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ÉTICA E LEGISLAÇÃO
ODONTOLÓGICA
SOBRE O AUTOR
•
Especialista em Odontologia Legal, pela Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
(FORP/USP - 2016).
Mestre em Ciências, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto,
AUTOR
• Universidade de São Paulo (FMRP/USP - 2019).
• Doutora em Ciências, pela Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto, Universidade de São Paulo (FMRP/USP - 2022).
• Professora convidada na Especialização em Odontologia
Legal, pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo (FORP/USP).
• Perita ad hoc do Tribunal de Justiça de Santa Catarina – TJ-
SC.
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
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CAPÍTULO 1 – ÉTICA E MORAL
Do ponto de vista etimológico, ética e moral são sinônimos. Ética é a parte da filosofia
que trata da moral do ser humano, enquanto a moral é um objeto da ética. Sendo a moral
um objeto da ética, elas não devem ser confundidas.
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com seu código pessoal, ou seja, a ética varia de pessoa para pessoa, pois o que eu acre-
dito ser correto, para outra pessoa, não necessariamente será igual.
A ética funciona basicamente como uma racionalização da moral, sendo uma reflexão
sobre as ações humanas, além de trazer as noções de certo ou errado e justo e injusto.
A moral é um conjunto de normas que servem para orientar a maneira de agir das
pessoas dentro de um contexto específico, regulamentando a relação entre os indivíduos e
entre eles e a comunidade. Por isso, estamos falando de um conceito de caráter particular
e que se baseia, sobretudo, em hábitos e costumes.
MORAL ÉTICA
Lida com Certo X Errado Lida com Certo X Errado
Modo pessoal de agir: é adquirida e forma- Modo social de agir: implica o consenso e
da ao longo da vida, por experiências. a adesão da sociedade.
Normas e regras pessoais: é guiada pela Normas e regras sociais: é guiada pela
consciência. cultura da sociedade.
Individual: é o que fundamenta a ética. Grupal e/ou coletivo: é construída a partir
do consenso de várias ‘morais’.
Fonte: Elaborado pela autora (2022).
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Com o avanço da tecnologia, ela passou a ser a detentora da confiança por parte dos
pacientes, ou seja, o paciente não possui mais confiança unicamente no profissional e no
seu discernimento, pois confia nas tecnologias que o profissional usa.
O profissional deve lembrar que o paciente é mais do que apenas uma boca, mais do
que o pagamento que será recebido; ele merece respeito e dignidade por parte do cirur-
gião-dentista.
Para tanto, nada melhor do que o considerar como parte integrante dos procedimen-
tos, dando-lhe autonomia nas decisões e fazendo com que seja parte ativa das opções de
tratamento.
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1.2 INTERFERÊNCIA NA SAÚDE DO PACIENTE
O intuito do profissional não será impor decisões ao paciente, mas sim tirar dúvidas,
mostrar os riscos, prestar esclarecimentos. O paciente será auxiliado, somente se ele tiver
interesse.
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CAPÍTULO 2 – LEGISLAÇÃO RELACIO-
NADA À ODONTOLOGIA
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mente do descrito nela, em âmbito regional, estadual, municipal.
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Com relação às proibições aos profissionais da Odontologia, em seu Artigo 7º, a legis-
lação elenca 7 delas, sendo algumas: proibição de expor em público trabalhos odontológi-
cos e usar de artifícios de propaganda para granjear clientela; anunciar preços de serviços,
modalidades de pagamento e outras formas de comercialização da clínica que signifiquem
competição desleal.
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Figura 5 - Código de Ética Odontológica.
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os preceitos deste Código e demais legislações em vigor.
IV - Recusar-se a exercer a profissão em âmbito público ou privado onde as condições
de trabalho não sejam dignas, seguras e salubres.
V - Renunciar ao atendimento do paciente, durante o tratamento, quando da consta-
tação de fatos que, a critério do profissional, prejudiquem o bom relacionamento com
o paciente ou o pleno desempenho profissional. Nestes casos, tem o profissional o
dever de comunicar previamente, por escrito, ao paciente ou seu responsável legal,
fornecendo ao cirurgião-dentista que lhe suceder todas as informações necessárias
para a continuidade do tratamento.
VI - Recusar qualquer disposição estatutária, regimental, de instituição pública ou
privada, que limite a escolha dos meios a serem postos em prática para o estabe-
lecimento do diagnóstico e para a execução do tratamento, bem como recusar-se a
executar atividades que não sejam de sua competência legal; e, decidir, em qualquer
circunstância, levando em consideração sua experiência e capacidade profissional,
o tempo a ser dedicado ao paciente ou periciado, evitando que o acúmulo de encar-
gos, consultas, perícias ou outras avaliações venham prejudicar o exercício pleno da
Odontologia.
Observa-se que o profissional tem direito de decidir como realizará seus atendimentos,
tanto com relação ao tempo quanto às técnicas a serem utilizadas em seus procedimentos.
Além disso, o profissional tem direito a estar em um ambiente estruturado para tra-
balhar; e de suspender atendimento, caso venha a ter problemas com o paciente ou no
ambiente de trabalho.
Em relação aos deveres, o cirurgião-dentista deve prezar por uma odontologia justa,
tendo em vista o melhor ao paciente, sempre zelando por sua saúde.
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I - Manter regularizadas suas obrigações financeiras junto ao Conselho Regional.
II - Manter seus dados cadastrais atualizados junto ao Conselho Regional.
III - Zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio
e bom conceito da profissão.
IV - Assegurar as condições adequadas para o desempenho ético-profissional da
Odontologia, quando investido em função de direção ou responsável técnico.
V - Exercer a profissão mantendo comportamento digno.
VI - Manter atualizados os conhecimentos profissionais, técnico-científicos e culturais,
necessários ao pleno desempenho do exercício profissional.
VII - Zelar pela saúde e pela dignidade do paciente.
VIII - Resguardar o sigilo profissional.
IX - Promover a saúde coletiva no desempenho de suas funções, cargos e cidadania,
independentemente de exercer a profissão no setor público ou privado.
X - Elaborar e manter atualizados os prontuários na forma das normas em vigor, in-
cluindo os prontuários digitais.
XI - Apontar falhas nos regulamentos e nas normas das instituições em que trabalhe,
quando as julgar indignas para o exercício da profissão ou prejudiciais ao paciente,
devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos competentes.
XII - Propugnar pela harmonia na classe.
XIII - Abster-se da prática de atos que impliquem mercantilização da Odontologia ou
sua má conceituação.
XIV - Assumir responsabilidade pelos atos praticados, ainda que estes tenham sido
solicitados ou consentidos pelo paciente ou seu responsável.
XV - Resguardar sempre a privacidade do paciente.
XVI - Não manter vínculo com entidade, empresas ou outros desígnios que os carac-
terizem como empregado, credenciado ou cooperado, quando as mesmas se encon-
trarem em situação ilegal, irregular ou inidônea.
XVII - Comunicar aos Conselhos Regionais sobre atividades que caracterizem o exer-
cício ilegal da Odontologia e que sejam de seu conhecimento.
XVIII - Encaminhar o material ao laboratório de prótese dentária devidamente acom-
panhado de ficha específica assinada.
XIX - Registrar os procedimentos técnico-laboratoriais efetuados, mantendo-os em
arquivo próprio, quando técnico em prótese dentária.
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2.3 RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL
Dentro das relações jurídicas, surgem direitos e deveres recíprocos. O paciente tem
o direito de receber um bom tratamento e o dever de pagar por ele. O profissional tem o
direito de receber os honorários e o dever de fazer um trabalho com a melhor técnica.
Os direitos surgidos na relação jurídica dão a seu titular a escolha de fazer ou não.
Entretanto, quem tem o dever de realizar algo, deve fazê-lo, pois está sujeito ao direito de
outra pessoa. Ao descumprir um dever, está ferindo uma norma jurídica.
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Figura 6 - Responsabilidades.
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Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo.
Art. 944 – A indenização mede-se pela extensão do dano.
Ou seja, se a pessoa causa um dano ao paciente, seja ele físico, financeiro, ou moral,
deverá reparar por meio de indenização, de acordo com a extensão desse dano sofrido
pelo paciente.
No código penal brasileiro, estão elencadas as condutas que são caracterizadas como
crime. Para o cirurgião-dentista, os principais crimes a serem observados são o de lesão
corporal, falsidade ideológica e de violação do segredo profissional.
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Lesão corporal
Art. 129 Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 299 Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia cons-
tar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridi-
camente relevante.
Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função,
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
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CAPÍTULO 3 – SIGILO PROFISSIONAL
Com relação aos direitos e deveres do cirurgião dentista, o principal se deve a ques-
tão do sigilo profissional, isso se deve pela obrigatoriedade, inclusive em lei, de se manter
tal segredo.
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Art. 14 Constitui infração ética:
I - Revelar, sem justa causa, fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão do
exercício de sua profissão;
II - Negligenciar na orientação de seus colaboradores quanto ao sigilo profissional; e,
III - Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir paciente, sua imagem ou
qualquer outro elemento que o identifique, em qualquer meio de comunicação ou sob
qualquer pretexto, salvo se o cirurgião-dentista estiver no exercício da docência ou em
publicações científicas, nos quais, a autorização do paciente ou seu responsável legal,
permite-lhe a exibição da imagem ou prontuários com finalidade didático-acadêmicas.
Sobre esta temática, o Código Civil Brasileiro, em seu Artigo 144, traz que “Ninguém
pode ser obrigado a depor de fatos a cujo respeito por estado ou profissão deva guardar
segredo”.
Já o Código Penal Brasileiro, no Artigo 154, informa que é crime: “Revelar a alguém,
sem justa causa, segredo de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou pro-
fissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem”.
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legislações, devendo ser respeitado pelo cirurgião-dentista e toda a sua equipe.
2- Nome do procedimento.
5- Riscos e benefícios.
6- Possíveis insucessos.
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13- Possibilidade de revogação do consentimento.
15- Assinatura.
O Código de Ética Odontológica traz a observação, no Artigo 11, que constitui infração
ética:
Assim, fica evidente que o paciente deve estar ciente dos procedimentos que serão
realizados em seu tratamento. Ele precisa concordar com o proposto pelo profissional, es-
colhendo o que, à sua visão, melhor se adequar.
Este tema é muito importante para o paciente, uma vez que ele deve ter autonomia
nas decisões e escolhas, participando de todo o processo do tratamento. O código de defe-
sa do consumidor sedimentou a informação como um direito do consumidor, e a falta desta
pode causar a necessidade de reparação de danos ao consumidor por parte do prestador
de serviço:
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Código de Defesa do Consumidor
Art. 14 O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de cul-
pa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas so-
bre sua fruição e riscos.
Código Penal
Art. 146 Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
§3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - A intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível constatar, diante do que foi relatado nesta disciplina, que uma relação
de empatia e cordialidade entre cirurgião-dentista e paciente é uma forma eficaz de se
evitarem constrangimentos, problemas pessoais e legais. Contudo, em casos de maiores
impasses, o prontuário odontológico bem descrito, detalhado e devidamente assinado é
uma forma de se proteger perante alguma eventualidade legal.
Algumas vezes, a relação com seus pacientes é permeada por conflitos e dilemas,
que exigem atenção e preparo moral, ético e bioético do profissional para contorná-los e,
preferencialmente, preveni-los, a fim de evitar problemas futuros. No entanto, os profissio-
nais nem sempre estão preparados para lidar com as questões de caráter ético, o que pode
levá-los a vivenciar conflitos no exercício profissional.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto lei nº 3.689. Institui o Código de Processo Penal. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 03 out. 1941.
BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 11 jan. 2002.
NALINI, J. R. Ética geral e profissional. 12ª ed. São Paulo: RT, 2012.
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ITAJAÍ - SC