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Conteúdo de Ética e Bioética

M.S.c: Nivia Cristina V.R. Corrêa


A Ética é a ciência que estuda o comportamento moral do homem em
sociedade. Avalia os atos sendo certos ou errados, reflete, interpreta, discute e
problematiza os valores, princípios e regras morais, a procura do melhor para a
vida em sociedade.
A Moral significa os costumes, relacionados ao conceito do que a pessoa
deve ou não deve fazer. É composta por um conjunto de regras que geralmente
são admitidas por seus membros. Resumidamente a moral são as normas para
se viver em sociedade, os princípios ou obrigações de cada um e são relativas
às sociedades e à época em que ocorrem.
O comportamento Ético surge a partir da construção de uma
consciência ao mesmo tempo individual e coletiva, criando a necessidade de um
compromisso social e profissional. A assimilação, o amadurecimento e a
utilização de normas são fundamentais para o aparecimento do “pensamento
ético”, resultado da evolução profissional e de uma profunda humanização.
A Bioética se refere a abordagem dos problemas éticos ocasionados pelo
avanço das ciências biológicas, bioquímicas e médicas. É a ciência da
sobrevivência humana, numa perspectiva de promover e defender a dignidade
humana e qualidade de vida, abrangendo filosofia, o direito e as ciências
humanas. São Princípios da Ética e da Bioética:
1 – Autonomia - o paciente deve ser autônomo e decidir se ele aceita ou
não o tratamento médico proposto.
2 – Beneficência - uma ação ética é aquela que provoca o maior
benefício ao maior número de pessoas, além de minimizar os danos(utilitarismo).
3 – Não Maleficência - nunca o paciente ou a cobaia de testes pode ser
prejudicado. Existem exceções, por exemplo quando um tratamento pode
desencadear algum tipo de prejuízo, mas há, no fim, um benefício maior e
desejável.
4 – Justiça ou Equidade - a justiça é o princípio para qualquer ação que
se pretenda ética na manipulação da vida. Buscar uma ação justa é fundamental
para que qualquer tratamento da vida possa estabelecer-se eticamente.

A Deontologia vem do grego déon, déontos (dever) e logos (tratado).


Estuda os deveres de um determinado grupo profissional. Possui o ser humano
como centro dos estudos. Na enfermagem, é regida pelo código de ética.

Código de Ética de Enfermagem são o conjunto de normas a serem


cumpridas pelo profissional de enfermagem. Sua elaboração teve como
referência e influência de: Declaração Universal dos Direitos Humanos, Código
de Ética do Conselho Internacional de Enfermeiros, Código de Ética da
Associação Brasileira de Enfermagem, Código de Deontologia de Enfermagem
e Declaração de Helsinque. Seu foco se dá nos aspectos comportamentais e nas
implicações legais de uma prática de risco. Nele estão reunidas normas,
princípios, direitos e deveres pertinentes à conduta ética que deverá ser
absorvida e aplicada por todos profissionais de enfermagem.
Qualquer desobediência às determinações do código de ética é passível
de processo judicial. O profissional de enfermagem deve atentar para as
complicações e infrações que posteriormente poderão comprometer seu registro
profissional.
Direitos:

• Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua


competência legal;
• Ser informado sobre o diagnóstico provisório ou definitivo de
todos os clientes que estejam sobre sua assistência;
• Recorrer ao CRE, quando impedido de cumprir o presente código
e a Lei do Exercício Profissional;
• Participar de movimentos reivindicatórios por melhores
condições de assistência, de trabalho e remuneração;
• Suspender suas atividades individual ou coletivamente quando a
instituição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer
condições mínimas pra o exercício profissional, ressalvadas as
situações de urgência e emergência, devendo comunicar
imediatamente sua decisão ao CRE.
• Associar-se, exercer cargo e participar das atividades de
entidades de classe;
• Atualizar seus conhecimentos técnicos, científicos e culturais.

Responsabilidades:

• Assegurar ao cliente uma assistência de Enfermagem livre de


danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência;
• Promover e/ou facilitar o aperfeiçoamento técnico, científico e
cultural do pessoal sob sua orientação e supervisão;
• Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades
profissionais independente de ter sido praticada individualmente
ou em equipe.

Deveres:

• Cumprir e fazer cumprir os preceitos éticos e legais da profissão;


• Exercer a enfermagem com justiça, competência,
responsabilidade e honestidade;
• Prestar assistência de enfermagem à clientela, sem
discriminação de qualquer natureza;
• Garantir a continuidade da assistência de enfermagem;
• Respeitar e reconhecer o direto do cliente de decidir sobre sua
pessoa, seu tratamento e seu bem-estar;
• Manter segredo sobre fala, sigilosa de que tenha conhecimento
em razão de sua atividade profissional, exceto nos casos previstos
em lei.
• Respeitar o ser humano na situação de morte e pós-morte;
• Colocar seus serviços profissionais à disposição da comunidade
em casos de emergência, epidemia e catástrofe, sem pleitear
vantagens pessoais;
• Comunicar ao Conselho Regional de Enfermagem fatos que
infrinjam preceitos do presente Código e da Lei do Exercício
Profissional;
• Comunicar formalmente ao COREN fatos que envolvam recusa
ou demissão de cargo, função ou emprego, motivado pela
necessidade do profissional em preservar os postulados éticos e
legais da profissão.
• A principal finalidade da Comissão de Ética é auxiliar na análise,
interpretação e equacionamento de questões que a cada dia se
tornam mais complexas. Seja educativa, opinativa, consultiva,
fiscalizadora, de assessoramento, etc., as questões éticas no
exercício profissional alcançam outras áreas além da assistência.
• Também no ensino, na pesquisa e na administração, os dilemas
éticos precisam ser vistos com maior dedicação.

Lei do exercício profissional Lei 7.498, de 25/06/86

Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem Cria


as diretrizes gerais Decreto 94406, de 08/06/87 – regulamenta a Lei
7.498, de 25/06/86. Faz executar a Lei, tornando-as obrigatórias. A Lei
descreve as categorias que estão aptas a exercer assistência de
enfermagem, de acordo com a formação específica de cada uma. São
descritas as seguintes categorias: Enfermeiro, Técnico de Enfermagem,
Auxiliar de Enfermagem, Parteira.
O Código de ética de enfermagem Também atribui ao Conselho
Federal de Enfermagem (COFEN) competência para autorizar e fiscalizar
o exercício da profissão em todo o território nacional e ainda determinar
as atividades a ser realizadas por cada categoria. A lei possui 17 artigos,
dos quais citaremos:
Art 1º: "O exercício da atividade de enfermagem, observadas as
disposições da Lei nº 7948 de 25 de junho de 1986, e respeitados os
graus de habilitação é privativo do Enfermeiro, Técnico de Enfermagem,
Auxiliar de Enfermagem e Parteiro e só será permitido ao profissional
inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva região."
Art 7º - Art. 7º São Técnicos de Enfermagem:

I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem,


expedido de acordo com a legislação e registrado pelo órgão competente;

II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola


ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural
ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico de Enfermagem.

Art. 10º- O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de


nível médio técnico, atribuídas á equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I – assistir ao Enfermeiro:
a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de
assistência de Enfermagem;
b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado
grave;
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas
de vigilância epidemiológica;
d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser
causados a pacientes durante a assistência de saúde;
f) na execução dos programas referidos nas letras “”i” e “o” do item II do Art. 8°.
II – executar atividades de assistência de Enfermagem, excetuadas as
privativas do Enfermeiro e as referidas no Art. 90 deste Decreto:
III – integrar a equipe de saúde.

Art. 12. O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio,


envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de enfermagem em
grau auxiliar, e participação no planejamento da assistência de enfermagem,
cabendo-lhe especialmente:

a) participar da programação da assistência de enfermagem;

b) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do


Enfermeiro, observado o disposto no parágrafo único do art. 11 desta lei;

c) participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em


grau auxiliar;

d) participar da equipe de saúde.

DIREITOS DOS PACIENTES

Acessar o Documento:

A carta dos direitos dos Usuários da Saúde foi aprovada no


Conselho Nacional de Saúde em junho de 2009, e publicada na
PORTARIA Nº 1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009 Diário Oficial
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Imprensa Nacional
BRASÍLIA – DF .Nº 155 – DOU – 14/08/09 – seção 1- p.80
MINISTÉRIO DA SAÚDE GABINETE DO MINISTRO PORTARIA
Nº 1.820, DE 13 DE AGOSTO DE 2009

IMPRUDÊNCIA, IMPERÍCIA E NEGLIGÊNCIA

Imprudência: ação realizada de forma precipitada, sem o devido cuidado.


Sabe o que deve ser feito, porém não o faz.

Exemplo: o profissional da enfermagem conhece a técnica de higiene das


mãos, porém não realiza todas as etapas, causando contaminação durante
a assistência.

Negligência: deixar de fazer o que deveria ser feito. Omissão voluntária.

Exemplo: o profissional da enfermagem deve realizar a leitura detalhada da


prescrição médica, seguindo a primeira meta internacional de segurança do
paciente: “identificação correta”, porém não o faz, causando erro na
administração dos medicamentos com danos irreversíveis à saúde do
paciente.

Imperícia: realização de procedimento técnico sem ter aptidão. Executar


uma tarefa na qual não possui qualificação técnica.

Exemplo 1: um técnico de enfermagem que realiza a passagem de sonda


vesical de demora no paciente, sem possuir habilidades técnicas e
qualificação pra isso (Função do enfermeiro).

Exemplo 2: um enfermeiro que realiza a passagem de cateter venoso central


no paciente, sem possuir conhecimento técnico pra isso (Função do médico).

OMISSÃO DE SOCORRO

O crime de omissão de socorro encontra-se descrito no artigo 135 do


Código Penal. Consiste na omissão de socorro, isso é, na atitude de deixar de
socorrer pessoas em situação de vulnerabilidade, como crianças abandonadas
ou perdidas, pessoas inválidas, com ferimentos, ou em situação de risco ou
perigo. A lei também prevê que comete o crime quem, verificando a situação de
socorro, deixa de pedi-lo às autoridades públicas.
A finalidade da lei, ao tipificar o crime de omissão de socorro, é proteger
a vida e a saúde das pessoas.
Qualquer pessoa, mesmo não sendo profissional de saúde, que esteja no
local e tenha condições de ajudar a outra que se encontra em perigo de vida,
tem o dever de prestar assistência. Caso a situação coloque em risco a
integridade física da pessoa que irá socorrer a outra, a ordem é solicitar ajuda
às autoridades.
Conforme o artigo 196, da Constituição da República Federativa do Brasil,
a saúde é direito de todos e dever do Estado, porém, omissão de atendimento
médico e hospitalar em uma unidade de saúde é um problema recorrente no
Brasil.
O crime de omissão de socorro é classificado em omissão própria e
imprópria:
Omissão própria
A omissão própria acontece quando o profissional da saúde não realiza
o procedimento que deveria ser feito em determinado momento.
Omissão imprópria
Neste caso, existe uma relação de causa entre a omissão e o resultado.
O profissional deve realizar o atendimento necessário para evitar a ocorrência
de algum resultado que coloque em risco a vida do paciente. Se a omissão de
socorro resultar em morte ou lesão, o profissional da saúde responderá
penalmente por esse resultado.
Para evitar a omissão de socorro em unidades de saúde, o artigo 135-A
caracterizou como sendo crime: “Exigir cheque-caução, nota promissória ou
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários
administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar
emergencial.”
Quais as consequências para um profissional da saúde que cometer
o crime de omissão de socorro?
A consequência relacionada à prática do crime de omissão de socorro é
a aplicação de pena e/ou multa. Nos casos em que o crime é praticado de forma
relacionada ao condicionamento de atendimento médico-hospitalar, conforme
artigo 135-A do Código Penal, a pena será de detenção, de três meses a um ano
e multa, sendo que poderá ser aumentada até o dobro se da negativa de
atendimento resultar lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resultar
a morte. Nos demais casos, a pena será de detenção, de um a seis meses, ou
multa, e ensejará no aumento em metade daquela aplicada, se a omissão
resultar em lesão corporal de natureza grave, e triplicada caso a omissão
ocasione a morte.
O que se deve fazer caso o paciente sofra omissão de socorro?
Se a assistência necessária for negada pelo médico ou pela instituição de
saúde, o paciente ou seu familiar deve ir até a polícia e denunciar o crime. Depois
deve procurar um advogado especializado em Direito Médico para ingressar
com ação judicial adequada para reparar o dano sofrido.
O direito à saúde, estabelecido pela legislação vigente, busca garantir a
todas as pessoas que sofreram o crime de omissão de socorro à devida
reparação dos danos, bem como a punição dos responsáveis pelo ato praticado.
Os profissionais de saúde tem a responsabilidade de zelar pela vida e saúde dos
pacientes, e nisto está a obrigação de atender o indivíduo que procura o
atendimento médico em uma unidade de saúde. Cabe a todos, profissional de
saúde ou não, se conscientizarem e praticarem o devido respeito à vida das
pessoas. Colocar-se no lugar do outro é um exercício de humanidade, dever de
todos.

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