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Multiparentalidade

1. Parentesco
Nas sociedades euro-americanas a parentalidade exige a existência do parentesco
O parentesco está associado às maneiras em que as diferentes sociedades
entendem a formação de relacionamentos visando a procriação e a maneira como
pais e mães se envolvem na procriação.
No caso das sociedades euro-americanas, o parentesco pressupõe um
relacionamento entre um homem e uma mulher. Esse relacionamento, por sua vez,
é legitimado por meio da relação sexual, que valida a parentalidade.
A parentalidade, assim, nas sociedades euro-americanas, exige dois pais igual na
doação gamética (teoria duogenética moderna), porém desiguais em seu papel
social, desigualdade esta, já marcada pelo gênero.

Paternidade e Maternidade
Para os euro-americanos antigos a maternidade significa nutrição e nascimento,
paternidade significa progênie (teoria monogenética)
Mas, se o pai é quem cria o filho e toda fecundação depende dele, ele também cria a mãe→
assimetria nas funções
Por definição biológica, sendo a mãe que dá a luz, esses processos físicos do
nascimento garantem a continuidade da relação entre mãe e filho, enquanto a
relação entre pai e filho é descontinuada
Isso direciona o olhar para outra diferença crucial entre a paternidade e a
maternidade nessas sociedades: diferente da paternidade, a maternidade é
caracterizada pela incerteza.
A maternidade é um fato. A mãe dá a luz, logo ela é mãe. O pai, por outro lado, não
tem como saber se o filho é seu, ele precisa de uma prova e a instituição do
casamento traz essa validação.

Os filhos nascidos de relações adulterinas eram chamados de ilegítimos e não


possuíam qualquer reconhecimento jurídico. Já no âmbito do casamento, a filiação
era presumida, com raras exceções, o que demonstra que a qualidade de filho
estava intrinsecamente ligada ao estado civil dos pais.

As distinções entre filhos e a impossibilidade do reconhecimento do estado de


filiação, mitigava o direito da personalidade ao nome. Visto que, não permitia o
pronome do pai no registro civil em caso de relação extraconjugal.

Maternidade física e jurídica


Como consequência das diferenças biológicas, somente no caso da mãe é possível
fazer uma separação entre maternidade física, ou a função que exerce na
procriação, e a maternidade jurídica, ou papel maternal.
No caso da paternidade física e jurídica, a mãe é quem nomeia o pai.

2. Adoção socioafetiva
diferenciação entre filhos resultado do casamento e filhos de fora do casamento
Em 1942 o filho de fora do casamento passa a ter o direito de pedir o
reconhecimento da filiação, porém ainda com diferenciação entre os filhos
A Constituição de 1988 põe fim a diferença entre filhos resultado do casamento e
filhos externos ao casamento, mas passou a ser discutido estado de filiação com
base na origem biológica, como dita “verdade real”, através da descoberta da cadeia
de impressões digitais pelo exame de DNA, ou seja, ainda discutia a parentalidade
com base na cosanguinidade.
Todavia, com a evolução da sociedade no quesito das relações familiares, foram
surgindo outras formas cognitivas de vínculos familiares, e consequentemente
vínculos de filiação.
De um lado existe a verdade biológica, comprovável por meio de exame laboratorial
que permite afirmar, com certeza praticamente absoluta, a existência de um liame
biológico entre duas pessoas. De outro lado há uma verdade que não mais pode ser
desprezada: o estado de filiação, que decorre da estabilidade dos laços de essencial
da atribuição da paternidade ou maternidade.

A Multiparentalidade surgiu como possibilidade de sanar a indagação sobre qual o


estado de filiação prevalece, a filiação biológica ou a afetiva. Ao averiguar que
ambas eram possíveis, surgiu a tese multiparental, a qual consiste na possibilidade
de uma pessoa física ter múltiplos pais, ou seja, uma pessoa ter dois pais ou duas
mães no assentamento do registro civil. Tal alternativa visava garantir direito
inerente a personalidade, no que tange o direito de ter o nome.

A Multiparentalidade surgiu como possibilidade de sanar a indagação sobre qual o


estado de filiação prevalece, a filiação biológica ou a afetiva. Ao averiguar que
ambas eram possíveis, surgiu a tese multiparental, a qual consiste na possibilidade
de uma pessoa física ter múltiplos pais, ou seja, uma pessoa ter dois pais ou duas
mães no assentamento do registro civil. Tal alternativa visava garantir direito
inerente a personalidade, no que tange o direito de ter o nome.
A multiparentalidade é reconhecimento concomitante entre uma pessoa e dois
indivíduos, sendo um ligado por vínculo afetivo e outro por um vínculo biológico e,
ambos, tidos como pais. Uma pessoa poderia, por exemplo, ter uma mãe, um pai de
laço oriundo da afetividade e outro de proveniente da consaguinidade.

Todavia, é válido salienta para ocorre dita multiparentalidade, é de extrema


importância haver uma relação de afeto entre os envolvidos, ou seja, pais e filho
multiparental. Desse modo, a multiparentalidade estar ligada diretamente ao
princípio implícito constitucional da afetividade.

Para Diniz (2009) a adoção é “(...) um vínculo de parentesco civil, em linha reta,
estabelecendo entre adotante, ou adotantes, e o adotado um liame legal de
paternidade e filiação civil. ” (p.521). Dias explicar que“ a adoção cria um vínculo
fictício de paternidade-maternidade entre pessoas estranhas, análogo ao que
resulta da filiação biológica” (DIAS, 2015, p.481). A adoção é um elo de parentesco,
no qual ligar uma pessoa a outra por meio do registro civil, é o ato jurídico que
permite que haja parentesco em linha reta, sem existência de vínculo sanguíneo.
Em contraposição, a multiparentalidade mantém a relação familiar primária, já subsistente.
A grosso modo, a multiparentalidade permite que avôs e netos, tios e sobrinhos, irmãos e
irmãos mantenham direitos inerente a sua personalidade, ao conservar as relações
familiares já existentes, não há, portanto, qualquer rompimento, mas em contrapartida,
acréscimo. Neste sentido, foi dado provimento ao pedido de adoção, no qual buscava o
reconhecimento sócio-afetivo sem excluir do assentamento civil o nome do pai biológico, em
respeito à memória paterna, com efeitos multiparentais.

Procedimentos

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