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ÉTICA NA ENFERMAGEM
Prof. Silas

LEGISLAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL

COMPETÊNCIAS

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE ÉTICA

A Ética é um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou
errado. As palavras ética e moral têm a mesma base etimológica: a palavra grega ethos e a
palavra latina moral, ambas significam hábitos e costumes.
A ética, como expressão única do pensamento correto, conduz à ideia da universalidade
moral, ou ainda, à forma ideal, universal do comportamento humano, expressa em princípios
válidos para todo pensamento normal e sadio.
A palavra ética vem do grego – ethikos –, e significa aquilo que pertence ao (ethos), que
significava "bom costume", "costume superior", ou "portador de caráter". Uma das possíveis
definições de ética seria a de que é uma parte da filosofia (e pertinente às ciências sociais) que
lida com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases da moralidade
social e da vida individual. Em outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações
sociais consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual.
A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei
tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo
pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem
sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas. Por outro lado, a lei pode ser omissa quanto
a questões abrangidas no escopo da ética.

A ÉTICA NA FILOSOFIA

O filósofo Pitágoras – 570 a 490 a. C – desenvolveu suas primeiras reflexões sobre a


moral a partir do orfismo, afirmando a superioridade da natureza intelectual sobre a natureza
sensual, bem como a supremacia da vida dedicada à disciplina mental.
Todavia, outro filósofo grego, denominado Sócrates – 470 a 399 a.C. –, é apontado
como o fundador da filosofia moral. A contribuição de Sócrates para a filosofia teve um grande
estilo ético, pois os ensinamentos de Sócrates estavam embasados nos conceitos de amor,
justiça virtude e conhecimento de si. Para Sócrates a virtude surge do conhecimento e a
educação, que faz com que as pessoas ajam de acordo com a moral.
Outro filósofo de destaque para as questões relacionadas à ética da época foi o filósofo
ateniense Platão – 428 a 347 a. C –, que herdou de Sócrates muito de suas preocupações sobre
a moral. Platão tinha como tema a boa convivência dos homens em sociedade.
Aristóteles – 384 a 322 a. C – aliava a ética com o caráter e a conduta dos indivíduos, e
a política com os estudos que regem a existência do homem vivendo em sociedade, e afirma
que ética e política são inseparáveis.

LEGISLAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL

As diversas profissões possuem seus códigos específicos. Não porque uma área de
atuação é melhor do que a outra, mas sim pelo fato de que as peculiaridades de cada profissão
exigem normas e legislações direcionadas. Além do Código de Ética, tem-se também outras
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legislações que falam sobre a profissão do Técnico de Enfermagem, como por exemplo a Lei
n. 5.905, de 12 de julho de 1973 que “Dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais
de Enfermagem e dá outras providências”.
A Lei n. 7.498, de 25 de junho de 1986 que Dispõe sobre a regulamentação do exercício
da enfermagem e dá outras providências”. Vale destacar nessa legislação alguns artigos que
tratam especificamente dos profissionais técnicos em enfermagem:
Parágrafo único. A enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo
Técnico de Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os
respectivos graus de habilitação.
Art. 7º São Técnicos de Enfermagem: I o titular do diploma ou do certificado de Técnico
de Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e registrado pelo órgão competente;
II o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso
estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil
como diploma de Técnico de Enfermagem.
Art. 12 O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo
orientação e acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau auxiliar, e participação no
planejamento da assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
a) participar da programação da assistência de enfermagem;
b) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro;
c) participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar;
d) participar da equipe de saúde.
Já o Decreto n. 94.406, de 08 de junho de 1987 trata sobre a regulamentação da Lei
7.498/1986 “que dispõe sobre o exercício da Enfermagem e dá outras providências”. Entre os
diversos artigos, destacaremos apenas o que nos interessa nesse momento:
Art. 1º O exercício da atividade de Enfermagem, observadas as disposições da Lei n.
7.498, de 25 de junho de 1986, e respeitados os graus de habilitação, é privativo de Enfermeiro,
Técnico de Enfermagem, Auxiliar de Enfermagem e Parteiro e só será permitido ao profissional
inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva região.
Art. 5º São técnicos de Enfermagem:
I o titular do diploma ou do certificado de técnico de Enfermagem, expedido de acordo
com a legislação e registrado no órgão competente;
II o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso
estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil
como diploma de técnico de Enfermagem.
Art. 10 O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio
técnico, atribuídas à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I assistir ao Enfermeiro:
a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência
de Enfermagem;
b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado grave;
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de
vigilância epidemiológica;
d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados
a pacientes durante a assistência de saúde.
II executar atividades de assistência de Enfermagem, excetuadas as privativas do
Enfermeiro e as referidas no Art. 9º deste Decreto:
III integrar a equipe de saúde.
Art. 14 Incumbe a todo o pessoal de Enfermagem:
I cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da Enfermagem;
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II quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as atividades da assistência de


Enfermagem, para fins estatísticos;
Art. 15 Na administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal, do
Distrito Federal e dos Territórios será exigida como condição essencial para provimento de
cargos e funções e contratação de pessoal de Enfermagem, de todos os graus, a prova de
inscrição no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva região.
Parágrafo único. Os órgãos e entidades compreendidos neste artigo promoverão, em
articulação com o Conselho Federal de Enfermagem, as medidas necessárias à adaptação das
situações já existentes com as disposições deste Decreto, respeitados os direitos adquiridos
quanto a vencimentos e salários
A atuação profissional deve ser lembrada de maneira pessoal, mas ressaltando-se o
trabalho em equipe, haja vista que muito dificilmente a coletividade não influencia na relação
laboral. Nesse sentido, devemos lembrar que a forma de atuar profissionalmente requer
princípios gerais que norteiam não apenas uma pessoa mas sim um grupo de pessoas que atuam
no âmbito profissional.
Assim pode-se definir ética profissional como “conjunto de atitudes e valores positivos
aplicados no ambiente de trabalho. A ética no ambiente de trabalho é de fundamental
importância para o bom funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho
entre os funcionários”.

DIREITOS DO USUÁRIO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

1. Toda pessoa tem direito ao acesso a bens e serviços ordenados e organizados para garantia
da promoção, prevenção, proteção, tratamento e recuperação da saúde.
2. Toda pessoa tem direito ao tratamento adequado e no tempo certo para resolver o seu
problema de saúde.
3. Toda pessoa tem direito ao atendimento humanizado, realizado por profissionais
qualificados, em ambiente limpo, acolhedor e acessível a todas as pessoas.
4. Toda pessoa deve ter seus valores, sua cultura, crença e seus direitos respeitados na relação
com os serviços de saúde.
5. Toda pessoa é responsável para que seu tratamento e sua recuperação sejam adequados e sem
interrupção.
6. Toda pessoa tem direito à informação sobre os serviços de saúde e as diversas formas de
participação da comunidade.
7. Toda pessoa tem direito a participar dos conselhos e das conferências de saúde e de exigir
que os gestores federal, estaduais e municipais cumpram os princípios desta carta.
A carta dos direitos dos Usuários da Saúde foi aprovada no Conselho Nacional de Saúde
em junho de 2009, e publicada na Portaria n. 1.820, de 13 de agosto de 2009.

IDENTIDADE DE CLASSE E AS ORGANIZAÇÕES DE INTERESSE DA


ENFERMAGEM E DEFESA DA CIDADANIA

A criação dos conselhos de enfermagem partiu da necessidade de fiscalização do


exercício profissional, sendo um grande avanço no processo de profissionalização que teve
iniciativa primordial por parte de enfermeiras pioneiras da ABED – Associação Brasileira de
Enfermeiras Diplomadas – hoje chamada de ABEn, que lutaram pela criação de um sistema
que regulamentasse e inspecionasse o exercício da enfermagem. Depois de lutas enfrentadas
pela classe, criaram-se os Conselhos Federal e Regional de Enfermagem através da Lei 5.905,
de 12 de julho de 1973, dispondo sobre a criação dos Conselhos de Enfermagem.
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Para o pleno e legal exercício profissional está a inscrição no Conselho Regional de


Enfermagem da região em que irá atuar, isto porque os Conselhos Regionais de Enfermagem
criados pela Lei n. 5.905/1973 foram divididos por estado ou território, conforme seu art. 4º:
Haverá um Conselho Regional em cada Estado e Território, com sede na respectiva capital, e
no Distrito Federal.
Hoje o país conta com vinte e sete Conselhos Regionais distribuídos em todos os
Estados da Federação e no Distrito Federal. A área de abrangência de cada regional se limita
ao seu Estado e cabe ao profissional de Enfermagem proceder sua inscrição no Estado em que
atua.
Importante ressaltar que por período curto o profissional poderá exercer a atividade em
outro Estado, mas, além disso, deverá providenciar transferência da inscrição principal ao novo
Estado ou requerer inscrição secundária em outro regional. A inscrição secundária confere ao
inscrito as mesmas garantias profissionais e permite que sua atuação seja estendida a outro
Estado que não o da inscrição principal. Nesse sentido trata a Resolução Cofen n. 448/2013,
em seu art. 11:
I – Aprovar seu regimento interno e os Conselhos Regionais;
II – Instalar os Conselhos Regionais;
III – elaborar o Código de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário,
ouvidos os Conselhos Regionais;
IV – Baixar provimentos e expelir instruções, para uniformidade de procedimento e bom
funcionamento dos Conselhos Regionais;
V – Dirimir as dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais;
VI – Apreciar, em grau de recursos, as decisões dos Conselhos Regionais;
VII – instituir o modelo das carteiras profissionais de identidade e as insígnias da
profissão;
VIII – Homologar, suprir ou anular atos dos Conselhos Regionais;
IX – Aprovar anualmente as contas e a proposta orçamentária da autarquia, remetendo-
as aos órgãos competentes;
X – Promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional;
XI – Publicar relatórios anuais de seus trabalhos;
XII – Convocar e realizar as eleições para sua diretoria;
XIII – Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei.

Art. 15- Compete aos Conselhos Regionais:


I – Deliberar sobre inscrição no Conselho e seu cancelamento;
II – Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observadas as diretrizes gerais do
Conselho Federal;
III – Fazer executar as instruções e provimentos do Conselho Federal;
IV – Manter o registro dos profissionais com exercício na respectiva jurisdição;
V – Conhecer e decidir assuntos atinentes à ética profissional, impondo as penalidades
cabíveis;
VI – Elaborar a sua proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno e
submetê-lo à aprovação do Conselho Federal;
VII- Expedir a carteira profissional indispensável ao exercício da profissão, a qual terá
fé pública em todo o território nacional e servirá de documento de identidade;
VIII – Zelar pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam;
IX – Publicar relatórios anuais de seus trabalhos e a relação dos profissionais
registrados;
X – Propor ao Conselho Federal medidas visando à melhoria do exercício profissional;
XI- fixar o valor da anuidade;
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XII – Apresentar a prestação de contas ao Conselho Federal, até o dia 28 de fevereiro


de cada ano;
XIII - Eleger sua diretoria e seus delegados eleitores ao Conselho Federal;
XIV – Exercer as demais atribuições que lhes forem conferidas por esta Lei ou pelo
Conselho Federal.

OS DIFERENTES NÍVEIS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL E SUA ATUAÇÃO

Como primeiro ponto, para ser considerado um profissional de Enfermagem é exigida a


habilitação que se dá a partir da conclusão do curso relativo a cada categoria profissional.
Dessa forma, o Enfermeiro deverá ter concluído Curso de Graduação de Enfermagem,
com a emissão de diploma por Universidade autorizada pelo Ministério da Educação (MEC), e
com currículo de acordo com o que determina a Resolução do Conselho Nacional de Educação
n. 03, de 7 de novembro de 2001, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Enfermagem.
As bases curriculares consideradas para o curso de Auxiliar e de Técnico de
Enfermagem são definidas na Resolução do Conselho Nacional de Educação n. 04, de 7 de
outubro de 1999, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional
de Nível Técnico.
No caso do Técnico de Enfermagem, este deverá se habilitar com a conclusão de curso
técnico específico, em escola com autorização, sendo exigida a conclusão do ensino médio.
O Auxiliar de Enfermagem é profissional de nível médio ou fundamental, com
certificado expedido por instituição autorizada, conforme a legislação educacional e registrado
pelo órgão competente.
Lei n. 7.498, de 25 de junho de 1986: Dispõe sobre a regulamentação do exercício da
enfermagem e dá outras providências.
Art. 1º É livre o exercício da Enfermagem em todo o território nacional, observadas as
disposições desta lei.
A Constituição Federal em seu art. 5º, ao tratar dos direitos fundamentais, insere a
liberdade de exercício profissional, assim definida:
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
A determinação constitucional traz a indicação de que pode ser restringida, permitindo
que lei infraconstitucional estabeleça requisitos para o pleno exercício da profissão. Sendo
assim, a cada pessoa é permitido escolher a atividade profissional que pretende exercer, mas a
legislação específica faz as imposições necessárias para que exerça tal atividade profissional,
em todos os seus graus de atuação.
Tais restrições podem ser de diversas ordens e estarão dispostas na legislação que
regulamenta cada profissão, sendo em geral exigida a formação e o registro no Conselho
profissional.
A lei traz, a seguir, em seus arts. 2º, 6º, 7º e 8º, a explanação das exigências legais que
permitem o exercício da Enfermagem em seus diversos graus de habilitação, conforme
garantido pela Constituição Federal.
Art. 2º A Enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por
pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição
na área onde ocorre o exercício.
Nesse artigo o legislador inicia a definição das exigências legais para o exercício da
Enfermagem.
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DIVERSOS TIPOS DE HOSPITAIS E SUA ESTRUTURA

Atualmente, define-se hospital como a instituição devidamente aparelhada em pessoal


e material, destinada ao diagnóstico e tratamento de pessoas que necessitem de assistência
médica diária e cuidados permanentes de enfermagem, em regime de internação.
O sistema é dividido em níveis de atenção (primário, secundário e terciário) e
complexidade (baixa, média e alta). No nível terciário, dos hospitais especializados, são
realizados procedimentos de média e alta complexidade incluindo medidas de reabilitação.
Os hospitais são as engrenagens principais do sistema de prestação de serviços de saúde.
Além de serem responsáveis por todas as internações, oferecem uma ampla gama de
atendimentos ambulatoriais e empregam 56% de todos os profissionais de saúde, consumindo
67% do gasto total com a saúde e 70% dos gastos públicos na área.
O setor hospitalar brasileiro é composto por três subsetores principais:
 Hospitais públicos administrados por autoridades federais, estaduais e municipais. Quase
todos são financiados pelo poder público;
 Hospitais privados conveniados ou contratados pelo SUS. Cerca de 70% das unidades
privadas recebem financiamento público;
 Hospitais particulares com fins lucrativos e alguns filantrópicos não financiados pelo SUS.
O setor hospitalar brasileiro possui uma grande importância no sistema de saúde. No
que se refere ao tamanho, os hospitais brasileiros são classificados por porte, segundo o número
de leitos, como pequenos (1 a 49 leitos), médios (50 a 149), grandes (150 a 499) e especiais
(acima de 500 leitos). É possível perceber que apesar da maioria dos hospitais ser de pequeno
porte, respondem por apenas 18% dos leitos hospitalares, o que tem implicações importantes
para a qualidade e a eficiência de escala, estando em desacordo com os padrões internacionais.
Os hospitais brasileiros são responsáveis por quase 20 milhões de internações por ano,
além de produzirem ¾ de todos os atendimentos de emergência e uma significativa parcela de
atendimento ambulatorial. A maior parte dos serviços é produzida pelo SUS, sendo a maior
parte destas internações financiadas pelo SUS feitas em unidades privadas.
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem como importante princípio doutrinário a
hierarquização dos serviços de saúde, que consiste na articulação de diferentes níveis de
complexidade, ou seja, cuidados que perpassam desde atenção primária até a terciária. De
acordo com este princípio em cada nível de complexidade do SUS o usuário deve ser atendido
em conformidade com a necessidade e a complexidade do seu quadro de saúde.
O primeiro nível de complexidade ou nível primário tem por característica a Estratégia
Saúde da Família (ESF), Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou postos de saúde. Esse nível de
atenção tem como serviços a marcação de consultas, exames, vacinas, entre outros conjuntos
de ações que visam principalmente à prevenção e diminuição dos riscos à saúde da população.
O segundo nível de complexidade ou nível secundário, apresenta atendimento
especializado, clínicas, Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (SAMU), serviços que realizam procedimentos de intervenção e
tratamentos de doenças agudas e crônicas.
No terceiro nível de complexidade ou nível terciário estão os Hospitais de grande porte,
maternidade, hospital dia e os Prontos Socorros (PS), onde são realizados procedimentos
invasivos de maior risco à vida humana e condutas de manutenção dos sinais vitais2. Apensar
da importância do princípio da hierarquização, observou-se durante nossas experiências
acadêmicas nos estágios de prática que a população carece de conhecimento sobre os níveis de
atenção à saúde e seus respectivos serviços ou procedimentos realizados em cada nível, bem
como os locais onde são prestados esses serviços de saúde.
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CONHECIMENTOS BÁSICOS SOBRE ÉTICA APLICADA À ENFERMAGEM

A enfermagem trabalha com vidas a todo o momento, sendo uma profissão


predominantemente humana, onde seus cuidados e tratamentos devem, e são baseados em ética
e moral, como princípios básicos.
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem é instrumento legal que rege os
princípios, os direitos, as responsabilidades, os deveres e as proibições pertinentes a conduta
ética dos profissionais da enfermagem. Conta com a colaboração dos conselhos de enfermagem
com seu caráter fiscalizatório, permitindo assim, que o exercício legal da profissão possua
caráter de excelência e, além disso, possa estar dentro da ética e bioética no que concerne às
práticas de enfermagem.
As atitudes dos profissionais de enfermagem devem fundamentar-se nos valores da
profissão e em seu Código de Ética, assegurando a promoção, proteção e recuperação da saúde
e reabilitação das pessoas. Desse modo, as decisões tomadas por estes profissionais devem ser
norteadas por preceitos éticos e legais, e o uso de autonomia.

NEGLIGÊNCIA, IMPERÍCIA E IMPRUDÊNCIA NAS AÇÕES DE ENFERMAGEM

Os dilemas éticos vão surgindo no dia a dia, exigindo do profissional atualização


constante. Daí o caráter dinâmico da discussão ética, haja vista que os valores são históricos,
portanto, mutáveis, pois construídos para atender as nuances de determinado contexto sócio-
político-econômico e cultural.
O paciente dos dias de hoje, por ter consciência de seus direitos de consumidor, requer
mais atenção, respeito e habilidade do enfermeiro, tendo deixado de ser tão passivo a tudo.
Alguns pacientes querem participar de seus cuidados e compreender o que está ocorrendo no
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seu processo de hospitalização. Nesse sentido, o Código de Ética dos Profissionais de


Enfermagem, em seu artigo 16 é muito claro ao assegurar ao cliente o direito de que lhe seja
prestada uma assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de negligência, imperícia
ou imprudência.
A responsabilidade é o dever jurídico de responder pelos próprios atos ou de outrem,
sempre que estes atos violem os direitos de terceiros protegidos por Lei, garantindo o
ressarcimento de danos causados culposamente, seja por imperícia, negligência ou
imprudência, por parte do profissional.
A negligência consiste na inação, inércia, passividade ou omissão, entendendo que é
negligente quem, podendo ou devendo agir de determinado modo, por indolência ou preguiça
mental, não age ou se comporta de modo diverso.
Art. 26 do capítulo das proibições – negar assistência de enfermagem em qualquer
situação que se caracterize como urgência ou emergência.
A imperícia reveste-se da falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade
para executar determinada atribuição. Trata-se, portanto, de uma atitude comissiva (de cometer
ou agir) por parte do profissional, expondo o cliente a riscos e com a possibilidade de
acometimento danoso à integridade física ou moral.
Em contrapartida, a imprudência decorre da ação açodada, precipitada e sem a devida
precaução. É imprudente quem expõe o cliente a riscos desnecessários ou que não se esforça
para minimizá-los.
A equipe de enfermagem, ao cuidar de um cliente, não se obriga a curá-lo, contudo,
deve utilizar todos os recursos humanos e técnicos possíveis e disponíveis para garantir uma
assistência de enfermagem segura e eficaz, isto é, isenta de riscos de ocorrências prejudiciais,
tendo como desvelo a conduta inapta, imprudente ou negligente do profissional de enfermagem.
Outros artigos relacionados às proibições:
Art. 27 – Executar ou participar da assistência à saúde sem o consentimento da pessoa ou de
seu representante legal, exceto em iminente risco de morte;
Art. 30 – Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da
possibilidade dos riscos;
Art. 31 – Prescrever medicamentos e praticar ato cirúrgico, exceto nos casos previstos na
legislação vigente e em situação de emergência;
Art. 32 – Executar prescrições de qualquer natureza, que comprometam a segurança da pessoa;
Art. 33 – Prestar serviços que por sua natureza competem a outro profissional, exceto em caso
de emergência;
Art. 34 – Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso com qualquer forma de violência;
Art. 35 – Registrar informações parciais e inverídicas sobre a assistência prestada.

EUTANÁSIA E ABORTO
Dentre as proibições preconizadas no Código de Ética da Enfermagem o artigo 29
proíbe que o profissional de enfermagem não deve promover a eutanásia ou participar em
prática destinada a antecipar a morte do cliente.
Em relação ao aborto, ele também se encontra no capítulo que aborda as proibições e
mostra em seu artigo 28 que é proibido provocar aborto ou cooperar em prática destinada a
interromper a gestação.
Em parágrafo único dentro do mesmo capítulo é enfatizado que nos casos previstos em
Lei, o profissional deverá decidir, de acordo com a sua consciência, sobre a sua participação ou
não no ato abortivo.
O enfermeiro pode ser convocado a responder pelos seus atos ou de um outro
profissional de enfermagem, a ele subordinado, quando dos mesmos resultarem quaisquer
danos ou prejuízos, seja de ordem física ou moral, ou ambas, porque se tornaram coautores.
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ÉTICA E LEGISLAÇÃO RELACIONADAS À RELIGIÃO


Tem-se na religião um meio que influência o comportamento e as formas das pessoas
observarem o mundo, o que inclui valores, costumes, crenças, hábitos. Com seus ideais e suas
doutrinas, a crença na religião faz com que o ser humano passe a ter uma formação de valores
voltados ao que prega sua crença. Nesse sentido, tem-se na religião aspectos que influenciam
os comportamentos humanos, envolvendo pontos de vista, ações e afins. Desta forma, assuntos
como a prática da eutanásia, homossexualismo, pena de morte, por exemplo, pode ser vistos e
interpretados de diferentes formas de acordo com os princípios de cada religião.
Direitos Universais. Artigo XVIII. Todo ser humano tem direito à liberdade de
pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou
crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto
e pela observância, em público ou em particular.
O artigo 135 do Código Penal define crime de omissão de socorro, nos seguintes termos:
deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, a criança abandonada
ou extraviada, ou a pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou
não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. A pena é detenção de um ano a seis
meses, ou multa. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.

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