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PUCRS

ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DA VIDA


CURSO DE PSICOLOGIA
PSIQUISMO E SUBJETIVIDADE EM PSICANÁLISE
Profa. Carolina de Barros Falcão
Profa. Luciana Redivo Drehmer,

PARENTALIDADES:
Contribuições Psicanalíticas
✓ Parentesco & Parentalidade;
Sistema de Alianças:
✓ Família;
✓ Estudo multidisciplinar;
✓ Psicanálise: processos psíquicos e
Família como
mudanças subjetivas produzidas nos
possibilidade de garantir o
pais a partir do desejo de ter um filho.
patrimônio

✓ Modernidade: disjunção entre o público e o privado e entre a conjugalidade e a


parentalidade;

✓ Os arranjos familiares não dependem somente da parentalidade, mas sim do desejo


entre casais de estabelecerem relações íntimas.

✓ Família “Sacra” Cristã – cis-heteronormatividade + sexualidade = reprodução

(Zornig, 2010; Zambrano, 2006)


Apesar de observarmos mudanças importantes na
estruturação familiar, a família contemporânea em sua
dimensão horizontal e em redes não só se mantém como
estrutura organizadora e segura para seus membros, como
se constitui em um espaço fundamental para a troca
afetiva e a transmissão simbólica.
(Zornig, 2010, p. 455)
Relação de consanguinidade ou de
aliança não é suficiente para Se a atualidade se define
assegurar o exercício da principalmente pela derrocada de
parentalidade. A modernidade, ao referenciais simbólicos estáveis e por
produzir uma ruptura entre uma pluralização das leis e de
conjugalidade e parentalidade, possibilidades de subjetivação,
demonstra que a parentalidade deixa
“tornar-se pai” ou “tornar-se mãe”
de ser o principal objetivo da estrutura
passa a depender muito mais da
familiar
história individual de cada um dos
pais e de uma lógica do desejo do
que de um modelo de família nuclear
O que sustenta o desejo de um tradicional, como no passado.
homem e de uma mulher no processo (Zornig, 2010)
de transição à parentalidade?
O vínculo familiar ligando um adulto a uma criança pode ser desdobrado em quatro
elementos, nem sempre concomitantes:

1) o vínculo biológico, dado pela concepção e origem genética;


2) o parentesco, vínculo que une dois indivíduos em relação a uma genealogia,
determinando o seu pertencimento a um grupo;
3) a filiação, reconhecimento jurídico desse pertencimento de acordo com as leis
sociais do grupo em questão;
4) a parentalidade, o exercício da função parental, implicando cuidados com
alimentação, vestuário, educação, saúde, etc., que se tecem no cotidiano em
torno do parentesco.

Esses elementos podem estar combinados entre si de maneiras diversas,


dependendo de como é estabelecido o peso de cada um em relação aos outros,
evidenciando a relatividade das escolhas feitas por uma determinada cultura em
uma determinada época.
(Zambrano, 2006)
“A diversidade das configurações familiares de outras sociedades permite afirmar
que parentesco e filiação são sempre sociais (Héritier, 2000) e não apenas derivados
da procriação, já que as regras adotadas por elas não são sempre a réplica exata
da “natureza”. É preciso lembrar que ‘embora seja exato que as regras relativas à
filiação tenham por objetivo institucionalizar a reprodução da espécie humana, essa
institucionalização se efetua segundo critérios que variam de uma sociedade a
outra e de uma época a outra’ (Gross et al., 2005, p. 31, tradução minha).
Devido a essa variação dos papéis sociais parentais desempenhados nas diferentes
culturas e períodos históricos, podemos, também, compreender que parentalidade
não é sinônimo de parentesco e filiação e pode ser exercida por pessoa sem vínculo
legal ou de consanguinidade com a criança como ocorre, por exemplo, nas famílias
recompostas, nas quais o cônjuge do pai ou da mãe participa cotidianamente da
criação do filho”.
(Zambrano, 2006, 126)
Parentalidade por Adoção (formal e informal)
+
Avanços da Medicina e da Tecnologia da Reprodução
+
Homoparentalidades
+
Parentalidade Recomposta

Formas além da biológica de constituir ter filhos,


em novas organizações familiares
DESEJO DE FILHO
(Ordem da Alteridade)

DESEJO DE MATERNIDADE OU DE PATERNIDADE


(Ordem do Narcisismo)

(Farinati, et al, 2006)


MATERNIDADE PATERNIDADE

Produto e interação de 3 efeitos O acesso à paternidade também implica


discursivos: profundas transformações que se iniciam a
1) discurso com sua própria mãe partir das identificações primordiais e
(especialmente com a mãe edípicas.
primordial);
2) seu discurso com ela mesma, A grande ocorrência de distúrbios
(especialmente com ela mesma psicossomáticos em homens durante a
como mãe); gravidez de suas companheiras
3) seu discurso com o bebê. demonstram uma identificação com a
gravidez da mulher. Desta forma, o homem
“divide” com a mulher alguns sintomas e
Essa trilogia da maternidade passa ela, “em retribuição”, inclui o pai em suas
a ser sua maior preocupação, representações do bebê, criando um
requerendo um profundo espaço para os cuidados paternos, antes
realinhamento de seus interesses e mesmo do nascimento do filho.
desejos.
A pré-história da criança se inicia na história individual de cada um dos
pais; o desejo de ter um filho reatualiza as fantasias de sua própria
infância e do tipo de cuidado parental que puderam ter.

Assim, não podemos restringir a parentalidade à gestação e ao


nascimento de um filho, já que as identificações feitas na infância
influenciam e determinam a forma como cada um de nós poderá
exercitar a parentalidade.

Pensar na concepção de um filho coloca em movimento aspectos do


narcisismo de cada um dos pais, assim como suas histórias, suas
lembranças e suas fantasias sobre suas relações objetais primárias. Zornig, 2010
4 TIPOS DE REPRESENTAÇÕES PARENTAIS SOBRE O BEBÊ:

✓ A criança fantasmática, relacionada à criança que os pais


separadamente têm em mente a partir de sua própria história;
✓ A criança imaginária como uma representação menos inconsciente
que pertence ao casal, como traços imaginados, sexo, etc;
✓ A criança narcísica ligada à representação de seus ideais, de como o
filho irá sucedê-los; e
✓ A criança mítica ou cultural, que se refere a um grupo de
representações coletivas de uma determinada sociedade em um
determinado momento
Golse (2002), citado por Zornig (2010)
O nascimento de um filho implica uma dupla dimensão: para que um
bebê sobreviva física e psiquicamente, é necessário inscrevê-lo em
uma história familiar e transgeracional. No entanto, a dimensão
ascendente da transmissão (filhos-pais) é igualmente fundamental, pois
só o reconhecimento do filho em sua diferença permite aos pais
construir uma relação com a marca do novo e da criatividade, indo
além de uma repetição do passado e permitindo que o bebê se
aproprie das marcas e inscrições de sua história relacional inicial.
(Zornig, 2010)
Na clínica direcionada à parentalidade, temos observado cada vez mais a
necessidade de manter uma relação dialética entre a história cultural e familiar
que antecede os pais e a possibilidade de criar uma nova relação, um novo
espaço entre pais e filhos.

Atualmente, a família e o casamento na contemporaneidade revelam que,


apesar da diversidade e flexibilização de modelos conjugais e arranjos familiares
propostos na atualidade, existe um descompasso entre velhos e novos modelos
de conjugalidade, de vida familiar e de exercício da parentalidade.

Na clínica psicanalítica, este descompasso se traduz pela dificuldade dos pais


em exercerem a função parental de maneira plena, ou seja, reconhecendo a
dívida simbólica da transmissão geracional, sem, no entanto, se limitarem a
repetir padrões que desconsiderem o tempo presente.

(Zornig, 2010)
FUNÇÃO FUNÇÃO
MATERNA PATERNA
Duplo
Comutador

Função Função
Sexualizante Narcisizante Função Terceira
Função de Corte
Função de Interdição

Bleichmar, 1993; 2014)


PUCRS
ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DA VIDA
CURSO DE PSICOLOGIA
PSIQUISMO E SUBJETIVIDADE EM PSICANÁLISE
Profa. Carolina de Barros Falcão
Profa. Luciana Redivo Drehmer

PARENTALIDADES:
Contribuições Psicanalíticas

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