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“I – em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de
idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta
dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico”.
No direito usa-se a máxima “verba cum effectu sunt accipienda”, que significa “A lei não contém
palavras inúteis”.
Portanto, ao dizer “maiores de vinte e cinco anos de idade OU, pelo menos, com dois filhos”, a
lei deixa claro que pessoas maiores de 25 anos E pessoas com dois filhos vivos podem se
submeter a procedimento de esterilização voluntária, uma vez que a conjunção “OU”, é o
oposto da conjunção “E”. Interpretação não apenas minha mas de diversos juristas.
- Diretriz numero 12 da ANS tratando dos casos nos quais o procedimento de vasectomia tem
cobertura obrigatória pelos planos de saúde
- Exemplo de caso concreto de pessoa maior de 25 anos, sem filhos, que passou por
procedimento de esterilização voluntária legalmente, noticiado pela BBC.
Em face dos dados que apresento por meio deste, digo com segurança que a lei não apenas
não proíbe como abertamente permite a cirurgia de vasectomia em casos de homens com mais
de 25 anos, solteiros e sem filhos. Acrescento ainda que o código de ética do Conselho
regional de medicina do estado do Rio de Janeiro também não condena ou sequer menciona
tal situação até aonde pude constatar.
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Celular: 32-988303669
E-mail: igorthesendlerman@gmail.com
CAPÍTULO I
DO PLANEJAMENTO FAMILIAR
Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o disposto nesta Lei.
Art. 2º Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de
regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da
prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal.
Parágrafo único - É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para qualquer
tipo de controle demográfico.
Parágrafo único - As instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde, em todos os seus
níveis, na prestação das ações previstas no caput, obrigam-se a garantir, em toda a sua rede
de serviços, no que respeita a atenção à mulher, ao homem ou ao casal, programa de atenção
integral à saúde, em todos os seus ciclos vitais, que inclua, como atividades básicas, entre
outras:
Art. 4º O planejamento familiar orienta-se por ações preventivas e educativas e pela
garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a
regulação da fecundidade.
Parágrafo único - O Sistema Único de Saúde promoverá o treinamento de recursos
humanos, com ênfase na capacitação do pessoal técnico, visando a promoção de ações de
atendimento à saúde reprodutiva.
Art. 5º - É dever do Estado, através do Sistema Único de Saúde, em associação, no que
couber, às instâncias componentes do sistema educacional, promover condições e recursos
informativos, educacionais, técnicos e científicos que assegurem o livre exercício do
planejamento familiar.
Art. 6º As ações de planejamento familiar serão exercidas pelas instituições públicas e
privadas, filantrópicas ou não, nos termos desta Lei e das normas de funcionamento e
mecanismos de fiscalização estabelecidos pelas instâncias gestoras do Sistema Único de
Saúde.
Parágrafo único - Compete à direção nacional do Sistema Único de Saúde definir as
normas gerais de planejamento familiar.
Art. 9º Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os
métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não coloquem
em risco a vida e a saúde das pessoas, garantida a liberdade de opção.
Parágrafo único. A prescrição a que se refere o caput só poderá ocorrer mediante
avaliação e acompanhamento clínico e com informação sobre os seus riscos, vantagens,
desvantagens e eficácia.
Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: (Artigo
vetado e mantido pelo Congresso Nacional - Mensagem nº 928, de 19.8.1997)
I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de
idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta
dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à
pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento
por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce;
Art. 11. Toda esterilização cirúrgica será objeto de notificação compulsória à direção do
Sistema Único de Saúde. (Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional) Mensagem nº
928, de 19.8.1997
Art. 13. É vedada a exigência de atestado de esterilização ou de teste de gravidez para
quaisquer fins.
Art. 14. Cabe à instância gestora do Sistema Único de Saúde, guardado o seu nível de
competência e atribuições, cadastrar, fiscalizar e controlar as instituições e serviços que
realizam ações e pesquisas na área do planejamento familiar.
Parágrafo único. Só podem ser autorizadas a realizar esterilização cirúrgica as instituições
que ofereçam todas as opções de meios e métodos de contracepção reversíveis. (Parágrafo
vetado e mantido pelo Congresso Nacional) Mensagem nº 928, de 19.8.1997
CAPÍTULO II
Art. 15. Realizar esterilização cirúrgica em desacordo com o estabelecido no art. 10 desta
Lei. (Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional) Mensagem nº 928, de 19.8.1997
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, se a prática não constitui crime mais grave.
I - durante os períodos de parto ou aborto, salvo o disposto no inciso II do art. 10 desta
Lei.
Art. 16. Deixar o médico de notificar à autoridade sanitária as esterilizações cirúrgicas que
realizar.
Parágrafo único - Se o crime for cometido contra a coletividade, caracteriza-se como
genocídio, aplicando-se o disposto na Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956.
Art. 19. Aplica-se aos gestores e responsáveis por instituições que permitam a prática de
qualquer dos atos ilícitos previstos nesta Lei o disposto no caput e nos §§ 1º e 2º do art. 29 do
Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
Art. 20. As instituições a que se refere o artigo anterior sofrerão as seguintes sanções,
sem prejuízo das aplicáveis aos agentes do ilícito, aos co-autores ou aos partícipes:
II - se pública a instituição, afastamento temporário ou definitivo dos agentes do ilícito, dos
gestores e responsáveis dos cargos ou funções ocupados, sem prejuízo de outras penalidades.
Art. 21. Os agentes do ilícito e, se for o caso, as instituições a que pertençam ficam
obrigados a reparar os danos morais e materiais decorrentes de esterilização não autorizada
na forma desta Lei, observados, nesse caso, o disposto nos arts. 159, 1.518 e 1.521 e seu
parágrafo único do Código Civil, combinados com o art. 63 do Código de Processo Penal.
CAPÍTULO III
Art. 22. Aplica-se subsidiariamente a esta Lei o disposto no Decreto-lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal, e, em especial, nos seus arts. 29, caput, e §§ 1º e 2º; 43,
caput e incisos I , II e III ; 44, caput e incisos I e II e III e parágrafo único; 45, caput e incisos I e
II; 46, caput e parágrafo único; 47, caput e incisos I, II e III; 48, caput e parágrafo único; 49,
caput e §§ 1º e 2º; 50, caput, § 1º e alíneas e § 2º; 51, caput e §§ 1º e 2º; 52; 56; 129, caput e §
1º, incisos I, II e III, § 2º, incisos I, III e IV e § 3º.
Art. 23. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias, a contar da
data de sua publicação.
Art. 24. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Grupo I
b. maiores de vinte e cinco anos de idade ou com, pelo menos, dois filhos
vivos;
informações;
paciente.
Grupo II
Referência Bibliográfica:
18 novembro 2019
Legenda da foto,
Karoline diz que sempre ouvia relatos de pessoas que não conseguiram fazer o
procedimento
"Sempre tive a certeza de que não queria ter filhos", conta ela à BBC News Brasil.
"Mesmo usando outros métodos anticoncepcionais, toda vez que atrasa a menstruação a
gente fica preocupada."
"Nunca me vi sendo mãe, nunca me vi tendo filhos, e fazer uma cirurgia para isso seria
uma preocupação a menos na vida", afirma. No entanto todas as histórias que ela ouvia
sobre a dificuldade de fazer o procedimento a desanimavam.
"Eu sempre ouvia que tinha que ter dois filhos para poder fazer. Mas não faz sentido. E
quem não quer ter filho nenhum?", diz ela, hoje com 26 anos.
Os contraceptivos que você tem direito de exigir pelo SUS - e o que fazer se não
conseguir
Com 55% de gestações não planejadas, Brasil falha na oferta de contracepção
eficaz
Quando tinha 25 anos, Karoline resolveu checar por si mesma quais eram, de fato, os
requisitos legais para o procedimento.
E descobriu que 25 anos é justamente a idade mínima exigida pela legislação para
mulheres que quiserem fazer a cirurgia de esterilização — e que mulheres mais jovens
também podem fazer o pedido se tiverem pelo menos dois filhos.
"Eu até levei a lei impressa na médica caso algum dos médicos fosse mal informado",
diz ela, que ficou positivamente surpreendida ao perceber que não teria resistência.
"Era a primeira vez que eu ia nessa médica, do plano de saúde que tenho no trabalho.
Demora, mas nenhum dos médicos que eu passei falou que eu não poderia fazer por
causa da minha idade ou por não ter filhos", diz Karoline. "Foi um alívio. Eu achei
sinceramente que seria mais difícil."
Depois de fazer a cirurgia, a jovem compartilhou seu relato no Facebook. O post teve 20
mil curtidas e mais de 16 mil comentários — boa parte dos quais fazendo perguntas
sobre o caminho para o procedimento ou querendo tirar dúvidas sobre como é passar
por ele.
"Eu quis compartilhar minha história para que outras mulheres com o mesmo desejo
saibam que é possível, para que elas não desanimem", diz a jovem. "A gente tem que
correr atrás dos nossos direitos."
"Teve alguns comentários criticando, mas, para ser sincera, depois de um tempo eu
parei de acompanhar, estou só respondendo quem me mandou dúvidas por mensagem."
"Como é um ato definitivo, praticamente sem volta, existe uma cautela na lei para evitar
a realização em mulheres muito jovens", explica a advogada Renata Farah, presidente
da Comissão de Direito à Saúde da OAB-PR (Ordem dos Advogados do Brasil). "Mas a
maioria das dificuldades que as pessoas encontram não são entraves legais, mas da
cultura do hospital, do Estado, etc", afirma.
A partir dessa idade, as únicas exigências são quanto aos procedimentos que precisam
ser seguidos: é preciso um intervalo mínimo de 60 dias entre a pessoa manifestar a
vontade ao médico pela primeira vez (por escrito) e o procedimento, e a pessoa precisa
ser informada dos riscos da cirurgia, dos possíveis efeitos colaterais, da dificuldade de
revertê-la e das outras opções de contracepção existentes.
"A médica conversou comigo, perguntou se eu tinha certeza, disse que é um método
muito radical e a reversão é difícil, eles explicam tudo", conta Karoline. "Ela explicou
que, mesmo com a cirurgia, ainda há chance de falha, já que nenhum método é 100%
seguro."
"Mas como eu tinha muita certeza ela me encaminhou para a cirurgia", diz Karoline,
que também precisou se submeter aos vários exames pré-cirúrgicos de praxe e passou
por um atendimento psicológico nesses dois meses. "O que eu digo para quem me
pergunta é que é preciso ter muita certeza, porque a psicóloga vai te questionar muito."
Em casos de homens e mulheres casados ou com união estável, a lei exige que se
apresente também a autorização do cônjuge para a realização da cirurgia.
"Eu acho super errado, porque o corpo é meu, a decisão é minha, mas como queria
evitar ter problemas e tinha essa opção, acabei levando a autorização do meu
namorado", diz ela.
"Meus pais sempre aceitaram de boa que eu não quero ter filhos, é algo que eles sempre
souberam e sempre me deram muito apoio", conta. "É gente de fora [da família] que diz,
'ah, mas você vai se arrepender, vai mudar de ideia'. Pessoas que acham que a verdade
delas é a verdade de todo mundo."
"Eu tenho amigas que têm filhos e não queriam ter, é uma situação muito difícil", diz.
"O corpo é meu, a vida é minha, eu sempre tive certeza. Não acho que vou me
arrepender", afirma ela, que diz que realizar o procedimento foi a "realização de um
sonho".
Legenda da foto,
"No dia, eu não podia levantar e tive um pouco de dor, mas passou com os remédios",
diz a jovem, que continuou tomando remédios e anti-inflamatórios nos dias seguintes.
"Também tive que limpar os pontos três vezes ao dia, mas foi só. Saí andando do
hospital."
Teoria e Prática
Karoline fez o procedimento pelo plano de saúde — os planos são obrigados por
determinação da Agência Nacional de Saúde a oferecer laqueadura, vasectomia e
implantação do DIU desde 2008, quando foram incluídos na lista de cobertura mínima
obrigatória.
Mas nem todo mundo tem a mesma facilidade que ela, com relatos de pessoas que
tiveram o procedimento negado por motivos não relacionados a questões médicas ou
legais, como "questões religiosas". Uma resolução da ANS determina que mesmo que
não haja médico ou hospital no plano que esteja disponível para realizar o
procedimento, a operadora do plano é obrigada a indicar um "profissional ou
estabelecimento mesmo fora da rede conveniada do plano e custear o atendimento".
Pelas regras do Ministério da Saúde, a cirurgia pode ser feita de graça em qualquer
hospital público que tenha serviço de obstetrícia e ginecologia. Em 2017, foram
realizadas 67.525 laqueaduras, e, em 2018, 67.056 procedimentos.
"Os Estados, municípios e hospitais podem ter procedimentos locais diferentes, mas não
podem restringir direitos que são garantidos pela legislação nacional", afirma a
advogada Renata Farah.