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19/10/2020
Sumário:
Artigo 1801.º
(Exames de sangue e outros métodos científicos)
Nas acções relativas à filiação são admitidos como meios de prova os exames de sangue e quaisquer outros métodos
cientificamente comprovados.
Artigo 14.º
Consentimento
1 - Os beneficiários devem prestar o seu consentimento livre, esclarecido, de forma expressa e por escrito, perante
o médico responsável.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, devem os beneficiários ser previamente informados, por escrito, de
todos os benefícios e riscos conhecidos resultantes da utilização das técnicas de PMA, bem como das suas
implicações éticas, sociais e jurídicas.
3 - As informações constantes do número anterior devem constar de documento, a ser aprovado pelo Conselho
Nacional de Procriação Medicamente Assistida, através do qual os beneficiários prestam o seu consentimento.
4 - O consentimento dos beneficiários é livremente revogável por qualquer deles até ao início dos processos
terapêuticos de PMA.
5 - O disposto nos números anteriores é aplicável à gestante de substituição nas situações previstas no artigo 8.º
6 - Nas situações previstas no artigo 8.º, devem os beneficiários e a gestante de substituição ser ainda informados,
por escrito, do significado da influência da gestante de substituição no desenvolvimento embrionário e fetal.
Declaração de maternidade
Artigo 1803.º
(Menção da maternidade)
1. Aquele que declarar o nascimento deve, sempre que possa, identificar a mãe do registando.
2. A maternidade indicada é mencionada no registo.
Apenas é necessário notificar a mãe, se não tiver sido ela a fazer a declaração ou o
marido, para temos a maternidade estabelecida. Ou seja, se tiver sido a mãe ou o marido
a declarar o nascimento, não é necessária a notificação da mãe.
Pode fazer-se um controlo posterior, através da impugnação da maternidade registada,
caso se julgue que a maternidade foi falsamente estabelecida.
Artigo 1807.º
(Impugnação da maternidade)
Se a maternidade estabelecida nos termos dos artigos anteriores não for a verdadeira, pode a todo o tempo
ser impugnada em juízo pela pessoa declarada como mãe, pelo registado, por quem tiver interesse moral ou
patrimonial na procedência da ação ou pelo Ministério Público.
26/10/2020
Reconhecimento judicial
Artigo 1814.º
(Investigação de maternidade)
Quando não resulte de declaração, nos termos dos artigos anteriores, a maternidade pode ser reconhecida em acção
especialmente intentada pelo filho para esse efeito.
Quem tem legitimidade ativa para intentar a ação é o filho, representado pelo
Ministério Público.
Artigo 1815.º
(Caso em que não é admitido o reconhecimento)
Artigo 1816.º
(Prova da maternidade)
1. Na acção de investigação de maternidade o filho deve provar que nasceu da pretensa mãe.
2. A maternidade presume-se:
a) Quando o filho houver sido reputado e tratado como tal pela pretensa mãe e reputado como filho também pelo
público;
b) Quando exista carta ou outro escrito no qual a pretensa mãe declare inequivocamente a sua maternidade.
3. A presunção considera-se ilidida quando existam dúvidas sérias sobre a maternidade.
Prova direta → hoje, far-se-á mais facilmente através do recurso ao teste de ADN e
outros exames científicos.
Meios de prova indireta → são relevantes, porque vão funcionar presunções. Ou seja,
a partir de um facto conhecido vamos retirar esta prova relativamente à filiação
biológica.
→Duas presunções estabelecidas pela nossa lei:
1) Art.º 1816/2/a) do CC → presunção “posse de estado”, composta pelos 3
elementos enunciados: o nome, o tratus e a fama.
O filho é reputado pela própria mãe, a mãe considerando-o como filho, toda a vida
teve comportamentos de cuidado associados à maternidade e, para além disso, é
também reputado como filho pela ordem pública ( familiares, vizinhos, etc.)
Beatriz quer hoje repor a verdade acerca da sua condição. O que poderá fazer?
Resposta:
Beatriz → 22 anos
Em abril → descobre carta de 1998 → A Tia Antónia é a verdadeira mãe biológica e
não a Conceição → maternidade falsamente estabelecida
A conceição declarou que era a mãe da Beatriz, não havendo nenhum controlo
posterior.
Estabelecimento da maternidade
Estabelecimento da filiação→ Art. 1976º - relativamente à mãe, a filiação resulta do
facto do nascimento e estabelece-se nos termos dos art.s 1803º a 1825º do CC.
-Art. 1807º do CC: intentar uma ação judicial, a ação de impugnação de maternidade,
sendo que a Beatriz tem legitimidade para tal, uma vez que é registada como filha. Noa
tem de haver prova do interesse em agir. Vai intentar esta ação de impugnação da
maternidade, contra a Conceição. Mas o professor Guilherme de oliveira, considera que
este artigo aponta para a existência de uma relação trilateral do lado passivo, sendo que
devemos tratar analogamente a legitimidade passiva no âmbito das ações de
impugnação da maternidade. Esta ação pode ser intentada a todo o tempo.
Artigo 1807.º
(Impugnação da maternidade)
Se a maternidade estabelecida nos termos dos artigos anteriores não for a verdadeira, pode a todo o tempo ser
impugnada em juízo pela pessoa declarada como mãe, pelo registado, por quem tiver interesse moral ou
patrimonial na procedência da acção ou pelo Ministério Público.
Artigo 1798.º
(Concepção)
O momento da conceção do filho é fixado, para os efeitos legais, dentro dos primeiros cento e vinte
dias dos trezentos que precederam o seu nascimento, salvas as exceções dos artigos seguintes.
180- 300 dias →Diferença entre o período de gestação mais longo e o período de
gestação mais curto. → poderá ter sido concebido
Ex: a maria nasce no dia 1 de janeiro de 2020 → período legal de conceção da maria →
7 de março a dia 5 de julho de 2019, pode ter sido conferida em qualquer um destes
momentos, porque vigora a regra da indivisibilidade, ou seja, todos os dias vão ser
considerados como equivalentes da conceção.
Artigo 1839.º
(Fundamento e legitimidade)
1. A paternidade do filho pode ser impugnada pelo marido da mãe, por esta, pelo filho ou, nos termos do artigo
1841.º, pelo Ministério Público.
2. Na cão o autor deve provar que, de acordo com as circunstâncias, a paternidade do marido da mãe é
manifestamente improvável.
3. Não é permitida a impugnação de paternidade com fundamento em inseminação artificial ao cônjuge que nela
consentiu.
Artigo 1841.º
(Acção do Ministério Público)
1. A acção de impugnação de paternidade pode ser proposta pelo Ministério Público a requerimento de quem se
declarar pai do filho, se for reconhecida pelo tribunal a viabilidade do pedido.
2. O requerimento deve ser dirigido ao tribunal no prazo de sessenta dias a contar da data em que a paternidade do
marido da mãe conste do registo.
3. O tribunal procederá às diligências necessárias para averiguar a viabilidade da acção, depois de ouvir, sempre
que possível, a mãe e o marido.
4. Se concluir pela viabilidade da acção, o tribunal ordenará a remessa do processo ao agente do Ministério Público
junto do tribunal competente para a acção de impugnação.
ARTIGO 1842.º
(Prazos)
NOTA: A posição a favor da inconstitucionalidade destes prazos tem recibo muito apoio,
por parte da doutrina e algum apoio do ponto vista judicial.
2/11/2020
Caso prático 1
Daniel, de 27 anos, é casado com Eduarda e tem um filho de poucos meses, o Gonçalo.
Daniel sempre soube quem era o pai, Francisco, com quem manteve uma excelente
relação ao longo da vida, mas relativamente ao qual a paternidade nunca se estabeleceu
juridicamente. O Francisco sempre foi uma figura de referência na vida de Daniel.
Ajudou no pagamento dos seus estudos e esteve sempre presente nas ocasiões mais
importante da sua vida, tratando-o como um filho diante de todo o círculo próximo de
amigos e mesmo perante os seus próprios irmãos. Ajudou-o a pagar a casa, como dizia,
“para compensar”, já que nada fez para reconhecer a paternidade apenas para não
magoar a sua mulher. Francisco faleceu no passado mês de abril. Imediatamente Daniel
acionou os meios disponíveis para estabelecer a paternidade, mas acabou por falecer
na semana passada. Quid iuris?
Resolução:
Art.º1840 CC
• Ação de investigação
• Ação de averiguação oficiosa perfilhação ou Acão de investigação
Como se vai estabelecer a filiação relativamente ao Duarte, que nasce em 2020 da mãe
casada, mas na verdade não é filho biológico do marido da mãe.
Tópicos de resolução:
Princípio da taxatividade dos meios de estabelecimento da filiação
O estabelecimento da paternidade pode ser dentro ou fora do casamento, sendo
inscrito na linha da maternidade da Ana, que é casada, funcionaria a presunção “patter
its est”.
- Presunção “patter its est”:
• presunção que considera filho do marido da mãe, o filho que nasce dentro do
casamento. Mas esta presunção é ilidível.
• Hoje a ação de investigação da paternidade está sujeita a prazos, não pode ser
intentada a todo o tempo.
• No passado os prazos já foram mais exigentes.
• A maioria da doutrina e a jurisprudência consideram estes prazos
inconstitucionais.
• Interpretação no sentido do aproveitamento dos prazos que são abertos pelo
art.1817. 3 anos apos o afastamento do registo inibitório, 3 anos apos
circunstâncias que possibilitam ou justificam a ação de investigação da
paternidade.
2ª parte do caso prático:
9/11/2020
Caso prático 1
a) durante o ano de 2017, Eunice fez parte de uma organização de cariz xenófobo, a
Anónima X, que divulgava nas redes sociais informações falsas acerca de várias
personalidades públicas, com pretensões políticas. Não chegou a ser condenada pela
prática de crime, mas, em juízo, ficou provado o seu envolvimento ativo com tais ideais.
Hoje, Arlindo alega que, se tivesse sabido de tal situação, nunca teria casado com Eunice
e pretende anular o seu casamento. Poderá fazê-lo?
Resolução:
Arlindo podia extinguir o casamento por dissolução (divórcio) ou por morte.
A extinção da relação matrimonial por invalidade, isto é, a declaração de nulidade do
casamento, pode ocorrer no casamento católico. Mas, quanto ao casamento civil, este
só pode ser extinto por anulação.
No caso, Arlindo pretende anular o casamento civil, sendo que para tal, tem de intentar
uma ação de anulação, nos termos do art.º. 1632º do CC.
Segundo o art.º. 1636º do CC, estamos perante uma situação de erro que vicia a
vontade, sendo que se verifica um erro relativamente à pessoa do próprio e ainda se
verificam as qualidades essenciais da pessoa do outro cônjuge, sendo este um conceito
indeterminado, que em abstrato traduz que são qualidades que determinam o
comportamento da pessoa. Por exemplo, a existência de uma doença contagiosa, o
estado civil, etc.
Acresce que tratasse de um erro próprio, que não pode recair sobre outro requisito legal
de validade ou existência.
Descobriu que Eunice já tinha sido casada, mas já não é, mas ainda assim é uma
qualidade essencial, o estado civil que, por si, é requisito de validade do casamento.
Art.1601º/ c) CC - Se Eunice estivesse ainda casada, o erro não seria próprio.
O erro próprio, desculpável e, sem ele, razoavelmente o casamento não teria sido
celebrado, nos termos do art. 1636º do CC.
• Legitimidade – Art.1641º CC
• Cônjuge vítima do erro – Arlindo
• Prazo -- 1644º CC
• 6 meses após a cessação o do vicio – maio de 2020 até Novembro de 2020
• A anulação tem efeitos ex tunc – para o passado
União de facto – a funcionar como exceção, vai poder preservar todos ou alguns efeitos
do casamento, até ao trânsito em julgado da sentença. A anulação só tem efeitos ex
nunc, para o futuro.
Art.1647º CC
Art.1630º CC
1º requisito – a existência do casamento
16/11/2020
Casamento putativo vale tanto para os casamentos civis anulados como para os
casamentos católicos declarados nulos.
Art.º 1648º CC - conceito de boa fé para estes efeitos
Acordo sobre as responsabilidades parentais, porque temos um filho menor
Tem de averiguar se esta acautelado o superior interesse da criaca / não acautelava
devidamente os interesses do filho francisco.
→Têm de celebrar 3 acordos:
23/11/2020
• Art.2016º A – não há aqui uma remissão para o regime geral, há uma enunciação
de um elenco de fatores que têm de ser tidos em conta, no momento do divórcio,
que irão determinar a medida dos alimentos.
No nosso caso, se a Emília tiver direito a alimentos, a medida será mínima, isto é, a
obrigação de alimentos será apenas para o mínimo e o indispensável. Tendo em conta
a avaliação de todos os fatores do art.2016º A do CC, não havendo o direito a manter o
padrão de vida do casamento, sendo que não é relevante determinar o padrão de vida
durante o casamento para determinar o direito a alimentos.
O Duarte poderá ter sucesso na sua pretensão, havendo a possibilidade de que o
cônjuge que não é o seu proprietário, poderá continuar a habitar a casa de morada de
família.
3.O tribunal pode dar de arrendamento a casa de morada de familia, a qualquer um dos
cônjuges. Trata-se de um bem próprio de Emília, considerando as necessidades de cada
um dos cônjuges e do filho do casal, por isso, o tribunal pode dar de arrendamento a
casa de morada familia a Duarte, nos termos do art. 1793º do CC.
4. Emília pede indemnização por danos morais, na própria ação de divórcio.
• Art.1792º/1 CC- não se refere aos danos não patrimoniais causados no divórcio.
• Art.1791º/2 CC - o divórcio tinha de ter sido requerido com fundamento na
alteração das faculdades mentais da Emília, nos termos do art. 1781º/ b) do CC.
Posição do Curso: estamos perante situações que não respondem ao ilícito familiar, não
estão aqui suscitados a violação de deveres conjugais ou danos causados pelo
casamento, firma-se a ideia de que não há uma unidade entre os cônjuges. Na prática,
as ações de responsabilidade civil contra um dos cônjuges, não tem procedência.
Assim, no caso, partimos do princípio de que Emília não terá sucesso na sua pretensão.
Constança e Jorge casaram em julho de 2004, tendo escolhido como regime de bens o
regime da comunhão geral. Nessa altura, Constança tinha perdido já os seus pais e tinha
recebido uma avultada herança, que consistia em vários imóveis na cidade de Braga.
Jorge nada levara para o casamento. Constança resolvera adotar também os apelidos
de Jorge, Plympton de Azeredo, que adicionou ao seu nome.
acabou por acontecer Constança assumiu, assim, o encargo da educação dos seus filhos
(na altura dois, mas viriam a nascer quatro). Este encargo viria a revelar-se
particularmente pesado, uma vez que um dos filhos do casal nascera com uma doença
muito grave que exigia cuidados permanentes. Ainda assim, antes do nascimento deste,
Constança conseguiu dedicar-se à escrita, tendo publicado um romance histórico, sob o
seu nome de casada, que atingiu um considerável sucesso nacional.
Hoje, Constança pretende pôr fim à sua relação matrimonial, alegando que, ao longo
dos anos, tem sido vítima de violência física e psicológica por parte de Jorge.
Resposta:
Estamos perante um divórcio sem consentimento - art.1781º/d) CC
1.
As relações matrimonias entre os cônjuges, estabelecem-se através do regime de bens.
Se não escolherem, considera-se como regime supletivo de bens, a comunhão de
adquiridos.
No caso, o casamento foi celebrado no regime da comunhão geral de bens, sendo que
estes bens trazidos por Constança, seriam divididos por igual, nos termos do art.1720º
do CC, sendo que cada um deverá receber metade.
Art.1790º CC- nenhum dos cônjuges, pode em caso de divórcio receber mais do que se
o casamento tivesse sido celebrado na comunhão de adquiridos.
Antes de 2008, poderia haver a declaração de culpa de um dos cônjuges, sendo que no
artigo 1790, o cônjuge considerado culpado não poderia receber mais do que aquilo que
receberia se o casamento fosse celebrado na comunhão de bens. Em 2008, acaba a
declaração de culpa e a possibilidade de associar consequências negativas a essa culpa.
O casamento não pode ser visto como um seguro de vida, nem como um meio de
enriquecer, sendo que nenhum deles pode receber mais do que receberia ao abrigo da
comunhão de adquiridos, partindo-se do princípio que aquilo que integra o casamento,
é aquilo que resulta do produto do esforço comum dos cônjuges, na constância do
casamento. Deste modo, os bens trazidos por Constança para o casamento, em caso de
divórcio, não vão ser objeto de partilha.
14/12/2020
Caso Prático 1
Carlos e Mariana vivem juntos, como casal, desde 2010, e são pais de Maria, de 13 anos.
c) Carlos, por meio de mandato, concede a Mariana poderes para administrar os valores
que este investira na Bolsa.
Poderiam fazê-lo?
Resposta:
União de facto:
Desde 1999, a relação de união de facto é regulada em Portugal, posteriormente,
substituída pela Lei 7/2001. Em 2001, quando esta lei foi publicada, só havia uma
referência genérica no artigo 1º ao conceito de união de facto.
Na verdade, a doutrina passou a utilizar uma expressão que agora é acolhida na Lei,
desde 2010, no artigo 1º. Vive em união de facto, quem vive em condições análogas às
dos cônjuges há mais de 2 anos.
Vive em condições análogas aos cônjuges, quem vive em comunhão de leito, mesa e
habitação.
Partindo do princípio, que Carlos e Mariana vivem numa comunhão de leito, mesa e
habitação o que cria uma aparência externa de casamento, porém, não se extraem
todos os efeitos por si só, associados à figura da união de facto.
Condições de eficácia:
• Uma delas resulta da Lei, no artigo 1º nº2 da Lei da união de facto, sendo que
para se associarem efeitos à união de facto é necessário terem decorrido pelo
menos 2 anos, para que haja um mínimo de densidade nesta materialidade. Não
é necessário que haja diversidade de género nesta realidade.
• Não estar perante situações em que configurem, na verdade, impedimentos
dirimentes ao casamento.
→Exceções do art.2º da Lei:
Na união de facto, aplica-se as regras gerais do direito das obrigações, não havendo um
regime de bens. Ou seja, aplica-se o art.º. 1403º do CC.
Podem estabelecer a presunção de compropriedade, desde que haja prova de facto
posteriormente, relativamente à propriedade dos bens.
Alínea c) – estabelecer por mandato a Mariana, a possibilidade de gerir valores
mobiliários de Carlos, para investir na Bolsa.
Assim, aplicando as regras dos regimes gerais dos arts. 1152º e ss, é possível estabelecer
por mandato, esta possibilidade de gerir bens.
Alínea a) – na união de facto não há deveres conjugais, portanto, estabelecer estes
deveres por contrato, seria uma abertura para criar uma instituição paralela ao
casamento, cujo status advém das regras criadas pelo legislado. Por isso, consideram-se
excluídos os deveres conjugais, da possibilidade de regular a união de facto por contrato.
Na realidade, há o dever de comunhão de mesa, leito e habitação, mas esta
exclusividade não implica o dever de fidelidade, mas sim apenas que têm de existir
apenas 2 pessoas para ser estabelecida uma união de facto.
Caso Prático 2
b) Para melhorar a sua prática desportiva, Maria, que sofre de problemas de visão,
consulta um oftalmologista. É possível melhorar a sua situação através de uma
intervenção cirúrgica relativamente à qual a comunidade médica se divide quanto à
idade a realizar. Carlos consente na realização desta operação, mas Mariana opõe-se
veementemente por considerar ser demasiado cedo.
Resposta:
a) inscrições em aulas de natação – temos uma situação em seria difícil dizer que
Carlos tinha fundamento para reagir. →Art.5º da Lei 7/2001, que remete para o
art.1106º do CC0. Tratava-se de uma situação que se tratava de uma das
exceções da lei, pelo que esta falta de acordo não seria oponível a terceiros, pelo
que este terceiro só se deveria recusar a praticar o ato, se fosse presumível a
falta de acordo.
b) Efetivamente, estamos perante uma situação de exercício de responsabilidades
parentais durante a união de facto, presume-se um comum acordo, mas na
verdade é uma questão de particular importância, logo aqui seria exigido o
consentimento de ambos os progenitores. Será o tribunal, em última análise a
decidir, sendo que Maria tendo 13 anos, será ouvida.
c) O SEF diz que mesmo dentro dos estados-membros, tem de haver autorização
de ambos os progenitores, sendo que por cautela, todos os progenitores
estabelecem a autorização de ambos, quando os filhos viajam.
Caso prático 3
Carlos faleceu em junho deste ano e Mariana confronta-se com o facto de não ser ela a
arrendatária da casa em que moravam e de não ter rendimentos próprios, já que deixara
de trabalhar para poder acompanhar Carlos nas suas permanentes deslocações em
negócios. Quais os direitos de Mariana?
Resposta:
Mariana terá de fazer prova da existência da união de facto, nos termos do art.2º-A da
Lei nº7/2001. No caso de morte, Mariana pode pedir uma declaração de junta de
freguesia que ateste que o interessado residia há mais de 2 anos com o falecido, à data
do falecimento, nos termos do art.º 2º- A nº3 da Lei 7/2001. Mas também poderia
provar por outros meios de prova.
Art.5º nº10 da Lei da união de facto – proteção da casa de morada de família em caso
de morte – em caso de morte do membro da união de facto arrendatário da casa de
morada de família, o membro sobrevivo beneficia da proteção prevista no art.1106º do
CC.
Não há efeitos sucessórios, porque vivia em união de facto e não era cônjuge, não era
herdeira. Herdeira seria a maria, filha de ambos e eventuais outros filhos existentes.
Assim, Mariana terá direito a alimentos, em função de uma equiparação crescente das
duas posições, sendo que apenas terá de provar a necessidade de alimentos.