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Debate de biologia

● O acesso de mães sós à reprodução medicamente assistida (RMA)


Eu estou de acordo que mulheres solteiras tenham acesso à reprodução
medicamente assistida, pois, a meu ver, não há razão alguma para as
mulheres necessitarem de um/a companheiro/a para terem um filho. Ora, a
lei diz-nos que, de acordo com o Artigo nº.6 da LEI Nº.32/2006, apenas
pessoas casadas que não se encontrem judicialmente separadas de pessoas
ou de bens e que vivam em condições análogos com às dos companheiros
há pelo menos dois anos podem recorrer a técnicas de reprodução
medicamente assistida. Porém, a lei em Portugal mudou nos últimos anos,
felizmente. Assim, de momento, no nosso país, a regulamentação da Lei nº
17/2016 alarga o âmbito dos beneficiários das técnicas de procriação
medicamente assistida. A presente lei procede à segunda alteração à Lei
32/2006, de 26 de julho, alterada pela Lei nº 59/2007, de 4 de setembro,
garantindo o acesso de todas as mulheres à procriação medicamente
assistida, quer elas sejam casadas com pessoas de diferente sexo ou do
mesmo sexo, quer sejam mulheres solteiras. Deste modo, há o exemplo de
uma mulher de 41 anos, chamada Inês que após anos de relações falhadas,
nas quais tentou engravidar e não conseguiu, resolveu com 40 anos procurar
ajuda na Procriação Medicamente Assistida (PMA). Ela conseguiu
engravidar, e agora cuida do seu filho Lucas, apenas com ajuda da sua mãe.
Notícia: https://cnnportugal.iol.pt/criancas/filhas/a-ciencia-permitiu-lhes-
serem-maes-sozinhas-decidi-parar-de-hipotecar-a-minha-felicidade-em-prol-
de-uma-pessoa-que-se-calhar-nao-existia/
20221124/637e4d790cf255d6e13c0642

Artigo 6.º

Beneficiários

1 - Só as pessoas casadas que não se encontrem separadas judicialmente de


pessoas e bens ou separadas de facto ou as que, sendo de sexo diferente,
vivam em condições análogas às dos cônjuges há pelo menos dois anos podem
recorrer a técnicas de PMA.

2 - As técnicas só podem ser utilizadas em benefício de quem tenha, pelo


menos, 18 anos de idade e não se encontre interditado ou inabilitado por
anomalia psíquica.
● A fertilização com recurso a doação de gâmetas
Eu concordo com a fertilização com recurso a doação de gâmetas, pois no
caso de uma mulher solteira, esta terá de recorrer a este processo. Ora, o
que causa mais polémica neste assunto é que o doador de espermatozoides
não pode ser reconhecido como progenitor, segundo o artigo 21 e o artigo 10
da Lei nº 32/2006. Eu penso que este artigo faz todo o sentido, pois se o
doador é um mero doador, não tem o direito de querer ter uma relação com a
criança. Se aquele, quisesse ser pai não ia estar a doar o seu sémen a
terceiros, mas sim a procurar ser pai. Deste modo, de acordo com o artigo 19
da mesma lei, as inseminações efetuadas com sémen de um terceiro doador
só pode verificar-se quando, face aos conhecimentos médico-científicos
disponíveis, não possa obter-se gravidez através de inseminação com sémen
do marido ou daquele que viva em união de facto com a mulher a inseminar.
Para além disso, de acordo com o artigo 20, se da inseminação a que se
refere o artigo referido anteriormente, vier a resultar o nascimento de um
filho, é este tido como filho do marido ou daquele que vive em união de facto
com a mulher inseminada, desde que tenha havido consentimento na
inseminação. Assim, há dois exemplos de duas mulheres, que sem poder
utilizar fertilização com recurso a doação de gâmetas, não conseguiriam ter
sido mães. Ora, um dos exemplos é a de Margarida que aos 14 anos retirou
os ovários e perdeu todas as esperanças de algum dia conseguir ser mãe.
Porém, quando descobriu a medicina de reprodução encontrou todo um novo
mundo de possibilidades e esperanças. Assim sendo, agora é mãe do
Santiago com recurso à doação de óvulos. Por outro lado, Daniela, que
quando tinha 28 anos começou a perder a fé em ser mãe, com a ajuda da
FIV, conseguiu também ser mãe com o seu marido André.
Notícia: https://expresso.pt/sociedade/2021-07-05-Historias-de-fertilidade-
com-final-feliz-e-que-derrubam-estigmas.-Estava-preparada-para-nao-ter-
filhos-mas-pensava-sempre-em-nao-desistir-83ad8bdd

Artigo 10.º

Doação de espermatozóides, ovócitos e embriões

2 – Os doadores não podem ser vistos como progenitores da criança que vai
nascer.

Artigo 19.º

Inseminação com sémen de dador

1 – A inseminação com sémen de um terceiro dador só pode verificar-se quando,


face aos conhecimentos médico-científicos objetivamente disponíveis, não possa
obter-se gravidez através de inseminação com sémen do marido ou daquele que
viva em união de facto com a mulher a inseminar.
Artigo 20.º

Determinação da paternidade

1 – Se da inseminação a que se refere o artigo anterior vier a resultar o


nascimento de um filho, é este havido como filho do marido ou daquele vivendo
em união de facto com a mulher inseminada, desde que tenha havido
consentimento na inseminação, nos termos do artigo 14.º, sem prejuízo da
presunção estabelecida no artigo 1826.º do Código Civil.

Artigo 21.º

Exclusão da paternidade do dador de sémen

O dador de sémen não pode ser havido como pai da criança que vier a
nascer, não lhe cabendo quaisquer poderes ou deveres em relação a ela.

● O recurso a mães de aluguer

Eu apoio o recurso a mães de aluguer como uma opção para casais que
enfrentam dificuldades para conceber ou para mulheres que não podem levar
uma gravidez a termo por razões médicas. Isto permite que essas pessoas
realizem o seu desejo de ter filhos biológicos. A lei portuguesa permite a
ocorrência deste método exclusivamente de forma gratuita, o que eu também
concordo, porque se fosse ao contrário, todo este acontecimento de ter filhos
ia passar a ser um negócio para muitos, o que eu acho desumano. Além
disso, apesar de achar difícil, acho incorreto quando a mulher de aluguer
quer ficar com a criança. Isto porque, se ela comprometeu se com aquele
casal em que no final da gestação o filho seria deles e depois renuncia a
criança, também é complicado para o casal que esteve meses à espera da
criança e que também de alguma forma criou afeto por ela.

Artigo 8.º

Maternidade de substituição

1 – São nulos os negócios jurídicos, gratuitos ou onerosos, de maternidade de


substituição.

2 – Entende-se por «maternidade de substituição» qualquer situação em que a


mulher se disponha a suportar uma gravidez por conta de outrem e a entregar a
criança após o parto, renunciando aos poderes e deveres próprios da
maternidade.

3 – A mulher que suportar uma gravidez de substituição de outrem é havida,


para todos os efeitos legais, como a mãe da criança que vier a nascer.
● O uso de embriões ou células para investigação

Segundo o artigo 9.º da Lei n.º 32/2006 é proibida a produção propositada de


embriões especificamente para fins de investigação. Só podem ser utilizados
para investigação os embriões inviáveis ou os embriões excedentários dos
processos de procriação medicamente assistida, que não foram
criopreservados por não apresentarem as características morfológicas e os
critérios de viabilidade indispensáveis, ou que ultrapassaram o prazo de três
anos sem terem sido utilizados pelo casal ou doados para outros casais
inférteis. Ora, a meu ver, esta lei tem todo o sentido, pois se estes embriões
ou células não iram servir para dar origem a um novo ser, é ótimo que sejam
usadas na investigação com o objetivo de melhorar e avançar a medicina.

Artigo 9.º

Investigação com recurso a embriões

1 – É proibida a criação de embriões através da PMA com o objetivo deliberado


da sua utilização na investigação científica.

2 – É, no entanto, lícita a investigação científica em embriões com o objetivo de


prevenção, diagnóstico ou terapia de embriões, de aperfeiçoamento das técnicas
de PMA, de constituição de bancos de células estaminais para programas de
transplantação ou com quaisquer outras finalidades terapêuticas.

3 – O recurso a embriões para investigação científica só pode ser permitido


desde que seja razoável esperar que daí possa resultar benefício para a
humanidade, dependendo cada projeto científico de apreciação e decisão do
Conselho Nacional de Procriação medicamente assistida.

4 – Para efeitos de investigação científica só podem ser utilizados:

a) Embriões criopreservados, excedentários, em relação aos quais não exista


nenhum projeto parental;

b) Embriões cujo estado não permita a transferência ou a criopreservação com


fins de procriação;

c) Embriões que sejam portadores de anomalia genética grave, no quadro do


diagnóstico genético pré-implantação;

d) Embriões obtidos sem recurso à fecundação por espermatozóide.

5 – O recurso a embriões nas condições das alíneas a) e c) do número anterior


depende da obtenção de prévio consentimento, expresso, informado e
consciente dos beneficiários aos quais se destinavam.

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