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Especialização em Enfermagem Obstétrica – UNESA

Disciplina:
Enfermagem Obstétrica I

Aula:
Legalidade da Assistência de Enfermagem Obstétrica

Docente:
Meriene Gomes
Especialista em Enfermagem Obstétrica EEAN/UFRJ
Bacharel em Direito FND/UFRJ
Equipe de Assistência Domiciliar – Sifrá Parteria
Mestranda em Políticas Públicas em Direitos Humanos NEPP-DH/UFRJ
“Imagina-te como uma parteira. Acompanhas o nascimento
de alguém sem exibição ou espalhafato. Tua tarefa é facilitar
o que esta acontecendo. Se deves assumir o comando, faze-o
de tal modo que auxilies a mãe e deixes que ela continue livre
e responsável. Quando nascer a criança, a mãe dirá com
razão: nós duas conseguimos realizar este trabalho”.
(Lao Tse, séc.V a C)
PRINCÍPIOS LEGAIS

Os princípios da bioética (autonomia, beneficência, não maleficência e justiça) são fundamentais para
nortear as ações no processo de cuidar do ser humano, devendo ser praticadas inclusive durante a parturição,
sendo eles:
 respeito pela pessoa, primando pelo respeito a sua autonomia para deliberar sobre suas escolhas, além de
proteger de danos ou abusos as pessoas com autonomia diminuída, indivíduos vulneráveis como o bebê;
 beneficência, obrigação ética de maximizar benefícios;
 não maleficência, minimizando os danos ou prejuízos, ou seja, salvaguardar o bem-estar dos sujeitos;
 justiça, para que todos os indivíduos tenham o direito de receber uma atenção de qualidade.
Autonomia Vs Heteronomia Vs Anomia
 Heteronomia (do grego heteros, "diversos" + nomos, "regras") é um conceito criado por Kant para
denominar a sujeição do individuo à vontade de terceiros ou de uma coletividade. Se opõe assim
ao conceito de autonomia onde o ente possui arbítrio e pode expressar sua vontade livremente. É um
conceito básico relacionado ao Estado de Direito, em que todos devem se submeter à vontade da lei.
 Autonomia (do grego autonomos, uma junção de auto, "de si mesmo" + nomos, "lei", ou seja, "aquele
que estabelece suas próprias leis") é um conceito encontrado na moral, na política, na filosofia e
na bioética. É a capacidade de um indivíduo racional (não necessariamente um organismo vivo) de
tomar uma decisão não forçada baseada nas informações disponíveis. Na filosofia ligada à moral e à
política, a autonomia é usada como base para se determinar a responsabilidade moral da ação
de alguém.
 A anomia é um estado de falta de objetivos e regras e de perda de identidade, provocado pelas
intensas transformações ocorrentes no mundo social moderno. A partir do surgimento do capitalismo e
da tomada da razão como forma de explicar o mundo, há um brusco rompimento
com valores tradicionais, fortemente ligados à concepção religiosa. O termo anomia foi frequentemente
debatido por diversos sociólogos, sendo também um conceito muito utilizado pelos funcionalistas
estruturais, como Émile Durkheim, assim como no trabalho de Robert King Merton, daí a importância
de referir estes dois principais conceitos.
Autonomia Vs Heteronormatividade
 Autonomia: capacidade de tomar decisões de modo independente, por
referencia apenas ao cálculo racional de custos e benefícios associados a
diferentes opções de ações. É um atributo do comportamento humano
evidenciado em momentos bem definidos na vida e na dinâmica da vida
coletiva. Teoria da escolha racional (Fleury, 2015).

 Heteronormatividade: função normativa da heterossexualidade, como


padrão (Fleury, 2015).
PRINCÍPIOS LEGAIS

Legislações que garantem respaldo legal para a atuação da Enfermagem Obstétrica no Brasil.
 Constituição Federal do Brasil;
 Lei 7.498/86;
 Decreto 94.406/87 que regulamenta a Lei nº 7.498;
 Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem e Regional (COFEN-COREN);
 Resoluções e Portarias do Ministério da Saúde e órgãos afins;
 Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras.
Constituição Federal do Brasil

Dos direitos e deveres individuais e coletivos


Art. 5º - Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza...

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
lei estabelecer.
LEI 7.498/86 – Lei do Exercício Profissional da Enfermagem
Art. 6º - São enfermeiros:
I - o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfermeira obstétrica, conferidos nos termos da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira
Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do país, registrado em
virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira
Obstétrica ou de Obstetriz;[...]
Art.11 - O Enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe:[...]
II - como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
g) assistência de Enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
i) execução do parto sem distócia;
DECRETO LEI Nº 94.406/87
Art. 7º - São Parteiros: I - o titular de certificado previsto no Art. 1º do nº 8.778, de 22 de janeiro de 1946,
observado o disposto na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959; II - o titular do diploma ou certificado de
Parteiro, ou equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as respectivas leis, registrado em
virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 26 de junho de1988, como certificado de Parteiro.[...]

Art. 9º - Às profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, além das
atividades de que trata o artigo precedente, incumbe:
I - prestação de assistência à parturiente e ao parto normal;
II - identificação das distócias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
III - realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local, quando necessária.

Art. 12 - Ao Parteiro incumbe: I - prestar cuidados à gestante e à parturiente; II - assistir ao parto normal,
inclusive em domicílio; e III - cuidar da puérpera e do recém-nascido. Parágrafo único - As atividades de que trata
este artigo são exercidas sob supervisão de Enfermeiro Obstetra, quando realizadas em instituições de saúde, e,
sempre que possível, sob controle e supervisão de unidade de saúde, quando realizadas em domicílio ou onde se
fizerem necessárias.

Portanto, legalmente é legitimo que profissionais de Enfermagem, prestem a assistência ao parto sem distócia,
independemente do local onde a mulher optar por ter seu parto, uma vez que não há limites impostos por Lei para
estes aspectos, considerando-se as opções também legítimas das mulheres parturientes.
RESOLUÇÃO COFEN 311/2007 REVOGADA pela RESOLUÇÃO COFEN 564/2017

Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem

O Profissional de Enfermagem atua na promoção, prevenção, recuperação e


reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais.
RESOLUÇÃO COFEN 564/2017

DIREITOS
Art. 1º - Exercer a Enfermagem com liberdade, autonomia e ser tratado segundo os pressupostos e princípios
legais, éticos e dos direitos humanos.
Art. 2º – Aprimorar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais que dão sustentação a sua prática
profissional.
Art. 36 - Participar da prática profissional multi e interdisciplinar com responsabilidade, autonomia e
liberdade.
PROIBIÇÕES
Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção penal ou qualquer outro ato que infrinja postulados éticos e legais,
no exercício profissional.
Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação, exceto nos casos permitidos pela
legislação vigente.
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o profissional deverá decidir de acordo com a sua consciência sobre
sua participação, desde que seja garantida a continuidade da assistência.
Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergência ou naquelas expressamente autorizadas na legislação, desde
que possua competência técnica-científica necessária.
Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação, ação da droga, via de administração e potenciais riscos,
respeitados os graus de formação do profissional.
Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabelecidos em programas de saúde pública e/ou em rotina aprovada em
instituição de saúde, exceto em situações de emergência.
Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer natureza que comprometam a segurança da pessoa.
Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a outro profissional, exceto em caso de emergência, ou que
estiverem expressamente autorizados na legislação vigente.
“O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e os Conselhos
Regionais de Enfermagem (COREN), são órgãos DISCIPLINADORES
DO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO de enfermeiros e demais profissões
compreendida nos serviços de enfermagem” (Lei 5.905/1973)
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 516/2016 – ALTERADA PELAS RESOLUÇÕES COFEN Nº 524/2016 E 672/2021

Normatiza a atuação e a responsabilidade do Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz na


assistência às gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascidos nos Serviços de Obstetrícia,
Centros de Parto Normal e/ou Casas de Parto e demais locais onde ocorra essa assistência e
estabelecer critérios para registro de títulos de Enfermeiro Obstetra e Obstetriz no âmbito do
Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 516/2016 – ALTERADA PELAS RESOLUÇÕES COFEN Nº 524/2016 E 672/2021
Art. 1º Normatizar a atuação e a responsabilidade do Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz na
assistência às gestantes, parturientes, puérperas e recém-nascidos nos Serviços de Obstetrícia, Centros
de Parto Normal e/ou Casas de Parto e demais locais onde ocorra essa assistência e estabelecer critérios
para registro de títulos de Enfermeiro Obstetra e Obstetriz no âmbito do Sistema Cofen/Conselhos
Regionais de Enfermagem.
§2º É vedado ao Obstetriz o exercício de atividades de Enfermagem fora da área obstétrica, exceto em
casos de urgência, na qual, efetivamente haja iminente e grave risco de morte, não podendo tal exceção
aplicar-se às situações previsíveis e rotineiras.
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 672/2021

§ 3º Para a atuação do Enfermeiro generalista nos Serviços de Obstetrícia, Centros de Parto Normal
e/ou Casas de Parto, e para o Registro de Título de Obstetriz e o de pós-graduação Stricto ou Lato
Sensu, de Enfermeiro Obstetra no Conselho Federal de Enfermagem, além do disposto em outros
normativos do Cofen sobre os procedimentos gerais para registro de títulos de pós-graduação
concedido a Enfermeiros, estabelece os seguintes critérios mínimos de qualificação para a prática de
obstetrícia, a ser comprovada através de documento oficial da autoridade que expediu o diploma ou
certificado, para aqueles que iniciaram o curso a partir do dia 23 de abril de 2015:

I- Realização de no mínimo, 15 (quinze) consultas de Enfermagem pré-natais;


II- Realização de no mínimo, 20 (vinte) partos com acompanhamento completo do trabalho de parto,
parto e pós-parto;
III- Realização de, no mínimo, 15 (quinze) atendimentos ao recém-nascido na sala de parto.
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 672/2021
Art. 2º Para os fins determinados no artigo anterior, são considerados Centro de Parto Normal e/ou
Casa de Parto, unidades destinadas à assistência ao parto de risco habitual, pertencente ou não ao
estabelecimento hospitalar. Quando pertencente a rede hospitalar pode ser intra-hospitalar ou
perihospitalar; quando não pertencente a rede hospitalar pode ser comunitária ou autônoma;

Parágrafo único. O Centro de Parto Normal e/ou Casa de Parto destinam-se à assistência ao parto e
nascimento de risco habitual, conduzido pelo Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra ou Obstetriz, da
admissão até a alta. Deverão atuar de forma integrada às Redes de Atenção à Saúde, garantindo
atendimento integral e de qualidade, baseado em evidências científicas e humanizado, às mulheres,
seus recém-nascidos e familiares e/ou acompanhantes.
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 672/2021
Art. 3º Ao Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz, atuando em Serviço de Obstetrícia, Centro de
Parto Normal e/ou Casa de Parto ou outro local onde ocorra a assistência compete:
I – Acolher a mulher e seus familiares ou acompanhantes;
II – Avaliar todas as condições de saúde materna, clínicas e obstétricas, assim como as do feto;
III – Garantir o atendimento à mulher no PN, parto e puerpério por meio da consulta de enfermagem;
IV – Promover modelo de assistência, centrado na mulher, no parto e nascimento, ambiência favorável
ao parto e nascimento de evolução fisiológica e garantir a presença do acompanhante de escolha da
mulher, conforme previsto em Lei;
V – Adotar práticas baseadas em evidências científicas como: oferta de métodos não farmacológicos de
alívio da dor, liberdade de posição no parto, preservação da integridade perineal do momento da
expulsão do feto, contato pele a pele mãe recém-nascido, apoio ao aleitamento logo após o nascimento,
entre outras, bem como o respeito às especificidades étnico-culturais da mulher e de sua família;
VI – Avaliar a evolução do trabalho de parto e as condições maternas e fetais, adotando tecnologias
apropriadas na assistência e tomada de decisão, considerando a autonomia e protagonismo da mulher;
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 672/2021
Art. 3º Ao Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz, atuando em Serviço de Obstetrícia, Centro de
VII – Prestar assistência ao parto normal de evolução fisiológica (sem distócia) e ao recém-nascido;
VIII – Encaminhar a mulher e/ou recém-nascido a um nível de assistência mais complexo, caso sejam
detectados fatores de risco e/ou complicações que justifiquem;
IX – Garantir a integralidade do cuidado à mulher e ao recém-nascido;
X – Registrar no prontuário da mulher e do recém-nascido as informações inerentes ao processo de
cuidar, de forma clara, objetiva e completa;
XI – Emitir a Declaração de Nascido Vivo – DNV
XII – Prestar informações, escritas e verbais, completas e fidedignas necessárias ao acompanhamento e
avaliação do processo de cuidado;
XIII – Promover educação em saúde, baseado nos direitos sexuais, reprodutivos e de cidadania;
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 672/2021
Art. 3º Ao Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz, atuando em Serviço de Obstetrícia, Centro de
XIV – Participar do planejamento de atividades de ensino e zelar para que os estágios de formação
profissional sejam realizados em conformidade com a legislação de Enfermagem vigente;
XV – Promover, participar e ou supervisionar o processo de educação permanente e qualificação da
equipe de enfermagem, considerando as evidencias cientificas e o modelo assistencial do Centro de
Parto Normal ou Casa de Parto, centrado na mulher e na família;
XVI – Participar de Comissões atinentes ao trabalho e a filosofia do Centro de Parto Normal ou Casa
de Parto, como: comissão de controle de infecção hospitalar, de investigação de óbito materno e
neonatal, de ética, entre outras;
XVII – Participar de ações interdisciplinares e Inter setoriais, entre outras, que promovam a saúde
materna e infantil;
XVIII – Notificar todos os óbitos maternos e neonatais aos Comitês de Mortalidade Materna e
Infantil/Neonatal da Secretaria Municipal e/ou Estadual de Saúde, em atendimento ao imperativo da
Portaria GM/MS nº 1.119, de 05 de junho de 2008, ou outra que a substitua;
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 672/2021
Art. 3º Ao Enfermeiro, Enfermeiro Obstetra e Obstetriz, atuando em Serviço de Obstetrícia, Centro de
Parágrafo único. Aos Enfermeiros Obstetras e Obstetrizes além das atividades dispostas nesse artigo
compete ainda:
a) Emissão de laudos de autorização de internação hospitalar (AIH) para o procedimento de parto
normal sem distócia, realizado pelo Enfermeiro (a) Obstetra, da tabela do SIH/SUS;
b) Identificação das distócias obstétricas e tomada de providências necessárias, até a chegada do
médico, devendo intervir, em conformidade com sua capacitação técnico-científica, adotando os
procedimentos que entender imprescindíveis, para garantir a segurança da mãe e do recém-nascido;
c) Realização de episiotomia e episiorrafia (rafias de lacerações de primeiro e segundo grau) e
aplicação de anestesia local, quando necessária;
d) Acompanhamento obstétrico da mulher e do recém-nascido, sob seus cuidados, da internação até a
alta.
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 627/2020
Normatiza a realização de Ultrassonografia Obstétrica por Enfermeiro Obstétrico.

Art. 1º Aprovar a Normatização da realização de Ultrassonografia Obstétrica por Enfermeiro Obstétrico em


locais onde ocorra a assistência obstétrica no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Art. 2º No âmbito da equipe de enfermagem, é privativo do Enfermeiro Obstétrico, registrado no Conselho
Regional de Enfermagem de sua jurisdição, a realização da Ultrassonografia Obstétrica.
Art. 3º Para o exercício da atividade prevista nesta Resolução deverá o profissional Enfermeiro Obstétrico ter a
capacitação específica em Ultrassonografia Obstétrica.
Art. 4º É vedado ao Enfermeiro Obstétrico a emissão de Laudo de Ultrassonografia Obstétrica.
Art. 5º As condições para a realização da Ultrassonografia Obstétrica, por Enfermeiro Obstétrico, constam no
Anexo desta Resolução.
Art. 7º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.
Art. 8º Esta Resolução entra em vigor após a sua publicação no Diário Oficial da União, revogando as
disposições em contrário.
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 627/2020
Art. 5º As condições para a realização da Ultrassonografia Obstétrica, por Enfermeiro Obstétrico, constam no
Anexo desta Resolução.
I – OBJETIVO
Estabelecer normas para realização do exame de Ultrassonografia Obstétrica por Enfermeiro Obstétrico, em
locais onde ocorra a assistência obstétrica no âmbito do Sistema Único de Saúde; uma vez que o ultrassom é uma
importante ferramenta na tomada de decisões por parte dos profissionais da assistência, visando garantir a
segurança da gestante e do feto; bem como a regulamentação desta atividade.
RESOLUÇÕES COFEN
RESOLUÇÃO COFEN Nº 627/2020
Art. 5º As condições para a realização da Ultrassonografia Obstétrica, por Enfermeiro Obstétrico, constam no
Anexo desta Resolução.
III – REQUISITOS E CONDIÇÕES PARA REALIZAÇÃO DA ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA
POR ENFERMEIRO OBSTÉTRICO
1. Ter curso de capacitação em ultrassonografia básica em obstetrícia, com carga horária mínima de 120 (cento e
vinte) horas, sendo no mínimo 100 (cem) horas de exames supervisionados;
2. Realizar Ultrassonografia Obstétrica em locais onde ocorra a assistência obstétrica no âmbito do Sistema Único
de Saúde;
3. Realizar Consulta de Enfermagem com utilização da ultrassonografia obstétrica como ferramenta de alta
tecnologia que propõe uma assistência de Enfermagem voltada para a segurança da gestante e do feto,
qualificando o cuidado na tomada de decisões rápidas e seguras;
4. Registrar os dados obtidos durante a realização do ultrassom no prontuário da paciente ou na ficha de
atendimento de forma clara e objetiva contemplando a descrição da imagem e os dados fornecidos pelo aparelho,
sem a emissão de laudo referente à imagem observada, e compartilhar informações coletadas com a equipe
médica.
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O Ministro de Estado da Saúde, considerando as experiências positivas de funcionamento de Casas de
Parto e Maternidades-Modelo tanto para a assistência de qualidade, com a filosofia do parto normal e
humanizado como para a formação dos recursos humanos indispensáveis à superior qualificação do pré-natal,
parto, puerpério e cuidados com o recém-nascido em todo o país.
Considerando a necessidade de integrar as iniciativas que visam a melhoria da qualidade da assistência à
saúde da mulher e da criança com os programas de saúde da família e de agentes comunitários de saúde
(PSF/PACS) e, em geral, com as ações da rede de serviços próprios ou contratados do SUS, resolve:
Art. 1º - Instituir o Projeto de Casas de Parto e Maternidades Modelo, no Sistema Único de Saúde.
Art. 2º - Designar DAVID CAPISTRANO DA COSTA FILHO, para coordenar e supervisionar a execução do referido
Projeto.
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Redefine as diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto Normal (CPN), no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS), para o atendimento à mulher e ao recém-nascido no momento do parto e do nascimento,
em conformidade com o Componente PARTO E NASCIMENTO da Rede Cegonha, e dispõe sobre os respectivos
incentivos financeiros de investimento, custeio e custeio mensal.

Art. 1º Esta Portaria redefine as diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto Normal (CPN), no
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), para o atendimento à mulher e ao recém-nascido no momento do
parto e do nascimento, em conformidade com o Componente PARTO E NASCIMENTO da Rede Cegonha, e
dispõe sobre os respectivos incentivos financeiros de investimento, custeio e custeio mensal.
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Art. 2º Para efeito desta Portaria, considera-se:


I - alojamento conjunto: uma unidade de cuidados hospitalares em que o recém-nascido sadio, logo após o
nascimento, permanece ao lado da mãe, 24 (vinte e quatro) horas por dia, no mesmo ambiente, até a alta
hospitalar;
II - atenção humanizada ao parto e nascimento: respeito ao parto como experiência pessoal, cultural, sexual e
familiar, fundamentada no protagonismo e autonomia da mulher, que participa ativamente com a equipe das
decisões referentes ao seu parto;
III - gestação de baixo risco: gestação na qual os fatores de risco indicam que a morbimortalidade materna e
perinatal são iguais ou menores do que as da população em geral, sem necessidade de se utilizar alta
densidade tecnológica;
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IV - parto de baixo risco: parturiente com gestação atual considerada de baixo risco e história reprodutiva
sem fatores de risco materno e fetal, com avaliação obstétrica no momento da admissão que evidencie um
trabalho de parto eutócico;
V - parto normal: trabalho de parto de início espontâneo, sem indução, sem aceleração, sem utilização de
intervenções como fórceps ou cesariana e sem uso de anestesia geral, raquiana ou peridural durante o trabalho
de parto e parto; e
VI - quarto pré-parto, parto e puerpério (PPP): espaço destinado ao pré-parto, parto e puerpério, privativo para
cada mulher e seu acompanhante, onde a atenção aos períodos clínicos do parto e do nascimento ocorre no
mesmo ambiente, da internação à alta, com ambiência adequada à Resolução - RDC nº 36/ANVISA, de 3 de
junho de 2008, que dispõe sobre Regulamento Técnico para Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica
e Neonatal.
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Art. 3º Constitui CPN a unidade de saúde destinada à assistência ao parto de baixo risco pertencente a um
estabelecimento hospitalar, localizada em suas dependências internas ou imediações, nos termos desta
Portaria.

§ 1º Os CPN são classificados em:


I - CPN Intra-Hospitalar (CPNi) Tipo I;
II - CPN Intra-Hospitalar (CPNi) Tipo II; e
III - CPN Peri-Hospitalar (CPNp).
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Art. 4º São requisitos para a constituição da unidade como CPN:


V - garantir a condução da assistência ao parto de baixo risco, puerpério fisiológico e cuidados com recém-
nascido sadio, da admissão à alta, por obstetriz ou enfermeiro obstétrico;
XIII - possuir protocolos de admissão no CPN e de assistência ao trabalho de parto, parto, puerpério e cuidados
com o recém-nascido por enfermeiro obstétrico/obstetriz;
Parágrafo único. A unidade que não possuir os protocolos de que trata o inciso XIII, deverá pactua-los
juntamente com as equipes de atenção obstétrica e neonatal do estabelecimento hospitalar de referência,
imediatamente após a habilitação do CPN.
Art. 6º Cada tipo de CPN deverá observar aos seguintes requisitos específicos:
I - CPNi Tipo I:
a) estar localizado nas dependências internas do estabelecimento hospitalar;
b) possuir ambientes fins exclusivos da unidade, tais como recepção e sala de exames, quartos PPP, área de
deambulação, posto de enfermagem e sala de serviço, podendo compartilhar os ambientes de apoio; e
c) garantir a permanência da mulher e do recém-nascido no quarto PPP, da admissão à alta;
II - CPNi Tipo II:
a) estar localizado nas dependências internas do estabelecimento hospitalar;
b) possuir ambientes compartilhados com o restante da maternidade, como recepção, sala de exames, posto de
enfermagem, sala de serviço e outros ambientes de apoio; e
c) garantir a permanência da mulher e do recém-nascido no quarto PPP durante o pré-parto e parto, podendo,
após o puerpério imediato, serem transferidos para o alojamento conjunto;
III - CPNp:
a) estar localizado nas imediações do estabelecimento hospitalar de referência, a uma distância que deve ser
percorrida em tempo inferior a 20 (vinte) minutos do respectivo estabelecimento, em unidades de transporte
adequadas;
b) garantir a transferência da mulher e do recém-nascido para o estabelecimento hospitalar de referência, nos
casos eventuais de risco ou intercorrências, em unidades de transporte adequadas, nas 24 (vinte e quatro)
horas do dia e nos 7 (sete) dias da semana;
c) ter como referência os serviços de apoio do estabelecimento ao qual pertence ou está vinculado, nos termos
do anexo I; e
d) garantir a permanência da mulher e do recém-nascido no quarto PPP, da admissão à alta.
Art. 7º Cada CPN deverá possuir a seguinte equipe mínima:
I - CPN Tipo I e Tipo II com 3 (três) quartos PPP:
a) 1 (um) enfermeiro obstétrico ou obstetriz como coordenador do cuidado, responsável técnico pelo CPN,
sendo profissional horizontal com carga horária semanal de 40 (quarenta) horas de trabalho, 8 (oito) horas por
dia;
b) 1 (um) enfermeiro obstétrico ou obstetriz com cobertura 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias por
semana;
c) 1 (um) técnico de enfermagem com cobertura 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias por semana; e
d) 1 (um) auxiliar de serviços gerais com cobertura 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias por semana;

II - CPN Tipo I e Tipo II com 5 (cinco) quartos PPP:


c) 2 (dois) técnicos de enfermagem com cobertura 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias por semana; e
II - CPNp com 3 (três) quartos PPP:
a) 1 (um) enfermeiro obstétrico ou obstetriz como coordenador do cuidado, responsável técnico pelo CPN,
sendo profissional horizontal com carga horária semanal de trabalho de 40 horas, 8 (oito) horas por dia;
b) enfermeiro obstétrico ou obstetriz com cobertura 24 horas por dia, 7 dias por semana, nas seguintes
quantidades mínimas:
1. 1 (um), durante a presença do coordenador do cuidado de que trata a alínea "a"; e
2. 2 (dois), durante as escalas noturnas, de finais de semana e feriados, bem como nas ausências prolongadas
do coordenador do cuidado;
c) 1 (um) técnico de enfermagem com cobertura 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias por semana; e
d) 1 (um) auxiliar de serviços gerais, com cobertura 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias por semana;
IV - CPNp com 5 (cinco) quartos PPP:
b) 2 (dois) enfermeiros obstétricos ou obstetrizes com cobertura 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias
por semana;
Que política pública se opõe
diretamente à
portaria nº 11/2015?

RAMI
Lei Nº 11.108 de 07 de abril de 2005

Dispõe sobre a garantia às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto,
parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

Art. 19-J Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam
obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de
trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
§ 1º O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente.
Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011

Instituiu no SUS a Rede Cegonha, que consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o

direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada a gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como

à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.

Uma de suas diretrizes enfatiza a garantia das boas práticas e segurança na atenção ao parto e nascimento,

sendo um norteador da qualidade da assistência ao parto assistido pelo Enfermeiro Obstetra, organizando-se

em quatro componentes básicos: pré-natal, parto e nascimento, puerpério e atenção integral à saúde da

criança, e sistema logístico.


Resolução COFEN Nº 516, de Normatiza a atuação e a responsabilidade do Enfermeiro, Enfermeiro
24 de junho de 2016 Obstetra e Obstetriz na assistência às gestantes, parturientes,
puérperas e recém-nascidos nos Serviços de Obstetrícia, Centros de
Parto Normal e/ou Casas de Parto e outros locais onde ocorra essa
assistência; estabelece critérios para registro de títulos de
Enfermeiro Obstetra e Obstetriz no âmbito do Sistema
Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem, e dá outras
providências.
Resolução COFEN nº 478, de Normatiza a atuação e a responsabilidade civil do Enfermeiro Obstetra e
14 de abril de 2015 Obstetriz nos Centros de Parto Normal e/ou Casas de Parto e dá outras
providências.
Resolução COFEN nº 440, de Dispõe sobre a inscrição e registro de obstetriz e dá outras providências.
25 de abril de 2013
Resolução n° 305 de 25 de Dispõe sobre a regulamentação e responsabilidades do Enfermeiro em
abril de 2006 Centro de Parto Normal (casa de parto).
Resolução n° 223 de 03 de Dispõe sobre a realização do parto normal sem distócia identificando como
dezembro de 1999 da competência de Enfermeiros, e dos portadores de Diploma, certificado
de Obstetriz ou Enfermeiro Obstetra, bem como Especialistas em
Enfermagem Obstétrica e na Saúde da Mulher.
Retrocessos atuais...
 Bancada neopentecostal e neoliberalista (planos de saúde)
 Cremerj
 Nova caça as bruxas???
 Representatividade de classe?
 Ainda existe esperança???
PROJETO DE LEI Nº 261, 2019 (Do Sr. Márcio Labre)
Dispõe sobre a proibição do comércio, propaganda, distribuição e implantação pela Rede Pública de Saúde de
Micro Abortivos e dá outras providências.
Art. 1º - Ficam proibidos o comércio, a propaganda, a distribuição ou a doação de todo e qualquer micro abortivo.
§ 1º - Ficam proibidos também o uso, a implantação ou a prescrição pela Rede Pública de Saúde de micros abortivos.
§ 2º - Consideram-se micro abortivos o dispositivo intrauterino (DIU), a pílula só de progestógeno (minipílula), o
implante subcutâneo de liberação de progestógeno (Norpant), a pílula do dia seguinte, a pílula RU 486, a vacina
anti-HCG e qualquer outro dispositivo, substância ou procedimento que provoque a morte do ser humano já concebido,
ao longo de toda sua gestação, sobretudo antes da implantação no endométrio.
Art. 2º - A autoridade competente policial deverá apreender e destruir todo o material que viole, ou seja, destinado a violar
o disposto nesta Lei, podendo interditar o estabelecimento industrial ou comercial que reiteradamente descumprir as
presentes normas.
Art. 3º - Sem prejuízo das demais sanções civis, penais e administrativas cabíveis, os infratores desta Lei sujeitam-se ao
pagamento de multa no valor mínimo de 1.000 (um mil) e no máximo de 10.000 (dez mil) salários mínimos para pessoas
físicas, mínimo de 1% (um por cento) do faturamento anual, e de no máximo de 30% (trinta por cento) do faturamento
anual, para pessoas jurídicas.
Art. 4º - O Poder Público Federal não poderá contratar com pessoas jurídicas infratoras da presente Lei, enquanto durar a
infração e nos próximos 5 ( cinco) anos seguintes à consumação da mesma.
Art. 5º - Caberá ao Ministério da Saúde, através da Agência de Vigilância Sanitária - ANVISA, a fiscalização do
cumprimento desta Lei, podendo autuar os infratores e aplicar as penalidades previstas.
Art. 6º - A presente lei entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
JUSTIFICATIVA: Com se não bastassem às normas técnicas do Ministério da Saúde, instruindo os
hospitais da rede pública a praticarem o crime do aborto contra crianças de até cinco meses de
gestação, recentemente o mesmo Ministério anunciou a liberação do uso de um abortivo conhecido
como "pílula do dia seguinte". Não é a primeira vez que tal Ministério, abusando de suas atribuições
ousa autorizar a prática de crimes contra a vida. Já em 1984, o abortivo conhecido como DIU foi
liberado para o uso público. Um agravante nisso tudo é que o Ministério da Saúde, querendo burlar a
legislação, chama tais substâncias e dispositivos de “contraceptivos pós-coitais” ou “ contraceptivos de
emergência”, ocultando seu efeito real que é a indução do aborto na fase inicial da gestação, que se inicia
na concepção e vai até a implantação da criança no útero. Comete-se assim, não apenas um delito
contra a vida, mas um estelionato contra as mulheres, iludidas pela falácia de que estariam usando
um anticoncepcional, quando na verdade estão usando micro abortivos. O presente projeto tem por
finalidade combater frontalmente essa farsa e fazer valer, na prática, a inviolabilidade do direito à vida
assegurada pela Constituição Federal (art. 5º - caput), inviolabilidade que existe desde a concepção,
antes mesmo da nidação ou implantação no útero. Assim, conto, porém, primeiramente com a
proteção de Deus. Em segundo lugar, com o apoio de vários movimentos Pró-Vida dispersos pelo País,
cujo impacto sobre a opinião pública tem-se tornado cada vez maior nos nossos dias. Entre estes destaca-
se a Associação Nacional Mulheres pela Vida, um exército de ferrenhas defensoras da vida intrauterina,
que repudiaram explicitamente a "norma técnica" abortiva do Ministro José Serra. Espero também poder
contar com apoio dos ilustres colegas parlamentares, salientado que a proposta visa proteger a saúde da
mulher, o consumidor de tais falácias e defender a vida desde a concepção.
RESOLUÇÃO CREMERJ nº 293/2019 (23/01/19)
Dispõe sobre a proibição de adesão, por parte de médicos, a quaisquer documentos, dentre eles o plano de parto ou
similares, que restrinjam a autonomia médica na adoção de medidas de salvaguarda do bem estar e da saúde para o
binômio materno-fetal.
CONSIDERANDO que o médico deverá atuar com autonomia, sem renunciar à liberdade profissional, auxiliando o paciente no
processo de tomada de decisões de acordo com os ditames de sua consciência, observando as previsões legais e os procedimentos
diagnósticos e terapêuticos;
CONSIDERANDO que o médico pode se recusar a praticar atos médicos com os quais não concorda, ressalvados os casos de
risco de morte;
CONSIDERANDO que é vedado ao médico permitir que interesses de terceiros interfiram na escolha dos melhores meios de
prevenção, diagnóstico ou tratamento disponíveis e cientificamente reconhecidos no interesse da saúde do paciente ou da
sociedade;
CONSIDERANDO que é vedado ao médico deixar de utilizar todos os meios científicos disponíveis à realização de diagnóstico
e tratamento;
CONSIDERANDO que a assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato é parte integrante do conjunto de ações de atenção à
mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global e integral à saúde.
RESOLVE:
Art. 1º É vedado ao médico aderir e/ou subscrever documentos que restrinjam ou impeçam sua atuação profissional,
em especial nos casos de potencial desfecho desfavorável materno e/ou fetal.
Art. 2º A vedação contida no art. 1º não abrange as demais medidas sugeridas pela paciente no que se refere à
ambiência, autorização para participação como espectador do parto, dentre outras que não se relacionem com a
prática do ato médico.
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DA RESOLUÇÃO CREMERJ Nº 293/2019

Vem crescendo, nos últimos anos, modismos na obstetrícia que são deletérios à boa prática médica e que
colocam em risco a gestante e o concepto, além de interferirem de forma perigosa no Ato Médico. A situação se
tornou tão grave que, atualmente, quem muitas vezes decide os procedimentos a serem tomados pelos obstetras são
pessoas sem preparo para decisões que envolvem vida e morte.
Esse panorama se tornou um verdadeiro suplício para médicos, que ficam temerosos de serem processados
caso não sigam estas orientações. Muitas delas, completamente sem fundamento científico, com viés antimédico.
O trabalho de parto e o parto são situações permanentes de risco de morte. A mulher somente por estar grávida
tem risco muitas vezes maior de morrer que uma mulher não grávida, sendo o parto o ápice deste risco. Não à toa,
era a morte no parto uma das principais causas de óbito até tempos passados, não muito longínquos.
Esta pressão tem como consequência impedir a realização de procedimentos necessários e cientificamente
validados e, com isso, restringir o papel do médico. Ao fim e ao cabo, o resultado disso é o abandono da obstetrícia
por médicos competentes que não aceitam se submeter a isso; maternidades públicas tomadas por não médicos
realizando partos, com o objetivo de baratear a assistência em demérito da qualidade; e aumento das mortalidades
materna e infantil nos últimos anos no Brasil e no Rio de Janeiro. Dentre estes meios idealizados, temos o
chamado PLANO DE PARTO. Este documento entende-se para fim desta Resolução como uma série de normas
ditadas pela gestante, ou feitas em conjunto com o médico, comumente retiradas de modelos disponíveis em sítios
eletrônicos que determinam o que o médico pode ou não fazer.
A não aceitação do médico em assinar este documento pode causar inúmeros problemas para o profissional,
inclusive sendo passível de ser denunciado por “violência obstétrica”, outro termo inventado para difamar
médicos, dando a impressão que as violências que as gestantes sofrem são por culpa dos obstetras, sendo
estes tão vítimas do sistema quanto as grávidas.
Procedimentos salvadores são restritos ou proscritos sem quaisquer evidências para tal. Como alguns
dos exemplos temos: a episiotomia; a manobra de Kristeller, a cesariana; a analgesia de parto; o uso de
ocitocina; posições de assistência ao parto, dentre muitos outros.
É obrigação do obstetra estar atualizado sobre as melhores evidências médicas. A episiotomia é recomendada
somente em casos selecionados. A cesariana tem diversas indicações relativas e absolutas e Guideline de 2019 do
American College of Obstetricians and Gynecologists- ACOG mostrou que no atual nível de conhecimento não se
pode dizer que há uma via de parto mais segura; é desprovido de evidência científica ser dito que o parto vaginal é
melhor que a cesariana em situações em que não haja indicação de cesariana; a Resolução CFM nº 2.144/2016
libera a cesariana a pedido materno acima de 39 semanas. Importante também sempre orientar nesses casos que a
mulher que deseja uma prole maior deve preferir tentar o parto vaginal e mais importante ainda, é que a mulher
que manifesta seu desejo de tentar o parto vaginal, deve ter esta vontade totalmente respeitada, se possível.
A manobra de Kristeller muitas vezes está equivocadamente classificada como violência obstétrica e como
“proscrita”. Não há qualquer evidência científica de que não deva ser utilizada em situações necessárias. A
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia-FEBRASGO, ratificou a manobra de Kristeller
para situações necessárias e excepcionais. Acrescente-se a estes equívocos as interferências sobre a assistência
neonatal, incluindo o retardo nos cuidados ao bebê e a negação quanto à utilização de medidas preventivas e
imunizações.
É importante lembrar que os tratamentos de saúde geram obrigação de meio, não de resultado. A banalização
de processos contra médicos e profissionais da saúde tem alguns motivos; um deles é a confusão pelos pacientes
entre erro médico e mau resultado. A insatisfação decorrente de um tratamento, por si só, não gera
responsabilidade. Em outras palavras, o profissional deve atuar eticamente da melhor forma para tentar melhorar a
saúde de seu paciente, observando critérios técnicos e a boa relação médico-paciente, evitando a imposição de
barreiras.
Conquanto não fosse preciso escrever isso, tempos estranhos nos obrigam: não é razoável se solicitar
autorização para medidas de emergência em situações de risco iminente de morte materna ou fetal. Pelo exposto,
não cabem planos de partos impeditivos de medidas extremas e salvadoras nem de Termos de
Consentimento Livres e Esclarecidos para cesarianas de emergência ou para partos vaginais já em trabalho
de parto avançado. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido deve, obrigatoriamente, ser feito para a
cesariana a pedido materno sem causa médica e para cesarianas eletivas, conforme regramento e boa prática
vigentes.

A autonomia da gestante pode e deve ser respeitada, mas jamais trazendo riscos ao binômio materno-fetal.

RAPHAEL CÂMARA MEDEIROS PARENTE


Conselheiro-Relator
Legislação que impede a resolução Cremerj...
 Constituição Federal

Art. 5º: “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; que são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.

Art. 6º: “são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados”.

 Legislação Internacional

Na Argentina, a Lei Nacional 25.929, de 2004, chamada de “Lei do Parto Humanizado”.

Lei 26.485, de 2009, da Venezuela, a “Ley Orgánica sobre el Derecho de las Mujeresa uma Vida
Libre de Violência de 2007”.
 Código Penal

No Brasil, as normas de cunho não criminal que chegam mais próximo do assunto não são suficientes para
conter a escalada da violência obstétrica na rede de saúde, sendo atualmente tipificada no art. 129 lesão
corporal e art. 147 ameaça.

 Código Civil

Direitos da personalidade: Art. 11 “os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,


não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”.

Art. 12 “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e
danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”.

Art. 15 “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou
a intervenção cirúrgica”.
Lei Estadual

• Lei 11.108/ 2005 (lei do acompanhante), “os serviços de saúde ficam obrigados a permitir a presença,
junto à parturiente, de um acompanhante durante todo o período de trabalho de pré-parto, parto e pós-
parto imediato, por ela indicado”.

• Lei nº 17.097/2017 (Santa Catarina) atualmente é o único que tem norma acerca da temática,
considerando violência obstétrica todo ato praticado pelo médico, pela equipe do hospital, por
um familiar ou acompanhante que ofenda, de forma verbal ou física, as mulheres gestantes,
em trabalho de parto ou, ainda, no período puerpério.

• Lei nº 7.191/2016 (9.238/2021), que dispõe sobre o direito ao parto humanizado na rede pública de
saúde no estado do Rio de Janeiro e dá outras providências. Esta lei aborda diversos princípios de uma

assistência humanizada, entretanto a mais importante está em seu art. 10, §3º - É vedada a

realização da manobra de kristeller.


 LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015 (EPD)

Art. 19 Compete ao SUS desenvolver ações destinadas à prevenção de deficiências por causas evitáveis,
inclusive por meio de:

I - acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, com garantia de parto


humanizado e seguro;
II - promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, prevenção
e cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição da mulher e da criança;

III - aprimoramento e expansão dos programas de imunização e de triagem neonatal;

IV - identificação e controle da gestante de alto risco.


Enfermeira ganha prêmio internacional na categoria de Parteira
Heloisa Lessa, enfermeira obstétrica, será embaixadora dos Direitos Humanos no Parto
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a enfermeira obstétrica Heloisa Lessa recebeu o
Prêmio Campeão na categoria de Parteira (“Midwife”), pela Human Rights in Childbirth, conselho
voluntário de especialistas e defensores dos direitos de maternidade de todo o mundo.
Heloisa sempre lutou por uma maternidade segura e protegida, defendendo as mulheres e os
direitos do parto humanizado.
O prêmio foi criado para celebrar os profissionais que são apaixonados pelo seu trabalho e é uma
oportunidade também para que mais pessoas conhecerem o trabalho de Heloisa. Esse prêmio permitirá que
ela leve um pouco da sua experiência em Enfermagem Obstétrica para fora do Brasil e continue lutando por
melhores condições e espaço de trabalho.
Indicados por sua comunidade, os ganhadores se tornarão embaixadores dos Direitos Humanos no
Parto por um ano. Participarão de reuniões e conferências em nome da organização e serão apoiados pela
diretoria do conselho voluntário.
2020: Ano Internacional da Enfermeira Obstétrica e Parteira – O Conselho Executivo da
Organização Mundial de Saúde aprovou, em sua 144ª reunião, em Genebra, proposta do Conselho
Internacional de Enfermagem (CIE) e da campanha Nursing Now (“Enfermagem Agora”) para designar 2020
como ano das enfermeiras obstétricas e parteiras (“midwives”, ou obstetrizes). A indicação será levada à
Assembleia Mundial de Saúde, em maio, para deliberação.
RESOLUÇÃO CREMERJ N. 266/12
(ASSUNTO SUB-JUDICE*)

Dispõe sobre a responsabilidade do Diretor Técnico em relação a assistência perinatal prestada por pessoas não
habilitadas e/ou de profissões não reconhecidas na área da saúde.

R E S O L V E:
Art. 1º É vedada a participação de pessoas não habilitadas e/ou de profissões não reconhecidas na área da
saúde durante e após a realização do parto, em ambiente hospitalar, ressalvados os acompanhantes legais.
Parágrafo único. Estão incluídas nesta proibição as chamadas “doulas”, “obstetrizes”, “parteiras”, etc.
Art. 2º Esta Resolução não se aplica às enfermeiras obstetrizes legalmente reconhecidas conforme disposto nos
incisos II e III do artigo 6º da Lei nº 7.498/86.
Art. 3º O descumprimento desta Resolução é considerado infração ética passível de competente processo
disciplinar.
Parágrafo único. É responsabilidade do Diretor Técnico da unidade o cumprimento desta Resolução.
Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 13 de julho de 2012.


RESOLUÇÃO CREMERJ N. 265/12
(ASSUNTO SUB-JUDICE*)

Dispõe sobre a proibição da participação do médico em partos domiciliares.

R E S O L V E:
Art. 1º É vedada a participação do médico nas chamadas ações domiciliares relacionadas ao parto e assistência
perinatal.
Art. 2º É vedado ao médico participar de equipes de suporte e sobreaviso, previamente acordadas, a partos
domiciliares.
Art. 3º Ficam excetuadas as situações de urgência/emergência obstétrica, devendo ser feita a notificação
compulsória ao CREMERJ, circunstanciando o evento.
Art. 4º É compulsória a notificação ao CREMERJ, pelos Diretores Técnicos e plantonistas de unidades
hospitalares, do atendimento a complicações em pacientes submetidas a partos domiciliares e seus conceptos
ou oriundas das chamadas “Casas de Parto”.
Art. 5º O descumprimento desta Resolução é considerado infração ética passível de competente processo
disciplinar.
Art. 6º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 13 de julho de 2012.
TRETA CREMERJ Vs COREN – RJ
 Primeiramente, em 18 de junho de 2012, o CREMERJ encaminhou uma denúncia ao Conselho
Regional de Medicina de São Paulo, com vistas à punição ética do profissional médico obstetra
Jorge Kuhn, por ter se mostrado favorável ao parto domiciliar.
 No dia seguinte, 19 de Julho de 2012, este Conselho publicou as Resoluções CREMERJ nº 265 e
266/2012, gerando uma nova onda de protestos entre os defensores da humanização do parto e da
assistência ao parto domiciliar planejado.
 Em resumo, a Resolução CREMERJ nº 265/2012 proibia os médicos de atenderem partos
domiciliares, ou de participarem de equipes de retaguarda, quando efetuados por Enfermeiras
Obstétricas; ou seja, a mulher e o bebê não teriam mais o direito de contar com a assistência médica
pré-determinada caso fosse identificada qualquer alteração durante a gestação, o trabalho de parto,
parto ou puerpério, que necessitasse de uma intervenção médica em ambiente hospitalar.
 Somado a isso, a Resolução CREMERJ nº 266/2012 proibia que gestantes contassem com a
assistência de obstetrizes, doulas, parteiras, etc (conforme descrito no documento e que dá margem
para muitas interpretações) em ambiente hospitalar. Como artifício para atingir tal objetivo, o
CREMERJ proíbe aos diretores de instituições hospitalares, que são profissionais médicos, a
permitirem a entrada destas profissionais em hospitais e maternidades, e ameaçavam de
punição ética e até cassação dos direitos profissionais dos médicos que não as cumprissem.
 Compreendendo que as resoluções do CREMERJ, de um lado, ferem os princípios do SUS e as
determinações das propostas governamentais na área da Política Nacional de Assistência Integral de
Saúde da Mulher (PNAISM, 2004) e da Política de Atenção Básica a Saúde (PAB), na perspectiva
do SUS, e de outro lado, que as mesmas interferem diretamente no exercício profissional da
Enfermagem, principalmente de enfermeiras obstétricas e obstetrizes que atuavam em partos
domiciliares planejados.
 O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (COREN-RJ), órgão fiscalizador da prática
profissional, ajuizou uma Ação Civil Pública contra o CREMERJ no dia 27 de julho de 2012.
 Aos 30 dias do mês de julho de 2012 o Ilmo. Juiz Federal Dr. Gustavo Arruda Macedo, da 2ª Vara
Federal do Rio de Janeiro, deferiu o pedido de suspensão dos efeitos das Resoluções CREMERJ nº
265 e 266/2012 até ulterior decisão deste juízo, ou que instâncias superiores se manifestem.
 Aos 26 dias do mês de setembro de 2012, o CREMERJ apresentou contestação tanto da antecipação
de tutela, quanto da ação civil pública principal, e o COREN-RJ foi mais uma vez solicitado a se
pronunciar em defesa da matéria, encaminhando ao Ministério Público um documento detalhado
sobre as ações de Enfermeiras Obstétricas e Obstetrizes na assistência a mulher e bebês durante o
trabalho de parto e parto.
 Após 13 dias do mês de março do ano de 2012, o Ilmo. Desembargador Federal Dr. Sergio
Schwaitzer emitiu decisão favorável ao COREN-RJ, mantendo as resoluções anuladas até o
julgamento final do processo, que ainda está em curso.
Parecer CTASM nº 001/2013 Coren-RJ
EMENTA: Atuação e a responsabilidade civil da Enfermeira Obstétrica e Obstetriz na Assistência ao Parto Domiciliar
Planejado.
Art. 1º Definir os parâmetros mínimos para a assistência segura e de qualidade de Enfermagem obstétrica para mulheres e
seus filhos atendidos em domicílio:
I - A enfermeira obstétrica e obstetriz ao oferecer a assistência à mulher no parto domiciliar planejado deverá obter sua
anuência por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
II – A enfermeira obstétrica e obstetriz prestará assistência ao parto domiciliar planejado de mulheres que realizaram o
acompanhamento pré-natal e foram classificadas como gestantes de risco habitual, de acordo com os parâmetros
estabelecidos pelos protocolos do Ministério da Saúde e/ ou das Secretarias de Saúde;
III - A enfermeira obstétrica e obstetriz deverão definir em conjunto com a mulher e sua família, durante a assistência pré-
natal a equipe de referência/instituição, seja para o setor público ou privado, para os casos que necessitem transferência de
nível de assistência durante o pré-natal, parto ou puerpério;
IV – A enfermeira obstétrica e obstetriz são responsáveis pela avaliação contínua do risco obstétrico em todo o período de
acompanhamento do parto domiciliar planejado, e seu respectivo encaminhamento para a continuidade da assistência e
atendimento médico em caso de identificação de risco;
V - A enfermeira obstétrica e obstetriz são as responsáveis pela identificação dos sinais de início de trabalho de parto e
pelas avaliações subsequentes;
VI – A enfermeira obstétrica e obstetriz são responsáveis pela organização e funcionamento do processo de atendimento
integral provendo todos os recursos necessários, inclusive materiais de consumo e equipamentos necessários para o
atendimento ao parto domiciliar planejado e atendimento das intercorrências obstétricas até a chegada ao local de
referência, conforme instrumentos disciplinados no anexo;
http://rj.corens.portalcofen.gov.br/wp-content/uploads/2014/09/ctasm_001-2013_Pareceres-2013-e-2014.pdf
VII – A enfermeira obstétrica e obstetriz deverão utilizar no processo de trabalho materiais esterilizados de acordos com as
normas vigentes.
VIII – A enfermeira obstétrica e obstetriz deverão assegurar a transferência e o acompanhamento da mulher e/ou bebê para
a unidade de referência mais próxima ao seu domicílio ao primeiro sinal de intercorrência, gravidade e ou complicação.
Art. 2 - A enfermeira obstétrica e obstetriz devem ter a especialidade na área e ser registrada no Conselho Regional;
Art. 3 - À enfermeira obstétrica e obstetriz, como profissional liberal, incluem as seguintes competências e
responsabilidades básicas:
I – Cadastramento na Secretaria Municipal de Saúde local para identificação do profissional responsável e acesso à
Declaração de Nascido Vivo (DNV), bem como o cumprimento dos protocolos ou diretrizes definidas nos programas
governamentais ou por essa Secretaria .
II - Responsabilidade Técnica perante o órgão fiscalizador do exercício profissional sobre a assistência ao parto domiciliar
planejado;
III – Desenvolvimento de atividades técnico/científicas no domicilio de forma sistematizada.
IV – Registro, assinatura e carimbo sobre os cuidados prestados à mulher e ao recém-nascido em prontuário
individualizado;
V – Avaliação e registro contínuo dos indicadores dos resultados da assistência perinatal prestada.
Art. 4 - A enfermeira obstétrica e obstetriz fundamenta a assistência integral à mulher no parto domiciliar planejado por
meio de: I – Atenção Integral a Saúde da Mulher no ciclo gravídico-puerperal; II – Consulta de Enfermagem; III –
Prescrição de medicamentos conforme o estabelecido pelo Ministério da Saúde e disciplinado pelas Secretarias Estaduais e
Municipais de Saúde; IV – Solicitação de exames de rotina e complementares; V – Prestação de serviços de Enfermagem
domiciliar – Home Care; VI – Atuação na coleta de sangue do cordão umbilical e placentário de acordo com normas
vigentes; VII – Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em níveis de atendimento públicos
e privados.
Rio de Janeiro, em 6 de setembro de 2017.
Deputada ENFERMEIRA REJANE
PROJETO DE LEI Nº 3369/2017

DISPÕE SOBRE A OBRIGATORIEDADE DAS MATERNIDADES, CASAS DE PARTO E


ESTABELECIMENTOS HOSPITALARES CONGÊNERES, DA REDE PÚBLICA E PRIVADA, PERMITIR
A ENTRADA E PERMANÊNCIA DE ENFERMEIRAS OBSTÉTRICAS AUTÔNOMAS, SEMPRE
QUE SOLICITADAS PELA MULHER, DURANTE O PERÍODO DE TRABALHO DE PARTO, PARTO E
PÓS-PARTO IMEDIATO, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
Art. 1.º Fica assegurado a toda mulher o direito de receber assistência de uma enfermeira obstétrica...
§ 4.º- Os serviços privados de assistência, prestados pelas enfermeiras obstétricas durante todo o período de
trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, bem como as despesas com paramentação, não acarretarão
quaisquer custos adicionais para as maternidades, casas de parto, estabelecimentos hospitalares congêneres.
§ 5.º - A Enfermeira Obstétrica atuará com base nas tecnologias não-invasivas de cuidado de Enfermagem
Obstétrica, não confundindo sua assistência com a de outras categorias profissionais.
§ 6.° - A presença das enfermeiras obstétricas dependerá de expressa autorização da mulher que, deverá
comunicar previamente à unidade de saúde e aos profissionais envolvidos diretamente na atenção obstétrica.
Art. 2.º - As enfermeiras obstétricas, para o regular exercício da profissão, serão autorizadas a entrar e
permanecer nas maternidades, casas de parto, estabelecimentos hospitalares congêneres, da rede pública e
privada, com seus respectivos materiais de trabalho, condizentes com as normas de segurança e ambiente
hospitalar.
http://www3.alerj.rj.gov.br/lotus_notes/default.asp?id=144&url=L3NjcHJvMTUxOS5uc2YvMGM1YmY1Y2RlOTU2MDFmOTAzMjU2Y2FhMDAyMzEzMWIvNDdhYTgzYTU3ZTFlNTE4YjgzMjU4MTk5MDA2YzIwNDY/T3BlbkRvY3VtZW50JkhpZ2hsaWdodD0
wLDMzNjklMkYyMDE3P09wZW5Eb2N1bWVudCZFeHBhbmRWaWV3
PROJETO DE LEI Nº 3369/2017
JUSTIFICATIVA
O Projeto de Lei que submeto a apreciação desta Casa de Leis, tem por objetivo propor que as mulheres
possam decidir ter o acompanhamento de uma Enfermeira Obstétrica durante o trabalho de parto, parto e
pós-parto, sem que a profissional seja impedida de entrar nas instituições/ estabelecimentos de saúde, como vem
ocorrendo no estado do Rio de Janeiro atualmente.
A realidade do Estado do Rio de Janeiro mostra uma prática hegemônica do parto hospitalar medicalizado
com taxas elevadas e crescentes de cesáreas desnecessárias, chegando a mais de 50% do total de nascimentos do
estado...
Em contrapartida, estudos demonstram que a presença de Enfermeiras Obstétricas e a utilização de
tecnologias não-invasivas de cuidado de Enfermagem Obstétrica diminuem as intervenções desnecessárias
no parto, aumentando a chance de ter como desfecho um parto humanizado, elevando a satisfação das mulheres
acerca da experiência de parir, e contribuindo para o bem-estar da mãe e do bebê (LEAL, 2014; SEIBERT, 2010).

http://www3.alerj.rj.gov.br/lotus_notes/default.asp?id=144&url=L3NjcHJvMTUxOS5uc2YvMGM1YmY1Y2RlOTU2MDFmOTAzMjU2Y2FhMDAyMzEzMWIvNDdhYTgzYTU3ZTFlNTE4YjgzMjU4MTk5MDA2YzIwNDY/T3BlbkRvY3VtZW50JkhpZ2hsaWdodD0
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PROJETO DE LEI Nº 3369/2017
JUSTIFICATIVA
Assim, uma mulher poderia se beneficiar dos cuidados profissionais no período pré-hospitalar,
chegando a unidade em momento oportuno, e podendo desfrutar dos benefícios/ conhecimentos deste
profissional durante o período de parto e pós-parto imediato em ambiente hospitalar.
Entretanto, em retrocesso, atualmente as mulheres que optam pelo acompanhamento de enfermeiras
obstétricas no Estado do Rio de Janeiro não conseguem a continuidade do acompanhamento prestado ao
chegarem às instituições, pois precisam escolher entre estar com a profissional ou com um acompanhante,
geralmente familiar, de sua livre escolha, conforme Lei 11.108 de 07 de abril de 2005.
Ressalte-se que o Estado do Rio de Janeiro já permite a entrada das Doulas, ocupação profissional cujo
objetivo é a promoção do suporte físico e emocional da mulher no momento do parto. Este projeto de lei visa a
aprimorar o campo de atendimento e respeito ao direito das mulheres por assistência, que poderão optar por
uma ou outra forma, garantindo que a mulher possa manter o vínculo profissional estabelecimento antes de sua
chegada à instituição.
http://www3.alerj.rj.gov.br/lotus_notes/default.asp?id=144&url=L3NjcHJvMTUxOS5uc2YvMGM1YmY1Y2RlOTU2MDFmOTAzMjU2Y2FhMDAyMzEzMWIvNDdhYTgzYTU3ZTFlNTE4YjgzMjU4MTk5MDA2YzIwNDY/T3BlbkRvY3VtZW50JkhpZ2hsaWdodD0
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Requisitos para uma norma jurídica existir...
VALIDADE

VIGÊNCIA EFETIVIDADE

NORMA JURÍDICA/LEI

EXISTÊNCIA EFICÁCIA

LEGITIMIDADE
VALIDADE

VIGÊNCIA EFETIVIDADE

NORMA JURÍDICA/LEI

EXISTÊNCIA EFICÁCIA

LEGITIMIDADE

 Validade de uma lei está relacionada ao atendimento aos aspectos formais e


materiais exigidos na CF/88. “Legalidade da lei”.
 Vigência de uma lei está relacionada à sua publicidade, respeitando à vacatio legis, ou seja,
um período previsto para que depois da publicação, a lei ingresse no mundo jurídico.
 Eficácia da lei está relacionada à possibilidade da lei, uma vez válida e devidamente
publicada, vir a surtir efeitos junto aos seus destinatários e no mundo jurídico. Uma lei é
eficaz quando cumprida a sua função social.
 Existência é a mera manifestação da vontade.
 Efetividade (jurídica e social) representa o fato da norma jurídica se impor perante quem
quer que seja. Uma norma jurídica será efetiva se observada tanto pelos aplicadores do
Direito como pelos destinatário dessas normas.
 Legitimidade é ser originada do poder competente, ou seja, ser produzida, por quem,
conforme a lei, possa fazer.
E-mail: merienegomes90@gmail.com
Cel: 99181-0880
Referências
• Silva, Tânia Maria de Almeida. Curiosas, obstetrizes, enfermeiras obstétricas: a presença das parteiras na saúde
pública brasileira: 1930-1972 / Tânia Maria de Almeida Silva .– Rio de Janeiro : s.n., 2010. 259 f .
• Anayansi Correa Brenes. História da Parturição no Brasil, Século XIX.
• Amorim, Torcata. O resgate da formação e inserção da enfermeira obstétrica na assistência ao parto no Brasil /
Torcata Amorim. – São Paulo, 2010. 290 p.
• Winck DR, Brüggemann OM. inck DR, Brüggemann OM. Responsabilidade legal do enfermeiro em
obstetrícia. Rev Bras Enferm, Brasília 2010 maio-jun; 63(3): 464-9.
• Legislação Profissional e Marcos Regulatórios da Prática Assistencial da Enfermeira Obstétrica no Sistema
Único de Saúde. Rio de Janeiro: Centro de Estudos da Faculdade de Enfermagem da UERJ, 2010. 164 p. il., tab.

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