou-se livre decisão do casal, competindo ao Estado
propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito.
 Lei nº 9263, de 12 de janeiro de 1996 – capítulo I – planejamento familiar:
 Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observando o disposto nesta
Lei.
 Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações
de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou
aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal.
- Parágrafo único. É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para
qualquer tipo de controle demográfico.
 Art. 3º O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de atenção à
mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global e integral à
saúde.
- Parágrafo único. As instâncias gestoras do SUS, em todos os seus níveis, na prestação
das ações previstas no caput, obrigam-se a garantir, em toda a sua rede de serviços, no
que respeita a atenção à mulher, ao homem ou ao casal, programa de atenção integral
à saúde, em todos os seus ciclos vitais, que inclua, como atividades básicas, entre
outras:
I – A assistência à concepção e contracepção;
II – O atendimento pré-natal;
III – A assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato;
IV – O controle das doenças sexualmente transmissíveis;
V – O controle e a prevenção dos cânceres cervicouterino, de mama, de próstata e de
pênis.
 Art. 9º Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os
métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não
coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção.
- Parágrafo único. A prescrição a que se refere o caput só poderá ocorrer mediante
avaliação e acompanhamento clínico e com informação sobre os seus riscos, vantagens
desvantagens e eficácia.
 Art. 10º É permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações:
- I: em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos
de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo
de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual
será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço da regulação da fecundidade,
incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a
esterilização precoce;
- II: risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em
relatório escrito e assinado por dois médicos.
 Esterilização humana:
 1º - É condição para que se realize a esterilização, o registro de expressa manifestação da
vontade em documento escrito e firmado, após a informação a respeito dos riscos da
cirurgia, possíveis efeitos colaterais, dificuldades de sua reversão e opções de
contracepção reversíveis existentes.
 2º - É vedada a esterilização cirúrgica em mulher durante os períodos de parto ou aborto,
exceto nos casos de comprovada necessidade, por cesarianas sucessivas anteriores.
 3º - Não será considerada a manifestação de vontade, na forma do 1º (item anterior),
expressa durante ocorrência de alterações na capacidade de discernimento por
influência de álcool, drogas, estados emocionais alterados ou incapacidade mental
temporária ou permanente.
 4º - A esterilização cirúrgica como método contraceptivo somente será executada
através da laqueadura tubária, vasectomia ou de outro método cientificamente aceito,
sendo vedada através de histerectomia e ooforectomia.
 5º - Na vigência de sociedade conjugal, a esterilização depende do consentimento
expresso de ambos os cônjuges.
 6º - A esterilização cirúrgica em pessoas absolutamente incapazes somente poderá
ocorrer mediante autorização judicial, regulamentada na forma da Lei.
 Art. 11 – Toda esterilização cirúrgica será objeto de notificação compulsória à direção do
SUS.
 Art. 12 – É vedada a indução ou incitamento individual ou coletivo à prática de
esterilização cirúrgica.
 Art. 13 – É vedada a exigência de atestado de esterilização ou de teste de gravidez para
quaisquer fins.
 Art. 14 - Cabe à instância gestora do SUS, guardado seu nível de competência e
atribuições, cadastrar, fiscalizar e controlar as instituições e serviços que realizam ações e
pesquisas na área de planejamento familiar.
 Parágrafo único – Só podem ser autorizadas a realizar esterilização cirúrgica as
instituições que ofereçam todas as opções de meios e métodos de contracepção
reversíveis.
 Art. 15 – Realizar esterilização cirúrgica em desacordo com o estabelecido no art. 10
desta Lei.
 Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, se a prática não constitui crime mais
grave.
 Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço se a esterilização for praticada:
- I – durante os períodos de parto ou aborto, salvo o disposto no inciso II do art. 10
desta Lei.
- II – com manifestação da vontade do esterilizado expressa durante a ocorrência de
alterações na capacidade de discernimento por influência de álcool, drogas, estados
emocionais alterados ou incapacidade mental temporária ou permanente;
- III – através de histerectomia e ooforectomia;
- IV – em pessoa absolutamente incapaz, sem autorização judicial;
- V – através de cesariana indicada para fim exclusivo de esterilização.
 Art. 16 – Deixar o médico de notificar à autoridade sanitária as esterilizações cirúrgicas
que realizar.
 Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
 Art. 17 – Induzir ou instigar dolosamente a prática de esterilização cirúrgica.
 Pena – reclusão, de um a dois anos
 Parágrafo único – se o crime for cometido contra a coletividade, caracteriza-se como
genocídio.
 Art. 18 – Exigir atestado de esterilização para qualquer fim.
 Pena – reclusão, de um a dois anos, e multa.
 Art. 19 – Aplica-se aos gestores e responsáveis por instituições que permitam a prática de
qualquer dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
 Conclusão:
 A esterilização já foi utilizada com finalidade eugênica e punitiva em inúmeros países,
mas com o passar do tempo seu enfoque foi modificado para atender às necessidades
terapêuticas e contraceptivas dos seres humanos.
 Atualmente, é o método contraceptivo mais utilizado no mundo.

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